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LABORATÓRIO

DE
CIÊNCIAS
(ICE002)

PRÁTICAS EM
QUÍMICA

Juiz de Fora, 1º Semestre 2012


ÍNDICE GERAL

01 – INTRODUÇÃO AO LABORATÓRIO DE CIÊNCIAS ........................................................................... 1

02 – CONDUTIVIDADE ELÉTRICA DAS SOLUÇÕES ................................................................................ 9

03 – ELETROQUÍMICA – PILHAS......................................................................................................... 15

04 – ELETROQUÍMICA – ELETRÓLISE ................................................................................................. 21

05 – DETERMINAÇÃO DO CALOR ESPECÍFICO DOS LÍQUIDOS........................................................... 28

06 – PODER CALÓRICO DOS ALIMENTOS .......................................................................................... 32

07 – TITULAÇÃO CALORIMÉTRICA ..................................................................................................... 37

08 – ESCALA DE PADRÕES ................................................................................................................. 41

09 – COLORÍMETRO – DETERMINAÇÃO DA CONCENTRAÇÃO DE SOLUÇÕES ................................... 46

10 – FLUORESCÊNCIA E ESTRUTURA ATÔMICA................................................................................. 51


____________________________________________________Introdução ao Laboratório de Ciências ‐ Química

01 – INTRODUÇÃO AO LABORATÓRIO DE CIÊNCIAS

1 – SEGURANÇA QUÍMICA EM LABORATÓRIO


Para tirar o máximo de proveito de um laboratório, você deve seguir alguns
princípios básicos, principalmente porque isso resulta em segurança para você e para
as pessoas que estão compartilhando este ambiente de trabalho. É necessário que
todos os usuários conheçam e pratiquem determinadas regras, desde o primeiro
instante que pretenderem permanecer em um laboratório. As instruções abaixo são
importantes em qualquer momento do seu Curso, portanto todas as vezes que você
entrar em um laboratório de química siga corretamente as regras aqui mencionadas.
São regras simples, fáceis de memorizar e de seguir:

Indumentária Apropriada
• Avental (Jaleco) de mangas compridas, longos até os joelhos, com fios de
algodão na composição do tecido, em maior proporção.
• Calça comprida de tecido não inteiramente sintético.
• Sapato fechado, de couro ou assemelhado.
• Óculos de segurança.
• Luvas
☞ Equipamentos de Proteção Individual (EPI) – avental, luvas, proteção
facial/ocular e proteção respiratória.

Indumentária Proibida
• Bermuda ou short ou mini-saia
• Sandália, Chinelo, Sapato aberto.
• Uso de lentes de contato.
• Uso de braceletes, pulseiras, correntes, bonés ou outros adereços.
• Avental de nylon ou 100% poliéster.

Faça no Laboratório
• Lave as mãos antes de iniciar seu trabalho.

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• Lave as mãos entre dois procedimentos.


• Lave as mãos antes de sair do laboratório.
• Certifique-se da localização do chuveiro de emergência, lava-olhos, e suas
operacionalizações.
• Conheça a localização e os tipos de extintores de incêndio no laboratório.
• Conheça a localização das saídas de emergências.

Não Faça no Laboratório


• Fumar
• Comer
• Correr
• Beber
• Sentar ou debruçar na bancada
• Sentar no chão
• Não use cabelo comprido solto
• Não (ou evite) trabalhar solitário no laboratório
• Não manuseie sólidos e líquidos desconhecidos apenas por curiosidade

Com os ácidos
• Adicione sempre o ácido à água; nunca faça o inverso.

Com Bicos de Gás


• Feche completamente a válvula de regulagem de altura de chama.
• Abra o registro do bloqueador da linha de alimentação.
• Providencie uma chama piloto e aproxime do bico de gás.
• Abra lentamente a válvula de regulagem de altura de chama até que o bico de
gás ascenda.
• Regule a chama.

Com Soluções
• Importante: Cerca de 80% das soluções químicas concentradas são nocivas
aos organismos vivos, principalmente se ministradas por via oral.

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• Não transporte soluções em recipientes de boca larga, se tiver que efetuá-lo


por certa distância, triplique sua atenção durante o percurso e solicite a um
colega que o acompanhe.
• Não leve à boca qualquer reagente químico, nem mesmo o mais diluído.
• Certifique-se da concentração e da data de preparação de uma solução antes
de usá-la.
• Não pipete, aspirando com a boca, líquidos cáusticos, venenosos ou corantes,
use pera de segurança.
• Não use o mesmo equipamento volumétrico para medir simultaneamente
soluções diferentes.
• Volumes de soluções padronizadas, tiradas dos recipientes de origem e não
utilizadas, devem ser descartados e não retornados ao recipiente de origem.

Com Sólidos e Líquidos


• O descarte deverá ser efetuado em recipientes apropriados separando-se o
descarte de orgânicos de inorgânicos.
• Cuidados com Aquecimento, incluindo: Reação exotérmica, chama direta,
resistência elétrica e banho-maria.
• Não aqueça bruscamente qualquer substância.
• Nunca dirija a abertura de tubos de ensaio ou frascos para si ou para outrem
durante o aquecimento.
• Não deixe sem o aviso "cuidado material aquecido", equipamento ou vidraria
que tenha sido removida de sua fonte de aquecimento, ainda quente e deixado
repousar em lugar que possa ser tocado inadvertidamente.

Manuseio e Cuidados com Frasco de Reagentes


• Leia cuidadosamente o rótulo do frasco antes de utilizá-lo, habitue-se a lê-lo,
mais uma vez, ao pegá-lo, e novamente antes de usá-lo.
• Ao utilizar uma substância sólida ou líquida dos frascos de reagentes, pegue-o
de modo que sua mão proteja o rótulo e incline-o de modo que o fluxo escoe
do lado oposto ao rótulo.

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• Muito cuidado com as tampas dos frascos, não permita que ele seja
contaminada ou contamine-se. Se necessário use o auxílio de vidros de
relógio, placas de Petri, etc. para evitar que isso aconteça.
• Ao acondicionar um reagente, certifique-se antes da compatibilidade com o
frasco, por exemplo, substâncias sensíveis à luz, não podem ser
acondicionadas em embalagens translúcidas.
• Não cheire diretamente frascos de nenhum produto químico, aprenda esta
técnica e passe a utilizá-la de início, mesmo que o frasco contenha perfume.
• Os cuidados com o descarte de frascos vazios de reagentes não devem ser
menores que os cuidados com o descarte de soluções que eles dão origem.
• Cuidados com Aparelhagem, Equipamentos e Vidrarias Laboratoriais: antes de
iniciar a montagem, inspecione a aparelhagem, certifique-se de que ela esteja
completa, intacta e em condições de uso.
• Não utilize material de vidro trincado, quebrado ou com arestas cortantes.
• Não seque equipamentos volumétricos utilizando estufas aquecidas ou ar
comprimido.
• Não utilize tubos de vidro, termômetros em rolha, sem antes lubrificá-los com
vaselina e proteger as mãos com luvas apropriadas ou toalha de pano.

2 – RECONHECIMENTOS DE ALGUNS MATERIAIS


Antes de iniciar qualquer experimento em um laboratório químico, é importante
reconhecer os equipamentos disponíveis, conhecer seu funcionamento, indicação de
uso e a maneira correta de manuseá-lo.
A grande maioria dos equipamentos utilizados nos laboratórios de química é
de vidro, portanto é necessário muito cuidado ao manuseá-los. Estes podem ser de
vidro comum, pirex ou de quartzo fundido.
A seguir apresentaremos alguns dos equipamentos e vidrarias básicos que
serão utilizados rotineiramente no laboratório de química da disciplina de Laboratório
de Ciências, e as funções de cada um destes. Os alunos que seguirem no Curso de
Química terão oportunidade, em outra disciplina, de conhecerem a grande maioria

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dos equipamentos e vidrarias de uso diário no desenvolvimento de experimentos


relacionados à química.

Vidrarias:
➢Tubos de ensaio: utilizados para realização de reações químicas em
pequena escala, principalmente testes qualitativos. Podem ser
aquecidos em movimentos circulares diretamente sob a chama do
Bico de Bunsen. Tubos de ensaio devem ser aquecidos de forma que a
extremidade aberta não esteja virada para uma pessoa.

➢Béquer: utilizado para dissolver uma substância em outra, preparar


soluções em geral, aquecer líquidos, dissolver substâncias sólidas e
realizar reações.

➢Bastão de vidro/baqueta: utilizado para agitação de soluções e de


líquidos, na dissolução de sólidos, no auxílio para transferência de
líquidos de um recipiente para outro e etc.

➢Pipeta volumétrica: utilizada para medir, com grande precisão, um


volume fixo de líquidos. Não pode ser aquecida. Equipamento
calibrado.

➢Erlenmeyer: devido ao seu gargalo estreito, é utilizado para dissolver


substâncias, agitar soluções e aquecer líquidos sobre a tela de
amianto. Integra várias montagens como filtrações, destilações e
titulações.

Utensilios gerais:
➢Suporte para tubos de ensaio: utilizado para sustentação
de tubos de ensaio.

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➢Pipetador de borracha ou pêra: utilizado para encher pipetas por


sucção, principalmente no caso de líquidos voláteis, irritantes ou
tóxicos.

➢Pinça de madeira: utilizada para segurar tubos de ensaio.

➢Pipeta graduada: utilizada para medida de volumes variáveis de


líquidos com boa precisão dentro de uma determinada escala. Não
pode ser aquecida. Equipamento calibrado.

➢Proveta: utilizada para medir volumes de líquidos sem grande precisão.

Alguns equipamentos:
➢Balança: utilizado para determinação de massa. As balanças mais
comuns são mecânicas ou eletrônicas. As balanças mecânicas mais
precisas têm sua sensibilidade restrita a uma ordem de grandeza de
0,01g. As eletrônicas podem ter precisão de 0,0001g. Em ambos os
casos, a capacidade máxima de uma balança não ultrapassa muito o
limite de 10000 ou 20000 vezes o valor da sensibilidade. Em todas as
balanças, pesagens próximas da capacidade máxima acarretam erros
de tendência, além da redução da vida útil do instrumento. Para boa
utilização, devem estar niveladas e ter manutenção e calibração
periódica.

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➢Piseta ou frasco lavador: utilizado para lavagem de diversos


materiais. Normalmente contém água destilada, mas outros solventes
podem também ser armazenados.

➢Espátula: utilizada para transferência de substâncias sólidas.

➢Bico de Bünsen: é utilizado como fonte de calor destinada ao


aquecimento de materiais não inflamáveis. Possui como
combustível normalmente o Gás Liquifeito de Petróleo (G.L.P.)
constituído de butano e propano e como comburente o gás oxigênio
do ar atmosférico que em proporção otimizada permite obter uma
chama de alto poder energético.
Zona oxidante
Zona redutora
Zona neutra

Tubo

Anel de regulagem do ar
Mangueira

Base

Possui na sua base um regulador de entrada de ar, a chama torna-se amarela e


relativamente fria (com temperatura mais baixa). A esta temperatura a combustão é
incompleta. Com o aumento da entrada de ar a chama torna-se azul, mais quente e
forma-se um cone interior distinto, mais frio.

Zona neutra: é uma zona interna próxima da boca do tubo, limitada por uma
"camada" azulada que contém os gases que ainda não sofreram combustão. É a
região de menor temperatura da chama (300 ºC a 530 ºC).
Zona redutora: é uma zona intermediária, luminosa, que fica acima da zona neutra e
forma um pequeno "cone", onde se inicia a combustão do gás. Nesta zona forma-se
monóxido de carbono, que se decompõe por ação do calor dando origem a pequenas

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____________________________________________________Introdução ao Laboratório de Ciências ‐ Química

partículas de carbono, que, sendo incandescentes, dão luminosidade à chama e


espalham-se sobre a tela de amianto na forma de "negro de fumo". Região da chama
de temperatura intermediária (530 ºC a 1540 ºC).
Zona oxidante: zona externa de cor violeta-pálido, quase invisível, que compreende
toda a região acima e ao redor da zona redutora. Os gases que são expostos ao ar
sofrem combustão completa, formando gás carbônico e água. Região de maior
temperatura (1540 ºC).

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_______________________________________________________________Condutividade Elétrica das Soluções

02 – CONDUTIVIDADE ELÉTRICA DAS SOLUÇÕES

1 – INTRODUÇÃO

Condutividade elétrica (σ) é definida como a capacidade de um material conduzir


corrente elétrica. A σ pode ser descrita como sendo o inverso da resistividade elétrica (ρ). No
SI – Sistema Internacional de Unidades, σ é medida em siemens/metro (S.m-1).
Nos materiais sólidos há, basicamente, três classificações de acordo com a facilidade
com que conduzem uma corrente elétrica: condutores, semicondutores e isolantes. Metais
são bons condutores, tipicamente tendo condutividades da ordem de 107 S.m-1. No outro
extremo estão os materiais com condutividades muito baixas, situando-se entre 10-10 e 10-20
S.m-1; estes são classificados como isolantes elétricos. Materiais com condutividades
intermediárias, geralmente entre 106 a 10-4 S.m-1, são denominados semicondutores.
Na Tabela abaixo, há a descrição da σ para alguns metais e soluções.

Tabela de Condutividades Elétricas

Material Condutividade (Sm-1)

Prata 62,5x106

Cobre puro 60 x 106

Ouro 45,2 x 106

Alumínio 37,8x106

Zinco 17,8x106

Níquel 10,4x106

Ferro puro 10,2x106

Água do Mar 4,8

Água potável 5x10-2 a 10-4

Água destilada 5,5x10-6

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_______________________________________________________________Condutividade Elétrica das Soluções

Substâncias puras metálicas, tanto no estado sólido quanto fundidas promovem a


condutividade elétrica.
Porém, não somente os metais e algumas ligas podem conduzir corrente-elétrica. Há
outras substâncias, que dependendo de seu estado físico, também podem conduzir corrente.
Uma substância pura iônica no estado sólido, usualmente não conduz corrente
elétrica, porém pode ser condutora caso seja fundida ou, sofra ionização em solução aquosa.
No caso de ionização, os íons formados são chamados de eletrólitos, pois são estes
íons (cargas positivas e negativas) que farão a corrente elétrica passar pela solução aquosa.
Eletrólito é toda a substância que, dissociada ou ionizada, origina íons positivos (cátions) e
íons negativos (ânions), pela adição de um solvente ou aquecimento. Desta forma torna-se
um condutor de eletricidade.

AB A + + B-

Em um meio de elevada constante dielétrica, tal como a água, os eletrólitos


dissociam-se em cátions e ânions. Estes, então, se movimentam simultaneamente e em
direções opostas na solução eletrolítica, o que estabelecerá a corrente elétrica. Pode-se
observar que existe uma total ou parcial dissociação iônica, dependendo da constante de
dissociação iônica do eletrólito.
Uma questão interessante que surge no estudo da condução de eletricidade é que
alguns materiais em determinadas condições físicas não conduzem eletricidade. Entretanto,
alterando-se estas condições o mesmo material pode passar a conduzir eletricidade. Um
exemplo simples a ser considerado é o sal de cozinha, NaCl. Este sal na temperatura
ambiente é um péssimo condutor de eletricidade, sendo caracterizado como um isolante.
Entretanto, basta fundi-lo ou dissolvê-lo em água para que se perceba uma elevada taxa de
condução de eletricidade. Fenômenos como este levaram cientistas do século passado a
questionarem se o mecanismo de condução de eletricidade em metais era o mesmo
observado, por exemplo, no NaCl.
O primeiro a sugerir que os mecanismos de condução eram completamente distintos
foi Arrhenius. Entre 1880 e 1890, Arrhenius, estudando a condutividade elétrica de soluções
ácidas, sugeriu que o mecanismo de condução elétrica em determinadas substâncias ocorria
devido a migração de íons e não de elétrons como nos condutores metálicos. Esta hipótese
abriu as portas para uma série de desenvolvimentos sobre a condutividade elétrica e deu o
prêmio Nobel de química à Arrhenius em 1903 pela teoria eletrolítica da dissociação.

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_______________________________________________________________Condutividade Elétrica das Soluções

Vários tipos de montagens podem ser feitas para estudar, experimentalmente, a


condutividade elétrica das soluções. A Figura 1 mostra um tipo de montagem, com dois fios
elétricos, uma lâmpada, um suporte para a lâmpada, dois eletrodos, um plug e um recipiente
para colocar as soluções a serem analisadas.

Lâmpada 127V 7W

Figura 1 – Ilustração de uma montagem para estudar, experimentalmente, a condutividade elétrica das soluções

2 – OBJETIVOS

- Verificar a condutividade elétrica de diferentes soluções aquosas;


- Fazer comparações na condutividade elétrica dos diferentes eletrólitos;
- Observar o efeito da natureza do solvente, do soluto e da concentração deste último
sobre a condutividade do meio.

3 – MATERIAIS

3.1 – Equipamento:
Circuito com uma lâmpada de 127 V / 7W.

3.2 – Reagentes:
Sacarose – Frasco para pesagem;
NaCl – Frasco para pesagem;
1L de solução 0,10 mol/L de NaCl – 5,845g em 1L.

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_______________________________________________________________Condutividade Elétrica das Soluções

3.3 – Vidrarias por grupo:


2 Provetas 100 mL, bastão de vidro, água destilada, 7 béqueres 50 mL.

4 – PROCEDIMENTOS

Experimento A: Condutividade iônica em diferentes soluções

Em cada procedimento: --> Tire o sistema da tomada. Retire e lave os eletrodos; Anote

suas observações na Tabela 1

Água de torneira: Coloque 40 mL de água de torneira em um béquer de 50 mL. Mergulhe


os eletrodos, conecte o sistema na tomada e observe a lâmpada;
Água destilada: Coloque 40 mL de água destilada no béquer de 50 mL, Mergulhe os
eletrodos, conecte o sistema na tomada e observe a lâmpada.
Solução aquosa de NaCl: Pese 0,50 g de cloreto de sódio em um béquer de 50 mL,
adicione, cuidadosamente, 40 mL de água destilada. Ainda com NaCl não dissolvido
totalmente, verifique a condutividade inicial e acompanhe o aumento da condutividade
até que o sal esteja totalmente dissolvido;
Solução aquosa de sacarose: Pese 1,0 g de sacarose em um béquer de 50 mL, adicione
40 mL de água destilada e verifique a condutividade.

Tabela 1: Observações referentes à lâmpada pela corrente transmitida por algumas soluções.
Amostra Substância Observação
1 Água de torneira
2 Água destilada
3 Cloreto de sódio
4 Sacarose

Experimento B: Condutividade elétrica em função da concentração.

Em cada procedimento: --> Tire o sistema da tomada. Retire e lave os eletrodos; Anote

suas observações na Tabela 2


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_______________________________________________________________Condutividade Elétrica das Soluções

− Solução aquosa de NaCl: Coloque 40 mL de uma solução de NaCl 0,10 mol/L em um


béquer de 50 mL e verifique a condutividade;
− Coloque 10 mL de solução de NaCl 0,10 mol L-1 na proveta de 100 mL e complete
para 50 mL com água destilada. Misture bem com auxílio do bastão de vidro. Coloque
40 mL da solução diluída de NaCl em um béquer de 50 mL e verifique a
condutividade;
− Repita o procedimento acima utilizando 10 mL de solução de NaCl diluída para obter
uma nova solução. Verifique a condutividade;
− Calcule as novas concentrações, em mol/L, das soluções de NaCl diluídas e preencha
a Tabela 2

Tabela 2: Observações referentes à lâmpada pela corrente transmitida por algumas soluções de
NaCl de diferentes concentrações
Concentração da solução
Amostra Observação
de NaCl / mol L-1
1 0,10
2 1ª diluição –
3 2ª diluição –

Questões:

1- Defina: ligação iônica e covalente, ionização e dissociação iônica.


2- A água de torneira e a água destilada possuem a mesma condutividade? Por quê?
3- Com base nos dados obtidos, as soluções de cloreto de sódio e sacarose conduzem
corrente-elétrica? Por quê?
4- Colocar em ordem crescente de potência dissipada (luminosidade percebida) as
substâncias testadas (Tabela 1).
5. A concentração da solução de cloreto de sódio influi na intensidade luminosa da lâmpada?
Por quê?

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_______________________________________________________________Condutividade Elétrica das Soluções

Referências Bibliográficas:
1. D.F. Trindade, F.P. Oliveira, G.S.L. Banuth, J.G. Bispo, Química Básica Experimental, 3ª
ed., Ed. Ícone, 2006.
2. Química & Sociedade, Coleção Nova Geração, Editora Nova Geração, Módulo 3, 2004.
3. P. Atkins, J. de Paula, Físico-Química, vol. 1, Editora LTC, 7a edição, 2002.
4. M.G. Constantino, G.V.J. Silva, P.M. Donate, Fundamentos de Química Experimental,
Edusp, São Paulo, 2004.
5. J.M. Postma, J.L. Roberts, J.L. Hollenberg, Chemistry in the Laboratory, W.H.Freeman and
Company, 6a ed., New York, 2004.
6. http://br.geocities.com/chemicalnet/arrhenius.htm, acessada dia 29/05/2009.

Descarte de resíduos:
Soluções aquosas de NaCl e de sacarose são inócuos ao meio ambiente e suas soluções
podem ser descartadas diretamente na pia, com excesso de água corrente.

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___________________________________________________________________Eletroquímica – Pilhas

03 – ELETROQUÍMICA – PILHAS

1 – INTRODUÇÃO

Um dos grandes marcos da eletroquímica ocorreu em 20 de março de 1800


quando Alessandro Volta comunicou à Royal Society of London, os resultados
experimentais descrevendo a pilha elétrica. Na época, a divulgação do invento
despertou profundo interesse, tanto para o público leigo como para os cientistas. Em
1834, Michael Faraday, estabeleceu as leis da estequiometria eletroquímica. A relação
quantitativa entre corrente elétrica e eventos químicos associados foi uma das mais
fortes evidências que levou ao abandono definitivo do modelo de átomo indivisível,
postulado na época por John Dalton.
Embora as pilhas elétricas representem atualmente o meio mais popular e
barato de produção de energia elétrica para aparelhos portáteis, poucas pessoas
associam seu funcionamento à ocorrência de reações químicas.
Em uma pilha há, obrigatoriamente, uma espécie química que sofre oxidação –
agente redutor (causa redução em outra espécie) e outra que sofre redução – o
agente oxidante (causa a oxidação em outra espécie). No ânodo, há migração do
ânion e ocorrerá a oxidação destas espécies. No cátodo, há migração dos cátions e
ocorrerá redução destas espécies. Porém, inversamente à eletrólise, na pilha, o pólo
positivo (+) é o cátodo e o pólo negativo (–) é o ânodo.
As reações que são caracterizadas por transferência de elétrons são
conhecidas como reações de óxido-redução. As reações de óxido-redução ocorrem
através de transferência de elétrons com respectiva mudança nos números de
oxidação dos átomos envolvidos nas reações.
O número de oxidação (Nox) em compostos covalentes está relacionado a uma
carga efetiva dos átomos em função do ambiente eletrônico ao redor.
No caso de íons, nos compostos iônicos, os valores dos números de oxidação
correspondem às respectivas cargas dos íons.
A seguir, são apresentadas algumas regras práticas para determinação do
número de oxidação dos elementos:
∗ em substâncias simples é zero. Por exemplo, Al, Fe, C, O2, H2, Cl2.
∗ Hidrogênio é geralmente +1 em seus compostos (H2O, H2SO4, NaOH), exceto nos
hidretos metálicos, onde é -1 (KH, CaH2);

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___________________________________________________________________Eletroquímica – Pilhas

∗ O oxigênio é geralmente -2 em seus compostos (H2O, H2SO4, NaOH, Cu(NO3)2),


exceto nos peróxidos, onde é -1 (H2O2) e no OF2, é +2;
∗ No composto iônico, o elemento metálico tem o número de oxidação positivo (NaCl,
K2SO4, MgF2);
∗ Nos compostos covalentes, atribui-se um número de oxidação negativo ao átomo
mais eletronegativo (HCl, NH3, H2O);
∗ A soma algébrica dos números de oxidação dos elementos num composto neutro é
zero;
∗ A soma algébrica dos números de oxidação dos elementos constituintes de um íon
3− 2−
poliatômico, é igual à carga do íon (PO 4 ,SO 4 ,Na+, Cl−).

As reações de óxido-redução que ocorrem espontaneamente compõem a base


de funcionamento das pilhas, onde uma reação química (de óxido-redução) gera uma
corrente elétrica.
As reações de óxido-redução também podem ocorrer induzidas por uma fonte
externa de energia, no processo que é chamado de eletrólise.
Oxidação de um elemento é o aumento algébrico no seu número de oxidação
numa reação química; corresponde à perda de elétrons por parte desse elemento.
Redução de um elemento é a diminuição algébrica no seu número de oxidação;
corresponde ao ganho de elétrons por parte desse elemento. É importante ter em
mente que sempre que uma espécie se reduz, uma outra espécie se oxida.
Vistas essas definições, pode-se concluir que agente redutor é a espécie que
provoca a redução, e, portanto, se oxida. E agente oxidante é a espécie que provoca a
oxidação, e, portanto, se reduz.
A Tabela de potenciais-padrão de redução (Eredo) é uma importante ferramenta
que permite prever qual será o elemento que sofrerá redução e qual elemento sofrerá
oxidação em uma reação química.. Para fins práticos, o elemento que possui maior
valor de potencial padrão de redução é aquele que irá reduzir em uma reação de
óxido-redução.

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___________________________________________________________________Eletroquímica – Pilhas

Os valores de Eredo são tomados tendo como referência a redução do íon


hidrogênio (H+), a 25oC e 1,0 mol L-1, portanto, para a reação:

2H+ + 2e−→ H2(g), E0=0,0V

A Tabela de Eredo para algumas espécies é mostrada a seguir.


Tabela de Potenciais Padrão de Redução
Semi=Reação (redução) Ered0 Semi=Reação (redução) Ered0
2H+ (aq) + 2ē → H2(g) = 0,00 V (1atm, 1mol L‐1, 25oC)
Li+ (aq) + ē → Li(s) ‐3,05 Sn4+(aq) + 2ē → Sn2+(aq) +0,13
K +
(aq) + ē K(s) → ‐2,93 Cu 2+
(aq) + ē → Cu +
(aq)
+0,15
Na+ (aq) + ē Na(s) → ‐2,71 Cu 2+
(aq) + 2ē → Cu(s) +0,34
2+
Be (aq) + 2ē Be(s)→ ‐1,85 I2(s) + 2ē → 2I‐(aq) +0,53
2+
Mg (aq) + 2ē →
Mg(s) ‐2,37 O2(g) + 2ē +2H+(aq) → +0,68
H2O2(aq)
Ca 2+
(aq) + 2ē → Ca(s) ‐2,87 Fe3+(aq) + ē → Fe2+ (aq) +0,77
Sr 2+
(aq) + 2ē → Sr(s) ‐2,89 Ag +
(aq) + ē →
Ag(s) +0,80
2+
Ba (aq) + 2ē → Ba(s) ‐2,90 2+
Hg2 (aq) + 2ē →
2Hg(l) +0,85
Al3+ (aq) + 3ē → Al(s) ‐1.66 NO3‐(aq) + 4H+(aq) + 2ē →
+0,92
Mn2+ (aq) + 2ē → Mn(s) ‐1,18 NO(g) + 2H2O
Zn2+ (aq) + 2ē → Zn(s) ‐0,76 Br2(aq) + 2ē → 2Br‐(aq) +1,07
Cr3+ (aq) + 3ē → Cr(s) ‐0,74 O2(g) + 4H+(aq) + 4ē → +1,23
2H2O
Fe2+ (aq) + 2ē → Fe(s) ‐0,44 MnO2(s) + 4H+(aq) + 2ē →
2+ +1,23
Cd2+ (aq) + 2ē → Cd(s) ‐0,40 Mn (aq) + 2H2O
Co2+ (aq) + 2ē → Co(s) ‐0,28 Cr2O72‐(aq) + 14H+(aq) + 6ē
+1,33
Ni2+ (aq) + 2ē‐ → Ni(s) ‐0,25 → 2Cr3+(aq) + 7H2O
Sn2+ (aq) + 2ē → Sn(s) ‐0,14 MnO4‐(aq) + 8H+(aq) + 5ē
+1,51
Pb2+ (aq) + 2ē → Pb(s) ‐0,13 → Mn2+(aq) + 4H2O

Os procedimentos aqui descritos pretendem mostrar de maneira simples


algumas reações espontâneas de óxido-redução, bem como a produção de energia
elétrica a partir de reações químicas.

2 – OBJETIVOS

Abordar o conceito diferença de potencial de diferentes metais. Também é


objetivo desta experiência demonstrar ao aluno como construir células eletroquímicas
em série.

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___________________________________________________________________Eletroquímica – Pilhas

3 – MATERIAIS E REAGENTES
10 béqueres de 50 mL;
2 lâminas de zinco;
2 lâminas de cobre;
2 lâminas de alumínio;
2 cm de fita de magnésio;
3 fios “multi cable” com duplos terminais do tipo “jacaré”;
40 mL de solução CuSO4·5H2O (0,10 mol L-1);
40 mL de solução ZnSO4·7H2O (0,10 mol L-1);
20 mL de solução HCl (1,0 molL-1);
Pisseta com água destilada;
2 pontes salinas com solução de KCl (3 molL-1);
Palha de aço (Bombril) – para limpeza das placas;
Multímetro digital;
Proveta de 25 mL;
Papel para enxugar as placas.

Para preparar as Soluções:


0,5L CuSO4 5H2O (0,10 mol L-1): 12,484g em 0,5L de água destilada;
0,5L ZnSO4·7H2O (0,10 mol L-1): 14,376g em 0,5L de água destilada;
0,5L KCl (3,0 mol L-1): 111,90 g em 0,5L de água destilada;
1L HCl (1,0 mol L-1): Diluir 84,0 mL de HCl 37% para 1L de água destilada;

4 – PROCEDIMENTO
Inicialmente, limpe todas as placas e as fitas dos metais com auxílio de palha de
aço e água destilada;

4.1. Deposição de Cobre: Em uma placa de cobre, gotejar duas gotas de água
destilada e sobre estas gotas, adicione uma gota da solução de ZnSO4. Em
uma placa de zinco, gotejar duas gotas de água destilada e sobre estas
gotas adicione uma gota de solução de CuSO4; espere 1 minuto. Anote as

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___________________________________________________________________Eletroquímica – Pilhas

mudanças observadas nas placas metálicas; Seque as placas com papel,


lave-as e seque-as novamente;
4.2. Oxidação do Magnésio: Em um béquer, adicione 10 mL de água destilada e
1 cm de fita de magnésio; Em outro béquer, adicione 5 mL de solução de
HCl (1,0 mol L-1) e 1 cm de fita de magnésio; Observe e anote o que ocorre
em ambos os béqueres.
4.3. Alumínio: Em uma placa de alumínio, gotejar três gotas de solução de HCl
(1,0 mol L-1) e aguarde 5 minutos (ou até a solução na placa apresentar
evolução de gás). Seque a placa com papel e gotejar duas gotas de
solução de CuSO4 sobre a região da placa que continha solução de HCl.
Observe os resultados. Seque a placa com papel, lave-a e seque-a
novamente;
4.4. Célula em Série: Vide Figura 1. Coloque 4 béqueres em linha; nos 1º e 3º
béqueres coloque 15 mL de solução de CuSO4 e uma placa de cobre em
cada béquer. Nos 2º e 4º béqueres coloque 15 mL de solução de ZnSO4 e
uma placa de zinco em cada béquer; Conecte a placa de zinco do 2º
béquer à placa de cobre do 3º béquer; Coloque as pontes-salinas entre o 1º
e 2º e entre 3º e 4º béqueres; Meça a diferença de potencial entre o 1º e o
2º béqueres, depois entre o 1º e o 4º béqueres. Anote os valores na Tabela
1;

Figura 1: Esquema da pilha Cu/Zn

Tabela 1: Valores de DDP medidos para diferentes células/pilhas


Célula Experimental (V) Literatura (V)
Cu//Zn +1,10

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___________________________________________________________________Eletroquímica – Pilhas

QUESTÕES
1. Qual a reação química que ocorre entre a placa de zinco e a solução de
CuSO4?
2. Qual a reação química que ocorre entre o magnésio metálico e a solução
ácida?
3. Os potenciais medidos na pilha de Cu//Zn estão de acordo com os valores da
literatura?
4. Qual seria o potencial medido em uma pilha Fe°/Fe2+(aq)// Cu2+(aq)/Cu°?

DESCARTE DE RESÍDUOS
- As soluções podem ser descartadas normalmente na pia com água corrente, pois os
íons metálicos utilizados, em concentrações diluídas, não apresentam danos ao
meio-ambiente.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. QUÍMICA – A Ciência Central”, Brown, LeMay e Bursten, 9ª Ed. Pearson,
Cap.20 “Eletroquímica”
2. ECLÉTICA QUÍMICA, # 26, 2001 “Construção de pilhas elétricas simples: Um
experimento integrado de química e física”, Autores: Luiz Antônio Andrade de
Oliveira; Gisele Gomes Valle; Luís André Zanluqui

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________________________________________________________________Eletroquímica – Eletrólise

04 – ELETROQUÍMICA – ELETRÓLISE

1 – INTRODUÇÃO

Eletrólise é um processo que decompõe substâncias químicas em seus


elementos constituintes através do uso da eletricidade. De maneira resumida,
procede-se primeiro à decomposição (ionização ou dissociação) do composto em íons
e, posteriormente, com a passagem de uma corrente contínua através de uma solução
que contém estes íons, são obtidos os respectivos elementos químicos. Em muitos
casos, dependendo da substância a ser eletrolisada e do meio em que este processo
ocorre, além de formar elementos pode ocorrer, também, a formação de novos
compostos. O processo da eletrólise é uma reação de oxirredução não-espontânea,
oposta àquelas que ocorrem numa célula galvânica (pilha), portanto, ao invés de gerar
corrente elétrica, uma eletrólise precisa da passagem de corrente elétrica para ocorrer.
Assim como em uma pilha, no processo de eletrólise, há, obrigatoriamente,
uma espécie química que sofre oxidação e outra que sofre redução. No ânodo, há
migração do ânion e ocorrerá a oxidação destas espécies. No cátodo, há migração
dos cátions e ocorrerá redução destas espécies. Porém, inversamente à pilha, na
eletrólise, o pólo positivo (+) é o ânodo e o pólo negativo (–) é o cátodo. Vide
Figura 1.
As reações de oxirredução podem ser escritas
como semi-reações de oxidação (ânodo) e de redução
(cátodo). Na eletrólise de uma solução salina as semi-
reações químicas podem ser escritas como:
No ânodo (+): 4OH-(aq) → O2(g) + 2H2O + 4ē
No cátodo (–): 4H2O(l) + 4ē → 2H2(g) + 4OH-(aq)
A equação global será: 2H2O(l) → 2H2(g) + O2(g)
No ânodo, a solução ficará menos básica e, no
cátodo, a solução ficará mais básica. Estes fatos serão
Figura 1: Esquema de eletrólise observados com a utilização de indicadores ácido-base[1]

[1] São substâncias halocrômicas, ou seja, possuem diferentes cores em função do pH. Ver material
suplementar
21
________________________________________________________________Eletroquímica – Eletrólise

Através de dados obtidos da eletrólise da água é possível obter o valor da


constante de Avogadro[2], cujo valor é de 6,02214 x 1023 mol-1 , que é a constante que
indica o número de partículas por mol de uma substância, informação fundamental
para o entendimento de vários conceitos em química. Experimentalmente, esta
constante pode ser obtida através de métodos como eletrólise, emissões radioativas,
raios X, entre outros. Portanto, pode se calcular a constante de Avogadro utilizando-se
das seguintes fórmulas, constantes e conversões:

pV = nRT e Q=ixt e Nē = Q/ē e NA = Nē/nē

onde:

p = pressão atmosférica (Pa);


V = Volume do gás (m3);
n = # mol do gás (mol);
R = constante dos gases (8,3145 J/Kmol);
T= temperatura (K);
t = tempo (s);
i = corrente elétrica em (A);
Q = Quantidade de energia elétrica (C);
nē = # mol de elétrons (mol);
ē = carga do elétron (C);
Nē = # de elétrons(u.a.);
NA = Cte de Avogadro (mol-1)

conversões:1 atm = 760 mmHg = 101.325Pa; 1,0 mL = 1,0µm3; K = 273,15+oC

Os procedimentos aqui descritos pretendem mostrar de maneira simples


alguns processos de eletrólise de soluções e de como os resultados obtidos podem
ser utilizados para o calculo da constante de Avogadro.

[2] Lorenzo Romano Amedeo Carlo Bernadette Avogadro di Quaregna e Cerreto, (09/08/1776 –
09/07/1856), Turin, Itália.

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________________________________________________________________Eletroquímica – Eletrólise

2 – OBJETIVOS

Abordar os conceitos de eletrólise e demonstrar ao aluno como calcular a


constante de Avogadro dos dados obtidos. Conceitos de ácidos, bases e hidrólise de
sais também serão abordados.

3 – MATERIAIS E REAGENTES

2 Provetas de 10 mL;
150 mL de solução de Na2SO4 (0,10 mol L-1); com indicadores;
1 béquer de 100 mL;
2 fios de cobre (um preto e outro vermelho) com pontas desencapadas/jacarés;
1 eletrodo de grafite;
Pisseta com água destilada;
Fonte de Corrente Contínua;
Cronômetro;
Pinça;
Algodão;

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________________________________________________________________Eletroquímica – Eletrólise

4 – PROCEDIMENTO

Inicialmente, ligue a fonte de corrente contínua e ajuste a tensão e a corrente para


seus respectivos máximos.
Preencha as provetas com solução de Na2SO4 0,1 mol L-1 e ‘feche’-as com
algodão e com os fios de cobre. A seguir, coloque as provetas de modo invertido
dentro do béquer como descrito no esquema abaixo.

Importante: Dentro das provetas não deve haver


bolhas de ar e os fios nunca devem ficar fora das
soluções.

Esquema da montagem do experimento de eletrólise

4.1. Eletrólise com fios de Cobre: Conecte o fio de cobre preto no terminal (–) da Fonte
de Tensão. A seguir, conecte o fio de cobre vermelho no terminal (+) e,
imediatamente, acione o cronômetro. Verifique e anote os valores da DDP, em
Volts e da Corrente, em A. Estes valores, especialmente o da corrente, podem
variar, caso isto ocorra anote os novos valores de acordo com o tempo. O
experimento deve ocorrer por 1 minuto apenas. A solução contida no eletrodo
positivo deve ser descartada em frasco apropriado, e o restante da solução pode
ser reutilizado.

4.2. Eletrólise com fio de Cobre e eletrodo de grafite: Lave na pia todo o material
utilizado. Novamente, encha uma proveta com solução de Na2SO4 (0,10 mol L-1) e
‘feche’-a com algodão. Na proveta, coloque o fio preto de cobre. A seguir, coloque
a proveta de modo invertido dentro do béquer. Conecte o fio preto no terminal (–)
da Fonte de Tensão e o terminal (+) da fonte ligado no eletrodo de grafite.
Mergulhe o eletrodo de grafite na solução. Imediatamente, acione o cronômetro.
Verifique e anote os valores da DDP e de Corrente. Caso ocorra variação da
corrente, anote os novos valores de acordo com o tempo. O experimento deve
ocorrer até a formação de 5 mL de H2(g). A solução de Na2SO4 (0,10 mol L-1)
contém os indicadores fenolftaleína e timolftaleína. Esta solução deve ter a cor
inicial rosa.

24
________________________________________________________________Eletroquímica – Eletrólise

Tabela 1: Dados experimentais da eletrólise


Volume (mL) Tempo (s) Corrente (A) Cte Avogadro
5,0
5,0
5,0

QUESTÕES
1. Escreva as semi-reações e as reações globais que ocorrem nos pólos (+) e (-)
dos experimentos 4.1; 4.2.

2. Calcule a constante de Avogadro com os valores obtidos e compare com o


valor da literatura.

3. A corrente da fonte de tensão foi ajustada para 500 mA. No entanto, durante a
eletrólise, o valor da corrente observado está abaixo do valor inicial. Explique
esta diferença.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. QUÍMICA – A Ciência Central”, Brown, LeMay e Bursten, 9ª Ed. Pearson,
Cap.20 “Eletroquímica”
2. Química Nova na Escola, #3, maio/1996, “Constante de Avogadro – É simples
determiná-la em sala de aula”, por Gerson de Souza Mól; Geraldo A.Luzes
Ferreira; Roberto Ribeiro da Silva; Hércules F.Laranja.

DESCARTE DE RESÍDUOS:
A solução de sulfato de sódio será reutilizada e não deve ser descartada,
apesar de ser inócua ao meio ambiente e poder ser descartada diretamente na pia,
com excesso de água corrente. Os gases O2 e H2, nas quantidades obtidas, são
também inócuos e podem ser liberados mesmo dentro do laboratório. A solução de
sulfato de cobre gerada durante a eletrólise no item 4.1 pode ser descartada
diretamente na pia, com excesso de água, pois a concentração de íons Cu2+(aq) é muito
baixa.

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________________________________________________________________Eletroquímica – Eletrólise

Material suplementar:
A Solução de Na2SO4 0,10 mol L-1 com indicador deve conter os
indicadores Fenolftaleína e Timolftaleína; A solução final dever ter o pH
ajustado para ~8 com adição de H2SO4 ou NaOH diluídos.

Indicadores ácido-base:

Fenolftaleína

Outros Nomes:
Nome IUPAC:
ácido 2-(bis-(4-hidroxifenil)metil)benzóico, 3,3-
3,3-Bis(4-hidroxifenil)-1(3H)-isobenzofuranona
bis(p-hidroxifenil)ftálido, NCI-C55798

Propriedades
Fórmula Molecular: Massa Molar: Densidade:
C20H14O4 318,323 g mol−1 1,277 g cm−3, a 32 °C
Solubilidade:
Ponto de Fusão:
Pouco solúvel em benzeno e em água; muito solúvel em etanol e éter,
262,5 °C
ligeiramente solúvel em DMSO

Espécies In H2In In2− In(OH)3−

Estrutura

pH <0 0−8.2 8.2−12.0 >12.0


Cor laranja incolor rosa incolor

Imagem

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________________________________________________________________Eletroquímica – Eletrólise

Timolftaleína

Nome IUPAC: 3,3-bis(4-hidroxi-2-metil- 5-


propan-2-ilfenil)- 2-benzofuran-1-one
Fórmula molecular: C28H30O4; Massa Molar:
430,53 g mol-1; P.Fusão: 253oC.
pH < 9,3 --> incolor;
pH > 10,5 --> azul intenso

Estrutura molecular

Outros Indicadores:

27
________________________________________________Determinação do Calor Específico de Líquidos

05 – DETERMINAÇÃO DO CALOR ESPECÍFICO DOS


LÍQUIDOS

1 – INTRODUÇÃO

Uma grande parcela da população apresenta conceitos alternativos (diferentes


daqueles aceitos pela Ciência) sobre calor e temperatura. Segundo pesquisadores da
área de Ensino de Ciências tais ideias resistem pelo fato de estarem relacionadas
diretamente com a experiência cotidiana e resultam do fato de que o calor e o frio são
pensados como atributos de substâncias e materiais, logo, um corpo quente possuiria
calor enquanto um corpo frio possuiria frio.
Visando melhor exemplificar as origens destas ideias alternativas, podemos
considerar a interpretação usada para a prática de resfriar uma bebida pela adição de
gelo. Neste caso, a idéia de que o gelo transfere “frio” para a bebida é aceita. Como
conseqüência, teríamos dois processos de transferência de energia: o do calor e o do
frio. Na verdade, sabemos que somente é possível a transferência de calor de corpos
com temperaturas mais altas para corpos com menores temperaturas, ou seja, neste
caso a bebida inicialmente apresenta maior temperatura e, em contato com o gelo,
transfere energia na forma de calor para o gelo até que o equilíbrio térmico seja
atingido, assim, observamos o resfriamento da bebida. Portanto, podemos definir calor
como uma forma de energia e, logo, não é uma substância, de fato:
“O conceito de temperatura, do ponto de vista científico, deriva da observação de que energia
pode fluir de um corpo para outro quando eles estão em contato. A temperatura é a propriedade
que nos diz a direção do fluxo de energia. Assim, se a energia flui de um corpo A para um corpo B,
podemos dizer que A está a uma temperatura maior do que B. Essa maneira de definir a
temperatura também estabelece a relação entre calor e temperatura. O calor, como fluxo de
energia, sempre passa de um sistema a uma temperatura maior para um outro a uma temperatura
menor, quando os dois estão em contato. Deve-se destacar que só há fluxo de energia e, portanto,
calor, quando há diferença de temperatura. O calor é, dessa maneira, diretamente proporcional
à diferença de temperatura entre os dois sistemas entre os quais está havendo a transferência
de calor, e não à temperatura de qualquer dos sistemas” (Mortimer e Amaral, 1998).

Tendo como base o exposto acima podemos analisar a questão abaixo:


É comum utilizarmos a seguinte expressão quando a temperatura está muito baixa:
“gostaria de vestir um agasalho bem quentinho”. Considerando que ocupamos o
mesmo ambiente que o agasalho, portanto em condições de equilíbrio térmico, está
28
________________________________________________Determinação do Calor Específico de Líquidos

correto dizer que o agasalho está quente? Como podemos explicar o fato de que
algumas roupas são melhores isolantes térmicos que outras? A análise desta questão
aponta para o fato de que diferentes materiais comportam-se de forma diferente
quanto à transferência de calor. Assim, é possível determinar que o calor dependa da
constituição das substâncias e dos materiais, de fato:
O calor específico é definido como a quantidade de calor que cada grama de
determinada substância ou material deve ganhar ou perder para que sua
temperatura varie em 1ºC e, depende de sua constituição.

Adicionalmente, podemos aceitar que a quantidade de calor transferida


dependa, ainda, da massa dos corpos envolvidos, assim, é possível escrever a
expressão básica da calorimetria:

Q = m.c.∆T
Hoje, utilizaremos um método para determinação do calor específico de alguns
líquidos baseado na comparação do comportamento térmico da água com o
comportamento das amostras de interesse. Portanto, será fornecida a mesma
quantidade de calor para massas iguais de água e de amostra, logo:

Qágua = mágua.cágua.∆Tágua (i) e Qamostra = mamostra.camostra.∆Tamostra (ii)

Uma vez que faremos com que Qágua = Qamostra e mágua = mamostra podemos
igualar as expressões (i) e (ii), que após rearranjada fica:

camostra = (cágua.∆Tágua) / ∆Tamostra

Onde o valor de cágua = 1,0 cal/goC e os valores de ∆T da água e da amostra


serão obtidos experimentalmente.

2 – OBJETIVOS
Determinar o calor específico de alguns líquidos e avaliar a aplicação de
diferentes materiais a partir do calor específico dos mesmos.

29
________________________________________________Determinação do Calor Específico de Líquidos

3 – MATERIAIS E REAGENTES

1 Pisseta para água destilada;


2 Béqueres de vidro – 100 mL (diâmetro externo 5,0 cm);
2 Bastões de vidro;
2 Provetas de 100 mL;
1 Lamparina c/ tampa e pavio;
1 Suporte universal e argola com mufa (diâmetro interno 5,1 cm);
1 termômetro e 1 cronômetro digital;
Glicerina.

4 – PROCEDIMENTO

1. Meça o volume equivalente a 50 g de água com auxílio de uma proveta;


2. Transfira o volume determinado para um béquer de 100 mL;
3. Acenda a lamparina (Atenção: trabalhe com cuidado e evite acidentes);
4. Posicione o béquer a uma distância de aproximadamente 4,0 cm do pavio da
chama com auxílio do sistema montado (Figura abaixo).
Valores de densidade:
- Água: 1,00 g.cm-3,

- Óleo: 0,91 a 0,93 g.cm-3

- Glicerina: 1,26 g.cm-3

5. Inicie o aquecimento da amostra simultaneamente à contagem do tempo


(utilize o cronômetro disponível);
6. Após aproximadamente 1 minuto de aquecimento registre valores de
temperatura e tempo a cada intervalo de 1 minuto (sistematize uma tabela com
3 conjuntos de dados). Atenção: Antes das medidas agite o líquido com auxílio
do bastão.
7. Repita o procedimento acima para as amostras indicadas professor.

30
________________________________________________Determinação do Calor Específico de Líquidos

Atenção: Mantenha as mesmas condições de aquecimento, como a distância


entre o béquer e a chama. Registre os novos valores de temperatura de acordo
com os valores de tempo obtidos para a água.

QUESTÕES
1 – Determine o valor médio do calor específico das amostras.
2 – Porque panelas de metal esquentam mais rapidamente que panelas de pedra
ou barro? Qual delas deve ser selecionada para manter os alimentos aquecidos por
mais tempo após a extinção da fonte de calor? Justifique!
3 – Você considera possível caracterizar e selecionar materiais a partir da
determinação do calor específico? Apresente um exemplo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
- Mortimer, E.F. e Amaral, L.O.F. “Quanto mais quente melhor: calor e temperatura no
ensino de termoquímica”, Química Nova na Escola. 7 (1998) 30-34.
- Atkins, P. Princípios de Química: questionando a vida moderna e o meio ambiente.
Porto Alegre: Bookman, 2001.

31
_____________________________________________________________Poder Calórico dos Alimentos

06 – PODER CALÓRICO DOS ALIMENTOS

1 – INTRODUÇÃO

Quando se fala em quantidade de calorias em um determinado alimento, nos


referimos à energia armazenada nas ligações químicas dos constituintes destes
alimentos. No organismo, estas macromoléculas são oxidadas a produtos menores,
ocorrendo liberação de energia. Esta energia é quantificada através da unidade física
denominada caloria, que possui o símbolo cal. Esta é uma unidade de medida que
define a quantidade de energia necessária para elevar a temperatura em 1ºC de 1
grama (o equivalente a 1 mililitro) de água. Por exemplo, para aquecer 250 mililitros de
água (aproximadamente 1 copo) de 20ºC para 21ºC, é necessário fornecer 250
calorias de energia. Por ser uma unidade muito pequena, em nutrição, costuma-se
utilizar a quilocaloria, kcal, que equivale a 1000 calorias.

1000cal = 1kcal

Os alimentos fornecem diferentes quantidades de energia. A determinação da


quantidade de energia que está armazenada em cada alimento é importante,
especialmente no planejamento de uma dieta para balancear a quantidade de energia
que é ingerida e que é gasta. Se a quantidade de energia ingerida for maior do que a
energia gasta, as calorias que sobram se acumulam em forma de gordura, fazendo o
indivíduo engordar.
A Tabela 1 mostra os gastos calóricos em algumas atividades físicas.
Tabela 1 - Gastos de calorias nas diversas atividades esportivas, de rotina e de entretenimento
Energia consumida
Atividade
(kcal/min)
Futebol 10,4
Caminhar moderado 3,60
Corrida a pé 10
Corrida de bicicleta 5
Arrumar a cama 3,9
Dormir 1,2
Escrever sentado 1,8

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_____________________________________________________________Poder Calórico dos Alimentos

Os calorímetros são instrumentos científicos essencialmente destinados a


medir variações de energia em sistemas onde a temperatura tem um papel relevante.
Um dos mais simples é o calorímetro de água. Provocando-se uma reação química
dentro da água contida em um calorímetro, a temperatura da água irá variar. Medindo-
se a variação da temperatura, pode-se calcular a quantidade de calor que é liberada
ou absorvida pela reação.
A quantidade de calor (Q) absorvida ou liberada de um sistema é dada pela
seguinte expressão:

Q = m.c.∆T

Onde:
Q= quantidade de calor (cal);
m= massa(g);
c= calor específico (cal/g°C) e
∆T= a variação de temperatura (°C);

O calor específico da água é 1cal/g°C.

Pode-se utilizar um calorímetro de água para se determinar o valor calórico de


um alimento. Nesse caso, a quantidade de energia liberada no processo de queima do
alimento depende da massa de água e da variação da temperatura da mesma ocorrida
durante a queima do alimento.
Finalmente, para se determinar o valor calórico do alimento, ou seja, a
quantidade de energia que é liberada por grama de alimento, utiliza-se a seguinte
expressão:

Q(cal )
Valor Calórico =
∆massa do alimento(g )

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_____________________________________________________________Poder Calórico dos Alimentos

2 – OBJETIVOS

− Reconhecer a presença da Química na determinação das calorias presentes


nos alimentos.
− Determinar a quantidade de calorias presentes em alguns alimentos utilizando
um calorímetro de água.

3 – MATERIAIS NECESSÁRIOS

1 balança; 1 proveta (100mL); 2 latas de refrigerante de 350 mL; 2 latas de


refrigerante de 250 mL; 1 termômetro; 2 garras; 1 suporte universal; 1 clipe; 1
pinça; 1 vidro de relógio; palitos de fósforo; bico de Bünsen água de torneira; 1
amendoim; 1 castanha-do-pará.

4 – PROCEDIMENTO

1) Montar o equipamento como representado na Figura 1 e posteriormente seguir


os procedimentos descritos abaixo.

Figura 1: Esquema da queima da amostra

34
_____________________________________________________________Poder Calórico dos Alimentos

2) Pesar 1 amendoim e ¼ de castanha-do-pará e anotar as massas na Tabela 2.

Tabela 2 - Resultados obtidos na determinação da energia contida nos alimentos

Volume de Temp. inicial da Temp. final da


Amostra Massa (g) ∆T(°C)
água (mL) água (°C) água (°C)

Amendoim (1)

Castanha- do-pará (2)

3) Adicionar 100 mL de água de torneira a uma lata de refrigerante de 350 mL e


fixar a lata, com o auxílio de uma garra, no suporte universal.
4) Com o auxílio do termômetro, verificar a temperatura da água (temperatura
inicial) e anotar na Tabela 2. O termômetro também deverá estar preso em outra
garra. É necessária atenção para que o termômetro não encoste sobre a parede
da lata de refrigerante, caso contrário haverá erro na leitura da temperatura.
5) Dobrar um clipe formando um apoio para segurar a amostra e fixá-lo na base
do suporte com fita adesiva.
6) Prender a amostra de alimento no clipe.
7) Acender o bico de Bünsen e iniciar a combustão do alimento.
8) Após o início da combustão do alimento, coloque-o debaixo da lata de
refrigerante e deixe-o queimar até verificar a extinção total do fogo. Neste
momento anotar a temperatura final da água. Anote o dado obtido na Tabela 2.
9) Repita o procedimento para a amostra de castanha-do-pará (substitua a lata de
refrigerante e verificar que a temperatura do termômetro encontra-se na mesma
temperatura da água).

Atenção:
1) Certifique-se de que a distância entre a lata de refrigerante e a amostra é suficiente
para que a chama produzida pela queima da amostra possa aquecer a água do
recipiente.

35
_____________________________________________________________Poder Calórico dos Alimentos

5 – QUESTÕES:

1 – De acordo com os dados anotados na Tabela 2, determine a quantidade de


energia liberada na reação de combustão para cada uma das amostras
utilizadas no experimento.
2- Ainda com os dados anotados na Tabela 2, determine o valor calórico de cada
alimento. Qual das amostras é a mais calórica?
3 – Se uma pessoa ingerisse 100 gramas de cada uma dos alimentos utilizados
neste experimento, quanto tempo ele precisaria caminhar para queimar as
calorias consumidas? (utilize os dados da Tabela 1).
4- A Tabela 3 abaixo mostra os valores calóricos do amendoim e da castanha do
pará retirados de rótulos de supermercado. Compare esses valores com os
obtidos no experimento e faça um comentário.
Tabela 3: Valor calórico de alguns alimentos.
Alimento Valor calórico (kcal) (em
100 g do alimento)
Amendoim 567
Castanha-do-pará 654

5 – A quantidade de calor por grama no SI deve ser expresso em J/kg (Joule por
quilograma), sabendo que 1,0cal/g = 4200 J/kg, determine os valores
energéticos dos alimentos utilizados no experimento em J/kg.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. Neves, A. P.; Guimarães, P. I. C. e Merçon, F. Química Nova na Escola, 31(1), 34-
39, 2009.
2. http:www.quimica.ufpr.br/eduquim/pdf/experimento8.pdf acessado em 25/05/2009.
3. Atkins, P. W. Physical Chemistry. 5ª ed. Oxford: Oxford University Press, 1994.
4. Santos, W. L. P. dos; Souza, G. de; Química e Sociedade: Cálculos, Soluções e
Estética: Módulo 4: Ensino Médio. São Paulo: Nova Geração, p. 17-20, 2004.
5. http://portal.saude.gov.br/saude/ acessado em 22/05/2009.
6. Revista Super Interessante, edição 285 dez/2010 – infográfico pg 56.

36
__________________________________________________________________Titulação Calorimétrica

07 – TITULAÇÃO CALORIMÉTRICA

1 – INTRODUÇÃO

O calor envolvido em um processo químico está diretamente relacionado com a


formação ou rompimento de uma ligação química. A energia é liberada quando uma
ligação química se forma ou consumida quando ocorre sua quebra.
Uma curva que representa a energia potencial entre dois átomos em função da
distância interatômica é mostrada abaixo. Pode-se observar que forças atrativas levam
à formação de uma ligação química e a energia resultante para o sistema é menor do
que a dos átomos isolados. Esta diferença de energia é liberada quando a ligação se
forma. Logo, a formação de uma ligação química é um processo exotérmico. Ao
contrário, a quebra de uma ligação química envolve ganho de energia pelo
sistema e é dito endotérmico.

Quando uma reação química ocorre várias ligações entre os diversos átomos
são rompidas e formadas e o calor absorvido ou liberado é a resultante global do
processo.

37
__________________________________________________________________Titulação Calorimétrica

A reação de neutralização entre um ácido forte e uma base forte de Arrhenius,


em meio aquoso, envolve a formação de uma ligação entre um próton (H+) e uma
hidroxila (OH-), com a produção de uma molécula de água. Esta reação é fortemente
exotérmica e o calor liberado pode ser monitorado com um sensor de temperatura
(termopar, termistor, termômetro). A adição contínua do ácido à base leva a um
aumento da temperatura do sistema até que toda solução seja neutralizada. Então, o
acréscimo de mais ácido ou base apenas facilitará a diminuição da temperatura e pela
leitura do sensor de temperatura é possível verificar-se o término da reação.

2 – OBJETIVOS

Acompanhar uma reação exotérmica e verificar o término da reação pela


medida da temperatura do sistema. Entender a estequiometria de uma reação ácido-
base.

3 – MATERIAIS E REAGENTES

2 copos de poliestireno de 150 mL;


2 béqueres de 50 mL;
1 bureta de 25 mL;
30 mL de solução de ~ NaOH 1,0 mol L-1; Previamente padronizada
50 mL de solução de H2SO4 0,5 mol L-1;
Garras e suporte;
Pipeta de 10 mL e pêra;
Termistor, interface e computador.

38
__________________________________________________________________Titulação Calorimétrica

4 – PROCEDIMENTO

4.1. Primeira Titulação


a) Ambiente a bureta com solução do ácido;
b) Ambiente a pipeta volumétrica com solução de base;
c) Preencha a bureta com a solução de H2SO4 0,5 mol L-1 e acerte o menisco;
d) Transfira 10 mL da solução de NaOH 1,0 mol L-1, com auxílio da pipeta
volumétrica, para o copo de poliestireno, cuja parede funciona como excelente
isolante térmico;
e) Coloque o termistor em contato com a solução de NaOH;
f) Abra o arquivo “termometria” no desktop;
g) Click em ‘Collect’;
h) Click em ‘Keep’ e insira o volume adicionado de ácido, neste caso, zero;
i) Lentamente, abra a bureta para que a solução ácida comece a gotejar; O ideal é
que caia uma gota em ~ 5 segundos;
j) Click em Keep no momento em que o volume de ácido atingir múltiplos de 0,5
mL;
k) Mantenha o copo sob agitação manual;
l) A titulação deve ocorrer até que a temperatura caia 1,0 oC;
m) Click em ‘Stop’;

4.2. Segunda Titulação


a) Descarte a solução do copo em recipiente adequado;
b) Complete e acerte o menisco da bureta com solução ácida;
c) Transfira novamente 10 mL da solução de NaOH 1,0 mol L-1 para o copo;
d) Coloque o termistor em contato com a solução de NaOH;
e) Click em ‘Collect’; e depois em ‘store latest run’
f) Click em ‘Keep’ e insira o volume adicionado de ácido, neste caso, zero;
g) Lentamente, abra a bureta para que a solução ácida comece a gotejar; O ideal é
que caia uma gota em ~ 5 segundos;
h) Click em Keep no momento em que o volume de ácido atingir múltiplos de 0,5
mL;
i) Mantenha o copo sob agitação manual;
j) A titulação deve ocorrer até que a temperatura caia 1,0 oC;
k) Click em ‘Stop’;
39
__________________________________________________________________Titulação Calorimétrica

4.3. Terceira Titulação


a) Repita o procedimento descrito para a Segunda Titulação;
b) Ao final, grave os dados como ‘Termometria_turma_grupo´.
c) Grave novamente os dados como: ‘File’; ‘Export As’; ‘Text...’
‘Termometria_turma_grupo’

4.4. Gráfico
Construa o gráfico “temperatura x VH2SO4 adicionado” e encontre o volume de
H2SO4 0,5 mol L-1 necessário para neutralizar 10,0 mL de NaOH 1,0 mol L-1.

QUESTÕES
1. Escreva a equação química da neutralização do NaOH pelo H2SO4.
2. Qual o volume de H2SO4 utilizado para neutralizar completamente 10 mL da
base? Explique como seria possível prever o volume de H2SO4 gasto.
3. Qual seria o volume de ácido gasto se o ácido utilizado fosse uma solução 0,5
mol L-1 de ácido clorídrico (HCl)?
4. Supondo a que a solução de H2SO4 tenha exatos 0,50 mol L-1, qual a
molaridade da solução de NaOH?

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
1. QUÍMICA – A Ciência Central”, Brown, LeMay e Bursten, 9ª Ed. Pearson

DESCARTE DE RESÍDUOS
Os íons sódio e sulfato são inócuos. Os íons H+ e OH- podem ser danosos ao meio
ambiente. Porém, a neutralização leva à ausência de hidroxila e à presença em
concentrações muito baixas do próton. Logo, a solução do frasco reativo pode ser
descartada diretamente na pia, após completa neutralização e com excesso de água
corrente.

40
________________________________Determinação da concentração de íons Fe3+ em soluções aquosas

08 – ESCALA DE PADRÕES

1 – INTRODUÇÃO

Na natureza temos a predominância de misturas em relação às substâncias


puras. Como exemplo, podemos citar as rochas, o solo, o ar, o sangue etc. Uma
mistura, diferentemente, de um composto puro pode ter qualquer composição
desejada, logo, o tratamento quantitativo de uma mistura é extremamente importante
em diversas áreas, como no monitoramento de poluentes, na dosagem do princípio
ativo de fármacos etc.
Misturas são sistemas formados por duas ou mais substâncias e podem ser
classificadas em homogêneas ou heterogêneas. Podemos identificar os componentes
de uma mistura heterogênea (que apresenta duas ou mais fases) a olho nu ou com
auxílio de um microscópio. Por outro lado, não é possível distinguir os componentes
de uma mistura homogênea (que apresenta uma única fase) nem mesmo com
microscópios muito potentes. As misturas homogêneas são conhecidas como
soluções, que podem ser líquidas, sólidas ou gasosas. Os componentes de uma
solução são classificados como soluto e solvente:
- Soluto: a substância presente em menor quantidade e que está dissolvida no
solvente.
- Solvente: componente da solução, usualmente, presente em maior
quantidade com o papel de dissolver o soluto.
Uma questão essencial para os químicos e outros profissionais de áreas
correlatas é a determinação da relação existente entre a quantidade de uma
substância (normalmente denominada soluto) e o volume total da mistura. A constante
de proporcionalidade determinada por esta relação é denominada concentração e
pode ser expressa em diferentes unidades (ver material suplementar).
Existem diversas técnicas para determinar a concentração de um determinado
soluto numa solução, dentre elas destacam-se as denominadas espectroscópicas, que
tem como princípio a interação de radiação eletromagnética com a matéria. De fato,
diferentes substâncias interagem diferentemente com a luz, o que permite relacionar

41
________________________________Determinação da concentração de íons Fe3+ em soluções aquosas

alguns fenômenos ópticos como o “desvio de luz polarizada” e a “absorção seletiva de


luz” com a concentração destas substâncias em um determinado meio.
Outro modo, é a utilização de agentes que, após reação com o soluto, podem
produzir soluções muito mais coloridas.
Na presente prática utilizaremos o conceito de colorimetria visual – ou Método
da Escala de Padrões. Este método é apenas qualitativo para determinar a
concentração de soluções. No entanto, é a base de inúmeros métodos analíticos e
instrumentais para a determinação quantitativa de íons/compostos em soluções. Nesta
prática será determinada de forma, aproximada, a concentração de íons de Fe3+ em
soluções aquosas.

2 – OBJETIVOS
- Preparar soluções em diferentes concentrações por diluição e determinar a
concentração aproximada de uma solução pelo Método da Escala de Padrões.
- Compreender o conceito de solução do ponto de vista qualitativo.
- Compreender como a interação de luz com matéria pode ser a base para o
desenvolvimento de técnicas de análise quantitativa.

3 – MATERIAIS E REAGENTES
1 estante para tubos de ensaio;
12 tubos de ensaio;
1 béquer de 10 mL;
1 pisseta de 500 mL com água destilada;
2 provetas, uma de 10 mL
2 pipeta de Pasteur;
50 mL de solução de KSCN 0,10 mol L-1;
1 proveta de 100 mL para toda a turma.

42
________________________________Determinação da concentração de íons Fe3+ em soluções aquosas

Para preparar as Soluções:


1,0 L KSCN 0,10 mol L-1: 9,718g em 1,0 L de água destilada;

4 – PROCEDIMENTO

1- Pesar 0,375g de FeCl3 e dissolver em 150 mL de água destilada; Esta solução


deve ser dividida para todos os grupos.
2- Numerar os tubos de ensaio de 1 a 12;
3- Transferir 10 mL da solução de FeCl3 0,25% para o 1º tubo;
4- Lavar a proveta com água destilada;
5- Transferir para a proveta uma alíquota de 2,5 mL da solução do tubo (1);
6- Ainda na proveta adicione água destilada até 10 mL;
7- Adicione a solução no tubo (2), volte a solução para a proveta e, finalmente,
volte a solução ao tubo (2);
8- Lave a proveta com água destilada;
9- Transferir para a proveta uma alíquota de 5,0 mL da solução do tubo (2) e em
seguida adicionar água destilada até 10 mL;
10- Adicione a solução no tubo (3), volte a solução para proveta e, finalmente, volte
a solução ao tubo (3);
11- Lave a proveta com água destilada;
12- Transferir para a proveta uma alíquota de 7,5 mL da solução do tubo (3) e em
seguida adicionar de água destilada até 10 mL.
13- Adicione a solução no tubo (4), volte a solução para proveta e, finalmente, volte
a solução ao tubo (4);
14- Lave a proveta com água destilada;
15- Repetir as etapas 12 a 14 para preparar soluções nos tubos (5) até (12),
partindo sempre da solução preparada no tubo anterior.
16- Em cada tubo, adicione 1,0 mL de solução de KSCN 0,10 mol L-1 com auxílio
de uma pipeta de Pasteur;
17- Após a adição do tiocianato de potássio, agite cada tubo;
18- Determine a concentração da solução-problema disponibilizada pelo professor,
através da comparação com a escala de padrões previamente preparada.

43
________________________________Determinação da concentração de íons Fe3+ em soluções aquosas

Atenção: Este procedimento permite a preparação de soluções com valores


aproximados de concentração. Existem métodos analíticos para o preparo de soluções
que não serão discutidos no momento.

Material Suplementar
Unidades e conversão
As unidades mais comuns para expressar concentração são (% m/v); (mol L-1);
(mg L-1); (µg mL-1); ppm (partes por milhão) e ppb (partes por bilhão).
Existem diversos modos para convertes as unidades, a seguir será ilustrado um
destes modos.
Ppm = mg L-1, ou seja temos uma milésima parte (0,001g) em 1000 partes
(1000 mL ou ~1000 g).

A % m/v é a massa do soluto por volume de solvente, portanto, uma solução 0,1% por
exemplo, significa que temos 0,10 g de soluto para 100 mL de solvente, ou 1,0 g para
1 L. Para converter % m/v em mg L-1,ou ppm, basta multiplicar o valor de % por
10.000.

Ex.:Solução aquosa 0,40% de NaOH = 0,40 g de NaOH em 100 mL de água ou 4,0 g


de NaOH em 1L, ou ainda, 4.000 ppm ou 4.000 mg L-1.

Para converter % m/v em mol L-1, é necessário saber a massa molar do soluto.
Inicialmente, faça a conversão para g L-1. Para converter gramas em mol, basta dividir
o valor de g pela massa molecular do soluto.

Ex.: Solução aquosa 0,40% de NaOH = 4,0 g L-1 e MMNaOH = 40,0 g mol-1. Portanto,
NaOH 0,40% é 0,10 mol L-1.

Para saber a concentração de um dos constituintes do soluto, basta saber a % deste


constituinte, em massa, no soluto.

Ex.: Qual a concentração de íons Na+ em uma solução de NaOH 0,40% m/v?
Dados: MMNaOH = 40,0 gmol-1, MMNa = 23,0 gmol-1,
57,5% da massa de NaOH é de íons de sódio, portanto em uma solução 0,40% NaOH,
temos 0,23% de íons Na+.
44
________________________________Determinação da concentração de íons Fe3+ em soluções aquosas

QUESTÕES
1 – Calcule a concentração, em % (m/v) das soluções de FeCl3 preparadas nos
tubos 2 a 12.
2 – Qual a concentração de íons Fe3+(aq) presentes no tubo 3?
3 – Qual a concentração, em mmol L-1 da solução de FeCl3 do tubo 5?
4 – Qual a concentração, em ppm, de Fe3+, na solução do tubo 12?

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
- Curi, Denise; “Colorimetria – Determinação de Fe3+ em Água”; Química Nova na Escola, vol
24, 2006
- Atkins, P. Princípios de Química: questionando a vida moderna e o meio ambiente. Porto
Alegre: Bookman, 2001.
- Carmo, M.P. e Marcondes, M.E.R. “Abordando Soluções em Sala de Aula – uma Experiência
de Ensino a partir das Idéias dos Alunos”, Química Nova na Escola. 28 (2008) 37-41.
- Rocha-Filho, R.C. e Silva, R.R. Cálculos Básicos da Química. São Carlos: EdUFSCar, 2006.

DESCARTE DE RESÍDUOS:
As soluções de utilizadas podem ser descartadas na pia. Os íons Fe3+ e Cl-
apresentam baixa toxicidade. O íon tiocianato (SCN-) somente é nocivo ao meio-
ambiente em concentrações acima de 100 mg L-1.

45
______________________________________Colorímetro – Determinação da Concentração de Soluções

09 – COLORÍMETRO – DETERMINAÇÃO DA
CONCENTRAÇÃO DE SOLUÇÕES

1 – INTRODUÇÃO

Uma questão essencial para os químicos e outros profissionais de áreas


correlatas é a determinação da relação existente entre a quantidade de uma
substância (normalmente denominada soluto) e o volume total da mistura. A
constante de proporcionalidade determinada por esta relação é denominada
concentração e pode ser expressa de diferentes formas.
Existem diversas técnicas para determinar a concentração de um determinado
soluto numa solução, dentre elas destacam-se as denominadas espectroscópicas, que
tem como princípio a interação de radiação eletromagnética com a matéria. De
fato, diferentes substâncias interagem diferentemente com a luz, o que permite
relacionar alguns fenômenos ópticos como o “desvio de luz polarizada” e a “absorção
seletiva de luz” com a concentração destas substâncias em um determinado meio.
Na presente prática utilizaremos um colorímetro, que consiste em um
equipamento que possui fonte de energia que emite radiações com comprimentos de
onda específicos, que são: 430, 470, 565 e 635 nm. Estes comprimentos de onda
correspondem às cores violeta; azul; verde e vermelha, respectivamente. Na Tabela 1
é descrito freqüências e comprimentos de ondas das principais cores.

Tabela 1: Cores, freqüências e comprimentos de onda


Cor Frequência (THz) Comprimento de onda (nm)
violeta 668-789 380-450
azul 631-668 450-475
ciano 606-630 475-495
verde 526-606 495-570
amarelo 508-526 570-590
laranja 484-508 590-620
vermelho 400-484 620-750

De acordo com a teoria da cor complementar – Figura 1, há pares de cores


complementares que são o azul-amarelo e o vermelho-verde. Portanto, uma solução
que possui forte absorção somente no violeta-azul, se apresenta amarela aos nossos
olhos, enquanto que uma solução que absorve somente na região espectral do
46
______________________________________Colorímetro – Determinação da Concentração de Soluções

‘vermelho’ será, para nós, uma solução verde. Uma substância também poderá ser
verde se absorver todas as cores exceto a luz verde, é o caso da clorofila.

Figura 1: Roda das cores complementares


Com o colorímetro serão obtidos valores de transmitância (T), e de absorbância
(A). Ambos os valores dependem da absortividade e da concentração da amostra bem
como do caminho óptico percorrido pela luz. A transmitância (T) é definida como
sendo a fração da intensidade da radiação eletromagnética que atravessa uma
determinada solução e pode ser dada pela equação 1.

Equação 1: T = I/Io;

onde Io = Luz incidente e I = Luz que atravessou a solução;


A absorbância (A) é definida como sendo a parte da radiação que foi absorvida
pela amostra. A absorbância pode ser obtida através da Equação 2.

Equação 2: A = - log T ou A= - log(I/Io)

Atenção: Este procedimento permite a preparação de soluções com valores


aproximados de concentração. Existem métodos analíticos para o preparo de soluções
que não serão discutidos no momento.

2 – OBJETIVOS
- Preparar soluções em diferentes concentrações por diluição e determinar a
concentração utilizando-se um colorímetro.
- Compreender o conceito de solução do ponto de vista quantitativo.
- Compreender como a interação de luz com matéria pode ser a base para o
desenvolvimento de técnicas de análise quantitativa.

47
______________________________________Colorímetro – Determinação da Concentração de Soluções

3 – MATERIAIS E REAGENTES

1 estante para tubos de ensaio;


10 tubos de ensaio de 20 mL;
1 béquer de 100 mL;
1 pisseta de 500 mL com água destilada;
1 proveta de 10 mL;
2 pipetas de Pasteur;
20 mL de solução de alaranjado de metila (0,10 x 10-3 mol L-1)
Computador com kit LabView®;
Colorímetro;

4 – PROCEDIMENTO

4.1- Para preparar as amostras:

Alaranjado de Metila
1. Numerar os tubos de ensaio de 1 a 10;
2. Transferir 10 mL da solução estoque de alaranjado de metila para o tubo de
ensaio (1);
3. Transferir para o tubo de ensaio (2) uma alíquota de 7,5 mL da solução estoque
de alaranjado de metila e adicione 2,5 mL de H2O destilada;
4. Transferir para o tubo de ensaio (3) uma alíquota de 7,5 mL da solução do tubo
(2) e adicione 2,5 mL de H2O destilada;
5. Repetir a etapa 4 para preparar soluções nos tubos (4) até (10), partindo sempre
da solução preparada no tubo anterior;
6. Calcular as concentrações, em mmol L-1, das 10 soluções.

– Para calibrar e realizar as medidas com o colorímetro


1. Ligue o computador;
2. Conecte o colorímetro à interface e a interface ao computador;
3. Ligue a interface;
4. Abra o programa LoggerPro®;
5. Selecione o λ = 430 nm através dos botões ‘<’ ou ‘>’ do colorímetro;

48
______________________________________Colorímetro – Determinação da Concentração de Soluções

6. Coloque água destilada em um cubeta;


7. Coloque a cubeta com água destilada dentro do colorímetro;
8. Aperte o botão <Cal>, e espere a luz vermelha parar de piscar;
9. “Os valores de absorbância e transmitância devem ser ~ 0.001 e 100%,
respectivamente”
10. Coloque a solução de alaranjado de metila do tubo (5) na cubeta e meça a
absorbância e a %transmitância no λ previamente selecionado;
11. Anote os valores obtidos de A e %T na Tabela 1.
12. Repita os itens 5, 7, 8, 9 e 10 alterando o λ para 470; 565 e 635;
13. Feche o programa LoggerPro® sem gravar os dados.
14. Fixar o λ no qual a absorbância foi maior e calibrar o colorímetro;
15. “Transmitância menor”;
16. No desktop, abra o arquivo “colorimetria”;
17. Coloque a solução do tubo 10 e click em ‘collect’;
18. Click em ‘keep’ e insira o valor de concentração de alaranjado de metila da
amostra;
19. Troque e meça a absorbância das soluções 9 a 1 repetindo os passos 9 e 10;
20. Tecle “ctrl+J” para ajustar o gráfico de Absorbância (ou %transmitânica) vs
Concentração;

Determine a concentração da solução-problema disponibilizada pelo professor,


através da curva de absorbância previamente feita.

Tabela 1: Valores de %Transmitância e de Absorbância das amostras


λ
Amostra 430 470 565 635
%T / A %T / A %T / A %T / A
Alaranjado de Metila / / / /

49
______________________________________Colorímetro – Determinação da Concentração de Soluções

QUESTÕES
1) Porque a solução de alaranjado de metila tem maior absorção de luz abaixo de λ =
470?

DESCARTE DE RESÍDUOS
- As soluções diluídas do corante alaranjado de metila utilizadas podem ser
descartadas normalmente na pia com água em excesso. A solução do tubo (1) pode
ser devolvida ao frasco original.

PARA PREPARAR AS SOLUÇÕES

Alaranjado de Metila 0,10 x 10-3 mol L-1: Pesar 0,0327g do indicador e dissolver em 1
Litro de água destilada.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
- Atkins, P. Princípios de Química: questionando a vida moderna e o meio ambiente.
Porto Alegre: Bookman, 2001.
- Carmo, M.P. e Marcondes, M.E.R. “Abordando Soluções em Sala de Aula – uma
Experiência de Ensino a partir das Idéias dos Alunos”, Química Nova na Escola. 28
(2008) 37-41.
- Rocha-Filho, R.C. e Silva, R.R. Cálculos Básicos da Química. São Carlos:
EdUFSCar, 2006.

Material Suplementar
Alaranjado de Metila: Corante e indicador
ácido-base.
Nome IUPAC: 4-dimetilaminoazobenzeno-4’sulfonato de sódio (4-dimethylaminoazo
benzene - 4'-sulfonic acid sodium salt); Sinônimos: ácido p-dimetilamino-
azobenzenosulfônico, alaranjado de metilo, laranja de metila, laranja de metilo,
heliantina e metilorange (MO);
Fórmula molecular: C14H14N3NaO3S; MM = 327.33 g mol-1;

50
_________________________________________________________Fluorescência e Estrutura Atômica

10 – FLUORESCÊNCIA E ESTRUTURA ATÔMICA

1 – INTRODUÇÃO

Luminescência é o nome do fenômeno mais genérico que engloba a


fluorescência e a fosforescência. A luminescência é definida como a emissão de luz na
faixa do visível (400-700 nm) do espectro eletromagnético como resultado de uma
transição eletrônica. O início de um processo de luminescência envolve a absorção de
quanta de luz (fótons) por uma molécula/íon e, conseqüentemente, a produção de um
estado eletronicamente excitado. Isto significa dizer que a molécula/íon absorveu uma
quantidade discreta de energia, suficiente para promover um elétron de um nível
inferior para um nível superior de energia. A energia do fóton deve coincidir com
aquela correspondente à transição eletrônica. Como a molécula/íon não pode
permanecer indefinidamente no estado excitado, a energia absorvida pode ser
dissipada através dos seguintes processos:
Fluorescência – emissão do fóton de luz e retorno ao estado fundamental.
Fosforescência – o elétron excitado decai para um nível intermediário de energia e
ocorre emissão de radiação do intermediário ao estado fundamental.

Transição vibracional ou não radiativa – a molécula retorna ao estado fundamental


emitindo energia térmica através de uma série de transições vibracionais;

Reação fotoquímica – a molécula sofre algum tipo de reação no estado


eletronicamente excitado.

51
_________________________________________________________Fluorescência e Estrutura Atômica

A energia da radiação eletromagnética envolvida pode ser calculada através da


equação de Planck:

Onde h = constante de Planck;


c = velocidade da luz no vácuo;
λ = comprimento de onda.

e também pode ser expressa em termos de freqüência (υ):

A energia da radiação eletromagnética depende apenas de sua frequência:


quanto maior a frequência, menor o comprimento de onda e maior a energia.
A luz visível compreende a faixa de comprimento de onda de 400 a 700 nm; já
a radiação infravermelha (IV), invisível, está compreendida entre 700 a 200.000 nm. A
radiação ultravioleta (UV) está entre 10 e 400 nm (veja a figura abaixo).

7x10‐7

De acordo com suas propriedades físicas e efeitos biológicos, parte da


radiação UV é dividida em três sub-regiões: UV-A de 320 a 400nm, UV-B de 290 a
320nm e UV-C abaixo de 200 a 290nm. Dentre elas, a radiação UV-A é a menos
nociva, sendo que suas fontes podem ser adquiridas comercialmente com o nome de
luz negra. A radiação UV-B é a responsável pelo câncer de pele e a UV-C não chega a
atingir a superfície terrestre.

52
_________________________________________________________Fluorescência e Estrutura Atômica

A coloração da luz emitida depende da variação de energia envolvida na


transição eletrônica; assim, uma emissão avermelhada deverá ocorrer em uma faixa
de energia associada a comprimentos de onda próximos de 700nm.
Os vegetais verdes, a água tônica, a vitamina B2, a casca dos ovos marrons e
até mesmo os sabões em pó têm em comum o fato de possuírem compostos
fluorescentes em sua composição. Já os mostradores de relógios e enfeites de
quartos exibem o fenômeno da fosforescência. De uma forma bastante simplificada,
podem-se distinguir os fenômenos com relação ao tempo de emissão de radiação:
enquanto na fluorescência a emissão é instantânea e cessa quando a fonte de energia
é desligada, na fosforescência pode durar horas, depois de desligada a fonte de
excitação.

2 – OBJETIVOS

Introduzir o conceito de energia quantizada. Descrever o fenômeno da


excitação eletrônica e estabelecer a relação com o modelo atômico de Bohr. Introduzir
os alunos ao fenômeno de fluorescência.

3 – MATERIAIS E REAGENTES
Material necessário para um grupo de 4 alunos:

Reagentes/Materiais:
Bastão de vidro; 30 mL de HCl 3,0 mol L-1; 1/5 da casca de um ovo vermelho;
almofariz e pistilo; 15 mL Solução de Fluorosceína 0,10 g L-1; ¼ comprimido de
complexo B; 10 mL de H2O tônica; 1 folhas de Hortelã; etanol; 6 bequers de 50 mL;
água destilada; Sabão em Pó; Lâmpada UV (luz Negra);

Soluções previamente preparadas:


HCl 3 mol.L-1 (250 mL de HCl conc – 37% diluído para 1 litro);
Fluorosceína (0,10 g de Fluorosceína em 100 mL de Etanol e 900 mL de H2O);

53
_________________________________________________________Fluorescência e Estrutura Atômica

4 – PROCEDIMENTO
Para todos os experimentos: Colocar as soluções obtidas sob a luz Negra
e anotar as cores observadas Tabela 1;

4.1. Casca do Ovo – Protoporfirina IX: Quebrar em pequenos pedaços 1/5 de casca
do ovo em um béquer, adicionar 20 mL de HCl 3,0 mol.L-1 e aguardar cerca de
5 minutos;
4.2. Extrato de Folhas Verdes – Clorofila: Triturar 1 folha de hortelã com 10 mL de
etanol até se obter uma solução verde intenso. Coletar em um béquer;
4.3. Complexo B – Riboflavina: Triturar 1 comprimido de complexo B com 30 mL de
água. Coletar em um béquer;
4.4. Sabão em pó: Pesar 0,5 gramas de sabão em pó. Dissolver o sabão em 10 mL
de água destilada em um béquer;
4.5. Fluorosceína: Colocar 5,0 mL da solução de fluorosceína em um béquer;
4.6. Água Tônica: Colocar 5,0 mL de água tônica em um béquer.

Tabela 1: Cores emitidas pelas soluções iluminadas por Radiação UV


Amostra Cor Observada

Protoforfirina IX

Clorofila

Riboflavina

Sabão em Pó

Fluorosceína

Água Tônica

DESCARTE DE RESÍDUOS
As soluções utilizadas, após filtração, podem ser descartadas na pia com excesso de
água corrente. O filtrado pode ser descartado em lixo comum. As soluções de
Fluorosceína e água tônica podem ser devolvidas ao frasco original.

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_________________________________________________________Fluorescência e Estrutura Atômica

QUESTÕES
1. Os modelos atômicos de Dalton e Thomson podem explicar o fenômeno da
luminescência? Explique.
2. Quais evidências experimentais não podiam ser explicadas com os modelos
atômicos anteriores ao de Bohr?
3. Utilize o modelo de Bohr para explicar as transições eletrônicas.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICAS
1. QUÍMICA – A Ciência Central”, Brown, LeMay e Bursten, 9ª Ed. Pearson, Cap.6
“Estrutura eletrônica dos elementos”
2. INORGANIC CHEMISTRY, Catherine E. Housecroft and Alan G.Sharpe, 3ª Ed.
Pearson, Capítulo 25, pgs 854-877.
3. QUÍMICA NOVA NA ESCOLA, n0 19, 2004 pgs 53-56 “Fluorescência e
Estrutura Atômica: Experimentos Simples para Abordar o Tema” Autores: Ana
Luiza Petillo Nery e Carmen Fernandez

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