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Copyright  2013 Editora Livraria da Física

2ª Edição - 2014
Direção Editorial: José Roberto Marinho
Projeto gráfico e diagramação: Francisco Caruso
Capa: Antonio Manuel Alves Morais
Texto em conformidade com as novas regras ortográficas do
Acordo da Língua Portuguesa.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Bassalo, José Maria Filardo
Landau / Bassalo & Caruso. -- São Paulo :
Editora Livraria da Física, 2013.
ISBN 978-85-7861-200-9
1. Ciência - História 2. Físicos - União
Soviética - Biografia 3. Landau, L. D. (Lev
Davidovich), 1908-1968 I. Caruso, Francisco.
II. Título.
13-03845 CDD-530.092
Índices para catálogo sistemático:
1. Físicos : Vida e obra 530.092
ISBN: 978-85-7861-200-9

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra

poderá ser reproduzida sejam quais forem os meios
empregados sem a permissão da Editora. Aos infratores
aplicam-se as sanções previstas nos artigos 102, 104, 106
e 107 da Lei n. 9.610, de 19 de fevereiro de 1998.

Impresso no Brasil
Printed in Brazil
Editora Livraria da Física
Tel./Fax: +55 11 3459-4327 / 3936-3413
www.livrariadafísica.com.br

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Era própria da obra cientíca de

Landau a tendência à clareza, a
tendência de simplicar as coisas
complicadas e com isso revelar a
beleza das leis da natureza em sua
verdadeira simplicidade.
E.M. Lifshitz

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Prefácio

Grandes obras tratam de grandes homens. Este livro

faz parte de uma coleção que está sendo escrita pelos
Professores Drs. José Maria Filardo Bassalo (UFPA
e Fundação Minerva) & Francisco Caruso (UERJ,
CBPF e HCTE/UFRJ), na qual recuperam para o
público brasileiro e, por que não, para os leitores
internacionais, a vida e obra de alguns dos grandes
homens da ciência. Ao ler os textos da coleção nota-
se claramente que fazer História da Ciência, falar dos
cientistas que construíram o edifício teórico e prático
da Física, não é tarefa simples. Principalmente
quando se trata de aparentes biograas nas quais,
como neste caso, mais do que simplesmente descrever
fatos, revelam-se aspectos da própria ciência, ou

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seja, da Física que os personagens descobriram e

fundamentaram. Eis, aí, aspecto de fundamental
interesse aos estudantes, professores, pesquisadores,
público em geral, que deverá fazer com que nos
apeguemos respeitosamente a este livro.

Trazer a lume a trajetória cientíca de Lev Davi-

dovich Landau (1908-1968) mostrou-se um desao
ainda maior por vários aspectos. Inicialmente, por se
tratar de um dos maiores físicos que a historicidade
humana já produziu. Seus trabalhos, aliados à
simplicidade com que os demonstrou, foram (e ainda
são) dignos de nota à posteridade, ainda mais
quando lembramos o interesse do físico soviético pela
matemática desde precoce idade.

Em segundo lugar, por não ser Landau um

pop star da ciência. Não recaíram sobre Lev
Landau fartos holofotes, como ocorreu (com todos
os méritos) a Albert Einstein (1879-1955). Ser
um físico a serviço da URSS, especicamente no
momento do governo stalinista e com a Guerra Fria
em curso, não era uma situação simples e, no caso
de Landau, menos ainda. Nosso personagem chegou
a ser preso em 1938 em um dos grandes Expurgos
da história soviética, tendo sido liberto e salvo da

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morte por colegas da ciência que intercederam em

favor daquele que ajudaria a URSS a conquistar o
poderio atômico.

A sua atuação enquanto físico é vasta e de fácil

descrição. Deveria ser de conhecimento de todos
os estudantes a trajetória de Lev Landau, já que
muito há a se dizer e escrever. Desde sempre es-
teve envolvido com as ciências exatas, formando-se
bem jovem  dezenove anos  pela Universidade de
Leningrado, esta uma cidade que desde 1991 voltou
a ser denominada de São Petersburgo. Landau
interessou-se pela Mecânica Quântica (MQ) assim
que teve acesso aos textos a respeito. Esta
era uma área da Física que, na época (década
de 1920), estava consolidando-se e se tornaria,
a despeito das dúvidas levantadas durante vários
anos, um dos pilares da ciência contemporânea.
Landau, entretanto, não tinha dúvidas de que os
trabalhos que a MQ e a Relatividade vislumbravam
seriam como que janelas para uma nova ciência e
novas possibilidades tecnológicas. O próprio desen-
volvimento da bomba atômica pela URSS comprova-
ria que a visão cientíca de Landau estava correta.

A formação intelectual de Lev Davidovich Lan-

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dau foi se completando na medida que seus traba-

lhos eram publicados e o contato com grandes físicos
contemporâneos se concretizava. Conseguiu viajar a
uma série de países, como Dinamarca, Alemanha,
Suíça e Inglaterra, entre os anos de 1929 e 1932.
Em Copenhague, por exemplo, Landau conheceu
e tornou-se discípulo (termo do próprio Landau)
de Niels Henrik David Bohr (1885-1962), o físico
dinamarquês que legou à posteridade trabalhos que
contribuíram decisivamente para a compreensão da
estrutura atômica e da Física Quântica. Cria-se,
desta forma, uma interface entre grandes físicos
e prestigiosos grupos de pesquisa daqueles tempos,
algo que levaria a grandes avanços teóricos e técnicos
no decorrer das décadas seguintes, em especial, após
a II Guerra Mundial (1939-1945).

Landau conseguiu agregar a esse espírito de

cooperação internacional a URSS, um imenso país
visto com desconança por mais da metade do globo.
Eis, talvez, uma amostra do impacto intelectual que
o intercâmbio internacional produziu em Landau e
em seus trabalhos, como o desenvolvimento por este,
já em 1930, da teoria diamagnética para os metais.
O diamagnetismo é utilizado para designar um

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comportamento característico de determinado tipo

de material repelido por campos magnéticos fortes.
A maior parte das substâncias que conhecemos é
diamagnética: água, vidro, plástico, e compostos
orgânicos. Eis um indicativo da visão de mundo
que Landau possuía. Para ele a Física permeava
a tudo e a todos. Não havia discretizações sem
nexo no edifício teórico da Física enquanto ciência
e construtora da própria natureza. Do micro ao
macrocosmo, a physis revela-se como uma ciência
capaz de ser compreendida pelos homens, desde que
se utilizando as teorias e a matemática adequada.

A própria MQ seria um elemento matemático-

mental que, aliada aos alicerces da Física Clássica,
faria com que complexos problemas pudessem ser
resolvidos. Landau procurava aplicar as teorias já
existentes a problemas especícos, porém, dando
um tratamento matemático inovador. Note-se que
um processo mental dedutivo era muitas vezes
utilizado, e isto, de alguma forma para Landau,
facilitava o entendimento dos problemas e desaos
que surgiam, a cada época, na Física. Ao ler seus
textos e suas proposições, muitas que se antecipavam
às descobertas dos laboratórios, percebe-se uma

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estrutura losóca interna de grande alcance no trato

das questões que abarcou ao longo de sua carreira.
Como Landau exprimia, a sua visão homogênea da
Física Matemática facilitava não apenas a rápida
resolução de problemas. Também foi um legado
ao ensino da Física que Landau praticou com seus
alunos. Aliás, um legado complexo e acessível apenas
para aqueles estudantes que conseguiram entender e
acompanhar as exigências do mestre. Para Landau,
atingir o grau de visão de mundo físico que ele mesmo
havia conseguido demandava um grande esforço dos
estudantes. Eles deveriam dominar profundamente
o maior número possível de campos da Física e
teorias matemáticas de modo a não serem reféns
dos problemas que se apresentavam.

Baseado em tal concepção de ensino, Landau

estruturou um complexo programa de estudos
que posteriormente transformou-se, aliado às suas
pesquisas, em alguns dos mais utilizados e famosos
livros de Física ao redor do planeta. Com seu
discípulo Evgeny Mikhaïlovitch Lifshitz (1915-1986),
personagem que se tornaria também um grande
físico e matemático soviético, além de membro da
Academia das Ciências da URSS, Landau estudou

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e escreveu sobre assuntos como Física do Estado

Sólido, Magnetismo, Relatividade Geral, Física Clás-
sica, entre outras áreas. Da parceria Landau-Lifshitz
nasceu o famoso Curso de Física Teórica, em 10
tomos (Editora Moscou), ganhador, em 1962, do
Prêmio Lênin.

Evidencia-se novamente a facilidade de Landau

em passear pela Física, denotando extrema ver-
satilidade. Todos os problemas poderiam, assim,
ser abordados pela Física, mas com uma caracterís-
tica própria de Landau: não se preocupar em criar
uma única grande teoria que abrangesse muitas áreas
de pesquisa. Ele sabia que cada área tinha a sua
especicidade e seria, assim, merecedora de atenção
e levada ao máximo de sua complexidade. Muitas
ideias gerais ou inovadoras diferentes poderiam surgir
da mente de alguém que tivesse a habilidade de ver
o mundo como múltiplo em manifestações, porém,
unívoco na sua forma de estudo.

Um dos melhores exemplos do trabalho ao melhor

estilo Landau talvez possa ser o estudo executado
por Landau para a Física das baixas temperaturas
e a superuidez do hélio líquido. O hélio (He) é o
segundo elemento mais abundante no universo, após

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o hidrogênio (H), e, sob grande pressão, torna-se

líquido e extremamente frio em um estágio chamado
de hélio 4 I. Mas, para que adquira superuidez,
a temperatura deve baixar ao ponto chamado de
Hélio 4 II, ou hélio superuido. O He adquire nessas
condições alta condutividade térmica; um líquido
sem viscosidade e com a propriedade inusitada de
subir as paredes do recipiente no qual está inserido.

Pelas teorias pioneiras sobre a matéria conden-

sada, especialmente sobre o hélio líquido, Landau
◦
recebeu, também em 1962, o 77 Prêmio Nobel de
Física, colocando-o de vez na galeria dos imortais da
ciência.

Até o dia em que sofreu um gravíssimo acidente

automobilístico, sete de janeiro desse mesmo ano de
1962, Landau pesquisou, participou de seminários,
orientou seus alunos, deu aulas e trabalhou com
temas que iam da Física das Partículas Elementares
até a Física Nuclear. O mundo cientíco consternou-
se profundamente, pois a chance de ele sobreviver
era mínima. Após semanas em coma e um difícil
período de recuperação, Landau conseguiu recupe-
rar a memória e sua atividade mental, que cou
preservada apesar da violência do acidente que sofreu

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e das várias paradas cardíacas, pelo menos quatro,

que sofreu no período inicial de recuperação.

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Em ns de 1963, Lev Landau recebeu alta e

retornou, parcialmente, às suas atividades acadêmi-
cas. Mas, ao que parece, seu coração não se re-
cuperou completamente, tanto do acidente automo-
bilístico quanto dos reavivamentos no hospital. No
dia dois de abril de 1968, ano marcado por várias
conturbações mundiais, o coração do grande físico
parou pela última vez.

Ao ler as irreverências da vida de Landau,

descritas ao nal deste belo livro, os autores Bassalo
e Caruso brindam-nos com um momento de leveza
típico dos gênios. Saber que um grande físico po-
de possuir suas extravagâncias suaviza a alma de
todos nós, leitores. Muitos talvez pensem e se
questionem então, eu também posso sair na rua
com um balão vermelho preso na cabeça?. Sim,
todos nós podemos. Entretanto, mais do que isso,
podemos  e devemos  aprender, ainda hoje, com
o legado de Landau, pois além de irreverência o
grande cientista soviético mostrou-nos que a Física
é uma das mais belas construções mentais que a
humanidade conseguiu prover a si própria. Lembra
a todos nós, viventes no século seguinte ao dele,
que novos olhares, novas atitudes, podem levar a

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fantásticas e inéditas descobertas. Cabe a cada

um desenvolver as habilidades e competências que
Landau mostrou ser um caminho. Árduo, como ele
mesmo denia, mas precioso e certeiro em resultados.
Boa leitura, pois a memória de Lev Davidovich
Landau está, neste livro, justamente recuperada, e
mais presente do que nunca.

Adílio Jorge Marques

Departamento de Ciências Exatas, Biológicas e da Terra

Instituto do Noroeste Fluminense de Educação Superior

Universidade Federal Fluminense

Março de 2013.

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Introdução

O físico russo Lev Davidovich Landau nasceu

no dia 22 de janeiro de 1908, em Baku (hoje,
Azerbaijão), na margem ocidental do Mar Cáspio.
Em 1921, aos 13 anos de idade, Landau completou
seu ensino médio. Porém, como era muito jovem
para frequentar uma Universidade, seus pais, o
engenheiro de petróleo David Lvovich Landau,
e Lyubov Veniaminovna Garkavi-Landau, médica,
resolveram que ele e sua irmã Sophia entrariam no
Baku Economical Technicum, muito embora Landau
quisesse estudar Física e Matemática. Entediado

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com o estudo de Economia, no outono de 1922,

Landau tornou-se o estudante mais jovem da
Faculdade de Ciências da Universidade de Baku
(FCUB),
1 frequentando os Cursos de Física e de

Química. Em 1924, seus professores da FCUB re-

comendaram o talentoso aluno para a Universidade
de Petrogrado
2 e para trabalhar no Instituto Físico-

Técnico (IFT) onde ensinavam e pesquisavam os

mais célebres físicos russos: Abraham Fedorovic Ioe
(1880-1960),
3 Yakov Ilyich Frenkel (1894-1954) e

Vladimir Alexandrovich Fock (1898-1974). Assim,

Landau graduou-se no IFT, em 1927, aos 19 anos
de idade, já tendo publicado um artigo cientíco em
1926, como veremos mais adiante. Note-se que, em
1934, Landau foi recebido como Doutor em Ciências
Físicas e Matemáticas na UL, tendo sido dispensado
de apresentar tese e, em 1935, foi nomeado Professor
Titular.

Entre 1929 e 1931, Landau viajou para o exte-

rior com uma Bolsa de Estudos da Narkompros,4
1 Hoje, Universidade Estadual de Kirov, Azerbaijão.
2 Depois da morte do líder político russo Vladimir Ilich
Lênin (1870-1924), passou a chamar-se Universidade de
Leningrado (UL).
3 Fundador do IFT.
4 Comissão do Povo para a Educação.

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do governo soviético, e da Fundação Rockefeller, do

governo norte-americano. Estudou na Alemanha,
com os físicos alemães Max Born
5 (1882-1970; PNF,
6
1954) e Werner Karl Heisenberg (1901-1976; PNF,
1932), na Suíça, com o físico austro-suíço Wolfgang
Pauli Junior
7 (1900-1958; PNF, 1945), na Inglaterra,

com o físico e químico neozelandês-inglês Sir Ernest

Rutherford (1871-1937; PNQ, 1908), na Bélgica,
Holanda e, por mais tempo, em Copenhague, com
o físico dinamarquês Niels Henrik David Bohr (1885-
1962; PNF, 1922).

De 1932 até 1937, Landau dirigiu o Departamento

de Física Teórica do Instituto Físico-Tecnológico
Ucraniano (UIFT), em Kharkov (hoje, Kharkiv).

Em 1932, os chamados Velhos Bolchevistas, sob

a tutela de um dos líderes da Revolução Soviética de
1917, o político russo Leon Trotsky (Lev Davidovich
Bronstein) (1879-1940), tentaram matar o ditador
russo Joseph Stalin (1879-1953) e, então, criarem
um Novo Estado Russo Anti-Stalinista. Contudo,
como a tentativa foi frustrada, Stalin criou, em
5 Bassalo & Caruso: Born, Livraria da Física, 2014.
6 Bassalo & Caruso: Heisenberg, Livraria da Física, 2014.
7 Bassalo & Caruso: Pauli, Livraria da Física, 2013.

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1934, a NKVD
8 para prender e matar os principais

personagens desse golpe e, também, os opositores de

seu regime. Assim, surgiram os Grandes Expurgos
(agosto de 1936; janeiro de 1937; e março de 1938)
conduzidos por troikas  Cortes Marciais. No
Expurgo de 1937 (Caso UIFT/Kharkov), um dos
investigados foi Landau. Porém, o físico russo
Pyotr Leonidovich Kapitza (1894-1984; PNF, 1978),
protegido de Stalin, trouxe Landau para Moscou,
ainda em janeiro de 1937, para dirigir a Divisão
de Física Teórica do Instituto de Problemas Físicos
(IPF) que Kapitza havia criado em 1935. Landau
trabalhou no IPF até morrer em 1968.

Note-se que Landau casou-se, em 1937, com

a engenheira-nutricionista russa Concordia (Kora)
Terentyevna Drobantseva, que havia conhecido em
Kharkov. E eles tiveram um lho de nome Igor, nas-
cido em 1946. Em 1943, Landau ensinou nas Facul-
dades de Física e de Física-Técnica da Universidade
de Moscou.

É interessante destacar que, no dia 27 de abril

de 1938, Landau, que era trotskista e se recusou
a entrar para o Partido Comunista Russo, foi en-
8 Narodniy Komissariat Vnutrennikh Diel, Comissariado
do Povo para Assuntos Internos.

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carcerado na Prisão da NKVD, em Lubyanka, pois

estava distribuindo panetos nas ruas nos quais
armava que a Ditadura Stalinista era mais fascista
do que socialista. Destaque-se que Landau foi
preso junto com os físicos russos Yuriy (Georg)
Borisovich Rumer (1901-1985) e Moisey Korets.
Ele foi solto no dia 29 de abril de 1939, em
consequência de uma carta que Kapitza escreveu
para Stalin, via seu Primeiro Ministro, o diplomata
russo Vyacheslav Mikhaylovich Molotov (1890-1986),
na qual se comprometia com a posição política
de Landau e concluía dizendo que se Landau não
fosse solto, ele deixaria o IPF. Agora em liberdade,
Landau começou a desenvolver seus trabalhos sobre a
superuidez que o levaram a ganhar o Prêmio Nobel
de Física de 1962 (PNF1962), conforme veremos no
Capítulo 4.

Além do Prêmio Nobel de Física de 1962, Landau

recebeu várias outras homenagens. Em 1946, foi
eleito para a Academia Russa de Ciências. Em 1946,
1949 e 1953, recebeu o Prêmio Stalin por haver
trabalhado na construção das Bombas Atômica e
Nuclear da União Soviética. Em 1951, foi eleito
Membro Correspondente da Royal Danish Academy

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of Sciences. Em 1953, recebeu o título de Herói

do Trabalho Socialista. Landau foi eleito também
Membro Correspondente de diversas Instituições
Cientícas, a saber: Royal Netherlands Academy
of Sciences (1956); British Physical Society (1959);
American Academy of Arts and Sciences (1960),
National Academy of Sciences (1960) e Royal Society
of London (1960). Ainda em 1960, Landau recebeu
o Prêmio Fritz London, dos Estados Unidos da
América e a Medalha Max Planck, da República
Federal Alemã. Em 1962, Landau e o físico rus-
so Evgeny Mikhaillovich Lifshitz (1915-1985) rece-
beram o Prêmio Lênin, pelo Curso de Física Teórica.
No dia 7 de janeiro de 1962, Landau sofreu
um grave acidente automobilístico quando seu carro
colidiu com um caminhão que vinha em sentido
contrário, quebrando vários ossos e, durante a hospi-
talização, cou seis semanas em coma. Depois des-
se acidente, Landau nunca mais recuperou sua total
capacidade criativa em Física. Foi por essa razão que
ele não esteve presente em Estocolmo para receber o
PNF1962 e sua Nobel Lecture não foi escrita. No dia
da cerimônia, 11 de dezembro de 1962, o físico sueco
Ivar Waller (1898-1991), membro do Comitê Nobel

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de Física, apresentou uma Biograa Cientíca de

Landau. Em 1965, seus antigos estudantes criaram
o Instituto Landau de Física Teórica, na cidade de
Chernogolovka, próxima de Moscou, dirigido por
seu ex-aluno de doutorado, o físico russo Isaak
Markovich Khalatnikov (n. 1919), até 1995. Landau
morreu em Moscou no dia 1 de abril de 1968, e
foi cremado no Cemitério Novodevichy dessa mesma
cidade.

Em 3 de abril de 1972, a astrônoma russa

Lyudmila Ivanovna Chernykh (n. 1935) descobriu
um asteroide e o denominou de 2142 Landau. Por
◦
m, a cratera lunar (com as características: 41,6 N,
◦
118,1 W e diâmetro de 214 km) foi batizada com
seu nome.

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