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MÓDULO 5
Licenciado para - Vinícius Cristian Oti dos Santos - 44137390860 - Protegido por Eduzz.com
ÍNDICE:
Módulo 5:
Estudos de Casos II - transtornos comportamentais e de personalidade (casos de Bert
Hellinger)
Introdução
1. Técnica da “Rodada” (para treinamentos e sessões em grupo)
Caso 1: Criança psicótica
Caso 2: Relato de “incesto”
Caso 3: Dificuldades entre terapeuta e paciente
Caso 4: Cliente possivelmente homossexual que não sabe se deve ter filho
Caso 5: Casos extremos de deterioração do sistema familiar
Caso 6: A responsabilidade pela agressão
Caso 7: Pai condenado à prisão
Caso 8: Compulsão por limpeza
Caso 9: Relato de abuso sexual em um sistema familiar
2. Perguntas
Caso 10: Como um terapeuta pode ajudar os educadores de sua instituição?
Caso 11: Transferência e contratransferência em relação a crianças
Caso 12: Lidar com a violência na tentativa de ajudar alguém
Caso 13: Uma dor cuja causa parece de difícil identificação
Caso 14: O medo de dizer o inevitável
Caso 15: O lugar do ajudante
Caso 16: Adolescente rebelde
Caso 17: Dificuldades de concentração e aprendizagem
Caso 18: Vício em drogas
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Módulo 5:
Introdução
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b) a integridade de um indivíduo é afetada pela integridade do grupo,
ainda quando o indivíduo recusa esse grupo (até nesse caso haveria afeto;
não há solução, portanto, que desconsidere os vínculos afetivos);
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a) há uma diversa gama de profissões entre os profissionais que desejam
trabalhar com constelação (psicólogos, assistentes sociais, professores,
coaches, terapeutas holísticos etc.);
b) alguns casos são da própria vida dos alunos (como constelados); em
outros (mais numerosos), os alunos são terapeutas etc. e relatam casos de
seus pacientes/clientes, que figuram como “constelados” mesmo não
estando presentes;
c) nem todos os casos em uma Rodada são constelados por completo (isto
é, com a montagem do campo com os representantes), como veremos a
seguir.
Nas palavras de Bert Hellinger, ao usar a Rodada como recurso em um
treinamento:
HELLINGER para o grupo:
“Este é um curso de treinamento. Não farei terapia; darei um curso de
treinamento, é claro que na medida do possível.
Gostaria de dizer algo sobre o procedimento fundamental. Vamos
trabalhar em uma rodada. Rodada significa que cada participante, um
após o outro, tem a palavra.
Cada um recebe a mesma chance de falar sobre o seu tema [o tema a ser
constelado].
A rodada é um instrumento importante para lidar com cada um dos
participantes de um grupo de modo que todos preservem sua dignidade.
Ninguém deve intervir para elogiar ou criticar um outro — nem uma coisa
nem outra.
Somente eu intervenho para me dedicar a uma questão de um
participante.
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Intervenho sempre quando o essencial não está mais sendo visto, por
exemplo, quando uma pessoa começa a falar sobre seus sentimentos.
Aqui se trata de um aprendizado. Por essa razão não permito que alguém
queira atrair a atenção para si.
Vou conduzir o curso de forma que todos possam vivenciar e aprender o
mais que puderem.
Os casos a seguir reportam-se a depoimentos em uma Rodada de
treinamento, na forma como foram conduzidos por Bert Hellinger, síntese
dos relatos de Hellinger na obra “Ordens da Ajuda”, cuja leitura completa
recomendamos.
Você pode se deparar com temáticas similares em constelações que
realizar, o que realça a importância dos casos aqui comentados.
Por mais breve que sejam as análises, os relatos oferecem uma
possibilidade de compreensão do universo temático que pode surgir nas
constelações.
Caso 1:
Criança psicótica
Trata-se de uma paciente de aluna/terapeuta de um curso de Hellinger.
A aluna/terapeuta relata que sua paciente é natural da Iugoslávia e tem
dois filhos.
A paciente se mudou para a Alemanha por causa de uma crise
matrimonial que começou há um ano. Também há um ano, o caçula
(idade: 19 anos) desenvolveu uma psicose.
Para Hellinger, as psicoses têm relação com a “alma familiar”.
Nas palavras do autor:
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Podemos nos aproximar aqui sistemicamente desse tema, com cuidado,
através das constelações familiares e dos movimentos da alma e, talvez,
encontrar uma boa solução. A psicose é o sofrimento de um sistema
familiar.
Em primeiro lugar, a psicose não é o sofrimento de um indivíduo. Ela é o
sofrimento de um sistema.
Desde o curso para pacientes psicóticos, que está documentado no meu
livro e vídeo Liebe am Abgrund (Amor à beira do abismo), para mim foi
ficando cada vez mais claro que por trás de uma psicose — e com isso se
quer dizer, via de regra, uma esquizofrenia — está uma morte,
frequentemente uma morte encoberta.
A pessoa que sofre ou a família como um todo fica desnorteada, porque
precisa incluir, ao mesmo tempo, tanto a vítima (do assassinato) quanto o
agressor em sua própria alma. Isso leva a um desnorteamento.
[Nota: um membro atual ou futuro da família pode assumir as dores,
como forma de compensar o desequilíbrio familiar.]
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Aqui pensamos imediatamente nos muitos acontecimentos terríveis que
aconteceram aí, começando com a Primeira Guerra Mundial até os dias
atuais.
Agora vem a pergunta: com quem começamos? Eu penetro no todo e
penso: com o que começo agora?
A primeira coisa que tenho que descobrir é se o importante vem da família
do pai ou da família da mãe ou de ambas as famílias.
Um método bem simples é: coloco representantes, um para o pai e uma
para a mãe, e então olhamos para o que acontece.
Através dos movimentos dos representantes veremos onde está o
decisivo.
(A PARTICIPANTE menciona que houve dois assassinatos na família, mas
neste ponto Hellinger diz que não prefere saber. Ele responde: Quero
mostrar como podemos chegar a descobertas, através das constelações.
Você pode confirmar e acrescentar isso mais tarde).
Hellinger monta a constelação, colocando vários representantes atrás do
representante do pai. Cada homem representa uma geração. Sugere que
as gerações do avô e bisavô contêm as causas do desajuste sistêmico
daquela família.
Hellinger escolhe um homem para representar uma vítima da geração do
avô e uma vítima para a geração do bisavô [já que parecem ter ocorrido
dois assassinatos nesta família, um em cada geração].
Hellinger escolhe, então, um representante para o filho esquizofrênico e o
coloca na constelação.
A primeira vítima ainda está inquieta e estende a sua mão esquerda na
direção dos outros.
O bisavô respira com dificuldade, quase vomita e olha para o filho.
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HELLINGER para o grupo: Quando coloquei o filho, o bisavô olhou para ele,
ao invés de olhar para a vítima. Isso quer dizer que o filho está assumindo
algo no lugar do bisavô [como tentativa inconsciente de “tomar as dores”
e reequilibrar o sistema].
Então, o bisavô agacha lentamente, deita-se ao lado da segunda vítima e
olha para ela.
Hellinger coloca o filho mais perto do pai.
HELLINGER para o grupo: Agora vou retirar o filho da esfera de influência
dos agressores e das vítimas. Então eles ficam entre si e a solução pode
ocorrer entre eles. A solução deve estar com eles.
Quando Hellinger quer colocar o filho ao lado de seu pai, percebe que o
pai está tremendo e quer ir em direção ao seu pai (o avô do filho).
O pai vai para o seu pai, ajoelha-se e curva-se perante ele. A primeira
vítima continua ainda muito inquieta. (...) O avô se distancia do pai e deita-
se ao lado da segunda vítima. Ele olha para ela e a acaricia.
Hellinger diz aos outros antepassados para se sentarem novamente.
HELLINGER para o grupo: Agora estamos na cena verdadeira.
Depois de um certo tempo, o pai se levanta e se dirige ao seu filho. Eles se
posicionam um ao lado do outro.
HELLINGER para o grupo: Agora o pai pode retirar-se, porque está claro
quem são os atores reais. (...)
Hellinger conduz o filho de maneira que este fique em frente ao bisavô e
ao trisavô. O bisavô se levanta, respirando com dificuldade. O trisavô o
segura fortemente. Os dois lutam um com o outro.
HELLINGER para o grupo: Agora os movimentos mostram claramente: o
bisavô foi estrangulado, ou ele foi agressor e vítima ao mesmo tempo.
Partindo dos movimentos, poderia ter sido assim.
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O trisavô empurra o bisavô para o chão. Este se levanta novamente,
apoiando-se em ambos os braços.
HELLINGER para o filho: Ajoelhe-se.
O filho ajoelha e aproxima-se bem deles. Ele coloca a mão direita nas
costas do bisavô e encosta a cabeça no peito do trisavô. Este coloca o
braço ao redor dele. O filho também coloca o braço ao redor do trisavô. A
primeira vítima começa a se acalmar.
HELLINGER para o grupo: Isto é, agora, a cura da esquizofrenia. Ele está
com a vítima e com o agressor. Agora, os dois fluem para dentro dele,
tornando-se uma unidade. Agora, os outros dois, a segunda vítima e o avô,
estão em paz..
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HELLINGER: O que vimos aqui foi o desenvolvimento das Constelações
Familiares. (para a terapeuta que trouxe o caso:) Está claro para você?
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Olha, alternadamente, para a primeira mulher, para os seus filhos e
novamente para a primeira mulher.
Esta vai se afastando para longe, dando pequenos passos.
HELLINGER para o representante do filho, quando ele começa a se dirigir
rapidamente em direção ao pai: Devagar. Volte. Os movimentos da alma
são muito lentos. (para o grupo:) Mas nós já vimos do que se trata. Os
filhos fazem aquilo que o pai e a sua segunda mulher devem fazer.
[Nota: Percebe-se uma falta de afeto entre os pais, que os filhos (os meio
irmãos) buscam suprir com o relacionamento entre si.
HELLINGER Para o participante: Ficou claro para você? (ele concorda com
a cabeça). HELLINGER: Está bem. Foi isso, então. (para o grupo:) Não
precisamos ir adiante, até o final. Isto aqui é um grupo de aprendizado. É
claro que a pergunta é: como ele (o pai) poderá lidar com isso? O que lhe
daria força para lidar com isso? Se ele der para a segunda mulher um lugar
em seu coração.
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Caso 3: Dificuldades entre terapeuta e paciente
HELLINGER para o grupo: Vocês viram como o rosto dele mudou, quando
ela foi colocada?
Agora a coisa está ficando séria. O que ele deve fazer para poder lidar bem
com a cliente?
Precisa dar à mãe dela um lugar em seu coração.
Para o participante: Faça isso, para que possamos ver o efeito.
Reprodução Proibida. Direitos Reservados Formações Infinity Terapias e Cursos.
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Depois de um certo tempo, Hellinger para o grupo: Agora, a transferência
cessou.
Então Hellinger coloca o participante ao lado da mãe da cliente. A cliente
fica inquieta.
HELLINGER: Agora a coisa está ficando séria para a cliente. Acho que isso
já é o suficiente.
Para o participante: Ficou claro para você?
PARTICIPANTE: O que veio à tona aqui é exatamente o que está
acontecendo no momento.
HELLINGER: Exatamente. Agora, coloque-se atrás da mãe. Isso é ainda
melhor. (A mãe respira fundo).
Agora, a mãe ganhou força. Depois de um certo tempo.
Está bem, foi isso.
Para os representantes: Fiquem ainda um momento aqui. Ainda quero
esclarecer algo em relação a isso.
O trabalho sistêmico começa na própria alma.
Isso quer dizer que não olho apenas para o cliente ou a cliente, mas
sempre para a família também.
Se essa família receber um lugar de honra em minha alma, fico totalmente
em sintonia e tenho a força de fazer o que é necessário.
E não existe transferência [na Constelação].
Isso é o que existe de revolucionário, neste tipo de procedimento. (...)
Quando, na psicoterapia usual, alguém vai a um terapeuta e se apresenta
como uma pessoa que está necessitando de ajuda, o que acontece nesse
momento? Surge uma transferência da criança para com os pais
[paciente=filho] e surge uma contratransferência do terapeuta para o
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cliente [terapeuta=pai/mãe], como de um pai ou mãe para com uma
criança.
Com isso está traçada uma longa terapia que vai fracassar, exceto se o
cliente fica, finalmente, zangado com o terapeuta e se libera, por si
mesmo, da terapia.
Contudo, só alguns pacientes conseguem fazer isso. O segredo do sucesso
é — e essa é a arte maior — que o terapeuta já provoque, desde o início,
essa raiva que cura, recusando-se a entrar na contratransferência.
Para Hellinger, o terapeuta deve recusar a empatia tradicional que ajuda
a vitimizar o cliente; assim, e por consequência, deve exigir a
responsabilidade desse cliente e colocar-se ao lado do sistema familiar, da
maneira a mais objetiva possível, não dos membros individualmente.
Então o terepauta exorta o cliente, por exemplo: “Conte-me o que
aconteceu em sua família.”
Isso já muda o foco, saindo do cliente para uma outra coisa [o grupo
familiar].
Depois que o cliente tiver relatado sobre o que aconteceu em sua família,
já se sabe, imediatamente, o que pode ser feito.
Por exemplo, sabe-se quem foi excluído e quem deve ser incluído.
Mas [na terapia tradicional, agora, segundo Hellinger] tão logo o cliente
começa a falar sobre os seus sentimentos e diz, por exemplo: “Eu me sinto
infeliz”, começa a “análise interminável”.
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da transferência e contratransferência, como se ele fosse a suprema
norma.
A resistência é compreensível, porque para eles desmorona uma
concepção de mundo.
A transferência é o deslocamento do sentido atribuído a pessoas do
passado para pessoas do nosso presente.
Por exemplo, o paciente/cliente pode reproduzir problemas de
relacionamento com pessoas do círculo atual (inclusive com o terapeuta)
em função das experiências familiares/infantis que vivenciou.
Esta transferência é executada pelo inconsciente do paciente/cliente.
É, também, uma forma de defesa e de proteção do ego, já que, assim, o
paciente/cliente continua reproduzindo formas de pensar e agir que lhe
caracterizam.
Na Psicanálise, a transferência é um fenômeno que ocorre na relação
entre o paciente e o terapeuta, quando o desejo do paciente irá se
apresentar atualizado, com uma repetição dos modelos infantis.
As figuras parentais e seus substitutos serão transpostas para o analista, e
assim sentimentos, desejos, impressões dos primeiros vínculos afetivos
serão vivenciados e sentidos no momento atual do atendimento clínico.
Para a teoria freudiana, esse fenômeno da transferência é usado como
parte do processo de cura, pois vincula afetivamente o paciente com o
terapeuta, permitindo uma atenção voltada à análise dos problemas.
O analista se mostra ao lado do paciente, para ajudar o paciente a reduzir
os bloqueios e perceber as fontes dos transtornos.
O manuseio da transferência é a parte mais importante da técnica de
análise, na visão de Freud.
No trecho que mencionamos neste Caso estudado, Hellinger defende que,
para a sua concepção de Constelação (o que não significa que
Reprodução Proibida. Direitos Reservados Formações Infinity Terapias e Cursos.
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isso se aplique sempre a outras formas de terapias ou mesmo de
constelações), a transferência (do paciente para o analista) e a
contratransferência (vice-versa) são evitadas.
Isso porque o foco é menos no “eu” das impressões do paciente, para uma
busca em uma externalidade objetiva da Constelação e do sistema
familiar: que torna “físicas” (e em tese mais objetivas) as cenas do
passado, em atos curtos (a constelação abordando um fato ou problema,
sem se estender a fatos intermináveis).
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