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(Organizadores).
SABERES MULTIDISCIPLINARES
Vol. 7
Salvador – Bahia
2015.
Leandro Carvalho de Almeida Gouveia e Josevaldo da Silva do Lago (Organizadores)
SABERES MULTIDISCIPLINARES
Vol. 7
Salvador – Bahia
2015
Leandro Carvalho de Almeida Gouveia e Josevaldo da Silva do Lago (Organizadores).
SABERES MULTIDISCIPLINARES
Vol. 7
Salvador – Bahia
2015.
Todos os direitos autorais deste material são de propriedade dos autores Qualquer parte
desta publicação pode ser reproduzida, desde que citada a fonte. O conteúdo de cada
artigo é de inteira responsabilidade do(s) autor(es).
Livro aprovado pelo Conselho Editorial da Revista Acadêmico Mundo (ISSN 2318-
1494).
Capa
Josevaldo da Silva do Lago (Revista Acadêmico Mundo)
Editoração Eletrônica
Josevaldo da Silva do Lago
(site. http://www.academicomundo.com.br/revista.html)
Impressão e Acabamentos
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP).
Catalogação na Fonte
200p.
7. Trabalho Escravo 8. Geografia I. Leandro Carvalho de Almeida Gouveia II. Josevaldo da Silva do
Lago.
III. Título
CDD: 370.242
ISBN 978-85-60753-98-7
ESPAÇO GEOGRAFICO
Leandro Carvalho de Almeida Gouveia 129
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO NOVOS RUMOS PARA O
DIREITO NO BRASIL
José Cláudio Rocha
Luiz Carlos Rocha 136
6
APRESENTAÇÃO
de questionários e de dinâmicas com grupos focais com egressos formados entre os anos
de 2010 à 2015 do curso de Administração.
Jerisnaldo Lopes, discute o novo cenário econômico mundial trouxe mudanças
expressivas para o comportamento humano. A complexidade dos valores associados ao
consumismo impulsiona as empresas que querem “manter sua porção” e ampliar o seu
negócio a discutir e pensar sobre a responsabilidade social. Desde o ano de 2000, o perfil
dos consumidores vem mudando, conforme a informação vai se disseminando. Devemos
isso à internet e aos meios de comunicação de massa. A educação tem um papel essencial
nessa nova transformação. Aquele modelo de empresa que possui a doutrina da pós-
revolução industrial – embora permaneça até hoje, em que as empresas ambicionam muito
mais vantagens do que obrigações – está fadado ao fracasso. Lógico que isso demanda
tempo, investimento e posturas dos empresários, diante desse novo perfil de um
consumidor mais consciente e exigente. Quando nos remetemos à história e seus
filósofos, percebemos que há alguns equívocos em relação ao capital e à mão de obra.
Leandro Gouveia pretende refletir acerca do Território Geográfico Turístico e
Estado e do Território. A abordagem econômica e ambiental tem como base a ideia de
que o turismo tenha um desenvolvimento de uma maneira muito semelhante aos padrões
históricos e da dependência econômica. Por meio dessa visão, a indústria é tão fortemente
governada por determinantes políticos e econômicos que pouca atenção é direcionada aos
outros aspectos.
Adsson Luz, Samuel Duarte e Stéfanny França, abordam o resultado de análises
bibliográficas e quantitativas, a partir da análise de estatísticas produzidas pela Comissão
Pastoral da Terra (CPT) e pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) e tem como
objetivo a análise de questões relativas trabalho escravo no campo, com ênfase para a
análise das politicas publicas de enfrentamento ao trabalho escravo no Brasil, com ênfase
á análise dos efeitos da Emenda Constitucional N˚81/2014, apelidada de “P.E.C DO
TRABALHO ESCRAVO” e sua relação com as Leis Penais e processuais Penais
Brasileiras.
Os autores Temistocles Damasceno, Nágila Santos, Sarah Katherine Silva, Rafael
Teixeira, Flávio Oliveira, Silvia Lima buscam descrever por meio de uma revisão de
literatura a influência da religião no tempo de lazer de seus seguidores através da
categorização das ações da igreja frente aos conteúdos culturais do lazer, em especial ao
físico-desportivo, artístico e turístico.
Décio Miranda, Alexandra Quadro e Leandro Gouveia, discutem as dificuldades
entre saber o conteúdo de determinadas disciplinas e, adequar à maneira de transmitir
essas informações, fixa um longo caminho de pensamentos estruturais e estratégicos. A
classe educadora que analisa as técnicas e prepara estratégias para envolver a parte
receptora do conhecimento, sem dúvida alguma precisa de estímulos, nos quais,
influenciará diretamente na construção dessas personalidades. O objetivo desse estudo é
avaliar, demonstrar e escolher uma das possibilidades de ensino, analisando métodos que
já deram certo em escolas fora do perímetro brasileiro.
Leandro Gouveia tem como desejo realizar uma releitura a partir de diversos
autores de diversas correntes e escolas do pensamento geográfico. A Geografia enfrenta
problemas epistemológicos e conceituais. É o caso da definição do seu objeto de estudo:
8
o espaço geográfico. Apesar dos avanços das últimas décadas, ainda há discordâncias
teóricas a esse respeito. Assim, esse artigo tem por objetivo comentar alguns esforços de
definição do conceito de espaço geográfico e ao final propomos o nosso próprio conceito.
Entendemos que o espaço geográfico é o resultado contínuo das relações sócio-espaciais
e tais relações são econômicas, políticas e simbólico-culturais.
José Cláudio no seu artigo defende a ideia de que as novas tecnologia de
comunicação e informação estão mudando o comportamento da sociedade
contemporânea em direção a sociedade do conhecimento. Essas mudanças estão
ocorrendo em todas as áreas de conhecimento humano, não sendo diferente com o direito
que está em processo de mudança para facilitar a pesquisa e a inovação no país. Descreve
as principais mudanças legislativas e aponta a necessidade de adequação do sistema
jurídico nacional e dos estados ao novo regulamento jurídico. Opina pelo surgimento de
um novo ramo do direito: o direito a ciência, tecnologia e inovação, com o objetivo de
popularizar a ciência, criar uma cultura empreendedora e inovadora no país, fortalecer a
produtividade e desenvolvimento nacional.
9
RESUMO
ABSTRACT
This review article, relying on bibliographical, documentary and electronic research therefore
exploratory, takes up the old discussion about the teacher-student relationship, those who are
working in university teaching of labor, but without the domain of theoretical and
epistemological aspects and didactic-pedagogic, essential in teaching in higher degree. Faced
with the vast literature in the area, it is understood that the lack of pedagogical training of
technical professionals can influence the quality of teaching and, consequently, on academic
excellence. While solution to the problem in focus, the Higher Education Institutions (HEIs)
should establish and implement an effective policy for Continuing Teacher Training in
Pedagogical Projects Institutional (PPI) and courses of Pedagogical Projects (PPP).
1
Professor da Universidade do Estado da Bahia; Mestre em Educação; Doutor em Ciências
Empresariais; Doutor em Desenvolvimento Regional e Urbano. www.lcsantos.pro.br /
lcsantos@superig.com.br.
10
1. INTRODUÇÃO
Neste artigo de revisão, retoma-se a uma das questões que muito têm causado
polêmicas no campo do ensino superior: a relação professor-aluno. Isso por conta de que
muitos estão na condição de professor sem ter a formação didático-pedagógica.
São profissionais de várias áreas - médico, odontólogo, engenheiro, arquiteto,
advogado, administrador, contador, economista etc.
Cabe, de pronto, registrar que a culpa não é deles. Afinal, a legislação vigente não
exige que estes profissionais de áreas eminentemente técnicas, possuam formação para o
magistério superior - basta o certificado de especialista para ingressar na docência superior,
principalmente nas Instituições privadas. O fato é que há uma premente necessidade de
capacitação didático-pedagógica daqueles profissionais técnicos, mas que estão atuando
enquanto professor.
Numa demonstração de inconformismo com essa realidade, Demo (2004, p. 12)
enfatiza que
Os alunos não comparecem para participar do processo de reconstrução do
conhecimento, mas literalmente escutar aulas, tomar nota, memorizar e regurgitar
nas provas. Em entidades privadas a pressão é ainda maior: muitos alunos dizem na
cara do professor que é pago para dar aula e que o aluno quer aula e ser aprovado.
Precisamos entender urgentemente o quanto isto é procedimento imbecilizante, fútil
e inútil. Não se trata de acabar com a aula, mas de colocá-la no seu lugar; é didática
auxiliar, supletiva, da ordem de informação e motivação. Aula não implica
necessariamente aprendizagem [...] confundiu-se, totalmente, aula com
aprendizagem.
Nos relatórios de auto avaliação, exigência legal, uma das reclamações quase que
constante é a falta do domínio didático-pedagógico dos professores. Portanto, as Instituições
de Educação Superior (Faculdades, Centros Universitários e Universidades) precisam
repensar a sua missão quanto à formação de seus alunos. Necessitam repensar de que forma
está se dando a relação professor-aluno no interior da sala de aula. E quão é importante se
refletir sobre essa relação. A propósito, assevera Rangel (2005, p. 85):
[...] quanto melhor, mais clara, mais “didática”, mais explícita, mais
objetiva e mais orientadora for a comunicação, mais efetiva será a
metodologia, ou seja, existe uma relação direta entre qualidade da
comunicação e resultado do processo metodológico.
aprendizagem que, como tal, se realiza em situação social, pois tanto a informação e o
conhecimento são construídos socialmente, como os processos metodológicos são
estabelecidos na relação dialógica entre os sujeitos envolventes do conhecimento: o professor
e o aluno.
Na contemporaneidade, a educação valoriza-se três tipos de saber: o saber dizer
relacionado à aprendizagem de conceitos, informações; o saber fazer relacionado à
aprendizagem de procedimentos; e o saber conviver relacionado à aprendizagem de valores,
normas e atitudes. Esta última aprendizagem tem sua relevância, tendo em vista a função do
desafio que é o de se conviver com as diferenças na sociedade.
No seio acadêmico, saber conviver é querer incluir e incluir-se na relação professor-
aluno, na relação professor-coordenador, na relação coordenador-alunos e na relação alunos-
alunos e entre esses sujeitos e a sociedade. É poder conviver com o jogo das diferenças
expressas na lógica da inclusão. O professor no grau superior tem uma proposta pedagógica,
os alunos têm outra, o coordenador pensa de outro modo ainda, e acima de todas essas
“confluências” existe a proposta pedagógica do ensino superior da instituição em que atuam
esses sujeitos. E aí? Como encontrar um denominador comum que expresse a missão desta
instituição? Como encontrar razão comum em tempos em que as pessoas têm direitos de
expressar seus pontos de vistas, seus pensamentos, seus interesses?
Portanto, há um desafio que demanda uma série de sentimentos, valores, atitudes e
habilidades. O professor nesta perspectiva deve se valer da tridimensionalidade da didática:
ter um domínio técnico da sua área de conhecimento; valorizar as características humanas de
sua prática; e, o processo de comunicação com qualidade. Já dizia Paulo Freire (2005, p. 96)
“sem diálogo não há comunicação e sem esta não há verdadeira educação”.
Na relação professor-aluno na educação superior as possibilidades da comunicação na
dinamização da sala de aula das IES e de como esse processo atinge diretamente as opções
metodológicas do professor devem ser objeto de estudo de forma continuada, já que nem
todas as áreas do conhecimento existem as licenciaturas. Também não se cogita forçar um
bacharel a fazer uma licenciatura. Aliás, repita-se inexiste este tipo de formação em todas as
áreas.
O que se deseja é que cada IES tenha no seu Projeto Pedagógico Institucional (PDI),
uma política efetiva de formação pedagógica para os docentes que atuam nos diversos cursos,
principalmente aqueles que não possuem a titulação de professor (licenciatura). E a referida
política, pode ser materializada sob várias formas, a exemplo de: Semana Semestral
12
Acredita-se que essa é a principal necessidade que a relação professor-aluno deve ter,
ou seja, o professor não deve trabalhar para o aluno e nem o aluno abdicar dessa relação
inevitável é o “com”, isto é, o professor trabalha com os alunos e estes trabalham com o
professor.
Em outras palavras, o professor deve ver o aluno como um sujeito de aprendizagens,
pois o processo de ensino começa quando o professor aprende com o aluno, quando este
mesmo professor valoriza na sua prática de sala de aula aquilo no qual o aluno aprendeu, cuja
aprendizagem é permeada de interesses, experiência de vida e de posturas comportamentais,
ideológicas e características pessoais que necessitam ser conhecidas, respeitadas e
valorizadas.
Se estabelecer na docência superior é buscar uma permanente autorreflexão da sua
práxis pedagógica. Frise-se que a docência competente somente configura-se na prática
persistentemente inquirida pela reflexão pessoal e pelo discurso argumentativo na
comunidade da profissão de maneira a tornar-se práxis da vida. A ideia é que o professor na
lide universitária perceba que essa práxis somente se legitima se nela transversar o princípio
da pesquisa, ou seja, perceber a ligação profunda entre o saber pensar e a cidadania. “A glória
do professor é o aluno que sabe pensar para melhor intervir”. (DEMO, 2004, p. 13).
Enfatize-se que a compreensão da docência e a necessidade de uma práxis pedagógica
somente terão legitimidade se fizer referência e articulação à aprendizagem dos alunos, por
isso que na relação professor-aluno é evidenciado muito mais o processo de aprendizagem dos
sujeitos cognoscentes (educador-educandos), transformando essa formação em expectativas
com aprender a conviver com outros. Tais habilidades que ultrapassam as exigências do
mercado de trabalho.
Um outro ponto para que haja produção de conhecimento entre esses sujeitos
cognoscentes está ligado na variável dialogicidade, ou seja, o professor não ensina senão na
medida em que os alunos aprendem. Não há docência sem discência, as duas se explicam e
seus sujeitos, apesar das diferenças que os conotam, não se reduzem â condição de objeto, um
do outro. (FREIRE, 2002). Corroborando nessa discussão, Marques (1995, p. 39) entende que
“[...] não há de fato, docência, ela não é cumprida, sem a efetiva aprendizagem por parte dos
alunos; mais ainda, sem que por meio dela também o professor aprenda na relação dialogal
com o outro [...]”.
14
Então, quem ensina, prende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender, porém isto
só terá valor prático se o sujeito professor interiorizar um valor necessário à sua profissão: a
paixão pela educação do homem. Ver no aluno um sujeito em potencial, com capacidades de
transformar sua realidade social.
Assente-se que o docente universitário tem o talento de transformar os saberes dos
alunos em saberes ressignificados, pois segundo Fazenda (1994, p. 67) “[...] se estamos ou
queremos viver hoje na educação um momento de alteridade (como construção/produção de
conhecimento) é fundamental que o professor seja mestre, ou seja, aquele que sabe aprender
com os mais novos [...]”. O professor nunca sabe o que vai encontrar na sala de aula. Ele terá
um papel fundamental na relação com o aluno para poder desenvolver uma educação que
deseja problematizadora e libertadora. E na melhor nas suas opções metodológicas, o
professor deve sempre lembrar que está formando pessoas para o mercado de trabalho e para
o mundo em permanente processo de transformação social, econômica, política e cultural.
Pergunta-se, então, um profissional que está professor, oriundo de uma área técnica, sem o
conhecimento teórico-epistemológico e didático-pedagógico que lastreia a pedagogia, pode
agregar valor à qualidade do ensino e, por consequência, contribuir para a excelência
acadêmica de uma IES?
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como visto, a efetiva relação professor-aluno vai muito mais que o domínio do
instrumental didático-pedagógico (este, muitos não têm) porque são técnicos (profissionais de
várias áreas do conhecimento) - dominam o conteúdo específico, mais desconhecem as
diversas técnicas de ensino, a didática, a psicologia da aprendizagem, a questão da avaliação
nas suas diferentes acepções. Além disso, devem gestar cidadãos capazes de mudar a
sociedade em nome do bem comum, com qualidade formal, política e ética.
Ante o exposto, para o professor, nesse processo de construção de conhecimento e a
busca pela autonomia, é apontado duas rédeas estratégicas para a vida dos alunos: dar aulas e
formar profissionais para uma sociedade conservadora, burocrática e eficientista; ou formar
pessoas com habilidades para reconstruir conhecimentos com autonomia, em nome da e para
autonomia.
15
REFERÊNCIAS
_________. Pedagogia do Oprimido. 41. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2005.
SANTOS, Luiz Carlos dos. Tópicos sobre educação [...]. Salvador: Quarteto, 2007.
16
RESUMO
1. INTRODUÇÃO
através da análise de um item importante nesse contexto, o Impairment test, pois um possível
reconhecimento de redução do valor recuperável de um item do patrimônio resultará em
alterações no total do ativo, de subgrupos do ativo, do resultado do exercício, do patrimônio
líquido e em alguns índices utilizados para análise da situação econômico-financeira das
entidades. Dessa forma, considera-se a hipótese de que tal reconhecimento impacta
positivamente na retratação da real situação econômico-financeira das organizações.
Objetiva-se através deste trabalho avaliar se tais alterações são relevantes ou não, se
contribuem ou não contribuem, para a qualidade das informações produzidas pela
Contabilidade através dos seus demonstrativos, cujo objetivo é divulgar a realidade de cunho
econômico e financeiro das entidades. Para, assim, atestar a veracidade ou inveracidade da
hipótese levantada.
Para atingir o objetivo proposto será analisado o balanço patrimonial, a demonstração
do resultado e as notas explicativas da Petrobras no quadriênio 2011-2014 e serão avaliados
os devidos impactos deste reconhecimento sobre as variáveis supracitadas. Justifica-se
escolha por esta empresa nacional em virtude da evidenciação da redução ao valor
recuperável de alguns dos seus ativos nos exercícios mencionados e a divulgação, inclusive
em veículos de imprensa, de uma perda expressiva por Impairment no ano de 2014, além da
acessibilidade dos dados.
2. REFERENCIAL TEÓRICO
O Impairment test nasceu nos Estados Unidos com o intuito de elevar a confiabilidade
dos relatórios financeiros através do registro fidedigno dos ativos que estão sob a posse das
organizações. O objetivo do teste, segundo Santos (2003), é verificar a possível redução ao
valor recuperável dos ativos, e caso uma irrecuperabilidade seja encontrada, a empresa deverá
reconhecer uma perda por Impairment em suas demonstrações contábeis.
Martins apud Ferrarezzi (2008) aponta que o Impairment test é um evento que possui
mais de dois séculos, no entanto, necessitava de normas que institucionalizassem a sua prática
no Brasil, que só ocorreu a partir da publicação do CPC 01 e da lei 11.638/07, que trouxe
normatização e obrigatoriedade para as sociedades de grande porte.
A necessidade da realização do teste de recuperabilidade é acentuada pelas
características do ativo e a possibilidade de perda em relação ao retorno que pode
proporcionar a entidade que o controla. Ativo, portanto, é definido por Araújo (2009) como
19
A análise sobre a recuperabilidade de um ativo deve ser feita no nível do próprio ativo
individual ou, quando não houver essa possibilidade, no menor grupo de ativos identificáveis
que gerem fluxo de caixa em conjunto e separadamente de outros ativos ou grupos de ativos.
20
Esse agrupamento de ativos chama-se unidade geradora de caixa, UGC. (IAS 36 apud LIMA
2010).
A identificação de uma unidade geradora de caixa envolve julgamento, ou seja, se o
valor recuperável não puder ser determinado a um ativo individual, a entidade deve verificar o
menor grupo de ativos que gerem entradas de caixa em grande parte independentes. As UGCs
devem ser identificadas de maneira consistente a cada período para o mesmo ativo ou tipo de
ativo, a não ser quando haja evidência que justifique a alteração (CPC 01 (R1)).
De acordo com o CPC 01 (R1) (2010) a entidade, ao avaliar que um ativo ou UGC
possa ter sofrido desvalorização, deve considerar, no mínimo, algumas fontes de informação
que refletem indícios que o valor recuperável possa ter reduzido. Os indícios apontados pelo
pronunciamento refletem circunstâncias internas e externas à organização. Destaca ainda que
o teste deve ser realizado no mínimo anualmente para ativos ou UGC caracterizados como
intangíveis de vida útil indefinida, intangíveis ainda não disponíveis para uso ou ágio por
expectativa de rentabilidade futura (goodwill) em combinação de negócios.
Existem indicadores
internos ou externos de Sim
Ativos cobertos pelo Estimar o valor
que o ativo ou a UGC
IAS 36 recuperável do ativo
não seja recuperável?
ou da UGC
Não
1 – Goodwill;
montante pelo qual o ativo está registrado após a dedução da respectiva depreciação,
amortização ou exaustão acumulada e ajustes para perdas. No entanto, pode haver dificuldade
em estabelecer o valor contábil a uma unidade geradora de caixa. Iudícibus (2010a) destaca
que o valor contábil de uma UGC compreende os seguintes elementos:
I – O valor contábil dos ativos que podem ser alocados em base razoável e
consistente a unidade geradora de caixa e que gerarão fluxos de caixa futuros
utilizados para determinação do valor em uso da referida UGC. II – ágio ou deságio
decorrente e relativo ao ativo pertencente à unidade geradora de caixa proveniente
de uma aquisição ou subscrição, cujo fundamento esteja na diferença entre o valor
de mercado do referido ativo e do seu valor contábil. III – Não inclui o valor
contábil de qualquer passivo reconhecido, exceto se o valor contábil da unidade
geradora de caixa não puder ser determinado sem considerar esse passivo.
firmado nem um mercado ativo, o valor líquido de venda pode ser determinado através da
melhor estimativa da administração na data do balanço e deve considerar o resultado de
transações recentes com ativos similares no mesmo ramo de negócios. (ERNST & YOUNG,
FIPECAFI, 2010).
O CPC 01 (R1) (2010) destaca que nem sempre é necessário determinar o valor
líquido de venda e o valor em uso de um ativo, pois se qualquer um dos montantes exceder o
valor contábil do ativo ou da UGC, estes não tem desvalorização e, portanto, não é necessário
estimar o outro valor.
Vale destacar que se for possível determinar o valor líquido de venda de um ativo e se
não houver evidências de que o valor em uso o exceda materialmente, não se faz necessário o
calculo do valor em uso do ativo e o seu valor líquido de venda pode ser considerado como
valor recuperável. (ERNST & YOUNG, FIPECAFI, 2010) (CPC 01 (R1), 2010).
Basicamente o teste de recuperabilidade visa a verificação de uma possível redução ao
valor recuperável de um ativo ou unidade geradora de caixa, para isso, de forma resumida, é
necessário encontrar o valor de recuperação de um ativo ou UGC e compará-lo ao seu valor
contábil, conforme figura 02.
Valor contábil
Comparado com
Valor recuperável
O maior
entre
Segundo o CPC 01 (R1) (2010), o valor contábil de um ativo ou UGC deverá ser
reduzido ao seu valor recuperável somente se o próprio valor contábil for superior ao valor
recuperável, esta redução constitui uma perda por desvalorização que deverá ser reconhecida
de forma imediata na demonstração do resultado ou na respectiva reserva de reavaliação, em
caso de ativos reavaliados. Destaca ainda que após o reconhecimento da perda as despesas
23
com depreciação, amortização e exaustão deverão ser ajustadas em períodos futuros para
alocar o valor contábil já revisado.
Em caso de reconhecimento de perda, conforme IAS 36, ela poderá ser revertida em
períodos futuros até no máximo o valor contábil anterior a redução somente se tiver ocorrido
mudanças na estimativa usada para determinar o valor recuperável desde o reconhecimento da
última redução por desvalorização, com exceção do goodwill, onde nenhuma reversão poderá
ser feita.
3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Variação Percentual dos indicadores analisados após a retirada do efeito do Impairment test (ano 2011)
No ano de 2012 houve uma queda no montante da perda evidenciada em 57,68% onde
o valor absoluto corresponde a R$ 281 milhões. Mais uma vez, notou-se uma variação
percentual relativamente pequena, resultado da própria dimensão dos números da empresa,
que apresentou um resultado sólido e possui uma estrutura de ativos e patrimônio líquido
expressivos em aspectos quantitativos.
26
Após a retirada do efeito da perda por redução ao valor recuperável, o destaque é dado
ao lucro líquido da companhia que cresceu 1,34%, as demais variáveis tiveram uma variação
inferior a 1%, como pode ser visto na tabela 02:
Variação Percentual dos indicadores analisados após a retirada do efeito do Impairment test (ano 2012)
Variáveis Variação percentual Valor evidenciado Valor sem Impairment
Ativo Total 0,04% 677.716 milhões 677.997 milhões
Patrimônio Líquido 0,08% 345.433 milhões 345.714 milhões
Resultado do Exercício 1,34% 20.959 milhões 21.240 milhões
Endividamento Geral -0,02% 49,03% 49,01%
Margem Líquida 0,10% 7,45% 7,55%
Fonte: Elaboração própria.
Variação Percentual dos indicadores analisados após a retirada do efeito do Impairment test (ano 2013)
Variáveis Variação percentual Valor evidenciado Valor sem Impairment
Ativo Total 0,16% 752.967 milhões 754.205 milhões
Patrimônio Líquido 0,35% 349.334 milhões 350.572 milhões
Resultado do Exercício 5,38% 23.007 milhões 24.245 milhões
Endividamento Geral -0,08% 53,60% 53,52%
Margem Líquida 0,40% 7,55% 7,95%
Fonte: Elaboração própria.
Em 2014 o valor da perda pela redução ao valor recuperável dos ativos alcançou um
patamar elevado, R$ 44,636 bilhões, o que resultou em um grande impacto sobre as contas e
destacou que há problemas no processo de tomada de decisão dentro da empresa no que se
refere as decisões de investimento e a própria gestão. A companhia divulgou informações
acerca das áreas de negócio mais afetadas com a desvalorização de ativos no ano de 2014 que
podem ser analisados na tabela 04.
27
Área Impairment
Abastecimento 33,954
Internacional 4,757
Total 44,636
Variação Percentual dos indicadores analisados após a retirada do efeito do Impairment test (ano 2014)
Variáveis Variação percentual Valor evidenciado Valor sem Impairment
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
BEUREN, Ilsen Maria de. et al. Como elaborar trabalhos monográficos em Contabilidade
3ª edição. São Paulo: Atlas, 2006.
BRUNI, Adriano Leal. Análise contábil e financeira. São Paulo: Atlas, 2010.
FERRAREZI, Maria Amélia Duarte Oliveira. SMITH, Marinês Santana Justo. Impairment -
Conceitos iniciais e seu impacto pelo valor de mercado: Estudo de Caso de uma Sociedade
Ltda. da Cidade de Franca. Disponível em:
http://legacy.unifacef.com.br/novo/publicacoes/IIforum/Textos%20EP/Maria%20Amelia%20
e%20Marines.pdf Acesso em: 05 julho 2015.
IUDÍCIBUS, Sérgio de. et al. Manual de Contabilidade societária. São Paulo: Atlas, 2010a.
IUDÍCIBUS, Sérgio de. Teoria da Contabilidade – 10ª Ed. São Paulo: Atlas, 2010b.
RESUMO
As altas taxas de fracasso escolar, especialmente nas primeiras séries do ensino fundamental
ao longo de décadas foram consideradas o principal obstáculo do sistema educacional
brasileiro. Atualmente, esta questão ainda configura-se como um problema a nível individual,
familiar e social. Nesta perspectiva, o problema norteador deste estudo baseia-se nos
seguintes termos: Quais efeitos emocionais acometem os alunos que vivem a transição do
primeiro para o segundo ciclo do ensino fundamental nas escolas públicas? Este trabalho não
pretende responder a esta questão, mas situá-la histórica e socialmente e problematizá-la,
instigando a realização de futuras investigações. Pretende-se fornecer subsídios para o avanço
de discussões teóricas tanto das disciplinas científicas quanto das práticas profissionais que,
atuando de forma interdisciplinar, elaboram saberes acerca do fracasso escolar em decorrência
da mudança de ciclo.
1. INTRODUÇÃO
1
Mestrando em Psicologia pela Universidade Federal do Espírito Santo - UFES. Bolsista do CNPQ.
Psicólogo pela Universidade Vale do Rio Doce - UNIVALE. Pedagogo pela Universidade de Uberaba
- UNIUBE. Endereço institucional: Av. Fernando Ferrari, 514, Programa de Pós-Graduação em
Psicologia (Prédio Prof. Lídio de Souza), Goiabeiras, Vitória - ES. E-mail: odacyrroberth@gmail.com.
31
Em um mundo onde a demanda da escola, a demanda dos pais e, de uma maneira mais
abrangente, a demanda social como um todo exige cada vez mais a obtenção de sucesso dos
indivíduos, se tornar um “fracassado” pode ser considerado o maior pesadelo de um
indivíduo. A criança então, desde muito nova, percebe que tem que responder a uma
expectativa de ser bem sucedida em coisas que outros propõem que ela faça. A escola é o
espaço onde isto se torna mais nítido: através das suas boas notas e seu bom currículo ela
poderá se tornar o objeto de satisfação dos seus pais (CORDIÉ, 1996).
Quando uma criança fracassa, de fato, o que acontece é a abertura do leque das
múltiplas possibilidades de atribuição de culpa do fracasso. Seria o sistema falho? O fracasso
estaria na educação feita pelos pais? Seria esta uma criança relapsa e desatenta? Várias
respostas são possíveis para o problema do fracasso escolar. Angelucci et al. (2004) pontua
que o fracasso deve ser compreendido de maneira mais global e dinâmica. Mesmo assim,
existem pesquisas que atribuem fracasso escolar tanto à relação aluno-professor quanto à
estrutura que há por trás do sistema de ensino, como por exemplo, a má formação docente, o
que inclui o uso de técnicas inadequadas pelo profissional da educação.
Boruchovitch (1999) chama a atenção para investigações contraditoriamente curiosas.
Segundo a autora há pesquisas que indicam que os educadores atribuem como características
de alunos com fracasso escolar baixo QI, imaturidade, subnutrição, abandono ou negligência
dos pais, problemas emocionais diversos, hipossuficiência econômica, desorganização
familiar, dentre outros. Por outro lado, existem estudos que derrubam o mito das deficiências
físicas, do retardo intelectual, da falta de prontidão e da desintegração dos lares como os
responsáveis pela reprovação e destacam que não há provas científicas que o mau
desempenho escolar possa ser atribuído a problemas biológicos, psicológicos ou físicos.
Todos os estudos concordam, entretanto, que a postura dos profissionais da educação
que se relacionam com os alunos é um fator de fundamental importância, especialmente
quando estes indivíduos estão atravessando a fase da infância para a adolescência e passando
por expressivas mudanças em todos os aspectos da sua existência.
Quando a criança não consegue dar conta da demanda que recai sobre ela e o processo
de ensino-aprendizagem não se efetiva, não raras vezes, ela sente-se culpada pelo que
aconteceu. Em sua tese “O cotidiano escolar patologizado”, Collares (1995) relata que o aluno
buscando as causas do seu fracasso escolar, começa a acreditar que fracassou porque ele não
aprendeu o que tinha que aprender ou que não se esforçou o suficiente. A autoestima deste
sujeito pode ficar de tal maneira destruída que, o conceito que ele carregará de si próprio
poderá gerar prejuízos psicológicos que poderão ser generalizados para todas as áreas da sua
32
Para fazer feliz a sociedade e manter as pessoas contentes, mesmo nas circunstâncias
mais humildes, é indispensável que o maior número delas seja, ao mesmo tempo que
pobres, também totalmente ignorantes. O saber amplia e multiplica os nossos
desejos, e quanto menos coisas um homem ambicione, tanto mais facilmente se lhe
poderão satisfazer as necessidades. Portanto, o bem-estar e a felicidade de todo
Estado ou Reino exigem que os conhecimentos da classe pobre trabalhadora se
limitem à esfera de suas ocupações e que nunca se estendam (no que se refere às
coisas visíveis) para além do que se relaciona com a sua profissão. Quanto mais
conhecimento do mundo e das coisas alheias ao seu trabalho ou emprego tenha um
pastor, um lavrador ou qualquer outro camponês, tanto mais difícil lhe será suportar
com alegria e satisfação as fadigas e as dificuldades de seu ofício. (MANDEVILLE,
2001, p. 190)
deveria se instruir o homem com tudo aquilo que ele deveria saber, pois desta maneira seria
possível corrigir a desigualdade natural das faculdades, tal como expressa nos ditos abaixo:
Mostraremos que, por uma escolha feliz, tanto dos próprios conhecimentos quanto
dos métodos de ensiná-los, pode-se instruir a massa inteira de um povo com tudo
aquilo que cada homem precisa saber para a economia doméstica, para a
administração de seus negócios, para o livre desenvolvimento de sua indústria e de
suas faculdades; para conhecer seus direitos e exercê-los; para ser instruído sobre
seus deveres, para poder cumpri-los bem; para julgar suas ações e aquelas dos outros
segundo suas próprias luzes, e não ser alheio a nenhum dos sentimentos elevados ou
delicados que honram a natureza humana; para não depender cegamente daqueles a
quem é obrigado a confiar o cuidado de seus negócios ou o exercício de seus
direitos, para estar em condições de escolhê-los e vigiá-los, para não ser mais a
vítima desses erros populares que atormentam a vida com temores supersticiosos e
esperanças quiméricas; para defender-se contra os prejuízos exclusivamente com as
forças da razão, para escapar do prestígio do charlatanismo, que estenderia
armadilhas à sua fortuna, à sua saúde, à liberdade de suas opiniões e de sua
consciência, sob pretexto de enriquecê-lo, de curá-lo ou de salvá-lo"
(CONDORCET, 1993, p. 184-185).
Art. 179. A inviolabilidade dos Direitos Civis, e Politicos dos Cidadãos Brazileiros,
que tem por base a liberdade, a segurança individual, e a propriedade, é garantida
pela Constituição do Imperio, pela maneira seguinte.(....) XXXII. A Instrucção
primaria, e gratuita a todos os Cidadãos. (BRASIL, 1824)
Com o passar do tempo surge a tendência progressista, que, além de visar a transformação do
homem, possuía um viés mais crítico. Esta tendência propunha um questionamento da
realidade das relações dos homens entre si e com a natureza. Já a tendência crítico-social dos
conteúdos visava a escola como um local para a apropriação do saber, preparando a criança
para o mundo adulto. Para isto, far-se-ia necessário transmitir ao indivíduo o máximo de
conteúdo possível, com a possibilidade de questionamento e participação ativa na
democratização e organização da sociedade.
Já, de acordo com o Ministério da Educação (MEC, 1997), é possível identificar
quatro grandes tendências na tradição pedagógica brasileira: a tradicional, a renovada, a
tecnicista e a tendência marcada por uma pluralidade de tendências voltadas a preocupações
políticas e sociais.
Na tendência tradicional o professor exerce a função de mero transmissor de conteúdo,
além de ter que vigiar, controlar e punir, se necessário, o comportamento dos alunos. Também
recai sobre o professor a responsabilidade de único condutor do processo educativo. O
método utilizado é a memorização através da repetição e a exposição oral do conteúdo
predomina. Muitas vezes, o conteúdo ensinado e os procedimentos utilizados para ensinar
divergiam completamente do cotidiano e da realidade social dos alunos (LIBÂNEO, 1994).
Luckesi (2005) acrescenta ainda que neste modelo o professor transmite o conteúdo como
uma verdade a ser absorvida, sem abertura para questionamentos ou reflexões. Até castigo
físico era usado para conseguir manter a disciplina.
A tendência tecnicista, por sua vez, deveu-se por um lado à intensa industrialização
pela qual o país passava neste período e é o resultado histórico de uma educação capitalista.
Ela caracterizava-se por circunscrever os problemas sociais levados para a escola à questões
administrativas, transformando os problemas de educação em problemas de técnicas de
gerenciamento e em problemas de mercado. Assim, a educação transforma o indivíduo em
produto para servir de mercadoria, objetivando criar e qualificar mão-de-obra para o mercado
de trabalho (MARRACH, 2002).
Pereira (2003) acredita que além do processo de industrialização, a tendência
tecnicista também advém de influências da psicologia comportamental de Skinner, onde a
escola assume o papel de modelar o comportamento com o auxílio de técnicas específicas
através da organização do processo de aquisição de habilidades, conhecimentos e atitudes
específicos. O objetivo era produzir indivíduos tecnicamente competentes para o mercado de
trabalho, integrando-os ao sistema social vigente.
37
Como pode-se perceber, a escola pública, obrigatória e gratuita é uma criação recente,
datada do final do século XIX, com objetivo de regular a população. Ela diferencia-se de
quaisquer modos de educação esboçados ao longo da história. E embora sua história seja
recente, a escola pública passou por diversos formatos até atingir os contornos como
enxergamos hoje. No Brasil, a partir de 1980, a universalização do ensino se deu mediante o
ensino seriado que:
(...) para todos implicava numa rígida organização que as escolas unitárias com base
no ensino individualizado não conheciam. A reunião de várias escolas em grandes
edifícios escolares, a divisão dos alunos em classes, a existência de um professor
para cada sala, o ensino simultâneo, a introdução de horários rígidos estabelecendo o
início e o fim das atividades escolares, a obrigatoriedade do ensino, tudo isso era
novidade na época (TIGGEMANN, 2010, p. 31)
.
No modelo de ensino seriado a reprovação era utilizada como instrumento disciplinar
tanto para garantir a homogeneidade “intelectual” das classes, quanto para impedir que
hábitos nocivos se propagassem, utilizando-se para isso a normalização de condutas.
Tiggemann (2010) acredita que a retenção, além de produzir prejuízos financeiros e
organizacionais do sistema de ensino, cria obstáculos ao processo de aprendizagem dos
alunos.
O Brasil apresentava, por volta da metade do século XX, os índices mais altos de
retenção da América Latina, o que significava um acréscimo estrondoso no orçamento dos
sistemas de ensino. A solução indicada por muitos profissionais do magistério da época foi a
adoção do regime de promoção automática. Todavia, as vozes discordantes, que não foram
poucas, temiam que este regime pudesse tornar ainda mais caótica a situação educacional no
país. O caminho apontado por eles foi a criação de uma política de inovação progressista, que
38
De acordo com a figura percebe-se que os anos finais do ensino fundamental (ou seja,
o que era chamado de 5ª a 8ª séries) apresentam uma taxa consideravelmente superior no
percentual de alunos reprovados em relação aos anos iniciais (antigas 1ª a 4ª séries) do ensino
fundamental em todas as regiões do país. Seria esse um reflexo da mudança de ciclos? Esta é
uma pergunta que ainda gera muitas discussões, pois não se pode negligenciar que o fracasso
escolar está diretamente relacionado com as políticas educacionais vigentes no sistema de
ensino, e consequentemente a teoria e a prática das mesmas.
Ortigão e Aguiar (2013), a partir dos resultados da Prova Brasil, fazem uma
investigação da reprovação no primeiro ciclo do ensino fundamental e também questionam se
os níveis de reprovação no Brasil possuíam ligação com a organização dos níveis de
escolaridade em ciclos, já que esta política tem sido apontada como uma das responsáveis
pela transferência dos percentuais mais elevados de repetência para os anos finais do ensino
fundamental.
Para demonstrar quantitativamente mais explicitamente a situação atual do fracasso e
aprovação escolar no Brasil, segue abaixo uma tabela detalhada com as taxas de aprovação,
taxas de abandono, taxas de reprovação e taxas de distorção idade-série do ano de 2012:
Tabela 1 – Taxas de aprovação, abandono, evasão, promoção, repetência, reprovação e distorção idade-
série de 2012
Ensino Fundamental - anos Ensino Fundamental - anos
iniciais finais
Taxa de aprovação (2012) 91,70% 84,10%
Região Norte (2012) 87,20% 81,20%
Região Nordeste (2012) 88,00% 78,50%
Região Sudeste (2012) 95,00% 88,60%
Região Sul (2012) 94,30% 83,50%
Região Centro-oeste (2012) 93,30% 86,50%
Taxa de abandono (2012) 1,40% 4,10%
Região Norte (2012) 3,00% 6,40%
Região Nordeste (2012) 2,60% 6,80%
Região Sudeste (2012) 0,50% 2,20%
Região Sul (2012) 0,30% 2,50%
Região Centro-oeste (2012) 0,80% 3,50%
Taxa de reprovação (2012) 6,90% 11,80%
Região Norte (2012) 9,80% 12,40%
Região Nordeste (2012) 9,40% 14,70%
Região Sudeste (2012) 4,50% 9,20%
Região Sul (2012) 5,40% 14,00%
Região Centro-oeste (2012) 5,90% 10,00%
41
Cordié (1996), em seu livro Os atrasados não existem – psicanálise de crianças com
fracasso escolar, considera o fracasso escolar como uma patologia do nosso tempo. Para ela,
as exigências da sociedade moderna, a supervalorização do dinheiro e do sucesso social são
tidos como fatores desencadeantes para distúrbios psicológicos. Ou seja, “a pressão social
serve de agente de cristalização para um distúrbio que se inscreve de forma singular na
história de cada um.” (p. 17).
Segundo Ortigão e Aguiar (2013), a repetência já foi considerada uma prática positiva,
contudo,
reincidente. Para ele, os anos de escolaridade mais delicados para a retenção dos alunos são os
que se sucedem a mudança de ciclo.
A importância de se discutir o tema consiste em tanto para a sociedade de maneira
geral no que diz respeito ao processo educacional, quanto à comunidade científica, em
especial aos profissionais da psicologia e pedagogia, no que tange à reflexão sobre a
construção da subjetividade diante do fracasso escolar advindo da mudança de ciclos.
Este trabalho pretendeu fornecer subsídios para o avanço de discussões teóricas tanto
das disciplinas científicas quanto das práticas profissionais que, atuando de forma
interdisciplinar, elaboram saberes acerca do fracasso escolar em decorrência da mudança de
ciclo. De forma alguma pretendeu-se esgotar o conhecimento acerca do entendimento do
fenômeno pesquisado. Por isto, é necessário reforçar que faz-se necessário a realização de
pesquisas neste sentido.
REFERÊNCIAS
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escolares no País. Estud. av. [online], v.15, n.42, p. 103-140. 2001.
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Porto: Edições Asa, 2007. p. 375-384.
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Porto Alegre: Artes Médicas; 1996.
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escola pública brasileira: a formação do novo homem. Revista HISTEDBR On-line,
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Dissertação (Mestrado), Universidade Federal Fluminense, Rio de Janeiro, 2006. Disponível
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SAVIANI, Dermeval. O legado educacional do “longo século XX” brasileiro. In: SAVIANI,
Dermeval; ALMEIDA, J. S.; SOUZA, R. F. de; VALDEMARIN, V. T. O legado
educacional do século XX no Brasil. Campinas: Autores Associados, 2006, p. 9-57.
SILVA, João Carlos da. A escola pública no Brasil: problematizando a questão. Publicatio
Ciências Humanas, Linguísticas, Letras e Artes, Ponta Grossa, v. 15, n. 2, p. 25-32, dez.
2007.
RESUMO
Este artigo propõe uma investigação que busca estudar possibilidades para, num estágio mais
avançado da pesquisa, criar uma metodologia de análise de inserção de egressos no mundo do
trabalho, a fim de contribuir para a avaliação das políticas públicas educacionais
implementadas pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia - IFBA, a
partir do estudo de caso do curso de Administração. A análise de inserção de egressos, tema
de suma importância em instituições de ensino, também se justifica devido à necessidade de
acompanhamento e desenvolvimento continuado do ex-aluno, de maneira a avaliar as
condições de trabalho, a sua renda e o impacto que a vivência educacional causou em sua
vida. A abordagem metodológica, por ora, será a quali-quantitativa, valendo-se a princípio de
revisão de literatura e, a posteriori, de pesquisa empírica com o uso de técnicas, tais quais a
aplicação de questionários e de dinâmicas com grupos focais com egressos formados entre os
anos de 2010 à 2015 do curso de Administração. Visa-se com isso conhecer a
empregabilidade, a compatibilidade da formação recebida com as demandas do Mundo do
Trabalho, a identificação de necessidades de ajustes nas matrizes curriculares, as expectativas
quanto à educação continuada e às demandas pedagógicas passiveis de serem ofertadas pela
instituição, e o aspectos institucionais que careçam de melhoria.
1
Mestra em Educação (UFBA); Especialista em Auditoria Fiscal (UNEB); Bacharel em Ciências Econômicas
(FACCEBA); Coordenadora Didático-Pedagógica do curso Multimeios Didáticos do Profuncionário (IFBA);
Professora Substituta de Organização, Normas e Qualidade (IFBA); Professora de Economia (UNIESP) e
Professora de Filosofia (SOLEDADE).
alexandraquadro@ifba.edu.br
2
Pós-graduando em Administração Pública (UCAM); Bacharel em Administração de Empresas (IFBA);
Especialista em Serviços de Navegação Aérea (ICEA); Controlador de Tráfego Aéreo (ICEA); Coordenador de
Observação do Mundo do Trabalho (IFBA); Especialista em Navegação Aérea (INFRAERO); Administrador
(CORREIOS); Controlador de Tráfego Aéreo (INFRAERO).
david.estevao@ifba.edu.br
48
“...
- Criar e disseminar a cultura do acompanhamento de egresso junto ao aluno;
- Realizar pesquisa qualitativa da laboralidade, por amostragem simples;
- Incentivar a participação do egresso em curso de educação continuada;
- Dar subsídios a avaliação dos currículos, programas e conteúdos desenvolvidos
pela escola, objetivando a elevação da qualidade do ensino e da sintonia entre a
escola e a comunidade;
- Cadastrar os egressos do IFBA, mantendo dados atualizados, a fim de
disponibilizar informações atualizadas aos ex-alunos, objetivando informá-los sobre
eventos, cursos e oportunidades oferecidas pela instituição;
- Promover encontros periódicos objetivando a coleta de informações que propiciem
subsídios para a avaliação e adequação dos currículos dos cursos por meio de
informações obtidas por ex-alunos;
- Avaliaçaõ da eficácia dos cursos quanta a inserção e permanência dos egressos no
mercado de trabalho ...”
Nos dias de hoje, uma das possibilidades, para se fazer uma crítica aos limites e a
fixidez dos processos de significações é tomar como instrumento a crítica cultural e entrelaçá-
la com estudos dos processos formativos. Seguindo esta tendência, os processos formativos
do administrador não podem ser encerrados com uma finalidade em si, em nenhuma filiação
de um campo específico, nem pensados enquanto processos subalternos, tendo que ser
compreendidos como campo autônomo e interdisciplinar por natureza, pois, assim, temos
maiores condições de saber quais são as forças que nos constituem e nos findam em nossa
própria atualidade; desobstruindo o trabalho das significações e abrindo-as para novas
perspectivas.
Destarte, estamos imersos num mundo globalizado que vem desenhando um cenário
de muitas transformações, as empresas se encontram diante de um grande desafio de
competitividade necessitando para isso desvendar uma rede de conhecimento, formando um
ambiente tecnológico propício à inovação, novos conhecimentos e novas ideias. Os estudos
realizados indicam cada vez mais que:
Assim, pode-se afirmar que o conhecimento tem sido historicamente uma mola
propulsora que, de um lado, impulsiona as mudanças econômicas e sociais e as empresas
precisam desse conhecimento para aperfeiçoar, aprimorar, ampliar seus produtos, processos,
práticas e serviços, capacitando-as no enfrentamento desse mundo de mudanças. E, de outro
lado, alavanca as transformações no meio educacional/acadêmico a fim de nos possibilitar
52
Este ponto de vista traz novas possibilidades, ainda que embrionárias, para se pensar a
própria constituição das subjetividades, e nos permite compreender melhor os discursos e
práticas presentes no processo educativo. É o que nos diz Guattari (1986), quando em seu
estudo relativo à cartografia do desejo, nos fala sobre os dois principais mecanismos de
produção de subjetividade, atuantes nas sociedades atuais. Um centrado nas técnicas de
dominação e exclusão, típicos do capitalismo, e um outro, aquilo que poderíamos chamar de
‘processos de singularização’: uma maneira de recusar todos esses modos de encodificação
preestabelecidos, todos esses modos de manipulação e de telecomando, recusá-los para
construir, de certa forma, modos de sensibilidade, modos de relação com o outro, modos de
produção, modos de criatividade que produzam uma subjetividade singular. Uma
singularização existencial que coincida com um desejo, com um gosto de viver, com uma
54
aprendizagem das empresas e das IES em saber como formar o estudante-cidadão para o
mundo do trabalho e, não apenas, para atender a visão mecanicista, simplória da lógica
capitalista do mercado de trabalho. Cassiolato (1999) afirma que se consolida, assim, o
conhecimento como sendo o recurso principal que deve estar na base das novas políticas de
promoção ao desenvolvimento industrial e tecnológico e o aprendizado como processo central
desse desenvolvimento. Contudo, vale a formação de competências e habilidades necessárias
sem perder de vista o posicionamento crítico-reflexivo frente ao ditame do capital.
Pressupõe-se assim que, a cooperação entre a academia e o setor empresarial deve ser
um “caminho de mão dupla”, onde a academia se beneficia do conhecimento prático das
empresas oferecidas como um campo de estágio e de desenvolvimento de pesquisa. As
empresas se beneficiam com a capacitação de seus recursos humanos, constituição de projetos
que atendam às suas especificidades, da produção de novos saberes e processos que possam
potencializar a busca de excelência tanto das empresas como das IES. Pesquisas sinalizam
que:
Para as universidades, essa interação trará a prática para dentro das salas de aula, já
que o aluno ampliará os conhecimentos agregando ao aprendizado acadêmico um diálogo
com a prática, além das possibilidades de melhorias na infraestrutura, montagem de
laboratórios, construção de centros tecnológicos, aquisição de novas tecnologias, dentre
outros. Em relação às empresas, essa interação tem como objetivo a capacitação dos
profissionais, aquisição de novos saberes provenientes da pesquisa, novas ferramentas
gerenciais e de produção tecnológica.
Hoje não se discute mais a educação somente para o trabalho, mas a educação
integral do homem para o trabalho e para a cidade. À medida que o conhecimento
passa a ser o elemento-chave do novo paradigma produtivo, a transformação
educacional torna-se um fator fundamental no desenvolvimento dos seus requisitos
básicos: capacidade inovadora, criatividade, integração e solidariedade. Uma nova
abordagem para a educação traz implícita a necessidade de uma nova organização
institucional, ou de uma reformulação de papéis dos atores envolvidos no processo
da educação. (RIBEIRO, 2003, p. 227).
supostamente oferecidas pelo programa educativo. Esse talvez seja o mais poderoso e
informativo meio para entender a eficácia de um programa: como, afinal, a vida, as práticas e
os valores dos sujeitos foram realmente influenciados? O que mudou no modo de pensar, nos
valores, na inserção social, na participação no universo do trabalho e da cultura que está
diretamente associado à participação do sujeito naquele programa? Além disso, perpassa
também pelo próprio perfil socioeconômico: o que mudou de estudante a egresso?
[1] Termo cunhado para tratar sobre a relação da Ontologia com a cultura.
Por ora, apenas, buscamos ser coerentes com o momento que, ainda, estamos
vivenciando na pesquisa. Mas, principalmente, por compreendermos que, sempre, estamos e
somos inacabados, sempre, estamos em processo, em devir,... Então, como buscar uma
formação que atenda às demandas atuais do mundo do trabalho, se as matrizes curriculares
ainda vêm sendo propostas sob orientações para atender ao que o mercado de trabalho impõe
enquanto perfil do administrador esperado, delimitando o ensino, a escolarização à ampliar
novos horizontes para uma formação cidadã, crítica-reflexiva?
Como buscar legitimar tal formação requerida pelo mundo do trabalho? A lógica
educacional vem buscando, vem gritando para ser invertida no processo a fim de atender não
mais meramente competências e habilidades tecnicistas e mecanicistas, então, será que o
instituído tornar-se-á instituinte? Como transpor tal inversão do real na cultura mercadológica
brasileira dentro das IES brasileiras e vice-versa?
REFERÊNCIAS
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do Advogado editora, 2006.
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SILVA, Tomaz Tadeu da. O currículo como Fetiche: a poética e a política do texto
curricular. Belo Horizonte: Autêntica, 2006.
65
RESUMO
RESUME
The new global economic scenario brought significant changes to human behavior. The
complexity of the values associated with consumerism drives companies who want to "keep
your portion" and expand your business to discuss and think about social responsibility. Since
the year 2000, the profile of consumers is changing, as the information will be disseminated.
We owe it to the Internet and the mass media. Education plays an essential role in this new
transformation. That business model that has the doctrine of post-industrial revolution -
though it remains to this day, in which companies aspire much more advantages than
liabilities - is doomed to failure. Of course it takes time, investment and attitudes of
entrepreneurs, faced with this new profile of a more aware and demanding consumer. When
we refer to history and its philosophers, we realize that there are some misunderstandings in
relation to capital and labor. The capital, by itself, can not produce wealth without a skilled
labor to manage. And an investment without labor (capital) can not be productive and
prosperous. To my mind, then there is a consensus: poorly managed capital generates losses,
and a poorly manpower employed wasteful. The association (new setting) then it is
knowledge management: produce more with fewer resources (efficiency) and, as a result of
my actions, pollute less (effectiveness).
1. CONCEITOS E TENDÊNCIAS
Para uns é tomada como uma responsabilidade legal ou obrigação social; para
outros, é o comportamento socialmente responsável em que se observa a ética, e
para outros, ainda, não passa de contribuições de caridade que a empresa deve fazer.
Há também, os que admitam que a responsabilidade social seja, exclusivamente, a
responsabilidade de pagar bem aos empregados e dar-lhes bom tratamento.
Logicamente, responsabilidade social das empresas é tudo isto, muito embora não
sejam, somente, estes itens isoladamente.3
2 FRIEDMAN apud VIEIRA, Roberto Fonseca. A iniciativa privada no contexto social: exercício de
cidadania e responsabilidade social. RP em Revista, Salvador, ano 5, n. 22, maio 2007. p. 28.
Disponível em: <http://www.rp
bahia.com.br/rpemrevista/edicao23/a_iniciativa_privada_no_contexto_social3.pdf>. Acesso em: 10
out. 2010.
3 ZENISEK apud OLIVEIRA, José Arimatés de. Responsabilidade social em pequenas e médias
Quando falamos sobre responsabilidade social nas empresas, estamos falando de uma
reunião de esforços, que implica a união de vários stakeholders.4 As instâncias interessadas
no negócio, ao mesmo tempo em que influenciam a sociedade e, direta ou indiretamente, as
direções dos negócios, também são influenciadas pelo sucesso ou não da empresa, a qual está
ligada ao contexto em que atua. Quando indicamos que esse grupo sofre o impacto pela
atuação de uma empresa, sendo alvo de preocupação da responsabilidade social, estamos
dizendo que ele é composto por pessoas que estão associadas à organização e que sofrem seus
efeitos, direta ou indiretamente.
O cliente é determinante crítico do sucesso da empresa, os stakeholders internos
devem estar permanentemente engajados no processo de servir ao cliente e atender suas
necessidades. Vale ressaltar que a quantidade e a denominação das partes interessadas podem
variar em função do perfil da organização, se ela é por produto ou por serviço.
Em uma pesquisa acerca dos mais assertivos comentários sobre os stakeholders, o
professor Roberto Fonseca Vieira indica cinco pontos de vista sobre o tema, em relação aos
públicos junto aos quais as empresas têm determinada responsabilidade social: os
empregados, os acionistas, os fornecedores e distribuidores, os consumidores e a
comunidade.5
Os empregados, por constituírem um dos fatores de produção mais importantes, e por
serem ainda um dos melhores portadores de “mensagens preferenciais” da empresa,
transformam-se em um dos elementos-chave para o sucesso dos empreendimentos da
iniciativa privada. O reconhecimento da importância deste público fez com que a empresa se
conscientizasse da necessidade de fornecer boas condições e ambiente agradável de trabalho,
salários justos, bem como mecanismos de incentivo e desenvolvimento de pessoal.
Os acionistas, que indiretamente financiam grande parte das atividades desenvolvidas
pela empresa, desejam, por este mesmo motivo, o pagamento dos dividendos que provêm do
capital investido, assim como um amplo esclarecimento sobre as aplicações feitas a partir
deste capital. Trata-se de um compromisso que a empresa não pode deixar de cumprir, não só
4 Segundo o Instituto Ethos, stakeholders é assim definido: “termo em inglês amplamente utilizado
para designar as partes interessadas, ou seja, qualquer indivíduo ou grupo que possa afetar o
negócio, por meio de suas opiniões ou ações, ou ser por ele afetado: público interno, fornecedores,
consumidores, comunidade, governo, acionistas, etc. Há uma tendência cada vez maior em se
considerar stakeholder quem se julgue como tal, e em cada situação a empresa deve procurar fazer
um mapeamento dos stakeholders envolvidos”. INSTITUTO ETHOS. Conferência Internacional 2005:
empresas e responsabilidade social. Disponível em:
<http://www.ethos.org.br/CI/apresentacoes/apresetacoes_10-06/BeatGruninger
GestaoDeDialogos.pdf>. Acesso em: 3 out. 2010.
5 VIEIRA, Roberto Fonseca. Relações públicas: opção pelo cidadão. Rio de Janeiro: Mauad, 2002. p.
30.
70
A responsabilidade social foi introduzida nos Estados Unidos na década de 30, mas
somente na década de 60 as grandes empresas começaram a apresentar relatórios
anuais o que chamamos de balanço social, que continham um resumo dos resultados
obtidos através sua política social e quem se beneficiava. A partir dessa idéia Ashley
(2003) definiu a responsabilidade social, em 1953, como sendo “a obrigação do
3. TENDÊNCIAS
Uma obrigação pessoal de cada um de quando age em seu próprio interesse, garantir
que os direitos e legítimos interesses dos outros não sejam prejudicados [...]. O
indivíduo, certamente, tem direito de agir e falar em seu próprio interesse, mas
precisa sempre ter o devido cuidado para que esta liberdade não impeça os outros de
fazerem à mesma coisa.12
ordem social que enfrenta. Surge a ideia de empresa como elo entre sociedade, indivíduos e
governo, enquanto instrumento capaz de melhorar a qualidade de vida via desenvolvimento
econômico.15
Na visão de Ferrel, a filantropia pode melhorar a rentabilidade geral da empresa. Com
isso, muitas empresas adotam a filantropia estratégica, que é o ato de vincular doações
filantrópicas aos objetivos estratégicos da organização. Um bom exemplo disso é a estratégia
adotada pela Avon através programa Avon’s Breast Cancer Awareness Crusade (Cruzada
Avon de Conscientização do Câncer de Mama) que ocupa o primeiro lugar na ajuda de
empresas à luta contra o câncer. Ferrel cita ainda o exemplo da Intel que, em um único ano,
contribuiu com mais de 96 milhões de dólares para estudos de ciências, matemática e
tecnologia.16
O pano de fundo dessa estratégia “filantrópica” ajusta-se bem à estratégia empresarial
da Intel, quando ela passa a se utilizar dos conhecimentos produzidos nestes estudos. Jogo de
interesses, mas que a comunidade passa a se beneficiar dos investimentos. Trata-se de uma
estratégia empresarial apropriada para gerar lucratividade à empresa.
Com a conscientização pelo consumo responsável, a empresa foi obrigada a repensar
alguns de seus valores, no sentido de constituir mais do que uma realidade econômica, foi
sendo incorporado à sua filosofia um contexto social, dentro do qual se estabeleceram
responsabilidades. Existem alguns “princípios que apontam ou definem se uma empresa é
socialmente responsável. Vamos citar os mandamentos da ONG norte-americana, Business
for Social Responsability – BSR”.17 Segundo ela, uma empresa socialmente responsável, tem
que ter os seguintes atributos:
Um pouco utópica, mas que nos indica que, apesar de não fazer parte da cultura
brasileira, percebe-se uma preocupação em transformar a “cultura da mais valia” ou da
lucratividade acima de qualquer coisa, em valores que possam ser refletidos. E mostra a
responsabilidade social como algo bem mais complexo do que se costuma pensar, reunindo,
portanto, uma série de variáveis. Compreender esse novo aspecto da empresa é perceber a
(co)participação na mudança de postura socialmente saudável, como consequência das
mudanças nas estruturas organizacionais.
Archie Carrol diz que esta responsabilidade deve ter necessariamente um respaldo
econômico, legal e ético, concentrando-se, em princípio, na questão dos custos:
4. ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
18 CARROL apud VACCARIN, Graciela. Responsabilidade social empresarial: o caso da WEG. 2009.
83 f. Monografia (Bacharelado em Administração de Empresas) – Centro Universitário Balneário
Camboriú, Universidade do Vale do Itajaí, Balneário Camboriú, 2009. p. 31.
19 KREITLON, Maria Priscilla. A Ética nas Relações entre Empresas e Sociedade: fundamentos
Vê-se nas escolas citadas acima que as perspectivas partem de campos distintos de
abordagens quanto aos aspectos relacionados à ética e ao compromisso social que são
desenvolvidos em âmbito empresarial. A perspectiva conhecida como ética empresarial
(Business Ethics) no que diz respeito às suas aplicações específicas, comporta um elemento
filosófico normativo, o qual se centra em questões valorativas e em análises morais. Já a
corrente conhecida como mercado e sociedade (Business & Society) compreende um viés
sociopolítico que implica uma abordagem contratual dos problemas surgidos entre
determinadas empresas e certos setores da sociedade. Por sua vez, o ramo designado como
escola da Gestão de Questões Sociais (Social Issues Management) caminha pelo utilitarismo,
e considera as questões sociais como variáveis que devem ser entendidas dentro das
aplicações de gestão e estratégia.
O conhecido ditado, colocado na boca de Benjamin Franklin, “tempo é dinheiro”,
tornou-se corrente no século XIX com o taylorismo. A produção foi elevada à fonte máxima
de lucratividade. Ainda que discutível, segundo nossa leitura, a produção em massa e a
atividade comercial apresentam-se em condições peculiares e sua dinâmica parece algo que
mutável e, ao mesmo tempo, resistente às barreiras, criando, concomitantemente, novos
padrões de comportamentos sociais.
Na modernidade, a proposta industrial desencadeou uma ética utilitarista, efetivando a
total e absoluta normatização de trabalhadores eficientes para a formação do “processo
civilizador”, ou seja, da sociedade de produção em massa. O taylorismo implica a ocupação
trabalhista com registro cronometrado, estipulando, assim, a otimização na execução
produtiva na obtenção de metas. 20
O taylorismo representa no século XIX o tipo de organização patronal de controle
gerencial com intensificação da produtividade individual, tanto em termos qualitativos quanto
em termos quantitativos. Isso significava, de maneira prática, o aproveitamento máximo e
acelerado do ritmo dos processos de trabalho na fábrica e, consequentemente, a redução do
tempo “morto”, isto é, produção máxima e aproveitamento amplo da capacidade de ação de
um trabalhador. Como analisou Marx em sua obra máxima, O Capital, a produção exigia a
aproveitamento completo da força e do vigor das pessoas empregadas, do pai, da mãe e dos
filhos.21 Eram carne, sangue e nervos aproveitados até a sua obsolescência funcional.
20 BÉLENS, Jussara Natália Moreira; MACHADO, José Charliton. Formação profissional feminina em
uma nova configuração ético-social em Campina Grande-PB (1960-1970). Disponível em:
<www.histedbr.fae.unicamp.br/acer_histedbr/.../lQpZKQRK.doc>. Acesso em: 20 nov. 2010.
21 MARX, Karl. O capital: livro primeiro: o processo de produção do capital. 7. ed. São Paulo: Difel,
1982.
76
de processo industrial dominante do século XX, o fordismo, onde não pode deixar de
considerar em momento algum a fator decisório. A decisão se torna, neste processo, um
veículo imprescindível na manutenção do sistema, ou seja, decisões precisam ser tomadas; e
sempre alguém acaba sofrendo as consequências destas decisões. A empresa fordista e, depois
toda e qualquer empresa baseada no sistema de produção e reprodução da vida, é constituída
em processos decisórios. A vida diária de uma empresa é marcada pelas decisões de comprar,
vender, fornecer, contratar, despedir, processar, incentivar, otimizar, etc. A decisão é
fundamental.
A responsabilidade social empresarial, cumpre o fardo da otimização de pessoal que
percorre critérios estabelecidos pela legislação e pela lógica de mercado, ficando a dinâmica
da boa gestão à porosidade sociocultural necessária que cabe a uma empresa socialmente
responsável, e politicamente correta.
REFERÊNCIAS
ÁVILA, F. B. de. Pequena enciclopédia de moral e civismo. Rio de Janeiro: MEC, 1967.
DAVIS, Stanley M. Management 2000: administrando a sua empresa hoje para vencer
amanhã. Rio de Janeiro: Campus, 1996.
79
DRUCKER, Pete. A organização do futuro: como preparar hoje as empresas de amanhã. São
Paulo: Futura, 1997.
FREITAS, Maria Éster de; FLEURY Maria Tereza Lemes de. Cultura organizacional:
formação tipologias e impactos. São Paulo: Makron/McGraw-Hill, 1991.
MARX, Karl. O capital: livro primeiro: o processo de produção do capital. 7. ed. São Paulo:
Difel, 1982.
MEIRA, Gedson. Modelo de análise dos fatores que influenciam o desempenho das
empresas de caldeiraria nas paradas programadas de manutenção de unidades da
Refinaria Landulpho Alves – RLAM. Disponível em:
<http://www.estela.ufsc.br/defesa/pdf/10805/pdf>. Acesso em: 2 nov. 2010.
SROUR, Robert H. Poder, cultura e ética nas organizações. Rio de Janeiro: Campus, 1998.
80
TOLEDO, Flávio; MILIONI, B. Dicionário de Recursos Humanos. 3. ed. São Paulo: Atlas,
1986.
RESUMO
1
Doutorando em Desenvolvimento Regional e Urbano pela Universidade Salvador
(UNIFACS); Mestre em Desenvolvimento Humano e Responsabilidade Social pela
Fundação Visconde de Cairu. Pesquisador pela (UNIFACS). Tem experiência na área
de Turismo, Desenvolvimento Regional e Urbano, Desenvolvimento Humano e
Responsabilidade Social, Geografia com ênfase em Turismo.
leandrocgouveia@gmail.com
1. INTRODUÇÃO
Este artigo versa acerca do Território Geográfico turístico e Estado. Essa análise
leva em conta os diversos fatores que atuam modificando o território, tais como:
naturais, artificiais, pessoas, empresas, governo e turistas. Esses agentes, juntos aos
nativos em contato com o território, alteram o espaço.
O escopo teórico central está embasado em Guerreiro Ramos (1996), Milton Santos
(1986, 1994, 1997, 2000, 2001) e Carlos Beni (2003, 2006), estruturado em temáticas
de fundo: a sustentabilidade, as interações no território e o novo paradigma, um
conceito de território, dinâmico e agregador.
82
Vários são os aspectos agindo no território, entre eles o econômico, pois não se
pode fugir da força do sistema de mercado. É preciso compreender que o mundo vem
passando por transformações que se manifestam no desenvolvimento regional.
O Brasil se insere nesse contexto quando reestrutura a sua economia e seu modelo
produtivo nos anos de 1990, com medidas inauguradas ainda no fim dos anos de 1980,
com a nova Constituição, seguidas pela abertura comercial do governo Fernando
Collor. Seguem-se as reformas do papel do Estado e o plano de estabilização
econômica, desenvolvidos nos governos de Itamar Franco e Fernando Henrique
Cardoso (SILVA, 2007). Somente compreendendo o sistema produtivo nacional é que
podem ser desenvolvidas as políticas sociais aplicáveis e possíveis de serem alcançadas
com sucesso no território.
Nesse início de milênio, observa-se que o mundo transforma-se de maneira
dinâmica e também que as teorias e políticas de desenvolvimento regional e local
sofrem profundas transformações, em razão das modificações ocorridas nos processos
produtivos, aliadas ao persistente declínio de regiões fortemente industrializadas e a
rápida ascensão econômica de novas regiões (FONSECA, 2006).
O problema consiste em verificar a atualização e aplicação do conceito de território em
consonância com a contemporaneidade, acrescentando ao território o fundamento
agregador. Em outras palavras, no modelo apresentado por Ramos (1996) o mercado é
regulado e restrito na sua liberdade, coexistindo com outros espaços sociais nos quais
os indivíduos buscam sua realização pessoal e o enriquecimento de suas vidas. Esse
autor entende que esse novo paradigma é necessário por causa das consequências
nocivas que essa hegemonia do sistema de mercado tem acarretado para a saúde
psíquica dos indivíduos, para a vida coletiva como um todo e para a conservação dos
recursos naturais, principalmente, os não renováveis (AZEVEDO; ALBERNAZ, 2004).
Para que o crescimento autossustentável, ou a sustentabilidade, ocorra é
preciso que haja emparelhamento entre o econômico e o social. Na prática, o
desenvolvimento social não ocorre na mesma amplitude que o econômico, pois este
último concentra-se nas empresas externas. Ocorre que, segundo Luzon (2001), o
conceito de desenvolvimento evoluiu a partir da década de 1970, não se vinculando
apenas à economia na medida em que se considera que o processo é econômico,
social, político, ambiental e cultural. Para fazer este estudo, o território foi
compreendido a partir do conceito que privilegia uma amplitude de fatores:
O território não é apenas um conjunto de formas naturais, mas um conjunto de
setores naturais e artificiais, junto com as pessoas, as instituições e as empresas que
abriga, não importa o seu poder. [...] o território deve ser considerado em suas
divisões jurídico-políticas, suas heranças históricas e seu atual conteúdo econômico,
financeiro, fiscal e normativo. (SANTOS, 1997, p. 3).
O mundo passa a ser um território onde acontece de fato a ocorrência de uma
profunda inter-relação entre si, como também o ser humano é visto ao mesmo tempo
83
território, já que com a mudança na cidade deveria se pensar de outra forma, com
mais cuidado em todos os pontos e requisitos.
Beni (2006) entende que as ações antrópicas, no caso dos impactos negativos nos
ecossistemas, mudaram a situação, e atualmente não temos limites geofísicos e
socioculturais, mas praticamente temos em toda a humanidade.
Em relação ao assunto ecologia, que começou o terreno para o exame dessas inter-
relações, o que podemos ver na atualidade como destaque e relevância é o turismo
sustentável. Nesse caso, abriga desde infindos posicionamentos políticos e
geoestratégicos até interesses imediatos para navegar nesse tema, que é muito
importante, e fluido em seus aspectos práticos na questão da segunda maior indústria
do mundo, que é o turismo.
Podemos perceber que na questão do equilíbrio pretendido entre a atividade humana
e o desenvolvimento e a proteção do ambiente deve haver participação de todos na
questão das responsabilidades, que devem ser bem definidas com relação ao consumo
e ao comportamento face aos recursos da natureza. Para isso acontecer, deve haver
boas políticas econômicas e setoriais nas decisões das autoridades públicas, na
operação e desenvolvimento dos processos de produção e nos comportamentos e
escolhas individuais para participar. Claro que deve haver um diálogo real e as regras
de ações dos colaboradores devem priorizar fazer num pequeno tempo, cada um com
o seu tempo, e esta conversa deverá ser apoiada por informação objetiva.
Cardoso (2005) está correto quando coloca que há várias opiniões, de vários autores, e
a preocupação da rede hoteleira com o meio ambiente.
Visto isso, a palavra sustentabilidade deve refletir uma política e estratégia de
desenvolvimento social e econômico de forma que aconteça sempre não prejudicando
86
• 1982 – Em Nairóbi, Quênia, sede do Programa das Nações Unidas para o Meio
Ambiente (PNUMA), realizou-se reunião comemorativa do 10º aniversário da
Conferência de Estocolmo, quando se procedeu à avaliação dos resultados até então
obtidos e a um exame da mudança de percepção da problemática ambiental.
De acordo com Beni (2003), a partir de Estocolmo até a Rio-92 houve destaque
para a questão do aumento da produção de armas em boa parte do mundo,
produzidas com a riqueza dos países que têm uma indústria forte, países
desenvolvidos no norte, além dos países do terceiro mundo, do Sul. Claro que esses
países estão em desenvolvimento. Foi possível ver nesse evento a introdução de novos
conceitos, surgindo um certificado para o meio ambiente, tendo atuação responsável e
gestão ambiental. Tudo isso procurava ter uma postura reativa, que marcava de certa
maneira uma relação com os empresários, com a parte pública, para ter ordenamento,
normalização, legislação e fiscalização, e as instituições ambientais, notadamente o
terceiro setor, na outra parte.
Conforme nova atitude baseada em relação ao assunto responsabilidade
solidária, que deixa para outro momento as preocupações com multas, que com o
tempo tendem a ser trocadas por um maior cuidado em relação com a imagem da
parte privada, isso faz com que haja uma valorização e reconhecimento de seus
programas em prol do meio ambiente, que sejam bem vistos pelas pessoas.
De acordo com Beni, (2003), na década de 1990 se assiste também a entrada
em vigor das normas britânicas: (BS 7750) Especification for Environmental
Manageman Systems, que serviram de base para a elaboração de um sistema de
normas ambientais em nível mundial. A entrada em vigor dessas normas internacionais
de gestão ambiental, denominadas de série ISO 14000, e sua já anunciada integração
futura com as normas de gestão de qualidade (ISO 9000), constituíram o coroamento
de uma longa caminhada em direção à conservação do meio ambiente e ao
desenvolvimento em base sustentável.
Essas normais elaboradas pelos britânicos foram muito importantes, e ajudaram na
conservação do meio ambiente e na questão do desenvolvimento.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
BENI, Mário Carlos. A Política de Turismo. In: TRIGO, Luiz Gonzaga Godoi (Org.).
Turismo: como aprender, como ensinar, Vol. 1. 3. ed. São Paulo: Senac, 2003. p. 177-
202.
BENI, Mário Carlos. Política e planejamento de turismo no Brasil. São Paulo: Aleth,
2006.
______. A natureza do espaço: técnica e tempo, razão e emoção. 4. ed. 2. reimpr. São
Paulo: Editora da USP, 2006. (Coleção Milton Santos, Vol. 1).
SILVA, Jani Alves. Reflexões sobre a história do capitalismo. Maringá, PR: Universidade
Estadual de Maringá, 2007.
91
ABSTRACT: This study is the result of a literature review and quantitative analysis, based on the
analysis of the statistics produced by the Pastoral Land Commission (CPT) and the International
LabourOrganisation (ILO) and aims to discuss issues on slave labor field, with emphasis on the analysis
of public policies to deal with slave labor in Brazil, with emphasis will analyze the effects of
Constitutional Amendment N˚81/2014, known as the "SLAVE LABOR P.E.C" and its relation to the
laws and the Brazilian penal criminal proceedings.
1. INTRODUÇÃO
4
O PNDH-3 também discutuiu temáticas como questões relativas à segurança alimentar, educação, saúde,
habitação, igualdade racial, direitos da mulher, juventude, crianças e adolescentes, pessoas com
deficiência, idosos, meio ambiente etc. Seu objetivo é servir de roteiro ao Estado brasileiro na busca pela
efetivação dos direitos humanos. In BRASIL. Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência
da República.Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3). Brasília: SEDH/PR, 2010. P. 13
93
quer sejam cometidas no país ou em outros lugares do mundo, sempre perpassam por
duas características básicas: 1 - o uso da força; 2- A negação da liberdade. No Brasil, a
caracterização do trabalho escravo se dá pela convergência de duas condutas, o trabalho
degradante e a privação da liberdade ou mesmo a com vigilância constante de milícias
armadas que os impedem de deixar as fazendas onde prestam serviços sob o pretexto de
que primeiro devem adimplir suas dívidas.
Como conceito jurídico para o trabalho escravo no Brasil, tomaremos o art. 149
do Código Penal que estabelece condutas claras para que seja caracterizada a condição
análoga à escravidão. Segundo o referido artigo, comete crime contra a liberdade
pessoal aquele que reduz alguém à condição análoga à de escravo, quer submetendo-o a
trabalhos forçados ou a jornada exaustiva, condições degradantes de trabalho,
restringindo, por qualquer meio a locomoção em razão de dívida contraída com
empregador ou preposto. Portanto, notamos a existência de quatro pressupostos básicos
na Lei Penal para a caracterizaçãodo trabalho escravo: I - trabalhos forçados; II -
jornadas exaustivas; III -condições degradantes de trabalho; IV- escravidão por dívidas.
Ainda de acordo com o art.149 do Código Penal, também comete o mesmo crime quem
cerceia o uso de qualquer meio de transporte por parte do trabalhador com o fim de retê-
lo no local de trabalho ou ainda que mantém vigilância ostensiva no local de trabalho ou
se apodera de objetos pessoais do trabalhador com o fim de permanência compulsória
no local de trabalho.
Perfil médio dos trabalhadores resgatados entre 2003-9/2014 in Síntese estatística em 31/10/2014 CPT
Nacional Campanha “De olho aberto para não virar escravo”.
Nível médio de instrução dos trabalhadores resgatados entre os anos de 2003-9/2014 in Síntese estatística
em 31/10/2014 CPT Nacional Campanha “De olho aberto para não virar escravo”.
Ainda de acordo com o autor, a estimativa é de que dois terços dos trabalhadores
brasileiros encontrados em situação de trabalho escravo estão localizados nos estados
Pará, Maranhão, Tocantins e Mato Grosso e sejam vindos de estados da região
Nordeste, como o Piauí e o Maranhão, Bahia e Ceará.
Esses trabalhadores, motivados pelas precárias condições de vida em seus
Estados de origem, constituem uma espécie de alvo ideal para os aliciadores de mão-de-
96
obra que exploram o trabalho escravo, que se deslocam em zonas livres de fiscalização
ou estradas vicinais.
Quantidade de trabalhadores libertados e nos anos de 2013 e 2014 in Síntese estatística em 31/10/2014
CPT Nacional Campanha “De olho aberto para não virar escravo”.
Goiás, Bahia, Mato Grosso do Sul, Rondônia e até no Rio de Janeiro, São Paulo e Rio
Grande do Sul
Média de trabalhadores resgatados por atividade entre os anos de 2003/2014 in Síntese estatística em
31/10/2014 CPT Nacional Campanha “De olho aberto para não virar escravo”.
Quantidade de ações de apoio ao resgate de trabalhadores entre os anos de 2011 e 2014 cativos in Síntese
estatística em 31/10/2014 CPT Nacional Campanha “De olho aberto para não virar escravo”.
As condiçoes para a exploração para o trabalho escravo tem inicio sempre com a
situação demiséria das vítimas e a impunidade de seus executores, que devem ser
combatidas. Segundo pesquisas realizadas em conjunto entre a OIT e CPT publicadas
no Trabalho Escravo no Brasil do século XXI em 2007, mais de 90% dos envolvidos
em trabalho escravo nas sul e sudeste do Pará sequer foram denunciados pelo crime.
Conforme ressalta OLIVEIRA (2012 p. 12) pena mínima de dois anos para a
prática do delito, prevista no art. 149 permite a aplicação de vários dispositivos que
permitem abrandar a execução penal, convertendo-a em, por exemplo, prestação de
serviços à comunidade ou distribuição de cestas básicas. SAKAMOTO (2007 p.33)
lembra também que o primeiro condenado criminalmente por trabalho escravo no
Brasil, Antônio Barbosa de Melo, proprietário da fazendo Alvorada, em Água Azul do
Norte, sul do Pará, teve sua pena convertida em pagamento de cestas básicas.
Um outro caso grave de impunidade de pessoas relacionadas ao crime de
trabalho escravo é a “Chacina de Unaí” em Minas Gerais, em 28 de janeiro de 2004,
onde três Auditores Fiscais do Trabalho e um motorista foram executados a tiros por
pistoleiros no momento em que procediam uma fiscalização regular em fazendas de
plantação de feijão no município. OLIVEIRA (2012 p.5) relembra ainda que um dos
indiciados como mentor do crime, o produtor rural AntérioMânica5, tornou-se prefeito
da cidade mineira, ocupando o cargo de 2004 até 2012 sendo que em sua primeira
eleição, no ano de 2004, mesmo preso, o suposto mandante na chacina fora eleito com
72% dos votos6.
Se a qualidade de vida da população rural não aumentar a patamares dignos e os
criminosos não forem julgados e punidos, os princípios e diretrizes lançados na política
irão se tornar absolutamente ineficazes.
5
Reportagem portal G1- Norberto Mânica, acusado da chacina de Unaí, será julgado em BH, diz
STFhttp://g1.globo.com/minas-gerais/noticia/2015/04/julgamento-do-fazendeiro-norberto-manica-sera-
em-bh-diz-stf.htmlAcesso em 14 de jun. de 15.
6
Reportagem “Dez anos depois, cinco acusados pela chacina de Unaí ainda não foram julgados.”
http://reporterbrasil.org.br/2014/01/dez-anos-depois-cinco-acusados-pela-chacina-de-unai-ainda-nao-
foram-julgados/ Acesso em 14 de jun. de 15.
101
8. CONSIDERAÇÕES
Ainda no século XXI, o trabalho escravo é uma chaga que carece de ser
combatida com toda energia pelo Estado, por privar dos indivíduos cativos o exercício
de seus direitos fundamentais, privando-o, alem da liverdade de ir e vir totalmente de
sua dignidade enquanto ser humano. A escravidão moderna ganha ainda mais
dramaticidade quando impede o exercício de direitos a brasieiros no auge da vida
produtiva.
Sem dúvidas tal conduta é fomentada por se tartar de atividade altamente
rentável para os tomadores de trabalho, ainda mais porque, em que pese o crime do art.
149 do Código Penal, a baixa pena minima permite que os senhores de escravos
modernos possam responder seus porcessos em liberdade ou ter suas penas restritivas de
liberdade convertidas em restritivas de direitos, como ocorrido no caso do fazendeiro
Antônio Barbosa de Melo, proprietário da fazendo Alvorada, em Água Azul do Norte,
Sul do Pará, teve sua pena convertida em pagamento de cestas básicas.
Neste sentido, a hipotese de expropriação introduzida pela Emenda
Constitucional N˚81 em 5 de junho de 2014 é um importante instrument jurídico-social
a ser utilizado na erradicação do trabalho escravo no Brasil, por permitir o ataque direto
ao patrimômio dos modernos escravagistas.
105
REFERÊNCIAS
MARÉS, Carlos Frederico. A função social da terra. Porto Alegre: Sergio Antonio
Fabris Editor, 2003
NUCCI, Guilheme de Souza. Código Penal Comentado. 10ª ed. São Paulo: Revista
dos Tribunais, 2013.
OLIVEIRA, Igor Lima Goettenauer de. PEC do “Trabalho Escravo” (Nª 438/2001):
Imperativo de Justiça Social. Disponível
emhttp://www.direitorp.usp.br/arquivos/noticias/sites_eventos/3_semana_juridica_2010
/papers/Igor%20Lima%20Goettenauer%20de%20Oliveira.pdfAcesso em 14 de jun. de
15
RESUMO
O presente trabalho teve como objetivo descrever por meio de uma revisão de literatura, a
influência da religião no tempo de lazer de seus seguidores, através da categorização das
ações da igreja frente aos conteúdos culturais do lazer, em especial ao físico-desportivo,
artístico e turístico. Desta forma, percebeu-se que religião ainda exerce certo domínio sobre o
comportamento de seus seguidores, seja pela forma que se vestem, se tratam e sobretudo,
como convivem em sociedade. Ao mesmo tempo, foi possível ainda que de forma limitada,
compreender um pouco da relação que a religião exerce sobre a prática de atividades no
tempo de lazer de seus fiéis.
1. INTRODUÇÃO
1
Discentes do curso de Educação Física da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. Membro do grupo de
pesquisa Corpo, história e cultura (CORPHORIS).
2
Graduado em Educação física pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia
4
Discente do curso de Educação Física da Universidade do Paraná - Unopar
3
Docente do Curso de Educação Física da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia.
E em relação aos benefícios da prática de atividades físicas no tempo de lazer, existem
alguns estudos que identificaram a associação entre estas práticas regulares e a saúde, como
no estudo de Duarte, Santos e Gonçalves (2002), que destaca, que a prática de atividades
físicas no lazer, contribuí para a melhoria dos componentes fisiológicos e auxilia no combate
ao estresse.
Já em outro estudo, com o objetivo de analisar a prática sistematizada de atividade
física, e os benefícios desta, na qualidade de vida de idosos em seu tempo de lazer. Oliveira,
F. e colaboradores (2015), destacam os inúmeros benefícios da prática destas atividades, no
tempo de lazer dos idosos, e quais os principais cuidados que devem ser tomados para a
prática segura.
Portanto, os resultados positivos esperados, para a melhoria da qualidade de vida,
através das atividades de lazer, em seu sentido social, histórico, cultural e político, dependem
da qualidade sociocultural. O que faz com que o lazer, torne-se um espaço de resistência
contra a exploração e alienação do indivíduo, tendo por intuito desenvolver uma consciência
critico-reflexiva, baseada na possibilidade de uma busca de saídas (GOMES,1998).
Contudo, além de trazer diversos benefícios à saúde e, por conseguinte, uma melhoria
na qualidade de vida dos indivíduos que usufruem de seu tempo, o lazer possibilita “vivências
culturais mais amplas, reflexões e diálogo com outras culturas e áreas de conhecimento;
estimulando reflexões acerca da própria sociedade, buscando a compreensão, a resistência e a
transformação” (SILVA, T. 2011, p. 4).
Dumazedier (2008) afirma que existem alguns fatores que compõem os conteúdos
culturais do lazer, sendo cinco, as principais áreas, são elas: físico-esportiva (desenvolvida
através das atividades físicas de uma forma geral), manual (desenvolvida através do domínio
manipulativo do indivíduo às tarefas realizadas com as mãos), artística (desenvolvida no
plano estético, composto pelas emoções apresentadas pelos indivíduos), intelectual
(desenvolvida através da cognição e da objetividade das informações adquiridas pelos
indivíduos) e por fim, a social (desenvolvida através da relação do indivíduo com os seus
congêneres em sociedade). Além dessas, Camargo (1998) acrescenta os interesses turísticos
(desenvolvido através das atividades turísticas, de viagens e passeios realizados pelos
indivíduos).
Portanto, além de compreender o lazer, enquanto um direito social capaz de ofertar
mudanças nas relações sociais dos indivíduos em sociedade, torna-se necessário reconhecer
também, que este fenômeno, é capaz de promover diversas reflexões. Assim, é extremamente
importante, compreender quais as influências que as instituições sociais (família, estado,
108
escola, igreja, etc) exercem sobre à sua prática, e como estas se tornam decisivas para sua
efetivação.
Dessa forma, o presente capítulo tem como objetivo, descrever por meio de uma
revisão de literatura, a influência da religião no tempo de lazer de seus seguidores, através da
categorização das ações da igreja frente aos conteúdos culturais do lazer, em especial ao
físico-desportivo, artístico e turístico.
Figura 1. Relação das religiões em número de adeptos em todo o mundo, comparativo da evolução das
denominações religiosas em ordem cronológica, anos de 1900, 2015 e 2050, Jequié, BA, Brasil 2015.
Fonte: http://noticias.gospelprime.com.br/cristianismo-maior-religiao-mundo/
Após essa breve excursão pela história das religiões que constituíram e formam a
civilização moderna, é possível afirmar que a sociedade ininterruptamente permaneceu
atrelada aos desígnios religiosos, que influenciaram, e ainda, continuam exercendo forte
influência sobre o comportamento do homem em sociedade. Dessa forma, ao contextualizar a
religião e o lazer, mostra-se necessário compreender como esta relação de subordinação
tornou-se presente.
Segundo Silva, G. e colaboradores (2010):
A influência exercida pela igreja em muitas épocas não tinha como objetivo somente
organizar cultos religiosos aos finais de semana, mas também organizava festas
tradicionais, conselhos familiares e jogos principalmente em ambientes rurais onde a
religião predominou por mais tempo, sempre visando hegemonia social por meio da
coletividade, pois, durante muito tempo foi a religião que determinou quais os tipos
de lazer a que a comunidade poderia usufruir.
Logo, o lazer aparece nos preceitos religiosos, como uma ferramenta de promoção do
culto continuo à Deus ou aos deuses (dependendo da denominação religiosa), mesmo em seu
tempo de descanso. Neste caso, cabe aos fiéis seguirem com rigorosidade as determinações
pregadas pelos líderes religiosos. É possível afirmar também, até aqui, que devido ao grande
número de fiéis, a maioria dos estudos que tratam da religião e do lazer, relatam
especificamente o cristianismo.
Desse modo, a religiosidade apresenta-se como um meio de propagação da fé, que se
torna aliada e incentivadora da aceitação ou não das práticas de lazer na vida dos fiéis. Assim,
devido ao atual cenário vivenciado na sociedade brasileira de transformações culturais e
religiosas, percebe-se uma grande carência de estudos voltados às diversas possibilidades de
conhecimento das atividades de lazer realizadas pelos religiosos, em especial aos cristãos.
Mello (2008) afirma que o cristianismo é estudado por inúmeros pesquisadores do
lazer, principalmente, por ser uma das religiões com mais adeptos no mundo. Para este
mesmo autor, o cristianismo assume uma visão “funcionalista do lazer, ou seja, o lazer é um
momento de retomada das forças para estar pronto para o trabalho novamente, partindo da
ideia de que foi Deus que impôs o trabalho ao homem como forma de punição à sua
ingratidão ao paraíso”.
Dentre os principais pesquisadores do lazer, sem dúvidas, Camargo é dos mais
conceituados, este autor, afirma que os cristãos, apresentam certa resistência, no que diz
respeito ao lazer, uma vez que, desde o princípio da humanidade, o homem deveria abster-se
do seu próprio trabalho (CAMARGO, 1998).
Carmo e Salomão (2005) destacam que é necessário discutir a influência da religião
(neste exemplo, o cristianismo) sobre as atividades de lazer, a partir do viés dos protagonistas
dessa relação, tanto padres e pastores, quanto dos fiéis e frequentadores dos cultos/missas. “A
questão central reside no fato de procurar entender algumas das razões de hoje, de maneira
enfática, as religiões cristãs, seculares ou pentecostais, estarem se valendo cada vez mais de
atividades ligadas ao mundo do Lazer” (CARMO; SALOMÃO, 2005, p.1).
Oliveira, M., Romera e Marcellino (2011), por sua vez, realizaram um estudo com o
intuito de identificar os aspectos significativos da participação popular oportunizados pela
“Festa de São João” em Tupi (distrito da cidade de Piracicaba, no interior do estado de São
Paulo) e verificar a dimensão de lazer experimentado e proporcionado pelos organizadores e
participantes da festa. Eles identificaram que a referida festa, apresentava forte afinidade com
o lazer. Dessa forma, a descreveram como uma atividade de lazer que apresentava relação
com a religião.
Segundo Carmo e Salomão (2005), as apropriações das igrejas sobre os conteúdos
culturais do lazer são incontáveis, vão desde atividades artísticas como: peças teatrais com
encenações dramáticas ou cômicas que tenham como roteiro, ilustrações de livros que
compõem a bíblia sagrada ou experiências próprias de vida, à cantos instrumentalizados e
coreografias complexas. Podemos acrescentar aqui, os shows gospel que tem crescido
exorbitantemente no Brasil, fazendo com que essa categoria de música, consiga vender
milhões de exemplares de CD’s e DVD’s todos os anos. “Como exemplo, podemos citar o
movimento de música Gospel e seus shows, retiros espirituais, cultos religiosos e vários
produtos de entretenimento litúrgico: CDs, DVDs e canais exclusivos de rádio e TV”
(MELLO, 2008).
O próprio rádio, a televisão e, atualmente, a internet, são meios que estão ocupando
cada vez mais o tempo a atenção do fiel. A partir dessa nova realidade percebe-se
que os líderes religiosos acabaram verificando que não é mais possível se limitar às
práticas tradicionais, concentradas em pregações baseadas apenas na bíblia
convencional (escrita), nos sermões durante os cultos e as missas. É preciso utilizar-
se de novas táticas para alcançar esse novo perfil que se forma na sociedade atual
(ALMEIDA, 2004, p. 3).
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, D. A prática religiosa como entretenimento e lazer através dos jogos interativos
online. Revista Acadêmica do Grupo Comunicacional de São Bernardo, São Bernardo do
Campo, São Paulo, vol. 1, n. 2, p.1-9, jul./dez. 2004.
CORRÊA, B.R.P.; ALVES, L. A. S. Por que crescem as seitas religiosas? Revista Educação
em Movimento, Goiânia, v. 3, n. 9, p. 37-44, 2004.
GOSPEL PRIME. Cristianismo ainda é a maior religião do mundo. Disponível em: <
http://noticias.gospelprime.com.br/cristianismo-maior-religiao-mundo/> Acesso em: 04
de set. 2015, 14:30:46.
PICCOLO, G. M. A escola como ferramenta à educação para o lazer. Licere, Belo Horizonte,
v.12, n.2, p.1-37, jun. 2009.
RESUMO
Podemos sempre criar, inovar e construir um elo entre o ensino-aprendizagem o e suas relações
com o objeto de estudo proposto num plano acadêmico. Hoje, as dificuldades entre saber o
conteúdo de determinadas disciplinas e, adequar à maneira de transmitir essas informações, fixa
um longo caminho de pensamentos estruturais e estratégicos. A classe educadora que analisa as
técnicas e prepara estratégias para envolver a parte receptora do conhecimento, sem dúvida
alguma precisa de estímulos, nos quais, influenciará diretamente na construção dessas
personalidades. O objetivo desse estudo é avaliar, demonstrar e escolher uma das possibilidades
de ensino, analisando métodos que já deram certo em escolas fora do perímetro brasileiro.
1. INTRODUZINDO O DIÁLOGO...
Toda aprendizagem, para que realmente aconteça, precisa ser significativa para o
aprendiz, isto é, precisa envolvê-lo como pessoa, como um todo (ideias, sentimentos,
cultura, sociedade) (Abreu & Masetto, 1987). Entretanto, segundo estes autores, a
técnica de ensino quantitativamente mais empregada em nossas escolas superiores e até
vista por alguns como única possível nesse nível de ensino é a expositiva. Ela representa
a educação tradicional, vertical ou “bancária” (Bordenave & Pereira, 1977). Segundo
Freire, (1980), nesta visão de educação, o educador é o que diz a palavra, os educandos,
os que a escutam docilmente.
Vale ressaltar então, a importância para o educador utilizar-se das várias ferramentas
para ajudar no aprendizado do aluno, umas das, é a atividade lúdica. O lúdico na sala de
aula pode tornar-se um espaço de reelaboração do conhecimento vivencial e constituído
com o grupo ou individualmente e o aluno passa a ser a protagonista de sua historia
social, o sujeito da construção de sua identidade, buscando uma autoafirmação social,
dando continuidade nas suas ações e atitudes, possibilitando o despertar para o aprender.
Para Lemov (2011), nessas escolas, o preço do fracasso é alto e os desafios são imensos.
Lá, os professores trabalham numa situação limítrofe onde, na maior parte dos casos, os
problemas sociais são gritantes, óbvios e avassaladores. Mas, é também nessas escolas
que pode ocorrer – e ocorre – aquele tipo de alquimia que muda vidas. Infelizmente,
essa alquimia acontece raramente e passa despercebida.
Sendo assim, de acordo com Lemov (2011), durante toda nossa carreira em escolas
públicas, como professores e formadores, tivemos o privilégio de observar inúmeros
profissionais da educação excelentes, muitas vezes em situações que assoberbariam a
maioria de nós. Esses educadores extraordinários fazem rotineiramente o que mil
programas sociais consideram impossível: eliminar a desvantagem escolar dos pobres,
transformar os alunos em risco de fracassar em bons alunos, que acreditam no estudo,
reescrevendo assim, a equação da oportunidade. E, embora cada um destes seja único,
contudo, sua maneira de ensinar tem certos elementos em comum.
Depois de anos de observação e tendo lido a pesquisa de Jim Collins, autor de Feitas
para Durar e Empresas Feitas para Vencer, dois livros altamente elogiados, começamos
122
a montar uma lista do que é que esses professores fazem, focando particularmente nas
técnicas que diferenciam os excelentes professores não dos ruins, mas, daqueles que são
apenas bons. Como Collins observou, uma lista assim é muito mais relevantes do que
uma que mostre as diferenças entre os excelentes professores e os ruins, ou os
mediadores, já que o resultado da primeira lista provê o mapa da mina da excelência.
Ou seja, o professor pode usar ou não uma das duas técnicas, mas, no conjunto, as que
incluímos neste artigo emergem como as ferramentas que separam excelentes
professores daqueles meramente bons. Sim, existe uma “caixa de ferramentas” para
promover a igualdade no desempenho escolar, e nós tentaremos descrevê-la de forma
breve neste artigo.
O autor (Lemov, 2011) diz que, quando era um jovem professor, as pessoas davam
montes de conselhos. Ele ia a cursos de capacitação e saía com a cabeça cheia de
palavras importantes. Eles falavam de tudo que me havia levado a querer ser professor.
“Tenha altas expectativas em relação a seus alunos.” “Espere o máximo dos alunos
todos os dias.” “Ensine crianças, não conteúdos .” Eu ficava inspirado, pronto para
melhorar – até chegar à escola no dia seguinte. Eu me via perguntando: “Bom, e
agora?”. Como faço isso? Que iniciativa devo tomar às 8h25 da manhã para demonstrar
essas altas expectativas?”. Deste modo, notamos a importância de observar o que
aconteceu no passado, para percebermos com mais propriedade as dificuldades do aluno
e tentar ajudá-los para uma melhoria de seu aprendizado na Escola.
Segundo Lemov (20011), no fim, o que realmente nos ajuda a aprender a ensinar é
quando um professor mais competente nos diz algo bem concreto, como isto: “Quando
você quiser que eles obedeçam sua orientação, fique parado. Se você estiver andando
pela classe, distribuindo materiais, parece que a orientação é menos importante do que
todas as outras coisas que você está fazendo. Mostre que sua orientação é importante.
Fique parado. Eles vão responder a isso”. Com o tempo, foi este tipo de conselho
aplicável, específico, concreto, muito mais do que as lembranças de que devíamos ter
altas expectativas, que nos permitiram de fato elevá-las na sala de aula.
123
Um outro ponto para que haja produção de conhecimento entre esses sujeitos
cognoscentes está ligado na variável dialogicidade, ou seja, o professor não ensina
senão na medida em que os alunos aprendem. Não há docência sem discência, as duas
se explicam e seus sujeitos, apesar das diferenças que os conotam, não se reduzem â
condição de objeto, um do outro. (FREIRE, 2002).
Corroborando nessa discussão, Marques (1995, p. 39) entende que “[...] não há de fato,
docência, ela não é cumprida, sem a efetiva aprendizagem por parte dos alunos; mais
ainda, sem que por meio dela também o professor aprenda na relação dialogal com o
outro [...]”. Então, quem ensina, prende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender,
porém, isto só terá valor prático se o sujeito professor interiorizar um valor necessário à
124
Silva & Demattê, (1998), sugeriram, então, que o conteúdo desta disciplina fosse
ministrado por meio de outras técnicas que teriam como objetivo retirar da rotina e
estimular os alunos a exercitarem-se por si próprios, às vezes em grupos, ao invés de
permanecerem passivos diante de um professor meramente expositor. Bordenave &
Pereira, (1978) e Abreu & Masetto, (1987) propõem técnicas de ensino denominadas de
Cartazes em Grupo e Grupo de Verbalização “versus” Grupo de Observação (GV x
GO), que se caracterizam pela comunicação e interação multilateral entre os alunos e o
professor.
Um dos problemas com as pesquisas sobre altas expectativas é que, com frequência,
inclui-se nessa definição um amplo leque de ações, crenças e estratégias operacionais.
Por exemplo, um dos estudos inclui na definição de altas expectativas o aumento do
tempo dedicado às tarefas em disciplinas acadêmicas. Isso é certamente uma boa
politica, mas, no caso de um estudo, é difícil separar o efeito de melhor uso do tempo
em sala de aula do conceito em uma ação específica em sala de aula.
a resposta. Sem Escapatória ajuda tanto no caso desses últimos como no caso daqueles
que estão tentando fugir da situação de aprendizagem. Na essência dessa técnica está a
crença de que uma sequência que começa com aluno incapaz de responder (ou sem
vontade de responder) devem terminar, sempre que possível, com esse aluno dando a
resposta certa, mesmo que ele apenas repita essa resposta certa. Só então a sequência
estará completa.
Percebemos que, essa técnica que se repete, fazendo com que o aluno, através do ouvir
repetidas vezes, possa memorizar a correta resposta, e simplificando o seu
amprendizado. “A eficácia máxima da aprendizagem não é alcançada senão quando a
mensagem do professor é compreendida pelos alunos.” “A aprendizagem realiza-se
através da conduta ativa dos alunos, que aprendem mediante o que eles fazem e não o
que faz o professor.” Segundo Abreu & Masseto, (1987).
É importante um diálogo, muita conversa e fazer com que o aluno venha a buscar novas
soluções, novas ideias para os problemas que venham a ser apresentado pela disciplina
matemática, de uma forma mais simples, lúdica e agradável.
4. PONDERAÇÕES (IN)CONCLUSIVAS...
REFERÊNCIAS
128
ANGELINE, A., ALVES, L., DUARTE, W. O mestre ideal. Veja: São Paulo, 1982.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro. Paz e Terra, 1980. P.63-87.
ESPAÇO GEOGRAFICO
RESUMO
Este artigo tem como desejo realizar uma releitura a partir de diversos autores de
diversas correntes e escolas do pensamento geográfico. A Geografia enfrenta
problemas epistemológicos e conceituais. É o caso da definição do seu objeto de
estudo: o espaço geográfico. Apesar dos avanços das últimas décadas, ainda há
discordâncias teóricas a esse respeito. Assim, esse artigo tem por objetivo comentar
alguns esforços de definição do conceito de espaço geográfico e ao final propomos o
nosso próprio conceito. Entendemos que o espaço geográfico é o resultado contínuo
das relações sócio-espaciais e tais relações são econômicas, políticas e simbólico-
culturais. Espaço, território, uma boa discursão.
1. INTRODUÇÃO
1
Doutorando em Desenvolvimento Regional e Urbano pela Universidade Salvador
(UNIFACS); Mestre em Desenvolvimento Humano e Responsabilidade Social pela
Fundação Visconde de Cairu. licenciado em Geografia pela Faculdade de Ciências
Educacionais; especialização em Metodologia do Ensino Superior pela Faculdades
Integradas Olga Mettig; Bacharel em Turismo pela Fundação Visconde de Cairu.
leandrocgouveia@gmail.com
130
Para esse autor (Ibid., p.290), “[...] a análise espacial deve ser concebida como um
diálogo permanente entre a morfologia e as práticas sociais ou comportamentos”.
Para Milton Santos (1999, p. 18), essa questão, de aporte analítico, pressupõe que “[...]
o espaço seja definido como um conjunto indissociável de sistemas de objetos e de
sistemas de ações”.
131
Gomes afirma que, “[...] as formas são portadoras de significados e sentidos” (1997,
p.38). Santos, por sua vez, define o espaço como um composto de “formas conteúdo”,
ou seja, formas que só existem em relação aos usos e significados, essa relação forma-
conteúdo é a cauda de sua existência. Como o espaço não é algo dado como nos
propõe Soja em seu “espaço em si” (1993), mesmo quando o mesmo tende remediar
e diz que sua organização e sentido são produtos da transformação e experiência
sociais. O espaço é, na realidade, um construto social dialético.
Mesmo sabendo disso, se desvincular de uma visão física do espaço, de algo dado, de
um “espaço em si” é algo bem trabalhoso.
3. CONCEITO DE NATUREZA
De acordo com Suertegaray, a Geografia, mesmo pensada, por vezes, como estudo da
natureza enquanto paisagem natural, portanto algo independente do homem, ao se
tornar autônoma propõe uma concepção conjuntiva. Os fundadores da Geografia, a
exemplo de Ritter, Ratzel e La Blache, entre outros, propõem ainda que sob formas
diferentes, um objeto para a Geografia centrado na relação homem-meio (natureza).
Sob esta perspectiva, resgata a Geografia uma outra categoria analítica: a sociedade.
Nesta articulação em seus primeiros momentos a Geografia trabalhou mais com o
132
David Harvey (l980) em seu livro Justiça Social e a Cidade, aborda o espaço sob outra
perspectiva. Num contexto dialético, vai conceber o espaço como sendo ao mesmo
tempo, absoluto (com existência material), relativo (como relação entre objetos) e
relacional (espaço que contém e que está contido nos objetos). Explicando, "o objeto
existe somente na medida em que contém e representa dentro de si próprio as
relações com outros objetos". Importa também considerar que, para este autor, o
espaço não é nem um, nem outro em si mesmo, podendo transformar-se em um ou
outro, dependendo das circunstâncias.
4. TERRITÓRIO
A ação de construir envolve uma série de técnicas que podem variar de acordo
com sua situação histórica e sempre necessita de uma realidade geográfica
para existir, ou seja, de um sistema de objetos e de ações. Mesmo nesse
exemplo a construção do martelo não deve ser pensada de maneira isolada do
contexto geográfico de sua existência, pois, pois tanto o martelo quanto e as
ações que envolvem sua construção eutilização estão inseridas numa lógica
sistêmica, sobre esse ponto, Milton Santos (2012a, p.73) reforça que:
5. CONCLUSÃO
Foi apresentado, de forma geral, os pontos que se julgou básicos e introdutórios para
as discussões sobre a temática proposta. Para o aprofundamento das discussões e das
reflexões indico a leitura das referências citada.
REFERÊNCIAS
RESUMO
1. INTRODUÇÃO
1
Advogado, economista e professor titular da UNEB. É pós-doutor em direito pela Universidade
Federal de Santa Catarina (UFSC), doutor e mestre em educação pela Universidade Federal
da Bahia (UFBA), especialista em administração pública pela UEFS e em Ética, Capital Social
e Desenvolvimento pelo INEAM/OEA. Coordenador do Centro de Pesquisa e Extensão em
Direitos Humanos Nelson Mandela (MADIBA), coordenador do Observatório de Educação e
Direitos humanos (OBEDHUC) e da Incubadora de Economia Solidária e Criativa. Especialista
nas áreas de direitos humanos; políticas públicas; ciência, tecnologia e inovação.
2
Sociólogo e professor de educação física, mestre e doutor em educação pela UFBA e
pesquisador do Grupo de Pesquisa CriaAtivos: criando um novo mundo.
137
Apresenta ao leitor esse novo marco legal presente nas leis: Lei de Inovação (Lei
10.973/2004); Lei do Bem (Lei 11.196/2005); a Lei 12.349/ 2010; Emenda
Constitucional nº 85; e o Projeto de Lei 2.177/2011 que institui o Código Nacional de
Ciência, Tecnologia e Inovação.
Este artigo justifica-se pela necessidade de discutir com a sociedade essas
mudanças e formas de aperfeiçoamento dessa legislação para favorecer a pesquisa e
inovação no país, assim como o desenvolvimento nacional. Conclui pela emergência de
um novo ramo para o direito, o direito à ciência, tecnologia e inovação.
Entendemos que o primeiro passo seguro nesse sentido foi dado com a criação
da Lei de Inovação, Lei 10.973 de 02 de dezembro de 2004. A chamada Lei da inovação
nacional, em conjunto com as leis de inovação estaduais (no caso da Bahia a Lei 11.174
de 09 de dezembro de 2008), estabelece uma série de medidas de incentivo à inovação e
a pesquisa cientifica e tecnológica no ambiente produtivo, com vistas à capacitação e
autonomia tecnológica e ao desenvolvimento industrial do país.
Entre as medidas de incentivo, considerando que a inovação é um meio para
transformar conhecimento em riqueza e melhorar a condição humana dos sujeitos
individuais e coletivos, os principais benefícios trazidos por essa legislação foram:
Por seu turno a LEI 12.349 de 15 de dezembro de 2010, altera o artigo 24 da lei
de licitações e contatos, em relação à dispensa de licitação para a aquisição de bens e
insumos destinados exclusivamente à pesquisa científica e tecnológica com recursos
concedidos pela Capes, pela Finep, pelo CNPq ou por outras instituições de fomento a
pesquisa credenciadas pelo CNPq para esse fim específico.
Pode-se perceber até aqui que o legislador brasileiro, preocupado com o
desenvolvimento nacional, vem facilitando a utilização de recursos federais.
Por fim, a mais recente inovação legislativa em curso no país é o Projeto de Lei
2.177/2011 que institui o Código Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, alterando
as leis 6.815/1980, 11.540/2007, 12.309/2010, 10.973/2004 e 8.010/1990. Esta Lei, uma
vez aprovada, vai regulamentar os artigos 218 e 219 da Constituição Federal de 1988
favorecendo a capacitação, autonomia tecnológica e desenvolvimento industrial do país.
Essa nova lei estimula a formação de ambientes especializados e cooperativos de
inovação, e fomento poderão estimular e apoiar a constituição de alianças estratégicas e
o desenvolvimento de projetos de cooperação envolvendo empresas nacionais e
internacionais, Entidades de Ciência, Tecnologia e Inovação (ECTI) e organizações de
direito privado voltadas para atividades de formação de recursos humanos altamente
qualificados, pesquisa e desenvolvimento que objetivem a geração de produtos e
processos inovadores.
Entendemos que essa lei inova também ao definir como Entidade de Ciência,
Tecnologia e Inovação (ECTI) órgãos ou entidades do setor público e privado, com ou
sem fins lucrativos, legalmente constituídos, que tenham por missão institucional,
objetivo social ou estatutário, dentre outros, o desenvolvimento de novos produtos ou
processos, com base na aplicação sistemática de conhecimentos científicos e tecológicos
e na utilização de técnicas consideradas avançadas ou pioneiras, ou execute atividades
de pesquisa básica ou aplicada de caráter científico, tecnológico ou de inovação, que
seja básica ou aplicada de caráter cientifico, tecnológico ou de inovação, que seja
beneficiária do fomento ou financiamento previsto em lei.
Essa legislação, dita aqui de forma breve e resumida, aplicada em conjunto com
outras normas aplicadas a esse campo como a legislação sobre propriedade intelectual; a
Lei de Propriedade Industrial (Lei 9.279 de 14 de maio de 1996); a legislação sobre
direitos do autor; assim como o Marco Civil para a Internet (Lei 12.965 de 23 de abril
de 2014) e o Marco Regulatório das organizações da Sociedade Civil (Lei
13.019/2014),vão formando o que podemos chamar de Marco Legal para a Ciência,
Tecnologia e inovação no país que deve fomentar a Popularização da Ciência e o
141
4. CONCLUSÃO
Em síntese, a legislação brasileira nos últimos anos tem sido avaliada pelos
atores do Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (SNCTI) como um dos
grandes entraves ao desenvolvimento científico do país. Felizmente essa realidade vem
mudando, parece que o governo brasileiro acordou em relação a necessidade de criação
de um marco legal mais amigável para com a pesquisa cientifica e tecnológica do país,
facilitando a liberação de recursos para essa atividade no país.
As nos leis que estão sendo aprovadas, assis Tribunais de Contas.
As universidades também – enquanto entidades de ciência, tecnolom como a
Emenda que altera o texto constitucional são uma prova disso. Todavia, mudar a lei
somente não vai resolver a questão, será preciso um esforço nacional pela informação e
capacitação das pessoas que operam o direito nessa área como Procuradores de Estado,
Ministério Público e o próprio judiciário, não esquecendo dos órgãos de controle como
ogia e inovação – deverão passar por grandes reformas em seus regulamentos internos
para se adequar a nova realidade, caso contrário ficarão no atraso e com dificuldades
inclusive para obter recursos para a sua sobrevivência. Talvez assim recupere
legitimidade social perdida ao produzir um conhecimento mais sintonizado com as
necessidades sociais.
O Brasil vive um grande risco, o risco da dependência tecnológica, nova
fronteira de exclusão entre as nações. Ou nosso país de adequa aos novos tempos, ou
verá a produtividade e o desenvolvimento nacional patinar frente ao avanço tecnológico
de outras nações. De nossa parte, somos otimistas quando este ponto, acreditamos que
esse novo caminho nos levará a um novo ramo para o direito, o direito à ciência,
tecnologia e inovação.
BIBLIOGRAFIA
BRASIL, Lei 11.196 de 2005 (Lei do Bem). Presidência da República: Brasília, 2015.
CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. Editora Paz e Terra: São Paulo, 2003.
MASI, Domenico di. Economia do ócio. Editora Sextante: Rio de Janeiro, 2001.