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UM MODELO DE REFERÊNCIA PARA

GESTÃO DA PRODUÇÃO EM SISTEMAS


DE PRODUÇÃO ASSEMBLY TO ORDER
– ATO E SUAS MÚLTIPLAS APLICAÇÕES

Carlos Frederico Bremer


Rogério de Paula Lenza
Escola de Engenharia de São Carlos – USP
Engenharia de Produção Mecânica
Av. Dr. Carlos Botelho, 1465 – São Carlos – SP
Tel.: (16) 273-9425
E-mails: cfbremer@prod.eesc.sc.usp.br
rlenza@prod.eesc.sc.usp.br
v.7, n.3, p.269-282, dez. 2000

Resumo

A busca por competitividade nas empresas direciona cada vez mais para uma estrutura orientada
a processos de negócios. Diante disso, os modelos de referência tornam-se relevantes, pois é a partir
deles que são mapeados e documentados os processos de negócios. Este artigo apresenta um modelo
de referência para o processo de negócio de Gestão da Produção, para empresas que montam seus
produtos finais sob encomenda. Esse modelo de referência foi desenvolvido pelo Grupo de Logística
Integrada do Núcleo de Manufatura Avançada da USP São Carlos. Primeiramente é apresentado o
processo de seleção do método de modelagem, diante dos principais métodos existentes. A seguir é
apresentado o processo de desenvolvimento do modelo de referência, bem como as principais
atividades e informações que o compõem e, finalmente, é feita uma discussão sobre as possibilidades
de uso do modelo apresentando e mostrando uma aplicação para ensino.

Palavras-chave: gestão da produção, modelos de referência, processo de negócio.

1. Introdução competidores, fornecedores e em relação à sua


administração interna. Diante desse contexto, as

A s mudanças que vêm ocorrendo no mercado


exigem que as empresas adotem uma nova
postura de atuação frente aos seus clientes,
empresas investem cada vez mais em ações de
melhorias, tais como: processos de reengenharia,
adoção de um sistema de gestão empresarial
270 Bremer & Lenza – Um Modelo de Referência para Gestão da Produção

integrado, certificações ISO (International No sentido de minimizar a falta de um mode-


Standart Organization), produção enxuta, lo dos processos de negócio nas empresas,
custeio por atividades, entre outras, cujo objetivo algumas organizações de pesquisa, empresas de
principal é capacitar a empresas para atuar de consultoria e empresas de desenvolvimento de
forma competitiva no mercado. sistemas, desenvolveram, a partir de pesquisas e
Porém, cada vez mais tem se discutido o de suas experiências no mercado, modelos que
resultado obtido por essas ações. A grande podem ser utilizados como referências para que
maioria das ações demanda um alto investimen- as empresas, a partir desses modelos de
to, provoca mudanças no comportamento da referência, construam seus próprios modelos.
empresa, tanto internamente quanto externamen- Estudos de casos recentes, mostraram que o uso
te, e por último algumas delas possuem um de modelos de referência em projetos organiza-
longo período de implantação, como por cionais podem reduzir o custo e o tempo de
exemplo a implantação de sistema de gestão implantação em até 30% (SCHEER, 1998).
empresarial integrado. O objetivo deste artigo é apresentar um
Um aspecto comum quando se pretende adotar modelo de referência para o processo de negócio
uma ação é que a maioria delas exige que sejam de Gestão da Produção, para empresas que
levantadas as atividades, funções, informações e montam seus produtos finais sob encomenda.
recursos que são utilizados pela empresa, ou seja, Esse modelo de referência foi desenvolvido pelo
que sejam levantados os processos de negócios grupo de Logística Integrada do Núcleo de
que existem na empresa. Processo de negócio Manufatura Avançada da USP São Carlos.
pode ser definido como uma série contínua de Primeiramente é apresentado o processo de
atividades realizadas pela empresa, com a seleção do método de modelagem, diante dos
finalidade de gerar um produto ou informação principais métodos existentes. A seguir é
(SCHEER, 1998). O ponto de partida e o produto apresentado o processo de desenvolvimento do
final de um processo de negócio são direciona- modelo de referência, bem como as principais
dos a um cliente externo ou interno (SCHEER, atividades e informações que o compõem, e
1998). ROZENFELD (1996) define processo de finalmente é feita uma discussão sobre as
negócio como sendo um fenômeno que ocorre possibilidades de uso do modelo, apresentando e
dentro das empresas. Compreende um conjunto mostrando uma aplicação para ensino.
de atividades realizadas na empresa, associadas
às informações que manipula, utilizando os 2. Modelagem de Processo de Negócio e
recursos e a organização da empresa. Forma uma Modelo de Referência
unidade coesa e deve ser focalizado em um tipo
de negócio, que normalmente está direcionado a
um determinado mercado/cliente, com fornece-
dores bem definidos.
C omo dito anteriormente, processo de
negócio representa o fluxo contínuo das
atividades que acontecem nas empresas. Pelos
Porém a atividade de modelagem dos proces- processos de negócios pode-se materializar as
sos de negócio ainda não é uma prática comum políticas gerenciais, os fluxos de documentos e
entre as empresas, o que acaba contribuindo para informações, os procedimentos operacionais e os
o aumento de custo e de tempo de implantação processos de manufatura. E a maneira de se
de uma ação ou projeto de melhoria. Isso porque trabalhar orientado por processos de negócios é
as empresas têm de investir tempo e recursos no por meio da construção de um modelo dos
desenvolvimento do modelo de seus processos processos de negócios da empresa.
de negócios, uma vez que, se as empresas já Além do fato do modelo dos processos de
possuíssem o modelo, essa atividade não seria negócios servir de base para implantação de
necessária. ações de melhorias nas empresas, VERNADAT
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(1996) ressalta que a modelagem dos processos vido com outros sistemas computacionais de
de negócios tem como finalidade: apoio às atividades, tais como o sistema SAP
• melhorar a representação e compreensão de R/3, processadores de textos e planilhas eletrô-
como a empresa trabalha; nicas. Ou seja, pelo modelo, é possível acessar
• racionalizar e assegurar o fluxo de informa- automaticamente informações que estão em um
ções; relatório, ou ainda processar transações do
• armazenar o conhecimento adquirido e o sistema SAP R/3. Essa característica é relevante
know how da empresa, para uso posterior; pois torna o modelo mais didático e integrado
• prover uma base para análises econômicas e com a forma de trabalho da empresa.
organizacionais;
• simular o comportamento de partes da empresa; 2.1 A R I S – Architecture of Integrated
• prover uma base para tomada de decisões Information Systems
operacionais e organizacionais e
• controlar, coordenar ou monitorar algumas A arquitetura ARIS, cuja ferramenta possui o
partes da empresa (i.e., alguns processos). mesmo nome, utilizada para a descrição de
Diante disso, o modelo dos processos de negó- processos de negócios, está dividida em quatro
cios torna-se relevante, uma vez que, a partir dele é visões distintas: Organização, Função, Dados e
possível construir uma visão única de aspectos Controle (SCHEER, 1991). Isto implica que
comportamentais e organizacionais, podendo cada processo é observado segundo uma
essa visão ser compartilhada por toda a empresa. perspectiva diferente para facilitar o entendimen-
Para tanto o modelo deve conter diferentes to. Para cada visão existem diferentes métodos
representações, ser expressado por um forma- que podem ser utilizados para a descrição da
lismo, permitindo que, com certo grau de situação real.
abstração as atividades, informações, recursos e A visão de dados representa todos os elemen-
a estrutura organizacional da empresa possam tos que modificam ou geram dados, que são as
ser representadas por de uma linguagem condições e os eventos. Os eventos são
(VERNADAT, 1996). As linguagens para representados por informações. Condições são
modelagem podem ser definidas em termos de referências, como por exemplo o status de uma
símbolos gráficos, textos ou até mesmo ordem de fabricação, que também é um dado.
linguagem matemática dependendo do grau de Esta visão então é caracterizada por representar a
formalismo desejado. movimentação (fluxo) de dados.
Atualmente existem várias arquiteturas de A visão de funções engloba as atividades e
referência para o desenvolvimento do modelo processos, apresenta uma descrição da função, a
dos processos de negócios, sendo que as que enumeração das suas subfunções (subprocessos)
mais se destacam são as arquiteturas CIMOSA e o relacionamento entre as funções.
(Computer Integrated Manufacturing Open System A visão organizacional representa as unida-
Architecture) e ARIS (Architecture of Integrated des organizacionais e usuários que compõem o
Information System). O desenvolvimento desse processo. Devido à sua proximidade, estes dois
trabalho utilizou a arquitetura ARIS. elementos são representados juntos. Os usuários
A adoção da arquitetura ARIS como arquite- são associados a unidades organizacionais.
tura de referência para o desenvolvimento do A integração entre as três diferentes visões
modelo apresentado, teve como principal ocorre pela visão de Controle. O método mais
aspecto o fato dessa arquitetura possuir uma importante na visão de Controle é o EPC
ferramenta computacional capaz de contemplar (Extended Event-Controlled Process Chain
todos os aspectos necessários para modelagem e Method), que consiste num diagrama com dois
ainda permitir a integração do modelo desenvol- elementos centrais: função e evento. O evento
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Condições1 Condições2

Dados

Evento1 Atividade1 Evento2 Atividade2

Funções

Unid. Org.1 Usuário1 Unid. Org.2 Usuário2

Organizacional

Figura 1 – Visões ARIS: dados, funções e organizacional.

contém informações que iniciam as funções, que processos de negócios, para que, através dessa,
por sua vez produzem eventos, e assim forman- seja especificado e detalhado o modelo particular
do a seqüência de atividades que estão em um da empresa.
processo. Neste método, um processo é uma Atualmente os principais fornecedores de
ocorrência, que é iniciada por um evento e modelos de referência são as empresas de
finalizada por outro evento (Figura 1). consultoria e empresas de softwares corporati-
Como resultado obtém-se a descrição de vos. Essas empresas possuem modelos especiali-
todas as atividades do modelo de referência, bem zados para vários segmentos de mercado. Outro
como sua ordenação e relacionamento com cada fornecedor de modelos de referência são os
área da empresa. Este método fornece vantagens institutos de pesquisas e órgãos de pesquisa,
na solução de problemas administrativos e porém os modelos tendem a ser mais genéricos e
organizacionais (SCHEER, 1998). não tão detalhados.
Resumidamente, segundo VERNADAT
2.2 Modelo de Referência (1996), as vantagens em se adotar modelos de
referência consistem em:
Os modelos de referência, os quais podem ser • redução de tempo e custo no desenvolvimen-
desenvolvidos em situações reais ou em estudos to do modelo particular;
teóricos, documentam os vários aspectos de um • comparação das atividades da empresa com
processo de negócio. Pode-se distinguir entre as atividades propostas no modelo (i.e.,
modelos procedimentais ou de implementação melhores práticas);
de softwares padrão, e modelos de negócios tais • melhor suporte na implantação de sistemas de
como modelos para gestão da produção e gestão empresarial integrados.
desenvolvimento de produtos (SCHEER, 1998).
Além disso, os modelos de referência podem ser 3. Modelo de Referência para Gestão da
especializados para mercado, segmentos ou Produção – ATO
tipologias específicas, como por exemplo: setor
automotivo, setor de alimentos, indústria
aeroespacial e outros.
O objetivo do modelo de referência é prover
O desenvolvimento do modelo de referência
em questão foi motivado pelas pesquisas
desenvolvidas pelo Grupo de Logística Integrada
a empresa com uma solução inicial para seus – LI do Núcleo de Manufatura Avançada –
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NUMA. As atividades de pesquisa deste grupo produtos é limitada. Nos sistemas ATO as
tratam do planejamento, implementação, entregas dos produtos tendem a ser de médio
controle e otimização do fluxo físico e de prazo e as incertezas da demanda (quanto ao
informações da empresa e das cadeias de mix e volume dos produtos) são gerenciadas
suprimentos nas quais atua, a partir dos objetivos pelo excesso no dimensionamento do estoque
estratégicos definidos. Para tal, engloba as áreas de subconjuntos e capacidade das áreas de
de planejamento e controle da produção, supply montagem.
chain management e logística. Além disso existe • Produção sob Encomenda (MTO – Make to
o estudo sobre os sistemas ERP – Enterprise Order) – O projeto básico pode ser desenvol-
Resource Planning – como ferramenta para o vido a partir dos contatos iniciais com o
auxílio à gestão da produção. O resultado dessas cliente, mas a etapa de produção só se inicia
atividades é empregado em cursos para a após o recebimento formal do pedido. A
comunidade acadêmica e empresarial bem como interação com o cliente costuma a ser exten-
em projetos de extensão com empresas. siva e o produto está sujeito a algumas modi-
O processo de negócio de gestão da produção ficações, mesmo durante a fase de produção.
não ocorre de forma única nas empresas. Este Num sistema MTO, os produtos geralmente
deve ser modelado de acordo com as restrições não são um de cada tipo, porque usualmente
dos diferentes tipos de sistemas produtivos. os produtos são projetados a partir de especi-
Segundo PIRES (1995), uma das maneiras de se ficações básicas. Os tempos de entrega ten-
diferenciar os sistemas produtivos é pelo grau dem a ser de médio a longo prazo e as listas
com que o cliente final participa na definição do de materiais são usualmente únicas para cada
produto, sendo que as quatro tipologias de produto.
produção básicas são (Figura 2): • Engenharia sob Encomenda (ETO –
• Produção para Estoque (MTS – Make to Engineering to Order) – É como se fosse
Stock) – Caracteriza os sistemas que produ- uma extensão do MTO, com o projeto do pro-
zem produtos padronizados, baseados princi- duto sendo feito quase que totalmente basea-
palmente em previsões de demandas. Nesse do nas especificações do cliente. Os produtos
caso, nenhum produto é customizado, porque são altamente customizados e o nível de
o pedido é feito com base no estoque de pro- interação com o cliente é muito grande.
dutos acabados. Isso significa que a interação
direta dos clientes com o projeto dos produtos Essas quatro tipologias básicas de produção
é muito pequena ou inexistente. Os sistemas definem ou direcionam grande parte das
MTS têm como principal vantagem a rapidez atividades que compõem o processo de Gestão
na entrega dos produtos, mas os custos com da Produção. A escolha da tipologia ATO para o
estoques tendem a ser grandes e os clientes desenvolvimento do modelo de referência
não têm como expressar diretamente suas baseou-se no fato de que esta tipologia guarda
necessidades a respeito dos produtos. Nesses características tanto da tipologia MTS como da
sistemas, os ciclos de vida dos produtos ten- tipologia MTO. Além disso, existe uma
dem a ser relativamente longos e previsíveis. tendência das empresas que produzem exclusi-
• Montagem sob Encomenda (ATO – Assembly vamente sob encomenda, e das que produzem
to Order) – Caracteriza os sistemas em que para estoque, de migração para a tipologia ATO.
os subconjuntos, grandes componentes e Isso porque as empresas que produzem para
materiais diversos são armazenados até o estoque tendem a ganhar com a possibilidade de
recebimento dos pedidos dos clientes conten- fornecer um produto menos padronizado, que
do as especificações dos produtos finais. A melhor atenda as necessidades dos clientes, e as
interação dos clientes com o projeto dos empresas que trabalham exclusivamente sob
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Fases do produto
P
Projeto Fabricação Montagem Expedição
E
F
R
O MTS
S
R C
Produção sob O
Previsões N L
ATO N
I
Produção sob E A
Pedidos C E
L
E MTO N
I
D T
Z
O ETO E
A
R S Ç
E Matéria-prima Componentes Semi-acabados Produtos
acabados Ã
S
Ciclo Produtivo
O

Figura 2 – Tipologias de produção.

encomenda têm a possibilidade de diminuir o Programar Produção e Controlar Produção. A


prazo de fornecimento para seus clientes e Figura 3 mostra o diagrama de hierarquia de
tendem a ganhar também com a padronização de funções do ARIS, com o primeiro e o segundo
componentes de seus produtos finais. níveis de detalhamento para o processo de
negócio Gerenciar Demanda.
3.1 Processo de Desenvolvimento do Modelo Após a definição dos subprocessos, passou-se
de Referência então para o detalhamento de cada um deles,
levantando principalmente as atividade e
O desenvolvimento do trabalho apresentado informações necessárias no modelo. A última
foi obtido por meio de pesquisas acadêmicas atividade foi a junção das atividades e informa-
sobre gestão da produção, de trabalhos práticos ções para o desenvolvimento do modelo EPC.
desenvolvidos em empresas e, por último por
entrevistas com empresas. 3.2 Atividades e Informações do Modelo de
A etapa inicial do trabalho consistiu no levan- Referência
tamento das particularidades que tipologia de
produção adotada impõe ao processo de gestão Nesse artigo mostraremos as principais
da produção. Uma vez concluída esta etapa, funções e resultados que são obtidos dos seis
foram definidos quais os principais subprocessos subprocessos que compõem o processo de
(que também podem ser compreendidos como Gestão da Produção.
processos de negócios) que compõem o processo
de gestão da produção. Esses subprocessos, que 3.2.1 Gerenciar Demanda
formam o nível mais abstrato do modelo, são:
Gerenciar Demanda, Elaborar Planejamento As empresas precisam de mecanismos capa-
Agregado da Produção, Elaborar Programa zes de gerir sua demanda e necessitam gerir sua
Mestre de Produção, Gerenciar Materiais, demanda. Isto é, precisam que as necessidades
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Gerenciar
Produção

Gerenciar Elaborar P.A. Elaborar Gerenciar Programar Controlar


Demanda Produção MPS Materiais Produção Produção

Realizar previsões
por segmentos de
mercado

Realizar previsões
por representantes
de vendas Primeiro nível de detalhamento
do modelo
Consolidar
informações sobre
o mercado
Segundo nível de detalhamento
Levantar grupos do modelo
de produtos por
seg. de mercado

Gerar plano
agregado de
vendas

Figura 3 – Hierarquia de Funções.

dos clientes sejam determinadas e satisfeitas Gerenciar Demanda seja realizado pelos gerentes
(VOLLMANN, 1993). O processo Gerenciar e coordenadores dessas áreas da empresa, dando
Demanda, busca prover a empresa de um assim um caráter multidisciplinar a esse
conjunto de atividades capazes de gerir sua conjunto de atividades.
demanda, ou seja, identificar quais as necessida- O principal resultado do processo Gerenciar
des dos clientes em termos de produtos e Demanda é o plano agregado de vendas. Esse
serviços, dimensionar a capacidade de absorção plano contém uma meta de vendas da empresa
de cada segmento de mercado e segmento de para um determinado período. Esse é um período
cliente, e determinar qual o nível de atendimento longo, geralmente de um ano. O plano agregado
para cada um desses segmentos. de vendas, como o próprio nome diz, fornece as
Desse modo, o processo Gerenciar Demanda quantidades para vendas em termos agregados,
deve estar diretamente vinculado com o plane- ou seja, em função de valores financeiros, ou
jamento estratégico da empresa (VOLLMANN, então para grupos ou famílias de produtos, ou
1997). Outra característica desse processo é que ainda por segmentos de mercado. Essas
apesar de fazer parte do processo de Gestão da informações são extremamente importantes para
Produção, envolve informações e decisões a produção, e devem respeitar as metas
financeiras, de vendas, da produção, da estabelecidas no planejamento estratégico da
engenharia ou desenvolvimento de produtos, e empresa. Desse modo o plano agregado
de marketing. Isso faz com que o processo consegue atender uma característica da tipologia
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ATO, que é a impossibilidade de realizar um portanto um fator chave para coordenar as


plano de vendas para cada produto específico. E, decisões na empresa (VOLLMANN, 1993).
em alguns casos ainda, as empresas que adotam Além disso, procura determinar os recursos
essa tipologia possuem um grande número de necessários para executar os planos estratégicos
produtos finais. da empresa (SKINNER, 1978). Ele reflete ainda
Para gerar o plano agregado de vendas são o posicionamento da alta gerência no que se
realizadas atividades como: previsões estatísticas refere à direção a ser tomada para os negócios,
de vendas por segmentos de mercado, análise de bem como o impacto das influências macroeco-
fatores econômicos para cada um dos segmentos nômicas. Portanto ele é diretamente relacionado
de mercado, pesquisa por representantes de com o plano agregado de vendas.
vendas, análise financeira de cada grupo de Porém, o plano agregado de produção não é
produtos, levantamento de novos produtos a uma previsão da demanda. É uma produção
serem lançados, levantamento das promoções de planejada, feita numa base agregada, pela qual a
vendas planejadas, entre outras. Métodos e gerência de manufatura deve ser responsável por
técnicas devem ser associados a cada uma dessas cumprir. Também o plano agregado de produção
atividades. Cada análise e atividade realizadas não é necessariamente igual ao plano agregado
devem conter ainda um fator de relevância, cujo de demanda.
objetivo é indicar quão bem a empresa executa Durante a conversão do plano agregado de
essas atividades. Esse fator de relevância é vendas para o plano agregado de produção, a
tomado com base no histórico de realização da empresa tem a possibilidade de inserir parâme-
atividade específica. Quanto maior o fator de tros associados à estratégia de manufatura e à
relevância, maior o peso da atividade para a capacidade de produção, podendo se antecipar à
consolidação do plano agregado de vendas. Esse demanda caso seja necessário, ou adequado,
plano deve ser revisto periodicamente ao longo devido à tipologia de produção adotada pela
do ano, para que seja realizado um controle empresa. Para tanto, a capacidade deve ser
daquilo que foi planejado e para que novos analisada em termos agregados, levantando-se o
fatores que possam alterar o comportamento das número de horas disponíveis em linhas de
vendas sejam incluídos. produção, unidades fabris, centros de trabalhos e
As principais informações utilizadas nessa mão-de-obra. Essa análise da capacidade tende a
parte do processo são: histórico de vendas, restringir o plano agregado de produção, ou
histórico com comportamento dos segmentos de direcionar recursos para o aumento da capacida-
mercado, relatórios de análise financeira por de produtiva.
grupo de produtos, relatórios de pesquisa de Uma vez gerado o plano agregado de produ-
mercado, histórico de faturamento, relatório de ção, esse deve ser desagregado para os níveis
investimento nos grupos de produtos. inferiores de planejamento. Esses níveis
inferiores de planejamento podem ser subfamí-
3.2.2 Elaborar Plano Agregado de Produção lias de produtos, produtos finais, unidades fabris
ou linhas de produção. A finalidade dessa
Uma vez gerado o plano agregado de vendas, atividade é distribuir as metas de produção para
deve-se convertê-lo, com base em vários fatores, cada unidade representativa de produção.
num plano agregado de produção, que servirá de
meta para a manufatura. Essa é umas das princi- 3.2.3 Elaborar Programa Mestre de Produção
pais funções do plano agregado de produção.
As decisões financeiras, de vendas, de enge- O processo Elaborar Programa Mestre da
nharia são integradas à decisão de manufatura Produção tem como objetivo desenvolver o
pelo plano de produção. O plano de produção é, programa mestre da produção. Esse programa é
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um planejamento da produção de curto/médio cálculo da necessidade líquida de cada item


prazo, que considera os pedidos existentes e é dentro de um determinado período.
realizado em função dos produtos finais e O estabelecimento da política de estoque do
componentes críticos, e não mais em termos item visa estabelecer como será o planejamento
agregados como no plano agregado de produção. e controle de estoque do mesmo, como por
Porém, o programa mestre de produção deve exemplo: ponto de reposição, MRP (Manufactu-
respeitar e considerar as decisões tomadas no ring Requirements Planning), entre outros.
plano agregado de produção. Vários fatores influenciam no estabelecimento
O programa mestre de produção executa tam- desta política de estoque, tais como: característi-
bém a função de conciliar a demanda existente e ca do fornecimento, custo de fabricação ou de
a capacidade disponível para aquele período, compra, consumo médio do item, importância do
procurando atender os pedidos dentro dos prazos item na composição do produto final.
estabelecidos e prever os momentos em que irá O cálculo das necessidades líquidas é feito
ocorrer o atraso de um pedido, tornando possível com base na política de armazenamento dos
assim uma negociação com o cliente. itens, e a partir desse cálculo é que são geradas
As principais informações utilizadas nessas as ordens de produção de componentes para o
atividades são: pedidos em carteira, pedidos chão-de-fábrica. As informações para essa fase
atrasados, capacidade disponível, produtos e lista do processo são: o consumo dos itens, lista de
de materiais, pedidos programados, entre outras. materiais do item, custo de fabricação, custo de
O programa mestre de produção permite a armazenagem e o tempo de suprimento.
simulação de situações de planejamento da linha
de montagem onde é possível medir a quantida- 3.2.5 Programar Produção
de de estoque gerado, o número de pedidos
atrasados, o custo médio do produto fabricado. As atividades de programação e controle da
Com base nessas simulações é escolhida a produção estão relacionadas com o gerenciamen-
melhor programação dos pedidos na fábrica. to das atividades, passo a passo, envolvidas no
Uma atividade importante desse subprocesso processo produtivo. Production Activity Control
é a gestão do pedido. Esta visa garantir o (PAC), como é chamado em inglês, visa
atendimento de um pedido desde o processo de direcionar a programação detalhada e controlar
vendas. Pela verificação automática da disponi- as tarefas individuais nos centros de trabalho
bilidade de materiais e capacidade durante a (VOLLMANN, 1993).
entrada do pedido, é possível saber se empresa é O processo de programação e controle da
capaz ou não de atender o pedido dentro do produção executa a gestão do nível mais deta-
prazo estipulado pelo cliente; caso seja possível lhado do processo de gestão da produção. Está
o pedido é aceito e automaticamente e gera-se relacionado com a execução dos planos reali-
uma ordem de montagem do produto final, caso zados nos processos anteriores. De modo geral, o
contrário deve-se sugerir a partir de que data o processo de programação está relacionado com:
pedido poderá ser aceito. o registro gerado pelo cálculo das necessidades
de materiais, as ordens liberadas, o plano de
3.2.4 Gerenciar Materiais capacidade, o roteiro de produção, o status da
ordem, a performance do chão-de-fábrica.
O processo Gerenciar Materiais executa O planejamento detalhado de materiais gera
principalmente dois conjuntos de atividades. O as necessidades a serem fabricadas, e o plano de
primeiro, refere-se ao estabelecimento de uma capacidade mostra a capacidade disponível para
política de estoque para cada item envolvido no a programação. Essas necessidades são então
processo produtivo e o segundo, refere-se ao convertidas em ordens de produção e requisições
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de compras, e liberadas para o chão-de-fábrica e A atividade de controle da qualidade também


compras respectivamente. Durante a liberação é realizada após a operação, sendo responsável
das ordens de produção, é executada novamente por verificar se a peça atende as especificações.
uma verificação da disponibilidade de capacida- Isso é feito por dispositivos e instrumentos de
de e materiais e ainda é feita a reserva da medição. Uma vez identificado um defeito ou
capacidade e dos materiais para aquela ordem de problema, esse deve ser relatado em laudos-
produção. Essas ordens são gerenciadas no chão- padrão. Esses laudos são emitidos por pessoas
de-fábrica por um sistema de programação da capacitadas da área de qualidade, e também
produção. devem ser inseridos no sistema de controle.
Para tanto, os sistemas de programação da
produção utilizam algoritmos matemáticos de 4. Aplicações do Modelo de Referência
seqüenciamento de operações em máquinas. Isso Desenvolvido
faz com que o uso de sistemas computacionais
de suporte seja indispensável. Os algoritmos de
programação visam diminuir o tempo de
processo da ordem, o tempo de fila, o tempo de
U m aspecto importante na implantação de
um modelo de referência em uma empresa
é a definição do objetivo ao qual destina-se esse
transporte, entre outros, otimizando assim a modelo. Como dito anteriormente o modelo de
capacidade de produção disponível. referência fornece à empresa uma solução inicial
de processos de negócios, porém cabe a empresa
3.2.6 Controlar Produção determinar quais são os processos que mais se
assemelham com as suas operações, e ainda com
As atividades do subprocesso de controle da que grau de detalhamento a empresa irá construir
produção visam monitorar o fluxo de trabalho e seu próprio modelo. Isso está diretamente
o consumo de materiais de tempo no chão-de- relacionado com os objetivos da empresa para
fábrica, bem como verificar se os componentes com os modelos de referência. A empresa, diante
estão de acordo com os padrões de qualidade de seus objetivos, pode desenvolver seu modelo
estabelecidos. As atividades dessa fase do particular priorizando cada uma das visões do
processo são responsáveis por promover o modelo.
feedback de informações para os processos O modelo apresentado dá maior ênfase às
descritos anteriormente. informações e atividades que compõem o
As atividades de controle da produção inici- processo de Gestão da Produção, isso porque
am-se ao final de uma operação e referem-se ao tem como objetivos principais o suporte a
apontamento de informações no sistema. São implantação de sistemas ERP, suporte a gestão
apontados o tempo gasto com o setup da de conhecimento necessário para o processo de
máquina, o tempo de processo da operação, o gestão da produção e o auxílio ao ensino de
número de peças consumidas durante setup, a gestão da produção.
quantidade de matéria-prima consumida na
operação, o número de peças produzidas e o 4.1 Suporte a Implantação de Sistemas ERP
número de peças produzidas com defeito. Com
essas informações é possível calcular mais Atualmente, presenciamos um crescente
precisamente o custo de produção. Além disso, aumento nas implantações de sistema de gestão
essas informações atualizam os estoques, os empresarial integrado, também chamado de
históricos de consumo de matérias-primas, e a Enterprise Resoucer Planning – ERP. Uma
capacidade disponível de produção, podendo característica importante do processo de implan-
também informar se uma ordem está ou não tação desses sistemas é volume de informações
dentro do prazo estabelecido para sua conclusão. referentes a empresa que é movimentado.
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O foco desses sistemas é atender os objetivos processo de gestão do conhecimento (SCHEER,


estratégicos da empresa e otimizar a execução 1998). Pelas informações existentes no modelo
das atividades do negócio (KIRCHMER, 1998). de referência é possível a documentação e
Para tanto se faz necessário o levantamento dos armazenagem do conhecimento utilizado pela
principais processos de negócios existentes na empresa. As atividades provêm um mapa de
empresa, com ênfase nas informações processa- como as informações são utilizadas e transfor-
das, nas atividades e na estrutura organizacional madas, e ainda, para execução de determinadas
da empresa. atividades é necessário que os usuários tenham
O uso de processos de negócio na implanta- conhecimentos específicos requeridos pela
ção de sistemas ERP é possibilitado pelas atividade. Pela ligação da estrutura de atividade
características de integração, descentralização, do modelo de referência com a estrutura
dinamicidade, e orientação ao usuário existentes organizacional é possível identificar as pessoas
nos sistemas ERP. Características essas, típicas habilitadas com os conhecimentos necessários
de uma estrutura orientada a processo de para execução de uma determinada atividade,
negócios. bem como planejar o desenvolvimento de
Desse modo, é necessário o levantamento dos determinado conhecimento na organização.
processos apropriados para se atingir os Isso faz com que o modelo de referência seja
objetivos estratégicos da implantação. Esses uma importante ferramenta para a gestão do
processos devem receber o suporte dos sistemas conhecimento, uma vez que esta é capaz de
ERP, através dos seus diversos módulos e, por armazenar e documentar os conhecimentos
fim, o usuário deve ser capacitado para execução existentes na organização, e ainda servir de base
desses processos pelo uso dos sistemas. para planejar o desenvolvimento de novos
O modelo apresentado por esse trabalho está conhecimentos, sempre sendo norteado pelos
sendo utilizado para dar suporte a implantação objetivos estratégicos da empresa.
do sistema SAP R/3 no NUMA, no âmbito das
pesquisas desenvolvidas pelo Grupo de Logística 4.3 Ensino de Gestão da Produção
Integrada. Para tanto, foi criada uma empresa
fictícia, cuja tipologia de produção é a mesma do Outra aplicação encontrada para o modelo de
modelo de referência em questão, e ainda adota referência é o ensino de gestão da produção.
integralmente o modelo de referência como seu Essa aplicação foi testada e validada dentro da
modelo particular. Ao final dá implantação, disciplina de Planejamento e Controle da
espera-se ter o modelo validado para dar suporte Produção II do curso de graduação em Engenha-
à implantação de sistemas ERP. ria de Produção Mecânica da Escola de
Engenharia de São Carlos.
4.2 Gestão do Conhecimento Necessário para A proposta do uso do modelo para ensino
o Processo de Gestão da Produção consiste em duas etapas. Na etapa inicial do
curso, os conhecimentos referentes à gestão da
O conhecimento corporativo é cada vez mais produção são transmitidos da maneira tradicio-
relacionado como um importante componente nal, expositiva. Numa segunda fase é exigido
para a gestão dos negócios da empresa. Este que os alunos, organizados em grupos de traba-
inclui os conhecimentos referentes aos produtos, lho, construam seus próprios modelos, com base
tecnologias, procedimentos organizacionais, bem numa situação dada. Esses modelos são então
como o conhecimento de cada indivíduo que comparados com o modelo de referência para
compõe a organização. possíveis correções e esclarecimento de dúvidas.
A documentação, armazenagem e utilização A parte mais importante é quando os alunos
desse conhecimento são as atividades-chave do têm que construir seus próprios modelos. A
280 Bremer & Lenza – Um Modelo de Referência para Gestão da Produção

Tipo de Empresa Modelo de Referência Produto Exemplo

Clientes
Apresentações Testes

Cursos Simulações Workshops

CONHECIMENTOS
filosofias/conceitos – métodos/técnicas – soluções/ferramentas

Figura 4 – Estrutura e Aplicações do Cenário.

partir dessa atividade geram-se discussões de referência é o instrumento utilizado para


importantes para o aprendizado, e além disso, o representar os processos de negócios. Para que
modelo permite uma melhor compreensão de as atividades do modelo de referência possam
cada uma das fases da gestão da produção, e da ser realizadas é necessário o domínio de
relação existente entre elas, bem como a conhecimentos específicos.
importância de conceitos, métodos e técnicas Base de Conhecimento: a base de conheci-
para a realização de cada uma dessas fases. mento reúne um conjunto de conhecimentos
Além da aplicação nas disciplinas, foi desen- relativos a um determinado assunto. Esses
volvido um ambiente que possibilita o aprendi- conhecimentos podem ser sistematizados da
zado de forma prática, onde o modelo de seguinte forma:
referência é um dos componentes desse • Conceitos/Filosofias: são os conhecimentos
ambiente (LENZA, 1999). A esse ambiente é mais amplos que servem para criar um emba-
dado o nome de cenário. O cenário tem como samento teórico e fornecer diretrizes para a
objetivo servir de base para o aprendizado dos implantação dos métodos, técnicas, sistemas,
conhecimentos a partir de uma maneira prática, ferramentas e soluções.
onde o aluno pode vivenciar o conhecimento • Técnicas/Métodos: são conhecimentos não tão
aplicado que se espera transmitir. Para tanto, o abrangentes como os conceitos e filosofias e
cenário é constituído dos seguintes elementos: normalmente são estruturados em passos, ou
produto exemplo, tipo de empresa, base de relacionados com algo específico, para atingir
conhecimentos e um modelo de referência. Estes um determinado objetivo. Muitas vezes eles
elementos estão detalhados na Figura 4. relacionam-se com os conceitos e filosofias,
Modelo de Referência: para que a empresa podendo até ser classificados como tal.
possa ter uma visão por processos de negócios é • Ferramentas/Sistemas: são conhecimentos
necessário que os mesmos sejam identificados, relacionados com produtos comerciais, que
mapeados e representados, tornando possível podem ser utilizados nos processos. Normal-
uma compreensão das atividades, informações, mente, uma ferramenta está associada a um
recursos que existem na organização. O modelo conceito e/ou método.
GESTÃO & PRODUÇÃO v.7, n.3, p.269-282, dez. 2000 281

Tipo de Empresa: procura definir o ambiente A relação existente entre esses quatro elemen-
para o qual foi desenvolvido o modelo de tos é que o tipo de empresa e o tipo de produto
referência. Fatores como porte, área de atuação, dão as restrições necessárias para o desenvolvi-
segmento de mercado, produtos, fornecedores mento do modelo de referência. Associados ao
ajudam a caracterizar um tipo de empresa. Ou modelo desenvolvido estão os conhecimentos
seja, para cada configuração que se cria, como necessários para a realização das atividades.
por exemplo: uma empresa de grande porte, Além desses quatro elementos é preciso
que atua tanto no mercado interno como prover o cenário de uma infra-estrutura capaz de
regionalmente, dentro do segmento automotivo; suportar a aplicação disso tudo. Essa infra-
tem-se um modelo de referência que é mais estrutura deve ser composta por hardwares,
adequado. softwares, recursos áudio visuais capazes de
Tipo de Produto: tem como finalidade carac- suportar realização das atividades do modelo de
terizar o produto desenvolvido e comercializado referência.
pela empresa. De acordo com o tipo de produtos, Desse modo, tem-se um ambiente onde é
tem as definições de como é o sistema produtivo possível transmitir conhecimento com maior
dessa empresa, como é o relacionamento com nível de absorção, ou seja, pela vivência dos
seus fornecedores e clientes, e quais são as conhecimentos necessários para realização das
tecnologias envolvidas no seu processo de atividades do modelo de referência para um
fabricação. determinado tipo de empresa e produto.

Referências Bibliográficas

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Springer-Verlag, Berlin, 1998.
282 Bremer & Lenza – Um Modelo de Referência para Gestão da Produção

A REFERENCE MODEL FOR PRODUCTION MANAGEMENT IN ASSEMBLY


TO ORDER – ATO PRODUCTION SYSTEMS AND ITS MULTIPLE
APPLICATIONS
Abstract

The search for competitiveness in the companies heads each time more for a business process
oriented structure. Ahead of this, the reference models came up with a relevant importance, because
they are responsible for documenting and mapping the business processes. This article presents a
reference model for the business process of Production Management, applied for assembly to order
enterprises. This reference model was developed by the Integrated Logistic Group from the Nucleus of
Advanced Manufacturing from USP – São Carlos. Initially the selection process of the modeling
method is presented, ahead of the main existing methods. After this, the development process of the
reference model is presented, as well as the main activities and information that compose it and finally
a discussion about the possibilities of the use of the model presented is made and an application for
education is shown.

Key words: production management, reference model, business process.

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