Você está na página 1de 8

CURSO: Psicologia

DISCIPLINA: Psicopatologia do Comportamento e da Personalidade

PROFESSSORA: Elaine Marinho

ALUNA:

Aline Cristina Felix Domene 20171112179

Sara Carneiro Gomes da Silva 20171112220

ASSUNTO: O Filme: Justiça em Família (relacionado com a


psicopatologia da personalidade).

Fortaleza- Ce

2021
O FILME: JUSTIÇA EM FAMÍLIA RELACIONADO COM A PSICOPATOLOGIA DA
PERSONALIDADE
O longa acompanha a história de um pai de família em busca de vingança, após a esposa
morrer pelas ações inescrupulosas de uma empresa farmacêutica. 24 meses após seu encontro
com Bennett, o protagonista Ray tenta esquecer o que ficou sabendo. Enquanto isso, a senadora
Diana Morgan anuncia que sua campanha firmou uma parceria com a empresa BioPrime.
Mesmo com a insistência de Rachel em chamar as alegações de Bennett de “conspiração”, Ray
se infiltra em um evento de caridade e confronta Keeley, obrigando-o a reconhecer o dano que
causou em tantas pessoas. Na briga, Keeley afirma se inocente do assassinato de Bennett. No
confronto, Ray ganha um novo alvo: o acionista Vinod Shah. Após sufocar Keeley, o
protagonista foge da cena do crime. O personagem volta para casa, pega Rachel e os dois fogem
da polícia. Enquanto Ray persegue Shah, Rachel contata Meeker e pede para eles deixarem o
pai em paz, enquanto revela memórias tocantes de sua mãe para o paciente agente. O encontro
de Ray com Shah acaba saindo pela culatra, mas dessa vez, a culpa não é de Ray. Na verdade,
ele e Rachel estavam sendo perseguidos pelo mesmo mercenário (Amo) que matou Bennett,
instruído a matar “qualquer pessoa que pudesse implicar seu empregador”. Eventualmente, o
matador confessa que foi contratado por Morgan, o que oferece um novo alvo para Ray. De
volta a Pittsburgh, Ray e Rachel são interceptados pelas autoridades, e o protagonista foge para
um estágio lotado. O personagem de Jason Momoa chega até o teto da arena (a cena em que o
filme começa), o que leva Meeker a tentar convencê-lo a descer.

A trama de Justiça em Família, então, revela que o filme não conta a história de Ray, mas
sim de Rachel. Na verdade, Ray morreu naquele fatídico dia no metrô. Rachel ficou tão
traumatizada pelo evento, que chegou a dedicar os últimos dois anos de sua vida para se
reconstruir.

O transtorno dissociativo de identidade, anteriormente chamado transtorno de


personalidades múltiplas

O transtorno dissociativo de identidade, anteriormente chamado transtorno de


personalidades múltiplas, é um tipo de transtorno dissociativo caracterizado por ≥ 2 estados de
personalidade (também chamados alter egos ou estados do eu ou identidades) que se alternam.
O transtorno apresenta incapacidade de recordar eventos diários, informações pessoais
importantes e/ou eventos traumáticos ou estressantes, todo os quais tipicamente não seriam
normalmente perdidos com o esquecimento normal. A causa é quase invariavelmente trauma
opressivo na infância. O diagnóstico se baseia na história, algumas vezes com hipnose ou
entrevistas facilitadas por fármacos. O tratamento é psicoterapia a longo prazo, às vezes
combinada com farmacoterapia para comorbidades por depressão e/ou ansiedade.
A revelação não é exatamente uma surpresa. No início do filme, o personagem de Jason
Momoa afirma: “às vezes não sei se essas memórias são minhas ou dela… Pais e seus filhos,
onde nós paramos e eles começam?”.

Ou seja, durante esse tempo todo, Rachel apenas se imaginou como o pai. Quase todas
as cenas de Ray no filme, na verdade, foram protagonizadas por Rachel. Após os eventos
dramáticos no estádio de baseball, Meeker e Rothman dopam Rachel e a colocam em uma
ambulância. A personagem acorda a caminho do hospital e consegue escapar.

O filme termina pouco depois, quando Rachel entra em um prédio do governo, mata o O
grau observável das diferentes identidades varia. Elas tendem a ser mais evidentes quando as
pessoas estão sob estresse extremo. A fragmentação da identidade costuma levar à amnesia
assimétrica, na qual o que é conhecido por uma identidade pode ou não ser conhecido por outra;
i. e., uma identidade pode ter amnésia para eventos vividos por outras identidades. Algumas
identidades parecem conhecer e interagir com outras em um mundo interno complexo, e
algumas identidades interagem mais do que outras. O assassino profissional e confronta
Morgan. A protagonista obriga a senadora a confessar todos os seus crimes. Dias depois, ela
envia um áudio com a confissão de Morgan para Meeker, antes de embarcar em um avião.

O longa termina com a narração de Jason Momoa repetindo a mesma frase: “Pais e seus
filhos, onde eles param… E nós começamos”.

Como ela chegou a esse ponto? Como ela ficou tão destruída pelo trauma, a ponto de ter
que fingir ser outra pessoa?”, comentou a atriz.

O grau observável das diferentes identidades varia. Elas tendem a ser mais evidentes
quando as pessoas estão sob estresse extremo. A fragmentação da identidade costuma levar à
amnesia assimétrica, na qual o que é conhecido por uma identidade pode ou não ser conhecido
por outra; i. e., uma identidade pode ter amnésia para eventos vividos por outras identidades.
Algumas identidades parecem conhecer e interagir com outras em um mundo interno complexo,
e algumas identidades interagem mais do que outras. O transtorno pode começar em qualquer
idade, desde cedo na infância até a velhice.

Transtorno dissociativo de identidade tem as seguintes formas:

 Possessão
 Não possessão

Na forma de possessão, as identidades geralmente se manifestam como se fossem agentes


externos, normalmente um ser ou espírito sobrenatural (mas às vezes outra pessoa), que assumiu
o controle da pessoa, fazendo com que a ela fale e aja de uma maneira muito diferente. Nesses
casos, as diferentes identidades são muito evidentes (prontamente notadas pelos outros). Em
muitas culturas, estados de possessão semelhantes são parte normal da prática cultural ou
espiritual e não são considerados transtorno dissociativo de identidade. A forma de possessão
que ocorre no transtorno dissociativo de identidade difere pelo fato de que a identidade
alternativa é indesejada e ocorre involuntariamente, causa muita aflição e deficiência e se
manifesta em tempos e lugares que violam as normas culturais e/ou religiosas.

Formas de não possessão tendem a ser menos evidentes. As pessoas podem sentir uma
alteração súbita na forma como veem o self ou a identidade, talvez sentindo como se fossem
observadores de sua própria fala, emoções e ações, em vez de o agente. Muitos também têm
amnésia dissociativa recorrente. Transtorno dissociativo de identidade geralmente ocorre em
pessoas que experimentaram trauma ou estresse opressivo durante a infância.

As crianças não nascem com um sentido de identidade unificada; ele se desenvolve de


várias fontes e experiências. Em crianças oprimidas, muitas partes do que deveria ter sido
integrado permanecem separadas. Abuso crônico e grave (físico, sexual ou emocional) e
negligência durante a infância são quase sempre relatados e documentados em pacientes com
transtorno dissociativo de identidade. Alguns pacientes não foram abusados, mas passaram por
perda importante precoce (como a morte de um dos pais), doenças graves ou outros eventos
estressores graves. Em contraste com a maioria das crianças que desenvolvem uma
compreensão complexa e coesa de si mesmas e dos outros, crianças gravemente maltratadas
podem passar por fases em que diferentes percepções e emoções são deixadas segregadas. Ao
longo do tempo, essas crianças podem desenvolver capacidade de escapar dos maus-tratos “se
distanciando”—ou seja, se desconectando de seus ambientes físicos adversos—ou buscando
refúgio em suas próprias mentes. Cada fase do desenvolvimento ou experiência traumática pode
ser utilizada para gerar uma identidade diferente. Em testes padronizados, as pessoas com esse
transtorno têm classificação alto para suscetibilidade à hipnose e dissociação (a capacidade de
desatrelar memórias, percepções ou identidades da consciência).

Sinais e sintomas: Diversos sintomas são característicos do transtorno dissociativo de


identidade.

 Identidades múltiplas

Na forma de possessão, as identidades múltiplas são facilmente visíveis para os familiares


e colaboradores. Pacientes falam e agem de uma forma obviamente diferente, como se outra
pessoa ou ser assumisse. A nova identidade pode ser aquela da outra pessoa (muitas vezes
alguém que morreu, talvez de forma dramática) ou aquela de um espírito sobrenatural (muitas
vezes demônio ou deus), que pode exigir punição pelas ações passadas.
Na forma de não possessão, as diferentes identidades muitas vezes não são tão evidentes
para os observadores. Em vez disso, pacientes experimentam sentimentos de despersonalização;
i. e., eles se sentem irreais, removidos de seu próprio self e desconectados de seus processos
físicos e mentais. Os pacientes dizem que se sentem como um observador de suas vidas, como
se estivessem em um filme sobre o qual não têm nenhum controle (perda da entidade pessoal).
Eles podem achar que seus corpos têm uma sensação diferente (p. ex., como a de uma criança
pequena ou alguém do sexo oposto) e não pertencem a eles. Eles podem ter pensamentos
repentinos, impulsos e emoções que parecem não pertencer a eles e que podem se manifestar
como múltiplos fluxos de pensamento confuso ou como vozes. Algumas manifestações podem
ser notadas pelos observadores. Por exemplo, atitudes, opiniões e preferências dos pacientes (p.
ex., em relação a alimentos, roupas ou interesses) podem mudar subitamente, então mudar de
volta.

Pessoas com transtorno dissociativo de identidade também sentem que suas atividades
cotidianas são invadidas quando há uma alternância nas identidades ou interferência por um
estado de identidade no funcionamento do outro. Por exemplo, no trabalho, uma identidade
irritada pode repentinamente gritar com um colega ou chefe.

Os Transtornos Dissociativos têm um amplo espectro de apresentação, por isso é um tema


bastante discutido na Psiquiatria. Neste texto, conversaremos sobre o aspecto geral e as
principais classificações dos Transtornos Dissociativos à luz do DSM-5.

Transtornos Dissociativos: Aspecto geral

O DSM-5 traz um capítulo exclusivo para os Transtornos Dissociativos, imediatamente


após o capítulo dos Transtornos Relacionados a Trauma e a Estressores. Isso não foi uma
coincidência: os capítulos foram propositalmente colocados nessa ordem, uma vez que
Transtornos Dissociativos são frequentemente encontrados após traumas. Os transtornos cursam
com perturbação e/ou descontinuidade da integração normal de várias funções psíquicas, como
consciência, memória, identidade, emoção, percepção, controle motor e comportamento.

Os sintomas dissociativos, por sua vez, podem ser vivenciados de 2 formas distintas:

- Intrusões espontâneas na consciência e no comportamento;

- Incapacidade de acessar e controlar funções mentais que normalmente são de fácil acesso ou
controle.

Transtornos Dissociativos: Classificação


O DSM-5, os Transtornos Dissociativos são classificados em 5 diferentes apresentações.
Aqui, destacaremos as 3 apresentações de maior relevância: transtorno dissociativo de
identidade, transtorno de despersonalização/desrealização e amnésia dissociativa.

1) Transtorno dissociativo de identidade. Tipicamente caracterizado pelo binômio:

“Dois ou mais estados distintos de personalidade (ou experiência de possessão) + episódios


recorrentes de amnésia” Além disso, indivíduos com transtorno dissociativo de identidade
sofrem:

- intrusões recorrentes inexplicáveis em sua consciência (vozes, ações e fala dissociadas;


pensamentos, emoções e impulsos intrusivos);

- alterações do senso de identidade própria (atitudes, preferências, e sentir como se o corpo ou


as ações não lhes pertencessem);

- mudanças bizarras da percepção (despersonalização ou desrealização, como sentir-se


distanciado do próprio corpo enquanto se corta);

- sintomas neurológicos funcionais intermitentes.

2) Transtorno de despersonalização/desrealização

Aqui não há prejuízos no teste da realidade, porém o indivíduo pode experimentar a


despersonalização (experiências de irrealidade ou distanciamento da própria mente, de si ou do
corpo) e/ou desrealização (experiências de irrealidade ou distanciamento do ambiente ao redor)
clinicamente persistente ou recorrente.

3) Amnésia dissociativa

Os pacientes costumam ter amnésia dissociativa . Tipicamente ela se manifesta com

Lacunas na memória de eventos pessoais do passado (p. ex., períodos de tempo durante a
infância ou adolescência, morte de um parente)

Lapsos na memória confiável (p. ex., o que aconteceu hoje, habilidades bem aprendidas, p. ex.,
usar computadores)

Descoberta da evidência das coisas que fizeram ou disseram, mas de que não se lembram de ter
feito e/ou que parece improvável para eles mesmos. Períodos de tempo podem ser perdidos.

Os pacientes podem descobrir objetos em suas sacolas de compras ou exemplos de escrita


à mão pelos quais eles não são se sentem responsáveis ou reconhecem. Também podem se
encontrar em lugares diferentes daqueles que se lembram de estar e podem não ter ideia do
porquê ou como chegaram lá. Ao contrário de pacientes com transtorno de estresse pós-
traumático , pacientes com transtorno dissociativo de identidade se esquecem de eventos
diários, bem como aqueles estressantes ou traumáticos.

A percepção que os pacientes têm sobre a amnésia varia. Alguns tentam escondê-la. A
amnésia pode ser percebida por outras pessoas quando os pacientes não conseguem se lembrar
de coisas que disseram e fizeram ou informações pessoais importantes, como o próprio nome.

 Outros sintomas

Além de ouvir vozes, pacientes com transtorno dissociativo de identidade podem ter
alucinações visuais, táteis, olfativas e gustativas. Dessa forma, os pacientes podem ser
diagnosticados erroneamente como psicóticos. Mas esses sintomas alucinatórios diferem das
alucinações típicas dos transtornos psicóticos, como esquizofrenia . Pacientes com transtorno
dissociativo de identidade sentem esses sintomas como se viessem de uma identidade
alternativa (p. ex., como se uma outra pessoa quisesse chorar com seus próprios olhos, ouvir a
voz de uma identidade alternativa criticando-os). Depressão, ansiedade, abuso de drogas,
autolesão, automutilação, crises não epilépticas e comportamento suicida são comuns, assim
como disfunção sexual. Mudanças de identidade e barreiras amnésicas entre elas quase sempre
resultam em vida caótica. Geralmente, os pacientes tentam ocultar ou minimizar seus sintomas e
os efeitos que têm sobre os outros.

 Conclusão

A compreensão da experiencia dissociativa e da origem dos transtornos dissociativos é


difícil devido à complexidade da questão. As contradições de classificação são decorrentes das
dificuldades de se construir uma teoria da mente abrangente que unifique aspectos
neurobiológicos e psicodinâmicos. As teorias atuais focam aspectos específicos do problema,
mas ainda carregam as cores de sua cultura de origem. A elaboração teórica e a comparação
empírica de resultados entre diferentes culturas devem produzir informações úteis. A integração
da neurobiologia e da psicodinâmica é fundamental para a compreensão do fenômeno
dissociativo, intimamente relacionado à natureza da mente humana.

REFERÊNCIA

22 de agosto de 2021 na Netflix / 1h 36min / Ação. Roteiro Gregg Hurwitz, Philip Eisner
Elenco: Jason Momoa, Isabela Merced, Adria Arjona. Título original Sweet Girl

Johnson JG, Cohen P, Kasen S, Brook JS : Dissociative disorders among adults in the
community, impaired functioning, and axis I and II comorbidity. J Psychiatr Res 40
(2):131–140, 2006.
EUA AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION et al. DSM-5: Manual diagnóstico e
estatístico de transtornos mentais. Artmed Editora, 2014.

Você também pode gostar