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LIVRO: PESQUISA CIENTÍFICA NA PRÁTICA

Capítulo 5

COLETA DE DADOS

"Trata-se de um instrumento cuja vantagem, entre outras,é evitar "fugas" nas


respostas, bem como respostas evasivas. Isso porque são acompanhadas da
observação do pesquisador e de possíveis esclarecimentos, se as respostas não
tiverem de acordo com as perguntas. Podem ser abertas,estruturadas ou semi-
estruturadas." (p.82)

"No caso de entrevistas gravadas, é preciso levar em conta que,em média, para
uma hora de gravação são necessárias de duas a três horas para transcrição. O
registro de falas no relatório de pesquisa é ,porém, muito útil, pois trazer na
íntegra as palavras dos entrevistados aproxima o relatório de pesquisa à realidade
investigada, como se a pesquisa fosse um roteiro de filme." (p.82)

"A rigor, a amostra perfeitamente representativa compreenderia toda a população.


Por outro lado, rigor de uma pesquisa não é garantido pelo número e,sim, pela
própria problemática construída,é claro. Nesse sentido, a qualidade de uma
amostra está relacionada à sua relação com a teoria (materialização da teoria) e
com as características do real a ser investigado, o tensionamento entre real e
racional. A quantidade trará um grau maior de generalização somente se, dentre
os critérios decorrentes desse tensionamento (real e racional), o critério numérico
tenha peso igual." (p.84)

"A amostra deve, porém, ser válida e representativa do universo estudado.


Existem dois conceitos-chave para escolha da amostra, dois critérios a serem
considerados para a avaliação da qualidade da amostra: a diversificação e
saturação." (p.85)
"A diversificação permite aprofundar a pesquisa sobre um objeto de pesquisa a
partir da perspectiva de rede e abordar o fenômenode forma complexa e não
especialista." (p.85)

"Referente a pesquisa número de crianças-jornaleiras de Porto Alegre:Os critérios


para a seleção da amostra buscaram levar em conta inúmeros aspectos, como a
diversidade no ambiente de trabalho , a localização dos pontos de venda (extrema
relevância para a forma do trabalho que realizam), as diferentes idades dos
agentes, critérios que além de dar uma dimensão mais ampla sobre o aspecto
formativo do trabalho é relevante para que se percebam as modificações que isso
significa para dinâmica do trabalho, a maior concentração de crianças em cada
região, para que fique mais representativa dessa realidade e as diferenças de
gênero entre as crianças." (ALMEIDA NETO,1999,p.64) (p.86)

"A primeira etapa é uma forma de descobrir as características da população


pesquisada para, posteriormente, o pesquisador elencar uma amostra que seja
representativa." (p.87)

“Tratam-se, na grande maioria dos casos, estratégias para diminuir a tendência do


pesquisador em investir no ou sobre o objeto de pesquisa, ou seja, tornar a coleta
de dados o mais neutra possível a partir dos critérios de escolha de amostragem.
A seguir as amostras mais comumente utilizadas:

"Amostras probabilísticas: Esse tipo de amostra é construída a partir de uma


escolha do acaso. Trata-se de uma amostra na qual todos os elementos de uma
população têm oportunidade conhecida e não-nula de fazerem parte, além de
terem a mesma possibilidade de escolha." (p.87)

"Amostras não probabilísticas: São aquelas que nem todos:


(pessoas,organizações, cidade) têm a mesma possibilidade de fazer parte da
amostra. Elas podem ser desdobradas em: acidental: escolhida por alguns
critérios como o dia da coleta ou hora; de voluntário: às vezes escolhida por algum
limite ético na coleta; amostra típica (caso exemplar): escolhida a partir das
necessidades de estudo do pesquisador." ( LAVILLE,DIONNE,1999), (p.88)
CAPÍTULO 6

ANÁLISE DOS DADOS

"No que diz respeito à classificação das pesquisas em qualitativas e quantitativas,


é importante apontar, de início, para a possibilidade de articulação entre as duas
formas, e perceber que não são excludentes e, sobretudo, não há uma hierarquia
que aponte para a superioridade de forma sobre a outra." (p.89)

"Além disso, o grau de generalização das pesquisas hoje é cada vez menor. Isso
que porque na perspectiva da epistemologia do acos e da complexidade são cada
vez maiores e mais dinâmicos "os possíveis" em relação aos fenômenos
investigados e ao real analisado. Deve-se levar em conta que, na constituição dos
fenômenos, hà a questão do imprevisto, do acidente e do imponderável. E, ainda,
o fato de ser a opção teórica o que constrói o objeto de pesquisa, processo em
que não hà muito consenso sobre a melhor teoria utilizada." (p.90)

"O referencial desse autor pressupõe uma razão aberta que se reestrutura a cada
novo movimento. Essa é a única forma dessa epistemologia constituir-se enquanto
uma filosofia aplicada e especulativa, se for aberta ao novo. Daí a dificuldade em
tipificar e engessar métodos de pesquisas, e a necessidade de recriá-lo sempre."
(p.90)

"O empirismo da ciência contemporânea é feito de uma experiência que chega até
o objeto por um caminho mais complexo do que simples observação da natureza."
(p.91)

" As pesquisas são classificadas comumente em: pesquisa fundamental,


experimental,descritiva,enquete,pesquisa de opinião, abordagem
antropológica,história de vida, estudo de casos." (p.91)

"As pesquisas e suas estratégias dependem do objeto a ser investigado e podem


e devem trazer características inovadoras. Como aponta Edgar Morin (1998), "o
caminho se constrói caminhando", e conforme Gaston Bachelard (1985), "haverá
tantos métodos quanto os objetos a serem investigados." (p.91)
" A construção do objeto científico não se esgota com a coleta de dados. A análise
dos dados compreende a fase final da dialética descendente. É preciso analisar
ainda o modo de reconstruir os dados coletados através de várias técnicas de
coleta subordinadas ao quadro teórico." (p.91)

" A codificação, o experimento, a interpretação são etapas qualitativas necessárias


à construção do objeto, mas situadas no caminho da dialética descendente."
(MARRE,1991,p.59), (p.91)

"As hipóteses e as categorias de análise (conceitos) ajudam nessa construção.


Nessa etapa, ainda falta muito a fazer antes que possa fechar-se o círculo que liga
o que emergirá de sua investigação ao problema que a lançou. Nesse momento o
pesquisador está na etapa da verificação em que deve ainda estudar seus dados
em relação à hipótese, isto é, proceder a análise e a interpretação das
informações colhidas para, em seguida, chegar à etapa da conclusão."
(LAVILLE,1999,p.197), (p.92)

“ É preciso preparar os dados, agrupá-los e classificá-los por categorias que


remontam à elaboração dos instrumentos, grades ou questionários...que já
supõem uma forma de análise e de interpretação das informações, estejam elas já
presentes ou se trate daquelas que se pretende coletar.” (Ibidem, p.199), (p.92)

“Assim é possível tratar ou não de forma numérica, pois a forma permite o


tratamento e a análise dos dados com a ajuda dos instrumentos estatísticos.
Procede-se assim mais freqüentemente, com os dados obtidos por estruturados
ou padronizados como grades de observação, modelos de testes e questionários,
ao passo que dados que tomam forma literal serão objeto de uma análise de
conteúdo.” (Ibidem,p.199), (p.93)

“A codificação e tematização dos dados é construída à luz de dimensões ou de


indicadores extraídos de conceitos teóricos. A teoria está presente, então, na
escolha do tema,na construção das hipóteses, nas técnicas de coleta e análise de
dados, e nas considerações, finais da pesquisa.” (p.95)

“Em suma, trata-se da bagagem que levou o pesquisador à sua hipótese e que vai
agora ajudá-lo a dar significação ao que a pesquisa trouxe, a captar os
mecanismos das relações percebidas e a compreender o como e porquê de sua
presença.” (Ibidem, p. 212), (p.95)
“E preciso enfatizar que, se os testes de hipóteses ajudam a julgar a existência de
vínculos entre as variáveis, eles não especificam nada de seu caráter,
principalmente da natureza,causal ou não,das relações estudadas. A prova da
existência de um elo de causalidade resulta de outra coisa que não dos testes. Ela
depende mais da estratégia de pesquisa e da análise lógica.” (Ibidem,p.211),
(p.96)

“A demonstração da problemática de pesquisa constitui-se no confronto entre os


dados coletados e as suposições (hipóteses). Os dados coletados serão
distribuídos de acordo com o que é prioridade demonstrar ou explicar em cada
hipótese.” (p.97)

“As perspectivas quantitativas e qualitativas não se opõem então e podem até


parecer complementares, cada uma ajudando à sua maneira o pesquisador a
cumprir sua tarefa, que é a de extrair as significações essenciais da
mensagem.”(p.98)

Perguntas:

1.O que diferencia uma entrevista estruturada de uma entrevista semi-


estruturada?

2.Quando identificamos que diversificação da pesquisa já esta saturada?

3.Quais as técnicas que são abordadas nas pesquisas não probabilísticas?


Exemplifique:

4.Pode-se dizer que as hipóteses dão um foco à pesquisa? De que forma ela
auxilia neste processo de construção da realidade dos fatos?

5.Qual a característica pertinente da abordagem qualitativa para abordagem


quantitativa?
UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL

CURSO SERVIÇO SOCIAL

PESQUISA SERVIÇO SOCIAL II

FICHA DE PESQUISA CIENTÍFICA NA PRÁTICA

PROFESSOR HONOR DE ALMEIDA NETO

ALUNA: ALESSANDRA DE MORAIS

CANOAS, 2011.

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