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DIREITO DAS SUCESSÕES:

04/08
TERMINOLOGIAS:

 De cujus: pessoa que falece;


 Monte-mor: patrimônio deixado pelo de cujus e que inclui meação;
 Herança: é um todo indivisível, com natureza de bem imóvel. É tudo aquilo que
uma pessoa deixa quando morre, bens, créditos, débitos, direitos e obrigações.
 Legado: só existe na sucessão testamentária, o legatário recebe um bem certo e
determinado integrante da herança. Se o legatário receber um bem certo e
indeterminado recebe herança e não legado;
 Meação: valor dos bens deixados/recebidos pelo cônjuge/companheiro
sobrevivente em face do regime de bens ou da união estável;
 Legítima: é a parte correspondente a 50% do patrimônio de uma pessoa, e que
por força da lei pertence aos herdeiros necessários;
 Herdeiros necessários: são aqueles que tem direito a legítima, são os
ascendentes, descendentes, cônjuge, companheiro sobrevivente – não entra o
legatário e os colaterais;
 Herdeiros facultativos: legatários e colaterais;
 Parte disponível: é a parte que o de cujus em vida, poderia destinar a pessoa
diversa do herdeiro necessário. Doação inoficiosa: é aquele que excede a parte
disponível, atingindo a legítima quando tem herdeiro necessário. Lembre-se que
a legítima deve ser observada quando a transação é por ato gratuito, quando
onerosa não precisa ser observada.

Exemplo: Ana é casada sob o regime da comunhão parcial de bens com Carlos. Ana
antes do casamento tinha um patrimônio de R$600.000,00 e na constância do
casamento construíram um patrimônio de R$200.000,00. Ana deixou um testamento
com a seguinte cláusula: “Deixo 50% da minha parte disponível a Pedro”. Faça a
sucessão de Ana:

Sucessão de Ana:
Monte mor: R$ 1 milhão
Meação 200.000,00
Herança 800.000,00
Resposta: Pedro terá direito a R$200.000,00, já que o valor total da sua parte disponível
é R$400.000,00 e Ana disse 50% da parte disponível.

07/08

 Espólio: é massa hereditária de bens declarados no inventário. É um ser de


personalidade jurídica su geris (especial) e temporária, portanto, existe enquanto
existir o inventário. A PJ é temporária, findo o inventário e homologação da
partilha encerra-se o espólio. Sobrepartilha: reabre o inventário para realizar a
partilha que não foi feita, neste caso reabre o espólio. Espólio responde pelas
questões patrimoniais, seja das questões de cobrança (créditos de terceiros), ou
quando for demando por dívidas do de cujus. Espólio é representado pelo
inventariante.
 Inventariante: é a pessoa nomeada pelo juiz de direito, na forma da lei
processual para administrar o espólio. Só tem inventariante se tiver inventário.
 Administrador provisório: que administra a herança até que outra pessoa, ou
ela mesma, seja nomeada inventariante. O inventário tem que ser aberto em até
60 dias, sob pena de multa. Não incide perda dos direitos. É a pessoa que
administra durante o tempo em que os herdeiros não abrem o inventário.
 Testamenteiro: é diferente do inventario. É pessoa de confiança do testador,
nomeado no testamento, para cumprir sua última vontade. Ex. quero deixar na
minha morte o carro para meu amigo, mas para isso ele tem que cuidar do meu
cachorro, para eu ter certeza que meu cachorro será bem cuidado eu nomeio um
testamenteiro que irá fiscalizar se ele será bem cuidado, se minha vontade esta
sendo cumprida (sendo elas: entrega do carro e que este em troca cuide do
cachorro).

ESPÉCIES DE SUCESSÃO:
Quanto aos efeitos:

a) A título universal: sucessor a título universal, ou seja, é aquele que recebe toda
herança ou uma parte não individualizada dela. Ele tem ciência da porcentagem,
da fração, da quantidade, mas nunca terá certeza da especificidade de bens que
irá receber. Não sabe os bens que compõe a totalidade, a universalidade dos
bens, mesmo que o de cujus só tenha uma casa, não há como saber a
especificidade. Ele recebe a herança, porque é chamado de herdeiro.
b) A título singular: recebe coisa certa e determina, recebe legado, chamado de
legatário. Só ocorre na sucessão testamentária. Mas a sucessão a titulo
universal pode ocorrer na sucessão testamentária e sempre ocorrerá na
sucessão legítima.

Como é possível ter uma sucessão a título universal na sucessão testamentária?


Quando o de cujus não descrimina o bem. “Deixo para Pedro 20% da minha herança”.
Neste caso, Pedro está recebendo uma herança através de testamento. Pedro receberá
20% da herança, mas também arcará com 20% das dívidas, porque está recebendo a
título universal.
O que altera? quem recebe a título universal recebe a universalidade da herança,
por consequência responde também pela universalidade das dívidas, já o sucessor à
título singular, como recebe bem certo e determinado, ele só responde pelas dívidas do
bem. Exemplo: João deixa três apartamentos e dois filhos, mas um desses apartamentos
encontra-se com dívida condominial não importa se esse apartamento irá caber a Pedro
ou a José, a dívida é dos herdeiros. Na herança a título universal primeiro pagam-se as
dívidas do de cujus, portanto, pega-se o monte mor, tira a meação do
cônjuge/companheiro, a herança retira-se as dívidas e recebe-se o líquido partilhado.
Portanto, o sucesso a título universal responde por todas as dividas da herança, mas na
proporção do quinhão que ele recebe. Assim, se recebo R$100 mil herança eu vou
responder pelas dívidas do meu pai em até R$100 mil. As dívidas da herança são
dívidas do espólio, sendo assim primeiro quitam-se as dívidas do espólio, para depois
passarem o que sobrou aos herdeiros.
Quanto a fonte:

c) Legítima: a fonte é a lei. Quem vai herdar, o quanto e as condições que vão
herdar. Se uma pessoa morre sem deixar testamento, é o CC/2002 que irá
determinar as regras da herança. Caso a pessoa tenha herdeiro necessário a
legítima não poderá ser incluída no testamento.
d) Testamentária: a fonte é o testamento. É a sucessão derivada da vontade do de
cjus. Em uma mesma morte podem ocorrer as 4 espécies de sucessão. Exemplo:
José, faz um testamento comtemplando Pedro com um apartamento (sucessor a
título singular), os herdeiros não contemplados no testamento serão
contemplados a título universal. Assim, Pedro tem uma sucessão testamentária e
os demais uma sucessão legítima. Testamento é fonte do legado.

Todo sucessor que tem direito a legítima é o sucessor legítimo? Sim, quem tem
direito a legítima? Os herdeiros necessários (asc. desc. Conj. E companheiro). Mas nem
todo sucessor legítimo tem direito a legítima? Sim, porque a lei menciona que os
colaterais irão herdar.
Não confundir sucessão legítima, que é aquela derivada da lei, com legítima que
corresponde aos 50% dos bens destinados aos herdeiros necessários.
Atenção questão de prova: Em determinadas situações o cônjuge/companheiro irá
receber meação + herança. Quanto o cônjuge/companheiro irá receber de herança? Veja,
na questão não quer saber quanto estes irão receber de meação e sim de herança. Não é
para somar meação e herança. É, apenas, a herança. É sobre a herança que incide
imposto, é sobre a herança que incidem os efeitos da sucessão, não sobre a meação.
Observação: Pedro tem dois filhos e dois apartamentos, e resolve fazer um testamento
deixando apto A para José e apto B para Ana, é possível? Não, só seria possível se ele
tivesse 4 aptos. Seria, 02 aptos da legítima e 02 apto de testamento. Todavia, se os
herdeiros acatarem o testamento, não contestarem resolve-se.

ABERTURA DA SUCESSÃO: É com a morte que nasce o direito sucessório, é nesse


momento que abre a sucessão.

 Morte real: é toda e qualquer morte que se pode provar com uma certidão de
óbito. Como é possível provar a ocorrência da morte:
o Atestado de óbito, art. 77, Lei de Registro Público: dado pelo médico.
Não havendo médico no local, a certidão de óbito pode será feita a vista
de 02 pessoas qualificadas, que verificaram a morte:
o Declaração por 02 pessoas: Quando as duas pessoas chegam no cartório
para lavratura do óbito, o tabelião irá tomar o depoimento e em seguida
abre-se uma ação de verificação. Posteriormente, a ação de justificação.
o Morte em catástrofe: Ação de justificação: a sentença dessa ação
substitui a certidão de óbito. Neste caso, 1º prova-se que a catástrofe
ocorreu, salvo se pública e notório, que não precisa provar; 2º que a
pessoa estava presente no momento do ocorrido; 3º provar que após
todas as buscas e averiguações não foi possível encontrar o corpo
(impossibilidade de encontrar o documento para exame). Convencendo o
juiz da morte da pessoa dará uma sentença que substitui o atestado de
óbito.
o Art. 7º, CC: não são casos de morte presumida, porque morte presumida
é caso de ausência e o juiz ao declarar ausência ele declara
desaparecimento e não falecimento, e no referido artigo o legislador
mencionou que o juiz irá declarar falecimento. Também precisão de ação
de justificação. A sentença substitui o atestado de óbito. Possibilidades:

 I se for extremamente provável a morte de quem estava em


perigo de vida; Ex. Elisa Samudio. Neste inciso, não houve
catástrofe, mas é extremamente provável que esteja morta.
 II se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não
for encontrado até dois anos após o término da guerra.

Na morte real abre-se uma sucessão definitiva.

11/08

 Morte presumida: Ausência é o desaparecimento de uma pessoa que não dá


notícia de seu paradeiro, que não deixa ninguém para administrar seus bens. Não
há certeza, é a incerteza se a pessoa está viva ou morta. Declarada a ausência é
nomeado um curador para administrar os bens do ausente.

Procedimento:
A pessoa desaparece o que leva a propositura do processo de ausência (após
findar as buscas). Com a propositura da ação o juiz irá nomear o curador de ausente
para administrar seus bens (conj./companheiro, descendente, ascendente, parentes mais
próximos se não tiver parentes o juiz nomeia outra pessoa). Nomeado o curador ele
inicia o processo de arrecadação (art. 744 e 745 CPC). Esse processo é parecido com o
inventário, primeiro o curador vai apresentar a relação de herdeiros, estado civil, bens,
relação de créditos e débitos. No decorrer desse processo são realizadas várias
diligências para tentar encontrar o ausente. O curador tem que apresentar as diligências
que foram realizadas para tentar encontra-lo. São publicados editais durante 1 ano, a
cada dois meses (6 editais), não o encontrando e fazendo arrecadação dos bens, finda-se
o processo de arrecadação. Finalizada essa fase os interessados podem requerer que seja
aberta uma sucessão provisória, observando o seguinte prazo: quando o ausente não
deixar procurados os interessados poderão pedir a abertura da sucessão provisória após
um ano do término do processo de arrecadação. Quando o ausente tiver deixado
procurador1 o prazo passa a ser de 03 anos.
A sucessão provisória é feita para herdeiros provisórios, assim sabem que não
são donos em definitivo do bem. Aberta do inventário é feita com garantias, no intuito
de preservar os bens caso o ausente retorne, são elas (art. 22 a 39, CC):

 Bem imóvel só pode ser vendido com autorização judicial. Em regra, o valor é
depositado em juízo;
 Herdeiros facultativos (colaterais e legatários) só podem tomar posse dos bens se
prestarem caução idônea. Se a caução não prestada fica com o inventariante até
o término da sucessão definitiva. Os herdeiros necessários não precisam prestar
caução.
 Se os bens da herança renderem frutos e/ou rendimentos: os herdeiros
facultativos: que que capitalizar metade dos lucros em juízo, o restante ficam
para eles. Já os herdeiros necessários podem usufruir 100% dos
rendimentos/frutos.
 Os bens móveis sujeitos a depreciação ou extravio (não é qualquer bem móvel)
devem ser automaticamente vendidos e o produto da venda aplicados em títulos
da dívida pública ou da União.

A lei aponta que se o ausente voltar e ficar provado que sua ausência foi voluntária
e injustificável ele perderá suas partes nos frutos e rendimentos.
Passado 10 anos do trânsito em julgado da sentença que abriu a sucessão provisória
é aberta os interessados podem requerer a abertura da sucessão definitiva. Portanto, os
bens são cercados de garantia ao menos durante 10 anos. Há uma exceção que da
ausência chega-se a sucessão definitiva, ou seja, não abre a sucessão provisória. É o
caso em que o ausente tiver 80 anos ou mais e estar desaparecido a mais de 5 anos
(requisitos cumulativos). Se uma pessoa desaparecer com 79 anos de idade a sucessão
definitiva poderá ser declarada quando ela fizer 84 anos (porque passam 5 anos da
ausência). Se uma pessoa desaparecer com 70 anos de idade, a sucessão definitiva
1
A procuração é específica, com plenos poderes. Cláusulas: ad judicia e ad negocia.
poderá ser declarada quando ela fizer 80 anos (idade do desaparecido + tempo de
desaparecimento).
Declarada a sucessão definitiva as garantias desaparecem. Ocorre a sucessão como
se o ausente estivesse morto. Se o ausente retornar nos 10 anos seguintes ele terá direito
aos bens (e os sub-rogados) no estado em que se encontra.
LUGAR DA ABERTURA DA SUCESSÃO: trata-se do foro de inventário. A
competência é relativa, o juiz não pode declinar de ofício a competência, só se tiver
preliminar de contestação. Regra gera, o foro é o último domicílio do de cujus. Se a
pessoa tem domicílio incerto (art. 48 CPC) a competência será:

 1º lugar dos bens imóveis;


 2º domicílio incerto + imóveis em várias comarcas – qualquer comarca será
competente;
 3º se não tiver bem imóvel: na comarca da situação dos demais bens.

Inventário cumulado (art. 672, CPC):

 Identidade de herdeiros (duas ou mais pessoas falecem e deixam os mesmos


herdeiros);
 Morte de ambos os cônjuges ou companheiros, independentemente se os
herdeiros são ou nãos os mesmos.
 Quando uma partilha depender da outra para ser feita.

14/08
EFEITOS DA ABERTURA DA SUCESSÃO:
No feudalismo prevalecia a seguinte lógica tributária: o rei era o dono do país todo e
dividia o país em glebas muito extensas, chamados feudos, nomeava para esses feudos
os senhores feudais, pessoas de sua confiança ou da realeza. Os senhores feudais na
extensão de terra que lhe era destinada a subdividiam em servidões e entregavam aos
seus servos. O rei exigia dos senhores feudais uma alta carga tributária, que repassavam
aos seus servos. Os servos tinham, apenas, o direito de criar, morar, cultivar, a
propriedade pertencia a realeza. No séc. XV, foi instituído um imposto sobre a
transmissibilidade da herança, dizia a lei “que se um servo detentor da posse viesse a
falecer os seus herdeiros só poderiam continuar na posse daquela gleba de terra se
pagassem o imposto”. Foi motivo de rebelião abalando estrutura do feudalismo. Assim,
o rei baixou uma lei que em casa de morte dos servos a posse dos bem seria transmitida
aos seus herdeiros, independentemente do pagamento de qualquer imposto. Tal lei deu
origem ao direito de posse “droit saisine”. Segundo Caio Mário esse direito de posse foi
incorporado ao nosso ordenamento jurídico em um alvará no ano de 1784, estabelecia o
seguinte: com a morte de uma pessoa a sua herança (universalidade de bens, direitos,
obrigações, créditos, débitos), transmite desde logo aos seus herdeiros,
independentemente do pagamento de qualquer imposto. Temos então o primeiro efeito:

 1º Transmissão imediata da herança aos herdeiros e legatários. A transmissão se


opera independentemente do conhecimento dos herdeiros. O herdeiro e o
legatário podem desconhecer da morte do de cujus.
 Verificação da capacidade sucessória de acordo com a lei em vigor na data da
morte: verifica-se a lei da época da morte e não da abertura do inventário.
Abertura do inventário é diferente da abertura da sucessão. A abertura da
sucessão é igual a morte e a abertura do inventário é igual a processo.

VOCAÇÃO HEREDITÁRIA (art. 1798, CC: Legitimam-se a suceder as pessoas


nascidas ou já concebidas no momento da abertura da sucessão): Pessoas
vocacionadas a herdar. Regra geral, na sucessão legítima herdam os nascidos (vivo ao
tempo da morte) ou concebidos no momento da morte. Refere-se a capacidade de
herdar, mas a lei aponta uma ordem.

 É necessário estar vivo? Herdeiro que morre antes da morte do sucessor não
herda.
 Comoriência: a lei determina que se falecem simultaneamente não herdam entre
sim.

Exemplo: João e Ana são casados na separação obrigatório dos bens. Nenhum deles tem
descendentes e ascendências. João tem um irmão chamado Pedro e Ana uma irmã
chamada Rita. João tem patrimônio de 1milhão e Ana de 1 mil reais. João e Ana
falecem ao mesmo tempo, como é feita a partilha de João e de Ana? São comorientes,
portanto, não herdam entre sim.

 Pré-morto é o herdeiro que morreu antes do de cujus;


 Pós-morto é o herdeiro que morreu após a morte do de cujus;
 Comoriente é o herdeiro que morre ao mesmo tempo do de cujus.
Partilha de João: tem colateral, assim Pedro fica com 1 milhão.
Partilha de Ana: tem colateral, assim Rita fica com mil reais.

Rita procura um advogado e diz que ficou sabendo que Ana morreu depois de
João, ela abriu a porta do carro e deu dois passos e veio a óbito, e quem tem pessoas que
viram. Neste caso, João ao falecer passa seus bens a Ana, portanto, Ana tem uma
herança de 1.000.100,00, ao falecer quem herda todo património é Rita. Pedro não tem
mais direito a herdar.

 Já concebidas: nascituro tem capacidade sucessória mas sua legitimidade a


herdar é auferida se ele nascer com vida.
o Exemplo: a mulher pode pedir posse dos bens quando o filho ainda
estiver no útero. pai que falece quando o filho ainda era concebido, o que
ocorre quando:
 Nasce vivo: herança vai par ao filho e vai ser usufruído pela mãe.
 Nasce e morre: vai para filho e após a morte para mãe
(ascendente de 1º grau), incidem dois impostos: do de cujus para
filho e do filho para mãe.
 More in útero: vai para os ascendentes do de cujus, pai e mãe.

 Reprodução humana artificial (art. 1597, CC):


o Homóloga mesmo que falecido o marido: A e B combinam de ter filhos e
não conseguem engravidar, portanto, recorrem as TRA. Neste caso, o
marido congelou seu material genético. A lei diz que se esse marido vier
a falecer e a mulher se fertilizar com o material desse marido morto
(homóloga) o filho nascido será considerado filho do casal, concebido na
constância do casamento. A lei diz que essa criança terá direito a filiação,
mas não terá direito sucessório, porque a lei aponta que são legítimos a
suceder os herdeiros filhos e concebidos ao tempo de sua morte. Neste
caso, o filho foi concebido após a sua morte.
o São também presumidamente concebidos na constância do casamento os
embriões excedentários decorrentes de inseminação artificial homologa
havidos a qualquer tempo: embrião já é um ser concebido. Exemplo:
João e Maria utilizam dois embriões e congelam dois. João vem a
falecer. Segundo a lei são legitimados a herdar tanto os filhos vivos,
quantos os embriões. Como é feita a partilha? Porque eles precisam
nascer com vida, mas a lei já os protege quando são concebidos.

Revisão capacidade para herdar:

 Herdeiros nascidos ou concebidos no momento da morte


 A Capacidade sucessória dos herdeiros também é aferida no exato momento em
que a morte ocorre.

Comoriência:

 Os comorientes não herdam entre si porque estão simultaneamente mortos –


sempre encará-los como pré-mortos.

Nascituro:

 Legitimam-se a suceder as pessoas nascidas ou já concebidas no momento da


morte. O termo “já concebidos” aos olhos do legislador seria o nascituro. Ele
tem direito sucessório, que fica condicionado ao seu nascimento com vida.
Portanto, o natimorto nada herdará.

18/08/2018
CAPACIDADE SUCESSÓRIA:
Art. 1798, CC estabelece uma regra geral na sucessão legítima. Acontece que o
artigo 1799, CC, fala da capacidade sucessória na sucessão testamentária, ou seja, as
pessoas descritas no art. 1799, CC só podem herdar se forem contempladas em um
testamento. O caput do art. 1799 “podem ainda ser chamados a suceder”, pode-se
concluir que na sucessão testamentárias podem ser comtempladas as pessoas nascidas,
já concebidas e três outras pessoas que o artigo determina, sendo elas:

a) prole eventual: que ainda não existe, mas que eventualmente passará a existir.
São requisitos:
 filhos ainda não concebidos:
 filho de pessoa indicada pelo testador (não é filho do testador):
 desde que estejam vivas ao abrir a sucessão (quando da morte do testador):
O inciso I do art. 1799, CC deve ser interpretado em conjunto com o art. 1800, CC:
José faz um testamento com a seguinte cláusula testamentária: deixo para os filhos da
Letícia que forem concebidos após a minha morte uma casa no bairro Eldorado
(classifica e discrimina). Veja, não fora deixado nenhum bem para a Letícia, nem para
um filho que ela já tenha, nem para o filho que ela esteja carregando em seu ventre. O
bem é para o filho que eventualmente ela venha ter após a morte, todavia, não pode
estar concebido quando o testador estiver vivo.
O art. 1800, CC: No mesmo exemplo acima: diz a lei que havendo falecimento de
José a Letícia, salvo disposição em contrária no testamento, será curadora dos bens do
testamento. A curatela da Letícia, segundo a lei, aufere-se da mesma forma que a
curatela dos incapazes, ou seja, Letícia pode ter que prestar contas; pode ser
desconstituída. Lei completa que nascido o filho esperado caberá ao curador entregar ao
filho nascido todos os bens, bem como os frutos e rendimentos desde a morte do
testador. Letícia por se mãe será usufrutuária. Pode o testador deixar nomeado um
curador distinto. A lei aduz que decorrido dois anos da morte do testador e não for
concebido o filho, salvo disposição em contrário, caberá os bens aos sucessores
legítimos do testador. O prazo pode ser alterado pelo testador. Pode também dar
destinação diversa após determinado prazo. Exemplo: Caso Letícia não conceba um
filho durante dois anos este imóvel será dado a Pedro.
No exemplo acima: Caso Letícia adote um filho dentro do período de 02 anos o bem
será destinado a ele, porque dentro da lei não há distinção entre filho natural e adotado.
Se ela se habilitar ao processo de adoção no prazo é o suficiente, não importa quanto
tempo demorará o processo.
Art. 1799: na sucessão testamentária podem ainda serem chamados a suceder:

 os filhos ainda não concebidos:


 de pessoas indicadas pelo testador:
 desde que vivas essas ao abrir a sucessão:

Art. 1800: no caso do inciso I do art. 1799 os bens da herança serão confiados, após
a liquidação ou partilha ao curador (a) nomeado (a) pelo juiz, salvo disposição
testamentária em contrário a curatela caberá a pessoa cujo filho o testador desejou ter
por herdeiro e sucessivamente as pessoas indicadas no art. 1775. No tocante a
responsabilidade do curador segue as mesmas regras do curador do incapaz. Nascidos
com vida o herdeiro esperado será deferida a sucessão com os frutos e rendimentos
relativos a este a partir da morte do testador. Se não for concebido no prazo de 02 anos
será destinado aos sucessores legítimos.

b) Pessoa Jurídica: só pode recebe por testamento, não tem capacidade


testamentária ativa. Só tem passiva, ou seja, só pode receber bens, não pode
testar. Quem pode são os sócios que compõem o quadro da PJ. Para que receba
bem, por meio de testamento, ela precisa existir, portanto, só recebe bem se tiver
existência jurídica comprovada ao tempo da morte do testador. Ter seus atos
constitutivos registrados. PJ em estado de falência, liquidação, não herdam. A
única PJ que pode ser criada pelo testamento é a fundação.
c) Legitimados:
 Sucessão legítima: nascidas e já concebidas.
 Sucessão testamentária: nascidas, já concebidas, a prole eventual, PJ e a PJ não
concebida (fundação).

INCAPACIDADE PARA HERDAR: Quem não pode ser herdeiro ou legatário:

a) incapacidade absoluta:
 Mortos;
 Coisas;
 Animais;

b) incapacidade relativa (art. 1801, CC):

 A pessoa que a rogo escreveu o testamento: pessoa que escreve o testamento a


pedido do testamentário não pode herdar.
 Ascendentes, cônjuge ou companheiro, irmão (testamentária): o legislador
não citou descendentes. Ele está previsto no art. 1802, CC.
 Não podem ser herdeiros ou legatários: as testemunhas do testamento.
 Não pode ser herdeiro ou legatário: concubino (relação que não é pública) do
testador casado, salvo se este, sem culpa sua estiver separado de fato de seu
cônjuge a mais de 05 anos. O legislador não citou o feminino. Vide art. 1830,
CC: o cônjuge perderá direitos sucessórios se estiver separado do seu consorte se
estiver separado de fatos a dois anos. Vejamos, o legislador diz que o concubino
para ter direito precisa que o testador casado tenha separado de fato a 5 anos,
mas o art. 1830 falta que o cônjuge perde o direito após 02 anos de separação de
fatos, há uma incongruência, teria o concubino que esperar mais três anos para
ter direito? Ignorar o final do dispositivo “com culpa”.
 Tabelião civil ou militar que aprovar o testamento:

Não podem contemplar pessoas interpostas (laranja): quer atingir de certa forma a
pessoa que não pode herdar. Exemplo: Indivíduo que quer beneficiar a amante, como a
lei não possibilita, ele destina o bem ao pai dela, já que ela é filha única, neste caso,
receberá de forma indireta o bem. Pessoas interpostas são todos os desentendes;
ascendentes; cônjuge/companheiro e irmão dos não legitimados a herdar. “A minha
amante não pode herdar no meu testamento, portanto, nem seu irmão, nem seu filho,
nem seu filho”. O tio, primo, sobrinho da minha amante podem herdar, porque no
parentesco colateral, só não pode o irmão.
Obs: a rogo e testemunham não herdam pela clara influência que exercem.

Igualdade dos filhos: Art. 1803, CC: é lícito o legado em favor do filho do concubino
quando for filho do testador: é um dispositivo desnecessário, sendo filho é logico que
pode herdar, todos os filhos são iguais perante a lei.
Obs: As cláusulas que contemplam essas pessoas são NULAS de pleno direito não
ANULÁVEIS. Podem ser invocadas a qualquer momento, não incide prescrição, por
serem normas de ordem pública.

ART. 1784 ATÉ 1797, CC: REVISÃO

 Art. 1784: ocorrendo a morte de alguém a herança transmite desde logo aos
herdeiros legítimos e testamentários: 1º efeito da abertura da sucessão;
 A sucessão abre no lugar do último domicílio do falecido: regra de foro;
 A sucessão dar-se por lei ou por disposição de última vontade: são as espécies de
sucessão: Legítima e testamentária.
 Regula a sucessão e a legitimação para suceder a lei vigente ao tempo da
abertura da sucessão: 2º efeito.
 Morrendo a pessoa sem testamento transmite-se a herança aos herdeiros
legítimos, o mesmo ocorrerá aos bens não contemplados no testamento. Subsiste
a sucessão legítima se o testamento caducar ou for julgado nulo ou revogado, ou
seja, não tem testamento, portanto, prevalece a sucessão legítima.
 Ocorrerá sucessão legítima todas as vezes que a pessoa tiver herdeiro necessário,
porque a legítima não pode ser incluída no testamento.
 Art. 1790-está revogado, declarado inconstitucional.

21/08

ART. 1791 – DA HERANÇA E SUA ADMINISTRAÇÃO:


Qual natureza jurídica da herança? Natureza jurídica de bem imóvel para
efeito legal, é um todo unitário, mesmo que composta de vários bens. Geralmente, a
herança é em prol a mais de duas pessoas. É um todo unitário, indivisível até a partilha.
Não é possível a venda certa e determinada na herança. A cessão da herança deve ser
feita por escritura pública, e dependendo do regime de bens é necessária a outorga
uxória.
Regras para a cessão: Aplicam-se às regras do condomínio.

 Lavrar escritura pública


 Dar o direito de preferência: Aquele a quem não foi dado o direito de preferência
poderá, depositado o preço (na forma e condições ofertadas), haver para si a
coisa cedida para estranho, desde que requeira dentro do prazo de 180 dias
contados da transferência. Feito o depósito ele tem para si a coisa cedida para
estranho. A herança é transmitida na lavratura da escritura pública de cessão de
direitos hereditários.
 Autorização do cônjuge

É possível ceder parte do direito hereditário. A cessão pode ser onerosa ou gratuita,
ambas são feitas por escritura pública.
Exemplo: José, João e Pedro compraram um apto, registrado no nome dos três. São
coproprietários. Incidem as regras do condómino, são condôminos. Todos os frutos,
rendimentos, dívidas são repartidas entre os condóminos de acordo com sua quota parte.
Da mesma forma acontece na herança. Ônus e bônus são partilhados entre os herdeiros
ou de forma igualitária ou na medida de sua quota parte. Não podem ser vendidos os
cômodos de forma separada, o apto é um todo unitário, da mesma forma que a herança.
Pode ser vendido o direito.
Obs: De acordo com o CPC/2015 o prazo para abrir o inventário é de 60 dias. Se não for
aberto dentro do prazo acarreta multa.
O que devo fazer para ceder honrosamente meus direitos hereditários para terceiro?
Tem que dar direito de preferência aos demais herdeiros.
Qual formalismo a lei exige para cessão de herança? Escritura pública e registrar em
cartório.
Se eu for herdeiro eu preciso para cessão dos direitos hereditários, se casado for, sob
regime da comunhão parcial de bens, pedir autorização da esposa para vender a
herança? Sim, a lei exige. A lei dispensa a outorga uxória, apenas, no regime da
separação de bens e a participação final nos aquestos, se tiver cláusula.

ADMINISTRAÇÃO DA HERANÇA: Segue as regras do condomínio. A herança é


administrada pelo inventariante (pessoa nomeada pelo juiz na forma da lei). Até que
ocorra a nomeação do inventariante a herança é administrada por administrador
provisório. O art. 1797, CC uma ordem preferencial (um na falta do outro):

a) O cônjuge ou companheiro não separado de fato;


b) Herdeiro que estiver na posse dos bens. Caso tenha mais de um herdeiro na
posse do bem a lei determina que será o herdeiro mais velho.
c) Testamenteiro: pessoa nomeada pelo testador para cumprir suas vontades.
d) Pessoa indica pelo juiz.

Art. 1791, CC:

 O herdeiro não responde pelos excessos: cabe ao herdeiro provar o excesso.


 Direito de acrescer e direito de substituição: as vezes uma pessoa é sucessora de
vários títulos. O Direito de acrescer r e o de substituição são possíveis na
sucessão testamentária, ou seja, se eu ceder o meu direito de legatário não quer
dizer que estou cedendo ao meu direito de herança, porque meu direito de
herança é distinto do direito de legado. Ex. João falece e deixa uma casa para
dona Maria, e no testamento ele coloca uma cláusula que se a dona Maria não
quiser a casa ela será transferida a Pedro (cláusula de substituição). O que a lei
quer dizer é que se eu cedi meu direito de herança não significa que cedi meu
direito de substituição. Outra situação que a lei estabelece é o direito de
aquiescer: Duas ou mais pessoas são nomeadas na mesma cláusula testamentária
onde a expressa designação de direito de aquiescer. Ex. Pedro deixa uma
fazenda para Maria, Paula e Ana e determina que quando da sua parte qualquer
umas delas não puder, ou não quiser herdar o direito dele acresce ao direito dos
demais. Essa clausula precisa estar expressa. VERIFICAR SE É POSSÍVEL SÓ
QD NÃO DELIMITA.
 Co-herdeiros: sendo vários os co-herdeiros a exercerem o direito de preferência
entre eles se dividiram o quinhão cedido na proporção das respectivas quotas
hereditárias.
 No prazo de 60 dias, contados da data da abertura da sucessão instaurar-se-á
inventário do patrimônio hereditário perante o juízo competente no lugar da
sucessão para fins de liquidação e quando for o caso a partilha da herança;

Até o compromisso do inventariante a administração da herança caberá


sucessivamente:

a) Ao cônjuge ou companheiro se um com outro viviam no momento da


abertura da sucessão; (não tem cabimento para os que eram separados de
fato, de corpus, judicialmente);
b) Herdeiro que estiver na posse do bem, se tiver mais de um é o mais velho;
c) Ao testamenteiro;
d) Pessoa de confiança do juiz, na falta ou escusa dos citados nos incisos
antecedentes, ou quando, por motivo grave, tiver que ser afastado, tal
acontecimento deve ser levado ao conhecimento do juiz.

Art. 1804, CC:


Por que tenho que aceitar a herança? Qual sua importância no ordenamento
jurídico? Lembre-se que a aceitação não é o ato pelo qual se transfere a herança, ela é
transferida automaticamente com a morte do de cujus. A Aceitação é o ato pelo qual eu
confirmo a minha qualidade de herdeiro. Ninguém é obrigado a herdar, diante disso,
a aceitação é um ato confirmatório do direito que já me pertence.
A aceitação tem efeitos ex tunc, ou seja, retroage ao tempo da abertura da
sucessão, mesmo que realizada a posteriori.

FORMAS DE ACEITAÇÃO:
a) Aceitação tácita: atos próprios da qualidade de herdeiro. Ex. Pai morreu vou à
casa dele e pego as roupas deles, isso é um ato que aceitou a herança. Quando
uso, administro os bens. Pode ser até de forma negativa, ou seja, aquele herdeiro
que não concorda com o valor que está sendo atribuído aos bens, a forma como
está sendo administrada a herança, etc.
Obs: tem atos de herdeiro que não exprimem aceitação:
o atos oficiosos: herdeiro que vai atrás do registro do óbito; que cuida dos
preparativos do velório; etc.
o Administração temporária:
o Atos de conservação de direito: ex. pessoa falece e o herdeiro para evitar
o perecimento do bem manda consertar um telhado.
o Cessão pura e simples da herança: resume a renúncia. Herdeiro que fala:
cedo meu quinhão hereditário ao espólio, ao monte mor, a todos que tem
o direito. Não indica a quem especifico vai herdar. É a cessão pura e
simples.
b) Aceitação expressa: mera declaração escrita. A vontade de aceitar a herança já
basta;
c) Aceitação presumida: art. 1807, CC: o interessado em saber se o herdeiro irá
ou não aceitar a herança, o interessado tem que esperar 20 dias após a morte para
requerer ao juiz intime esse herdeiro, para que em no máximo 30 dias se
manifeste se aceita ou não, advertindo-o que o silêncio acarretará aceitação. Ex.
do credor de herdeiro (não credor de espolio) que tem interesse que o devedor
aceite a herança. Essa aceitação precisa de uma intervenção judicial, onde o
silêncio, após a intimação, presumi aceita.

Aula 25/08

a) Aceitação direta: é aquela feita pelo próprio herdeiro. Se esse herdeiro outorgar
uma procuração para um advogado é direta ou indireta? É direta, porque foi ele
que outorgou, ele que assinou. Pessoa própria outorgando poderes para alguém
representá-lo.
b) Aceitação indireta: é feita por terceiros. Ex. Mandatário (não no caso de
procuração para advogado); aceitação pelo gestor de negócio; pelo curador do
curatelado. Duas merecem destaque:
o Aceitação pelos credores: Art. 1813: é o caso em que o credor aceita a
herança pelo herdeiro. Quando o herdeiro renunciar a herança em
prejuízo aos credores poderão esses aceitar a herança em nome deles
com autorização do juiz. A habilitação dos credores neste caso se fará no
prazo de 30 dias do conhecimento do pacto da renúncia e pagas as
dívidas do de cujus prevalece a renúncia quanto ao remanescente que
será devolvida aos demais herdeiros.

Exemplo: A tem filhos: B e C. José é credor de C na quantia de R$40 mil reais. Falece o
ascendente de primeiro grau, deixando uma herança de R$100 mil reais, não tinha bens
e agora passa a ter por força de um direito hereditário. Acontece que C renuncia a
herança de A, com essa renúncia a herança vai toda para B. Neste caso, ele está
renunciando em prejuízo dos credores, portanto, os credores podem aceitar a herança
em nome deles, para tanto, precisam provar em juízo para requerer a herança: que é
credor desse herdeiro; que esse herdeiro renunciou a herança e que a renúncia lhe é
prejudicial. Se C tivesse aceitado a herança o credor poderia penhorar a cota cabível a
ele. O que sobra volta para monte mor, não volta para o herdeiro que renunciou. A
renúncia é feita no processo de inventário ou por escritura pública. Credor de herdeiro é
diferente de credor de espólio, esse habilita seu crédito no espólio, independente do
herdeiro aceitar ou renunciar.

o Aceitação pelo sucessor do herdeiro: Art. 1809: é indireta. A aceitação pelo


herdeiro é de forma expressa, tácita e presumida. Não confundir aceitação do
sucessor com a aceitação do herdeiro. A aceitação pelo sucessor ocorre
quando o herdeiro deveria aceitar e não aceitou, portanto, o sucessor faz por ele.
A lei determina que falecendo o herdeiro antes de declarar se aceita ou não a
herança o direito de aceitar transmite-se aos seus sucessores, salvo se houver
uma vocação adstrita a uma condição suspensiva ainda não verificada. O
parágrafo único fala: Os chamados a sucessão do herdeiro falecido antes da
aceitação, desde que aceitem a segunda herança aberta, poderão aceitar ou
renunciar a primeira.
Em uma mesma herança o indivíduo pode ser ao mesmo tempo legatário e herdeiro.
Portanto, a lei determina que se eu receber uma herança e um legado eu posso aceitar os
dois, ou renunciar a um e aceitar o outro, bem como renunciar os dois. Lembre-se que a
herança é um todo unitário, portanto, incorpora todo o patrimônio que o de cujus tem
em vida. Se meu pai tem o direito de cobrar uma dívida de alguém, mas ele também tem
o direito de renunciar a essa dívida, caso ele venha falecer na pendência de exercer esse
direito, esse direito será transmito ao sucessor, podendo, portanto, cobrar ou abrir mão
da cobrança da dívida.
Exemplo: A pai de B, C, D.
Patrimônio:
A: tem quatro apartamentos
C: tem uma casa
Cronologia das mortes: 1ª A; 2ª C.
Quando A morre ele deixa um todo unitário indivisível, ao morrer sua herança é
transmitida automaticamente a seus herdeiros nascidos ou concebidos ao tempo de sua
morte. Os apartamentos serão partilhados da seguinte maneira: 50% para B e 50% para
C. B e C são obrigados a aceitar? Não, podem aceitar ou renunciar. Se morrerem sem
exercer esse direito, este será transmitido aos seus sucessores. C vem a falecer antes de
declarar se aceita (de forma expressa, tácita ou presumidamente) ou não a herança esse
direito transmite aos seus sucessores, salvo se tiver pendente de uma vocação adstrita a
uma condição suspensiva ainda não verificada, que deveria ter sido observada pelo de
cujus antes de morrer. Exemplo: cláusula testamento: deixou para meu tio Antônio um
carro tal, placa, etc. desde que meu tio cole grau (legado com cláusula condição
suspensiva). Portanto:

 Se o testamenteiro falece e Paulo estiver cursando o curso superior há presença


de uma condição suspensiva ainda não verificada.

Como é possível colocar uma condição suspensiva em uma herança? Apenas,


através de testamento (art. 1809, CC, parte final do caput).

Qual a herança que C deixa quando morre? 01 – casa; e o direito de aceitar ou


renunciar a herança de A. Parágrafo único, art. 1809, CC:  Os chamados à sucessão do
herdeiro falecido antes da aceitação, desde que concordem em receber a segunda
herança, poderão aceitar ou renunciar a primeira.
MODOS DE SUCEDER: é o modo pelo qual o herdeiro vai a juízo pleitear seus
direitos hereditários.

a) Direito Próprio: é aquele herdeiro que pertence à classe (descendente,


ascendente, cônjuge, companheiro e colateral) e ao grau (1º, 2º e 3º)
chamado a sucessão. Qual é o único herdeiro que herda por direito próprio?
Filhos. Por que? Porque a primeira classe a ser chamada é dos descendentes e o
primeiro grau dos descendentes são os filhos. Filho só recebe por direito
PRÓPRIO, nunca por direito de REPRESENTAÇÃO. Se não tiver filhos os
netos herdam por direito PRÓPRIO. Se não tiver netos, os bisnetos. Se não
descendentes, os pais vêm por direito PRÓPRIO. Se não tiver descendentes e
pais, os avôs herdam por direito PRÓPRIO. Caso não tenham descendentes,
ascendentes, cônjuge ou companheiro herdam os colaterais (1º é o irmão) por
direito PRÓPRIO.

b) Direito de transmissão art. 1809, CC: é uma sucessão dentro da outra. Herda
por direito de transmissão aquele herdeiro que morre DEPOIS do de cujus e
ANTES de declarar se aceita ou não a herança. Portanto, o direito de aceitar ou
renunciar transmite-se aos seus sucessores. Por que é uma dupla transmissão?
Porque ocorre do de cujus para herdeiro (1º transmissão), do herdeiro para os
seus sucessores (2º transmissão).

c) Direito de representação: o herdeiro falece ANTES do de cujus. Esse herdeiro


precisa ter deixado descendentes capazes de herdar. É necessário observar cinco
requisitos:
a) Que o representado tenha falecido ANTES do de cujus;
b) Que o representante seja descendente do representando;
c) Que o representante seja CAPAZ de herdar do representado;
d) Diversidade de graus;
e) Não haver solução de continuidade

Aula 28/09
MODOS DE PARTILHA:
a) Por cabeça: é a partilha igual entre os herdeiros de uma mesma classe e um
mesmo grau. É a partilha igualitária.
b) Por estirpe: é a partilha para os descendentes do pré-morto. São os parentes que
vão representar aquele que ia herdar. Se A falece chama-se a suceder B, C e D,
são herdeiros da mesma classe e do mesmo grau. Neste caso, B, C e D sucedem
por direito próprio e a partilha é feita por cabeça. Todavia, se D falece, E, F e G
vão herdar por direito de representação e a partilha se faz por estirpe. 1/3 DP/C,
1/3 DP/C; 1/3 DP/E (E, F, G). Se B falece 1/3 vai para sua estirpe e o modo a
suceder é por direito de representação. Dentro da estirpe partilha por cabeça
aquilo que cabe a estirpe. Exemplo: se o valor é de R$ 900.000,00 – 300.000.00
DP/C para C; 300.000,00 B (filho) e 300.000,00 de D divide para os três filhos,
100.000,00 para cada – partilha por cabeça entre os filhos de D.
o 100.000,00 DR/E – filhos de D
o 300.000,00 DR/E - B
o 300.000,00 DP/C - C

Se C já tivesse falecido: 900.000,00 dividido pelo 4, DP/C. Só tem estirpe quando


tem direito de representação. A estirpe pode ter um herdeiro ou mais, mas só tem
cabimento no direito de representação.

c) Por linha: ascendente, considera-se a linha paterna e materna.

RENÚNCIA: é um ato jurídico pelo qual o herdeiro manifesta que não quer herdar. É
solene, obrigatoriamente é feita por escrito. A lei impõe alguns requisitos:

a) Capacidade civil e para alienar;

Obs: a capacidade civil não é um requisito absoluto, porque a doutrina entende que o
menor e o incapaz podem renunciar, desde que preencham dois requisitos: que a pessoa
esteja representada por seu representante legal e que aja aquiescência do MP e
homologação em juízo.
Estado civil do renunciante: a herança é um bem imóvel, portanto, a lei exige que em
alguns regimes de bens, mesmo para bens particulares, a outorga uxória é indispensável.
Veja, a lei diz que a concordância é necessária quando a lei exige para alienação em
determinados regimes a outorga uxória. Assim, no regime da Comunhão universal de
bens e parcial (a outorga pode ser suprida por autorização judicial) – sempre, na
separação final dos aquestos, se o pacto não tiver nada escrito, salvo se tiver uma
cláusula dispensado - separação nunca.

 Forma prescrita em lei: sempre expressa e escrita, através de duas formas:


o Judicial;
o Escritura pública: prova da morte e da relação hereditária com a pessoa
morta.

Obs: não existe renuncia tácita, presumida, particular. Só produz efeitos quando for feita
judicialmente ou por escritura pública. A renuncia produz efeitos automaticamente no
momento em que é feita, salvo no caso de menor e incapaz que depende de
homologação judicial.

Similitudes entre aceitação e renúncia:

 Ambos após a morte;


 Irrevogáveis, irretratáveis;
 Tem efeitos ex tunc, retroagem a data da morte.
 Não podem ser feitas de forma parcial

01/09

CONTINUAÇÃO - RENÚNCIA – obrigatoriamente e a renuncia é pura e simples:

a) Renúncia abdicativa: é renunciar a algo. Herdeiro renuncia em favor do


monte mor, não especifica quem vai herdar.
b) Renuncia translativa: é chamada pela doutrina, mas lembre-se NÃO É
RENÚNCIA, é feita em favor de alguém específico. Não é renúncia, porque
a lei não permite que a renuncia seja feita a favor de determinada pessoa.
Neste caso, ocorrem duas transações: 1º o herdeiro aceita e depois 2º cede a
favor de alguém, que pode ser gratuita ou onerosa.

IMPOSTOS QUE INCIDEM NA HERANÇA:


É o ITCD – imposto sobre transmissão causa mortis e doação, o fato gerador é a
transmissão da herança. A renúncia é o ato puro e simples, portanto, o renunciante não
paga imposto, porque não há transmissão.
Já, na renuncia translativa o imposto é cobrado duas vezes, pois, são duas
transações. A primeira é quando o de cujus transmite a herança ao herdeiro, trata-se do
imposto sobre a aceitação, portanto, incide ITCD, o responsável tributário é o herdeiro,
a segunda é quando o herdeiro cede ao cessionário, incide ITCD (por ser doação), se o
herdeiro vender a terceiro incide ITBI, o responsável tributário é o terceiro.

EFEITOS DA RENÚNCIA

 O renunciante é considerado como inexistente, como se nunca tivesse existido.


 Não se representa o herdeiro renunciante, porque não se representa quem não
quer receber. Os descendentes não podem representa-lo na sucessão a qual
renunciou;
 Herdeiro de descendente renunciante só herdará por direito próprio;
 Se o renunciante for o único capaz de herdar de sua classe e grau
 Ou se todos os herdeiros da mesma classe e grau do renunciante também
renunciarem.

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