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RESENHA 2 – OCHOA, NÁDIA.

"NAGINI, QUESINTUU E UMANTUU:


APROPRIAÇÕES ICONOGRÁFICAS DO 'BARROCO COLONIZADOR'"

“Nagini, Quesintuu e Umantuu: apropriações iconográficas do 'Barroco colonizador'”


é um texto escrito por Nádia Ochoa Rodrigues, a partir de uma investigação, e que foi
publicado e apresentado em 2018 no 56° Congresso Internacional de Americanistas em
Salamanca, Espanha.

Ochoa é licenciada em Turismo, Lazer e Patrimônio e diplomada em Estudos Básicos


em Economia, pela Faculdade de Letras e pela Faculdade de Economia, respectivamente,
sendo ambas instituições da Universidade de Coimbra. Entre 2014/2015 ela recebeu uma
bolsa da Fundação Tokyo e desenvolveu uma pesquisa no território de Tisdawi (Goa), na
Índia, para uma dissertação em História da Arte, tema que é abordado na obra.

A autora inicia o texto nos informando que o seu objetivo é fazer “... uma análise
conjunta de geografias apartadas. ”, sendo que as geografias referidas são, no caso, a América
do Sul e o subcontinente indiano, mais especificamente da área de Tisdawi. A investigação
se dá por meio da comparação entre as figuras mitológicas híbridas Quesintuu e Umantuu,
sereias de cauda pisciforme, oriundas da América do Sul, e nagin (parte cobra, parte mulher)
que também habitantes marinhas, mas originárias da Índia.

A justificativa principal dada por Ochoa para as semelhanças encontradas entre as


figuras mitológicas e na arquitetura das igrejas nas quais estavam presentes, é a fusão das
culturas locais não só com a dos colonizadores ibéricos, mas também entre si mesmas. Isso
ocorreu, pois, os clérigos enviados em missão evangelizadora, perceberam que as lendas
eram de grande apreço para as comunidades locais. Assim, adaptaram as lendas para padrões
aceitos pelo cristianismo e, após um tempo, as figuras passaram a ser identificadas com
apóstolos. Ou seja, “... cenas e fragmentos de antigas narrativas são reutilizadas e são-lhe
atribuídas novas significações...” (OCHOA, 2018, p. 5), processo também utilizado pela
autora (no caso, com relação aos conceitos das palavras) para a criação do termo “Barroco
Colonial”, que consegue ser aplicado aos casos estudados.

Por fim, o texto se encerra com a conclusão de que “... há muito para explorar nestas
duas geografias que ao invés de serem antagónicas, se complementam, tendo como
intermediário os religiosos e colonos europeus. ”. Essa afirmação, além dos outros pontos
destacados, abre espaço para um paralelo com o excerto de Kabengele Munanga “Arte afro-
brasileira: o que é afinal? ”, em que o autor também discorre sobre formas artísticas
resultantes da mescla cultural decorrente da colonização e debate um termo próprio para
identificá-las.

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