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TEMA: ENTRE ESTATUTOS E MAIORES PUNIÇÕES: COMO LIDAR COM UMA SOCIEDADE QUE NÃO SE

PREOCUPA COM SEU PASSADO E SEU FUTURO?

PASSADO, FUTURO E O DESRESPEITO AOS DOIS

De acordo com o IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, os idosos


e as crianças, conjuntamente, equivalem a 30% da população brasileira. Esses dois
polos da vida, embora correspondam a uma parcela significativa de cidadãos, muitas
vezes, são esquecidos, negligenciados e, até mesmo, agredidos, física ou
psicologicamente. Esse repugnante fato, frequentemente, é decorrência da fragilidade e
da dependência que essas faixas etárias representam para o restante da sociedade. Dessa
forma, surge o questionamento: Como fazer para assegurar dignidade física, moral e
social a esses indivíduos, que são, ao mesmo tempo, o nosso passado e o nosso futuro?
A animação “Up Altas Aventuras”, produzida pela Pixar, é famosa entre as
gerações mais jovens, mas, também, traz importantes mensagens aos adultos. Trata-se
da história de Carl, um idoso, viúvo e solitário, que é ameaçado de ser internado em um
asilo, sendo respeitado apenas por uma pessoa: uma criança de dez anos. Histórias como
a de Carl, fora da ficção, são mais habituais do que se imagina e, embora haja leis e
instituições de proteção ao idoso, a persistência de casos de negligência à terceira idade
ainda é revoltante. Esses eventos ocorrem, principalmente, por uma razão: a visão
distorcida que a sociedade tem dessa parcela da sociedade que, comumente, enxerga os
idosos como “loucos” ou de forma infantilizada. Desse modo, a solução para corrigir a
postura das pessoas, diante dos idosos, é a mudança de mentalidade, mediante a
compreensão de que: um idoso também é adulto e, na maioria dos casos, tem autonomia
para tomar as próprias decisões.
Ademais, é essencial abordar a omissão e o desamparo que diversas crianças,
indivíduos extremamente vulneráveis, sofrem no Brasil. O famoso caso do menino
Bernardo, que, quando tinha onze anos, foi cruelmente assassinado pela madrasta no
Rio Grande do Sul, traz uma comovente situação: Bernardo pediu ajuda ao Ministério
Público antes de falecer e não foi amparado. Esse cenário evidencia uma triste
realidade, em que crianças, mesmo quando procuram por apoio, nem sempre são
“levadas a sério”. Conforme o Ministério dos Direitos Humanos, há cerca de 233
notificações diárias de maus tratos a crianças no Brasil. Esses casos, embora advertidos,
frequentemente, não são resolvidos de maneira ágil, ou até mesmo, não possuem
continuidade devido à falta de provas. Dessa maneira, essa grave negligência só pode
ser solucionada com uma maior fiscalização e mediante a verdadeira efetivação das
garantias do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) que tem como objetivo a
proteção integral desses indivíduos.
Portanto, a resposta para assegurar dignidade a esses polos etários encontra-se
não somente na aplicação das leis, mas também no compromisso dos brasileiros em
construir uma nação mais empática, que consiga respeitar fielmente todos os indivíduos,
de todas as idades. É dever do ECA e do EI (Estatuto do Idoso) garantir os direitos
fundamentais dos seres humanos a esses indivíduos, por meio da resolução das
denúncias e incentivado a oferta de empregos aos idosos. No entanto, conjuntamente
aos estatutos, é fundamental familiares, amigos e, inclusive, desconhecidos estarem
atentos aos sinais, muitas vezes discretos, de desrespeito a essas faixas etárias, para que,
finalmente, casos como o do personagem Carl e o do menino Bernardo possam ser
evitados em nossa sociedade.

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