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PUCRS / ESCOLA POLITÉCNICA / ENGENHARIA CIVIL

TCC 2021/1

ESTUDO DE CASO PARA IMPLANTAÇÃO DE ESTACIONAMENTO


SOLAR UTILIZANDO ESTRUTURA METÁLICA COMO SUPORTE

Autor: Gabriela Araújo da Silveira (gabriela.silveira@acad.pucrs.br)


Orientador: Prof. Dr./Me. Felipe Brasil Viegas (felipe.viegas@pucrs.br)

Resumo
A busca por fonte de energias renováveis e sustentáveis tem se tornando uma realidade no
cenário nacional, havendo inclusive incentivos ao uso dessas fontes. Com o custo de energia
convencional cada vez mais alto, a implantação de sistemas fotovoltaicos torna-se uma
alternativa em potencial. Somando a isso o fato de estacionamentos serem grandes espaços
subutilizados, os estacionamentos solares surgem como uma solução que agrega geração de
energia limpa, com proteção aos veículos e redução de gastos com energia convencional.
Unindo estes fatores, o presente trabalho propõe a instalação de um sistema solar fotovoltaico,
aproveitando o espaço do estacionamento junto a R. Cristiano Fischer, com sua estrutura de
suporte em treliças metálicas.
Palavras-chave: Sistema fotovoltaico, cobertura estacionamento, estrutura metálica.

1. INTRODUÇÃO
A eletricidade tem papel fundamental na sociedade em geral e as energias renováveis tem
assumido um papel cada vez mais importante na economia, aumentando a independência
energética e contribuindo com a proteção ao meio ambiente (SANTOS, 2019). Alinhado a
isso, a resolução normativa 687 (ANEEL, 2015), que estabelece e regulamenta o sistema de
compensação de energia, vem incentivando o aumento da geração de energia fotovoltaica,
conforme mostram os Dados do Balanço Energético Nacional (BEN,2019) apresentando um
crescimento de 169% na geração distribuída por fonte renováveis em comparação ao ano
anterior, sendo que do total de participação de cada fonte na geração distribuída em 2019 a
energia solar responsável 74,5%.
A integração entre estacionamentos e sistemas fotovoltaicos vem ganhando espaço e
reconhecimento (ALONSO, 2016). Aliar uma fonte de energia complementar, possibilitando

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a redução de custos da conta de energia, a uma estrutura para sombreamento e proteção de
veículos às condições climáticas vem sendo uma solução bastante utilizada atualmente
(SANTOS, 2019). Conforme Alonso et al (2020) “Hoje são mais de 30 estacionamentos
fotovoltaicos no país, totalizando, aproximadamente, 4000 kWp conectados à rede e
fornecendo energia para universidades, ambientes corporativos e hotéis.”
Conforme Lisita (2005) a estrutura de suporte dos módulos fotovoltaicos deve ser montada de
forma a facilitar tanto a instalação como a manutenção. De encontro a isso, Bellei (2006) cita
as vantagens do uso de aço nas estruturas, que incluem a agilidade na fabricação das peças,
facilidade na montagem, desmontagem e substituição quando necessário. Levando em conta
também que segurança, economia e durabilidade são fatores que devem se aliar em um
projeto para garantir sua competitividade (NOGUEIRA,2009) é que optou-se pelo uso de
estrutura metálica treliçada para a estrutura de suporte deste estudo.
O objetivo deste trabalho é dimensionar e detalhar uma estrutura metálica treliçada para
estrutura de suporte de placas solares, aliando os benefícios da geração de energia fotovoltaica
e do sombreamento do estacionamento da PUCRS na Rua Cristiano Fischer. Não será
aprofundada a questão de geração de energia, sendo arbitrado um conjunto de placas e
inversor compatível, estimando o potencial de energia que pode ser gerado por metro
quadrado.

2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Geração de energia fotovoltaica
De uma maneira geral, a produção de energia fotovoltaica consiste em captar de forma direta
a luz solar e a partir dela produzir energia elétrica, sendo esse processo chamado de efeito
fotovoltaico. (VILLALVA, 2018).
A produção distribuída, que é caracterizada pelos módulos fotovoltaicos instalados
diretamente nas edificações, coberturas de estacionamentos, áreas ao ar livre, e etc., e
conectados na rede, é atualmente a forma que mais tem se desenvolvido no mundo
(LISITA,2005)
Em 2012 a ANEEL regulamentou através da NR 482 a classificação dos sistemas
fotovoltaicos conectados a rede em três categorias:
- Microgeração: sistemas com potencia menor ou igual a 75Kw
- Minigeração: sistemas com potência entre 75kw até 5Mw
- Usinas de eletricidade: Sistemas com potência acima de 5MW

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Também, esta mesma normativa regulamenta o sistema de compensação. Onde o excedente
de energia produzido é lançado na rede em forma de empréstimo e compensado
posteriormente com através de consumo de energia elétrica ativo.
2.1.1 Componentes básicos de um sistema fotovoltaico
Fazem parte do sistema: o bloco gerador, bloco de condicionamento de potência e um bloco
de armazenamento, que não se aplica nesse caso. O Bloco gerador contem os módulos
fotovoltaicos, o cabeamento e a estrutura de suporte e o bloco de condicionamento de
potência inclui os inversores, dispositivos de proteção, supervisão e controle.
(CRESESB,2014) Na figura 1 é apresentado um esquema do sistema de geração de energia.

Figura 1 Esquema do sistema de geração de energia.

 Módulo fotovoltaico:
O módulo é a placa propriamente dita, são células fotovoltaicas conectadas para produzir
tensão e corrente. A potência dos módulos é geralmente expressa em watt pico (Wp). Potência
Máxima (PM): É a potência máxima que um dispositivo pode entregar. (CRESESB, 2014).
Nas figuras 02 e 03 é apresentada uma imagem ilustrativa da composição dos módulos.

Figura 2 Imagem ilustrativa de um módulo e um arranjo fotovoltaico. Fonte:


https://www.dalsolar.com.br/energia-solar-saiba-como-funciona/

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:
Figura 3 Composição de um módulo fotovoltaico. Fonte: http://blog.minhacasasolar.com.br/como-e-feito-um-
painel-solar/

 Estrutura de suporte
Estrutura onde serão intalados os módulos fotovoltaicos. Devem ser projetadas de maneira
que facilitem tanto a instalação quanto a manutenção e não prejudiquem a harmonia estética
do local da instalação. (LISITA, 2005)
Segundo Lorenzo e Zilles (p115-116,1994), independente do modelo de estrutura escolhido
ele dever ter os seguintes parâmetros:
- Atender a NRB 6123.
- Minimo de 1 (um) metro do solo
- Fabricada em materias não corrosivos como ferro galvanizado ou protegidos contra
corrosão.
- Estar aterrada.
- Propiciar integração estética com o local onde será instalado.
 Inversor
É o responsável por transformar a energia gerada de corrente continua (CC) para corrente
alternada (CA).(CRESESB,2014) Ele também é resposável pelo sincronismo entre tensão e
frequência gerada pelo sistema com a rede. Podem ser instalados junto a estrutura de suporte
desde que tenham porteção contra intempéries ou índice de proteção (IP) adequado.
(LISITA,2005)

2.1.2 Projeto de sistemas fotovoltaicos


Antes de iniciar o dimensionamento efetivamente, algumas etapas preliminares devem ser
seguidas (CRESESB,2014):
- Levantamento adequado do recurso solar.
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Consiste em quantificar a radiação solar incidente no local onde será instalado o sistema.
Além disso, existem também diversas bases solarimétricas consolidadas que podem ser
consultadas quando não há possibilidade de medição ou dados locais específicos, entre essas
bases estão o SUNDATA, desenvolvido pelo CRESESB, o atlas brasileiro de energia solar,
desenvolvido pelo INPE e o atlas solarimétrico de Minas Gerais. (CRESESB) e a NASA.
O sistema SUNDATA busca localidades através das coordenadas e apresenta resultado para
três localidades próximas.
Na figura 4 mostra a forma como os dados são retornados no SUNDATA e na figura 5 pela
NASA.

Figura 4 apresentação dos dados no SUNDATA

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Figura 5 Dados de insolação. Fonte: NASA https://power.larc.nasa.gov/data-access-viewer/

Para este estudo, a base de dados será o SUNDATA. Nele os dados da tabela mostram a
irradiação solar diária média mensal, em kWh/m2.dia para todos os meses do ano, a partir de
janeiro e são mostrados também o valor minimo (menor irradiação média mensal) e de
irradiação diária máxima (maior irradiação diária média mensal), da irradiação diária média
anual (Média) e da diferença entre a máxima e a mínima (Delta). (CRESESB)
 Definição da localização e configuração do sistema
Segundo manual CRESESB (2014) mesmo dentro de uma mesma região com recurso solar
uniforme a escolha da localização deve ser feita com atenção, evitando locais com elementos
que causem sombreamento, como prédios mais altos, torres de comunicação e árvores.
Quanto à orientação dos módulos, em geral eles devem ser posicionados em direção à linha
do equador. Assim, em instalações no hemisfério sul, a frente dos módulos deve estar
orientada para o Norte e ao sul no caso do hemisfério Norte. Em relação à inclinação dos
módulos, o ideal é que ela seja igual a latitude, porém pequenas variações, de até 10° tanto
pra mais como para menos não resultam em grandes mudanças na energia anual gerada. Por
exemplo, se a latitude for 23°, a inclinação pode variar de 13° até 33° sem grandes prejuízos

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ao sistema. Entretanto, a inclinação não deve ser menor que 10°, mesmo próximo a linha do
Equador, para favorecer a autolimpeza. (CRESESB,2014) (ALONSO, 2016).

2.2 Sistemas integrados a estacionamentos


A implantação de módulos fotovoltaicos associados a coberturas de estacionamentos são uma
solução para centros urbanos, pois não afetam a ocupação de áreas de solo, lajes e telhados
(ALONSO,2018), ao contrário, agregam valor ao estacionamento, pois além de gerar energia
limpa, oferece proteção e sombreamento aos veículos. Segundo a revista quatro rodas, edição
online, a exposição direta dos veículos ao sol causam danos em quase todas as suas partes,
como na pintura, podendo craquelar ou descolorir; no painel, acelerando o desgaste do
material e causando aparência de ressecamento; nos tecidos e couro favorecendo o
aparecimento de manchas e rachaduras (couro); nas borrachas e pneus causando
ressecamento, rachaduras e ondulações.
No Brasil, o primeiro estacionamento solar, com potência de 3,0kWp, entrou em operação em
2005, no IEE-USP (LISITA,2005), em São Paulo. Desde estão, diversos outros
estacionamentos cobertos por módulos solares foram executados, por exemplo: empresa
WEG, na sua fabrica em Jaraguá do Sul, a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
que possui dois sistemas integrados no estacionamento do edifício-sede da empresa Eletrosul
(LISITA,2005), o Giraffas, em Santa Rosa, RS, dentre outros. Em 2019, em Anápolis (GO),
na UniEvangélica, a ENEL inaugurou o maior estacionamento solar do Brasil.

Figura 6 IEE-USP Fonte: (Lisita,2005)

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Figura 7 unievangélica – Anápolis-GO

Figura 8 Giraffas – Santa Rosa - RS

A geração de energia fotovoltaica integrada a estacionamentos vem ganhando espaço e


reconhecimento de empresas e institutos de pesquisa, seja como uma fonte de energia
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complementar, reduzindo o consumo da rede, como pilotos para redes inteligentes para
análise.
Conforme pode ser verificado nas imagens, a inclinação dos módulos pode, dentro dos valores
admitidos, variar conforme a necessidade ou objetivo do usuário, podendo este priorizar a
geração de energia, com maior inclinação conforme a figura 06 ou priorizar a proteção
veicular com menor inclinação, conforme a figura 7.

2.3Estrutura de suporte em treliças metálicas


Conforme já descrito anteriormente, a estrutura de suporte para receber os módulos solares
deve seguir uma série de requisitos, como resistir a ventos de até 150km/h, ser de fácil
montagem e manutenção entre outros. Desta forma, para este estudo optou-se pelo uso de
estruturas metálicas treliçadas.
 Vantagens do uso de aço
Segundo Bellei (2006), as vantagens do uso de aço são:
- a alta resistência do material quanto a tração, flexão, compressão, conferindo as estruturas a
capacidade suportar grandes esforços mesmo com uma área relativamente pequena.
- é um material homogêneo, com módulo de elasticidades e limites de escoamento e ruptura
bem definidos oferecendo desta forma grande margem de segurança.
- Facilidade de manutenção e substituição das peças
- Possibilidade de reaproveitamento do material
Treliças apresentam taxa de consumo de aço menor que perfis de alma cheia, tornando-se
uma opção mais acessível (MADEIRA,2009).
 Dimensionamento da estrutura, normas a serem seguidas:
Além da NBR 8800 de Projeto de estruturas de aço e estruturas mistas de concreto e aço e a
NBR 14762 de dimensionamento de estruturas de aço constituídas por perfis formados a frio,
deve ser levado em consideração a NBR 6123, de forças devido ao vento nas edificações.
O método das tensões admissíveis considera que a estrutura ao ser submetida as cargas
previstas em normas, funcione nas condições normais estabelecidas em projetos. Uma
estrutura tem a resistência necessária se tensões causadas pelas cargas não ultrapassem as
tensões admissíveis estabelecidas.
Para o dimensionamento da estrutura de suporte das placas devem ser levados em conta,
conforme a NBR 6120/1980 as cargas permanentes e as cargas acidentais.

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Carga permanente é a soma de todos os elementos construtivos fixos e instalações
permanentes, já a carga acidental é toda aquela que pode atuar sobre a estrutura de edificações
em função do seu uso.

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Aqui serão apresentados os métodos de pesquisa presentes neste artigo e o planejamento e
etapas necessárias para atingir o objetivo.
3.1 Método de Pesquisa
Para a elaborações do presente trabalho foram utilizados pesquisas bibliográficas, livros,
artigos, manuais e normas para a fundamentação teórica, com o objetivo de dimensionar a
estrutura adequada para suporte dos módulos e cobertura do estacionamento.
3.2 Método de Trabalho
O trabalho foi feito seguindo as seguintes etapas:
 Determinação da localização do sistema. Qual estacionamento será sombreado.
Nessa etapa é determinado para qual dos estacionamentos descobertos da universidade será
feita a cobertura. Levando em conta as dimensões, número de vagas e visibilidade.
 Determinação da insolação e inclinação dos módulos
Através do SUNDATA, desenvolvido pelo CRESESB e de posse das coordenadas
determinadas pela escolha do estacionamento, será coletado os dados de insolação naquela
localização e determinada a inclinação dos módulos, dentro dos parâmetros já demonstrados
anteriormente.
 Escolha dos módulos fotovoltaicos que serão utilizados.
Será determinada a especificação da placa a ser utilizada. Essa etapa influenciará diretamente
nas etapas seguintes de dimensionamento, já que a estrutura será baseada nas dimensões do
módulo escolhido.
 Lançamento da estrutura
De posse da ficha técnica dos módulos fotovoltaicos e da inclinação que serão instalados, será
feito o lançamento da estrutura no Autocad, com base na planta baixa existente do
estacionamento. Além dos critérios técnicos, a manutenção do número de vagas priorizada.
 Dimensionamento da estrutura
Com a estrutura já lançada em planta e seguindo todas as normas já citadas anteriormente,
será feito o dimensionamento da estrutura. Para validação, a estrutura será rodada no Ftool.

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Caso haja alguma ineficiência na estrutura ela será redimensionada até que todos os fatores de
segurança sejam atendidos.
 Detalhamento da estrutura
Após o dimensionamento final, será feito o detalhamento da estrutura no Autocad, com todas
as dimensões e especificações necessárias para quantificação e fabricação.
 Determinação da capacidade de geração/potência do sistema
Com o número total de módulos definidos é possível determinar o potencial gerador deste
sistema.
 Análise final e conclusão
Serão apresentados os resultados finais.
4 DESENVOLVIMENTO
4.1 Localização do sistema
O local escolhido para instalação do sistema de geração de energia fotovoltaica é o
estacionamento da PUCRS, com acesso pela Cristiano Fischer, devido ausência de prédios no
entorno que poderiam causar sombreamento, como pode ser verificado na figura 11; é um
estacionamento plano e com expressivo número de vagas, sendo 1597 vagas.
As coordenadas do estacionamento são 30° 03’27.0”S 51°10’10.0”W .

Figura 9 – localização do estacionamento. Fonte: Google Maps

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Figura 10- Localização do estacionamento – satélite. Fonte: Google Maps

4.2 Inclinação do sistema e insolação


O sistema a ser implantado está localizado na Latitude 30° 03’27.0”S. Para facilitar a
estrutura de suporte, foi adotada a inclinação de 20°, ficando dentro do limite de variação.
A insolação do sistema foi determinada através do sistema SUNDATA, onde é
inserida as coordenadas do sistema e obtém-se os dados e pode ser verificado nas figuras 13 e
14 abaixo.

Figura 11 – Irradiação no Plano Inclinado - planilha

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Figura 12– Irradiação no Plano Inclinado - gráfico

4.2 Determinação dos módulos


O módulo escolhido foi o da Canadian HiKu - Bi-Partida Painel Solar 415W, devido ao seu
bom rendimento de energia do sistema com baixa irradiação e um custo benefício
significativo, mas principalmente por esta placa solar trabalhar em baixa temperatura
(conforme fabricante), o que resulta em um coeficiente de perda por temperatura menor.
As características do módulo selecionado seguem:
DADOS MECÂNICOS
Dimensões (mm): 2108x 1048 x 40 (mm)
Peso (Kg): 24,9
Número de células 144 (2 x 6 x 12)
Vidro temperado de 3,2 mm
DADOS ELÉTRICOS
Potência máxima (Pmax): 415W
Tensão de máxima potência (Vmp): 39,3V
Corrente da máxima potência (Imp): 10,56A
Tipo de células: Silício Policristalino
Eficiência do módulo: 18,79%
Tolerância de potência: + – 5%
*Todos os parâmetros das características elétricas são testados nas condições STC:
1000W/m², AM1.5, 25ºC
4.3 Lançamento da estrutura
Com a inclinação e a orientação dos módulos já definidos, as características e dimensões dos
módulos determinadas e aliado a isso, a premissa de manter o mesmo número de vagas do
estacionamento e foi definido o partido geral/esboço de projeto, conforme figura 15, sendo
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elaborado um pré-dimensionamento inicial. Serão duas linhas de módulos em cada tesoura e
o espaçamento entre as terças é de 2108mm, conforme comprimento dos módulos.

Figura 13

A distância entre eixos de pilares foi estabelecida contendo 3 vagas entre cada pilar,
totalizando 7,20m entre eixos de pilar, conforme figura 16. Os pilares serão fixados no
corredor central das vagas.

Figura 14 – Planta baixa, com terças e módulos.


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Como é um estacionamento de grande tamanho, mas com diagramação proporcional
/espelhada a fim de melhor visualização neste trabalho, a cobertura será feita para um
corredor, sendo feito apenas no final o levantamento total de quantitativos.
4.4 Dimensionamento
4.4.1 Cargas atuantes na estrutura
 Carga de vento (NBR 6123)
Velocidade básica do vento, Vₒ:
É a velocidade média medida sobre 3s, que pode ser excedida uma vez em 50 anos, a 10m
sobre o nível do terreno em lugar aberto e plano, em m/s.
O estacionamento é localizado em Porto Alegre, dessa forma, segundo o mapa das Isopletas
da velocidade básica, foi considerada 32m/s.
Fator Topográfico S1:
Valor adotado: S1 = 1,0. O estacionamento é localizado em terreno plano.
Rugosidade do terreno, dimensões da edificação e altura sobre o terreno, Fator Topográfico
Segundo a tabela 02 da NBR 6123 para Categoria IV, Classe A
S2= 0,79
Fator estatístico S3: Refere-se ao grau de segurança e a vida útil da edificação. Com base na
tabela 03:
S3 = 0,95 - edificações com baixo fator de ocupação.
Determinação da velocidade característica do vento, Vk:
𝑉𝑘 = 𝑉ₒ ∗ 𝑆₁ ∗ 𝑆₂ ∗ 𝑆₃
𝑉𝑘 = 32 ∗ 1 ∗ 0,79 ∗ 0,95
𝑉𝑘 = 24,016𝑚/𝑠
Determinação da pressão dinâmica do vento, q:
𝑞 = 0,613 ∗ 𝑉𝑘
𝑞 = 0,613 ∗ 24,016
𝑞 = 0,7424𝑘𝑛/𝑚²
qv= q(Cpe + Cpi
𝑞𝑣 = 𝑞 ∗ (𝐶𝑝𝑒 + 𝐶𝑝𝑖)
Onde:
Cpe = Coeficiente de pressão externa, para ângulo de 20°, considerando a pior situação, -1,0.

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Cpi = Coeficiente de pressão interna, considerado Cpi =0,00 em decorrência da ausência de
paredes.
𝑞𝑣 = −0,7424𝑘𝑛/𝑚²
Como o vento é aplicado perpendicularmente, deve ser decomposto nas direções x e y.
𝑓𝑣𝑥 = 𝑞𝑣 ∗ sen 𝛼
𝑓𝑣𝑦 = 𝑞𝑣 ∗ cos 𝛼
Sendo,
α = 20° - inclinação da estrutura
Assim temos:
Fvx = -0,26 Kn/m²
Fvy = -0,70 Kn/m²
 Peso próprio dos módulos fotovoltaicos:
- 11,27 kg/m² (24,9 kg por módulo medindo 2,108x1,048)
 Dimensionamento das Terças
Qvento – peso placas = 0,7424-(0,1105*7,20)/2= 0,34kn/m

Figura 15 – Terças com carga de vento

Figura 16 - Reações

Reações:
Cortante = 1,2kn ↓

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Normal = 0
Momento fletor = -2,2Kn.m
Md (kN.m)= 1,4 x Momento fletor = 1,4 x 4,8
Md (kN.m)= 3,08kn.m = 3080N.m
Perfil adotado: Perfil U enrijecido – 250x100x25x4,75mm
DADOS DO PERFIL
U Enrijecido 250x100x25 Ix (cm4) 2126,71 Iy (cm4) 275,49 It - J (cm4) 1,67
m (kg/m) 17,48 Wx (cm³) 170,14 Wy (cm³) 39,18 Cw (cm6) 35206,53
A (cm²) 22,27 rx (cm) 9,77 ry (cm) 3,52 r0 (cm) 12,55
bw (mm) 250 xg (cm) 2,97 E (kN/cm²) 20000
bf (mm) 100 x0 (cm) 7,04 L (cm) 240
t (mm) 4,75 Cb= 1 G (kN/cm²)= 7700
ri (mm) 4,75 Fy (kN/cm²)= 25
D (mm) 25 L (CONT.) 240
→Valor MRD – Escoamento
𝑀𝑅𝐷 = (𝑊𝑒𝑓 ∗ 𝐹𝑦)/𝛾 MRD = 3866,82N.m
Com γ= 1,10
→Valor MRD – FLT
𝑀𝑅𝐷 =
∗ ∗
MRD = 3544,58N.m
Com γ= 1,20
→ O menor valor entre MRD Escoamento e MRD FLT
MD < MRD → 3080N.m < 3544,58N.m OK

 Dimensionamento dos pórticos

Cargas nos nós


Nó 01 – Carga de vento / 2 + peso próprio da terça + pp placa/2
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Nó 02 - Carga de vento + (peso próprio da terça x 2) + pp placa
O nó 2 recebe duas terças e carga de 1 placa inteira.
Nó 03 - Carga de vento + peso próprio da terça + pp placa/2
Nó 01 – 0,70 / 2 + 0,17kn/m * 7,20m + (0,1105kn/m² *7,20m*2,10)/2
Nó 01 = 1,71kn ↓
Nó 01 (sem ação do vento) = 2,06 kn ↓
Nó 02 - 0,70 + (0,17kn/m * 7,20m)*2 + (0,1105kn/m² *7,20m*2,10)
Nó 02 = 3,42kn ↓
Nó 02 (sem ação do vento) = 4,12 kn ↓
Nó 03 - 0,70 + 0,17kn/m * 7,20m + (0,1105kn/m² *7,20m*2,10)/2
Nó 03 = 1,36kn ↓
Nó 03 (sem ação do vento) = 2,06 kn ↓
Lançando as cargas no pórtico:
As cargas foram lançadas considerando as duas situações, incluindo a ação do vento,
conforme a figura 20 e desconsiderando a ação do vento, conforme a figura 21.

Figura 17 – Cargas nos nós considerando a ação do vento

18
Figura 18 – Cargas nos nós, desconsiderando a ação do vento

Figura 19 – Reação não considerando a ação do vento, em verde destacado as mairores compressões e rosa as
trações.

19
.
Figura 20– Reação considerando a ação do vento, em verde destacado as mairores compressões e rosa as trações.

Dessa forma foram obtidas as reaçãos e as cargas em cada componente da estrutura. Para
dimensionamento das peças foi considerado a pior situação de tração e compressão.
Banzos da tesoura: Compressão: -25,8kn
Tração: 20,8kn
Perfil adotado: Perfil U – 100X50X4,75
DADOS DE ENTRADA DO PERFIL
U 100x50x4,75 Ix (cm4) 130,09 Iy (cm4) 20,86 It (cm4) 0,658
m (kg/m) 6,88 Wx (cm³) 26,02 Wy (cm³) 5,91 Cw (cm6) 339,43
A (cm²) 8,76 rx (cm) 3,85 ry (cm) 1,54 r0 (cm) 5,13
bw (mm) 100 xg (cm) 1,47 E (kN/cm²) 20500
bf (mm) 50 x0 (cm) 3,02 L (cm) 235
t (mm) 4,75 G (kN/cm²)= 7892,5
ri (mm) 4,75 Fy (kN/cm²)= 25
MSE - Aef = 5,7 cm²
MLE - Aef = 2,64 cm²
→Valor NCRD (menor valor de Aef)
𝑁𝑐𝑅𝑑 = (𝜒 ∗ 𝐴𝑒𝑓 ∗ 𝐹𝑦)/𝛾 NCRD = 45,31KN

Com γ= 1,20
ND (1,4*25,8) < NC,RD → 36,12KN < 45,31KN OK
Montantes: Compressão: -2,10kn
Tração: 1,2kn
Perfil adotado: Perfil U – 100X50X3,00
DADOS DE ENTRADA DO PERFIL

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U 100x50x3 Ix (cm4) 88,6 Iy (cm4) 14,05 It (cm4) 0,171
m (kg/m) 4,48 Wx (cm³) 17,72 Wy (cm³) 3,89 Cw (cm6) 234,81
A (cm²) 5,7 rx (cm) 3,94 ry (cm) 1,57 r0 (cm) 5,23
bw (mm) 100 xg (cm) 1,39 E (kN/cm²) 20500
bf (mm) 50 x0 (cm) 3,06 L (cm) 55
t (mm) 3 G (kN/cm²)= 7892,5
ri (mm) 3 Fy (kN/cm²)= 25

Diagonal: Compressão: -13,4kn


Tração: 0kn
Perfil adotado: Perfil U – 100X50X4,75

Banzos do Pilar: Compressão: -25,8kn


Tração: 25,1kn
Perfil adotado: Perfil U – 100X50X3,75
Montantes: Compressão: -3,70kn
Tração: 4,3kn
Perfil adotado: Perfil U – 100X50X3,00
Diagonal: Compressão: -20,1kn
Tração: 0kn
Perfil adotado: Perfil U – 100X50X3,75

4.5 Detalhamento

onde:
Cv = contraventamento em cantoneira 50x50 e=3,00mm
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CÁLCULO DO PESO DA ESTRUTURA - POR PÓRTICO
Tesouras 01 Perfil adotado Peso (Kg/m) Comprimento (m) Quant. Peso (Kg)
Banzo inferior U 100 X 50 X 4,75 6,88 4,25 1,00 29,24
Banzo superior U 100 X 50 X 4,75 6,88 4,35 1,00 29,93
Montante 01 U 100 X 50 X 4,75 6,88 0,80 1,00 5,50
Montante 02 U 100 X 50 X 3,00 4,48 0,55 1,00 2,46
Montante 03 U 100 X 50 X 3,00 6,88 0,40 1,00 2,75
Diagonal 01 U 100 X 50 X 4,75 6,88 2,60 1,00 17,89
diagonal 02 U 100 X 50 X 4,75 6,88 2,15 1,00 14,79
Peso tesoura 01 = 102,57
Tesouras 02
Banzo inferior U 100 X 50 X 4,75 6,88 4,25 1,00 29,24
Banzo superior U 100 X 50 X 4,75 6,88 4,35 1,00 29,93
Montante 01 U 100 X 50 X 4,75 6,88 0,80 1,00 5,50
Montante 02 U 100 X 50 X 3,00 4,48 0,55 1,00 2,46
Montante 03 U 100 X 50 X 3,00 6,88 0,40 1,00 2,75
Diagonal 01 U 100 X 50 X 4,75 6,88 2,60 1,00 17,89
diagonal 02 U 100 X 50 X 4,75 6,88 2,15 1,00 14,79
Peso tesoura 02 = 102,57
Pilar
Banzos 01 U 100 X 50 X 3,75 5,52 4,75 1,00 26,22
Banzos 02 U 100 X 50 X 3,75 5,52 4,00 1,00 22,08
Montante U 100 X 50 X 3,00 4,48 1,00 6,00 26,88
Diagonal U 100 X 50 X 3,75 5,52 1,25 6,00 41,40
Peso pilar = 116,58
Peso total do pórtico (Kg) = 321,72

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
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O objetivo deste trabalho é projetar a cobertura solar do estacionamento da Universidade e
estimar os custos desta estrutura, sem modificar a estrutura existente e mantendo o número de
vagas.
Considerando um investimento nas estruturas na ordem de R$ 15,00 a R$ 17,00 por Kg de
estrutura, cada pórtico custa em média de R$ 4.825,80 a R$ 5.469,24.
Para a cobertura total do estacionamento, são necessários 265 pórticos.
 265 pórticos x R$ 4825,80 (utilizando o valor mínimo estimado) = Valor de investimento
para estruturas é de R$ 1.278.837,00
Em relação aos módulos, com base em pesquisa através de representantes, 1 kit contendo 4
módulos e o inversor custa em média R$7.692,07. Para o estacionamento, são utilizados um
kit por vaga de estacionamento, sendo:
 1597 vagas x R$7.692,07 = R$12.284.235,79
Cada kit tem potencial para gerar 240kwh /mês.
 1597 kits x 240kwh/mês = 383280kwh/mês – 383,28Mwh/mês
O valor total do investimento, somando estrutura e módulos, é em torno de R$
13.563.072,79.
Sendo assim, o objetivo deste trabalho foi atingido. Como não há disponíveis dados de
consumo da universidade, não é possível estimar a viabilidade e tempo de retorno do
investimento proposto.

REFERÊNCIAS
ABNT. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6120: Cargas
para o Cálculo de Estruturas de Edificações, Rio de Janeiro, 1980.
ABNT. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6123: Forças
devidas ao vento em edificação. Rio de Janeiro, 1988.
ABNT. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 8800:
Projeto e Execução de Estruturas de Aço de Edifícios. Rio de Janeiro, 2008.
ALONSO, Rafael Herrero. Posicionamento eficiente de módulos fotovoltaicos em plantas solares no
ambiente urbano. 2016. Tese (Doutorado em Sistemas Eletrônicos) - Escola Politécnica, Universidade
de São Paulo, São Paulo, 2016. doi:10.11606/T.3.2016.tde-26082016-151946. Acesso em: 2021-04-
11.
ANEEL – RESOLUÇÃO NORMATIVA 482
CENTRO DE REFERENCIA SÉRGIO DE BRITO, disponível em: http://www.cresesb.cepel.br
Acesso em: 2021-04-11.

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SANTOS, José Mário Gomes. Sistema de cobertura fotovoltaica para parques de estacionamento.
2019. Tese (Mestrado em Engenharia Mecânica - Especialização em Construção e Manutenção de
Equipamentos Mecânicos) - Instituto Superior de Engenharia de Coimbra, Coimbra. Acesso em: 2021-
04-11.
SANTOS, Í. P. Integração de painéis solares fotovoltaicos em edificações residenciais e sua
contribuição em um alimentador de energia de zona urbana mista. (Dissertação de Mestrado). Pós-
graduação em Engenharia Civil, UFSC, Florianópolis, 2009.
BELLEI, I. H. ; Edifícios industriais em Aço. 2. ed. São Paulo: Editora PINI, 1998.
LISITA, O. Sistemas fotovoltaicos conectados à rede: Estudo de caso - 3kWp instalados no
estacionamento do IEE-USP. Programa de Pósgraduação em Energia, USP, São Paulo, 2005.

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ANEXO “1” – Kit Solar

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