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CRIAÇÃO, EDUCAÇÃO, e RELIGIOSIDADE


 
"Tudo o que temos presenciado nos dias de hoje, nada mais são, que os reflexos dos nossos
recentes comportamentos, nas últimas décadas."
Quando nascemos, o primeiro contato que temos com o mundo, é junto à família. De uma
maneira geral, e independentemente da classe social, todos nós somos alertados sobre a
existência, e as diferenças, entre o bem, e o mal.
O respeito, os valores, o aprendizado com pais e irmãos, vai despertando aos poucos, a
sensação de que não somos a prioridade do mundo: apenas fazemos parte dele.
Aprendemos a conviver com as diferenças, preferências, justiças e injustiças.
Neste processo, só iremos perceber o proveito que tiramos das lições que a vida nos ensina,
quando tivermos a certeza de que o verdadeiro crescimento acontece principalmente, nas horas
difíceis.
Ocorre que em um determinado momento da história, o ser humano começou a buscar
comodidade para sua vida, sem se dar conta de que haveria um custo a ser pago num futuro
próximo: preferiu acreditar que poderia construir a sua independência perante Deus: passou a
querer, o Impeachment Divino!
Acabou mixando todos os valores que sustentavam o equilíbrio entre o racional
e o emocional, desregulando a balança da Natureza, provocando uma acirrada confrontação
entre o sonho e a ilusão. Com tal devaneio, comprometeu o que é fisiológico, ecológico e
neurológico. Como resultado, tudo deixou de ser lógico.
Existe uma grande diferença entre os tempos onde o comprometimento religioso criava bases
para uma referência de coletividade e fraternidade, e os dias de hoje, onde podemos observar
um fanatismo desenfreado, torcendo por um maior número de aflitos, para serem enganados, e
perdoados, em troca de uma doação simbólica.
Hoje, espetáculos são preparados, com artistas renomados, recebendo cachês pagos, com o
dízimo dos desesperados: show time!
Antigamente, íamos à missa para nos aproximarmos de DEUS...
Hoje, a missa vai até as nossas casas, oferecendo cultos gravados em fitas de DVD, Água Benta
com prazo de validade, Crucifixos abençoados, podendo ser adquiridos através de cartões de
crédito, boletos, ou depósitos bancários.
Nesse balaio de gato, o joio misturou-se ao trigo, e nossos valores, foram para o saco. Cursos
para pastores, coroinhas, e carpideiras. Em português claro: baboseiras. 
Desvirtuou-se o sentimento de pura devoção a DEUS, no sentido das crenças e fé. O homem
transformou DEUS em 'apenas' mais um acessório para nossas vidas, invertendo assim, os
valores éticos, morais, culturais e religiosos.
A busca sincera para com DEUS, passou a existir timidamente. Percebe-se que o interesse pelas
Igrejas mais está ligado a uma competição entre Paróquias, ou fanatismos ideológicos, do que
pelo simples e original fato, da busca pela Fé.
Outras vezes, é nítida a impressão da visitação às Igrejas ou Templos, mais voltada a um
programa de domingo, do que pela devoção espontânea, pelo amor a DEUS.
Quem criou quem? DEUS criou o homem à sua imagem, ou foi o homem quem criou DEUS,
para poder explicar tudo aquilo que lhe era (e ainda é) desconhecido?
Cientificamente ou filosoficamente falando, isso não interessa! O que realmente importa, é que
DEUS existe, e supre para muitos, a falta de compreensão e das injustiças, através da maior
força existente dentro de nossas almas: o Amor.
Lembro-me dos domingos, quando acompanhava meus pais e irmãos até a missa...
Parecia (e era) um pé no saco, facilmente explicável não pela missa em si, mas, como poderia,
um pivete de cinco anos, ficar sentado como uma estátua, quieto, durante uma hora, ouvindo
um padre que falava, falava, e ninguém escutava nada?
Apesar dessa penitência, durante bons anos, e quase todos os domingos, lá estava eu sentado,
quieto, imóvel, indelével, e depois de certo tempo, tentando compreender o que nem mesmo
um adulto nos dias de hoje, consegue captar, ou dimensionar a importância do ritual sagrado.
A educação daquela época, fazia-nos tremer de medo, só de pensar se 'aquela' estripulia
praticada, representava algum tipo de pecado. Ás vezes, apenas pensar em jogar fora um
pedaço de pão, já incomodava o espírito, pois aquele era o corpo de Cristo! Acabava então
sendo engolido, em uma missão, quase que impossível...
Não desperdiçávamos uma migalha sequer, em nada!
O que ingenuamente chamávamos de exagero, era o respeito para com os mais velhos nas horas
das refeições, quando aguardávamos pacientemente sermos servidos por último, e sem a menor
chance de reclamarmos, se a comida estava azeda, ou salgada: comíamos até salada!
Pedíamos a benção, e íamos nos deitar no horário máximo permitido: dez horas.
Uma criação modesta, atendendo aos bons costumes da educação e respeito, onde a ética e o
moral, norteavam os princípios a serem seguidos, para o bem de todos. Era uma rotina
exemplar. Às vezes um pouco rígida demais, o que gerava maior sabor, nos raros momentos em
que as rédeas eram aliviadas...
A liberdade existia dentro de regras que se preocupavam na decência, e colaboração com o
próximo, muito diferente do tratamento padronizado atualmente, onde tudo e todos se
relacionam, como perigosos adversários...
A cada dia, estamos perdendo o contato pessoal para com os outros, e espiritual, para com nós
mesmos. Virtualizamos nossas vidas, em troca de uma web cam.
É um novo processo de contra cultura, onde a rebeldia encontra-se na luta pela conservação dos
valores morais, em oposição à normalidade do vale tudo, ou tudo pode. Poucos se lembram que
antigamente, bastava um fio de bigode.
Não adianta modificarmos as denominações das atitudes tomadas, uma vez sabermos que o
caráter e a boa conduta, é que representam condições básicas para uma vida que respeite à
coletividade, afinal, não vivemos sozinhos, somos parte de uma sociedade.
A rebeldia sem causa dos anos 60, foi substituída por um alternativismo burro, alem de
exagerado. A liberdade conquistada tornou-se perniciosa a todos nós.
Assistimos diariamente, crimes de todos os tipos, praticados em todas as classes sociais. São
prontamente justificados, pois hoje em dia, são coisas normais!
É o padrão da normalidade, aceito, e algumas vezes defendido, por aqueles que acreditam na
inexistência de crimes: classificam então, como desvio de conduta o movimento da "contra
cultura atual."
Um movimento criado, para que o homem conseguisse a comodidade, não através de
conquistas resultantes de um trabalho honesto, mas, através de 'atitudes ilícitas', acreditando na
descoberta do atalho, para a Felicidade.
Esse conceito propagou-se de tal forma, que acabou tornando-se um padrão comportamental. É
isso, que faz muitas pessoas viverem à custa de maracutaias e contravenções, julgarem tal
conduta, perfeitamente normal...
Pessoas que vivem através desse 'trabalho', não admitem os seus pecados.
Alguns são amigos, de delegados, juízes, ou desembargadores. Julgam-se, inteligentes,
acreditam serem superiores. Não imaginam o que significa dignidade, honra e retidão.
Merecem desprezo, e a justa condenação: ficar trancafiados, durante anos, na prisão.
"São as pessoas que vendem a alma, em troca de um tostão."   (Fausto)
Não admitem serem criminosas, pois são elegantes, e cheirosas! Usam perfumes falsificados,
comprados com dinheiro roubado. Como desculpa, usam o conceito:
"são tantas as pessoas que fazem isso, portanto, também tenho esse direito"...
Esse tipo de visão umbilical l exprime o individualismo daqueles que vivem artificialmente, por
não terem a capacidade de serem genuinamente honestos com eles mesmos. Não possuem um
comportamento, que siga a própria retórica do Faça o que eu falo, mas não faça o que eu faço!
Tudo isso deveria ser repensado, uma vez que a grande maioria sente saudades, dos tempos
onde à simplicidade econômica, era compensada com a sinceridade.
"Não precisávamos nos esconder de ninguém, muito menos, de nós mesmos..."
Desta maneira, muitas famílias viajam, ou mandam os filhos para estudar na Austrália, e
quando estes voltam, não sabem nem ao menos dizer, 'thank you'.
Os filhos crescem acostumados com a imoralidade, e sem perceber, são  importados para a
contravenção, contaminados, pelo mau exemplo dos pais.
A educação fica comprometida, e a falta de noção de responsabilidade, acaba engrossando a
padronização ilícita da nossa sociedade, desconhecendo os princípios da honestidade: mentiras
se tornam mais importantes que as verdades. 
Para esses 'espertos', os Mandamentos, são palavrões.
A falta de contato com a religião, cria uma distância dos valores morais, e religiosos: o
sentimento de fraternidade deixa de existir. A conjugação passa a existir somente na primeira
pessoa, criando um abismo no ambiente familiar, pois "A Instituição família, perdeu a sua
essência..."
São poucos os que não se curvam, às delícias dos banquetes e vinhos estrangeiros.
Para estes, o cardápio simples, é mais prazeroso. Basta a humildade e a dignidade, conquistadas
com a boa criação, educação e religiosidade.

MILTON RODANTE

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