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O imaginário regional paulista e o mito do bandeirante

Introdução:
Desde o final do século XIX, até a metade do século XX, diversas ações foram
desenvolvidas para estabelecer uma relação entre paulistas e bandeirantes. Os processos
de ocupação do território nacional e de construção da nação inseriram os bandeirantes e
os paulistas como protagonistas da história. Um protagonismo que gerou a construção
de monumentos, edifícios, retratos e comemorações destinados a instaurar uma coleção
de lugares de memória representativa dessa utopia. Analisar esses processos, introduzir
a questão dos usos desses lugares de memória e compreender que sentido conservam ou
renovam em meio às transformações da cidade, significa estudar um fenômeno que
passou a ser chamado, por diversos autores, como mitologia bandeirante. 110
Objetivos:
Investigar os fatores históricos que resultaram na articulação entre o paulista e a
construção a identidade nacional.
Identificar as ações desenvolvidas pela chamada elite intelectual paulista para
construção da epopeia bandeirante, a partir da instauração de lugares de memória. 39
Metodologia:
Trata-se de uma pesquisa qualitativa que se filia a História Social e das
mentalidadesEssa reconstrução empírica da realidade envolve coletar e reunir
evidências concretas capazes de reproduzir os fenômenos em estudo. Dessa forma, a
estratégia de pesquisa implica o uso do corpus, como forma de coleta, haja vista a opção
por uma abordagem qualitativa no tratamento dos dados coletados. O corpus da
pesquisa é constituído de dados obtidos por meio de pesquisa documental, ou seja,
aquela realizada a partir de documentos contemporâneos e retrospectivos.
Resultados:
A observação dos aspectos analisados, as narrativas e tradições que se articularam em
torno da imagem do bandeirante, como herói nacional e símbolo da identidade paulista,
tomam por base condições geográficas, étnicas e sociais como fatores preponderantes
para o predomínio paulista para a exploração dos sertões brasileiros. Organizações
como o Instituto Histórico e Geográfico Paulista e o Museu Paulista (Museu do
Ipiranga), bem como comemorações como a do IV Centenário da Cidade de São Paulo,
foram determinantes para o desenvolvimento de um conjunto de representações sobre o
bandeirante, transformado em símbolo paulista, representativo de sua própria
identidade.
Conclusões:
No período aqui considerado, para delinear a mitologia bandeirante, temos uma análise
que procura demonstrar a construção de uma mitologia e a invenção de tradições,
constituindo os contornos do imaginário social e da instituição imaginária da sociedade
paulista em busca de uma identidade regional. É preciso considerar, no entanto, que
como todo mito, não é unânime, nem imóvel, mas contribui para a compreensão da
história e da memória coletiva e permite que se encontre alguma ordem e sentido
naquilo que muitas vezes pode parecer desconexo.

Referências bibliográficas
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O imaginário regional paulista e o mito do bandeirante

Desde o final do século XIX, até a metade do século XX, diversas ações foram
desenvolvidas para estabelecer uma relação entre paulistas e bandeirantes. Os processos
de ocupação do território nacional e de construção da nação inseriram os bandeirantes e
os paulistas como protagonistas da história. Um protagonismo que gerou a construção
de monumentos, edifícios, retratos e comemorações destinados a instaurar uma coleção
de lugares de memória representativa dessa utopia. Analisar esses processos, introduzir
a questão dos usos desses lugares de memória e compreender que sentido conservam ou
renovam em meio às transformações da cidade, significa estudar um fenômeno que
passou a ser chamado, por diversos autores, como mitologia bandeirante. Dessa forma,
os objetivos desta pesquisa foram investigar os fatores históricos que resultaram na
articulação entre o paulista e a construção a identidade nacional e identificar as ações
desenvolvidas pela chamada elite intelectual paulista para construção da epopeia
bandeirante, a partir da instauração de lugares de memória. Trata-se de uma pesquisa
qualitativa e documental. Para isso, utilizou um corpus constituído de dados obtidos por
meio de pesquisa documental, ou seja, aquela realizada a partir de documentos
contemporâneos e retrospectivos, para uma reconstrução empírica da realidade. A
observação dos aspectos analisados, as narrativas e tradições que se articularam em
torno da imagem do bandeirante, como herói nacional e símbolo da identidade paulista,
tomam por base condições geográficas, étnicas e sociais como fatores preponderantes
para o predomínio paulista para a exploração dos sertões brasileiros. Organizações
como o Instituto Histórico e Geográfico Paulista e o Museu Paulista (Museu do
Ipiranga), bem como comemorações como a do IV Centenário da Cidade de São Paulo,
foram determinantes para o desenvolvimento de um conjunto de representações sobre o
bandeirante, transformado em símbolo paulista, representativo de sua própria
identidade. No período aqui considerado, para delinear a mitologia bandeirante, temos
uma análise que procura demonstrar a construção de uma mitologia e a invenção de
tradições, constituindo os contornos do imaginário social e da instituição imaginária da
sociedade paulista em busca de uma identidade regional. 336

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