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PEDAGOGIA

Curso de Graduação Online | UNISUAM

Didática

UNIDADE 4
A Prática do Planejamento Didática | UNISUAM

A Prática do
Planejamento

Objetivo do estudo
- Descrever sobre a relação objetivo/conteúdo e a determinação dos procedimentos de ensino.
- Dissertar sobre os recursos de ensino e as novas tecnologias.
- Distinguir os termos interdisciplinaridade e transdisciplinaridade.
- Dissertar sobre a Pedagogia de Projetos.

o plano de ensino
nada mais é do que
um planejamento
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A Prática do Planejamento Didática | UNISUAM

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Apresentação
Nesta última unidade, veremos alguns aspectos fundamentais em relação ao planejamento
de ensino e ao seu processo de construção, e o quanto ele é importante no direcionamento
organizacional do processo ensino-aprendizagem.

Veremos que o plano de ensino nada mais é do que um planejamento, em que o professor
organiza os objetivos, os conteúdos e as metas que pretende alcançar com os seus alunos.
Ficaremos a par de como elaborar planos de ensino que superem a tendência tecnicista.

Discutiremos o quanto é essencial o professor dominar as novas tecnologias a fim de atrair


a atenção e facilitar o aprendizado do aluno. Interdisciplinaridade e transdisciplinaridade
também pertencerão ao conteúdo temático desta Unidade.

Por fim, falaremos sobre Pedagogia de Projetos e sua contribuição para uma (re)significação
dos espaços de aprendizagem. Aprenderemos também sobre as características e as etapas
de um projeto.

Vamos começar?

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T1 A Relação Objetivo/Conteúdo e a
Determinação dos Procedimentos de Ensino
Continuando a nossa conversa sobre o planejamento e tendo como fundamentação teórica
básica o behaviorismo americano, os professores foram iniciados na técnica de elaborar
planejamento, desenvolvendo habilidades específicas na "operacionalização de objetivos",
"seleção dos conteúdos coerentes com os objetivos propostos", "seleção de estratégias de
ensino coerentes com os objetivos e conteúdos propostos" e, finalmente, na organização da
"avaliação dos objetivos educacionais propostos".

Fonte: http://bit.ly/1O9NyVK

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Segundo documentação da época, vejamos alguns conceitos difundidos na área específica


do planejamento do ensino:

• Plano - "Processo de tomada de decisões que estimula a aprendizagem; processo


hierárquico capaz de controlar a ordem na qual a sequência de operações deve ser realizada."

• Objetivo educacional - "É uma proposição sobre uma mudança comportamental desejada...
(objetivos imediatos e objetivos últimos)...". Os objetivos devem ser operacionalizados em
"objetivos instrucionais, que são proposições específicas sobre as mudanças esperadas no
comportamento dos alunos...", e devem prever mudanças nos domínios "cognitivo", "afetivo" e
"psicomotor'. Os objetivos comportamentais devem descrever o que o aluno precisa fazer ou
realizar para mostrar que está atingindo o objetivo. Um exemplo interessante e significativo,
que aparece no mesmo texto (Projeto 70 - Núcleo Experimental da Lapa - Subsídios para o
Planejamento do Trabalho, p. 5), merece aqui ser revisto criticamente; refere-se à distinção
entre objetivo mais amplo e objetivo mais específico, instrucional, no qual o aluno apresenta
o comportamento esperado. "A proposição 'Apreciar o significado da Democracia' seria mais
claramente comunicada em termos de: 'Ser capaz de comparar as formas comunistas e
democráticas de governo'."

Além do aspecto técnico da definição mais operacional de objetivo, esse exemplo também
traz uma escolha de valor em si, a favor do capitalismo e contra o comunismo. Tal exemplo,
portanto, foi muito propício para o momento histórico da época. Vale pensar mais nisso.

• Conteúdos - "No planejamento de ensino, após a definição dos objetivos instrucionais,


deve-se selecionar o conteúdo [...], que constitui o conjunto de conhecimentos acumulados.
Envolve fatos, conceitos, princípios, podendo abranger, também, os processos específicos
de aquisição de conhecimentos em cada área de estudo."

• Estratégia instrucional - "Uma vez definidos os objetivos que constituem o ponto de partida
para qualquer estratégia instrucional, cumpre ao professor e supervisor o planejamento de
procedimentos, métodos e técnicas que visam engajar o aluno em situações capazes de
produzir aprendizagens..."

A proposição de estratégias instrucionais deve prever os seguintes momentos: "fase de


orientação de resposta', "fase prática da resposta" e "feedback".

• Avaliação - "A avaliação é a forma através da qual o professor procura determinar a


natureza e a quantidade de mudanças efetuadas no comportamento, em função dos objetivos
definidos e das estratégias planejadas [...]; as situações de avaliação são mais facilmente
escolhidas quando os objetivos instrucionais são bem definidos." O trabalho de treinamento
de professores na teoria do planejamento envolvia a "fase prática de resposta', na qual os
docentes exercitavam a elaboração dos seus planos de ensino; para facilitar e padronizar
os planos, foi apresentado um formulário, diagramado em colunas, onde então, em cada
uma delas, os professores deveriam apresentar os seus "objetivos gerais e instrucionais",
"conteúdos", "estratégias" e "avaliação". Eis um exemplo:

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IDENTIFICAÇÃO DO PLANO
Nome da escola:
Disciplina:
Professor:
Tipo de plano (anual, semestral, bimestral):
Curso:
Série:
Data:

Objetivos Gerais Objetivos Instrucionais Conteúdo Estratégias Avaliação

* As setas representam a ordem lógica (formal) pela qual os componentes do plano deveriam ser elaborados,
independentemente das condições pessoais e profissionais dos professores, como também das suas condições objetivas
de trabalho.

Foi, portanto, tendo como fundamentação teórica básica o behaviorismo americano, que teve
início, pelo menos no Estado de São Paulo, a "tendência tecnicista", influenciando a elaboração
de planos de ensino, o que, de certa forma, explica a situação atual do planejamento do
ensino na maioria das escolas públicas, desenvolvido de forma mecânica e burocrática.

Fonte: http://bit.ly/1O9RtSE - Latuff 2012

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A reversão deste quadro envolve, necessariamente, a conquista de melhores condições de


trabalho para os professores nas escolas; o aperfeiçoamento (transformação) do processo
de formação do educador nas habilitações para o Magistério, Pedagogia e Licenciaturas;
e, ainda, uma política que implante programas de formação dos educadores em serviço.

Mas como elaborar Planos de Ensino que superem a "Tendência Tecnicista" que tanto
Afeta o Processo do Planejamento do Ensino?

Três aspectos necessitam ser considerados quando se fala em transformação da realidade


do planejamento do ensino nas escolas:

• Transformações nas condições objetivas de trabalho do professor na escola


Estas transformações garantem espaços nos quais os docentes possam se reunir
e discutir o próprio trabalho, problematizando-o, como um meio para o seu próprio
aperfeiçoamento. É praticamente impossível falar em processo de planejamento para
docentes que permanecem 40 horas dentro da sala de aula. E isto é uma conquista
que a categoria dos profissionais da Educação deve conseguir do Estado, garantindo,
é claro, que as "horas-atividades" sejam cumpridas na escola, nas quais as reuniões,
discussões e ações de capacitação deverão ocorrer, em uma articulação interessante
com a prática social pedagógica cotidiana dos docentes.

• Transformações sérias nos cursos que formam educadores: Magistério,


Pedagogia e Licenciaturas
Estas transformações procuram garantir uma formação profissional competente
e crítica, na qual conhecimentos, atitudes e habilidades sejam trabalhados de
forma articulada e coerente, visando a formar um educador comprometido com a
democratização da escola e da sociedade brasileira.

• Transformações na política para a formação de educadores em serviço


A categoria dos profissionais da Educação deve conquistar e propor uma política para
a formação dos educadores em serviço, de acordo com as necessidades da prática
docente, como um processo efetivo de permanente aperfeiçoamento profissional.

Concomitantemente ao processo de conquista de transformações nas condições de trabalho,


formação do educador e capacitação do educador em serviço, alguns pontos podem ser
sugeridos para o aperfeiçoamento do trabalho por meio de planos de ensino.

Elaborar, executar e avaliar planos de ensino exige que o professor tenha clareza (crítica):
da função da educação escolar na sociedade brasileira; da função político-pedagógica dos
educadores escolares (diretor, professores, funcionários, conselho de escola); dos objetivos
gerais da educação escolar (em termos de país, estado, município, escola, áreas de estudo e
disciplinas), efetivamente comprometida com a formação da cidadania do homem brasileiro;
do valor dos conteúdos como meios para a formação do cidadão consciente, competente e
crítico; das articulações entre conteúdos, métodos, técnicas e meios de comunicação; e da
avaliação no ensino-aprendizagem.

Como vivenciar o processo de Planejamento, incluindo o trabalho com Planos de Ensino, de


acordo com as necessidades de um bom trabalho pedagógico?

Em primeiro lugar, é preciso que o grupo de educadores da escola sinta e assuma a


necessidade de transformar a realidade da escola-sociedade e conceba o planejamento
como um dos meios a serem utilizados para efetivar esta transformação.

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Vale insistir que o trabalho de planejamento e, consequentemente, a tarefa de preparar (pensar


e redigir), vivenciar, acompanhar e avaliar planos de ensino são ações e reflexões que devem
ser vivenciadas pelo grupo de professores e não apenas por alguns deles.

Um segundo aspecto refere-se à necessidade de o grupo de educadores ter uma clara


percepção dos problemas básicos da sua escola, curso, disciplina e, principalmente,
das suas aulas.

Os problemas devem ser identificados, caracterizados, tendo em vista a sua superação.

Os educadores escolares necessitam, pois, desenvolver a atitude-habilidade-conhecimento


de perceber as "pontas dos problemas" (manifestações) e, a partir delas, buscar as suas
causas (raízes). O processo de buscar as raízes dos problemas representa o esforço para
caracterizá-los, identificando todos os aspectos que compõem a situação-problema que
deve ser superada.

A caracterização do problema é fundamental para a tomada de decisão sobre qual a melhor


maneira de superá-lo. E a teoria é um recurso muito importante neste processo. Ela, nessa
perspectiva, funciona como uma espécie de "lupa", por meio da qual a realidade é analisada
e a própria teoria, questionada.

Portanto, diante de manifestações de problemas escolares como evasão, retenção,


indisciplina, desinteresse, faltas, atrasos e tantos outros, os educadores necessitam identificar
suas causas, tendo em vista a sua superação.

O conhecimento e a análise crítica do contexto no qual os problemas se manifestam são muito


importantes para identificar suas causas, que poderão ser encontradas no interior da própria
escola, na estrutura da sociedade e na interação entre a escola e o contexto social global.

É bastante comum os educadores escolares apresentarem propostas para superar uma


situação-problema, pautados apenas em sua manifestação, sem a devida clareza de
quais são as suas origens. Este engano termina por frustrá-los, pois eles selecionaram e
aplicaram o “remédio” sem o diagnóstico correto da doença, causando, assim, profundos e
irreversíveis danos ao “doente” - no caso, o aluno. O processo de planejamento, bem como
seus desdobramentos em elaborar, vivenciar, acompanhar e avaliar planos, é o próprio espaço
da prática pedagógica do educador.

O contato direto com professores tem revelado certo grau de insatisfação destes em relação
ao trabalho de planejamento. O que se ouve, com certa frequência, são falas do tipo:

“Eu acho importante planejamento, mas não da forma como vem sendo realizado”;
“Eu acho que dá para trabalhar sem planejamento”;
“Do jeito que as coisas estão, impossível planejar o meu trabalho docente; vivo de constantes
improvisações’;
“Eu não acredito nos planejamentos tecnicistas que a Rede vem elaborando mecanicamente
e que nada têm a ver com a sala de aula”;
“Eu sempre transcrevo o planejamento do ano anterior, acrescento algo quando dá, entrego
e pronto. Cumpri a minha obrigação”.

Diante desta realidade, uma questão necessita ser colocada: por que os professores percebem
e apresentam estas atitudes diante do planejamento do trabalho pedagógico? Isto não seria
uma ponta do problema? Como superá-lo?

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As indagações selecionadas e as tentativas de respostas pretendem incitar os professores a


refletirem sobre a problemática da Educação Escolar Pública como um todo e, em especial,
sobre os problemas e desafios do planejamento do ensino.

As respostas apresentadas não esgotam as questões, devendo gerar outras tantas e, assim,
de pergunta em pergunta, teceremos nossa competência técnico-política como superação
para os problemas básicos que afetam as nossas escolas: a evasão, a retenção e a má
qualidade do ensino.

As respostas às indagações podem ainda servir de pretexto para maior aprofundamento,


na medida em que o objetivo não foi o de esgotar as respostas - muito menos transformar
cada uma delas num pequeno texto, apesar da vontade.

http://images.slideplayer.com.br/9/2550861/slides/slide_1.jpg

A bibliografia apresentada no final da Unidade poderá auxiliar no levantamento de novas


questões e servir para o aprofundamento de algumas respostas.

A prática social dos profissionais da Educação certamente questionará suas indagações e


suas respostas provisórias, estimulando, assim, uma análise crítica do conteúdo abordado
até aqui e da própria prática pedagógica dos educadores.

Vamos para o próximo tópico!

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T2 Os Recursos de Ensino e as Novas Tecnologias


A educação já passou por diversas tendências pedagógicas em função do contexto social da
época em que ela se dava. Juntamente com essas tendências surgem novas necessidades e
recursos, e para tanto, o educador deve estar aberto e flexível a interpretar essas tendências
para atuar sobre essa realidade, desfrutando do que ela proporciona sem perder o foco na
educação.

É preciso articular o contexto social da geração ao que nela está presente e a ela interessa.
Destacar um recurso, seja ele qual for, como benéfico para um determinado fim, requer
identificar contribuições, facilidades, aceitações e quaisquer outras características positivas
que realmente comprovam o uso deste recurso como viável para o que se propõe. No caso
da educação, quem comprova o benefício do recurso é o aprendiz, por meio dos avanços
que obtém com a utilização da ferramenta.

Quando se fala em avanço na educação, fala-se de contribuições para que o indivíduo tenha
uma aprendizagem individual e coletiva que lhe permita viver melhor, ser mais ativo,
questionar mais, intervir mais e atuar mais. As Tecnologias da Informação e Comunicação
podem ser consideradas recursos que têm contribuído com esse avanço, pois conforme
ressalta Vallin (2007), estas permitem:

• Desfrutar de programas e softwares que atraem a atenção do aluno provocando


a interatividade, participação e interesse do aprendiz;
• Exercitar a criatividade pela mescla de softwares de texto, apresentação, vídeo,
áudio, imagens e link´s;
• Instigar a investigação com a utilização de sites de busca, bibliotecas virtuais e
indicações bibliográficas encontradas na internet;
• Acesso a informações de ontem e de hoje que passam por frequentes atualizações;
• Construir e compartilhar conhecimentos por meio de enciclopédias on-line, livres
e colaborativas;
• Possibilidade de criação e modificação ágeis;
• Facilidade oferecida por editores de texto que disponibilizam editoração e correção
eletrônicas;
• Cópias, inclusão, exclusão e reescrita de um texto;
• Possibilidades de diversas formatações;
• Impressão de textos e demais produções;
• Dicionários virtuais que tornam a consulta mais prática e contínua;
• Conteúdos acessados com maior facilidade por meio de comandos que permitem
especificar palavras ou expressões;
• Materiais dinâmicos;
• Acesso a um determinado conteúdo com um clique;
• Possibilidade de publicar, melhorar e incrementar trabalhos;
• Estruturar apresentações com mapas conceituais, imagens, sons, textos, vídeos
e hiperlink´s;
• Comunicar, interagir, trocar experiências e exercitar a coletividade por meio de
fóruns de discussão, salas de bate-papo e listas de discussão;
• Facilidade e agilidade no intercâmbio de informações pelo e-mail. (VALLIN, 2007)

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Um profissional que explora recursos tecnológicos síncronos e assíncronos a favor da


interação e troca entre educandos, fontes de consulta como hipertextos e enciclopédias
virtuais, uso de recursos midiáticos, atrairá a atenção e facilitará o aprendizado do aluno etc.

síncronos

assíncronos

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O uso do computador, aliado à internet, possibilita habilidades técnicas, bem como o acesso
à informação, que pode gerar aprendizagem além de trabalhar o fator cognitivo, pois o
indivíduo tem a possibilidade de interligar os conhecimentos, experiências e informações de
sua realidade às novas informações obtidas, podendo assim alcançar novos conhecimentos
e descobrir novas possibilidades.

A utilização das novas tecnologias modifica a concepção do indivíduo em relação ao tempo


e ao espaço, permitindo assim que ele não se limite, mas sim o use. A comunicação passa
a ser mais contínua e sensorial, porque, além das palavras, a hipermídia passa a ser um
novo meio de levar informação com potencial de conhecimento.

Porém, não bastam recursos que possibilitem novas formas de fazer se não houver
profissionais competentes para orientar o aprendiz a realizar um bom uso do recurso.

O educador capaz de lidar com essa nova tendência deve, acima de tudo, ter em mente que
o professor não é mais o único detentor do conhecimento e sua missão não é mais transmitir,
mas sim, mediar, colaborar e atuar como parceiro.

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O fato de as tecnologias de informação e comunicação terem propiciado o afloramento


dessa realidade é que com a sua facilidade de levar propostas educacionais para diferentes
espaços, bem como fazer uso de diferentes recursos didático-pedagógicos, o verdadeiro ofício
do professor se faz necessário, o de mediador. A simples recepção de informação torna-se,
se é que algum dia não foi, obsoleta. Novas posturas devem ser assumidas.

Nesta perspectiva o processo de ensino-aprendizagem em sala de aula exige cada vez


mais do professor dedicação para que o conteúdo ministrado seja repassado de uma forma
dinâmica, eficiente e prazerosa. Assim, os professores acabam assumindo um papel de
suma importância e uma boa didática desenvolvida por estes é essencial neste processo.

pare e reflita
Você sabia que as relações do homem com o meio
ambiente, a interação dos seres humanos entre si e
com seu meio social e cultural vêm sendo modificadas
ao passar dos anos, por conta da tecnologia?

saiba mais
Para saber sobre novas posturas educacionais, leia o
texto “O processo de ensino-aprendizagem apoiado
pelas tics: repensando práticas educacionais”, de
Ketiuce Ferreira Silva e Sertório Amorim e Silva Neto.

http://www.ketiuce.com.br/TDAE/Artigo_TDAE_
Ketiuce2.pdf

E caso queira conhecer mais sobre a evolução dos Em diferentes momentos da história da educação,
recursos de ensino aprendizagem, visite o endereço: constatamos que a tecnologia faz parte de fazer pedagógico.
http://www.ceismael.com.br/oratoria/recursos_ A presença da tecnologia vem se tornando cada vez mais
audiovisuais.pdf marcante à medida que o processo de escolarização vai
atingindo um contingente cada vez maior de pessoas e
institucionalizando-se. Mas não é só a tecnologia na escola
que vai resolver a sua situação metodológica e didática.

Perrenoud (2000) também entra nessa discussão ao


colocar como um ponto-chave a necessidade de o educador
aprender a utilizar as novas tecnologias no seu trabalho
pedagógico. Para ele, a questão é:

Como utilizar essas tecnologias e não mais a discussão


sobre a necessidade de incorporação, o que já estaria
definido pela própria velocidade e intensidade como essas
tecnologias estão invadindo o cotidiano das pessoas?

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Podemos afirmar que antes do século XXI, as tecnologias atuavam com aplicação de
técnicas para a solução de problemas educativos, em que se procurava controlar o sistema
de ensino-aprendizagem como aspecto central e a garantia de qualidade, preocupando-se
com as adequações às necessidades e à realidade dos educandos.

No início do século XXI as tecnologias começam a ser vistas e usadas em uma outra
perspectiva no processo educativo. Elas passam a ser consideradas como elementos
estruturantes de “novas” aprendizagens, com o objetivo de expressar a diversidade das
culturas e dos processos pedagógicos.

Década de 60 Meio gerador de aprendizagem


Década de 70 Passou a fazer parte do ensino como processo tecnológico

Caracterizou-se pela busca de novos modos de trabalhar no


Década de 80
campo educacional

A cultura atual dominante vive impregnada por uma nova


linguagem, a da televisão e da Internet, que foi a grande novidade
Década de 90
educacional neste início de novo milênio, em particular a educação
a distância.

Criação de ambientes que permitem a comunicação no plano


educacional, cultural ou profissional, de forma assíncrona, sem
estar de modo simultâneo no mesmo tempo e espaço. A era digital
e a aprendizagem colaborativa.
Séc XXI
Os jovens (geração Y) já internalizaram inteiramente essa cultura
e adaptam-se com mais facilidade do que os adultos ao uso do
computador. Eles já estão nascendo com essa nova cultura,
a cultura digital.

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Quando falamos em tecnologia na educação, geralmente pensamos no uso de mídias


eletrônicas, informática, ou seja, tecnologia digital, mas não podemos esquecer que o quadro
negro, papel, máquina de escrever... foram tecnologias revolucionárias em suas épocas.

É importante salientar que a decisão didática sobre os meios a serem utilizados não deve
ser feita em função da sua modernidade ou provável eficiência, mas sim da adequação às
metas educacionais previstas. Saiba que o valor instrumental não está nos próprios meios,
nas na maneira com se integram na atividade didática.

A ideia de um laboratório de informática, um lugar aonde se vai para estudar


computação, é uma estupidez: ou o computador está presente em sala de aula
e é apreendido por professores e alunos como parte da matéria, ou é inútil.
(Gustavo Ioschpe, Revista Veja, 18/03/2012 )

saiba mais
Gostaria de saber mais sobre a importância das Tics
na Educação? Leia a entrevista com Marise Brandão,
Orientadora Tecnológica Educacional do Governo
No início do
século XXI as
do Estado do Rio de Janeiro. Acesse o endereço:

http://www.revistapontocom.org.br/edicoes-
anteriores-entrevistas/a-importancia-das-tics-

tecnologias
na-educacao:

começam a ser
vistas e usadas
em uma outra
perspectiva
no processo
educativo

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T3 A Questão da Interdisciplinaridade e
Transdisciplinaridade
A interdisciplinaridade surgiu na França e na Itália em meados da década de 60, num período
marcado pelos movimentos estudantis que, dentre outras coisas, reivindicavam um ensino
mais sintonizado com as grandes questões de ordem social, política e econômica da época.
Dessa reivindicação, surge a interdisciplinaridade, com o intuito de promover a sintonia
entre as grandes áreas do conhecimento, esclarecer seus vínculos e avaliar os resultados
dessa integração.

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Na década de 70, chegou ao Brasil e passou a ser a palavra de ordem, empregada na


educação sem se atentar para os princípios, muito menos para a dificuldade de sua realização,
tornou somente produto das reformas educacionais empreendida em 1968 e 1971 nos três
graus de ensino (LUCKESI, 2001). Desde então, sua presença no cenário educacional
brasileiro tem se intensificado.

Ainda que o conceito de interdisciplinaridade apresente-se como uma característica dos


novos tempos, em épocas passadas já existiam propostas de integração das diferentes áreas
do conhecimento, na tentativa de construir uma ciência unificada pela filosofia. Os gregos
denominavam de enciclopédia o conjunto de todas as ciências.

Data do século XIII aquilo que pode ser chamado de movimento pioneiro de
um ensino integrado que agrupava campos do conhecimento denominados
de ciências e letras nas universidades europeias: o trivium, arte das palavras
e dos signos (Gramática , Retórica e Dialética) e o quadrivium, arte das coisas
e dos números (Aritmética, Música, Astronomia e Geometria) (TRINDADE ,
2006, p. 67).

Etimologicamente falando, interdisciplinaridade significa, em sentido geral, relação entre as


disciplinas. Segundo Yared, ainda que o termo interdisciplinaridade seja mais usado para indicar
relação entre disciplinas, hoje alguns autores a distinguem de outros similares (200, p. 161).

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Quando falamos em interdisciplinaridade, estamos de


algum modo nos referindo a uma espécie de interação
entre as disciplinas ou áreas do saber. Essa interação
pode acontecer em níveis de complexidade diferentes.
E é justamente para distinguir tais níveis que termos
como multidisciplinaridade, pluridisciplinaridade,
interdisciplinaridade e transdisciplinaridade foram criados.

Saiba mAIS A saber, multidisciplinaridade é definida como um conjunto


de disciplinas que se agrupam em torno de um dado tema,
Conheça mais sobre Interdisciplinaridade desenvolvendo investigações e análises isoladas por
e transdisciplinaridade, leia o artigo diferentes especialistas, sem que se estabeleçam relações
“Interdisciplinaridade e transdisciplinaridade na
conceituais ou metodológicas entre elas (Marcelo F.S. Porto
formação de professores”, de Ivani Fazenda. Visite
o endereço: e Glaucia E.S. de Almeida).

http://e-revista.unioeste.br/index.php/ideacao/ No nível pluridisciplinar, a afluência das disciplinas se faz


article/view/4146 entre aquelas que possuem alguma relação entre si com vistas
à construção de um sistema nivelado e com objetivos distintos.

A transdisciplinaridade é uma abordagem científica,


cultural e social para percepção da realidade, para criação
e o uso do conhecimento. Segundo Piaget, trata-se de uma
etapa superior que eliminaria dentro de um sistema total as
fronteiras entre as disciplinas.

Tudo entendido até aqui?

Vamos para o último tópico desta Unidade?

T4 A Pedagogia de Projetos
Os projetos de aprendizagem ou de trabalho contribuem para uma (re)significação dos
espaços de aprendizagem, de tal forma que eles se voltem para a formação de sujeitos ativos,
reflexivos, atuantes e participantes. (HERNANDEZ, 1998)

Os projetos se constituem em planos de trabalho e em um conjunto de tarefas que podem


proporcionar uma aprendizagem em tempo real e diversificada. Além de favorecer a construção
da autonomia e da autodisciplina, o trabalho com projetos pode tornar o processo de
aprendizagem mais dinâmico, significativo e interessante para o aprendiz, deixando de existir
a imposição dos conteúdos de maneira autoritária.

A partir da escolha de um tema, o aprendiz realiza pesquisas, investiga, registra dados, formula
hipóteses, tornando-se sujeito do seu próprio conhecimento. Segundo Nogueira (1998):

“Os projetos são diferentes dos cansativos e anacrônicos trabalhos de


casa e das pesquisas que se transformam no máximo em ‘bons’ exercícios
de caligrafia,(....) os projetos ampliam em muito estes velhos conceitos. A
proposta da metodologia de projetos reflete conceitos construtivistas de Piaget
e Vygotsky, e mais recentemente, o construcionismo distribuído proposto por
Resnick, também encontra aplicabilidade no trabalho com projetos.

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A Prática do Planejamento Didática | UNISUAM

Para iniciar um projeto, o aprendiz deverá possuir algum conhecimento


prévio sobre o tema proposto, levando em consideração que este
se encontra dentro de seu foco de interesse e que possui esquemas
cognitivos que serão “modificados” no decorrer do projeto, proporcionando
a aprendizagem dita significativa.

No desenrolar das etapas do projeto, muitas situações e problemas se


desencadearão, assim também como novas descobertas surgirão –
assimilações e acomodações acontecerão – e espera-se que novos esquemas
se formem” (NOGUEIRA, 1998).

Quais são as características de um Projeto?

O trabalho na perspectiva de projetos parte de uma visão segundo a qual o conhecimento


da realidade constitui um processo ativo, em que os aprendizes vão conseguindo interpretar
a realidade e dar­lhe significado, compreendendo­a cada vez mais profundamente. Trata­se
de um processo ativo e participativo.

Leite et al. (1998) enumeram as seguintes características de um projeto:

• É um processo educativo desencadeado por uma questão, que favorece a análise,


a interpretação e a crítica, como confronto de pontos de vista.
• A aprendizagem acontece a partir da interação entre o aprendiz e o objeto de
conhecimento, dentro de um contexto com sentido e significado.
• No projeto predomina a cooperação: professores e alunos assumem o papel de
pesquisadores.
• Estabelece conexões entre as informações, questionando a ideia de uma versão
única da realidade.
• Trabalha com diferentes tipos de informação.
• Leva alunos e professores a perceber que há diferentes formas e caminhos para
o aprendizado.
• Leva alunos e professores a agir com flexibilidade, a acolher a diversidade e a
compreender sua realidade pessoal e cultural.

Ao participar de um projeto, o aprendiz está envolvido em uma experiência educativa em


que o processo de construção de conhecimento está integrado às práticas vivenciadas.

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A pedagogia de projetos tem como pressuposto básico a ação do aluno sobre seu processo
de aprendizagem.

É importante que aluno não dependa somente das escolhas do profissional de ensino; decida
e se comprometa com o que foi escolhido para se trabalhar; possa projetar-se no tempo,
planificando suas ações e suas aprendizagens; torne-se responsável; seja sujeito de sua
aprendizagem, produzindo algo que tenha significado e utilidade.

No trabalho com projetos, não se trata mais dos alunos executarem passivamente o que se
pede como:
• Conhecerem os objetivos;
• Aprenderem a planejar seu trabalho, distribuindo-o nas várias etapas necessárias
para sua execução;
• Comprometerem-se pessoalmente com o trabalho;
• Interagirem com os colegas para confrontar e melhorar suas produções.

Ao trabalhar com projetos, é fundamental que professor e aluno, conjuntamente, construam


o projeto explicitando:
• Seu objetivo: qual o nosso propósito?
• Suas etapas: Como distribuí-las no tempo?
• Seus aspectos interativos: que relações entre professor, aluno e grupo se
estabelecerão?
• Sua avaliação e critério: o produto final de acordo com a tarefa que nos propusemos
a realizar?

Vamos conhecer cada uma das etapas de um projeto?

• Tema: Muitas vezes a escola traça o tema central e outras o próprio aluno.
Na verdade, o tema é o primeiro grande norteador do projeto. É a partir do
tema que os alunos viajam em criatividade. É preciso lembrar que um critério
básico para a nossa proposta é o de priorizar a seleção dos temas escolhidos
pelas crianças.

• Objetivo: Deverá expressar os propósitos e o sentido da ação que se pretende


desenvolver. Na verdade, ele ilumina o processo, definindo o sentido do que
se vai fazer e serve de guia para o desenvolvimento do projeto.

• Séries Envolvidas: São as séries que vão desenvolver o projeto. Deve-se levar
em conta a adequação da proposta do projeto às faixas etárias envolvidas.

• Disciplinas Envolvidas: São as diversas disciplinas que estruturam e integram


o projeto.

• Etapas do Projeto: São as fases do projeto. É o roteiro de tudo que está


planejado, permitindo não só uma visão maior, mas também o controle e o
ajuste passo a passo.

• Recursos: Qualquer meio, pessoa, material, procedimento etc. que, com


uma finalidade de apoio se incorpore no processo de aprendizagem de cada
aluno. Lembramos que antes de pôr os recursos à disposição dos alunos, se
deverá levar em conta: objetivos, tipo de recurso, circunstâncias, estratégias
e condições do aluno.

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• Tempo Previsto: É a duração de todo o projeto. Deve-se levar em conta o


número de aulas e a duração de cada atividade, de modo a não pressionar
os alunos para terminar o trabalho, valorizando o produto e não o processo.

• Culminância: Na verdade, é a grande apresentação dos trabalhos que foram


construídos pelos alunos. Porém deve-se envolver toda a escola no processo.

• Avaliação: Deve ser permanente, com alunos e corpo pedagógico da Escola.


Deverá ser aquela que se realiza ao longo de todo o processo com o objetivo
de permitir, mediante a retroalimentação imediata, que se introduzam ajustes
durante o seu desenvolvimento.

Ao se pensar no desenvolvimento de um projeto, a primeira questão diz respeito a como surge


esse projeto. Diante dessa questão, surgem posições diferenciadas. Alguns profissionais
defendem a posição de que o projeto deve partir, necessariamente, dos alunos, pois, se
não, ele seria imposto. Outros defendem a ideia de que os temas devem ser propostos pelo
professor, de acordo, com a sua intenção educativa, pois, de outra forma, se cairia em uma
postura espontaneista.

O que não se pode distanciar nessa polêmica, é o ponto central da Pedagogia de Projetos:
o envolvimento de todo o grupo com o processo.

Um tema pode surgir dos alunos, mas isso não garante uma efetiva participação destes no
desenvolvimento de projeto.

O que caracteriza o trabalho com projetos não é a origem do tema, mas o tratamento dado
a esse tema, no sentido de torná-lo uma questão do grupo. Portanto, os problemas ou
temáticas podem surgir de um aprendiz em particular, de um grupo de aprendizes, da turma,
do professor ou da própria conjuntura. O que se faz necessário garantir é que esses temas
passem a ser de todos.

saiba mais Conclusão


Para conhecer mais sobre projetos de aprendizagem O planejamento deverá ser pensado além de um documento
ou projetos de trabalho, acesse os links: institucional a ser elaborado e guardado. Ele deve ser
uma ferramenta educacional a ser construída, avaliada e
Projetos de trabalho reavaliada na consolidação do saber.

https://www.youtube.com/watch?v=-GqZVYdHZfI
Trabalhando com Projetos A elaboração (coletiva/individual) dos planos de ensino
depende da visão de mundo que temos e do mundo que
https://www.youtube.com/watch?v=dQ7aifxh16Y queremos, da sociedade brasileira que temos e daquela que
queremos, da escola que temos e daquela que queremos.

Caberá ao professor inteirar-se das novas ferramentas


tecnológicas, ou seja, dominar o seu uso no que diz respeito à
fluência tecnológica agregada ao direcionamento pedagógico
do uso desses recursos.

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Neste contexto, o uso da pedagogia de projetos em conjunto com as novas tecnologias


baseadas em redes de computadores pode abrir um caminho para uma aprendizagem ativa
e significativa, retomando o sentido prazeroso do processo de “aprender” e proporcionando
uma amplificação do objetivo social, democrático e participativo da educação.

Chegamos ao final da 4ª unidade da disciplina Fundamentos da Didática. Esperamos que o


conteúdo estudado contribua para a sua formação profissional.

Até a próxima!

Referências Bibliográficas
BIZZO, N. Ciência: Fácil ou difícil? São Paulo: Ática, 2002.

CACHAPUZ. A. Ciência, educação em ciências e ensino das ciências. Ministério da


educação. Lisboa, 2002.

FERREIRA, F.W. Planejamento; sim e não. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1981.

FUSARI, J.C. O papel do planejamento na formação do educador. São Paulo,


SE/CENP, 1988.

FUSARI, J.C. O planejamento da educação escolar; subsídios para ação-reflexão-ação.


São Paulo: SE/COGESP, 1989.

FUSARI, J.C. O Planejamento do Trabalho Pedagógico: Algumas Indagações e Tentativas


de Respostas. Disponível em: <http://www.crmariocovas.sp.gov.br/pdf/ideias_08_p044-
053_c.pdf.>Arquivo capturado em 08/10/2005 * Professor da Faculdade de Tecnologia de
São Paulo e da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo.

GANDIN, D. Planejamento corno prática educativa. São Paulo: Loyola, 1983.

HERNANDEZ, Fernando: Pedagogia de Projetos. São Paulo: Art Med, 2000

SÃO PAULO (ESTADO) Secretaria da Educação. Planejamento de ensino. São Paulo,


Coordenadoria de Ensino Básico e Normal 1971.

SAVIANI, D. Educação: do senso comum à consciência filosófica. São Paulo:


Cortez/Autores Associados, 1987.

Subsídios para o Planejamento do Trabalho. São Paulo: Núcleo Experimental da Lapa,


1970. (Projeto 70).

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