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Aula Bônus

Sistema Imunológico
e Pandemias no Brasil
Profa Simone C. Ferigato
Sistema Imunológico – O que é?
• O sistema imunológico (ou sistema imune, ou ainda imunitário) consiste
numa rede de células, tecidos e órgãos que atuam na defesa do
organismo contra o ataque de invasores externos.
• Estes invasores podem ser microrganismos (bactérias, fungos,
protozoários ou vírus) ou agentes nocivos, como substâncias tóxicas (ex.
veneno de animais peçonhentos).
• As substâncias estranhas ao corpo são genericamente chamadas
de antígeno.
• Os antígenos são combatidos por substâncias produzidas pelo sistema
imune, de natureza proteica, denominadas anticorpos, que reagem de
forma específica com os antígenos.
E como funciona?
• Quando o sistema imune não consegue combater os invasores de forma
eficaz, o corpo pode reagir com doenças, infecções ou alergias.

• A defesa corporal é realizada por um grupo de células específicas que


atuam no processo de detecção do agente invasor, no seu combate e total
destruição. Todo este processo é denominado de resposta imune.

• As células do sistema imune pertencem a dois grupos principais,


os linfócitos e os macrófagos.
Células do Sistema Imunológico
• Macrófagos – são importantes na regulação da resposta imune.
Estão presentes nos tecidos conjuntivos e no sangue (quando são
chamados de monócitos) e, no sistema imune, possui a função de
detectar e fagocitar (processo que engloba e digere substâncias no
organismo) microrganismos invasores, células mortas e vários tipos
de resíduos. Essas células são as primeiras a perceber a presença de
agentes invasores.
• Linfócitos - essas células, presentes no sangue, são um tipo
de leucócito (glóbulo branco) e podem ser de três tipos principais:
• Linfócitos B – a principal função desse tipo celular é a produção de
anticorpos, quando maduros e ativos. Nesta fase são macrófago Linfócito B
denominados plasmócitos.
• Linfócitos T auxiliadores (CD4) – através de informações recebidas
pelos macrófagos, são estimuladas a ativar outros tipos de linfócito T,
os linfócitos T matadores (CD8) e os linfócitos B. São os linfócitos
auxiliadores os responsáveis por comandar a defesa do organismo.
• Linfócitos T matadores (CD8) – recebem este nome por serem
responsáveis pela destruição de células anormais, infectadas ou
estranhas ao organismo. Linfócito T
Linfócito T
matador
Orgãos do Sistema Imunológico
• O sistema imunitário é composto por dois grupos de órgãos, os órgãos
imunitários primários e os órgãos imunitários secundários.
• Os primeiros são assim denominados por serem os principais locais de
formação e amadurecimento dos linfócitos.
• Já os segundos, são secundários por atuarem no sistema imunológico
após a produção e amadurecimento dos linfócitos
Orgãos do Sistema Imunológico
• O sistema imunitário é composto por dois grupos de órgãos, os órgãos
imunitários primários e os órgãos imunitários secundários.
• Os primeiros são assim denominados por serem os principais locais de
formação e amadurecimento dos linfócitos.
• Já os segundos, são secundários por atuarem no sistema imunológico
após a produção e amadurecimento dos linfócitos
Orgãos do Sistema Imunológico
Órgãos imunitários secundários
• Órgãos imunitários primários Linfonodos – estão presentes nos vasos linfáticos;
• Medula óssea – além da neles a linfa é filtrada, permitindo que partículas
produção de células invasoras sejam fagocitadas pelos linfócitos ali
sanguíneas e plaquetas, a presentes.
medula produz linfócitos B, Tonsilas – possuem função semelhante aos linfonodos.
linfócitos matadores. É nesse Estão localizadas na parte posterior da boca e acima da
órgão que ocorre o processo garganta.
de amadurecimento dos Baço – o baço filtra o sangue para remover
linfócitos B. microrganismos, substâncias estranhas e resíduos
• Timo – o timo é responsável celulares, além de produzir linfócitos.
por produzir linfócitos T Adenoides – constituem de uma massa de tecidos
maduros. linfoides protetores localizados no fundo da cavidade
nasal. Têm como função ajudar a proteger o organismo
de bactérias e vírus causadores de doenças
transmitidas pelo ar.
Apêndice cecal – é uma pequena extensão tubular
localizada no ceco, primeira porção do intestino grosso.
Através da atuação das bactérias presentes nessa
estrutura, microrganismos invasores são combatidos.
Entrando em ação...
• Um agente invasor, ao entrar no organismo, gera um mecanismo de defesa, a resposta imune.
• As substâncias invasoras são detectadas pelos macrófagos, que irão atuar em sua digestão parcial e na
comunicação aos demais componentes do sistema imune da invasão sofrida, para que essas substâncias sejam
totalmente destruídas e eliminadas.
• Após a atuação dos macrófagos, os linfócitos T auxiliadores entram em ação, ligando-se aos antígenos invasores.
• Este processo estimula a produção, pelos leucócitos, de compostos denominados interleucinas, que atuarão na
ativação e estímulo para a produção de mais linfócitos T auxiliadores.
• Estes novos linfócitos intensificarão o combate aos antígenos e liberarão outros tipos de interleucinas, que
estimularão a produção de linfócitos T matadores e linfócitos B.
• Depois de estimulados, estes linfócitos se multiplicam até que os antígenos sejam desativados e eliminados.
• Parte dos linfócitos produzidos é armazenada, estes são um tipo de linfócito especial, denominados de células de
memória. Estas guardam durante anos, ou pelo resto da vida, a capacidade de reconhecer agentes infecciosos com
os quais o organismo já se deparou.
• Havendo um novo ataque por agentes conhecidos, as células de memória são estimuladas a se reproduzir, dando
início ao processo de defesa do organismo, em um curto intervalo de tempo.

Observe bem
Epidemias no Brasil -Conceitos Importantes
Surto: acontece quando há o aumento repentino do número de casos de uma doença em uma região
específica. Para ser considerado surto, o aumento de casos deve ser maior do que o esperado pelas
autoridades. Em algumas cidades (como Itajaí-SC), a dengue é tratada como surto (e não como
epidemia), pois acontece em regiões específicas (um bairro, por exemplo).
Endemia: a endemia não está relacionada a uma questão quantitativa. Uma doença é classificada como
endêmica (típica) de uma região quando acontece com muita frequência no local. As doenças endêmicas
podem ser sazonais. A doença de Chagas, por exemplo, é considerada uma doença endêmica das regiões
Nordeste, Sudeste e Sul do Brasil.
Epidemia: a epidemia se caracteriza quando um surto acontece em diversas regiões. Uma epidemia a
nível municipal acontece quando diversos bairros apresentam uma doença, a epidemia a nível estadual
acontece quando diversas cidades têm casos e a epidemia nacional acontece quando há casos em
diversas regiões do país.
Pandemia: em uma escala de gravidade, a pandemia é o pior dos cenários. Ela acontece quando uma
epidemia se espalha por diversas regiões do planeta. Em 2009, a gripe A (ou gripe suína) passou de
epidemia para pandemia quando a OMS começou a registrar casos nos seis continentes do mundo. A
aids, apesar de estar diminuindo no mundo, também é considerada uma pandemia.
Conceitos Importantes
Vacina: Imunização Ativa Soro: Imunização Passiva

Seu corpo aprende a receita para criar os Seu corpo recebe anticorpos prontos, produzidos por
anticorpos e células de memória necessários indivíduos de outra espécie. Seu corpo não aprende a
receita pois não cria células de memória
Pandemias no Brasil
• Doença bacteriana infecciosa.
• Afeta principalmente os pulmões e pode ser grave.

Pandemias no Brasil • As bactérias que causam a tuberculose são


espalhadas quando uma pessoa infectada tosse ou
espirra.
• A maioria das pessoas infectadas com a bactéria
Tuberculose que causa a tuberculose não apresenta sintomas.
Quando ocorrem, os sintomas geralmente incluem
tosse (às vezes, com sangue), perda de peso,
O histórico de epidemias no Brasil se inicia em sudorese noturna e febre.
1555. • O tratamento nem sempre é necessário para
O primeiro relato de tuberculose no Brasil se dá pacientes assintomáticos. Os pacientes com
em 1549, trazida pelo padre enfermo Manuel da sintomas manifestos precisam de um longo
Nóbrega. tratamento com vários antibióticos.
Em 1555 a doença se alastrou, infectando por
volta de 1 em cada 150 habitantes. No século XX,
10% dos óbitos na cidade de São Paulo eram
resultantes da tuberculose.
Medidas como saneamento básico e melhores
métodos de higiene pessoal reduziram essa taxa
ao longo das décadas.
Pandemias no Brasil Durante séculos não se tinha informações
suficientes da doença, o meio de se a
controlar a epidemia era isolar os enfermos
e descartar seus objetos pessoais.
Varíola
Sendo uma doença viral, a varíola traz
O histórico de epidemias do Brasil continua com
consigo os sintomas de uma gripe comum,
a vinda dos portugueses, tendo como a primeira
epidemia relatada a varíola em 1563, afetando evoluindo para protuberâncias inflamadas
principalmente os indígenas por nunca terem tido na pele, levando ao óbito. A doença foi
contato com a doença e usarem pertences erradicada, segundo a OMS, em 1980.
pessoais e roupas dos europeus contaminados.
Os europeus viram essa epidemia e o
desconhecimento dos indígenas como uma
oportunidade de se apossar de suas terras.
Então, os europeus deixavam roupas
contaminadas em trilhas para que os indígenas as
encontrassem e usassem.
Pandemias no Brasil
Informações na imprensa sobre a moléstia se
multiplicaram e diversificaram com velocidade
espantosa. Transcrevendo jornais de outros lugares do
Brasil, as notícias falavam de gente morrendo pelas
ruas, de cadáveres sendo recolhidos em carroças e
Gripe Espanhola- Memória, caminhões e enterrados em valas comuns, de
Educação e Ação voluntários fazendo serviços públicos por falta de
profissionais que ficavam doentes, de assistência
Também chamada de Gripe de 1918 foi uma pandemia do médica descontínua e ineficiente. Tudo isso evocava
vírus influenza que se espalhou por quase toda parte do para os campineiros uma imagem muito semelhante
mundo.Foi causada por uma virulência incomum e àquela do final do século XIX, época em que a febre
frequentemente mortal de uma estirpe do vírus Influenza
amarela devastava sua cidade e outras localidades
A do subtipo H1N1.
brasileiras.
Vitimando entre 50 e 100 milhões de pessoas pelo mundo
(ou até 5% da população mundial), foi a pandemia mais letal
da história da humanidade Saldo Mundial:
Infectados:500
Acredita-se que tenha surgido nos campos de treinamento milhões de pessoas
dos estados Unidos. Mortes: 50 milhões
Os primeiros casos de influenza em Campinas foram de pessoas
Perído: 2 anos
notificados à Delegacia de Saúde de Campinas em 24 de
outubro (MEYER; TEIXEIRA, 1920, p. 179).
Os primeiros casos de febre amarela, no ano de 1889,

Pandemias no Brasil ocorreram em fevereiro e logo a epidemia se alastrou. O


número de habitantes aqui em Campinas caiu para
aproximadamente 10% (3.500 pessoas) de seu total, devido
aos óbitos e à evasão provocados pela moléstia, que cessou
Febre Amarela – Medo e Morte sem uma explicação convincente a partir do final de junho.
É uma doença infecciosa causada por um vírus transmitido picada dos Entretanto, a cidade foi vitimada pela doença nos anos
mosquitos infectados e não há transmissão direta de pessoa a pessoa. seguintes, especialmente em 1890 e 1896
Seus sintomas iniciais são febre com calafrios, dor de cabeça intensa,
dores nas costas, dores musculares, vômitos e fraqueza. É na verdade
uma EPIDEMIA, pois só atinge países de clima tropical devido ao seus
agentes vetores: mosquitos das espécies Haemogogus sabethes e
Aedes aegypti
• Em casos graves, a pessoa infectada por febre amarela pode
desenvolver algumas complicações, como:
• febre alta;
• icterícia (coloração amarelada da pele e do branco dos olhos);
• hemorragia (especialmente a partir do trato gastrointestinal);
• eventualmente, choque e insuficiência de múltiplos órgãos.
• Até o dia 14 de junho, o Brasil anunciou que o número de
infectados era de 69 em todo o país.Os 11 últimos
pacientes foram infectados pelo vírus (H1N1) no exterior.

Pandemias no Brasil Todos os pacientes estão sob tratamento e agora passam


bem", disse o ministério da saúde para confirmar que
somente em 17 dos 69 casos houve "contágio interno"]
Gripe Suina
• Em 28 de junho, o país confirma um total de 627 casos da
• A Pandemia de gripe A (H1N1) iniciou em 2009. Se originou no gripe, e a primeira suspeita de morte causada pela doença
México também é anunciada, no estado do Rio Grande do Sul.
• No dia 7 de maio, foram confirmados os primeiros quatro casos Segundo o divulgado, Michael Glenn Brannan de 58 anos,
da Gripe A no Brasil pelo Ministério da Saúde. estadunidense, teria sido a vítima do vírus H1N1, mas o
• No dia 8 de maio, a Secretaria da Saúde do Estado de Santa caso não foi confirmado.
Catarina anunciou o quinto caso de gripe suína no país, uma
menina de sete anos que esteve de férias na Flórida,
nos Estados Unidos • Em agosto o Ministro da Saúde declarou que 78% dos
• O sexto caso foi de um homem no Rio de Janeiro que teve casos de gripe no país são decorrentes do H1N1 e 2% das
contato com um paciente já confirmado como infectado pela mortes mundiais são brasileiras.
gripe e contraiu a doença. Esse foi o primeiro caso de contágio
da doença dentro do país.
• Em 26 de agosto o Ministério da Saúde confirmou que os
• No dia 10 de maio, o Ministério da Saúde confirma mais dois
casos da nova gripe no Brasil, somando assim oito infectados casos fatais chegaram a 557, o que levou o país a liderar o
confirmados, e permanece com 30 casos suspeitos da nova número de mortes pela pandemia em todo o mundo.
gripe. Os casos estão sendo investigados em dez estados e no • O fim da pandemia no Brasil se deu em Outubro de 2009
Distrito Federal pelo Ministério da Saúde.
com o seguinte saldo:
• No dia 30 de maio o Brasil registrou mais 4 casos da gripe A
(H1N1), subindo o total de infectados para 20. Os estados Casos confirmados: 3.430 pessoas
afetados são: Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Mortes: 789 pessoas
Sul, Santa Catarina, São Paulo e Tocantins. Período: 6 meses
O que o coronavirus tem em comum e de diferente das
outras pandemias? A historiadora Christiane Maria Cruz de Souza, do Núcleo de
Tecnologia em Saúde do Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia da Bahia, levanta ainda outro ponto em comum entre a
gripe espanhola e a Covid-19. “A liturgia das grandes epidemias é
sempre muito parecida. Primeiro, as autoridades negam que ela
SEMELHANÇAS existe, uma vez que é algo desconhecido e com potencial de
Olha os conselhos dados para a população durante a gripe abalar a economia e os sistemas de saúde. Muitos dos discursos
espanhola... das autoridades no início da pandemia de 1918 se assemelham
ao que vemos hoje”, compara.
Conselhos ao povo da inspetoria de higiene (1918): Outro fator é ligar o vírus a um pais em específico, a gripe
1. EVITAR aglomerações, principalmente à noite. espanhola não se originou na Espanha.
2. NÃO fazer visitas. Surgimento de remédios caseiros pouco eficazes
3. TOMAR cuidados higiênicos com o nariz e a garganta […]
4. EVITAR toda fadiga ou excesso físico
5. O DOENTE, aos primeiros sintomas, deve ir para a cama, DIFERENÇAS
pois o repouso auxilia a cura e afasta as complicações e
• “ A diferença é que, em 2009, a gente tinha uma possibilidade
contágio. Não deve receber, absolutamente, nenhuma
de vacina em curto prazo, coisa que não possuímos agora”,
visita. informa o infectologista Alberto Chebabo, médico da Dasa e
6. EVITAR as causas de resfriamento, é de necessidade tanto da Universidade Federal do Rio de Janeiro.. As estimativas mais
para os sãos, como para os doentes e convalescentes.[ otimistas dão conta que um imunizante contra o coronavírus
7. AS PESSOAS IDOSAS devem aplicar-se com mais rigor estará disponível dentro de 18 meses. Essa deve ser a solução
ainda todos esses cuidados.” para esse problema em longo prazo.
Comentário Final:
“Apesar de todas essas comparações históricas, fato é que nenhuma pandemia é 100% igual às anteriores. No
cenário atual, temos mais incertezas que verdades absolutas. Nos resta, então, seguir as autoridades em saúde
pública e respeitar as recomendações que parecem dar certo em outros países: lavar as mãos com regularidade,
ficar isolado em casa, evitar o contato com outras pessoas… Sim, a crise é global. E só vamos sair dela se cada um
tomar para si seus próprios deveres e responsabilidades. ” (André Biernath)

Referências Bibliográficas
• Soares, JL. Programas de Saúde. Editora Scipione
• Tortora, Gerard J. Microbiologia. 10. ed. – Porto Alegre: Artmed, 2012.

https://www.slideshare.net/herbertgaleno/endemias-e-epidemias-no-brasil
https://saude.abril.com.br/blog/tunel-do-tempo/semelhancas-covid-pandemias-
passado/

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