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RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DE IMPACTOS DAS

SOLUÇÕES TECNOLÓGICAS GERADAS PELA EMBRAPA

Nome da solução tecnológica:

“Sisteminha - Sistema integrado para produção de alimentos”

Ano em avaliação: 2018

Unidade: Embrapa Meio-Norte - PI e Embrapa Cocais - MA

Equipe técnica responsável:


Janaina Mitsue Kimpara
João Flávio Bomfim Gomes
Ligia Alves dos Santos

Teresina/PI, fevereiro de 2019


SUMÁRIO

1. IDENTIFICAÇÃO DA TECNOLOGIA 3
1.1. Nome/Título 3
1.2. Eixos de Impacto do VI Plano Diretor da Embrapa 3
1.3. Descrição Sucinta 3
1.4. Ano de Início da geração da tecnologia 4
1.5. Ano de lançamento 4
1.6. Ano de início da adoção 4
1.7. Abrangência da adoção 4
1.8. Beneficiários 4
2. IDENTIFICAÇÃO DOS IMPACTOS NA CADEIA PRODUTIVA 5
3. AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS ECONÔMICOS E CUSTOS DA TECNOLOGIA 7
3.1. Avaliação dos Impactos Econômicos 7
3.1.1. Tipo de Impacto: Incremento de Produtividade 7
3.1.2. Tipo de Impacto: Redução de Custos 7
3.1.3. Tipo de Impacto: Expansão da Produção em Novas Áreas 7
3.1.4. Tipo de Impacto: Agregação de Valor 7
3.1.5. Análise dos impactos econômicos 7
3.2. Custos da Tecnologia 8
3.2.1. Estimativa dos Custos 8
3.2.2. Análise dos Custos 8
3.3. Análises de rentabilidade 11
4. AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS DE TECNOLOGIAS
AGROPECUÁRIAS – AMBITEC-Agro 11
4.1. Impactos Ecológicos da Avaliação dos Impactos 11
4.2. Impactos Socioambientais da Avaliação dos Impactos 13
4.3. Índice de Impacto Socioambiental 15
4.4. Impactos sobre o Emprego 16
5. AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS NO DESENVOLVIMENTO INSTITUCIONAL 18
5.1. Capacidade relacional 18
5.2. Capacidade científica e tecnológica 19
5.3. Capacidade organizacional 19
5.4. Produtos de P&D 20
5.5. Índice de Impacto no desenvolvimento institucional 22
6. CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS 23
7. FONTE DE DADOS 25
8. BIBLIOGRAFIA 26
9. EQUIPE RESPONSÁVEL 27
Anexo 1 – Casos de sucesso visitados 28

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1. IDENTIFICAÇÃO DA TECNOLOGIA

1.1. Nome/Título

“Sisteminha1 - Sistema integrado para produção de alimentos” (nome atualizado


conforme os Termos de Cooperação Técnica para adoção da tecnologia com produtores
e instituições de ensino).

1.2. Eixos de Impacto do VI Plano Diretor da Embrapa

Eixo de Impacto do VI PDE


x Avanços na busca da Sustentabilidade Agropecuária
Inserção estratégica do Brasil na Bioeconomia
Suporte à Melhoria e Formulação de Políticas Públicas
x Inserção Produtiva e Redução da Pobreza Rural
Posicionamento da Embrapa na Fronteira do Conhecimento
Não se aplica

1.3. Descrição Sucinta

O “Sisteminha” constitui-se em um sistema integrado para produção de alimentos,


desenvolvido para gerar segurança e soberania alimentar para seus usuários (Embrapa,
2013). O elemento central da solução tecnológica é a criação de peixes, em um tanque
com sistema de recirculação e filtragem.
Algumas de suas principais vantagens são:
a) Baixo custo de investimento inicial;
b) Solução integrada, que pode ser facilmente adaptada às necessidades,
experiência, preferências do produtor e condições edafoclimáticas e de mercado
local;
c) Apropriada para pequenos espaços (a partir de 100 m 2), em áreas urbanas e
rurais;
d) Dimensionada para atender às necessidades nutricionais de uma família de 4
pessoas, no atendimento às recomendações nutricionais da Organização
Mundial da Saúde (OMS).

Conforme Embrapa (2018), o Sisteminha é fundamentado em 4 princípios: 1)


miniaturização, 2) replicabilidade, 3) escalonamento da produção, 4) segurança alimentar
e nutricional.
O tanque pode ser construído de forma artesanal, com materiais disponíveis na
localidade (madeira, adobe, papelão, palha, pedra, pneu), de alvenaria, placas pré-
moldadas ou outros materiais.
O Sisteminha possui atualmente 15 módulos, sendo eles: 1. Produção de peixes, 2.
Produção de ovos de galinhas; 3. Produção de frangos de corte; 4. Produção de
minhocas; 5. Produção vegetal (carboidratos, hortaliças, chás e temperos; frutíferas e
madeireiras); 6. Produção de composto; 7. Produção de ovos de codorna; 8. Produção de
porquinhos da Índia; 9. Aquaponia; 10. Produção de larvas de moscas; 11. Produção de

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O termo “Sisteminha” encontra-se em processo de negociação e registro de patentes com as instituições envolvidas no
seu desenvolvimento - Embrapa, Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e Fundação de Amparo à Pesquisa do
Estado de Minas Gerais (FAPEMIG). Também é importante informar que esta é uma tecnologia social desde o ano de
2013 e o nome Sisteminha é o adotado pela Fundação Banco do Brasil, segundo registros em seus bancos de dados.
Dessa forma, adotamos o termo “Sisteminha” em todo o relatório.
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ruminantes; 12. Produção de suínos; 13. Biodigestor; 14. Sistema de tratamento de água
potável; 15. Carvoaria artesanal.
O Sisteminha não é uma tecnologia isolada em si, mas um “pacote” de soluções
tecnológicas integradas, com muitas possibilidades de combinações. O módulo básico é a
piscicultura e cada produtor adota os módulos disponíveis de acordo com seus interesses.
A tecnologia desenvolve-se aos moldes da inovação aberta, com a forte participação dos
beneficiários moldando o desenvolvimento e evolução da tecnologia. Em alguns lugares
mais distantes de centros comerciais, o pesquisador Luiz Carlos Guilherme,
desenvolvedor da tecnologia, bem como uma startup que se originou desta tecnologia,
vêm trabalhando na superação do principal problema identificado na adoção, que é a
dificuldade na aquisição de insumos e comercialização de excedentes da produção no
mercado formal. Para isso, foi elaborado modelo de negócio para a tecnologia,
considerando o público alvo sendo um beneficiário individual, ou uma comunidade, via
política pública. Esta e outras informações específicas da operacionalização dos módulos
do Sisteminha serão disponibilizados em breve pelo desenvolvedor da tecnologia, em
livro.

1.4. Ano de Início da geração da tecnologia

2011

1.5. Ano de lançamento

2012

1.6. Ano de início da adoção

2012

1.7. Abrangência da adoção

NORDESTE NORTE CENTRO OESTE SUDESTE SUL


AL AC DF ES x PR
BA x AM GO x MG x RS
CE x AP MS RJ SC
MA x PA MT SP x
PB RO
PE x RR
PI x TO x
RN x
SE

Exterior: África: projetos de transferência de tecnologia do Sisteminha foram


desenvolvidos a partir de 2015 em cinco países da África: Gana, Uganda, Etiópia,
Camarões e Tanzânia. Neste ano, incluímos os benefícios econômicos do Sisteminha em
Gana neste relatório.

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1.8. Beneficiários

Beneficiários diretos da tecnologia são produtores agropecuários de pequena escala


(e suas famílias), moradores de áreas urbanas, periurbanas e rurais, inclusive agricultores
familiares, assentados rurais, comunidades indígenas, quilombolas e/ou extrativistas.
Beneficiários indiretos são os consumidores dos produtos produzidos utilizando a
tecnologia nessas comunidades; os fornecedores de insumos (sementes, alevinos, lona
plástica, pintinhos e matrizes das raças recomendadas etc.).

2. IDENTIFICAÇÃO DOS IMPACTOS NA CADEIA PRODUTIVA

O Sisteminha impacta diversos atores dentro de várias cadeias produtivas da


agropecuária, já que existem um grande número de módulos em sua composição. Para
os beneficiários, sejam eles produtores rurais ou não, o impacto é evidente e rápido no
que tange à segurança alimentar: a partir do momento que o beneficiário produz seu
próprio alimento, a condição de saúde da família melhora notavelmente. Paralelamente,
há um benefício econômico contabilizado a partir da não aquisição de alimentos e
recursos energéticos (no caso do biogás e do carvão) no mercado, já que são produzidos
na propriedade. Como consequência da utilização de resíduos animais e palhadas
vegetais que retroalimentam o sistema, há um impacto ambiental relevantemente positivo,
por não haver descarte de dejetos animais nem desperdício de biomassa útil para a
geração de energia e composto orgânico. Um fato relevante verificado em algumas
propriedades visitadas foi o de redução do desmatamento em até meio hectare por ano
por causa da abundância de alimentos produzidos em uma mesma área. É comum nas
comunidades do interior do Nordeste brasileiro a prática de queimada de áreas de
vegetação nativa para a prática agropecuária. Outro impacto importante verificado foi a
fixação de jovens no campo. Como as oportunidades de emprego são escassas nestas
regiões, os jovens geralmente vão para grandes centros industriais à procura de emprego.
Verificamos que os membros das famílias se envolvem bastante nas atividades diárias do
Sisteminha, incluindo os jovens, o que lhes garante melhor qualidade de vida em relação
aos empregos em cidades de grandes centros comerciais. Neste contexto, o papel de
resgate de dignidade das famílias é outro fator relevante. Questões como empoderamento
feminino estão também envolvidos dentre os impactos sociais positivos da tecnologia.
O Sisteminha é pensado na ótica do empreendedorismo social. Neste sentido, é
possível o desenvolvimento de uma cadeia de suprimentos organizada para o Sisteminha,
verificando aspectos que garantam que os preços serão compatíveis com os objetivos
primários da tecnologia, que é a segurança alimentar.
Há também grande interesse pela tecnologia por parte de formuladores de políticas
públicas. A tecnologia tornou-se política pública no Estado do Maranhão, através do
Programa +IDH e apoio da Secretaria da Agricultura Familiar (SAF).
O Sisteminha, desde sua concepção, foi amplamente adotado pelo público, que
compartilhava suas experiências e despertava o interesse de outros potenciais adotantes.
Verificou-se a formação de vários multiplicadores sociais, os quais contribuíram para que
o Sisteminha fosse divulgado amplamente em redes sociais. Apesar da divulgação
alcançada ser um fator favorável para o Sisteminha, torna-se difícil a adequada
quantificação e acompanhamento do número de adotantes da tecnologia. Nesse sentido,
esforços serão alocados neste ano de 2019 para o monitoramento da sua adoção.
Desde o ano de 2016, a Universidade Federal do Vale do São Francisco, campus de
Petrolina, passou a formar técnicos especialistas na tecnologia Sisteminha: foi criada uma
disciplina específica sobre a tecnologia no curso de pós graduação em Extensão. O
5
campus possui uma Unidade Demonstrativa com vários módulos de produção: avicultura
de postura, criação de porquinhos da índia, produção de mudas de frutíferas e moringa,
produção vegetal em geral, piscicultura, produção de codornas, de frangos de corte (ver
Anexo). Isso tudo se reflete nos impactos na cadeia produtiva e impactos institucionais da
tecnologia, a serem detalhados no item 5 deste relatório.
A Figura 1 apresenta um esquema simplificado da cadeia produtiva do Sisteminha,
ilustrando a possibilidade de integração de várias UPS (Unidade de Produção do
Sisteminha) em uma comunidade, o que pode ser decisivo para a efetiva adoção da
tecnologia.

Figura 1. Esquema simplificado da cadeia produtiva do Sisteminha

Se há um pequeno número de UPS implantadas de forma dispersa, o impacto na


cadeia produtiva será pequeno, pois a produção de poucos agricultores para suas famílias
(somente autoconsumo ou subsistência) não impacta a cadeia produtiva. Para a família
do agricultor individualmente, que passou a produzir o próprio alimento, alcançando a
soberania alimentar, o impacto é grande. No entanto, se houver um grande número de
UPS concentradas em uma localidade, isso pode causar impactos significativos na
geração de renda, no mercado de insumos (ex.: rações, sementes, bombinhas e lonas
plásticas) e no mercado de alimentos local, pois o conjunto dos Sisteminhas pode passar
a produzir todo o alimento necessário para aquela comunidade.
Em algumas localidades já houve pequeno impacto na cadeia produtiva de
fornecimento de insumos, por exemplo, o aumento de preços das bombinhas e lonas
plásticas. Alguns insumos, como pintinhos das raças recomendadas, rações e alevinos de
qualidade, são difíceis de obter em várias comunidades. Alguns produtores estão se
associando para comprar rações e alevinos e está havendo uma boa interação com
escolas técnicas, ou com associações de moradores/produtores. Essa associação para
compras e também na assistência técnica tem sido determinante para o sucesso de
muitas UPS, além da troca e comercialização de produtos e colaboração entre si na
disseminação de conhecimentos, realização de atividades e superação de dificuldades.
Ainda que o objetivo essencial do Sisteminha seja a soberania alimentar, após
garantir o alimento da família, é possível a comercialização direta com os consumidores
finais, devido à produção de pequenas quantidades e compras locais, o que vem
ocorrendo em Sisteminhas implantados com sucesso. A presença de atravessadores é
frequentemente evitada, o que favorece a garantia de um bom preço ao produtor, mas
nem sempre favorece o acesso a um mercado regional ou em maiores escalas de
produção.
A produção intensiva de peixes, com a utilização do filtro biológico, sedimentadores
e recirculação, é a atividade mais inovadora para a maioria dos produtores que utilizam a
tecnologia, mas a criação de peixes em si nem sempre é responsável pelos maiores
impactos econômicos e socioambientais, mas sim o valor agregado pela possibilidade de
armazenar e enriquecer a água para produção irrigada, escalonar, diversificar e integrar
de forma cíclica os módulos de produção. Quanto mais houver a associação entre os
produtores, maior a tendência dos impactos se ampliarem a nível local e do entorno.

6
Para o ano de 2018, a avaliação de impacto do Sisteminha foi realizada em conjunto
com a Embrapa Cocais, sediada no Estado do Maranhão. A Embrapa Cocais tem
realizado inúmeras ações de transferência de tecnologia e de apoio à políticas públicas no
Estado, com o uso de recursos próprios (projetos SEG) e externos (convênios com o
Estado e prefeituras).

3. AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS ECONÔMICOS E CUSTOS DA TECNOLOGIA

A tecnologia Sisteminha pode ser caracterizada na maioria das vezes como


tecnologia social, que envolve inúmeras vantagens e externalidades ambientais e sociais
difíceis de quantificar economicamente, além de ser um `pacote tecnológico´ que pode ser
adotado em partes que vão gerar diferentes impactos. Essas são algumas das razões
para a dificuldade de caracterização dentro de um ou outro tipo de impacto econômico: na
verdade há uma mescla de tipos de impactos que foram simplificados aqui na medida do
possível.
Para efeito das análises aqui apresentadas, considerou-se sempre a situação
anterior ao uso da tecnologia, tentando isolar seus rendimentos independentemente das
atividades já praticadas pelo produtor.
Os custos da tecnologia apresentados no item 3.2 são os custos que a geração da
tecnologia representou para a Embrapa até final de 2018.

3.1. Avaliação dos Impactos Econômicos

A metodologia de avaliação de impactos econômicos se aplica para avaliar os


impactos econômicos do Sisteminha?

Se aplica: sim (x) não ( )

3.1.1. Tipo de Impacto: Incremento de Produtividade

Se aplica: sim ( ) não (X)

3.1.2. Tipo de Impacto: Redução de Custos

Se aplica: sim ( ) não (X)

3.1.3. Tipo de Impacto: Expansão da Produção em Novas Áreas

Se aplica: sim ( ) não (X)

3.1.4. Tipo de Impacto: Agregação de Valor

Se aplica: sim (X) não ( )

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Tabela D - Benefícios Econômicos devidos à Agregação de Valor
Renda Renda
Renda Ganho
com com Participação
Adicional Líquido Área de Benefício
Produto Produto da Embrapa
Ano Obtida Embrapa Adoção Econômico
Anterior Atual %
R$ R$/UM
R$ R$
(A) (B) C=(B-A) (D) E=(CxD) (F) G=(ExF)
2018 0,00 6.430,77 6.430,77 70% 4.501,54 1.200 5.401.844,28
TOTAL 5.401.844,28

3.1.5. Análise dos impactos econômicos

Os benefícios econômicos contabilizados referem-se à agregação de valor à


propriedade, e não a um produto específico. No Sisteminha produz-se uma variedade
grande de produtos, que variam em função da preferência de cada produtor. Os módulos
básicos mais recorrentes nos produtores visitados foram a piscicultura e a olericultura. Em
alguns destes produtores, praticava-se a avicultura de corte e/ou de postura. Há uma
grande variabilidade nos benefícios econômicos verificados. Alguns produtores iniciantes
(menos de um ano de adoção) estão na fase de produção para autoconsumo. Outros já
comercializam os excedentes de produção em mercados institucionais (PNAE). Uma
Unidade de Referência do Sisteminha já possui 11 dos 15 módulos disponíveis para
adoção, resultando em um rendimento econômico bastante superior aos demais
produtores. Portanto, as diferenças são bastante grandes nos rendimentos individuais, o
que gera o aparecimento de outliers. Por isso, optamos por uma análise conservadora e
apresentar a média dos rendimentos da maioria dos produtores, excluindo os outliers, que
serão apresentados em “casos de sucesso” em anexo. As propriedades visitadas estão
nos Estados do Maranhão, Piauí, Pernambuco e Bahia. Apresentaremos aqui os
benefícios econômicos médios obtidos para autoconsumo, que foi o foco principal da
idealização do Sisteminha. No entanto, verificamos que em menos de um ano da adoção,
já é possível obter excedentes de produção, que são comercializados dentro da
comunidade via escambo e logo entram no mercado formal (PNAE, restaurantes, feiras,
supermercados ou venda na propriedade). A média do valor obtido para autoconsumo foi
de R$ 6.430,77/propriedade, e foram considerados 1.200 adotantes do Sisteminha,
conforme informado pelo desenvolvedor da tecnologia, que possui contato próximo com
os adotantes. Só no Maranhão existem 600 unidades monitoradas pela Secretaria da
Agricultura Estadual. Os dados foram obtidos em avaliações in situ e com base na
“análise econômico-ecológica de agroecossistemas” (PETERSEN et al, 2017).
Categorizamos este benefício econômico como agregação de valor, porém não de
produto, mas da propriedade em geral para as famílias.
De fato, os benefícios são a economia da aquisição dos alimentos no mercado,
pois são produzidos pelos próprios beneficiários em suas propriedades, com garantia de
segurança dos alimentos (sem uso de pesticidas ou herbicidas), integrando a família na
atividade produtiva e resultando em fixação das pessoas no campo. Os ganhos para os
membros da família são muito superiores em relação à aquisição de alimentos e
empregos no mercado formal. Além disso, há os benefícios ambientais gerados, como
reciclagem dos resíduos da produção vegetal na compostagem e na carvoaria, e dos
animais no biodigestor e compostagem, além da irrigação das culturas vegetais com os
efluentes e resíduos sólidos da piscicultura. Portanto, o Sisteminha opera em consonância
com a economia circular. As demandas para a sua adoção são frequentes, praticamente
diárias. Neste ano de 2019, a tecnologia será validada e o plano de transferência de
tecnologia registrado, para a oficialização e sistemático monitoramento da adoção e dos
impactos. A participação da Embrapa foi relevante nestes benefícios econômicos

8
verificados, por meio do desenvolvimento da tecnologia e atendimento aos interessados
na adoção.

3.2. Custos da Tecnologia

3.2.1. Estimativa dos Custos

Tabela 3.2.1.1. – Estimativa dos custos.


Custos de
Custos de Custeio de Depreciação Custos de
Ano Transferência Total
Pessoal Pesquisa de Capital Administração
Tecnológica
2011 40.800,00 450,00* 0,00 67,50 0,00 41.317,50
2012 1.079.717,60 0,00 0,00 0,00 0,00 1.090.717,60
2013 1.133.114,60 0,00 0,00 0,00 0,00 1.144.114,60
2014 1.163.502,10 0,00 11.000,00 0,00 64.373,67* 1.238.875,77
2015 602.412,44 0,00 11.000,00 0,00 17.453,96* 630.866,40
2016 320.431,30 0,00 11.000,00 0,00 162.755,56* 494.186,86
2017 215.733,83 0,00 11.000,00 0,00 128.339,20* 355.073,03
2018 211.505,82 0,00 0,00 0,00 36.686,00* 248.191,82

*Financiamento externo.

3.2.2. Análise dos Custos

Os custos apresentados na Tabela 3.2.1.1, estimados a partir do ano 2011 até


2017 foram calculados e explicitados conforme Relatórios do Sisteminha anteriores.
Os valores relativos ao ano de 2018 foram calculados da seguinte forma: O custo
de pessoal foi equivalente a 1 pesquisador A e um analista A na Embrapa Meio-Norte,
com dedicação de 8 horas durante 20 dias, referente a viagens.
Esse ano a análise foi realizada em conjunto com a Embrapa Cocais, conforme já
mencionado, e o custo de pessoal da Embrapa Cocais foi calculada com dedicação de 20
horas semanais de um técnico A e um analista A. Em 2018 não houve projetos de
pesquisa ou de transferência de tecnologia relacionados à tecnologia em nenhuma das
Unidades, o que resulta em valores nulos para custos de administração e depreciação.
Os valores relacionados à TT correspondem à captação externa: Na Embrapa
Meio-Norte, referente aos valores utilizados para viagens durante o ano de 2018
financiados pela plataforma M-BoSs- Building on the Successes of the Africa-Brazil
Agricultural Innovation Marketplace, intitulado “Poverty alleviation in Africa through transfer
of Embrapa's small scale technologies using integrated crop-livestock agricultural
systems”, e, na Embrapa Cocais, referentes ao projeto “Transferência de tecnologia em
sistemas integrados de produção agropecuária no município de Urbano Santos,
Maranhão”.
O Sisteminha já foi instalado em países africanos como Gana, Uganda, Camarões
e Angola. Em Moçambique estão sendo feitos acordos de cooperação para instalação,
bem como Etiópia e Tanzânia. Dentre eles, destacamos os resultados obtidos na
instalação em Gana. Lá, já existem 60 produtores com sisteminhas em funcionamento. O
custo médio de instalação de um tanque de piscicultura é de USD $1000 (inclui material,
instalação e assistência técnica). A despesca rende 1.000 peixes por tanque (2 a 3 ciclos
por ano). O peixe cultivado é o bagre africano Clarias gariepinus. Cada peixe é
despescado com 1-2,5 kg a cada 4-6 meses de cultivo. Os produtores geralmente
consomem 20% da produção e vendem o restante. O preço de venda varia entre 2 e 3
dólares o quilo. Portanto, os rendimentos individuais resultam em R$ 18.375,00 por
9
produtor, deduzido o valor do investimento e o valor dos insumos (juvenis e ração de
peixe e energia elétrica).
Seguem fotos e o link de reportagem sobre o projeto, que é liderado pelo
pesquisador Shadrack Amponsah, da Crops Research Institute of the Council for Scientific
and Industrial Research (CSIR). Shadrack fez o treinamento na Embrapa Meio-Norte,
UEP Parnaíba/PI, durante o projeto financiado pela Plataforma MKTPlace:
https://yali.state.gov/yali-voices-making-aquaculture-possible-using-simple-raised-fish-
tanks/

10
Créditos: Shadrack Amponsah.

As fotos acima são de tanques instalados em Gana, construídos com vários


materiais, como papelão e bambu, blocos e cimento. O peixe cultivado é o bagre africano.

3.3. Análises de rentabilidade

Como este ano de 2018 foi o primeiro a contabilizar os benefícios econômicos, não
é possível calcular a rentabilidade da tecnologia (Taxa Interna de Retorno - TIR, Relação
Benefício/Custo - B/C, Valor Presente Líquido - VPL). Isso será feito a partir de 2019. Nos
anos anteriores, os benefícios econômicos não foram contabilizados porque o número de
adotantes não pôde ser precisado.

11
4. AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS DE TECNOLOGIAS
AGROPECUÁRIAS – AMBITEC-Agro

A metodologia recomendada para avaliação dos impactos socioambientais das


tecnologias da Embrapa é o Ambitec-Agro. Dessa forma, os resultados dos 28
indicadores de impacto serão apresentados e analisados nas Tabelas 4.1.1 a 4.2.5.
4.1. Impactos Ecológicos da Avaliação dos Impactos

Para facilitar a interpretação dos resultados, foi sugerido por Santos, L.A 2. em
Rodrigues, G.S., em 2017, o estabelecimento de uma escala de valores para os índices
de impacto. Tendo como base avaliações feitas sistematicamente por meio da ferramenta
Ambitec-Agro para inúmeras tecnologias ao longo de vários anos e em diversas regiões
(Rodrigues et al., 2003, 2010, 2013, 2016; Rodrigues, 2015), a escala sugerida por
Rodrigues, G.S3. para valores positivos e negativos, foi a seguinte:

0,01 a 0,60 = impacto pequeno;


0,61 a 2,00 = impacto moderado;
2,01 a 4,00 = impacto relevante;
4,01 a 6,00 = impacto alto e
6,01 a 15,0 = impacto muito alto.

Importante lembrar que essa escala não é apropriada para interpretação dos
impactos institucionais do Ambitec, cujos indicadores intermediários raramente são
negativos, e que, portanto, não seguem a lógica de indicadores que somados,
mutuamente se anulam.
Os valores calculados pelo método Ambitec-Agro no ano de 2018 para o
Sisteminha estão nas Tabelas 4.1.1 a 4.3.1 a seguir, que apresentam as médias dos
indicadores de impacto socioambiental (econômico, social e ambiental), obtidos com o
preenchimento das planilhas, após as entrevistas e coleta de dados junto aos produtores.
O Sisteminha é apropriado para a pequena produção familiar, e, portanto, somente
produtores do Tipo 1 fazem uso dessa tecnologia.

Tabela 4.1.1: Impactos ecológicos – aspecto eficiência tecnológica


Se aplica Média Média Média
Critérios
(Sim/Não) Tipo 1* Tipo 2** Geral
1. Mudança no uso direto da terra S 1,27 - 1,27
2. Mudança no uso indireto da terra S 0,25 - 0,25
3. Consumo de água S 4,55 - 4,55
4. Uso de insumos agrícola S 0,59 - 0,59
5. Uso de insumos veterinários e matérias-primas S -0,86 - -0,86
6. Consumo de energia S -1,50 - -1,50
7. Geração própria, aproveitamento, reuso e autonomia S 0,58 - 0,58
8. Emissões à atmosfera S -0,03 - -0,03
9. Qualidade do solo S 3,98 - 3,98
10. Qualidade da água S 0,0 - 0,0
11. Conservação da biodiversidade e recuperação ambiental S 0,14 - 0,14
Média aspecto eficiência tecnológica 0,70
* Tipo 1 - Produtor familiar (pequeno). **Tipo 2 - Produtor patronal (médio e grande, comercial).

2
Comunicação pessoal por e-mail.
3
Idem.
12
O resultado da média do aspecto eficiência tecnológica para o ano 2018 foi de 0,70,
quando para 2017 foi de 0,67, impacto moderado.
O que chama atenção nos resultados desse ano de 2018 foram alguns indicadores
negativos. Um dos quais, consumo de energia, foi moderadamente negativo, de -1,50 e
em 2017 foi de 2,80. Isso pode ser explicado em parte pela elevação do preço do KWh,
que dá ao produtor a impressão de gasto excessivo com energia. Um caso de indicador
muito negativo em uma determinada propriedade foi que, provavelmente, está ocorrendo
erro na medição da energia e, portanto, cobrança indevida, que até o momento não foi
comprovada, mas o peso da energia no orçamento reportado pelo produtor influenciou a
média geral.
Outro indicador moderadamente negativo foi o de uso de insumos e matérias primas:
-0,86. Em 2017 foi 0,06. Esse ano foi possível notar que há uma dificuldade mais
marcante no acesso a insumos de qualidade, o que afetou o resultado desse indicador.
Por outro lado, um importante indicador, relativo ao consumo de água, foi destaque
como um dos indicadores mais positivos esse ano, com impacto alto, de 4,55 (em 2017 foi
2,80). Isso foi devido ao aumento da capacidade de armazenamento e enriquecimento da
água para irrigação em várias propriedades. Uma determinada propriedade possui um
poço com muita água salobra, que até então não podia ser utilizada para irrigação. Com o
armazenamento e utilização para a produção de peixes, essa água passou a ser
largamente utilizada, em 4 tanques de peixes.
Outro indicador com resultado relevante positivo, de 3,98, foi o de qualidade do solo.
Em 2017 foi 2,63. Devido à produção e utilização de cobertura morta e composto orgânico
e da água do tanque e do filtro, reduz-se a perda de matéria orgânica de nutrientes e
umidade, melhorando-se a estrutura do solo, reduzindo a compactação e aumentando a
fertilidade, influenciando o indicador de modo significativo. Isso tende a ser ampliado ao
longo do tempo.
Não houve impacto no indicador qualidade da água (ano passado foi 0,02), pois não
houve alteração nos elementos que compõem esse indicador: Carga orgânica (efluentes,
esgotos, estercos etc.); Turbidez (Espumas/Óleos/Resíduos sólidos); Exposição à
contaminação direta/ indireta por agrotóxicos; Assoreamento de corpos d'água.

4.2. Impactos Socioambientais da Avaliação dos Impactos

A tabela 4.2.1 apresenta a média do aspecto respeito ao consumidor.

Tabela 4.2.1: Impactos socioambientais – aspecto respeito ao consumidor


Se aplica Média Média Média
Critérios
(Sim/Não) Tipo 1 (*) Tipo 2 (**) Geral
12. Qualidade do produto S -0,02 - -0,02
13. Capital social S 2,82 - 2,82
14. Bem-estar e saúde animal S 2,60 - 2,60
Média aspecto respeito ao consumidor 1,80
* Tipo 1 - Produtor familiar (pequeno). **Tipo 2 - Produtor patronal (médio e grande, comercial)

Conforme tabela 4.2.1, a média do aspecto respeito ao consumidor resultou em 1,80


em 2018. Em 2017 o resultado foi 0,90, impacto moderado nos dois anos.
O indicador teve um pequeno impacto na qualidade do produto. Foi relatado durante
as entrevistas a dificuldade de acesso a fontes de insumos de qualidade, além da falta de
idoneidade dos fornecedores.
O indicador com melhor resultado no aspecto respeito ao consumidor esse ano foi o
capital social, que resultou em 2,82 (impacto moderado); 0,94 em 2017.
Esse aspecto é composto por: Integração cultural entre os colaboradores e
familiares; Engajamento em movimentos sociais; Conservação do patrimônio
13
histórico/artístico/cultural; Captação de demandas da comunidade; Projetos de extensão
comunitária/educação ambiental; Programas de transferência de conhecimentos e
tecnologias. Há influência na escala local, pois a família se une em torno das atividades
da UPS, distribuindo tarefas. Há também uma melhor integração e engajamento com a
comunidade, pela venda dos produtos, disseminação dos conhecimentos e aprendizagem
e superação de dificuldades e união para compras e vendas conjuntas. O aspecto não se
aplica em relação à conservação de patrimônio histórico/artístico/cultural.

As médias dos resultados relativos ao aspecto trabalho/emprego estão na tabela


4.2.2.

Tabela 4.2.2: Impactos socioambientais – aspecto trabalho/emprego


Se aplica Média Média Média
Critérios
(Sim/Não) Tipo 1 (*) Tipo 2 (**) Geral
15. Capacitação S 1,86 - 1,86
16. Qualificação e oferta de trabalho S 0,80 - 0,80
17. Qualidade do emprego/ocupação S 0,00 - 0,00
18.Oportunidade, emancipação e recompensa equitativa
S 4,60 - 4,60
entre gêneros, gerações e etnias
Média aspecto trabalho/emprego 1,91
* Tipo 1 - Produtor familiar (pequeno). **Tipo 2 - Produtor patronal (médio e grande, comercial)

De acordo com a tabela 4.2.2, o aspecto trabalho teve um impacto moderado, de


1,91. Em 2017 foi de 1,67. A qualidade do emprego teve impacto 0, pois o trabalho no
Sisteminha caracteriza-se por ser familiar, informal, e esse indicador de qualidade está
relacionado a aspectos da formalização do trabalho, o que em geral não ocorre no
Sisteminha. O maior impacto, impacto alto, 4,6 (2,81 em 2017), foi na oportunidade e
emancipação entre gêneros. Para várias famílias, ocorreu o protagonismo das mulheres,
que passaram a ser as principais responsáveis pela UPS e tiveram assim seu trabalho
valorizado e a relação de dependência diminuída.

As médias dos resultados relativos ao aspecto renda estão na tabela 4.2.3.

Tabela 4.2.3: Impactos socioambientais – aspecto renda


Se aplica Média Média Média
Critérios
(Sim/Não) Tipo 1 (*) Tipo 2 (**) Geral
19. Geração de Renda do estabelecimento S 11,00 - 11,00
20. Valor da propriedade S 2,93 - 2,93
Média aspecto renda 6,97
* Tipo 1 - Produtor familiar (pequeno). **Tipo 2 - Produtor patronal (médio e grande, comercial)

De acordo com a tabela 4.2.3 o aspecto renda teve um impacto muito alto, 6,97 (5,3
em 2017), o melhor resultado de todos, sendo que o indicador de impacto na geração de
renda do estabelecimento foi o mais significativo (11), pois aqui é considerado renda o
valor de mercado do alimento, caso esse alimento, produzido e consumido pela família
através do Sisteminha, fosse comprado.

A tabela 4.2.4 apresenta os valores dos impactos relativos ao aspecto saúde.

Tabela 4.2.4: Impactos socioambientais – aspecto saúde


Critérios Se aplica Média Média Média
14
(Sim/Não) Tipo 1 (*) Tipo 2 (**) Geral
21. Segurança e saúde ocupacional S -0,09 - -0,09
22. Segurança alimentar S 3,05 - 3,05
Média aspecto saúde 1,48
* Tipo 1 - Produtor familiar (pequeno). **Tipo 2 - Produtor patronal (médio e grande, comercial)

De acordo com a tabela 4.2.4, o impacto médio no aspecto saúde foi moderado, de
1,48 (1,07 em 2017).
Houve um impacto negativo muito pequeno de -0,09 (0,0 em 2017) na segurança e
saúde ocupacional, relacionado ao ruído das bombinhas de aeração e recirculação de ar,
perceptíveis quando estas se localizam próximo à casa.
O impacto na segurança alimentar, de 3,05, considerado relevante (2,14 em 2017),
condiz com o objetivo da tecnologia, que é a segurança alimentar dos usuários.
Ainda assim, o indicador segurança alimentar tem uma pequena importância relativa
em relação a outros indicadores e aspectos para a média geral, mesmo tendo sido dada
maior importância ao critério, aumentando o peso do critério para a tecnologia Sisteminha.

A tabela 4.2.5 apresenta os valores dos impactos relativos ao aspecto gestão e


administração.

Tabela 4.2.5: Impactos socioambientais – aspecto gestão e administração


Se aplica Média Média Média
Critérios
(Sim/Não) Tipo 1 (*) Tipo 2 (**) Geral
23. Dedicação e perfil do responsável S 4,73 - 4,73
24. Condição de comercialização S 1,98 - 1,98
25. Disposição de resíduos S 2,73 - 2,73
26. Gestão de insumos químicos S 0,11 - 0,11
27. Relacionamento institucional S 3,52 - 3,52
Média aspecto gestão e administração 2,61
*Tipo 1 - Produtor familiar (pequeno). **Tipo 2 - Produtor patronal (médio e grande, comercial)

Pela tabela 4.2.5 verificamos que o resultado do impacto no aspecto gestão e


administração foi de 2,61, impacto relevante. Em 2017 foi de 2,03.
O indicador com impacto mais significativo nesse aspecto foi o dedicação e perfil do
responsável, com impacto alto, de 4,73 (2,12 em 2017). Isso principalmente porque se
observa um bom nível de capacitação dos usuários e a família toda tem atividade, se
envolve e permanece mais tempo dedicada ao trabalho.
Em relação ao relacionamento institucional, o impacto foi relevante, de 3,52 (3,14 em
2017). A Embrapa orienta o agricultor na realização das atividades relativas à instalação e
manutenção das UPS. Além disso, está crescendo a participação de associações de
produtores e ampliação da assistência por Empresas de ATER por causa do Sisteminha.
Os produtores que utilizam a solução Sisteminha acabam utilizando outras tecnologias,
também sendo visitados por outros produtores.
A disposição de resíduos também colaborou para um resultado positivo no aspecto,
gestão, com impacto relevante de 2,73 (2,10 em 2017), pois há um melhor
aproveitamento dos resíduos orgânicos e domésticos.
A influência na gestão de insumos químicos é pequena, pois tradicionalmente os
agricultores familiares não utilizam esses insumos, sem alterar suas práticas nesse
sentido.
A venda direta dos produtos oriundos do excedente de produção da UPS influenciou
o indicador Condição de comercialização, com impacto moderado de 1,98 (0,94 em
2017). Especialmente a venda dos peixes e cheiro verde é realizada com compradores da
localidade, que vão até a propriedade. Às vezes, os excedentes são vendidos em feiras,
utilizando transporte próprio.
15
4.3. Índice de Impacto Socioambiental

Análise integrada sobre os impactos sociambientais do Sisteminha pela metodologia


do Ambitec-agro.
O índice de impacto socioambiental calculado pela metodologia Ambitec-agro para o
ano de 2018 está na tabela 4.3.1.

Tabela 4.3.1 Resultados


Média Tipo 1 Média Tipo 2 Média Geral
2,21 - 2,21
*Tipo 1 - Produtor familiar (pequeno). **Tipo 2 - Produtor patronal (médio e grande comercial)

A metodologia Ambitec estima os indicadores de impacto com base nos


depoimentos e impressões dos usuários, e essas impressões são subjetivas, ou seja, o
que para um parece pouco, para o outro, pode parecer muito. Também existem as
imprecisões das avaliações quando são feitas por diferentes entrevistadores, ou mesmo
em diferentes fases da produção ou época de chuva, quando os produtores têm bons
resultados recentes da produção a relatar. Principalmente os pequenos produtores, não
costumam anotar seus rendimentos, o que torna difícil resgatar dados precisos. Ainda
assim, a metodologia, utilizando valores médios entre um mínimo de 10 produtores, busca
minimizar essas imprecisões.
O índice de impacto socioambiental geral (tabela 4.3.1) para os produtores do
Sisteminha visitados esse ano resultou em 2,21. Em 2017, foi de 1,60; em 2016 foi: 1,48;
em 2015: 1,99. Em 2014, foi 2,43.
Ao longo desses 5 anos de avaliação foram observadas pequenas variações nos
índices médios alcançados. Impacto relevante no primeiro ano, moderado nos 3 anos
seguintes e novamente relevante. Foi verificado que ainda não há grande número de
Sisteminhas concentrados em algumas comunidades, mas sim poucos Sisteminhas
dispersos em muitas comunidades.
A tecnologia do Sisteminha é apropriada para pequenos produtores, e, portanto, o
impacto maior observa-se ao nível pontual da propriedade familiar. Os impactos ao nível
local e do entorno só ocorrem quando há uma maior interação entre produtores,
interessados em utilizar a tecnologia, fornecedores de insumos, assistência técnica,
associações e o mercado consumidor. Para que isso ocorra, conforme já se mencionou
no item 2 desse relatório, é importante que exista um número significativo de produtores
numa mesma comunidade, associados para multiplicar os impactos positivos na cadeia
produtiva local e do entorno.
Por outro lado, observa-se que o impacto ocasionado pelo uso do Sisteminha tende
a crescer com o passar dos anos, se o produtor permanecer na atividade, e adotar com
maior número de módulos produtivos.
A tecnologia em si também vem evoluindo com o tempo, melhorando, por exemplo,
aspectos construtivos do tanque de peixes, ou buscando estratégias para superar
gargalos na aquisição de insumos de qualidade, ou na assistência técnica e na
participação de escolas técnicas e/ou associações. Dessa forma, também os resultados
do Sisteminha têm melhorado.
A quase totalidade dos produtores que instalaram o Sisteminha e que continuam
com a tecnologia, declarou que estão satisfeitos com os resultados até agora, alguns
deles tendo ampliado o número de tanques de peixes e módulos produtivos e
transformado tanques de taipa ou papelão em tanques de alvenaria e construído outros
tanques de alvenaria, ou mais recentemente, de placas de concreto pré-moldado.

16
Também foram encontradas unidades de Sisteminha abandonados ou parados por
diversos motivos: problemas com o tanque que furou (principalmente os feitos de papelão
ou taipa, forrados com lona plástica), falta de interesse na continuidade da atividade, falta
de insumos de qualidade (alevinos, pintinhos das raças recomendadas, matrizes e
reprodutores adequados, lonas plásticas adequadas etc), dentre outros motivos
observados, inclusive e principalmente escolha equivocada do beneficiário por programas
sociais. Cabe uma avaliação mais aprofundada sobre as razões da interrupção no uso da
tecnologia, que será feito a partir deste ano.

O Índice de Impacto geral também pode ser subdividido em três dimensões de


impacto, que aparecem nos gráficos de impacto. Nesse ano de 2018, a dimensão de
impacto Ambiental foi: 0,85 (moderado); a dimensão Social: 1,98 (moderado) e o impacto
na dimensão Econômica: 4,38 (alto)
O impacto positivo moderado da tecnologia na dimensão ambiental é bom, já que
esta dimensão, considerando a região de instalação das Unidades de Produção do
Sisteminha (UPS) avaliadas, não é o objetivo principal da tecnologia. Já o impacto
econômico foi alto, decorrente principalmente do equivalente a preço de mercado do
autoconsumo dos alimentos produzidos. O impacto na dimensão social está embutido no
impactos na dimensão econômica e parte de outros benefícios sociais do Sisteminha não
estão bem representados na metodologia Ambitec-agro.

4.4. Impactos sobre o Emprego

O impacto do Sisteminha sobre a geração de empregos é difícil de estimar, pois o


Sisteminha emprega quase sempre a mão de obra familiar, ou seja, não são feitas
contratações formais para o Sisteminha. A tecnologia colabora para fixar o produtor rural
ao campo. Vários relatos foram feitos de pessoas que iriam trabalhar na cidade, se não
fosse o Sisteminha. Normalmente, o Sisteminha não chega a ocupar 1 hectare. Foi
considerado que a tecnologia fixa/ocupa, em média, uma pessoa por Unidade Produtiva.

Tabela 4.4.1: Número de empregos gerados (Exemplo – 2009/2018)


Ano Emprego adicional Área Não se Quantidade de
por unidade de área adicional aplica emprego gerado
(A) (B) C= (AXB)
2012
2013
2014
2015
2016
2017
2018 1 1200 1200

Até o momento, não há registro da presença massiva do Sisteminha em alguma


comunidade, que seja suficiente para influenciar significativamente o mercado de
trabalho, de insumos ou de alimentos. Estes resultados serão avaliados em um
curto/médio prazo, a partir do estabelecimento das ações iniciadas ao final de 2018.
Considerando que a tecnologia gera/fixa 1 emprego por família, no mínimo,
conforme afirmado anteriormente, são cerca de 1.200 famílias fixadas ao campo, sendo o
Sisteminha para algumas a única fonte de renda. De outra forma, poderiam migrar ou
estar abaixo da linha da miséria, confirmando o alto impacto positivo para esse indicador.
Este número de um posto de trabalho por Sisteminha é conservador, uma vez que na
maioria dos casos trabalham no mínimo o casal, e geralmente uma família de 4 pessoas.
17
5. AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS NO DESENVOLVIMENTO INSTITUCIONAL

Foram entrevistados sete empregados das Unidades Embrapa Meio-Norte,


Embrapa Cocais e Embrapa Pesca e Aquicultura que trabalham com o Sisteminha. O
pesquisador Luiz Carlos Guilherme, desenvolvedor da tecnologia, foi categorizado como o
entrevistado “Tipo 1”. O grupo maior, “tipo 2” é composto por analistas, técnicos,
pesquisadores, além de representantes das Chefias da Cocais e da Meio-Norte.

5.1. Capacidade relacional

Tabela 5.1.1: Impactos na capacidade relacional – aspecto relações de equipe/rede de


pesquisa
Se aplica Média Média Média
Critérios (Sim/Não) Tipo 1 (*) Tipo 2 (**) Geral
1. Diversidade de especialidades Sim 1,5 1,35 1,43
2. Interdisciplinaridade (coautorias) Sim 3,0 2,70 2,85
3. Know-who Sim 1,5 0,60 1,05
4. Grupos de estudo Sim 3,0 0,90 1,95
5. Eventos científicos Sim 3,0 1,77 2,39
6. Adoção metodológica Sim 3,0 2,03 2,52
*Tipo 1 - Especialista (desenvolvedor da tecnologia ). **Tipo 2 – Equipe de projeto

A Tabela 5.1.1. apresenta os componentes para o indicador “Relações de equipe /


rede de pesquisa” cujo coeficiente de impacto alcançado foi 8,68. O processo de inovação
do Sisteminha tem como característica uma grande diversidade de especialidades desde
agrônomos e veterinários até professores universitários, administradores, gestores
públicos etc. As relações interinstitucionais tem sido frequentes e produtivas, resultando
na assinatura de convênios de cooperação técnica, a exemplo do formalizado entre
Embrapa Cocais e Governo Estadual para capacitação de técnicos das secretarias.
Parcerias internacionais também foram formalizadas com países da África, ampliando o
alcance da rede pesquisa.
Como mencionado no item 1.3, a tecnologia tornou-se objeto de política pública no
Estado do Maranhão, através do Programa +IDH e o apoio da Secretaria da Agricultura
Familiar (SAF), o que possibilitou maior visibilidade à tecnologia e maior alcance
geográfico dentro do Estado. Além disso, a criação de uma disciplina específica na
Universidade Federal do Vale do São Francisco, campus de Petrolina, potencializou a
rede de pesquisa, com o ingresso de novos atores interagindo em torno do Sisteminha.
Para este indicador, destaca-se o componente “Interdisciplinaridade (co-autorias)” que
obteve a pontuação 2,85 na média geral.

Tabela 5.1.2: Impactos na capacidade relacional – aspecto relações com interlocutores


Se aplica Média Média Média
Critérios (Sim/Não) Tipo 1 (*) Tipo 2 (**) Geral
7. Diversidade Sim 1,5 1,17 1,34
8. Interatividade Sim 3,0 2,67 2,84
9. Know-who Sim 1,5 0,67 1,09
10. Fontes de recursos Sim 3,0 1,67 2,34
11. Redes comunitárias Sim 3,0 2,00 2,50
12. Inserção no mercado Sim 3,0 0,50 1,75
*Tipo 1 - Especialista (desenvolvedor da tecnologia). **Tipo 2 – Equipe de projeto

O indicador “Relações c/ interlocutores (beneficiários, parceiros, fornecedores e


financiadores)” apresentou coeficiente de impacto de 8,34, na média geral. Os dois
18
componentes que apresentaram grande aumento em seu coeficiente foram “Interatividade
entre interlocutores” e “Redes de interações comunitárias (não científicas)”. Para o
primeiro componente, foram realizadas inúmeras reuniões de preparação e discussão
para cada ação e atividade propostas. Foram formalizadas parcerias com as prefeituras
de Caxias e Urbano Santos, municípios maranhenses. Com o auxílio financeiro e de
recursos humanos garantidos, as ações de transferência de tecnologias foram realizadas
intensamente e em ambiente colaborativo. O segundo componente é consequência do
caráter colaborativo típico da inovação aberta que é característico do Sisteminha. Tem-se
observado o surgimento de uma intensa rede de troca de infomação sobre a tecnologia.
Tendo seu início a partir das famílias beneficiadas, toda a comunidade acompanha a sua
adoção, alguns fornecem insumos, outros compram o excedente de produção. Os
técnicos locais ingressam nas redes comunitárias não somente pela proximidade ou por
dever de ofício, mas também compartilhando experiências de sucesso pelas redes
sociais.

5.2. Capacidade científica e tecnológica

Tabela 5.2.1: Impactos na capacidade científica e tecnológica – aspecto instalações


Se aplica Média Média Média
Critérios (Sim/Não) Tipo 1 (*) Tipo 2 (**) Geral
13. Infraestrutura institucional SIM 3,00 1,97 2,48
14. Infraestrutura operacional SIM -0,60 1,63 0,52
15. Instrumental operacional SIM -0,60 0,97 0,19
16. Instrumental bibliográfico SIM 0,20 0,20 0,20
17. Informatização SIM 0,00 0,07 0,04
18. Compartilhamento da infraestrutura SIM -0,30 0,48 0,09
*Tipo 1 - Especialista (desenvolvedor da tecnologia). **Tipo 2 – Equipe de projeto

Esse foi um dos indicadores avaliados com a menor média geral de coeficiente de
impacto, resultando em 3,51. Dentre os seus critérios, a “Infraestrutura Institucional
obteve a melhor avaliação (2,48), o que se explica por existir infraestrutura satisfatória
para desenvolvimento da tecnologia, tanto na Embrapa (Embrapa Pesca e Aquicultura-
TO) como em outras instituições, a exemplo da Unidade de Demonstração mantida pela
Universidade Vale do São Francisco, em Pernambuco. Contudo, a nota dos demais
critérios foram extremamente baixas, tanto observando a média geral quanto as médias
“tipo 1” e “tipo 2” que constam na Tabela 5.2.1. As parcerias firmadas raramente
contemplam compartilhamento da infraestrutura, o que reflete na avaliação (0,09).
Também o critério “informatização” reflete a indisponibilidade do uso de tecnologia para
automação que favoreça, por exemplo, as atividades de registro de dados contábeis pelos
técnicos ou mesmo pelas famílias beneficiadas. Há um vazio tecnológico nesse sentido
que poderia ser contornado por intermédio de parcerias para inovação com startups.
Tanto a “infraestrutura operacional” como o “instrumental operacional” são componentes
que apresentaram valores muito baixos (0,52 e 0,19 respectivamente). Há pouca
disponibilidade de pessoal e de instrumental na Embrapa e, para ilustrar, citamos o caso
da Embrapa Cocais, onde apenas um técnico A e uma analista A vem trabalhando com a
tecnologia no Estado do Maranhão.

Tabela 5.2.2: Impactos na capacidade científica e tecnológica – aspecto recursos do


projeto
Se aplica Média Média Média
Critérios (Sim/Não) Tipo 1 (*) Tipo 2 (**) Geral
19. Infraestrutura (ampliação) SIM 0,20 1,73 0,97

19
20. Instrumental (ampliação) SIM 0,60 1,20 0,90
21. Instrumental bibliográfico (aquisição) SIM 0,00 0,23 0,12
22. Contratações SIM 1,20 1,57 1,38
23. Custeios SIM 3,00 1,40 2,20
*Tipo 1 - Especialista (desenvolvedor da tecnologia). **Tipo 2 – Equipe de projeto

Esse indicador apresentou média geral de coeficiente de impacto um pouco


melhor que o indicador anterior, resultando no valor de 5,57. A tabela 5.2.2 apresenta
como destaque positivo a capacidade de obtenção de recursos para “custeios” (2,20). Um
exemplo é o Contrato de parceria técnica especializada para execução do projeto
“Transferência de Tecnologia em sistemas integrados de produção agropecuária no
município de Urbano Santos – MA”, mediante colaboração financeira, junto ao ambiente
produtivo (Contrato SAIC Nº 24200.17/0008-2).
Nos demais critérios, observou-se que a avaliação do desenvolvedor da
tecnologia entrevistado resultou em notas menores que a dos demais entrevistados.
Infere-se que a expectativa de quem desenvolve a tecnologia seja mais elevada e, por
isso, sua percepção seja a de que “poderia ser melhor”. Dessa forma, a média geral
assume a função de balizadora entre as diversas percepções.
Para o critério “instrumental bibliográfico”, as duas médias se assemelham.
Observa-se pouco material bibliográfico disponível sobre a tecnologia mas com
perspectiva de já em 2019 observarmos melhorar nesse critério com a publicação e
divulgação de estudos de avaliação de impacto que versem sobrem o Sisteminha. Como
exemplos, citamos os trabalhos “Impactos sociais, econômicos e ambientais de ações de
transferência de tecnologia no âmbito do Plano Brasil Sem Miséria: estudo de caso da
avaliação de agroecossistema no município de Urbano Santos”, disponível em:
http://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/handle/doc/1085339; e “ o “Sisteminha
Embrapa” e a rentabilidade, resiliência e sustentabilidade de agroecossistemas familiares:
estudo de caso no território da cidadania dos cocais, estado do Maranhão”, disponível em:
https://www.researchgate.net/publication/330449248_O_SISTEMINHA_EMBRAPA_E_A_
RENTABILIDADE_RESILIENCIA_E_SUSTENTABILIDADE_DE_AGROECOSSISTEMAS
_FAMILIARES_ESTUDO_DE_CASO_NO_TERRITORIO_DA_CIDADANIA_DOS_COCAI
S_ESTADO_DO_MARANHÂO.

5.3. Capacidade organizacional

Tabela 5.3.1. - Impactos na capacidade organizacional – aspecto equipe/rede de


pesquisa
Se aplica Média Média Média
Critérios (Sim/Não) Tipo 1 (*) Tipo 2 (**) Geral
24. Cursos e treinamentos SIM 3,00 1,70 2,35
25. Experimentos, avaliações, ensaios SIM 1,20 1,40 1,30
26. Bancos de dados, plataformas de informação SIM 0,00 0,23 0,12
27. Participação em eventos SIM 3,00 1,07 2,03
28. Organização de eventos SIM 1,50 0,45 0,98
29. Adoção de sistemas de gestão SIM 0,00 -0,13 -0,07
*Tipo 1 - Especialista (desenvolvedor da tecnologia). **Tipo 2 – Equipe de projeto

A média geral de coeficiente de impacto para esse indicador foi 6,71. Tal
resultado explica-se em parte pelo caráter de inovação aberta que o Sisteminha assumiu:
o seu processo tecnológico é dinâmico, adaptando-se e incorporando incrementos
diversos, de acordo com as especificidades locais. A rede de pesquisa formal, apesar de
existente e atuante, não tem sido capaz de acompanhar as mudanças efetivadas no
campo. As médias gerais de critérios como “banco de dados, plataformas de informação”

20
e “adoção de sistemas de gestão” sugerem a necessidade de aumento da capacidade
organizacional no indicador “equipe/rede de pesquisa”.
Ademais, dois critérios destacam-se positivamente: “cursos e treinamentos” e
“participação em eventos”, vide a realização de dois treinamentos da equipe da África no
Brasil e dois treinamentos da equipe africana pela equipe brasileira. Há perspectiva de
melhoria desses dois critérios pois em maio deste ano será feita a terceira capacitação da
equipe africana pelos pesquisadores brasileiros, o que é relevante para a formação de
recursos humanos na instalação e desenvolvimento da tecnologia.

Tabela 5.3.2. - Impactos na capacidade organizacional – aspecto transferência/extensão


Se aplica Média Média Média
Critérios (Sim/Não) Tipo 1 (*) Tipo 2 (**) Geral
30. Cursos e treinamentos SIM 3,00 2,00 2,50
31. Número de participantes SIM 3,00 1,67 2,33
32. Unidades demonstrativas SIM 3,00 1,23 2,12
33. Exposições na mídia/artigos de divulgação SIM 3,00 2,00 2,50
34. Projetos de extensão SIM 1,50 0,75 1,13
35. Disciplinas de graduação e pós-graduação SIM 0,00 0,33 0,17
*Tipo 1 - Especialista (desenvolvedor da tecnologia). **Tipo 2 – Equipe de projeto

O aspecto “Transferência/extensão” apresentou o maior coeficiente de impacto


entre todos os demais avaliados, alcançando o valor de 10,74. Quatro dos seis critérios
comoponentes desse indicador tiveram avaliação maior que dois, um critério obteve nota
1,13 e um critério obteve nota 0,17, considerando as médias gerais segundo a Tabela
5.3.2.
O valor baixo do critério “Disciplinas de graduação e pós-graduação” pode ser
explicada, em parte, pela falta de conhecimento dos demais entrevistados sobre a
existência de uma disciplina específica sobre o Sisteminha no curso de pós-graduação
em extensão da Universidade do Vale do São Francisco, conforme informado em itens
anteriores. Observa-se um desdobramento deste critério no aspecto analisado no item
5..3.1, critério “banco de dados/plataforma de informação”, no qual é evidente a
necessidade de promover uma maior disseminação de informações dentro da rede
pesquisa.
Os demais critérios explicam-se pela grande número de eventos de transferência
de tecnologia realizados e verificados no SIEVE (31 eventos apenas em 2018). Além
disso, houve a implantação do Sisteminha em países africanos a partir de três projetos
financiados pela Plataforma MKTPlace desde 2014 e atualmente durante projeto vigente e
financiado pelo M-BoSs. Já foram oficializados contratos de cooperação técnica com os
países Gana, Uganda, Camarões, Etiópia e Tanzânia, e estão em estágio de negociação
a parceria com Moçambique e Angola para transferência da tecnologia.

5.4. Produtos de P&D

Tabela 5.4.1. - Impactos nos produtos de P&D – aspecto produtos de P&D


Se aplica Média Média Média
Critérios (Sim/Não) Tipo 1 (*) Tipo 2 (**) Geral
36. Apresentação em congressos SIM 3,00 1,23 2,12
37. Artigos indexados SIM 0,00 0,40 0,20
38. Índices de impacto (WoS) SIM 0,00 0,40 0,20
39. Teses e dissertações SIM 1,20 1,03 1,12
40. Livros/capítulos, boletins, etc. SIM 1,00 0,73 0,87
*Tipo 1 - Especialista (desenvolvedor da tecnologia). **Tipo 2 – Equipe de projeto

21
Os indicadores componentes desse aspecto, em conjunto, obtiveram o pior
resultado entre todos os demais, resultando no valor de 3,98. Individualmente, “Produtos
de P&D” obteve coeficiente de impacto 4,50, reflexo das médias obtidas com valores
baixos para quase todos os critérios, excetuando-se “apresentação em congressos”,
tendo sido registrados no AINFO dois trabalhos apresentados no Congresso Brasileiro de
Aquaciência, 2018.
Os critérios “artigos indexados”, “índices de impacto” e “Livros/capítulos, boletins
etc” apresentaram valores muito baixos devido à baixa divulgação de publicações
científicas na própria rede de pesquisa formada pelo Sisteminha, como já mencionado
nos itens 5.2.2 e 5.3.2. Nessa situação encontram-se pelo menos duas novas publicações
as quais serão divulgadas em 2019, fruto da parceria com os países africanos, além dos
dois estudos de avaliação de impacto (artigo indexado e série documentos) publicados
em 2018 e que ainda recentemente divulgados. Também são os casos dos dois resumos
em anais de congresso citados anteriormente, um artigo indexado4 e um folder5.
Sobre “teses/dissertações”, um trabalho6 de conclusão de curso já foi defendido
em 2018.

Tabela 5.4.2. - Impactos nos produtos de P&D – aspecto produtos tecnológicos


Se aplica Média Média Média
Critérios (Sim/Não) Tipo 1 (*) Tipo 2 (**) Geral
41. Patentes/registros SIM 0,00 1,20 0,60
42. Variedades/linhagens SIM 0,00 0,00 0,00
43. Práticas metodológicas SIM 3,00 1,20 2,10
44. Produtos tecnológicos SIM 0,00 1,20 0,60
45. Marcos regulatório SIM 0,00 0,33 0,17
*Tipo 1 - Especialista (desenvolvedor da tecnologia). **Tipo 2 – Equipe de projeto

Analisando individualmente cada indicador, “produtos tecnológicos” foi o que


apresentou o valor mais baixo, resultando em 3,47. O único critério com destaque positivo
é “novas práticas metodológicas” que alcançou o valor 2,10. É característica do
Sisteminha a adaptabilidade no uso dos módulos de acordo com as condições locais e/ou
necessidade do produtor, o que gera novas práticas metodológicas. Como exemplos
citados pelo pesquisador Luiz Carlos Guilherme, tem-se as inovações nos diversos usos
de matérias para a construção dos tanques de peixes (barro, placas de concreto,
alvenaria, plástico etc.), inovações na escolha de materiais para uso na construção dos
galinheiros etc, o escalonamento da produção vegetal que já incorpora olerícolas e
espécies frutíferas.
Para o critério “patentes/registros”, é necessário considerar que a tecnologia
Sisteminha encontra-se atualmente em processo de negociação entre a Embrapa, UFU e
FAPEMIG. Dessa forma, ainda não há registros de patentes pelo desenvolvedor do
Sisteminha. Há uma solicitação de registro de patente de um banco de sedimentador feito
com balde de areia, realizado por experimentadores.
Os demais critérios receberam zero por todos os entrevistados. Nenhum produto
tecnológico, variedade ou marco regulatório foi gerado fruto do desenvolvimento

4
NANA, P. et al. Black soldier flies (Hermetia illucens Linnaeus) as recyclers of organic waste and
possible livestock feed.. Disponível em: < https://www.ajol.info/index.php/ijbcs>. Acesso em 28 de
fevereiro de 2019.
5
KIMPARA, J.M. et al. Farming insects as food and feed source.. Teresina: Embrapa Meio-Norte, 2018.
Disponível em: < http://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/handle/doc/1097207>. Acesso em 28
de fevereiro de 2019.
6
Em 2018 foi defendido o trabalho de conclusão de curso “Efeito do sexo sobre o rendimento e qualidade da carne de
porquinho da índia (Cavia Porcellus), pela Univasf, curso de Zootecnia.
22
tecnológico do Sisteminha. O que se observou foi que a tecnologia foi objeto de programa
público do Governo do Maranhão.

5.5. Índice de Impacto no desenvolvimento institucional

Tabela 5.5.1: Análise dos resultados


Média Tipo 1 Média Tipo 2 Média Geral
7,27 5,76 6,52
*Tipo 1 - Especialista (desenvolvedor da tecnologia). **Tipo 2 – Equipe de projeto

Considerando a média ponderada dos indicadores avaliados, obteve-se índice de


impacto de Desenvolvimento Institucional de 6,52. Esse resultado é reflexo da baixa
pontuação obtida pelos indicadores do Aspecto Produtos de Pesquisa e Desenvolvimento
que apresentaram os menores coeficientes de desempenho observados nesta avaliação
(3,98), sendo esses os que possuem o maior “peso de critério”, exatamente o dobro dos
demais. Também contribuiu para o baixo desempenho o aspecto “Capacidade Científico-
Tecnológica” com pontuação de 4,54. Dessa forma, há de se pensar em melhorias nesses
dois aspectos em projetos futuros por serem de grande importância para o avanço do
conhecimento e para a inovação tecnológica.
Por outro lado, os aspectos “Capacidade Organizacional” e “Capacidade
Relacional”, com pontuação 8,73 e 8,50 respectivamente, têm contribuído para a
manutenção de uma rede de pesquisa em expansão (vide parcerias estabelecidas com
países da África), fomentando a inovação aberta tendo o Sisteminha como ferramenta. Há
espaço para mais parcerias e maior relacionamento interinstitucional.

6. CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS

A solução tecnológica Sisteminha foi lançada em 2012. De lá para cá, tornou-se uma
das tecnologias mais conhecidas da Unidade Meio-Norte na atualidade, sendo que a
Unidade Cocais também vem intensamente atuando com a implantação e apoio à
disseminação da tecnologia. A tecnologia já conta com cerca de 1.200 Unidades de
Produção do Sisteminha (UPS) instaladas no Piauí, Ceará, Maranhão, Pernambuco e em
outros Estados. O pesquisador responsável recebeu mais de cinco prêmios e
homenagens pela tecnologia, dois deles internacionais.
O Sisteminha tornou-se política pública, por iniciativa do governo do Maranhão,
através do Programa +IDH. A tecnologia foi transferida a partir de 2015 para cinco países
da África, onde mais de 300 técnicos foram capacitados.
A análise de impacto socioambiental foi feita utilizando-se a metodologia Ambitec-
Agro. O indicador socioambiental geral pela metodologia Ambitec-Agro é calculado a
partir de 28 critérios, agregados em seis índices ou aspectos integrados: aspecto
eficiência tecnológica, respeito ao consumidor, trabalho/emprego, renda, saúde e
gestão/administração. Esses impactos podem ocorrer a nível pontual, ou seja, somente
para a propriedade em análise; ao nível local, ou seja, na comunidade como um todo, ou
a nível do entorno, quando outras comunidades percebem o impacto.
Este ano, o indicador socioambiental geral calculado para a média dos produtores foi
de 2,21 (impacto relevante). Em 2017 esse indicador resultou: 1,60; em 2016: 1,48; em
2015: 1,99 (3 anos consecutivos com impactos moderados) e no primeiro ano da análise,
2014: 2,43 (impacto relevante). Conforme nota-se por esses índices, ao longo desses 5
anos consecutivos de avaliação foi pouca a variação desses indicadores.

23
Se o impacto para cada família for considerado isoladamente, ele é grande, pois as
famílias algumas vezes saem da linha da pobreza e passam a produzir o próprio alimento
com qualidade e em quantidade, com algum excedente, e isso faz grande diferença na
vida de cada família. Mas esse impacto tem se limitado, para a maioria dos indicadores e
produtores, ao nível pontual. Para que esse impacto possa ser ainda maior, é importante
que ele chegue ao nível local e no entorno, e isso poderia ocorrer com um maior número
de UPS concentradas em uma mesma localidade para que se obtenham os benefícios da
associação entre os produtores para compras, vendas, assistência técnica e superação
de gargalos, em uma economia de escala com maiores impactos positivos na cadeia
produtiva. Os efeitos somados numa comunidade têm mais força para influenciar outras
comunidades. Ainda assim, o impacto alcançado, relevante, é significativo.
O número de UPS avaliadas para este relatório é pequeno (11) e a diminuição
significativa do impacto em uma das unidades, de 2015 para cá, influenciou o impacto
médio das unidades avaliadas. A diminuição da produção e do impacto, nessa UPS em
questão, deu-se por motivos particulares da família, e não técnicos.
Alguns produtores (esses não foram avaliados) já não mantém o tanque de peixes
ativo. Os motivos apontados, dentre outros, foram: extrema falta de água (exemplo:
quando na seca, a água teve que ser adquirida de carros-pipa, a custo elevado), furos na
lona plástica, que não puderam ser reparados rapidamente, desinteresse. Os motivos
para a interrupção no uso da tecnologia merecem ser avaliados em estudos mais
detalhados sobre o nível de adoção da tecnologia.
O alimento produzido é considerado renda não monetária na presente análise
(equivalente ao que o agricultor gastaria se comprasse os alimentos que passou a
consumir) e o maior impacto observado foi na geração de renda (no caso, na forma de
alimento), com índice 11,0; impacto muito alto (8,0 em 2017; 6,44 em 2016 e 10,14 em
2015). No primeiro momento gera-se segurança alimentar, objetivo do Sisteminha. A partir
de então, em geral, uma pequena renda passa a ocorrer com a venda dos excedentes.
O segundo maior impacto foi no índice de dedicação e perfil do responsável: 4,73;
impacto alto, pois as famílias passaram a dedicar mais de seu tempo para a atividade. O
índice consumo de água, ficou em terceiro lugar, com impacto alto, 4,55; pois foi
verificado um grande aumento na eficiência do uso de água.
Esse ano de 2018, alguns indicadores de impacto resultaram negativos. O consumo
de energia, foi moderadamente negativo, de -1,50 (em 2017: 2,80). As razões para isso
podem ser impressões subjetivas dos produtores relacionadas ao aumento do preço do
Kwh.
Outro indicador moderadamente negativo foi o de uso de insumos e matérias primas:
-0,86 (em 2017: 0,06). Esse ano verificou-se maior dificuldade no acesso a insumos de
qualidade, o que afetou o resultado do indicador.
Em relação à análise dos benefícios econômicos do Sisteminha, pode-se verificar
que os benefícios são consideráveis, de mais de R$ 6.000,00 por família, e considerando
o fato de que todos os produtores visitados já comercializam o excedente de produção
para seu auto sustento. Na África, os benefícios econômicos são ainda mais significativos.

No que se refere à avaliação institucional, ao compararmos os índices de impacto


de Desenvolvimento Institucional dos anos de 2018 (6,52) e 2016 (6,65), observa-se que
quase não houve alteração significativa.
Considerando as pontuações baixas nos aspectos “Produção de P&D e TT” e
“Capacidade Científico-tecnológica, torna-se fundamental a inserção do Sisteminha no
Macroprocesso de Inovação recém adotado pela Embrapa, visando sua inserção
planejada no mercado, bem como a ampliação de seu alcance. Faz-se necessário

24
melhorar o monitoramento da adoção, registrar dados de produção, sistematizar
informações e divulgar resultados, visando maior geração de impacto.

7. FONTE DE DADOS

Na avaliação de impacto relativa ao ano de 2018 foram entrevistados onze


produtores, nos municípios relacionados na Tabela 7.1. Além disso, utilizou-se como
referências e fonte de dados os relatórios de impacto do Sisteminha (Embrapa, 2017;
2016; 2015; 2014: Relatórios de Impactos de tecnologias geradas pela Embrapa -
Sisteminha), relatórios disponíveis internamente nos Balanços Sociais dos anos
mencionados, mas ainda não publicados.

Tabela 7.1: Número de consultas realizadas por município


Produtor Familiar Produtor Patronal
Municípios Estado Total
Pequeno Médio Grande Comercial
Petrolina PE 1 - - - 1
Paulistana PI 3 - - - 3
Esperantina PI 2 - - - 2
Codó MA 1 - - - 1
Peritoró MA 1 - - - 1
Urbano Santos MA 3 - - - 3

Total 11

Os produtores dos municípios relacionados na Tabela 7.1 foram visitados e


entrevistados pela equipe de avaliação para coleta dos dados relativos aos impactos
econômicos e socioambientais. Foram informados previamente que seus dados pessoais
seriam preservados em sigilo.
Para avaliação institucional foram realizadas sete entrevistas entre pesquisadores,
analistas, técnicos e chefes de Unidade, em diferentes estados brasileiros. Foram
consultados dados registrados nos sitemas corporativos da Embrapa, a saber, SIVE,
INFOTECA, e sites externos, como os da Fundação Banco do Brasil, da Revista
Cadernos de Ciência & Tecnologia. O pesquisador Luiz Carlos Guilherme foi consultado
por diversas vezes, colaborando imensamente.

Tabela 7.2: Número de consultas realizadas para o desenvolvimento institucional


Instituição Estado Município Função Total
Embrapa Cocais MA São Luís Chefia 1
Embrapa Cocais MA São Luís Analista 1
Embrapa Pesca e Aquicultura TO Palmas Pesquisador 1
Embrapa Meio Norte UEP Parnaíba PI Parnaíba Pesquisador 1
Embrapa Meio-Norte UEP Parnaíba PI Parnaíba Analista 1
Embrapa Meio-Norte PI Teresina Analista 1
Embrapa Meio-Norte PI Teresina Técnico 1
Total 7

25
8. BIBLIOGRAFIA

ÁVILA, A. F. D.; RODRIGUES, G. S.; VEDOVOTO, G. L. (Ed.). Avaliação dos impactos


de tecnologias geradas pela Embrapa: metodologia de referência. Brasília, DF:
Embrapa Informação Tecnológica, 2008. 189 p.

EMBRAPA. Resolução Normativa nº 16, de 22 de dez. de 2016. Boletim de


Comunicações Administrativas, ano 42, n. 56, p. 7-8, dez. 2016.

EMBRAPA. Soluções tecnológicas: Sisteminha – Sistema integrado para produção de


alimentos. Disponível em: <https://www.embrapa.br/busca-de-solucoes-tecnologicas/-
/produto-servico/1251/sisteminha---sistema-integrado-para-producao-de-alimentos>.
Acesso em: 18 jan. 2019

EMBRAPA. Secretaria de Gestão e Desenvolvimento Institucional. VI Plano Diretor da


Embrapa 2014-2034. Brasília, D.F., 2015. 24 p. Disponível em:
<http://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/130562/1/Plano-Diretor-da-Embrapa-
2014-2034.pdf>. Acesso em: 18 jan. 2019

EMBRAPA. Sistema integrado alternativo para produção de alimentos: agricultura


familiar. Parnaíba: Embrapa Meio-Norte, 2013. 1 folder.

EMBRAPA, Relatórios de Impactos de tecnologias geradas pela Embrapa-


Sisteminha (2017; 2016; 2015; 2014) - Documentos de acesso interno, não publicados.

GOMES, J.F, TOLEDO, M. M., RODRIGUES NETO, S., LOPES, C. E. V., QUINZEIRO
NETO, T., BOMFIM, R. da S. B. G., FONSECA, W. B. da. Impactos sociais,
econômicos e ambientais de ações de transferência de tecnologia no âmbito do
Plano Brasil Sem Miséria: estudo de caso da avaliação de agroecossistema no
município de Urbano Santos. São Luís, MA: Embrapa Cocais, 2017. 32p. (Embrapa
Cocais. Documentos, 03).

IRIAS, L. J. M.; RODRIGUES, G. S.; CAMPANHOLA, C.; KITAMURA, P. C.;


RODRIGUES, I.; BUSCHINELLI, C. C. de A. Sistema de avaliação de impacto
ambiental de inovações tecnológicas nos segmentos agropecuário, produção
animal e agroindústria (SISTEMA AMBITEC). Jaguariúna: Embrapa Meio Ambiente,
2004. 8 p. (Embrapa Meio Ambiente. Circular Técnica, 5).

PETERSEN, P.; SILVEIRA, L.M. da; FERNANDES, G.B.; ALMEIDA, S.G. de. Método de
análise econômico-ecológica de Agroecossistemas. Rio de Janeiro: AS-PTA, 2017.
246p.

26
RODRIGUES, G. S. Avaliação de impactos socioambientais de tecnologias na
Embrapa. Jaguariúna: Embrapa Meio Ambiente, 2015. 41 p. (Embrapa Meio Ambiente.
Documentos, 99).

RODRIGUES, G. S.; BUSCHINELLI, C. C. de A.; AVILA, A. F. D. An environmental impact


assessment system for agricultural research and development II: institutional learning
experience at Embrapa. Journal of Technology Management & Innovation, v. 5, n. 4, p.
38-56, 2010.

RODRIGUES, G. S.; CAMPANHOLA. C.; KITAMURA, P. C. Avaliação de impacto


ambiental da inovação tecnológica agropecuária: AMBITEC-AGRO. Jaguariúna:
Embrapa Meio Ambiente, 2003. 95 p. (Embrapa Meio Ambiente. Documentos, 34).
RODRIGUES, G. S.; PIMENTA. S. C.; CASARINI; C. R. A. Ferramentas de Avaliação de
Impactos Ambientais e Indicadores de Sustentabilidade na Embrapa. Jaguariúna,
Embrapa Meio Ambiente, 2016 (Embrapa Meio ambiente. Documentos, 105, 2016.

RODRIGUES, I. A.; RODRIGUES, G. S.; CARVALHO, E. J. M.; ALVES, L. W. R.


Avaliação de impactos ambientais, sociais e econômicos do sistema plantio direto
de grãos na Fazenda Rio Grande, Paragominas, PA. Belém, PA: Embrapa Amazônia
Oriental, 2013. 34 p. (Embrapa Amazônia Oriental. Boletim de pesquisa e
desenvolvimento, 86).

9. EQUIPE RESPONSÁVEL

Tabela 9.1: Equipe dos centros responsáveis pela elaboração do relatório de avaliação de
impactos
Membro da equipe Função
1 Janaina Mitsue Kimpara – Embrapa Meio-Norte Membro
2 Ligia Alves dos Santos – Embrapa Meio-Norte Líder
3 João Flávio Bomfim Gomes – Embrapa Cocais Membro

Tabela 9.2: Colaboradores do processo de elaboração do relatório de avaliação de


impactos
Colaborador Instituição
1 Luiz Carlos Guilherme Embrapa Meio-Norte
2 Shadrack Amponsah CSIR/Gana

Agradecemos à Emater MA, Universidade do Vale do São Francisco - UNIVASF,


aos produtores rurais visitados e/ou entrevistados, ao Paulo Brasil e Marcos Carvalho
Sousa (de Esperantina) pela grande colaboração e no fornecimento de informações.

27
Anexo 1 – Casos de sucesso visitados

Caso 1: Sítio Sisteminha São José, Parnaíba, Piauí.

Propriedade do Sr. José Maria e Deuzione Santo, área do Assentamento Rural Cajueiro,
no Distrito de Irrigação Tabuleiros Litorâneos do DNOCS.

Créditos: Thierry Chopin.

O biodigestor funciona com os resíduos da suinocultura. O gás gerado é conduzido


por tubulação até o fogão da casa. Por mês, a família economiza 2 botijões de gás, a um
preço unitário de R$ 90,00, resultando em economia de 1.080,00/mês.

Créditos: Luiz Carlos Guilherme.

O módulo carvoaria rende 8 sacos de 30 quilos cada, a partir de poda de árvores


nativas na propriedade, em trincheira de 40 cm de profundidade subterrânea, 40 cm
superficial, 15 cm de folhas verdes sobre estas camadas para impermeabilizar e 15 cm de
terra. O comprimento é de 3 m e a largura é de 1,1 m. O valor do carvão a granel na
região custa em média R$ 15,00/saco.

28
Créditos: Thierry Chopin.

Módulos básicos: criação de galinhas de postura, horta, criação de porquinhos da índia e


criação de peixes (tilápia).
29
Créditos: Luiz Carlos Guilherme.

No módulo suinocultura, há 4 baias para 2 animais cada. O produtor adquire 2


animais de 10 kg cada, a cada mês, a um valor de 12,00/kg PV de leitão. Ele realiza
crescimento final dos animais e vende, de maneira escalonada, 2 animais a cada mês,
com peso final de 70 kg. Cada animal rende líquido 45 kg, e é vendido a R$ 12,00, ou
seja, por animal o rendimento é R$ 540,00, por mês, R$ 1.080,00 e por ano, R$
12.960,00. Parte do animal abatido é consumido pela família, e parte é vendida para os
vizinhos. O que é vendido corresponde a 1 banda e meia. Os recursos obtidos com a
venda dos animais são usados para aquisição de novos animais, milho, soja e núcleo
para a ração, que é preparada na propriedade, seguindo recomendação zootécnica. O
preço da ração varia entre R$ 200-250,00.

30
Caso 2: Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), Juazeiro, BA.

31
Créditos: René Cordeiro.

A Universidade Federal do Vale do São Francisco, no campus de Juazeiro, BA,


instalou uma Unidade Demonstrativa do Sisteminha chamado “Sisteminha Espaço Plural”.
O Espaço contém os módulos de criação de peixes, galinhas de postura, frangos de corte,
porquinhos da índia, codornas, produção vegetal bastante diversificada. Diariamente são
recebidos interessados na instalação da tecnologia, que vem se espalhando pela região
do Semiárido Nordestino, com produtores existentes em Paulistana/PI, Petrolina/PE,
Senhor do Bonfim/BA, Bom Jesus/PI, dentre outros.

Caso 3: Propriedade de produtores do Sisteminha, Povoado São Bento do Luís Tito,


Peritoró, Maranhão.

32
Os produtores em questão iniciaram o Sisteminha no ano de 2016, com o apoio da
Embrapa Cocais. Hoje, já comercializam o excedente da produção para a prefeitura, pelo
PNAE – Programa Nacional de Alimentação Escolar. Os produtos comercializados são
couve, cheiro verde, vinagreira, pepino, berinjela, maxixe, pimenta, ovo, frango, quiabo.
Os peixes são consumidos pela própria família ou vendidos na comunidade. Os ovos são
vendidos a R$ 0,50, o frango a R$ 33,00/unidade. O preço dos vegetais varia em função
do tipo. O total das vendas estimado para o PNAE em 2018 foi de 5 mil reais em um
trimestre. Foi feita a Análise Econômico-Ecológica de Agroecossistemas, metodologia
desenvolvida pela AS-PTA (PETERSEN, 2017) para esta propriedade. A metodologia
utiliza a abordagem sistêmica que possibilita conhecer todo o agroecossistema a partir de
seus subsistemas. Na propriedade em destaque, o Sisteminha assumiu um destaque
positivo dentro do agroecossistema.

Créditos: Janaina M. Kimpara.

Módulos básicos da propriedade em Peritoró, MA: avicultura de postura,


vermicompostagem, piscicultura.

33

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