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LIVE DE 06/05/21 → MATERNIDADE

→ MINHA APRESENTAÇÃO: Boa noite a Mayza, a territórios afetivos. Agradeço o convite para
vir aqui hoje falar de um tema que é tão caro para mim, na minha vida pessoal e também na minha
vida profissional, que é a maternidade. E em uma ótima data onde estamos nos preparando para o
dia das mães, no mês das mães, mês de maio. Penso que é um momento muito bom para refletir a
respeito da maternidade.

Mayza já me apresentou, mas agora eu vou me apresentar, me chamo Priscilla, sou Cientista Social
e Antropóloga e a minha especialidade dentro da área é gênero, feminismos, direitos reprodutivos,
maternidade e na minha vida pessoal sou mãe de duas meninas. Então eu tenho essa vivência da
maternidade olhada de um ponto de vista de uma mulher, feminista que estuda a maternidade e as
relações de gênero. Nas Ciências Sociais nós estudamos o que é de social, então aqui, vou me deter
em aspectos sociais da maternidade.

→ O QUE VENHO FAZER AQUI: Eu venho aqui então trazer uma provocação para a gente
pensar, problematizar para que possamos desnaturalizar a maternidade da forma como hoje ela é
desenhada socialmente. Poder separar na maternidade, o que é biológico dessa maternidade do que
é uma construção social, e ainda, quais dessas construções sociais da maternidade podem ser
opressoras ou libertárias para nós mulheres que desejamos ser mães. Porque o que é uma construção
social pode ser modificado.

→ O QUE DIZEM OS ESTUDOS DE GÊNERO E FEMINISTAS SOBRE A MATERNIDADE:


Os estudos de gênero e feministas a respeito da maternidade são muito diversos, complexos,
interessantes trazem múltiplas faces dessa maternidade social, do que é construído socialmente em
cima dessa “maternidade”, mas para a reflexão que desejo provocar agora, vou trazer duas das
perspectivas da maternidade nas teorias de gênero.

1) MATERNIDADE COMO FERRAMENTA DE OPRESSÃO E MANUTENÇÃO DE


DESIGUALDADE DE GÊNERO: estudiosas defendem que a maternidade da forma como ela é
hegemonicamente construída é vista uma das ferramentas de manutenção da desigualdade de
gênero. Nesse sentido, a maternidade pode ser vista como possivelmente opressiva em diversos
sentidos:
Porque geralmente são as mulheres as maiores responsáveis pelo cuidado com os filhos, o que
demanda tempo, dinheiro, paciência, dedicação. Na maioria dos arranjos familiares a educação de
um ser humano, tão fundamental para a continuação da sociedade, é realizada quase que apenas
pelas mulheres, em diversas situações:
- Pais que não registram as crianças
- Pais que não querem pagar pensão
- Pais que pagam pensões que evidentemente tem um valor muito abaixo do mínimo necessário dos
custos com uma criança e ainda acham que sustentam as mães
- Pais que pagam pensão satisfatória, mas dos 30 dias que tem no mês, ficam com as crianças dois
finais de semana, o que olhando direitinho, significa que a mulher fica 26 dias e o homem 4…
- E mesmo sendo o pai e a mãe casados, mesmo que ambos trabalhem fora de casa, a grande maior
parte dos trabalhos com a casa e com os filhos, na maior parte das vezes, é colocada como
responsabilidade da mulher

→ Em todos os casos que citei acima, que sabemos serem tão comuns em nossa tão desigual
sociedade em termos de gênero (raça e classe também), a maternidade aparece como uma
ferramenta de manutenção e reprodução da desigualdade entre mulheres e homens porque nesses
arranjos, os homens têm mais tempo para cuidarem de seus projetos pessoais e profissionais, o que
faz com que, ao longo do tempo, tenham uma caminho menos difícil de percorrer do que as
mulheres, sobrecarregadas por terem que fazer esses trabalhos não feitos pelos homens.

2) POR UM OUTRO MODELO DE MATERNIDADE: Mas os estudos de gênero, as teorias


feministas, as vivências de mulheres, nos trazem também a possibilidade de uma construção social
de maternidade que não seja opressora para as mulheres, quer dizer que os aspectos de opressão que
podemos observar nos principais modelos de maternidade, não são naturais, eles são construções
sociais e por isso podem ser modificados por nós. E por isso eu deixei essa segunda abordagem para
o final dessa minha provocação aqui. A maternidade pode ser vivenciada de uma forma mais leve,
ser uma escolha consciente na vida da mulher, quando, como e se ela quiser ser. E que a paternidade
também seja assumida e vivênciada pelos homens, mas uma paternidade de verdade mesmo, não
uma paternidade falha, ausente, opressora que sirva quase que apenas para postar fotos com filhos
no instagram...

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