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XXXII EXAME DA ORDEM

2ª FASE DIREITO CIVIL

RECURSO EMENTA COMENTÁRIOS

AgInt no AGRAVO EM RECURSO ESPECIALNº Tempestividade é um dos requisitos de admissibilidade recursal, sendo que cada recurso tem seu
RECURSO 1.330.433 - SP (2018/0180588-3) RELATOR : prazo estipulado em lei, ou seja, para cada recurso há um prazo específico, e a parte deve observá-
ESPECIAL Nº MINISTRO SÉRGIO KUKINA AGRAVANTE : lo, sob pena de ser impedido de recorrer. O prazo, então, é peremptório, ou seja, uma vez passado
1.330.433 - SP DENISE CRISTINA DINIZ SILVA PAZ AGRAVADO o momento oportuno, perde-se a possibilidade de fazê-lo. Diz-se intempestivo o ato processual
(2018/0180588- : FAZENDA DO ESTADO DE SÃO PAULO que é praticado após o término do prazo legal para o seu cometimento. Ocorre, então, a chamada
3) PROCURADOR : DÉCIO BENASSI E OUTRO(S) - preclusão temporal, que é a perda da faculdade de se praticar um ato processual. Dessa forma,
SP114389 EMENTA TRIBUTÁRIO. PROCESSUAL interposto recurso fora do prazo recursal, ele não será examinado pelo órgão julgador, eis que
CIVIL. AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. ausente um de seus pressupostos. O juízo de admissibilidade pode e deve constar de ofício a
INTEMPESTIVIDADE. EXISTÊNCIA DE FERIADO intempestividade e não conhecer o recurso, deixando de analisar as razões recursais. Com a
LOCAL. NÃO APRESENTAÇÃO DO contagem dos prazos em dias úteis, a comprovação do feriado local requer uma atenção especial
CORRESPONDENTE ATO NORMATIVO. quanto à interposição de recursos, a fim de verificar se há eventual feriado local que aconteça no
COMPROVAÇÃO POSTERIOR. curso do prazo. Deve o recorrente comprovar no ato da interposição, que em determinadas datas
IMPOSSIBILIDADE. PRECLUSÃO não houve expediente forense, através de ato normativo local (Portarias) disponibilizada e
CONSUMATIVA. 1. É manifestamente devidamente colacionado aos autos, quando não se tratar de feriado previsto em lei federal. • Art.
intempestivo o agravo em recurso especial 1003 do CPC: O prazo para interposição de recurso conta-se da data em que os advogados, a
interposto fora do prazo de 15 (quinze) dias sociedade de advogados, a Advocacia Pública, a Defensoria Pública ou o Ministério Público são
úteis, previstos no art. 1.042 do CPC/15. 2. Nos intimados da decisão. § 6º O recorrente comprovará a ocorrência de feriado local no ato de
termos do art. 1.003, § 6º, do novo CPC/15, "o interposição do recurso. • Art. 218 do CPC: Os atos processuais serão realizados nos prazos
recorrente comprovará a ocorrência de prescritos em lei. § 1º Quando a lei for omissa, o juiz determinará os prazos em consideração à
feriado local no ato de interposição do complexidade do ato. § 2º Quando a lei ou o juiz não determinar prazo, as intimações somente
recurso". 3. Na hipótese dos autos, a petição obrigarão a comparecimento após decorridas 48 (quarenta e oito) horas. § 3º Inexistindo preceito
de agravo em recurso especial não fez menção legal ou prazo determinado pelo juiz, será de 5 (cinco) dias o prazo para a prática de ato processual
à existência de feriado local ensejador da a cargo da parte. § 4º Será considerado tempestivo o ato praticado antes do termo inicial do prazo.
suspensão dos prazos processuais, bem como • Art. 219 do CPC: Na contagem de prazo em dias, estabelecido por lei ou pelo juiz, computar-se-
não apresentou o teor de qualquer ato ão somente os dias úteis. Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se somente aos prazos
normativo indicativo da inexistência de processuais. • Art. 223 do CPC: Decorrido o prazo, extingue-se o direito de praticar ou de emendar
expediente no Tribunal a quo. 4. De acordo o ato processual, independentemente de declaração judicial, ficando assegurado, porém, à parte
com a jurisprudência desta Corte, o feriado de provar que não o realizou por justa causa. § 1º Considera-se justa causa o evento alheio à vontade
1º de novembro, previsto no art. 62, IV, da Lei

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5.010/66 têm sua incidência limitada ao da parte e que a impediu de praticar o ato por si ou por mandatário. § 2º Verificada a justa causa,
âmbito federal, sendo imprescindível, assim, a o juiz permitirá à parte a prática do ato no prazo que lhe assinar.
sua comprovação no ato de interposição de
recurso no Tribunal de Justiça estadual, por se
tratar de feriado local. Precedentes. 5. Agravo
interno a que se nega provimento.

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RECURSO ESPECIAL Nº 1.696.396 - MT O Código de Processo Civil de 2015 limitou as possibilidade de aplicação do artigo 1.015, tendo-se
RECURSO ESPECIAL (2017/0226287-4) RELATORA : MINISTRA NANCY assim uma interpretação taxativa. O Superior Tribunal de Justiça julgou neste recurso a
Nº 1.696.396 - MT ANDRIGHI RECORRENTE : IVONE DA SILVA possibilidade de haver uma interpretação extensiva, analógica ou exemplificativa. Ou seja, buscou-
(2017/0226287-4) RECORRIDO : ALBERTO ZUZZI INTERES. : UNIÃO - se entender se haveria outras alternativas de interposição do agravo de instrumento fora do rol do
"AMICUS CURIAE" INTERES. : INSTITUTO artigo 1.015. A Relatora Ministra Nancy Andrighi em seu voto apresentou a evolução do instituto do
BRASILEIRO DE DIREITO PROCESSUAL - "AMICUS agravo de instrumento e a sua natureza jurídica no tempo. Houve uma divergência doutrinaria
CURIAE. INTERES : ORDEM DOS ADVOGADOS DO quanto a natureza jurídica do rol do artigo 1.015 do Código de Processo Civil, dividindo-se entre os
BRASIL CONSELHO FEDERAL - "AMICUS CURIAE" seguintes entendimentos: A) o rol é absolutamente taxativo, B) o rol é taxativo, mas que admite
INTERES. : DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO - interpretações extensivas ou analógicas, C) o rol é exemplificativo, admitindo-se o recurso fora das
"AMICUS CURIAE" INTERES. : ASSOCIAÇÃO hipóteses de cabimento previstas no dispositivo O exame de tal matéria teve como base o modelo
BRASILEIRA DE DIREITO PROCESSUAL - ABDPRO - constitucional de processo, das normas fundamentais previstas no Código de Processo Civil de 2015,
"AMICUS CURIAE" INTERES. : ASSOCIAÇÃO da doutrina e de julgados produzidos após a entrada em vigor do CPC. Conclui-se que o rol do artigo
NORTE E NORDESTE DE PROFESSORES DE 1.015 do CPC é de taxatividade mitigada, ou seja, quando se verificar a urgência decorrente da
PROCESSO- ANNEP - "AMICUS CURIAE" EMENTA inutilidade do julgamento da questão no recurso de apelação a interposição é admitida. Assim, a
RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE resposta somente conterá base jurisprudencial caso o examinador assim o determinar no
CONTROVÉRSIA. DIREITO PROCESSUAL CIVIL. enunciado. Fique atento! Do mesmo modo que fazemos com os artigos de lei, faremos assim neste
NATUREZA JURÍDICA DO ROL DO ART. 1.015 DO caso. Cite a jurisprudência de alguma das Cortes Superiores e em seguida explique a subsunção com
CPC/2015. IMPUGNAÇÃO IMEDIATA DE o caso concreto.
DECISÕES INTERLOCUTÓRIAS NÃO PREVISTAS
NOS INCISOS DO REFERIDO DISPOSITIVO LEGAL.
POSSIBILIDADE. TAXATIVIDADE MITIGADA.
EXCEPCIONALIDADE DA IMPUGNAÇÃO FORA
DAS HIPÓTESES PREVISTAS EM LEI. REQUISITOS.
1-O propósito do presente recurso especial,
processado e julgado sob o rito dos recursos
repetitivos, é definir a natureza jurídica do rol do
art. 1.015 do CPC/15 e verificar a possibilidade
de sua interpretação extensiva, analógica ou
exemplificativa, a fim de admitir a interposição
de agravo de instrumento contra decisão
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interlocutória que verse sobre hipóteses não


expressamente previstas nos incisos do referido
dispositivo legal. 2- Ao restringir a recorribilidade
das decisões interlocutórias proferidas na fase
de conhecimento do procedimento comum e
dos procedimentos especiais, exceção feita ao
inventário, pretendeu o legislador salvaguardar
apenas as “situações que, realmente, não
podem aguardar rediscussão futura em eventual
recurso de apelação”. 3- A enunciação, em rol
pretensamente exaustivo, das hipóteses em que
o agravo de instrumento seria cabível revela-se,
na esteira da majoritária
doutrina e jurisprudência, insuficiente e em
desconformidade com as normas fundamentais
do processo civil, na medida em que sobrevivem
questões urgentes fora da lista do art. 1.015 do
CPC e que tornam inviável a interpretação de
que o referido rol seria absolutamente taxativo e
que deveria ser lido de modo restritivo. 4- A tese
de que o rol do art. 1.015 do CPC seria taxativo,
mas admitiria interpretações extensivas ou
analógicas, mostra-se igualmente ineficaz para a
conferir ao referido dispositivo uma
interpretação em sintonia com as normas
fundamentais do processo civil, seja porque
ainda remanescerão hipóteses em que não será
possível extrair o cabimento do agravo das
situações enunciadas no rol, seja porque o uso
da interpretação extensiva ou da analogia pode
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desnaturar a essência de institutos jurídicos


ontologicamente distintos. 5- A tese de que o rol
do art. 1.015 do CPC seria meramente
exemplificativo, por sua vez, resultaria na
repristinação do regime recursal das
interlocutórias que vigorava no CPC/73 e que
fora conscientemente modificado pelo legislador
do novo CPC, de modo que estaria o Poder
Judiciário, nessa hipótese, substituindo a
atividade e a vontade expressamente externada
pelo Poder Legislativo. 6- Assim, nos termos do
art. 1.036 e seguintes do CPC/2015, fixa-se a
seguinte tese jurídica: O rol do art. 1.015 do CPC
é de taxatividade mitigada, por isso admite a
interposição de agravo de instrumento quando
verificada a urgência decorrente da inutilidade
do julgamento da questão no recurso de
apelação. 7- Embora não haja risco de as partes
que confiaram na absoluta taxatividade serem
surpreendidas pela tese jurídica firmada neste
recurso especial repetitivo, pois somente haverá
preclusão quando o recurso eventualmente
interposto pela parte venha a ser admitido pelo
Tribunal, modulam-se os efeitos da presente
decisão, a fim de que a tese jurídica apenas seja
aplicável às decisões interlocutórias proferidas
após a publicação do presente acórdão. 8- Na
hipótese, dá-se provimento em parte ao recurso
especial para

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determinar ao TJ/MT que, observados os demais


pressupostos de admissibilidade, conheça e dê
regular prosseguimento ao agravo de
instrumento no que se refere à competência,
reconhecendo-se, todavia, o acerto do acórdão
recorrido em não examinar à questão do valor
atribuído à causa que não se reveste, no
particular, de urgência que justifique o seu
reexame imediato. 9- Recurso especial
conhecido e parcialmente provido.

EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM RESP Nº Neste acórdão há a discussão sobre a regra geral de impenhorabilidade de vencimentos do devedor.
EMBARGOS DE 1.582.475 - MG (2016/0041683- 1)RELATOR : O artigo 833 do Código de Processo Civil menciona em seus incisos quais bens são impenhoráveis.
DIVERGÊNCIA EM MINISTRO BENEDITO GONÇALVES EMBARGANTE : Aplicável a este caso o inciso IV diz respeito aos “os vencimentos, os subsídios, os soldos, os salários,
RESP Nº 1.582.475 - HUMBERTO PEREIRA DE ABREU JÚNIOR as remunerações, os proventos de aposentadoria, as pensões, os pecúlios e os montepios, bem como
MG EMBARGADO : EULER NOGUEIRA MENDES as quantias recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e de sua
INTERES. : WALKIRIA CAETANO DE ABREU EMENTA família, os ganhos de trabalhador autônomo e os honorários de profissional liberal, ressalvado o §
PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA 2o”. O parágrafo 2˚ excepciona a penhora para pagamento de prestação alimentícia quando se tratar
EM RECURSO ESPECIAL. EXECUÇÃO DE TÍTULO do inciso IV (soldos, pagamentos, vencimentos etc.) e do inciso X (quantia em caderneta de
EXTRAJUDICIAL. IMPENHORABILIDADE DE poupança). Nesta discussão, de um lado temos o devedor que será amparado pelo artigo acima,
VENCIMENTOS. CPC/73, ART. 649, IV. DÍVIDA NÃO porém, de outro lado temos o credor que tem o direito ao recebimento da tutela jurisdicional. O
ALIMENTAR. CPC/73, ART. 649, PARÁGRAFO 2º. Relator Ministro Benedito Gonçalves entende que “Só se revela necessária, adequada, proporcional
EXCEÇÃO IMPLÍCITA À REGRA DE e justificada a impenhorabilidade daquela parte do patrimônio do devedor que seja efetivamente
IMPENHORABILIDADE. PENHORABILIDADE DE necessária à manutenção de sua dignidade e da de seus dependentes.” Ou seja, a regra geral
PERCENTUAL DOS VENCIMENTOS. BOA-FÉ. demonstrada no artigo 833 do CPC pode ser excepcionada quando o percentual reservado à dívida
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MÍNIMO EXISTENCIAL. DIGNIDADE DO DEVEDOR E não impossibilitar a dignidade do devedor e de sua família. O Ministro Relator cita ainda o artigo 5˚
DE SUA FAMÍLIA. 1. Hipótese em que se questiona do CPC, a respeito da boa-fé aplicável a todos que tiverem relação com o processo, uma vez que se
se a regra geral de impenhorabilidade dos trata de norma fundamental do processo civil. Por fim, é mencionado ainda o seguinte entendimento:
vencimentos do devedor está sujeita apenas à “Caso se afirmasse que os vencimentos do devedor, nestes autos, são 100% impenhoráveis, estar-se-
exceção explícita prevista no parágrafo 2º do art. ia chancelando o comportamento de qualquer pessoa que, sendo servidor público, assalariado ou
649, IV, do CPC/73 ou se, para além desta exceção aposentado, ainda que fosse muito bem remunerada, gastasse todas as suas rendas e deixasse de
explícita, é possível a formulação de exceção não pagar todas as suas dívidas, sem qualquer justificativa.”. Assim, a resposta somente conterá base
prevista expressamente em lei. 2. Caso em que o jurisprudencial caso o examinador assim o determinar no enunciado. Fique atento! Do mesmo modo
executado aufere renda mensal no valor de R$ que fazemos com os artigos de lei, faremos assim neste caso. Cite a jurisprudência de alguma das
33.153,04, havendo sido deferida a penhora de Cortes Superiores e em seguida explique a subsunção com o caso concreto.
30% da quantia. 3. A interpretação dos preceitos
legais deve ser feita a partir da Constituição da
República, que veda a supressão injustificada de
qualquer direito fundamental. A
impenhorabilidade de salários, vencimentos,
proventos etc. tem por fundamento a proteção à
dignidade do devedor, com a manutenção do
mínimo existencial e de um padrão de vida digno
em favor de si e de seus dependentes. Por outro
lado, o credor tem direito ao recebimento de tutela
jurisdicional capaz de dar efetividade, na medida
do possível e do proporcional, a seus direitos
materiais. 4. O processo civil em geral, nele incluída
a execução civil, é orientado pela boa-fé que deve
reger o comportamento dos sujeitos processuais.
Embora o executado tenha o direito de não sofrer
atos executivos que importem
violação à sua dignidade e à de sua família, não
lhe é dado abusar dessa diretriz com o fim de
impedir injustificadamente a efetivação do direito
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material do exequente. 5. Só se revela necessária,


adequada, proporcional e justificada a
impenhorabilidade daquela parte do patrimônio
do devedor que seja efetivamente necessária à
manutenção de sua dignidade e da de seus
dependentes. 6. A regra geral da
impenhorabilidade de salários, vencimentos,
proventos etc. (art. 649, IV, do CPC/73; art. 833,
IV, do CPC/2015), pode ser excepcionada quando
for preservado percentual de tais verbas capaz de
dar guarida à dignidade do devedor e de sua
família. 7. Recurso não provido.

RECURSO ESPECIAL - Nº 1.760.966 - SP O Código de Processo Civil/2019 trouxe uma possibilidade nova acerca do momento em que se
RECUSRO ESPECIAL (2018/0145271-6) RELATOR : MINISTRO MARCO requere uma Tutela Provisória de Urgência. Na nova semântica das Tutelas provisórias, o legislador
Nº 1.760.966 – SP AURÉLIO BELLIZZE RECORRENTE : LENYARA trouxe a possibilidade de se buscar a efetivação dos efeitos da condenação antes mesmo que se haja
(2018/0145271-6) SABRINA LUCISANO RECORRIDO : PALLONE um processo distribuído, é a chamada TUTELA PROVISÓRIA DE ANTECIPADA ANTECEDENTE. Ocasião
CENTRO AUTOMOTIVO COMERCIO E IMPORTACAO em que o requerente deve demonstrar rodos os requisitos de concessão da Tutela Provisória de
LTDA RECORRIDO : BFB LEASING S/A Urgência e ainda que o perigo de dano ou ao resultado útil do processo é contemporâneo à
ARRENDAMENTO MERCANTIL . EMENTA RECURSO propositura da ação. Requerida a citada antecipação, o juiz poderá: • Rejeitar o pedido e determinar
ESPECIAL. PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA que o autor adite a Petição Inicial em 5 dias a fim de que se dê prosseguimento ao processo pelo rito
REQUERIDA EM CARÁTER ANTECEDENTE. ARTS. que se fizer necessário (em regra o comum). • Acolher o pedido, concedendo a Antecipação dos
303 E 304 DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL DE 2015. efeitos pleiteado pelo autor, concedendo prazo de 15 dias para que o autor adite a petição inicial nos
JUÍZO DE PRIMEIRO GRAU QUE REVOGOU A termos do artigo 303, § 1º, CPC. Feito isso, é o ponto em que se discute o presente RESP que gerou o
DECISÃO CONCESSIVA DA TUTELA, APÓS A atual entendimento do STJ acerca do assunto, vejamos: Ao conceder a Tutela Provisória de Urgência
APRESENTAÇÃO DA CONTESTAÇÃO PELO RÉU, A Antecipada Antecedente e aditada a Petição Inicial, surge o prazo para que o réu da demanda
DESPEITO DA AUSÊNCIA DE INTERPOSIÇÃO DE impugne a concessão a fim de que não haja a estabilização da decisão, fazendo coisa julgada formal.
AGRAVO DE INSTRUMENTO. PRETENDIDA Pois bem, o artigo 304, caput dispõe que a Tutela concedida nos termos do artigo 303, CPC se

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ESTABILIZAÇÃO DA TUTELA ANTECIPADA. estabilizará se da decisão não for interposto o respectivo recurso (agravo de instrumento, art. 1.015,
IMPOSSIBILIDADE. EFETIVA IMPUGNAÇÃO DO RÉU. I) Todavia, o STJ se posicionou com uma interpretação extensiva acerca da disposição desse artigo,
NECESSIDADE DE PROSSEGUIMENTO DO FEITO. que é no sentido de que qualquer meio de impugnação da decisão obsta a estabilização, seja pela via
RECURSO ESPECIAL DESPROVIDO. 1- A controvérsia recursal ou pela contestação, como foi o caso. Tal posicionamento prestigia o princípio da
discutida neste recurso especial consiste em saber instrumentalidade das formas, da celeridade e da economia processual, visto que o ato de impugnar
se poderia o Juízo de primeiro grau, após analisar a demanda a fim de que não se estabilize, de uma forma ou de outa atingiu a sua finalidade e também
as razões apresentadas na contestação, há o argumento de que se a impugnação for feita no mesmo juízo, não se congestionará o poder
reconsiderar a decisão que havia deferido o pedido judiciário com a distribuição de vários atos processuais em sedes do Poder Judiciário distintos, já que
de tutela antecipada requerida em caráter se houver a estabilização, a parte vencida nessa fase poderá, em até dois anos, propor ação autônoma
antecedente, nos termos dos arts. 303 e 304 do para revisar a decisão e seus efeitos. Dito isso, em síntese, o atual posicionamento do STJ acerca da
CPC/2015, a despeito da ausência de interposição forma de se impugnar e obstar a estabilização da Tutela Provisória de Urgência Antecipada
de recurso pela parte ré no momento oportuno. 2- Antecedente não está restrita ao texto de lei, nas palavras do relator o MM. Ministro Marco Aurélio
O Código de Processo Civil de 2015 inovou na Bellizze “deve ser feita uma interpretação teleológica do dispositivo legal”, portanto, seja pela via do
ordem jurídica ao trazer, além das hipóteses até Agravo de Instrumento ou pela Contestação, o juiz apreciará e o ato atingirá a sua finalidade, a fim
então previstas no CPC/1973, a possibilidade de de se obter um resultado processual mais célere e efetivo. A tendência do Exame de Ordem é que
concessão de tutela antecipada requerida em cada vez mais surjam questões jurisprudenciais que não serão fundamentadas em artigo de lei, dessa
caráter antecedente, a teor do que dispõe o seu forma, caso apareça na prova questão sobre a forma de se impugnar ou obstar a estabilização da
art. 303, o qual estabelece que, nos casos em que Tutela Provisória de Urgência Antecipada Antecedente, a resposta do candidato deverá seguir o
a urgência for contemporânea à propositura da posicionamento do STJ qual seja, tanto o recurso Agravo de Instrumento (artigo 1.015, I, CPC) ou pela
ação, a petição inicial poderá se limitar ao contestação.
requerimento da tutela antecipada e à indicação do
pedido de tutela final, com a exposição da lide, do
direito que se busca realizar e do perigo de dano ou
do risco ao resultado útil do processo. 2.1. Por essa
nova sistemática,
entendendo o juiz que não estão presentes os
requisitos para a concessão da tutela antecipada, o
autor será intimado para aditar a inicial, no prazo
de até 5 (cinco) dias, sob pena de ser extinto o
processo sem resolução de mérito. Caso concedida
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a tutela, o autor será intimado para aditar a petição


inicial, a fim de complementar sua argumentação,
juntar novos documentos e confirmar o pedido de
tutela final. O réu, por sua vez, será citado e
intimado para a audiência de conciliação ou
mediação, na forma prevista no art. 334 do
CPC/2015. E, não havendo autocomposição, o
prazo para contestação será contado na forma do
art. 335 do referido diploma processual. 3- Uma
das grandes novidades trazidas pelo novo Código
de Processo Civil é a possibilidade de estabilização
da tutela antecipada requerida em caráter
antecedente, instituto inspirado no référé do
Direito francês, que serve para abarcar aquelas
situações em que ambas as partes se contentam
com a simples tutela antecipada, não havendo
necessidade, portanto, de se prosseguir com o
processo até uma decisão final (sentença), nos
termos do que estabelece o art. 304, §§ 1º a 6º, do
CPC/2015. 3.1. Segundo os dispositivos legais
correspondentes, não havendo recurso do
deferimento da tutela antecipada requerida em
caráter antecedente, a referida decisão será
estabilizada e o processo será extinto, sem
resolução de mérito. No prazo de 2 (dois) anos,
porém, contado da ciência da decisão que
extinguiu o processo, as partes poderão pleitear,
perante o mesmo Juízo que proferiu a decisão, a
revisão, reforma ou invalidação da tutela
antecipada estabilizada, devendo se valer de ação
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autônoma para esse fim. 3.2. É de se observar,


porém, que, embora o caput do art. 304 do
CPC/2015 determine que "a tutela antecipada,
concedida nos termos do art. 303, torna-se estável
se da decisão que a conceder não for interposto o
respectivo recurso", a leitura que deve ser feita do
dispositivo legal, tomando como base uma
interpretação sistemática e teleológica do
instituto, é que a estabilização somente ocorrerá se
não houver qualquer tipo de impugnação pela
parte contrária, sob pena de se estimular a
interposição de agravos de instrumento,
sobrecarregando desnecessariamente os
Tribunais, além do ajuizamento da ação autônoma,
prevista no art. 304, § 2º, do CPC/2015, a fim de
rever, reformar ou invalidar a tutela antecipada
estabilizada. 4- Na hipótese dos autos, conquanto
não tenha havido a interposição de agravo de
instrumento contra a decisão que deferiu o pedido
de antecipação dos efeitos da tutela requerida em
caráter antecedente, na forma do art. 303 do
CPC/2015, a ré se antecipou e apresentou
contestação, na qual pleiteou, inclusive, a
revogação da tutela provisória concedida, sob o
argumento de ser impossível o seu cumprimento,
razão pela qual não há que se falar em estabilização
da tutela antecipada, devendo, por isso, o feito
prosseguir normalmente até a prolação da
sentença. 5- Recurso especial desprovido.

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1. RECURSO ESPECIAL Nº 1.738.756 - MG A prescrição e a decadência são institutos de direito material regulados pelo código civil. Por se tratar
1. RECURSO (2018/0102683-6) RELATORA: MINISTRA NANCY de um direito material, como qualquer outro instituto de direito, gera controvérsia e discussões sobre
ESPECIAL Nº ANDRIGHI RECORRENTE: MARCOS RECORRIDOELIS a verdade real de um fato que envolva esse lapso temporal percorrido. A grande discussão contida
1.738.756 - MG MARIA DOS SANTOS EMENTACIVIL. PROCESSUAL na ação que gerou esse atual entendimento do STJ acerca da recorribilidade imediata da decisão
(2018/0102683-6) CIVIL. AÇÃO DE REPARAÇÃO DE DANOS MATERIAIS interlocutória que versar sobre Prescrição Ou decadência é se, de fato, esse instituto é ou não mérito
E MORAIS. DECISÃO INTERLOCUTÓRIA QUE do processo, a fim de seja definida a possibilidade de se interpor Agravo de instrumento contra as
REJEITA A ALEGAÇÃO DE PRESCRIÇÃO ARGUIDA decisões que reconhecer ou não a prescrição ou a decadência já que o rol do artigo 1.015 é
PELO RÉU. RECORRIBILIDADE IMEDIATA exauriente. Pois bem. Tratando a prescrição e a decadência do ponto de vista Material, é cediço que,
PORAGRAVO DE INSTRUMENTO. POSSIBILIDADE. ao menos a prescrição, se dá de duas formas: A primeira é a prescrição extintiva, é aquela que torna
CABIMENTO DO RECURSOCOM BASE NO ART. inalcançável um determinado direito, a princípio existente, por uma inércia do titular do direito por
1.015, II, DO CPC/2015. PRESCRIÇÃO E um determinado lapso temporal, dessa forma, uma das partes, em uma determinada relação jurídica
DECADÊNCIA.QUESTÕE DE MÉRITO, SEJA NO processual, ao invocar a prescrição, como foi o caso da presente ação que ensejou o RESP em tela,
ACOLHIMENTO, SEJA NA REJEIÇÃO. 1- Ação requererá, ao final, o reconhecimento da prescrição e consequentemente a perda do direito do polo
proposta em 27/10/2007. Recurso especial contrário, versando dessa forma a decisão, obrigatoriamente sobre o mérito do processo, o que não
interposto em 26/09/2017 e atribuído à Relatora faria diferença, para esse estudo, se fosse em uma sentença. Agora, o juiz ao versar sobre o instituto
em 08/05/2018. 2- O propósito recursal consiste da prescrição/decadência em uma decisão interlocutória, segundo o atual entendimento STJ, está,
em definir se a decisão interlocutória que afasta a também, diretamente decidindo sobre o mérito da lide, pelo fato de que se rejeitado tal
alegação de prescrição é recorrível, de imediato, requerimento, dando prosseguimento aos atos processuais, o magistrado, de forma implícita,
por meio de agravo de instrumento interposto com reconhecerá que a parte contrária tem ainda o direito. Portanto, caberá agravo de instrumento
fundamento no art. 1.015, II, do CPC/2015. 3- O contra decisão interlocutória que reconhece ou rejeita a arguição de prescrição/decadência, com
CPC/2015 colocou fim às discussões que existiam cabimento
no CPC/73 acerca da existência de conteúdo no artigo 1.015, II, CPC, (mérito do processo) conforme a jurisprudência do STJ que se baseou no
meritório nas decisões que afastam a alegação de artigo 487, II, CPC, que dispõe claramente que haverá enfrentamento do mérito as decisões que
prescrição e de decadência, estabelecendo o art. versarem sobre prescrição e decadência. A segunda forma de prescrição é a aquisitiva, usucapião,
487, II, do novo Código, que haverá resolução de que desse ponto de vista é mais fácil materializar como um direito de fato. Àquele que cumprir os
mérito quando se decidir sobre a ocorrência da requisitos legais por determinado lapso temporal recairá a prescrição aquisitiva e, em uma possível
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prescrição ou da decadência, o que abrange tanto ação que terá como pedido o reconhecimento da aquisição da propriedade, a decisão versará
o reconhecimento, quanto a rejeição da alegação. obrigatoriamente sobre o mérito do processo, já que a prescrição aquisitiva é o próprio direito. Já do
4- Embora a ocorrência ou não da prescrição ou da ponto de vista processual, o CPC trata a prescrição como matéria de mérito no artigo 487, II atribuindo
decadência possam ser apreciadas somente na caráter de coisa julgada a matéria expressamente decidida, caso não impugnada. Feita as devidas
sentença, não há óbice para que essas questões considerações sobre o instituto da prescrição e da decadência passemos à prática que nos cabe
sejam examinadas por intermédio de decisões ressaltar. O atual entendimento do STJ, portanto é que caberá Agravo de Instrumento contra as
interlocutórias, hipótese em que caberá agravo de decisões interlocutórias que versarem sobre prescrição e decadência e seu cabimento está no artigo
instrumento com base no art. 1.015, II, do 1.015, II, CPC. A tendência do Exame de Ordem é que cada vez mais surjam questões jurisprudenciais
CPC/2015, sob pena de formação de coisa julgada que não serão fundamentadas em artigo de lei, dessa forma, caso apareça na prova questão sobre o
material sobre a questão. Precedente. 5- Provido o cabimento de Recurso imediato por meio do Agravo de Instrumento contra decisão interlocutória
recurso especial pela violação à lei federal, fica que versar sobre a prescrição ou sobre a decadência, a resposta do candidato deverá seguir o padrão
prejudicado o exame da questão sob a ótica da supra.
divergência jurisprudencial. 6- Recurso especial
conhecido e provido.

RECURSO ESPECIAL Nº 1.770.992 - SP As Decisões Interlocutórias, são pronunciamentos do juiz de natureza residual, ou seja, todas as
RECURSO (2018/0257143-5) RELATORA : MINISTRA NANCY manifestações do magistrado que tiverem caráter decisório e não for sentença, é Decisão interlocutória.
ESPECIAL Nº ANDRIGHI RECORRENTE : R L L RECORRIDO : R K C L (artigo 203, § 2º, CPC) A melhor didática acerca da D.I está em dizer que trata-se do pronunciamento do
1.770.992 - SP (MENOR) RECORRIDO : B A C L (MENOR) REPR. POR juiz, de caráter decisório, que não põe fim ao processo ou a parte dele. O Código de Processo Civil/2015
(2018/0257143- : S Y C EMENTA CIVIL. PROCESSUAL CIVIL. trouxe nítida distinção quanto ao cabimento do Recurso de Agravo de Instrumento para cada um dos
5) ALIMENTOS. DECISÃO INTERLOCUTÓRIA QUE procedimentos possíveis existentes no Código. Sabe-se que NAS AÇÕES DE CONHECIMENTO, ao se
CONCEDE O BENEFÍCIO DA GRATUIDADE DA deparar com uma Decisão Interlocutória, nem sempre o recurso Cabível será o Agravo de Instrumento.
JUSTIÇA EM FASE DE CUMPRIMENTO DE É necessário que aquele pronunciamento verse sobre uma das matérias contidas no rol finalístico do
SENTENÇA. RECORRIBILIDADE IMEDIATA POR artigo 1.015, CPC. Em caso de a matéria tratada na Decisão Interlocutória proferida na fase de cognitiva
AGRAVO DE INSTRUMENTO. POSSIBILIDADE. da ação não está prevista em um dos XII incisos do referido artigo, não recairá sobre ela o fenômeno da
CABIMENTO DO RECURSO EM FACE DE TODAS AS preclusão, devendo ser suscitada em preliminar de apelação no momento oportuno conforme dispõe o
DECISÕES INTERLOCUTÓRIAS PROFERIDAS EM artigo 1.009, § 1º, CPC. Em contrapartida, Na FASE DE CUMPRIMENTO DE SENTENÇA, NO PROCESSO DE
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LIQUIDAÇÃO E CUMPRIMENTO DE SENTENÇA, EXECUÇÃO E NOS PROCESSOS DE INVENTÁRIO, que é justamente o caso que ensejou o atual
EXECUÇÃO E INVENTÁRIO, INDEPENDENTEMENTE posicionamento, deu-se ao direito constitucional ao duplo grau de jurisdição das matérias enfrentadas
DO CONTEÚDO DA DECISÃO. INCIDÊNCIA em decisão interlocutória, ficando da seguinte forma:
ESPECÍFICA DO ART. 1.015, PARÁGRAFO ÚNICO, DO Aplica-se nesses casos, não o rol exauriente compostos pelos incisos do artigo 1.015, CPC, mas sim o
CPC/2015. LIMITAÇÃO DE CABIMENTO DO disposto no parágrafo único do dispositivo legal, que dá a qualquer Decisão Interlocutória proferida
RECURSO, PREVISTA NO ART. 1.015, CAPUT E nessa fase/processo legalidade ilimitada, acerca de matéria, para recorribilidade imediata por meio do
INCISOS, QUE SOMENTE SE APLICA ÀS DECISÕES Agravo de Instrumento. A discussão levantada pelo caso enfrentado pelo STJ levantou a tese de que
INTERLOCUTÓRIAS PROFERIDAS NA FASE DE mesmo a decisão interlocutória proferida na fase de cumprimento de sentença, no processo de
CONHECIMENTO. VÍCIO DE FUNDAMENTAÇÃO DO execução ou inventário, deveria obedecer a previsão taxativa do artigo. No caso concreto que ensejou
ACÓRDÃO. OMISSÃO. NÃO OPOSIÇÃO DE a atual jurisprudência, ao sofrer a revogação do benefício da gratuidade de justiça, o então beneficiário
ACLARATÓRIOS NA ORIGEM. QUESTÃO agravou de instrumento requerendo a manutenção do benefício, que no mérito, o acórdão deu
DEVIDAMENTE EXAMINADA A PARTIR DE provimento à tese suscitada pelo agravante. Daí surgiu a discussão sobre o cabimento de referido
PREMISSAS FÁTICO-PROBATÓRIAS IMUTÁVEIS. 1- recurso já que o inciso V, art. 1.015, CPC, dispõe que caberá AI das decisões interlocutórias que rejeitar
Ação proposta em 26/06/2017. Recurso especial o pedido de justiça gratuita ou acolher requerimento de revogação, não dispondo sobre recurso pela
interposto em 16/11/2017 e atribuído à Relatora mera revogação de ofício, como foi o caso. Destaca-se que se fosse uma ação de conhecimento a tese
em 13/11/2018. 2- O propósito recursal consiste estaria absolutamente correta, já que o rol é taxativo e o STJ assim entendeu: Por se tratar de fase de
em definir: (i) se é recorrível, de imediato e por cumprimento de sentença o cabimento da recorribilidade da decisão interlocutória não se sujeita ao rol
meio de agravo de instrumento, a decisão do artigo 1.015, CPC, mas sim às ilimitadas possibilidades do Parágrafo único do artigo, sob a justificativa
interlocutória proferida na fase de cumprimento de de que essa fase do processo, assim como no Processo de execução bem o Inventário, não se findam ou
sentença que concede o benefício da gratuidade da percorrem um longo período de tempo até a sentença, portanto, não é razoável aguardar tanto tempo
justiça; (ii) se há vício de fundamentação no para que se posso trazer a tona a matéria em preliminar de apelação. A tendência do Exame de Ordem
acórdão que revogou o benefício anteriormente é que cada vez mais surjam questões jurisprudenciais que não serão fundamentadas em artigo de lei,
concedido. 3- Somente as decisões interlocutórias dessa forma, caso apareça na prova questão sobre o cabimento de Recurso imediato por meio do Agravo
proferidas na fase de conhecimento se submetem de Instrumento contra decisão interlocutória versando sobre qualquer matéria, a resposta do candidato
ao regime recursal disciplinado pelo art. 1.015, deverá seguir o padrão supra.
caput e incisos do CPC/2015, segundo o qual
apenas os conteúdos elencados na referida lista se
tornarão indiscutíveis pela preclusão se não
interposto, de imediato, o recurso de agravo de
instrumento, devendo todas as demais
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interlocutórias aguardar a prolação da sentença


para serem impugnadas na apelação ou nas
contrarrazões de apelação. 4- Para as decisões
interlocutórias proferidas em fases subsequentes à
cognitiva – liquidação e cumprimento de sentença
–, no processo de execução e na ação de inventário,
o legislador optou conscientemente por um regime
recursal distinto, prevendo o art. 1.015, parágrafo
único, do CPC/2015, que haverá ampla e irrestrita
recorribilidade de todas as decisões
interlocutórias, quer seja porque a maioria dessas
fases ou processos não se findam por sentença e,
consequentemente, não haverá a interposição de
futura apelação, quer seja em razão de as decisões
interlocutórias proferidas nessas fases ou
processos possuírem aptidão para atingir, imediata
e severamente, a esfera jurídica das partes, sendo
absolutamente irrelevante investigar, nesse
contexto, se o conteúdo da decisão interlocutória
se amolda ou não às hipóteses previstas no caput e
incisos do art. 1.015 do CPC/2015. 5- Na hipótese,
tendo sido proferida decisão interlocutória
concessiva da gratuidade de justiça na fase de
cumprimento de sentença, cabível, de imediato, o
recurso de agravo de instrumento, na forma do art.
1.015, parágrafo único, do CPC/2015. 6- Inexiste
violação ao art. 489, §1º, IV, do CPC/2015, quando
o alegado vício de fundamentação, se existente,
caracterizaria omissão que não foi objeto de
embargos de declaração opostos em face do
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acórdão recorrido, e quando a questão


alegadamente omissa, na verdade, foi
efetivamente enfrentada pelo acórdão recorrido,
que se assentou em premissas fático-probatórias
irretorquíveis no âmbito dos recursos de estrito
direito.
7- Recurso especial parcialmente conhecido e,
nessa extensão, desprovido.

RECURSO ESPECIAL. EMBARGOS DO DEVEDOR. Este Recurso Especial trata dos honorários advocatícios contratuais que são calculados com base na
Recurso Especial EXECUÇÃO DE CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE quantia efetivamente recebida pelo cliente, a chamada quota litis.
n˚ 1.354.338-SP SERVIÇOS ADVOCATÍCIOS. ADOÇÃO DE CLÁUSULA EX: contrato de honorários advocatícios que estipula 20% do proveito econômico como pagamento ao
QUOTA LITIS. REMUNERAÇÃO AD EXITUM FIXADA advogado. Caso o cliente tenha o seu pedido inicial de R$ 10.000,00 acolhido, seu advogado receberá
EM PERCENTUAL SOBRE O BENEFÍCIO R$ 2.000,00 de honorários advocatícios contratuais. Na oportunidade de o pedido ser indeferido, o
ECONÔMICO. REALIZAÇÃO DE ACORDO NA FASE advogado nada receberá.
DE CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. DEVEDORA Adotando esta cláusula no contrato, a remuneração do advogado (honorários advocatícios contratuais
FALIDA. HONORÁRIOS CALCULADOS SOBRE A + honorários advocatícios sucumbenciais) não poderá ser superior à vantagem de seu cliente.
VANTAGEM ECONÔMICA EFETIVAMENTE Neste sentido, o artigo 38 do Código de Ética e Disciplina (Conselho Federal da Ordem dos Advogados
AUFERIDA. RECURSO PROVIDO.1. Depreende-se da do Brasil) diz que: “na hipótese da adoção de cláusula quota litis, os honorários devem ser
moldura fática delineada pelo eg. Tribunal de necessariamente representados por pecúnia e, quando acrescidos dos de honorários da sucumbência
origem que os recorridos foram contratados para não podem ser superiores às vantagens advindas em favor do constituinte ou do cliente”.
ajuizamento de reclamação trabalhista, mediante Aplicam-se, também, o artigo 422 do Código Civil que destaca o princípio da boa-fé objetiva, através do
celebração de contrato de prestação de serviços qual se objetiva estabelecer um padrão ético de conduta entre as partes nas relações jurídicas.
advocatícios com cláusula quota litis, cuja
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remuneração seria calculada em percentual sobre Nesse mesmo sentido, temos o artigo 423 do Código Civil que garante a interpretação mais favorável ao
o crédito apurado em sentença em benefício do adquirente em cláusulas ambíguas.
reclamante, ora recorrente.2. Na hipótese, a Com o apoio desses artigos, entende-se que não há boa-fé do advogado que fixa a cláusula quota litis
pessoa jurídica vencida na demanda trabalhista em contrato de honorários advocatícios, nos casos em que a sua remuneração seja calculado em
entrou em processo de falência, levando seu percentual sobre o valor apurado em liquidação de sentença e não sobre o valor que o seu cliente irá
credor, aqui recorrente, a realizar acordo com efetivamente receber, pois estão em desacordo com o especificado no Código de Ética e Disciplina da
terceiro (cessão de crédito), com a finalidade de classe dos advogados.
receber ao menos parte de sua verba alimentar,
por valor bem inferior ao judicialmente
reconhecido.3. Desse modo, uma vez celebrado o
contrato de prestação de serviços advocatícios com
emprego de cláusula quota litis, deve a
remuneração ad exitum, ali fixada em percentual,
ser calculada com base no benefício efetivamente
alcançado pela parte com a cessão de crédito, e
não com base no valor total do crédito reconhecido
na demanda trabalhista e não satisfeito, ante a
manifesta insolvência da devedora falida. 4.
Recurso especial provido

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EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO AGRAVO “O mandado de segurança deverá ter seu mérito apreciado independentemente de superveniente
REGIMENTAL NO MANDADO DE SEGURANÇA. trânsito em julgado da decisão questionada pelo “mandamus”.
EDCL NO MS TRÂNSITO EM JULGADO DA DECISÃO IMPETRADA Como já sabido, é impossível que se impetre mandado de segurança contra uma decisão judicial que já
22.157- MS OCORRIDO APÓS A IMPETRAÇÃO. transitou em julgado. Inclusive, tal posicionamento da Corte, já fora firmado em sede de Súmula, sendo
AÇÃO DE USUCAPIÃO. BEM ARREMATADO EM ela:
EXECUÇÃO TRABALHISTA. AÇÃO DE IMISSÃO NA Súmula 268 do STF: “Não cabe mandado de segurança contra decisão judicial com trânsito
POSSE DECORRENTE DA ARREMATAÇÃO DE em julgado”.
Desta forma, resta nítido que a regra é o não cabimento do mandamus face decisão que já tenha
MESMO IMÓVEL.
transitado. No mesmo sentido temos da Súmula 734 do STF:
SUSPENSÃO DO PROCESSO POR PRAZO Súmula 734 do STF: “Não cabe reclamação quando já houver transitado em julgado o ato
INDETERMINADO. judicial que se alega tenha desrespeitado decisão do Supremo Tribunal Federal”.
DESRESPEITO À LITERALIDADE DO ART. 265, § 5º Assim, tal súmula, por sua vez, é inaplicável quando o trânsito em julgado se operar no curso do
DO CPC/1973. processo. Inclusive, tal posicionamento possui embasamento no Art. 988, parágrafo 6 do CPC:
ILEGALIDADE DA DECISÃO. SEGURANÇA Art. 988, parágrafo 6, CPC: “Caberá reclamação da parte interessada ou do Ministério Público
CONCEDIDA. para:
1. "A atribuição de efeitos infringentes aos Parágrafo 6: A inadmissibilidade ou o julgamento do recurso interposto contra a decisão
embargos de declaração é possível, em hipóteses proferida pelo órgão reclamado não prejudica a reclamação”.
excepcionais, para corrigir premissa equivocada no Ou seja, existe a possibilidade de se analisar um mandado de segurança contra uma decisão judicial
julgamento, bem como nos casos em que, sanada definitiva, desde que a data de impetração daquele seja anterior à deste. Nesse sentido, cabe dizer
a omissão, a contradição ou a obscuridade, a perfeitamente, que deverá ser aplicado o mesmo raciocínio utilizado nas reclamações para o mandado
alteração da decisão surja como consequência de segurança.
necessária" (EDcl no AgRg no Ag n. 1.026.
222/SP, Relator Ministro Herman Benjamin,
Segunda Turma, DJe 10/10/2014).
2. É incabível mandado de segurança contra
decisão judicial transitada em julgado, incidindo,
portanto, o teor do art. 5º, inciso III, da Lei n.
12.016/2009 e da Súmula n. 268/STF.
Precedentes.

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3. No entanto, sendo a impetração do mandado de


segurança anterior ao trânsito em julgado da
decisão questionada, mesmo que venha a
acontecer, posteriormente, não poderá ser
invocado o seu não cabimento ou a sua perda de
objeto, mas preenchidas as demais exigências
jurídico-processuais, deverá ter seu mérito
apreciado.
4. Quanto à suspensão do processo nas hipóteses
em que a sentença de mérito dependesse do
julgamento de outra causa, o art. 265 do CPC/1973
preceituava, em seu § 5º, que, "nos casos
enumerados nas letras a, b e c do n. IV, o período
de suspensão nunca poderá exceder 1 (um) ano" e
que, "findo este prazo, o juiz mandará prosseguir
no processo".

5. Sendo assim, é inviável qualquer interpretação


do art. 265, § 5º, que desconsidere a incidência do
prazo legal ânuo, notadamente pela inexistência,
na redação do dispositivo, de qualquer exceção à
regra de que o sobrestamento nunca excederá 1
(um) ano, em evidente prestígio à razoável duração
do processo anunciada pela Constituição Federal.
6. É regra comezinha de interpretação legal a
assertiva segundo a qual, onde o legislador não
distingue, não cabe ao interprete fazê-lo; e, no caso
em exame, com mais razão, pela presença do

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advérbio nunca, que afasta qualquer elastério


interpretativo.
7. No caso concreto, não se verificou situação
excepcional que justificasse a punição de deixar
indefinida a solução para o arrematante do bem na
esfera trabalhista. Havendo alegação de grave
problema social, a resolução pronta do problema
previne conflitos sociais na área, mostrando-se
conveniente a efetivação da imissão, de imediato,
nas frações de terra que não sejam objeto de
pedido de prescrição aquisitiva, prosseguindo o

processo de imissão na posse nas áreas não


contestadas.
8. Levando-se em conta que a decisão de
sobrestamento proferida por esta Corte operou-se
em março de 2014, deverá a ação de imissão na
posse seguir seu curso normal, sendo de rigor que
o Juízo Trabalhista exerça a fiscalização da
efetivação da imissão na posse das áreas não
discutidas nas ações de usucapião, objeto dos
conflitos de competência.
9. Embargos de declaração acolhidos com efeitos
infringentes para conhecer do agravo e conceder a
segurança.

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