Você está na página 1de 10

FACULDADE ANHANGUERA

ENTARI LAURINDO

EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS (EJA)

BOITUVA, SP
2021
ENTARI LAURINDO

EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS (EJA)

Atividade Interdisciplinar apresentado à Faculdade


de Ensino Superior - Anhanguera, com o objetivo
de promover envolver os conhecimentos aplicados
no primeiro semestre do curso de Licenciatura em
História.

BOITUVA, SP
2021
INTRODUÇÃO

Quando falamos de Educação de Jovens e Adultos no Brasil parece ser uma coisa tão
contemporânea, mas na verdade o processo educativo no Brasil, nunca foi tão difícil de
formar como a proposta para Educação de Jovens e Adultos. Embora muito se tenha
trabalhado para se organizar o Ensino de Jovens e Adultos, o que se obteve hoje, ela foi uma
experiência espelho, daquilo que se estava propondo, a cada mudança que ocorria no sistema
educacional brasileiro. Não existiam propostas de aprofundamento sobre a parte social ou
ainda quanto à capacidade cognitiva dos sujeitos envolvidos no processo e como eles
construíram o seu conhecimento.

Neste trabalho, falamos sobre a trajetória da Educação de Jovens e Adultos, as


dificuldades e oportunidades desse ensino, função social e métodos avaliativos da escola e do
educando.

Embora se fale que na Educação de Jovens e Adultos no Brasil, o seu sistema hoje é
muito grande e ele se mostra uma balança afinada, pois em diversos momentos da aplicação
pedagógica, ele apresentou pontos que compensam o tamanho do sistema. Mas como veremos
que a EJA foi criada, também, a partir de erros e de inadequação de currículos, métodos e
materiais didáticos, que embora sejam difíceis de admitir, ainda persistem, em muitos locais
de aprendizagem, possuem suas características local
EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS

A partir dos anos 40 que a educação de jovens e adultos passou a tomar forma e a ser
conhecida como um sistema significativo e diferente na educação do país. Foi a defasagem
educacional e a entrada das industrias no Brasil, que ocasionou a implantação de políticas
públicas, que seria um pequeno inicio do que hoje é o EJA.

Junto ao Fundo Nacional de Ensino Primário em 1942 foi instituído programas que
abrangiam o ensino até os adultos, ocasionando a ampliação dessa modalidade. O Brasil
detinha uma taxa alarmante de analfabetismo e o Fundo tentava ao máximo combater o
analfabetismo nas duas frentes, infantil e adulto.

Após 1945 surgiram cobranças e denuncias sob uma luz de país subdesenvolvido, e
não era mais possível esconder que o governo tinha pouco interesse na educação do país.
Portanto foi, de certa forma, alertado sobre o papel que a educação deveria desempenhar e
colocando sob uma luz especial, a formação de adultos no processo de evolução dos países.

O Serviço de Educação de Adultos, ou SEA, criado em 1947, deveria atuar na


educação do adulto e desenvolver um curso primário especifico para tal, com profissionais
capacitados. A necessidade de seguir as orientações dadas para conseguir desenvolver um
projeto deste nível com sucesso gerou discussões e cada órgão governamental do país
buscaram métodos para compreender o processo da educação de jovens e adultos, pois esta
estava ligada diretamente ao desenvolvimento do país, no momento em que a entrada de
industrias estavam começando a entrar no Brasil, o profissional analfabeto não traria
benefícios nenhum e consequentemente atrasaria ainda mais a entrada das mesmas.

No inicio da campanha a favor da alfabetização de adultos, até mesmo aqueles que


faziam parte, eram preconceituosos com o próprio analfabeto. Viam o individuo como um
peso para o desenvolvimento econômico e social do país. Porém conforme o decorrer da
mesma, percebeu uma clara mudança na visão do participante, deixando a visão
preconceituosa e percebendo a verdadeira importância de tal campanha, apoiando fielmente a
causa e o tornando um movimento popular que obteve visão e levou o Estado a contribuir
com o projeto.

O Fundo Nacional do Ensino Primário de 1942, a campanha de Educação de Adultos e


o Serviço de Educação de adultos de 1947, a campanha de Educação Rural de 1952 e a
Campanha Nacional de Erradicação do Alfabetismo de 1958 e muitos outros movimentos
sociais e políticos que precederam a criação do EJA.

Campanhas com visões diferentes começaram a surgir na década de 60. As propostas


eram de uma educação igualitária para todos. Erradicação do analfabetismo no país. Todas
como ideia principal a melhoria de vida do povo e da imagem do país. Surgiram várias ações
politicas em todo país, como o Movimento de Cultura Popular de Recife, ou o Plano Nacional
de Alfabetização do Ministério da Educação e Cultura, entre vários outros.

O supletivo surgiu em 1971, com o objetivo de complementar a escolarização e o


analfabetismo. Foi instituído pela Lei 5.692/7, pensando em uma escolarização tardia e
atividades de maneira mais flexível. Foi apresentado ao povo como um projeto de escola do
futuro, como um sistema educacional compatível com a modernização, segundo Haddad
(2000).

O Programa Mobral tentou formatar uma Educação a Distancia e acabou sendo


substituído pelo Educar, Fundação Nacional para Educação de Jovens e Adultos, que era
baseado em seus trabalhos.

Em 1988, foi conquistado o direito universal ao ensino fundamental público e gratuito,


independentemente da idade. Algo de extrema importância na luta pela erradicação do
analfabetismo no país, a maior conquista brasileira, e assim estabeleceu também a educação
presencial e qualidade de ensino básico nivelado.

Houve, porém, muitas mudanças. A extinção da Fundação Educar, colocando a


responsabilidade nos municípios, a tentativa de criação do Programa Nacional de
Alfabetização e Cidadania (PNAC) que foi totalmente deixada de lado, o descaso com as
politicas publicas a favor da educação de adultos e assim sem muito esforço por parte dos
governos seguintes. De acordo com Haddad (2000), não houve investimentos para uma
expansão do projeto de educação a jovens e adultos, mesmo com a criação do Fundo de
Desenvolvimento do Ensino Fundamental e Valorização do Magistério (FUNDEF).

O Decreto nº 6093 de 24 de abril de 2007 foi o criador do projeto EJA, cujo o objetivo
era a universalização da alfabetização de Jovens e Adultos. O financiamento, que outrora
precário, passaria a chegar do governo e assim mais Jovens e Adultos foram beneficiados.
Fazendo parte da LDB, Lei de Diretrizes e Bases da Educação, foi reconhecida como direito
público.
O método que mais gerou resultados e benefícios, e tornou-se o método principal do
EJA, foram as ideias de Paulo Freire, apresentadas de forma em que o indivíduo, inserido no
processo de aprendizagem, tenha uma educação e alfabetização de maneia critica e
principalmente individualista, suas ideias podem ser vistas no Plano Nacional de
Alfabetização.

De acordo com Ribeiro (2001), EJA é associada a um Ensino Noturno de segunda


linha, onde absorve adultos que não conseguiram concluir ou foram reprovados, alguns alunos
são tidos até como fracasso escolar, e tudo isso leva a falta de incentivo escolar e até mesmo
falta de vontade ou vergonha do aluno ao qual o projeto é oferecido.

A CNE CEB 11/2000 trata de esclarecer que a Educação de Jovens e Adultos como
uma nova educação, e não uma forma de suprir a educação perdida. Essa nova configuração
passou a ser aceita de forma melhor do que a posição marginalizada de antes.

Assim, nesse sentido, é a função social escolar, que além de gerar conhecimento,
engloba a transmissão de cultura, valores, ética e princípios com a finalidade de formar
cidadãos melhores e uma sociedade mais justa e melhor para todos.

As instituições de ensino são responsáveis por educar e formar futuros profissionais,


além disso também tem a tarefa de transformar os alunos em cidadãos que se adequem a
nossa sociedade, uma pessoa que não passou por esse processo, tende a ter mais dificuldades
na convivência em sociedade e até mesmo profissionalmente.

A escola sempre terá um dos papeis fundamentais, junto á família, no


desenvolvimento social do indivíduo, mesmo sendo desvalorizada por diversas vezes, ela tem
como objetivo a formação do indivíduo para o convívio no meio social, o desenvolvimento e
formação do cidadão para aplicabilidade do pensamento crítico.

Podemos afirmar que a escola desempenha o papel de educar, informar, e até mesmo
reintegrar os indivíduos da EJA na sociedade. Pode ser observado que a escola tem como
principal função social a preparação dos jovens e adultos no que tange o exercício da
cidadania.

A Educação de Jovens e Adultos possui muitos desafios, um deles é o tempo, muitos


dos indivíduos abandonam a escola para trabalhar ou cuidar da família, então manejar tempo e
ter aulas e avaliações flexíveis é uma necessidade muito importante para manter o aluno até o
final e garantir o sucesso da alfabetização
Outro desafio é o social, onde muitos alunos se sentem desconfortáveis e até mesmo
constrangidos por estarem frequentando escolas na idade adulta, uma espécie de medo de
serem criticados por seus colegas e amigos. É importante que a sociedade veja e trate esses
casos como normais e não os marginalizar ou estigmatiza-los como preguiçosos ou burros.

É importante também que o método de ensino seja renovado, que seja entendido e
alterado para necessidade de cada estudante. São alunos que já tem bagagens e experiencia de
vida, onde muitas vezes, usado de maneira correta, pode ser uma oportunidade para um
aprendizado baseado em suas próprias experiencias, tornando o ensino mais fácil de captar.

A avaliação do EJA deve ser desenvolvida com o intuito de formar mentes sociais, não
somente com foco na aprovação, pois quanto melhor o ensino for equilibrado e estimulante
para esses alunos, maior o aproveitamento no sistema de avaliação será desenvolvido.

Além disso, devemos entender que o processo avaliativo deve ser feito de forma
contínua, e não somente em momentos "de provas". É preciso observar seu desempenho
durante atividades corriqueiras em sala de aula num todo, dessa forma conseguindo perceber
o real aprendizado longe de um momento de estresse causado pelas provas.

É importante que o professor possa avaliar de maneira calma e objetiva, um método


baseado na ligação aluno/professor, suas bagagens, experiencias e capacidades de retenção de
conhecimento. O professor, tendo como base esses conhecimentos, facilmente proporcionará
aos alunos uma avaliação tranquila, focada na obtenção do melhor resultado.

Os testes diários também são importantíssimos para a retenção de conhecimento e


método avaliativo sem pressão ou desconforto.

Na Educação de Jovens e Adultos, o processo de avaliação é preciso ser instituído com


bastante atenção, considerando os alunos que não tiveram a oportunidade de terem acesso as
escolas em sua infância ou por diversos motivos tiveram a necessidade de interrompe-los.
Analisando o cotidiano escolar, percebe-se que o ato de avaliar ainda continua seguindo as
mesmas práticas tradicionais, mais com perspectivas de novas formas de avaliação. Assim, é
possível afirmar que a “avaliação faz parte do processo educativo, e como tal merece toda
atenção e compromisso do professor” (HOFFMANN, 1995, p. 112).

Devemos considerar que nosso sistema de educação mesmo com um direcionamento


bom ainda é falho, e, necessita de muitos investimentos completos na educação e em outros
setores que interferem diretamente o papel do profissional e do aluno, como melhores
salários, assistência médica e até mesmo segurança, para que nossa Lei seja cumprida
corretamente como está escrita em documento.

CONCLUSÃO

A EJA leva o sujeito para uma transformação social e cultural, de maneira gradual e
sutil, alterando suas vidas de maneira que só a educação é capaz de fazer. Não cuida apenas
da questão da alfabetização, mas também passou a se preocupar com questões físicas dos
alunos. Aqueles, menos assistidos, que exerciam trabalhos extenuantes e árduos, chegavam as
aulas cansados e assim possuíam mais dificuldade na aprendizagem e também eram motivo da
evasão escolar. Por esse motivo, educadores surgiram com a proposta de um atendimento
diferenciados, personalizado para cada aluno.

É de extrema importância também que se deve fazer uso da educação inclusiva com
fundamentos em práticas pedagógicas apropriadas para o público alvo. Dessa forma, as
diferenças dentro do ambiente escolar não devem ser nunca motivo de exclusão, mas sim de
engrandecimento pessoal e coletivo. Logo, por meio dessas ações pode-se desenvolver um
ambiente educacional melhor e justo para todos.

A EJA procura assumir a função reparadora, quando se propõe a resgatar esse adulto
que não teve a oportunidade de aprender a ler na época certa, e principalmente quando assume
o compromisso de diminuir o número de analfabetos, além de oferecer também a capacitação
para o trabalho em muitos casos, e por isso é um projeto tão importante que merece toda
atenção e apoio populacional e governamental.
REFERENCIAS

BRASIL. Constituição (1996). Lei nº 9394, de 20 de dezembro de 1996. . Brasilia ,


Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9394.htm. Acesso em: 25 abr.
2021.

FERRARO, Alceu Ravanello; KREIDLOW, Daniel. Analfabetismo no Brasil: configuração


e gênese das desigualdades regionais. configuração e gênese das desigualdades regionais.
2004. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/educacaoerealidade/article/view/25401/14733.
Acesso em: 25 abr. 2021.

FONSECA, Paulo Roberto da. A Formação da Educação de Jovens e Adultos no Brasil.


Disponível em: https://meuartigo.brasilescola.uol.com.br/educacao/a-formacao-educacao-
jovens-adultos-no-brasil.htm#:~:text=O%20programa%20foi%20criado%20por,prec
%C3%A1ria%2C%20por%20parte%20do%20governo.. Acesso em: 25 abr. 2021.

HADDAD, Sérgio e DI PIERRO, Maria Clara. Escolarização de jovens e adultos. Revista


Brasileira de Educação, São Paulo, mai. /jun./jul./ago. 2000, nº 714, p.108-130. Disponível
em: Acesso em: 24/ 11/ 16.

HOFFMANN, Jussara. Avaliação mediadora: uma prática em construção da pré-escola à


universidade. Porto Alegre: Educação Realidade, 1995.

NASCIMENTO, Mari Clair Moro. Avaliação Formativa: a prática em construção. A Prática


em Construção. 2013. Disponível em:
http://www.ppe.uem.br/publicacoes/seminario_ppe_2013/trabalhos/co_03/79.pdf. Acesso em:
26 abr. 2021.

NOVO, Benigno Núñez. O Professor de Educação de Jovens e Adultos. 2019. Disponível


em: https://jus.com.br/artigos/74536/o-professor-de-educacao-de-jovens-e-adultos. Acesso
em: 25 abr. 2021.
RIBEIRO, Vera Masagão, JOIA, Orlando, PIERRO, Maria Clara Di. Visões da educação de
Jovens e Adultos no Brasil. Cadernos Cedes, ano XXI, nº 55, novembro/2001. Disponível em:
www.scielo.be/pdf/ccedes/v21n55/5541.pdf>. Acesso em 17/ 11/2016.

SOUZA, Claudenôra Maria de; NASCIMENTO, Valter Oliveira do; SANTOS, Patrícia
Batista dos. O PROCESSO AVALIATIVO NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E
ADULTOS. 2016. Disponível em: file:///C:/Users/Entari/Downloads/2250-Texto%20do
%20artigo-10791-1-10-20161024.pdf. Acesso em: 26 abr. 2021.

STRELHOW, Thyeles Borcarte. Breve Historia Sobre a Educação de Jovens e Adultos no


Brasil. 2010. Disponível em:
https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/histedbr/article/view/8639689/7256. Acesso
em: 25 abr. 2021.

Você também pode gostar