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A Produção de Discursos Islamofóbicos Online No Brasil Estudo Exploratório Dos Agentes Cristãos
A Produção de Discursos Islamofóbicos Online No Brasil Estudo Exploratório Dos Agentes Cristãos
EVENTO
ISBN online: 978-85-8359-051-4
1
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA
FILHO”
FACULDADE DE CIÊNCIAS E LETRAS DE ARARAQUARA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS SOCIAIS
2017
2
Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da
UNESP/FCLAr
Ana Clara Citelli, Ana Paula Santos Horta, Alexandre Aparecido dos Santos,
Carlos Eduardo Tauil, Danusa de Oliveira Jeremin, Débora de Souza Simões,
Giovanna Ísis Castro Alves de Lima, Guilherme Bemerguy Chêne Neto, Larissa
Rizzatti Gomes, Luciane Alcântara, Luiz Ricardo de Souza Prado, Matheus
Henrique de Souza Santos, Meire Adriana da Silva, Natália Carvalho de Oliveira,
Richard Douglas Coelho Leão, Rosângela de Sousa Veras, Thiago Pereira
Mazucato, Vladimir Bertapeli
3
A PRODUÇÃO DE DISCURSOS ISLAMOFÓBICOS ONLINE NO
BRASIL: ESTUDO EXPLORATÓRIO DOS AGENTES CRISTÃOS
INTRODUÇÃO
1270
Mestre em Educação Tecnológica; CEFET-MG/Belo Horizonte; membro do GRACIAS – Grupo de
Antropologia em Contextos Islâmicos e Árabes; felipefdes@gmail.com.
2639
como na Europa (BAYRAKLI; HAFEZ, 2017); no caso do Brasil, também ocorreram atos
de agressão contra a comunidade e contra o patrimônio1271, evidenciando a necessidade de
refletir-se sobre a islamofobia no Brasil e o modo pelo qual ela ocorre.
A primeira definição de islamofobia a surgir foi no relatório do The Runnymede
Trust, o qual afirma que:
Essa hostilidade frente aos muçulmanos não seria exercida somente na presença de
muçulmanos. Atualmente, os crimes de ódio são manifestos principalmente nos espaços
virtuais. As redes sociais e outros espaços online potencializaram a circulação das
discriminações: “Um efeito colateral da internet é sua reprodução ágil e rápida legitimação
da discriminação. Isso é particularmente evidente no caso da cyber-islamofobia e a
contestação infindável da ‘verdade sobre o Islam’”1273 (CHAO, 2015, p.57). No caso da
verdade sobre o Islam, temos um dos efeitos da islamofobia cristã: o de outorgar-se um
discurso totalitário sobre uma religião que muitas vezes seus críticos demonstram
desconhecer. Na internet, esses discursos estão disponíveis no YouTube para pesquisa e
visualização: o presente estudo, exploratório e qualitativo, visa traçar os principais
produtores de islamofobia online por meio de audiovisuais. Não esgotamos a temática,
1271
Dentre outros casos, temos como exemplo o vandalismo praticado contra a mesquita do Distrito Federal
em 2016 (http://g1.globo.com/distrito-federal/noticia/2016/03/vandalismo-em-mesquita-do-df-foi-
intolerancia-religiosa-diz-governo.html), pichação contra a Mesquita Brasil em São Paulo em 2015
(http://spressosp.com.br/2015/01/12/islamofobia-em-sp-mesquita-brasil-e-pichada-com-mensagem-je-suis-
charlie/) e os casos recorrentes de agressão contra muçulmanas (http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/2015-
01-25/islamofobia-no-brasil-muculmanas-sao-agredidas-com-cuspidas-e-pedradas.html e
http://www.gazetadopovo.com.br/vida-e-cidadania/mulheres-sao-vitimas-de-agressoes-por-serem-
muculmanas-em-curitiba-2q6boovjzp27i6jnv3w4j9mpz).
Tradução livre de: The term Islamophobia refers to unfounded hostility towards Islam. It refers also to
1272
the practical consequences of such hostility in unfair discrimination against Muslim individuals and
communities, and to the exclusions of Muslims from mainstream political and social affairs. (...) The word
'Islamophobia' has been coined because there is a new 2640
reality which needs naming: anti-Muslim prejudice has
grown so considerably and so rapidly in recent years that a new item in the vocabulary is needed so that it can
be identified and acted against.
1273
Tradução livre de: A dark side effect of the internet is the rapid reproduction and quick legitimization of
discrimination. This is particularly evident in the case of cyber Islamophobia and the endless online
contestation over ‘the truth about Islam’.
uma vez que além dos grupos cristãos estão presentes grupos de direita e extrema-direita
dentre o rol dos produtores de preconceito contra muçulmanos. Em fase inconclusiva, a
pesquisa está em andamento e objetiva estudar a produção da islamofobia online de modo
geral – e não somente a cristã.
ISLAMOFOBIA CRISTÃ
Muitos das obras que abordam a islamofobia dedicam-se a indicar as relações entre
cristãos e muçulmanos. Desde os primeiros contatos entre muçulmanos e cristãos, como
demonstra Arjana (2015), houveram colaborações, mas também a construção de
representações negativas sobre os muçulmanos. Os convívios não eram despidos de
tensões. Uma das primeiras apreensões sobre a Islamofobia é a obra, de 1910, de Alain
Quellien, La Politique Musulmane dans l’Afrique Occidentale Française (“A Política
Muçulmana na África Ocidental Francesa”). Nela, o autor já identificava essa tensão entre
muçulmanos e cristãos:
Tradução livre de: There has always been, and remains, a prejudice against Islam prevalent among people
1274
of Western and Christian civilization. For some, the Muslim is the natural and irreconcilable enemy of the
Christian and the European, Islam is the negation of civilization and barbarism, cruelty and bad faith are all
that one can expect of most Mohammedans.
2641
na maioria dos círculos acadêmicos, ela afeta negativamente a opinião
pública1275 (IHSANOĞLU, 2011 p. viii).
1275
Tradução livre de: Unfortunately, today some political commentators and “experts” promote
Islamophobia. Their basic premise is that Muslims, from the rise of Islam to the present, have sought to
annihilate Christianity and Islamize Europe. This unfounded and reductionist historiography denies or
deliberately overlooks Islam’s fourteen-century-old history of religious, political, demographic, and
intellectual interactions with other cultures and its share in the development of the world’s common heritage
and its humanistic outlook. While this antagonistic view has not enjoyed support in most scholarly circles, it
negatively affects public opinion.
Tradução livre de: Historically, Islamophobia had
1276
pro-Christian and anti-Muslim features, namely at the
2642
time of the Crusades, empire, and colonialism. In the modern era, religious characteristics have been replaced
by secular notions, namely a focus on the ideas of freedom, democracy, and global values.
para defenderem a cidade, não foram poupados tampouco. Os cruzados
incendiaram uma sinagoga em que os judeus se refugiaram e
certificaram-se de que cada um deles queimou até a morte. Esta não era
uma anomalia: cruzados atravessando a Alemanha, a caminho de
Jerusalém, haviam assassinado judeus a sangue frio1277 (KUMAR, 2012,
p. 53).
ISLAMOFÓBICOS BRASILEIROS
Tradução livre de: Christianity too rose to dominance through conquest and conversion, first in the Roman
1277
world and then in the neighboring areas of Europe, Armenia, Arabia, eastern Africa, and central Asia. As
previously noted, the Crusades, waged by European Christians from the eleventh century to the thirteenth,
were another violent chapter in Christianity’s history. During the First Crusade in 1099, crusaders launched
a killing spree after taking control of Jerusalem, murdering almost the entire population of Muslim men,
women, and children. The Jews, who fought side by side with the Muslims to defend the city, were not spared
either. The crusaders set fire to a synagogue in which Jews had taken refuge and made sure that every one of
2643 passing through Germany en route to Jerusalem
them burned to death. This was not an anomaly: crusaders
had murdered Jews in cold blood.
ser “o último Elias”, o grupo passou a ter alguma repercussão após um protesto conduzido
no Rio de Janeiro, cidade que sedia o grupo, no qual os participantes empunham placas e
cartazes com expressões anti-Islã e anti-muçulmanos (VICE BRASIL, 2017).
Anteriormente à manifestação noticiada pela Vice Brasil, houve um protesto, filmado pelo
grupo e disponibilizado sob o título de “PASSEATA (ESCOLA DE ASSASSINOS) (21
de Jul. de 2017)” (GERAÇÃO DE MÁRTIRES, 2017a), no qual o grupo esclarece alguns
de seus posicionamentos e informa sua missão. Em um primeiro momento, é um grupo
que visa atuar diretamente no espaço público:
2644
Era uma vez uma besta chamada Maomé, legalizador do estupro, da
poligamia, da pedofilia e da sem-vergonhice [sic]. A besta Maomé
escreveu o Alcorão livro de ódio dos muçulmanos. Manual de terror, de
ira, de pedofilia. Assassinos em primeiro grau, terroristas, no mundo sem
igual. Pra mostrar como são assassino estes islamitas, oh Deus compus
essa canção ao mestre com carinho. Pra mostrar como eu não esqueço
as tuas lições, testemunho à população quem são os muçulmanos.
Comunismo, fascismo, nazismo, islamismo, é tudo igual. Putin, Fidel,
Chaves, Mussolini e Hitler, Aiatolá Khomeini, cortam cabeça
esquartejam é tudo normal. Escola de assassinos, ensinando o mal
(GERAÇÃO DE MÁRTIRES, 2017a).
2645
marxismo, ao comunismo e ao que o padre se refere como “marxismo cultural”. Na
hermenêutica do Padre, temos que:
Esta guerra dos donos dos meios de comunicação, esta guerra, dos donos
da nova cultura ocidental quer destruir o cristianismo. Enquanto isto,
eles dão passe livre aos muçulmanos porque, por enquanto, os radicais
muçulmanos são aliados nessa guerra anticristã. (...) Ou seja, a igreja
católica é a grande perdedora do 11 de Setembro. Quem será o grande
vencedor? Vamos ter que esperar ainda alguns anos para saber se o
grande vencedor do pós 11 de Setembro foi a religião muçulmana ou o
ateísmo da elite globalista (PADRE PAULO RICARDO, 2011).
2646
Uma guerra cósmica desencadeada contra o catolicismo: é nesse cenário imaginado
que se desenvolve a “crítica ao Islam” do Padre citado. A “elite globalista” também é citada,
relacionando a queda do cristianismo a um plano global de destruição do Ocidente. Em
suma: uma análise persecutória das questões contemporâneas, como se tudo se resumisse
a religião, como se a religião fosse a causa de absolutamente toda e qualquer ação.
Retornando aos grupos evangélicos, o canal Dois Dedos de Teologia, produzido e
apresentado por Yago Martins (além de professor em faculdades teológicas, associado ao
Instituto Ludwig von Mises Brasil), recentemente publicou um vídeo chamado “A
MELHOR ARMA CONTRA O ISLAMISMO” [sic]. Um dos participantes do quadro,
Walvert Veras, afirma que:
Por todo o vídeo o pregador faz uma relação entre senhas e segurança de redes
para se referir aos modos como devem ser lidos os versículos bíblicos, como se fosse uma
2647
senha de quatro códigos, como se fosse acessar uma rede social. O esvaziamento de uma
linguagem tradicional e o apelo para imagens de contextos virtuais são uma constante em
todo o vídeo. As palavras Islã e muçulmanos não aparecem novamente no vídeo citado,
apesar de haver a sugestão pelo título de quem seria “a besta do Apocalipse”. Outros vídeos
do canal associam atos de vilania aos muçulmanos:
Por que você acha que Apocalipse 20 tá falando dos cristãos degolados?
Que é decapitados [sic]? É uma característica da besta. Decapitar cabeça
[sic]. Decapitar cristão. Isso é o que o Alcorão manda fazer. No mesmo
livro que fala que existe somente um Deus, que é Allah, e Muhammad
o Seu Profeta. No mesmo livro que fala que Jesus é apenas um profeta,
que ele não morreu pelos pecados de ninguém que ele não é filho de
Deus, que ele casou ainda, teve filhos (REINO ETERNO, 2016).
O trecho no qual Luiz afirma que Jesus casou e teve filhos é inexistente no Alcorão,
provavelmente fruto da fantasia do realizador do vídeo. Curiosamente, no vídeo anterior
(REINO ETERNO, 2015), o autor afirma e reafirma a necessidade de se considerar
contextualmente os versículos bíblicos; já nesse último vídeo, o autor simplesmente aplica
uma leitura literalista para o Alcorão, ignorando que existe uma tradição interpretativa do
Islã mais antiga ainda do que a tradição evangélica. No mesmo esteio desse comunicador
está Natan Rufino, pastor evangélico que em seu vídeo “Crítica Textual e a Marca da Besta
no islamismo. NATAN RUFINO” (NATAN RUFINO, 2016) realiza o mesmo
procedimento: uma leitura literalista do Alcorão, como se os muçulmanos em sua
unanimidade aderissem à leitura de um pastor evangélico sobre a religião.
Enquanto um comunicador solitário, temos Nando Moura: guitarrista, ex-
integrante da banda de metal progressivo Angra, professor de música, também é
reconhecido no YouTube enquanto produtor de conteúdo sobre diferentes temas. Dentre
esses temas, estão as críticas a outros criadores de vídeos e também ao Islam e aos
muçulmanos. O cenário que Nando Moura traça é de um cristianismo decadente, acurado
pela constante “ameaça islâmica”:
2648
cristianismo. Mas ele está completamente fragmentado, destruído, pelo
achincalhamento geral da mídia. Pelo escárnio geral de todas as pessoas.
Você pode desenhar Jesus Cristo e encher ele de bosta, Maria sendo
estuprada, você pode músicas disso, letras dizendo que quer acabar com
Cristo, que quer sodomizar Cristo, você pode fazer o que você quiser
para achincalhar a religião cristã. Mas se você for fazer isso com a religião
islâmica, eles te matam. E agora a Europa e o mundo ocidental [sic] está
completamente despreparado para lutar ideologicamente contra a
mentalidade islâmica (NANDO MOURA, 2015a).
Agora, meu amigo, é o seguinte: todo ateuzinho no futuro vai pagar pelo
escárnio que fizeram com a religião cristã. Todo aquele que achincalhou,
todo aquele que descreu, todo aquele que, que, que, jogou a religião na
lama, vai pagar. Porque com os muçulmanos a história é diferente. Ou
você segue a lei deles ou você tá fudido. Espere só eles serem a maioria
na Europa e a maioria nos Estados Unidos pra você ver o quanto você
vai se fuder (NANDO MOURA, 2015a).
O que as pessoas não entendem é que uma vez que o Islã se torne a
religião dominante, não existe divisão do Estado e do Alcorão. O Estado
precisa seguir a sharia que está no Alcorão. Não existe divisão, não existe
Estado laico. É isso que as pessoas não conseguem compreender. Por
que você acha que lá no Oriente Médio a mulher é tratada que nem um
cachorro? Que um homossexual, aí sim, é apedrejado até a morte? Aqui
no máximo a gente diz oh cara, eu acho que você dá o seu loló aí é
pecado. Ah, mas eu quero dar assim mesmo. Pô cara, eu acho que você
2649
vai pro inferno. [gritando estereotipado] Ah, eu não vou pro inferno não.
É isso. Essas são [gritando algo incompreensível] que o cristão faz. Agora,
quando esses caras se tornarem a religião mundial, quando eles
conseguirem ideologicamente, culturalmente se sobrepor ao
cristianismo, aí você vai ver a merda absoluta (...). Nós estamos indo
mesmo para o buraco (NANDO MOURA, 2015b).
2650
que lutar contra a coisa mais forte que tem de cada um de nós, que somos
corretos, que é a Democracia. Você não pode tratar o muçulmano com
democracia. É a única coisa que ele pedem pra ser tratados, é a
democracia. Assim que eles usam pra conseguir chegar a 15, 20% da
população de um país. Eles começam automaticamente a ir matando a
democracia. São tantos filmes, tantos vídeos, você não tá vendo isso?
Poxa, quando eu digo acordar, é no bom sentido (MARRA REJANE,
2017).
2651
A recepção de uma cultura por outra exige, pois, que ela seja “traduzida”
por um intermediário, um intérprete que se esforça conscientemente em
tornar seus caracteres e linguagem compreensíveis a “leitores”
habituados a outros “textos” (PALLARES-BURKE, 1996, p. 13-14).
Não seria todo e qualquer conteúdo cultural que uma cultura receptora traduz de
uma outra cultura: existe um processo de seleção cultural, conforme Pallares-Burke
elucida. Assim, uma vez que não ocorreram ou ocorrem atos de violência relacionados aos
muçulmanos no Brasil, os islamofóbicos necessitam buscar informações em outros países,
selecionando-as, editorando-as. A seleção operada pelos conteúdos estrangeiros, sejam
fantasiosos ou reais, demonstram muito mais as estratégias dos grupos islamofóbicos para
posicionarem-se em seus respectivos campos de produção simbólica do que fornecem
esclarecimentos possíveis sobre o Islam e os muçulmanos.
CONCLUSÕES
2652
acima fundamentam-se sobre uma estrutura extremamente frágil: ao pronunciarem quem
são os Bons e quem são os Maus, automaticamente se outorgam a pecha de Bons e
condenam à vilania todos os que não fazem parte de seus grupos. Não há mérito em contar-
se dentre os Bons quando a própria pessoa ou organização define quem é quem. Isso é
aprofundado quando é por meio de uma “revelação” que aquele cristão demoniza os
muçulmanos: daí a importância de se pesquisar em profundidade as especificidades da
islamofobia cristã, seja católica, seja evangélica.
Enquanto um expediente de reflexão honeste sobre o Islam não se consolidar nas
análises e investigações dos agentes sociais cristãs brasileiros, enquanto ainda houver o
estímulo ao preconceito contra muçulmanos por parte de setores que se identificam com
a cristandade, ressaltamos que maiores pesquisas sobre a islamofobia no Brasil precisarão
ser conduzidas por dois motivos: primeiro, para denunciar as violências contra
muçulmanos, e segundo, para mapear o desenvolvimento desse preconceito enquanto
ainda está no início da implantação de uma “indústria da islamofobia”, como ocorre nos
EUA. Seus mecanismos de produção e circulação estabelecem relações com as mídias
sociais e demais formas online de produção e distribuição de bens simbólicos, não sendo
possível hoje desvincular a islamofobia online da offline.
No esteio do crescimento da islamofobia internacional, as associações como o
CAIR (Council on American-Islamic Relations) e a SETA (Foundation for Political,
Economic and Social Research) apresentam um esforço em arrolar e refletir sobre os
episódios de preconceito contra muçulmanos de um modo único frente à exiguidade de
iniciativas em território nacional ou mesmo na América Latina. Observar esses relatórios e
suas conclusões podem tanto orientar os pesquisadores acadêmicos quanto alertar aos
muçulmanos brasileiros contemporâneos sobre o que os aguarda caso a islamofobia não
seja combatida pelo conhecimento e diálogo.
REFERÊNCIAS
ARJANA, Sophia Rose. Muslims in the western imagination. New York: Oxford
University Press, 2015.
2653
BAYKRALI, Enes; HAFEZ, Farid (Eds.). European Islamophobia Report 2016.
Istanbul, Washington, Cairo: Foundation for Political, Economic and Social Research
(SETA), 2017. 612 p. Disponível em: <http://www.islamophobiaeurope.com/wp-
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GRIFFITH, Sidney. The Church in the Shadow of the Mosque: Christians and Muslims
in the World of Islam. Princeton: Princeton University Press, 2007.
KUMAR, Deepa. Islamophobia and the Politics of Empire. Chicago: Haymarket Books,
2012.
MEIRELLES, Sérgio. Justiça manda prender pastor e jovem que atacaram umbandistas.
Extra. Online, [s.p.]. 10 dez. 2010. Disponível em:
<https://extra.globo.com/noticias/rio/justica-manda-prender-pastor-jovem-que-atacaram-
umbandistas-303222.html>. Acesso em: 14 set. 2017.
PINTO, Paulo Gabriel Hilu da Rocha. Islã: religião e civilização: uma abordagem
antropológica. Aparecida: Santuário, 2010.
2654
TYRER, David. The politics of Islamophobia: race, power and fantasy. Nova Iorque:
Pluto Press, 2013.
VICE BRASIL. Evangélicos protestam contra muçulmanos no Rio. Vice Brasil. Online,
[s.p.]. 15 ago. 2017. Disponível em:
<https://www.vice.com/pt_br/article/599gqb/evangelicos-protesto-muculmanos-rj>. Acesso
em: 14 set. 2017.
VÍDEOS CITADOS
MARRA REJANE. *CONFIRMADO !! Os 1.8 muçulmanos que ninguém quer vão ser
jogados nos litorais NORTE e NORDESTE. Sem Cidade: Marra Rejane, 2017. (15 min.),
son., color. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=b6B-
4jBg6TU&feature=youtu.be>. Acesso em: 14 set. 2017.
NANDO MOURA. Muçulmanos Vs. Cristãos (A guerra perdida). Sem Cidade: Nando
Moura, 2015a. (7 min.), son., color. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=CLD8qDhweks>. Acesso em: 14 set. 2017.
2655