O documento discute aspectos semânticos da língua portuguesa relacionados à ambiguidade, definindo-a como uma circunstância em que uma comunicação linguística pode ter mais de uma interpretação. Apresenta exemplos de frases ambíguas e analisa os elementos que causam a ambiguidade e propostas para desfazê-la, como mudanças na colocação de termos ou adição de contexto.
O documento discute aspectos semânticos da língua portuguesa relacionados à ambiguidade, definindo-a como uma circunstância em que uma comunicação linguística pode ter mais de uma interpretação. Apresenta exemplos de frases ambíguas e analisa os elementos que causam a ambiguidade e propostas para desfazê-la, como mudanças na colocação de termos ou adição de contexto.
O documento discute aspectos semânticos da língua portuguesa relacionados à ambiguidade, definindo-a como uma circunstância em que uma comunicação linguística pode ter mais de uma interpretação. Apresenta exemplos de frases ambíguas e analisa os elementos que causam a ambiguidade e propostas para desfazê-la, como mudanças na colocação de termos ou adição de contexto.
Segundo Joaquim Mattoso Câmara Jr. (Dicionário de Linguística e Filologia.
São Paulo: J. Ozon Editor, 1968), “circunstância de uma comunicação linguística se prestar a mais de uma interpretação; a antiga retórica grega focalizou-a na construção da frase sob o nome de ANFIBOLOGIA. Em sentido lato, a ambiguidade é uma consequencia, em qualquer língua, da – a) homonímia; b) polissemia; e c) deficiência dos padrões sintáticos. A homonímia e a polissemia desaparecem no contexto linguístico, em princípio; mas em certos contextos não desaparecem inteiramente e cria- se a ambiguidade. Já a ambiguidade que decorre da deficiência dos padrões sintáticos diz respeito à colocação, à concordância e à regência. A boa manipulação da língua no discurso individual elimina a ambiguidade, criando contextos em que a homonímia ou a polissemia se anula pela concatenação com outros termos, e jogando com a colocação, a concordância e a regência de maneira a suprir a deficiência existente” (p. 41).
FRASES AMBÍGUAS PARA ANÁLISE :
a) indique os sentidos possíveis;
b) aponte o elemento causador da ambiguidade; c) proponha frases que desfaçam a ambiguidade.
1 Não conheço o pai do menino que se acidentou.
a) Ambiguidade: Não se sabe quem se acidentou, se o pai ou o filho
b) Elemento causador: oração adjetiva após um sintagma com duplo referente,
que pode ser retomado pelo pronome relativo no todo (o pai do menino) ou em parte (o menino).
c) Soluções: c’) Não conheço o pai acidentado do menino (?); c’’) Não conheço o pai do menino acidentado/Não conheço o pai cujo filho se acidentou
2 Vendo carne aos fregueses sem pelanca.
a) Ambiguidade: Tem-se a impressão de que são os fregueses que não têm
pelanca, o que seria ofensivo.
b) Elemento causador: má colocação do adjunto adverbial.
c) Soluções: c’) Vendo carne sem pelanca (a rigor, “aos fregueses” é
desnecessário, por ser uma informação redundante); c’’) é também desnecessário, por constituir uma hipótese absurda.
3 Estudantes viram fantasmas.
a) Ambiguidade: Não se sabe os estudantes enxergaram fantasmas ou se eles se transformam em fantasmas.
b) Elemento causador: homonímia perfeita entre duas formas verbais (não se
trata de polissemia porque não há traço semântico comum entre ver e virar): verbo ver, 3ª p. pl. pret. perf. ind., e verbo virar, 3ª p. pl. pres. ind.)
c) Soluções: c’) Estudantes enxergaram fantasmas; c’’) Estudantes
transformam-se em poemas.
4 Corto cabelo e pinto.
5 O zelador viu o incêndio do prédio.
6 O professor falou com o aluno parado na sala.
7 A polícia cercou o ladrão do banco na Rua do Ouvidor.
8 Pessoas que consomem bebidas alcoólicas com frequência apresentam
sintomas de irritabilidade e depressão.
9 Os corpos do casal assassinado serão exumados pela segunda vez esta
semana.
10 O bêbado está no consultório e o médico diz:
- Eu não atendo bêbado. - Quando senhor estiver bom eu volto. - disse o bêbado