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COMPARAÇÃO DE TÉCNICAS NUMÉRICAS PARA OBTENÇÃO DE


DISTRIBUIÇÃO DE TAMANHO DE GOTAS EM EMULSÕES UTILIZANDO DADOS
ESPECTROSCÓPICOS

Conference Paper · October 2015


DOI: 10.5151/ENEMP2015-CD-473

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Cristhiane Assenhaimer Roberto Guardani

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XXXVII ENEMP
18 a 21 de Outubro de 2015
Universidade Federal de São Carlos

COMPARAÇÃO DE TÉCNICAS NUMÉRICAS PARA OBTENÇÃO DE


DISTRIBUIÇÃO DE TAMANHO DE GOTAS EM EMULSÕES UTILIZANDO
DADOS ESPECTROSCÓPICOS

C. F. B. SILVA1* , C. ASSENHAIMER1 , R. GUARDANI1


1 Universidade São Paulo, Escola Politécnica, Departamento de Engenharia Química
* e-mail: carlosfbueno@usp.br

RESUMO

Este trabalho tem como objetivo a implementação e comparação de técnicas


para resolução de problemas de inversão, desenvolvendo algoritmos que
forneçam distribuições de tamanho de partículas em dispersões a partir de
dados de espectroscopia UV-Vis. Foram implementadas quatro técnicas,
sendo uma delas um método alternativo sem uso de um método de inversão.
Os métodos que utilizaram algum algoritmo de inversão evidenciaram a
dificuldade em se obterem distribuições de tamanho de gotas (DTG) de boa
qualidade, enquanto o método alternativo foi aquele que se mostrou mais
eficiente e confiável.

1 INTRODUÇÃO que são responsáveis por esse espalhamento


(BOHREN; HUFFMAN, 1983).
O desenvolvimento de algoritmos Segundo Bohren e Huffman (1983), as
computacionais para a obtenção de informações necessárias para especificar uma
distribuição de tamanhos de partículas em partícula são os vetores amplitude e fase do
dispersões e que utilizam dados campo espalhado em todas as direções e o
espectroscópicos em tempo real e “in-line” a campo dentro da partícula. O campo dentro da
partir de sensores, permitirá uma variedade de partícula não é usualmente medido de maneira
aplicações, que vão desde o acompanhamento direta, porém, sob certas condições, ele pode
de processos de polimerização, ao tratamento ser aproximado pelo campo incidente. A
de efluentes e sensoriamento atmosférico. amplitude e a fase do campo espalhado não
O presente estudo visa o são impossíveis de serem obtidos em
desenvolvimento de algoritmos para a princípio, porém são raramente determinados
obtenção de distribuições de tamanhos de na prática. A medida geralmente disponível
partículas a partir de dados de espectroscopia para análise é a irradiância do campo
UV-Vis. Esse processo é caracterizado como espalhado em várias direções. Tem-se,
um problema inverso, em que são utilizados portanto, a tarefa de tentar descrever uma
dados reais de medições de parâmetros partícula (ou uma população de partículas)
observáveis para inferir valores dos com um conjunto de dados menor do que a
parâmetros de um modelo (TARANTOLA, quantidade teoricamente ideal. Com tais
2004). No caso da espectroscopia, o problema condições adversas, só é possível descrever
inverso se dá pela análise adequada do campo tais partículas utilizando informações
de espalhamento para descrever as partículas
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suplementares obtidas através de modelos como absorção (portanto, trata-se da


ópticos de espalhamento de luz adequados. transformação da energia eletromagnética em
Portanto, para realizar o processo de outras formas) e pelo espalhamento. A
inversão de dados, a fim de obter uma extinção nada mais é do que a combinação
distribuição de tamanho de partículas a partir desses dois fenômenos:
de dados espectroscópicos é necessária a
escolha prévia de um modelo óptico de Extinção = Absorção + Espalhamento
espalhamento adequado e uma técnica
eficiente de inversão. É importante ressaltar que a extinção
depende da composição química das
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA partículas, de seus tamanhos, forma,
orientação, do meio que as envolve, do
Neste tópico serão descritos os modelos número de partículas e do estado de
de espalhamento e algoritmos de inversão, polarização e frequência do feixe incidente.
além de um algoritmo alternativo, que não Entre os fenômenos que compõem a
utiliza técnicas de inversão. extinção, o espalhamento é o responsável por
fornecer informações para a estimativa da
2.1 Modelos ópticos de espalhamento DTG (FRIEDLANDER, 2000). O tipo de
A Figura 1 ilustra os diversos processos espalhamento será considerado elástico
que ocorrem quando um feixe de luz com (quando o comprimento de onda da luz
comprimento de onda 𝜆 0 incide em uma espalhada é o mesmo da luz incidente) para
partícula. cálculos posteriores. Dentre os modelos
ópticos contidos dentro do espalhamento
Figura 1 - Mecanismos de interação entre a elástico, estão os modelos de espalhamento
radiação incidente e uma partícula Rayleigh, Mie e Geométrico.

Figura 2 - Padrão dos espalhamentos Rayleigh,


Mie e Geométrico

Fonte: Seinfeld e Pandis (2006)


Fonte: Khatib (2014)
Comumente é dito que a presença das A utilização de um modelo em
partículas resulta na extinção do raio detrimento aos outros (Figura 2) é definida de
incidente. Se o meio em que as partículas acordo com a relação entre o tamanho das
estão contidas não absorve energia, a partículas e o comprimento de onda da luz
diferença das energias incidente e a captada incidente:
após a interação luz-partícula é contabilizada
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𝜏 = 𝐴𝑓 (3)
2𝜋𝑟 (1)
𝛼= O termo A corresponde a uma matriz
𝜆
que contém as informações ópticas, cuja
De acordo com o parâmetro inversa é difícil de ser determinada por ser
adimensional α, define-se qual modelo óptico uma matriz quase singular. Dessa maneira, é
mais adequado para caracterizar o necessária a utilização de algoritmos de
espalhamento de luz (SEINFELD; PANDIS, inversão apropriados, os quais serão
2006). destacados a seguir.
α ≪ 1 – Espalhamento Rayleigh
(quando a partícula é pequena comparada ao 2.2 Algoritmos testados
comprimento de onda) Abaixo, os algoritmos numéricos
α ≃ 1 – Espalhamento Mie (quando a utilizados para resolver o problema de
partícula e o comprimento de onda têm inversão são descritos brevemente.
tamanhos semelhantes)
α ≫ 1 – Espalhamento Geométrico 2.2.1 Método de Veselovskii
(quando a partícula é grande comparada ao Veselovskii et al. (2002) propõe utilizar
comprimento de onda) uma técnica baseada em ponderação de
Neste trabalho, as partículas possuem triângulos para resolver o problema de
tamanhos com ordem de grandeza semelhante inversão da matriz A presente na Equação 2.
aos comprimentos de onda de luz incidente. Pode-se adotar a seguinte expressão:
Dessa forma, o parâmetro α é próximo de 1. 𝜋
Logo, foi adotado o modelo de Mie. Van de 𝐾 (𝜆, 𝐷𝑝 ) = 𝑄𝑒𝑥𝑡 (λ, 𝐷𝑝 )𝐷𝑝2 (4)
4
Hulst (1981) explicita detalhadamente todos
os cálculos adotados por este modelo e
Substituindo a Equação 4 na Equação 2,
Mätzler (2002a, 2002b) apresenta alguns
tem-se:
scripts em MATLAB® contendo tais cálculos.
Segundo o modelo de Mie, é possível ∞

relacionar a turbidez de uma amostra com a 𝜏(𝜆) = ∫ 𝐾 (λ, 𝐷𝑝 )𝑓 (𝐷𝑝 )𝑑𝐷𝑝 (5)
0
sua distribuição de tamanho de partículas
através da eficiência de extinção: Reescrevendo a Equação 5, através de
uma somatória que consiste na superposição
𝜋 ∞ (2)
𝜏(𝜆) = ∫ 𝑄 (𝜆, 𝐷𝑝) 𝐷𝑝2 𝑓 (𝐷𝑝) 𝑑𝐷𝑝 das funções 𝐵𝑗 (𝐷𝑝), obtém-se:
4 0 𝑒𝑥𝑡

Na Equação 2, os valores de turbidez 𝑓(𝐷𝑝 ) = ∑ 𝐶𝑗 𝐵𝑗 (𝐷𝑝) + 𝜀 (6)


(𝜏) e respectivos comprimentos de onda (𝜆) 𝑗
são conhecidos. O termo 𝑄𝑒𝑥𝑡 corresponde à
eficiência de extinção e pode ser determinado Na expressão acima, o termo 𝐶𝑗
pelo Modelo de Mie. O termo desconhecido corresponde a um vetor de pesos e 𝐵𝑗 (𝐷𝑝) é
na equação é, portanto, a função de uma função discretizada (vetor) do tipo B-
distribuição de gotas 𝑓 (𝐷𝑝). A Equação 2 spline, assumindo uma forma triangular.
pode ainda ser simplificada por um processo
de discretização via quadratura (TWOMEY,
1977). Tem-se:
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0; 𝐷 ≤ 𝐷𝑗−1
𝐷𝑗 −𝐷
A técnica NNLS é uma das alternativas
1− 𝐷 − 𝐷 ;
𝑗 𝑗−1
𝐷𝑗−1< 𝐷 ≤ 𝐷𝑗
(7) para solucionar o problema de inversão da
𝐵𝑗 (𝐷) = 𝐷− 𝐷𝑗 matriz A. Trata-se de uma versão da técnica
1− 𝐷 − 𝐷 ; 𝐷𝑗 <𝐷 ≤ 𝐷𝑗+1
𝑗+1 𝑗 de minimização quadrática, com a inserção de
{ 0; 𝐷 > 𝐷𝑗+1
uma restrição de não-negatividade nos
componentes da função de distribuição final.
O termo 𝐶𝑗 é calculado através da
Matematicamente, tem-se:
seguinte expressão:
min‖𝐴𝑓 − 𝜏‖2 𝑡𝑎𝑙 𝑞𝑢𝑒 𝑓 ≥ 0 (10)
𝐶 = (𝐴 𝑇𝐴 + 𝛾𝐻) −1 𝐴𝑇𝜏 (8) 𝑓

As propriedades ópticas necessárias


O termo H corresponde a uma matriz de
para a construção da matriz A estão baseadas
suavização. A construção dessa matriz é
na teoria de Mie e foram calculadas a partir
mostrada por Twomey (1977). O termo 𝛾 é
dos scripts elaborados por Mätzler (2002a,
chamado de parâmetro de regularização e seu 2002b). Foi utilizada a rotina lsqnonneg
cálculo é feito utilizando a técnica
contida na biblioteca de funções do
Generalized Cross Validation (GCV)
MATLAB® para a resolução do problema de
detalhada por Green e Silverman (1994). O
inversão desta matriz. O detalhamento da
termo A, por sua vez, é dado pela integral:
técnica é apresentado por Lawson e Hanson
𝐷𝑚𝑎𝑥 (1995).
𝐴= ∫ 𝐾 (λ, 𝐷𝑝 )𝐵𝑗 (𝐷𝑝)𝑑𝐷𝑝 (9)
𝐷𝑚𝑖𝑛 2.2.3 Regularização Phillips- Twomey (PTR)
A técnica PTR também tem como
Sendo 𝐾(λ, 𝐷𝑝) uma função Kernel. função a resolução de problemas de inversão
Tendo definidos 𝐵𝑗 (𝐷𝑝) e 𝐶𝑗 , basta de matrizes quase singulares. Ela propõe que
utilizar a equação para determinar a DTG. A a Equação 2 seja reescrita, inserindo-se alguns
Figura 3 ilustra a ponderação dos triângulos parâmetros auxiliares. A principal
para se obter uma curva de distribuição. característica dessa técnica está na suavização
da resposta final.
Figura 3 - Ponderação de triângulos: 𝑪𝒋
representa o peso (altura) e x a base de cada 𝑓 = (𝐴 𝑇 𝐴 + 𝛾𝐻) −1 𝐴𝑇 𝜏 (11)
triângulo
A construção da matriz A é
demonstrada por Eliçabe e Garcia-Rubio
(1990). Os termos 𝛾 (parâmetro de
regularização) e H (matriz responsável pela
suavização da curva f) são obtidos como
descritos no Método Veselovskii.
Os cálculos das propriedades ópticas
realizados pelos algoritmos estão baseados no
modelo de Mie e os scripts auxiliares são
detalhados por Mätzler (2002a, 2002b).

2.2.4 Método de Busca Direta (MBD)


Este método propõe uma solução
2.2.2 Non-Negative Least Squares (NNLS) alternativa às técnicas de inversão. O
princípio deste algoritmo consiste em
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comparar um espectro de extinção de uma mais simples de se trabalhar, facilitando a


amostra com vários espectros-teste. Através análise preliminar dos algoritmos) e os
de uma busca utilizando a minimização respectivos espectros de extinção artificiais,
quadrática entre a amostra e os testes, obtém- eliminando, nesta etapa, procedimentos
se o espectro teste mais próximo da amostra. experimentais para obtenção de dados. Em
A DTG correspondente a este espectro-teste uma etapa futura do trabalho visa-se utilizar
deverá ser aproximadamente igual à DTG dados reais para fins de validação dos
referente ao espectro da amostra. algoritmos.
Matematicamente, tem-se: O procedimento adotado para a criação
dos dados artificiais e os testes com os
𝑗
algoritmos de inversão consistem de três
2 (12)
𝜒 2 = ∑(𝜏𝑎𝑙𝑣𝑜 (𝜆𝑖 ) − 𝜏𝑡𝑒ó𝑟𝑖𝑐𝑜 (𝜆𝑖 )) etapas:
𝑖=1 Etapa 1. Construção das distribuições
de tamanho de gotas lognormais e
Sendo: monomodais (denominadas como
distribuições originais). A função de
𝜏𝑡𝑒ó𝑟𝑖𝑐𝑜 (𝜆) distribuição adotada é mostrada abaixo:
𝜋 ∞ (13)
= ∫ 𝑄𝑒𝑥𝑡 (𝜆,𝐷𝑝 ) 𝐷𝑝2 𝑓(𝐷𝑝)𝑑𝐷𝑝
4 0 𝑛𝑁 (𝐷𝑝 )
2
𝑁𝑡 (𝑙𝑛𝐷𝑝 − 𝑙𝑛𝐷𝑝𝑔 ) (15)
= 𝑒𝑥𝑝 ( − )
(2𝜋) 1⁄2 𝐷𝑝 𝑙𝑛𝜎𝑔 2𝑙𝑛 2 𝜎𝑔
𝐼𝑇 (𝜆) (14)
𝜏𝑎𝑙𝑣𝑜 (𝜆) = 𝑙𝑛
𝐼0 (𝜆)
Os valores da Tabela 1 foram utilizados
A Equação 12 representa a diferença como parâmetros de geração das
distribuições.
quadrática (resíduo) entre o espectro teórico
(do conjunto de espectros teste) e do espectro
Tabela 1 - Parâmetros de geração
alvo (correspondente ao espectro da amostra).
Diâmetro de moda - Desvio padrão
Logo, a proposta desta técnica consiste em
Dpg (nm) geométrico - σg
determinar qual espectro-teste produzirá o
500 1,1
menor resíduo 𝜒 2. A DTG correspondente a
1000 1,3
este espectro será a DTG procurada.
1500 1,5
2000
3 MÉTODOS DE GERAÇÃO E
COMPARAÇÃO DE RESULTADOS
O parâmetro Nt, correspondente ao
Nesta etapa do trabalho, foram usados número de partículas por unidade de volume
de emulsão, foi fixado arbitrariamente em
apenas valores de  gerados numericamente, a
partir de funções de DTG especificadas, 8,45.106 partículas/cm³.
Etapa 2. Construção dos espectros de
aplicando-se o modelo óptico de Mie por
extinção a partir das distribuições originais
meio de scripts em MATLAB®. Foram
criadas na primeira etapa.
criadas distribuições de tamanho de gotas
O modelo de espalhamento de Mie foi
lognormais (distribuições do logaritmo da
adotado para efetuar os cálculos ópticos.
variável eliminam inconvenientes práticos
Scripts auxiliares propostos por Mätzler
quando a variável analisada não pode ser
(2002a, 2002b) para a determinação das
negativa, caso das distribuições de tamanho) e
monomodais (por serem a curva multidispersa
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eficiências e coeficientes de Mie foram valores de Dpg e σg maiores e menores do que


utilizados nesta etapa. aqueles correspondentes à amostra alvo. Feito
Para cada distribuição de tamanhos isso, são calculados os resíduos entre os
criada na etapa 1, foram calculados dois espectros-teste e o espectro alvo.
diferentes espectros de turbidez. Cada
espectro corresponde a uma emulsão diferente 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
(glicerol em água; poliestireno em água). Isso
foi feito para verificar a influência do índice A seguir, é mostrado um gráfico
de refração no processo de recriação das comparativo das DTG's recriadas pelo método
distribuições realizado na etapa 3. de Veselovskii.
As curvas de índice de refração (índice
de refração vs. comprimento de onda) Figura 4 - Distribuições originais e recriadas
necessárias para a criação dos espectros foram utilizando o método de Veselovskii
obtidas a partir de expressões na literatura. A 3000
Método Veselovskii
expressão do índice de refração da água 2500
Di â metro médio (nm)
𝑛á𝑔𝑢𝑎 (𝜆, 𝑇, 𝑝) é dado por Thormahlen et al.
2000
(1985); a expressão para o índice de refração
do glicerol 𝑛𝑔𝑙𝑖𝑐𝑒𝑟𝑜𝑙 (𝜆,𝑇, 𝑝) é dado por 1500
Rheims et al. (1997) e o índice de refração do 1000
poliestireno 𝑛𝑝𝑜𝑙𝑖𝑒𝑠𝑡𝑖𝑟𝑒𝑛𝑜 (𝜆, 𝑇, 𝑝) é dado por
500
Kasarova et al. (2007).
Etapa 3. Recriação das distribuições de 0
tamanho de gotas a partir dos algoritmos A1 A2 A3 A4 A5 A6 A7 A8 A9 A10 A11 A12

propostos na Seção 2.2 utilizando os espectros Original Glicerol Poliestireno


da etapa anterior.
Utilizaram-se os algoritmos citados
anteriormente (Veselovskii, NNLS, PTR e Nota-se pela Figura 4 que o método
MBD) para a resolução da Equação (2 e Veselovskii não forneceu bons resultados, não
consequente criação de distribuições de apresentando sensibilidade em relação aos
tamanho de partículas. Essas novas espectros de extinção, resultando em DTG’s
distribuições são denominadas distribuições próximas, independentemente do espectro de
recriadas. extinção utilizado no processo de inversão.
De posse das distribuições original A Figura 5 contém um comparativo
(etapa 1) e recriada (etapa 3), deve-se entre as distribuições originais e recriadas
estabelecer critérios comparativos para avaliar através da técnica NNLS. Ela mostra que os
a eficiência das técnicas utilizadas. Os diâmetros médios das DTG’s recriadas, em
critérios escolhidos foram os mais que o óleo da emulsão é o poliestireno, se
tradicionais, que consistem na comparação do aproximaram significativamente das DTG’s
valor médio e do desvio-padrão entre a originais. No entanto, as DTG’s recriadas a
distribuição original e a recriada. partir dos espectros das emulsões contendo
Para o Método de Busca Direta (MBD) glicerol apresentaram grande discrepância em
as etapas adotadas foram um pouco relação às DTG’s originais, comparando-se os
diferentes. Um espectro de extinção e sua diâmetros médios.
DTG correspondente são adotados como alvo
(criados artificialmente). Um conjunto de
espectros-teste é criado a partir de alguns
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Figura 5 - Distribuições originais e recriadas – frequências de tamanho de classe com


utilizando a técnica NNLS valores negativos – resulta em valores de
4500
Non-Negative Least Squares resíduo maiores no processo de minimização
4000 comparados a outras técnicas convencionais.
Di â metro médio (nm)

3500 Resíduos maiores contribuem fortemente para


3000 essas diferenças tão significativas entre as
2500 distribuições originais e recriadas.
2000
A seguir, a Figura 7 mostra o
1500
comparativo entre as distribuições originais e
1000
500
recriadas através da técnica PTR.
0
A1 A2 A3 A4 A5 A6 A7 A8 A9 A10 A11 A12 Figura 7 – Distribuições originais e recriadas
utilizando a técnica PTR
Original Glicerol Poliestireno
4000
Regularização Philips-Twomey
3500
Di â metro médio (nm)
As barras de erro, correspondentes ao 3000
desvio padrão das distribuições, mostram que 2500
tanto as DTG’s recriadas a partir dos 2000
espectros das emulsões contendo glicerol, 1500
quanto as que contêm poliestireno, estão mais 1000
dispersas do que as DTG's originais. 500
0
Figura 6 - Distribuições recriadas utilizando a A1 A2 A3 A4 A5 A6 A7 A8 A9 A10 A11 A12
técnica NNLS (Distribuição original: Dpg =
Original Glicerol Poliestireno
500nm e σg = 1,3)
0.35
Original A Figura 7 mostra que o algoritmo PTR
Glicerol
0.3
Poliestireno
não foi sensível aos espectros de extinção
correspondentes às DTG’s com diâmetro
0.25
médio superior a 1500nm (A3, A4, A7, A8,
0.2 A11 e A12), recriando DTG’s praticamente
f(D), Frequência

iguais em todos esses casos.


0.15
O método PTR, no entanto, apresentou
0.1
melhores resultados para os casos em que o
diâmetro médio das DTG’s originais era
0.05 inferior ou igual a 1000nm. As DTG’s
recriadas (independentemente de a emulsão
0
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 conter glicerol ou poliestireno) apresentaram
D, Diâmetro de Gota (nm) um diâmetro médio cerca de duas vezes maior
do que as respectivas DTG’s originais.
A Figura 6 evidencia a forte dispersão Porém, diferentemente do método NNLS, as
das distribuições recriadas, distantes da distribuições assumiram aspecto monomodal.
distribuição alvo. Esse comportamento pode Neste caso, o cálculo de um parâmetro de
ser explicado em partes pela restrição de não ajuste poderia ser uma alternativa para
negatividade. Apesar de forçar a não minimizar as discrepâncias entre as DTG’s
produção de resultados sem significado físico originais e recriadas.
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A Figura 8 mostra que, apesar do curvas “calculadas” são aquelas que o


deslocamento das DTG's recriadas para algoritmo determinou como sendo as mais
diâmetros maiores comparadas à DTG próximas das curvas “alvo”, ou seja, o
original, a forma monomodal foi mantida. espectro “calculado” é o que apresentou a
menor distância quadrática em relação ao
Figura 8 - Distribuições recriadas utilizando a espectro “alvo”. As curvas “esperadas” são
técnica PTR (Distribuição original: Dpg = 500nm e aquelas cuja DTG é, de fato, a mais próxima
σg = 1,3) da “alvo”. Na prática, essas curvas
0.035
“esperadas” não são conhecidas, mas como
Original neste trabalho são utilizados valores gerados
Glicerol
0.03
Poliestireno
numericamente, a distribuição alvo é
conhecida, e é possível prever qual é a
0.025
distribuição esperada dentre aquelas presentes
0.02 no conjunto “teste”. Dessa maneira, é possível
f(D), Frequência

dizer se o método fornece ou não a melhor


0.015
distribuição para cada caso estudado.
0.01
A Figura 9 mostra um caso em que as
curvas “calculadas” e “esperadas” são
0.005 coincidentes. Ou seja, o resultado fornecido
pela técnica foi o melhor possível.
0
0 500 1000 1500 2000 2500
D, Diâmetro de Gota (nm)
Figura 9 – Distribuição recriada utilizando a
técnica MBD (Distribuição alvo: Dpg = 1000nm e
É possível notar também que o método σg = 1,1)
PTR forneceu distribuições com desvios Espectro de extinção de luz Distribuição de tamanho de gotas
0.75 8
padrões próximos, seja qual fosse o espectro Alvo Alvo
0.7 Calculado Calculado
lido pelo algoritmo, como mostra a Figura 7. Esperado
7
Esperado
0.65
Os resultados anteriores mostram que o 6
, Densidade Óptica (UA)

0.6
problema de inversão dificulta sensivelmente
f(D), Frequência

5
uma boa caracterização das distribuições a 0.55

partir de seus espectros de extinção. Dessa 0.5 4

maneira, os próximos resultados (ainda 0.45


3
preliminares) correspondem a uma técnica 0.4
2
que não utiliza inversão, mas uma 0.35
comparação de espectros, que é o Método de 0.3
1

Busca Direta. 0.25 0


600 800 1000 0 1000 2000 3000
As figuras apresentadas a seguir , Comprimento de Onda (nm) D, Diâmetro de Gota (nm)
mostram dois gráficos em cada uma delas: à
direita, os espectros “alvo”, “calculado” e No entanto, nem sempre espectros de
“esperado”; à esquerda, as DTG’s “alvo”, extinção próximos resultam em DTG’s
“calculada” e “esperada”. As curvas “alvo” próximas. Isso evidencia a dificuldade em
correspondem à amostra que foi medida obter as distribuições de tamanho a partir de
experimentalmente (nos casos a seguir, técnicas espectroscópicas. A Figura 10 ilustra
entretanto, trata-se de valores gerados um caso em que espectros próximos não
numericamente, como explicado levam a distribuições próximas.
anteriormente, que serão validados
experimentalmente em uma etapa futura). As
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Figura 10 – Distribuição recriada utilizando a artificiais de turbidez, resultando em DTG's


técnica MBD (Distribuição alvo: Dpg = 500nm e praticamente idênticas para todos os espectros
σg = 1,3) testados. A técnica NNLS se mostrou mais
Espectro de extinção de luz Distribuição de tamanho de gotas
0.55 3.5 eficiente, porém as fortes dispersões das
Alvo Alvo
Calculado Calculado distribuições recriadas prejudicaram a
0.5 3
Esperado Esperado
qualidade das mesmas. A técnica PTR, por
0.45 sua vez, conseguiu reproduzir distribuições
, Densidade Óptica (UA)

2.5
monomodais, como era esperado, e estas
f(D), Frequência

0.4
2 distribuições recriadas se apresentaram
0.35
1.5
deslocadas para diâmetros de partículas
0.3 maiores. A inserção de um parâmetro de
0.25
1 correção pode ser uma alternativa para
solucionar tal problema. Para distribuições
0.2 0.5
contendo partículas maiores (𝐷𝑝𝑔 ≥
600 800 1000
0
0 500 1000 1500
1500𝑛𝑚), a técnica PTR não se mostrou
, Comprimento de Onda (nm) D, Diâmetro de Gota (nm) eficiente, não apresentando sensibilidade
suficiente em relação aos espectros de
Nota-se na Figura 10 que as curvas extinção.
“calculada” e “esperada” não são O Método de Busca Direta, único dos
coincidentes. Isso é consequência do fato de métodos testados que não utilizou uma
que espectros próximos não resultam técnica de inversão para recriar as DTG's
necessariamente em DTG’s próximas. Neste através de espectros, se mostrou bastante
exemplo, o espectro mais próximo do alvo promissor. A partir dele foi possível construir
(espectro calculado) quase coincide com o DTG's próximas das DTG's esperadas.
espectro alvo, enquanto o espectro esperado é
claramente mais distante. As DTG’s, no NOMENCLATURA
entanto, se comportam de maneira oposta,
sendo a esperada quase coincidente com a 𝐴 Matriz óptica
DTG alvo. 𝐵𝑗 Função B-spline
É importante ressaltar que, apesar do 𝐶𝑗 Função peso
Método de Busca Direta nem sempre fornecer 𝐷𝑝 Diâmetro de partícula, nm
a melhor distribuição dentre as DTG’s 𝐷𝑝𝑔 Diâmetro mediano das partículas, nm
possíveis, ainda se obtém uma distribuição
𝑓 Distribuição de tamanhos de partículas
próxima da desejada.
𝐻 Matriz de suavização
𝐾 Função Kernel
5 CONCLUSÃO
𝑛𝑁 Função densidade de distribuição
Os algoritmos que utilizam técnicas de 𝑁𝑡 Número total de partículas por unidade
inversão (Veselovskii, NNLS e PTR) de volume, partículas/cm³
mostraram em seus resultados a dificuldade 𝑄𝑒𝑥𝑡 Eficiência de extinção
em conseguir extrair dos espectros de 𝑟 Raio de partícula, nm
extinção informações suficientes para se 𝛼 Raio de partícula adimensional
obterem DTG's de boa qualidade. 𝛾 Parâmetro de regularização
O método proposto por Veselovskii não 𝜀 Erro
se mostrou interessante devido à sensibilidade 𝜆 Comprimento de onda, nm
quase nula em relação às informações 𝜎𝑔 Desvio padrão geométrico
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18 a 21 de Outubro de 2015
Universidade Federal de São Carlos

𝜏 Turbidez/extinção, UA MÄTZLER, C. MATLAB Functions for


𝜒 Resíduo Mie Scattering and Absorption. Bern: [s.n.].

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MÄTZLER, C. MATLAB Functions for AGRADECIMENTOS


Mie Scattering and Absorption Version 2.
Bern: [s.n.]. Os autores agradecem à CAPES, CNPq
e BRAGECRIM pelo apoio a esta pesquisa.

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