AVALIAÇÃO DO CONSUMO DE SÓDIO POR IDOSOS PERTENCENTES
A UM GRUPO DA TERCEIRA IDADE DE GUARAPUAVA, PR
Ana Cláudia Thomaz (Acadêmica do 2º ano Nutrição/ UNICENTRO)
Gabriela Regina da Silva (Acadêmica do 2º ano Nutrição/ UNICENTRO) Jackeline Schwab Silva (Acadêmica do 3º ano Nutrição/ UNICENTRO) Professora Orientadora: Indiomara Baratto Dep. Nutrição/ UNICENTRO) e-mail: anathomaz25@hotmail.com
Sabe-se que o sódio quando em excesso pode interferir no aumento da
pressão arterial, levando a um aumento da mesma, e por sua vez o déficit pode resultar em queda da pressão em pessoas sensíveis. Este trabalho teve como objetivo verificar o consumo de sódio proveniente de alguns alimentos e também o consumo do sal de mesa ou cloreto de sódio, através de questionário de frequência alimentar, por idosos participantes de um grupo da terceira idade da cidade de Guarapuava, Paraná. Com a análise dos resultados notou-se que a frequência do consumo entre os entrevistados é relativamente baixa, com isto pode-se associar o menor risco de aumento de pressão causada pelo excesso do mineral na população estudada.
Introdução
O sódio é o principal cátion do fluido extracelular e importante regulador de
seu volume, além de ajudar a manter o equilíbrio ácido-base, sendo essencial para a transmissão de impulsos nervosos e para a contração muscular (Whitney, 2008). A principal fonte desse cátion é o cloreto de sódio, ou sal de mesa comum, do qual o sódio constitui 40%. Em geral, alimentos processados concentram maior parte de sódio, ao passo que os naturais têm menos. Na verdade, 75% do sódio encontrado na dieta das pessoas são provenientes do sal adicionado aos alimentos pelos fabricantes; cerca de 15% se originam do sal acrescentado durante o cozimento e no momento das refeições, como o uso do saleiro; e apenas 10% derivam do conteúdo natural dos alimentos (Whitney, 2008; Mahan e Escott-Stump, 2002). Frequentemente o sal está vinculado à hipertensão arterial, simplesmente porque o sódio no sal faz com que o corpo acumule fluido. O excesso de fluidos causa uma pressão maior sobre a parede do vaso sanguíneo, criando uma pressão sanguínea mais alta (Peckenpaugh, 1997). A hipertensão arterial é considerada um problema de saúde pública por sua magnitude, risco e dificuldades no seu controle. É também reconhecida
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como um dos mais importantes fatores de risco para o desenvolvimento do acidente vascular cerebral e infarto do miocárdio. Durante o envelhecimento há um maior risco e prevalência desses problemas, pois os vasos sanguíneos se tornam menos elásticos e a resistência periférica total aumenta. Normalmente o valor recomendado para o consumo de sódio é ultrapassado, já que a maioria das pessoas consomem alimentos com alto teor de sódio como queijos amarelos, produtos enlatados e embutidos, além de acrescentar sal e temperos às refeições (Whitney, 2008; Mahan e Escott- Stump, 2002). O presente trabalho teve como objetivo avaliar a frequência do consumo de alimentos industrializados com alto teor de sódio e o uso de saleiro durante as refeições entre idosos participantes de um grupo da terceira idade na cidade de Guarapuava, PR.
Materiais e Métodos
A pesquisa, do tipo corte transversal, foi realizada em idosos participantes
de um grupo da terceira idade do Bairro Santana na cidade de Guarapuava, PR. Aplicou-se questionário estruturado de frequência alimentar (QFA), através de entrevista. Além do questionário de frequência, foram pesquisadas as variáveis sexo, idade, escolaridade, bairro onde reside, salário, número de pessoas na mesma casa e atividade física. Através da criação de um banco de dados pôde-se avaliar a ingestão de sódio presente nos seguintes alimentos: embutidos de origem animal, queijos amarelos, peixes enlatados, temperos prontos, sopas e molhos industrializados, legumes enlatados, margarina e manteiga com sal, salgadinhos, aperitivos salgados e sal de mesa. Entre as opções de frequência de consumo, os idosos foram orientados a escolher entre uma das seis opções: menos de uma vez ao mês, 1-2 vezes por semana, 3-6 vezes por semana, 1 vez ao dia, 2-3 vezes ao dia, 4-6 vezes ao dia. A amostra foi composta por 17 idosos com idade entre 59 a 93 anos, todos residentes do bairro Santana, aonde se encontra o grupo. A pesquisa foi realizada no mês de abril de 2009. A análise dos resultados foi efetuada através do software Microsoft Excel®, por meio de estatística descritiva incluindo médias, porcentagens e desvio-padrão.
Resultados e Discussão
Entre os entrevistados, 88,23% pertenciam ao sexo feminino sendo 11,76%
restantes pertencentes ao sexo masculino, possuindo média de idade em torno de 68,88±8,79 anos. Verificou-se que cerca de 64,7% possuem ensino fundamental incompleto,17,6% ensino fundamental completo, 11,7% ensino médio e apenas 0,2% ensino superior. A média dos salários fica pouco abaixo de dois salários mínimos (R$883,53), sendo a média de pessoas residentes na mesma casa de 2,4 pessoas. Dos 17 idosos entrevistados, somente um não realiza atividade física oferecida semanalmente no grupo
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todas as quartas e quintas-feiras no período da manhã com duração de 1 hora/dia. Em relação ao consumo de alimentos com alto teor de sódio (Tabela 1), nota-se que entre os embutidos de origem animal como o presunto, apresuntado, bacon, mortadela, linguiça, salsicha e salame, os mais frequentes são o presunto e a mortadela, sendo consumidos de duas a três vezes por dia por 5,9% dos entrevistados. Desse grupo, exceto a mortadela, mais de 50% dos entrevistados consomem menos de uma vez ao mês ou nunca consomem, o que significa um controle da ingestão de sódio através desses produtos. O consumo de queijos amarelos diariamente mostrou-se baixo (5,9%) sendo que 70,6% nunca consomem ou consomem menos de uma vez por mês. Peixes enlatados como o atum, são consumidos uma vez ao mês por 100% dos idosos, entretanto a sardinha é consumida uma a duas vezes por semana por 5,9%. Os alimentos menos frequentes foram os molhos como mostarda, catchup e maionese com frequência máxima de uma a duas vezes por semana e as sopas industrializadas, onde 100% nunca consomem ou consomem menos de uma vez ao mês. Salgadinhos e aperitivos também foram pouco frequentes. Os vegetais em conserva como milho, ervilha, seleta de legumes e azeitonas são consumidos diariamente, mas por uma porcentagem de idosos que varia de 5,9 a 11,8%, relativamente baixa, já que a maioria (58,8 a 76,5%) nunca consome ou ingere menos de uma vez ao mês. A margarina com sal é mais frequente (23,5%) que a manteiga com sal (17,6%), provavelmente pela acessibilidade de custo.
Tabela 1 – Frequência do consumo de grupos de alimentos com alto
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Seleta de legumes 76,5 17,6 0 5,9 0 0 Azeitonas 76,5 11,8 0 11,8 0 0 Margarina com sal 47 23,5 0 23,5 5,8 0 Salgadinhos e 88,2 5,8 0 5,8 0 0 aperitivos Manteiga com sal 64,7 11,8 5,8 17,6 0 0 *LEGENDA: -1x/m = nunca ou menos de 1 vez por mês; 1-2x/sem = 1 a 2 vezes por semana; 3-6x/sem = 3 a 6 vezes por semana; 1x/d. = 1 vez por dia; 2-3x/d. = 2 a 3 vezes por dia; 4-6x/d = 4 a 6 vezes por dia.
Com relação ao uso de saleiro durante as refeições, este aparece
apenas em 11,8% dos idosos contra 88,2% que não utilizam, bom sinal já que a adição de sal no preparo dos alimentos e durante as refeições é uma das principais formas de consumir sal em excesso. De acordo com Sarno et al., a maior parte do sódio disponível para consumo em todas classes de renda provém do sal de cozinha e de condimentos à base desse sal (76,2%), entretanto, a fração proveniente de alimentos processados com adição de sal aumenta linear e intensamente com o poder aquisitivo. Estes resultados podem ser relacionados com os resultados do presente QFA, já que a renda média do grupo de idosos fica abaixo de dois salários mínimos e a frequência no consumo destes alimentos é relativamente baixa.
Conclusão
De acordo com os resultados pode-se verificar que o consumo dos alimentos
com alto teor de sódio e o próprio cloreto de sódio é pouco frequente para a população estudada. Como a prevalência de hipertensão é crescente com o envelhecimento foi possível verificar que a maioria dos idosos analisados apresentam baixo consumo de sódio proveniente de alimentos industrializados e de sal de mesa, amenizando, assim, o risco de possíveis problemas cardiovasculares como a hipertensão arterial.