Você está na página 1de 21

1

ESTADO DE MATO GROSSO


SECRETARIA DE ESTADO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA
UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO
CAMPUS UNIVERSITÁRIO PROFESSOR EUGÊNIO CARLOS
STIELER - TANGARÁ DA SERRA
ENGENHARIA CIVIL

AMANDA LOURDES RIBEIRO


KARINE HENRIQUE SILVA

MEMORIAL DE CÁLCULO: DIMENSIONAMENTO DE VIGA DE


CONCRETO PROTENDIDO

Tangará da Serra – MT
Novembro de 2020
2

AMANDA LOURDES RIBEIRO


KARINE HENRIQUE SILVA

MEMORIAL DE CÁLCULO: DIMENSIONAMENTO DE VIGA DE


CONCRETO PROTENDIDO

Trabalho apresentado em forma de memorial como


requisito parcial para a disciplina de Concreto
Protendido do curso de Engenharia Civil da
Universidade do Estado de Mato Grosso –
UNEMAT – Campus Eugênio Carlos Stieler.
Prof. MSc. Eduardo Silva Ferreira.

Tangará da Serra – MT
Novembro de 2020
3

LISTA DE FIGURAS
Figura 01 – Características das Cordoalhas - RB
Figura 02 – Centro de Gravidade da viga
Figura 03 – Diagrama de Tensões
Figura 04 –Acomodação inicial na ancoragem
Figura 05 – Valores de 
Figura 06 – Valores característicos de T e U
Figura 07 – Diagrama de Tensões II
4

SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 5
2 CÁLCULOS ÍNICIAIS ....................................................................................................... 5
2.1 Excentricidade (m) ............................................................................................ 5
2.2 Área da Seção Ac (m²) ....................................................................................... 5
2.3 Inércia (m4) ....................................................................................................... 6
3 FORÇA FINAL DE PROTENSÃO .................................................................................... 6
3.1 Momento Fletor Solicitante (kN.m) .................................................................. 6
3.2 Tensão Provocada pelo momento (MPa) .......................................................... 6
3.3 Tensão na Fibra externa provocada pela protensão .......................................... 7
3.4 Anular a tração provocada pelo carregamento.................................................. 7
4 FORÇA DE PROTENSÃO FINAL DA VIGA – PRÉ-TRACIONADA ........................... 8
4.1 Determinação de Pᵢ ........................................................................................... 8
4.1.1 Tensão limite na armadura .......................................................................... 9
4.1.2 Área de aço estimada .................................................................................. 9
4.1.3 Número de Cordoalhas................................................................................ 9
4.1.4 Área efetiva ................................................................................................. 9
4.2 Cálculo de Pa ................................................................................................... 10
4.2.1 Perda de Protensão na Ancoragem ............................................................ 10
4.2.2 Perda de relaxação inicial da armadura ..................................................... 11
4.2.3 Perdas totais .............................................................................................. 12
4.3 Cálculo do P0 .................................................................................................. 12
4.3.1 Perda de protensão por encurtamento elástico do concreto ...................... 12
4.4 Determinação do P∞ ........................................................................................ 14
4.4.1 Perda por retração ..................................................................................... 14
4.4.2 Perda por fluência do concreto .................................................................. 16
4.4.3 Perdas por relaxação na armadura ............................................................ 18
4.4.4 Perda de protensão progressiva ................................................................. 18
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................ 20
REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 20
5

1 INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem como objetivo realizar o cálculo de pré-dimensionamento de


força de proteção em uma viga, em forma de memorial. A mesma possui uma seção
retangular de 50x80 mm, sendo calculada somente na pré-tração. Sua pista de protensão tem
50 m de comprimento. O vão da viga possui em seu comprimento 15 m e o carregamento
sobre a mesma, sendo o peso próprio somado a carga acidental com 20 KN no total.

O concreto atribuído a este trabalho tem resistência de 30 MPa. Por fim foi escolhido
utilizar cordoalhas CP 190 RB 15,20 conforme tabela da Figura 1. Segundo a NBR 7483/2004
o Módulo de elasticidade do CP 190 RB 15,2 é de 200 GPA.

Figura 01 – Características das Cordoalhas – RB

Fonte: ABNT: NBR 7483/2004

2 CÁLCULOS ÍNICIAIS

2.1 Excentricidade (m)


𝑎
𝑒=
3
0,8
𝑒=
3
𝒆 = 𝟎, 𝟐𝟕 𝒎
Onde:
a = altura da seção transversal

2.2 Área da Seção Ac (m²)

𝐴𝑐 = 𝑏. 𝑎
6

𝐴𝑐 = 0,5.0,8

𝑨𝒄 = 𝟎, 𝟒𝟎 𝒎𝟐
Onde:
b= base da seção transversal
a= altura da seção transversal

2.3 Inércia (m4 )

𝑏. 𝑎³
𝐼ℎ =
12

0,5.0,8³
𝐼ℎ =
12

𝑰𝒉 = 𝟎, 𝟎𝟐𝟏𝟑 𝒎𝟒

Sendo:
a= altura da seção transversal
b= base da seção transversal

3 FORÇA FINAL DE PROTENSÃO

3.1 Momento Fletor Solicitante (kN.m)

𝑞. 𝑙²
𝑀𝑞 =
8

20.15²
𝑀𝑞 =
8

𝑴𝒒 = 𝟓𝟔𝟐, 𝟓 𝒌𝑵. 𝒎

q= carga aplicada sobre a viga


l= comprimento do vão da viga

3.2 Tensão Provocada pelo momento (MPa)

𝑀𝑞 . 𝑌
𝜎𝑐 =
𝐼

O Y é a distância do Centro de Gravidade da Seção da peça até sua borda mais


externa, como mostra a figura 2.
7

Figura 02 – Centro de Gravidade da viga

Fonte: Autor (2020)

562,5.0,40
𝜎𝑐 =
0,0213

𝝈𝒄 = 𝟏𝟎, 𝟓𝟔 𝑴𝒑𝒂

3.3 Tensão na Fibra externa provocada pela protensão

• Fibra Inferior
1 𝑒. 𝑦
𝜎𝑃𝑖 = 𝑃 ( + )
𝐴 𝐼
1 0,27.0,40
𝜎𝑃𝑖 = 𝑃 ( + )
0,40 0,0213
𝝈𝑷𝒊 = 𝟕, 𝟓𝑷
• Fibra Superior
1 𝑒. 𝑦
𝜎𝑃𝑠 = 𝑃 ( − )
𝐴 𝐼
1 0,27.0,40
𝜎𝑃𝑠 = 𝑃( − )
0,40 0,0213
𝝈𝑷𝒔 = −𝟐, 𝟓𝑷

3.4 Anular a tração provocada pelo carregamento

𝜎𝑞 = 𝜎𝑃𝑖
10,56. 106 = 7,5𝑃
10,56. 106
𝑃=
7,5
𝑷 = 𝟏𝟒𝟎𝟖 𝒌𝑵
𝜎𝑃𝑠 = −2,5𝑃
8

𝜎𝑃𝑠 = −2,5. 1408


𝝈𝑷𝒔 = −𝟑𝟓𝟐𝟎 𝑲𝑵 𝒐𝒖 − 𝟑, 𝟓𝟐 𝑴𝑷𝒂

4 FORÇA DE PROTENSÃO FINAL DA VIGA – PRÉ-TRACIONADA

Figura 03 – Diagrama de Tensões

Fonte: Dados do autor, 2020

4.1 Determinação de Pᵢ

O Pᵢ é a força máxima aplicada à armadura de protensão pelo equipamento de tração,


no qual corresponde à força aplicada pelos macacos hidráulicos, na pista de protensão, antes
de ser realizada a ancoragem das cordoalhas nas cabeceiras da pista (HANAI, 2005).

Segundo ainda Hanai (2005) dado o valor estimativo P∞,est, arbitra-se um valor das
perdas totais de protensão que fazem com que um valor inicial Pᵢ sofra decréscimos até atingir
um valor P∞. Ou seja, a partir da experiência anterior em projetos semelhantes, arbitra-se um
valor percentual da perda total que podem ser entre 20% e 30%. Deste modo, consideramos
30%.

∆𝑃𝑎𝑟𝑏 = 30%

A partir dessa hipótese, determina-se o valor da força inicial efetiva Pᵢ,est:

𝑃
𝑃𝑖,𝑒𝑠𝑡 =
1 − ∆𝑃𝑎𝑟𝑏

1408
𝑃𝑖,𝑒𝑠𝑡 =
1 − 0,30
𝑷𝒊,𝒆𝒔𝒕 = 𝟐𝟎𝟏𝟏, 𝟒𝟑 𝒌𝑵
9

4.1.1 Tensão limite na armadura

As cordoalhas utilizadas para cálculo desse dimensionamento foi a CP 190 RB 15,2


mm, conforme a NBR 7483/2004, deste modo, temos que:

𝑓𝑝𝑡𝑘 = 190 𝑘𝑔𝑓/𝑚𝑚²

𝜎𝑃𝑖,𝑙𝑖𝑚 = 0,77. 𝑓𝑝𝑡𝑘

𝜎𝑃𝑖,𝑙𝑖𝑚 = 0,77.1900

𝝈𝑷𝒊,𝒍𝒊𝒎 = 𝟏𝟒𝟔𝟑 𝑴𝑷𝒂

4.1.2 Área de aço estimada

𝑃𝑖,𝑒𝑠𝑡
𝐴𝑝,𝑒𝑠𝑡 =
𝜎𝑃𝑖,𝑙𝑖𝑚

2011,43.10³
𝐴𝑝,𝑒𝑠𝑡 =
1463. 106

𝑨𝒑,𝒆𝒔𝒕 = 𝟏𝟑𝟕𝟒, 𝟖𝟕 𝒎𝒎²

4.1.3 Número de Cordoalhas

A seção nominal de cada cordoalha, conforme a figura 1, é de 143,4 mm², logo:

𝐴𝑝,𝑒𝑠𝑡
𝑛=
𝐴 𝑠𝑒çã𝑜 𝑛𝑜𝑚𝑖𝑛𝑎𝑙

1374,87
𝑛=
143,4

𝒏 = 𝟗, 𝟓𝟗 ≈ 𝟏𝟎 cordoalhas

4.1.4 Área efetiva

𝐴𝑠𝑒ç𝑎𝑜𝑁𝑜𝑚𝑖𝑛𝑎𝑙 = 143,4 𝑚𝑚2 𝑜𝑢 𝐴𝑠𝑒ç𝑎𝑜𝑁𝑜𝑚𝑖𝑛𝑎𝑙 = 1,434. 10−4 𝑚2

𝐴𝑝,𝑒𝑓 = 𝐴𝑠𝑒çã𝑜 𝑛𝑜𝑚𝑖𝑛𝑎𝑙 . 𝑛

𝐴𝑝,𝑒𝑓 = 1,434. 10−4 .10

𝐴𝑝,𝑒𝑓 = 1,434. 10−3 𝑚²

Com a área efetiva calculada, podemos então encontrar a força inicial efetiva:

𝑃𝑖,𝑒𝑓 = 𝑃𝑖 = 𝐴𝑝,𝑒𝑓 . 𝜎𝑃𝑖,𝑙𝑖𝑚


10

𝑃𝑖 = 1,434. 10−3 . 1463. 106

𝑷𝒊 = 𝟐𝟎𝟗𝟕, 𝟗𝟒 𝒌𝑵

4.2 Cálculo de Pa

A força Pa diz respeito a força na armadura de protensão no instante imediatamente


anterior à sua liberação das ancoragens externas. A magnitude dessa perda depende do tipo de
ancoragem, sistema de protensão adotado, comprimento dos cabos pelo qual se distribui a
distância de acomodação da ancoragem (HANAI, 2005).

4.2.1 Perda de Protensão na Ancoragem

• Deformação do Aço
𝜎𝑃𝑖,𝑙𝑖𝑚
𝜀=
𝐸

1463. 106
𝜀=
200. 109

𝜺 = 𝟕, 𝟑𝟏. 𝟏𝟎−𝟑 𝒎/𝒎

E=Módulo de elasticidade do CP 190 RB 15,2

• Alongamento do aço

𝛿 = 𝜀. 𝐿

𝛿 = 7,31. 10−3 . 50

𝜹 = 𝟎, 𝟑𝟔𝟓 𝒎 𝒐𝒖 𝟑𝟔𝟓 𝒎𝒎

L= comprimento da pista de protensão

Considerando a acomodação da cunha de 6 mm, conforme a figura 4.

Figura 04 – Acomodação inicial na ancoragem

Fonte: Hanai, 2005


Logo, é possível encontrar a perda percentual do escorregamento dos fios na
ancoragem na pista de protensão. Ela deve ser contada apenas no lado da cabeceira ativa
11

(onde se situa o macaco de protensão), uma vez que na cabeceira passiva, a acomodação vai
se dando durante a própria operação de estiramento (HANAI, 2005).
𝑎𝑐𝑜𝑚𝑜𝑑𝑎çã𝑜 𝑑𝑎 𝑐𝑢𝑛ℎ𝑎
∆𝑃𝑎𝑛𝑐 =
𝛿
6
∆𝑃𝑎𝑛𝑐 =
365
∆𝑷𝒂𝒏𝒄 = 𝟏, 𝟔𝟓%

4.2.2 Perda de relaxação inicial da armadura

Segundo Hanai (2005), assim que os cabos são estirados, a armadura de protensão já
começa a sofrer relaxação, que corresponde a perda do intervalo de tempo entre o estiramento
e a aplicação da protensão no concreto. O cálculo é feito conforme a Tabela 8.4 da NBR 6118
de 2014 (Figura 5), no qual, determina-se o coeficiente  entretanto, como o 0,77𝑓𝑝𝑡𝑘, não
possui na tabela, fazemos a interpolação. Pois, a NBR 6118 diz que para tensões menores
que 0,5Fptk não há perda de tensão por relaxação e para tensões intermediarias entre os
valores fixados na Tabeça 8.2, permite-se a interpolação.
Figura 05 – Valores de 

Fonte: NBR 6118/2014

0,7. 𝑓𝑝𝑡𝑘 − 2,5


𝜓1000 = { 0,77. 𝑓𝑝𝑡𝑘 − 𝑥
0,8. 𝑓𝑝𝑡𝑘 − 3,5
0,7 − 0,77 2,5 − 𝑥
=
0,7 − 0,8 2,5 − 3,5
−0,07 2,5 − 𝑥
=
−0,1 −1
𝑥 = 3,2
12

𝜓1000 = 3,2%

Deste modo tem-se:

∆𝑡 0,15
𝜓 = 𝜓1000 . ( )
41,67

5 0,15
𝜓 = 3,2. ( )
41,67

𝝍 = 𝟐, 𝟑𝟑%

∆𝑡= intervalo de tempo entre o estiramento e a aplicação da protensão

4.2.3 Perdas totais

∆𝑃𝑎𝑛𝑐 + 𝜓
1,65 + 2,33 = 3,98%

Então,

∆𝑃𝑎𝑛𝑐
𝑃𝑎 = 𝑃𝑖 − ∆𝑃 = 𝑃𝑖 − 𝑃𝑖 .
100
3,98
𝑃𝑎 = 2097,94 − 2097,94.
100
𝑷𝒂 = 𝟐𝟎𝟏𝟒, 𝟒𝟒 𝒌𝑵

4.3 Cálculo do P0

São as perdas imediatas que ocorrem pela acomodação das ancoragens, no qual, pode
ser calculado da seguinte forma:
𝑃0 = 𝑃𝑎 + ∆𝑃𝑒
Onde,
∆𝑃𝑒 = diferença entre P0 e Pa devida unicamente à perda por deformação imediata do
concreto.

4.3.1 Perda de protensão por encurtamento elástico do concreto

Calcula-se inicialmente o Módulo de elasticidade tangente inicial do concreto, onde o


αe =1, relacionado ao agregado do concreto.

𝐸𝑐 = 𝛼𝑒. 5600√𝑓𝑐𝑘

𝐸𝑐 = 1.5600√30
𝑬𝒄 = 𝟑𝟎𝟔𝟕𝟐, 𝟒𝟔 𝑴𝑷𝒂
13

• Razão modular
𝐸𝑃
𝛼𝑃 =
𝐸𝑐
200. 109
𝛼𝑃 =
30672,46. 106
𝜶𝑷 = 𝟔, 𝟓𝟐

• Tensão do Concreto na fibra adjacente ao centro de gravidade da armadura ativa


𝑃𝑎 𝑃𝑎 . 𝑒 2 𝑀𝑞 . 𝑒
𝜎𝐶𝑃 = − +
𝐴 𝐼 𝐼
2014,44 . 103 2014,44 .10³. 0,27² 562,5.10³. 0,27
𝜎𝐶𝑃 =− − +
0,4 0,0213 0,0213
𝜎𝐶𝑃 = −5036100 − 6894491,83 + 7130281,69
𝜎𝐶𝑃 = −4,8. 106 𝑜𝑢 4,8 𝑀𝑃𝑎
Assim, determinamos o ∆𝑃𝑒

∆𝑃𝑒 = 𝛼𝑃 . 𝜎𝐶𝑃
∆𝑃𝑒 = 6,52.4,8
∆𝑷𝒆 = 𝟑𝟏, 𝟐𝟗 𝑴𝑷𝒂

𝑃𝑎
𝜎𝑃𝑎 =
𝐴𝑝
2014,44. 103
𝜎𝑃𝑎 =
1,434. 10−3
𝝈𝑷𝒂 = 𝟏𝟒𝟎𝟒, 𝟕𝟕 𝑴𝑷𝒂
• Em Porcentagem

∆𝜎𝑃𝑒
. 100
𝜎𝑃𝑎

31,29
. 100 = 2,22%
1404,77

Então, a perda imediata é de:

∆𝑃𝑒
𝑃0 = 𝑃𝑎 − ( ) . 𝑃𝑎
𝜎𝑃𝑎
14

31,29
𝑃0 = 2014,44 − ( ) . 2014,44
1404,77

𝑷𝟎 = 𝟏𝟗𝟔𝟗, 𝟓𝟕 𝒌𝑵

• Tensão na armadura de protensão devida exclusivamente à força de protensão, no


instante t0.

𝑃0
𝜎𝑃0 =
𝐴𝑝

1969,57.10³
𝜎𝑃0 =
1,434. 10−3

𝝈𝑷𝟎 = 𝟏𝟑𝟕𝟑, 𝟒𝟕 𝑴𝑷𝒂

4.4 Determinação do P∞

O P∞ é a carga de protensão após as perdas progressivas, no qual, ocorrem ao longo do


tempo e devem-se principalmente à retração e à fluência do concreto e também a relaxação do
aço de protensão.

4.4.1 Perda por retração

∆𝜎𝑃𝑐𝑠 = 𝜀𝑐𝑠 . 𝐸𝑃

• Espessura fictícia

2. 𝐴𝑐
ℎ𝑓𝑖𝑐 =
𝑢

Onde u é o perímetro da seção em contato com a atmosfera, e dá-se por:

𝑢 = 2. ℎ + 2. 𝑙

𝑢 = 2.0,8 + 2.0,5

𝑢 = 2,6𝑚

Então:

2.0,4
ℎ𝑓𝑖𝑐 =
2,6

ℎ𝑓𝑖𝑐 = 0,307𝑚 𝑜𝑢 0,31𝑚 𝑜𝑢 31𝑐𝑚

• Deformação específica de retração - 𝜀𝑐𝑠


15

Na figura 6, mostra a tabela 8.2 da NBR 6118/2014, para determinar o Ecs, no qual é
dado em função da umidade média do ambiente e da espessura fictícia. Onde o T0, representa
o instante de aplicação da carga.

Figura 06 – Valores característicos t e u

Fonte: NBR 6118/2014


O T0 será calculado baseado no tipo de cimento utilizado neste concreto de 30 MPa.
Deste modo, foi calculado, intuitivamente os dias em função do tipo de cimento.
1
28 2
𝛽1 = 𝑒𝑥𝑝 {𝑠 [1 − ( ) ]}
𝑡

Foi sugerido 5 dias, para um concreto CP III (Alto Forno), que segundo Veríssimo e
Cesar Jr. (1998) pode ser utilizado para a produção do concreto protendido, cujo coeficiente
de cálculo é 0,38, então:
1
28 2
𝛽1 = 𝑒𝑥𝑝 {0,38 [1 − ( ) ]}
5

𝛽1 = 0,595

Sabendo que o nosso fck é igual a 30 MPa, temos que:


16

𝑓𝑐𝑑 = 𝑓𝑐𝑘. 𝛽1

𝑓𝑐𝑑 = 30.0,595

𝒇𝒄𝒅 = 𝟏𝟕, 𝟖𝟒 𝑴𝑷𝒂

Deste modo, o no T0, será de 5 dias, e o nosso U, referente a umidade relativa será de
55%, que é o valor mais aproximado da média calculada de Tangará da Serra, segundo dados
do Climate.date.org.

Assim, faremos a interpolação para encontrarmos a deformação por retração:

20 = 0,48
𝑡 = 5 𝑑𝑖𝑎𝑠 { 31 = 𝑥
60 = 0,43

60 − 20 60 − 31
=
0,43 − 0,48 0,43 − 𝑥

40 29
=
−0,05 0,43 − 𝑥

𝑥 = 0,467

𝜀𝑐𝑠 (‰) = 0,467‰

Assim, a perda por retração é:

∆𝜎𝑃𝑐𝑠 = 𝜀𝑐𝑠 . 𝐸𝑃

0,467
∆𝜎𝑃𝑐𝑠 = . 200. 109
1000

∆𝝈𝑷𝒄𝒔 = 𝟗𝟑, 𝟒 𝑴𝑷𝒂

4.4.2 Perda por fluência do concreto

∆𝜎𝑃𝑐𝑐 = 𝜀𝑐𝑐 . 𝐸𝑃

Utiliza-se a tabela 8.2 (Figura 6), para determinar o 𝜑 (coeficiente de fluência). Deste
modo, temos:

20 = 3,9
𝑡 = 5 𝑑𝑖𝑎𝑠 { 31 = 𝑥
60 = 3,3

60 − 20 60 − 31
=
3,3 − 3,9 3,3 − 𝑥
17

40 29
=
−0,6 3,3 − 𝑥

𝑥 = 𝜑 = 3,738

Conforme encontrado no tópico 3.3, temos que:

𝜎𝑃𝑖 = 7,5𝑃
𝜎𝑃𝑖 (𝑡0 ) = 7,5𝑃0
𝜎𝑃𝑖 (𝑡0 ) = 7,5.1969,57 .10³
𝜎𝑃𝑖 (𝑡0 ) = 14,76 𝑀𝑃𝑎

Para verificação da utilização do tipo de cimento e tempo de cura, de modo a ser


resistente, mas também econômico, temos que:

𝒇𝒄𝒅 > 𝝈𝑷𝒊 (𝒕𝟎 )

𝟏𝟕, 𝟖𝟒 > 𝟏𝟒, 𝟕𝟔𝑴𝑷𝒂

𝜎𝑃𝑠 = −2,5𝑃0
𝜎𝑃𝑠 (𝑡0 ) = −2,5.1969,57 .10³
𝜎𝑃𝑠 (𝑡0 ) = −4,92 𝑀𝑃𝑎

Figura 07 – Diagrama de Tensões II

Fonte: Dados do Autor, 2020

𝜎𝑐(𝑡0 ) = 10,56 − 4,92 = 5,64 𝑀𝑃𝑎

𝜎𝑐 (𝑡0 )
𝜀𝑐𝑠 = .𝜑
𝐸𝑐,28

𝜑 = 3,738
18

𝐸𝑐,28 ≈ 𝐸𝑐 = 30672,46 𝑀𝑃𝑎

Logo, a deformação por fluência do concreto é:

5,64. 106
𝜀𝑐𝑐 = . 3,738
30672,46. 106

𝜀𝑐𝑐 = 6,87. 10−4

∆𝜎𝑃𝑐𝑐 = 𝜀𝑐𝑐 . 𝐸𝑃

∆𝜎𝑃𝑐𝑐 = 6,87. 10−4 . 200. 109

∆𝝈𝑷𝒄𝒄 = 𝟏𝟑𝟕, 𝟒 𝑴𝑷𝒂

4.4.3 Perdas por relaxação na armadura

O coeficiente de relaxação do aço no instante t para protensão e carga permanente


mobilizada no instante t0 é de:

𝜓(𝑡0 , 𝑡∞ ) = 2,5. 𝜓1000

𝜓(𝑡0 , 𝑡∞ ) = 2,5.3,2

𝜓(𝑡0 , 𝑡∞ ) = 8%

Assim:

𝜓(𝑡0 , 𝑡∞ )
∆𝜎𝑃𝑅 = 𝜎𝑃0 .
100
8
∆𝜎𝑃𝑅 = 1373,47. 106 .
100

∆𝝈𝑷𝑹 = 𝟏𝟎𝟗, 𝟖𝟕 𝑴𝑷𝒂

É possível encontrar então a tensão na armadura ativa após todas as perdas ao longo
do tempo:

𝜎𝑃∞ = 𝜎𝑃0 − ∆𝜎𝑃𝐶𝑆 − ∆𝜎𝑃𝐶𝐶 − ∆𝜎𝑃𝑅

𝜎𝑃∞ = 1373,47. 106 − 93,4. 106 − 137,4. 106 − 109,87. 106

𝝈𝑷∞ = 𝟏𝟎𝟑𝟐, 𝟖 𝑴𝑷𝒂

4.4.4 Perda de protensão progressiva

𝑃∞ = 𝜎𝑃∞ . 𝐴𝑃

𝑃∞ = 1032,8. 106 .1,434. 10−3


19

𝑷∞ = 𝟏𝟒𝟖𝟏, 𝟎𝟑 𝒌𝑵

• Verificação

A protensão é satisfatória quando 𝑃∞,𝑒𝑠𝑡 ≤ 𝑃∞

Logo:

𝟏𝟒𝟎𝟖 𝒌𝑵 ≤ 𝟏𝟒𝟖𝟏, 𝟎𝟑 → 𝑶𝑲‼!


20

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

No presente dimensionamento foi possível fazer a verificação de uma viga de concreto


protendido e pré-tracionada, em relação as cargas nela aplicada e sua geometria. A verificação
se deu de forma positiva, sendo possível aplicação da mesma em um projeto.

Entretanto, o mesmo cálculo havia sido feito anteriormente, com percentual de perda
de proteção de 25%, mas o mesmo não atendeu, pois esse percentual gerava um número de
cordoalhas igual a 9, o que refletia em uma área de armadura baixa, o que não ocorreu quando
se considerou perda de protensão igual a 30%, pois resultou em um número de cordoalhas
igual a 10 e sua área igual a 1,434.10-3, suficiente para suportar as tensões aplicadas sobre a
viga.
21

REFERÊNCIAS

Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 7483: Cordoalhas de aço para concreto
protendido – Requisitos. Rio de Janeiro, p. 7. 2004.
__________. NBR 6118: Projetos de estrutura de concreto – procedimentos. Rio de
Janeiro, p.33. 2014.
ANDRADE, Thiago Tenório. Dimensionamento Estrutural de uma viga pré-moldada em
concreto protendido. UFAL, Maceió, 2014.
CLIMATE.DATE.ORG. Tangará da Serra Clima. 2020. Disponível em < https://pt.climate-
data.org/america-do-sul/brasil/mato-grosso/tangara-da-serra-43154/> Acesso em 16 de
novembro de 2020.
HANAI, João Bento. Fundamentos do Concreto Protendido. USP, São Carlos, 2005.
VERISSÍMO, Gustavo de Souza. Concreto Protendido: Fundamentos Básico. 4ª edição.
1998. Disponível em < https://wwwp2.feb.unesp.br/lutt/Concreto%20Protendido/CP-
vol1.pdf> Acesso em 17 de novembro de 2020.

Você também pode gostar