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DIREITO CIVIL

ESTÁCIO-CERS
A Representação, a Procuração e o
Mandato. Efeitos Práticos e Relevância
Teórica

Prof. Roberto Figueiredo


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A Representação (substituição da exteriorização da vontade).

“O representante é uma projeção da personalidade da


personalidade jurídica do representado, muito embora não se
confundam” (Mairam Gonçalves Maia Jr. A representação no
negócio jurídico, p. 30).

CC, art. 115: “Os poderes de representação conferem-se por lei ou


pelo interessado”.

CC, art. 120: “Os requisitos e os efeitos da representação legal são


os estabelecidos nas normas respectivas; os da representação
convencional são os da Parte Especial”.
Obs: o CC/02 segue os modelos jurídicos da Alemanha e de
Portugal que disciplinam a representação na parte geral ante a
significativa relevância social do instituto, afastando-se da disciplina
italiana que regula a representação na parte geral dos contratos
(art. 1.388 do CC da Itália).

A lição é de Fábio de Oliveira Azevedo in Direito Civil. Rio de


Janeiro. Lumen Juris Editora. 2ª Edição. 2009. Página 364.
Representação Legal ou Necessária – Poder conferido por lei de agir
em nome de outrem (incapaz). Ex: pais, tutores, curadores e
síndicos.

“[...] a essência da representação reside na atuação em nome de


outro, por necessidade ou conveniência. Tal atuação exige o poder
de representação, o qual se funda na lei ou em um negócio
jurídico”. (Orlando Gomes)

Introdução ao Direito Civil. Coordenador Edvaldo Brito. Rio de


Janeiro. Forense. 19ª Edição. 2009. Página 435.
Representação Voluntária ou Privada. Poder conferido pelo próprio
interessado de agir em nome de outrem (capaz). Ex: contrato de
mandato, no casamento por procuração, na confissão por um preposto
de uma empresa.

CC, art. 1.542: “O casamento pode celebrar-se mediante procuração, por


instrumento público, com poderes especiais”.

“Dá-se a representação convencional ou voluntária quando uma pessoa


encarrega outra de praticar em seu nome negócios jurídicos ou
administrar interesses, sendo normal para este efeito a constituição do
mandato” (Caio Mário).
Instituições de Direito Civil, volume I, página 618.
Carlos Roberto Gonçalves classifica a representação em três modalidades:

a) Legal: decorre da lei e confere a alguém o munus de administrar bens e


interesses alheios a exemplo do art. 1.634, V, 1.690, 1.747, I e 1.774 do CC.

b) Judicial: decorre da nomeação pelo juiz para alguém exercer a representação


em um processo, a exemplo do síndico da falência ou do inventariante ou
administrador da empresa penhorada.

c) Convencional: decorre do mandato (CC, art. 115, segunda parte e 661).


Direito Civil Brasileiro, Parte Geral. Volume 1. São Paulo. Saraiva. 10ª Edição.
2012. Página 368.
Atenção: há quem sustente a tese da representação orgânica para casos nos
quais órgãos externos da pessoa jurídica atuam (CC, art. 46, III e 47). A bem da
verdade isto é presentação e não representação como esclarece Pontes de
Miranda.

A teor do artigo 47 do Código Civil, a pessoa jurídica atua através de seus


órgãos e administradores, na forma dos seus atos constitutivos.

O artigo 1.015 do Código Civil prescreve que o excesso por parte do


administrador não pode ser oposto a terceiro, ou seja, deve-se proteger o
terceiro (tutela da confiança), salvo se: (i) a limitação estava averbada no registro
da sociedade, (ii) o excesso era de conhecimento do terceiro, (iii) o ato praticado
for estranho aos negócios sociais (teoria do ato ultra vires).
Atenção: há quem sustente a tese da representação orgânica para casos nos
quais órgãos externos da pessoa jurídica atuam (CC, art. 46, III e 47). A bem da
verdade isto é presentação e não representação como esclarece Pontes de
Miranda.

A teor do artigo 47 do Código Civil, a pessoa jurídica atua através de seus


órgãos e administradores, na forma dos seus atos constitutivos.

O artigo 1.015 do Código Civil prescreve que o excesso por parte do


administrador não pode ser oposto a terceiro, ou seja, deve-se proteger o
terceiro (tutela da confiança), salvo se: (i) a limitação estava averbada no registro
da sociedade, (ii) o excesso era de conhecimento do terceiro, (iii) o ato praticado
for estranho aos negócios sociais (teoria do ato ultra vires).
 Na hipótese de omissão dos atos constitutivos, todos os
integrantes estarão aptos a representar a pessoa jurídica.

 O artigo 48 prevê hipótese de administração coletiva, quando a


decisão é tomada por maioria, havendo prazo decadencial de
três anos para se desconstituir o ato.

 Caso a pessoa jurídica fique sem administração, qualquer


interessado – integrante ou não – está autorizado a postular
uma administração provisória (art. 49 do CC).
Representação Direta x Representação Indireta(Orlando Gomes).

Na representação direta, também denominada de própria ou


imediata, o representante efetivamente realiza o negócio jurídico,
substituindo o representado (em nome deste).

Na representação indireta, também denominada de imprópria,


mediata ou de interesses, o representante atua no próprio nome,
no interesse de outrem, a exemplo do que acontece no contrato de
comissão (artigo 693/709), na corretagem (722/729), na agência e
distribuição (710/721).
Introdução ao Direito Civil. Coordenador Edvaldo Brito. Rio de
Janeiro. Forense. 19ª Edição. 2009. Página 435.
Alguns doutrinadores não admitem a representação indireta, a exemplo de Fábio
de Oliveira Azevedo: “Entendemos que nesses casos haverá simples interposição
real, jamais representação, pela ausência da contemplatio domini. É a mesma
ausência que existirá na figura do núncio ou mensageiro, que são meros
emissários de uma vontade. É fundamental que a representação seja feita em
nome de outrem, para que assim se qualifique em sentido técnico” (Direito Civil –
Introdução e Teoria Geral. Lumen Iuris, Rio de Janeiro, 2ª Edição, 2009, p. 365).
Também assim entendem Nelson Nery Jr. e Francisco Amaral.

A Representação e o Princípio da Cooperação Jurídica (Orlando Gomes): Alguém


participa pessoalmente de um negócio que produzirá efeitos sobre outra (a
verdadeira parte do ato negocial). Art. 258 do CC de Portugal e § 164 do BGB
Alemão.
Introdução ao Direito Civil. Coordenador Edvaldo Brito. Rio de Janeiro. Forense.
19ª Edição. 2009. Página 387.
O princípio da notoriedade (aparência) e a boa-fé: a representação ou procuração
aparente (STJ, REsp. 12.811/MS).

CC, art. 116: “A manifestação de vontade pelo representado, nos limites de seus
poderes, produz efeitos em relação ao representado”.

CC, art. 673. “O terceiro que, depois de conhecer os poderes do mandatário, com
ele celebrar negócio jurídico exorbitante do mandato, não tem ação contra o
mandatário, salvo se este lhe prometeu ratificação do mandante ou se
responsabilizou pessoalmente”.

Obs: o excesso de poder e a responsabilidade civil (CC, art. 118). O mero gestor
de negócios (CC, art. 665).
CC, art. 665. “O mandatário que exceder os poderes do mandato, ou proceder contra
eles, será considerado mero gestor de negócios, enquanto o mandante lhe não
ratificar os atos”.

A polêmica da representação sem mandato e o mandato sem representação. (Terceiro


Degrau da Escada Ponteana: Plano da Eficácia).

CC, art. 116.

Teoria da aparência.

Terceiros de Boa-Fé.

Corrente Contrária (Caio Mário, Gustavo Tepedino e Francisco Amaral) para quem o
poder de representação está inserto no próprio mandato e não poderia existir sem
este, ainda que tácito.
O autocontrato ou contrato consigo mesmo.

CC, art. 117: “salvo se o permitir a lei ou o representado, é anulável o negócio


jurídico que o representante, no seu interesse ou por conta de outrem, celebrar
consigo mesmo”.

Obs: no CDC a cláusula que impõe representante ao consumidor para concluir ou


realizar outro negócio jurídico é nula (art. 51, VIII).

STJ, súmula 60: “É nula a obrigação cambial assumida por procurador do


mutuário vinculado ao mutuante, no exclusivo interesse deste”.

O princípio da exteriorização ou da notoriedade: contemplativo domini. Art. 118 e


653 do CC.
O conflito de interesses.

CC, art. 119: “É anulável o negócio jurídico concluído pelo representante em


conflito de interesses com o representado, se tal fato era ou deveria ser do
conhecimento de quem com aquele tratou”. Parágrafo único: “É de cento e oitenta
dias, a contar da conclusão do negócio ou da cessação da incapacidade, o prazo
de decadência para pleitear-se a anulação prevista neste artigo”.

O dolo e a responsabilidade civil entre representante e representado.

CC, art. 149: “O dolo do representante legal de uma das partes só obriga o
representado a responder civilmente até a importância do proveito que teve; se,
porém, o dolo for do representante convencional, o representado responderá
solidariamente com ele por perdas e danos”.
O conflito de interesses.

CC, art. 119: “É anulável o negócio jurídico concluído pelo representante em


conflito de interesses com o representado, se tal fato era ou deveria ser do
conhecimento de quem com aquele tratou”. Parágrafo único: “É de cento e oitenta
dias, a contar da conclusão do negócio ou da cessação da incapacidade, o prazo
de decadência para pleitear-se a anulação prevista neste artigo”.

O dolo e a responsabilidade civil entre representante e representado.

CC, art. 149: “O dolo do representante legal de uma das partes só obriga o
representado a responder civilmente até a importância do proveito que teve; se,
porém, o dolo for do representante convencional, o representado responderá
solidariamente com ele por perdas e danos”.
A Procuração.

CPC, Art. 37: “Sem instrumento de mandato, o advogado não será


admitido a procurar em juízo. Poderá, todavia, em nome da parte, intentar
ação, a fim de evitar decadência ou prescrição, bem como intervir, no
processo, para praticar atos reputados urgentes. Nestes casos, o advogado
se obrigará, independentemente de caução, a exibir o instrumento de
mandato no prazo de 15 (quinze) dias, prorrogável até outros 15 (quinze),
por despacho do juiz”.

Parágrafo único. “Os atos, não ratificados no prazo, serão havidos por
inexistentes, respondendo o advogado por despesas e perdas e danos”.
CPC, Art. 38. “A procuração geral para o foro, conferida por
instrumento público, ou particular assinado pela parte, habilita o
advogado a praticar todos os atos do processo, salvo para receber
citação inicial, confessar, reconhecer a procedência do pedido,
transigir, desistir, renunciar ao direito sobre que se funda a ação,
receber, dar quitação e firmar compromisso”.

Parágrafo único. “A procuração pode ser assinada digitalmente com


base em certificado emitido por Autoridade Certificadora
credenciada, na forma da lei específica”.
O Mandato.

CC, art. 653. “Opera-se o mandato quando alguém recebe de


outrem poderes para, em seu nome, praticar atos ou administrar
interesses. A procuração é o instrumento do mandato”.

Atenção!

CC, art. 692. “O mandato judicial fica subordinado às normas que


lhe dizem respeito, constantes da legislação processual, e,
supletivamente, às estabelecidas neste Código”.

Lei Federal nº 8.906/94 (Estatuto da OAB).


Art. 5º O advogado postula, em juízo ou fora dele, fazendo prova do mandato.

§ 1º O advogado, afirmando urgência, pode atuar sem procuração, obrigando-


se a apresentá-la no prazo de quinze dias, prorrogável por igual período.

§ 2º A procuração para o foro em geral habilita o advogado a praticar todos os


atos judiciais, em qualquer juízo ou instância, salvo os que exijam poderes
especiais.

§ 3º O advogado que renunciar ao mandato continuará, durante os dez dias


seguintes à notificação da renúncia, a representar o mandante, salvo se for
substituído antes do término desse prazo.
CC, art. 654. “Todas as pessoas capazes são aptas para dar procuração
mediante instrumento particular, que valerá desde que tenha a assinatura
do outorgante”. “§ 1o O instrumento particular deve conter a indicação
do lugar onde foi passado, a qualificação do outorgante e do outorgado, a
data e o objetivo da outorga com a designação e a extensão dos poderes
conferidos. § 2o O terceiro com quem o mandatário tratar poderá exigir
que a procuração traga a firma reconhecida”.

CC, art. 656. “O mandato pode ser expresso ou tácito, verbal ou escrito”.

CC, art. 657. “A outorga do mandato está sujeita à forma exigida por lei
para o ato a ser praticado. Não se admite mandato verbal quando o ato
deva ser celebrado por escrito”.
CC, art. 654. “Todas as pessoas capazes são aptas para dar procuração
mediante instrumento particular, que valerá desde que tenha a assinatura
do outorgante”. “§ 1o O instrumento particular deve conter a indicação
do lugar onde foi passado, a qualificação do outorgante e do outorgado, a
data e o objetivo da outorga com a designação e a extensão dos poderes
conferidos. § 2o O terceiro com quem o mandatário tratar poderá exigir
que a procuração traga a firma reconhecida”.

CC, art. 656. “O mandato pode ser expresso ou tácito, verbal ou escrito”.

CC, art. 657. “A outorga do mandato está sujeita à forma exigida por lei
para o ato a ser praticado. Não se admite mandato verbal quando o ato
deva ser celebrado por escrito”.
CC, art. 658. “O mandato presume-se gratuito quando não houver sido estipulada
retribuição, exceto se o seu objeto corresponder ao daqueles que o mandatário trata por
ofício ou profissão lucrativa”. Parágrafo único. “Se o mandato for oneroso, caberá ao
mandatário a retribuição prevista em lei ou no contrato. Sendo estes omissos, será ela
determinada pelos usos do lugar, ou, na falta destes, por arbitramento”.

CC, art. 662. “Os atos praticados por quem não tenha mandato, ou o tenha sem poderes
suficientes, são ineficazes em relação àquele em cujo nome foram praticados, salvo se este
os ratificar”. Parágrafo único. “A ratificação há de ser expressa, ou resultar de ato
inequívoco, e retroagirá à data do ato”.

CC, art. 672. “Sendo dois ou mais os mandatários nomeados no mesmo instrumento,
qualquer deles poderá exercer os poderes outorgados, se não forem expressamente
declarados conjuntos, nem especificamente designados para atos diferentes, ou
subordinados a atos sucessivos. Se os mandatários forem declarados conjuntos, não terá
eficácia o ato praticado sem interferência de todos, salvo havendo ratificação, que
retroagirá à data do ato”.
CC, art. 674. “Embora ciente da morte, interdição ou mudança de
estado do mandante, deve o mandatário concluir o negócio já
começado, se houver perigo na demora”.

CC, art. 682. “Cessa o mandato: I - pela revogação ou pela renúncia;


II - pela morte ou interdição de uma das partes; III - pela mudança
de estado que inabilite o mandante a conferir os poderes, ou o
mandatário para os exercer; IV - pelo término do prazo ou pela
conclusão do negócio”.

CC, art. 683. “Quando o mandato contiver a cláusula de


irrevogabilidade e o mandante o revogar, pagará perdas e danos”.
CC, art. 674. “Embora ciente da morte, interdição ou mudança de
estado do mandante, deve o mandatário concluir o negócio já
começado, se houver perigo na demora”.

CC, art. 682. “Cessa o mandato: I - pela revogação ou pela renúncia;


II - pela morte ou interdição de uma das partes; III - pela mudança
de estado que inabilite o mandante a conferir os poderes, ou o
mandatário para os exercer; IV - pelo término do prazo ou pela
conclusão do negócio”.

CC, art. 683. “Quando o mandato contiver a cláusula de


irrevogabilidade e o mandante o revogar, pagará perdas e danos”.
CC, art. 684. “Quando a cláusula de irrevogabilidade for condição de
um negócio bilateral, ou tiver sido estipulada no exclusivo interesse
do mandatário, a revogação do mandato será ineficaz”.

CC, art. 685. “Conferido o mandato com a cláusula "em causa


própria", a sua revogação não terá eficácia, nem se extinguirá pela
morte de qualquer das partes, ficando o mandatário dispensado de
prestar contas, e podendo transferir para si os bens móveis ou
imóveis objeto do mandato, obedecidas as formalidades legais”.

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