Você está na página 1de 23

O PARAÍSO É O 


MUNDO DA ARTE
T
enho dito sempre que o Paraíso é o Mundo da Arte, mas se nos limitarmos a
essa afirmação, o conceito ficará por demais abstrato. Naturalmente, o
aperfeiçoamento das artes plásticas, da literatura, das artes cênicas e das
demais artes resultaria no mundo acima mencionado, o que seria amplamente satisfatório.
Na realidade, é preciso que todas as artes estejam presentes, ou melhor, que tudo se
transforme em arte; caso contrário, não podemos dizer que seja o verdadeiro Paraíso.

A cura das doenças pelo Johrei proposto por mim, na realidade, é uma magnífica arte
da vida. Isto porque, em sua essência, a arte deve satisfazer às três condições: Verdade,
Bem e Belo.

Antes de mais nada, no enfermo não há, fundamentalmente, Verdade. Isto porque, a
Verdade consiste no fato de que o ser humano deve ser saudável. Quando ele perde a
saúde, significa que não se encontra mais em seu estado natural. Tomemos, por exemplo,
uma jarra: se ela sofrer alguma avaria, perderá sua utilidade, pois a água poderá vazar, ou
ainda, não permanecerá mais em pé ou mesmo acabará se quebrando no momento do uso.
Assim sendo, como objeto, nela não há mais verdade. Para que possamos utilizar a jarra
novamente, precisamos consertá-la. O mesmo se dá com o ser humano. Se uma pessoa,
por motivo de doença, não puder mais desempenhar suas atividades, acabará se sentindo
inútil; por essa razão, é necessário “restaurá-la”. Eis por que existe o Johrei da nossa
religião.

A seguir, vamos analisar o bem. Se a pessoa não possuir qualquer parcela de bem e
praticar somente o mal, ela não será um ser humano verdadeiro, mas um animal. Tal
espécie de pessoa causa prejuízos à coletividade em que vive; portanto, significa que,
muito mais que desnecessária, sua existência deve ser negada. Todavia, isso compete a
Deus, que detém o poder de concessão da vida e da morte.

Como resultado da própria conduta, muitas pessoas fracassam, sofrem com doenças
ou caem na extrema pobreza. Algumas chegam a perder a vida. Isso vem a ser realmente o
julgamento de Deus. Embora se fale no mal de forma geral, existe o mal praticado
consciente ou inconscientemente. Assim sendo, o sofrimento de quem pratica o mal varia
de acordo com essa diferença. Nesse aspecto, existe uma rigorosa imparcialidade.

Para finalizar, falaria sobre o belo, mas por ser assunto do domínio de todos, dispenso
maiores comentários.

Como se pode observar claramente, a condição fundamental para transformar este


mundo em paraíso está na concretização da Verdade, do Bem e do Belo. Assim sendo,
tanto a cura das doenças que realizamos como a reforma dos métodos agrícolas são,
evidentemente, artes. A primeira, conforme afirmei anteriormente, é a Arte da Vida, e a
segunda, a Arte da Agricultura. A construção do protótipo do Paraíso Terrestre que estamos
realizando paralelamente a estas duas, é a Arte do Belo. Com a junção das três, ou seja,
consubstanciada a trilogia Verdade-Bem-Belo, construiremos o Mundo da Luz, que não é
senão a concretização do Paraíso Terrestre, do Mundo de Miroku.

Jornal Eiko nº 72, 4 de outubro de 1950



MILAGRE E RELIGIÃO
S
eria desnecessário dizer que milagre é a ocorrência de algo considerado
impossível, fora da lógica e impensável pelo senso comum. Portanto, mistério é a
melhor palavra para designar milagre.

Desde quando existe o milagre? Temos o registro dos milagres de Jesus Cristo, os
quais são muito conhecidos e dispensam comentários. No Japão, é notório o milagre que
ocorreu com Nichiren quando foi perseguido em Tatsu-no-kuchi. Também são conhecidos
os inúmeros milagres ocorridos com os fundadores das religiões Tenrikyo, Oomoto,
Konkokyo e Perfect Liberty.

Em toda parte, há pequenos milagres, mas o estranho é que nas grandes e antigas
religiões, parece que eles quase não ocorrem. Enquanto seus fundadores estavam vivos, é
bem provável que tenha havido muitos milagres. Contudo, com o passar do tempo, eles
foram cessando por completo.

Por esse motivo, para garantir a sobrevivência de suas religiões, os estudiosos


precisaram desenvolver algo de valor que substituísse os milagres. Talvez a Filosofia da
Religião, a Ciência da Religião, a Teologia e outras formas de estudos sistematizados sejam
resultados disso. O ponto central desses estudos é que o correto é a religião ocupar-se da
salvação espiritual e, por isso, as graças recebidas nesta vida vieram sendo
menosprezadas. Além disso, foram acrescentadas as tradições próprias de cada religião, o
que de alguma forma manteve os ensinamentos vivos. Todavia, as pessoas com
discernimento, bem como as camadas mais cultas da população não as aceitam e, desde
que não encontram uma fé cujo teor as satisfaça, é natural que muitos não adotem
nenhuma fé, conforme se sucede atualmente. Torna-se claro, portanto, que a fé
ansiosamente procurada pelo homem contemporâneo é, antes de mais nada, algo novo,
despojado de velhas roupagens e respaldado em fatos, livre de teorias vazias. Enfim, em
todos os aspectos, essa fé deve ter uma abordagem racional.

Por outro lado, no momento, até que algumas crenças estão se expandindo
significativamente, como a Narita-no-Fudosson, Toyokawa, Fushimi-Inari, Kompira-
Gonguen e uma ramificação da Nichiren-shu. Elas, talvez, de certa forma, estão sendo úteis
à sociedade, porém, como visam unicamente às graças e são tidas como de nível inferior,
não exercem nenhuma atração sobre as pessoas cultas nem sobre a camada jovem.
Observando com imparcialidade, elas só atendem a uma parcela da população.

O atual panorama religioso do Japão é realmente desanimador, pois conta apenas com
entidades religiosas de dois tipos de fé: as que se concentram em teorias e as que visam às
graças. Sendo assim, o que essa situação está nos mostrando? A necessidade do
surgimento de uma religião nova e ideal. Creio que, em termos de religião capaz de
corresponder plenamente aos anseios da atualidade, modéstia à parte, não há outra senão
a nossa Igreja Messiânica. Seu diferencial consiste em ensinar como deve ser a nova
cultura, mostrar as diretrizes para a criação de uma nova civilização, apontar as falhas da
cultura contemporânea e expor interpretações novas e inéditas sobre Filosofia, Ciência,
Teologia e outras áreas. Logo, podemos dizer que ela é mais do que uma religião.
Ingressando nela e analisando-a minuciosamente, a pessoa se surpreenderá com a
veracidade do que acabamos de dizer.

Uma vez fiel, a pessoa compreenderá que uma grande característica da nossa religião é
a ocorrência de muitos milagres. Certamente, na história não há registro de nenhuma outra
religião em que eles sejam tão numerosos. Milagre, como já dissemos, é a obtenção da
graça ainda nesta vida e, por isso, não temos nenhuma dúvida da possibilidade de construir
um mundo isento de doença, pobreza e conflito, que é o nosso lema.

Escrevi de maneira bastante direta sobre a nossa religião. No mais, resta aos leitores
experimentar conhecê-la.

5 de março de 1952

O MUNDO DESCONHECIDO
O
mundo em que vivemos e respiramos é o Mundo Material, o Primeiro Mundo.
Com a morte, tornamo-nos habitantes do Mundo Espiritual, o mundo
desconhecido, isto é, o Segundo Mundo.

O Mundo Desconhecido é invisível, inapreensível e, por se assemelhar ao Nada, torna-


se difícil crer em sua existência apenas por meio de textos ou de uma simples explicação.
Entretanto, desde que o Mundo Espiritual não é um verdadeiro Nada, mas sim uma
existência real, ele deve manifestar-se de alguma forma por meio de fenômenos.

Com efeito, aquele mundo tem-se revelado em grande, média ou pequena escala nos
aspectos da vida humana, nos seus mínimos detalhes, em todas as épocas e locais do
mundo. Simplesmente, o ser humano é que não conseguia percebê-lo.

Isso foi causado pela educação da cultura tradicional, que não tinha interesse algum
pelo espírito, pois era o Mundo da Noite. Afinal, na escuridão da noite, só se consegue
enxergar fracamente com a luz da Lua, mas de dia, com a luz do Sol, é possível distinguir
instantaneamente as coisas de forma nítida e clara. Num futuro bem próximo, o Mundo
Desconhecido se tornará o Mundo Conhecido, e o mundo da luz da Lua se tornará o
mundo do Sol, ou seja, um mundo de luz muito intensa. Como resultado disso, os
segredos, as falsidades e as falácias virão à tona aos olhos de todos. Nesse sentido, o
primeiro destes foi a falácia da Medicina atual, descoberta por mim.

5 de fevereiro de 1947

A EXISTÊNCIA DO 

MUNDO ESPIRITUAL
E
m primeiro lugar, é preciso entender a finalidade do nascimento do ser humano
neste mundo.

Deus criou os seres humanos para construir o Mundo Ideal, que é o objetivo do
Seu plano na Terra, concedeu uma missão a cada um e faz com que atuem conforme Sua
vontade. A evolução do estágio primitivo para o atual estágio de deslumbrante cultura, bem
como o desenvolvimento da inteligência humana ao nível atual se devem exclusivamente a
esse fim.

Não só os seres humanos, que são os mais desenvolvidos, mas também as demais
criaturas, inclusive os vegetais e os minerais − tudo aquilo que tem forma −, estão
constituídos de duas partes: espírito e matéria. Quando o espírito se separa da matéria, o
ser deixa de existir, seja ele qual for, mas aqui, pretendo falar apenas sobre o ser humano.

Quando o corpo material fica impossibilitado de ser utilizado devido ao envelhecimento,


doença, grande perda de sangue etc., o espírito o abandona e dirige-se ao Mundo
Espiritual, onde passa a viver como seu habitante. Tal fato é idêntico no mundo inteiro, seja
qual for a raça. Por exemplo, temos a obra intitulada “Raymond – Uma prova da existência
da alma”, da autoria de Sir Oliver Lodge (1851–1940), que foi best-seller na época de sua
publicação na Inglaterra logo após a Primeira Guerra Mundial. Ela registra as mensagens
que lhe foram enviadas do Mundo Espiritual por seu filho que falecera na Bélgica, durante
uma batalha daquela guerra. Na época, o livro foi lido por pessoas de diversos países,
gerando um inesperado movimento de pesquisas sobre o Mundo Espiritual e, dessa forma,
surgiram também grandes médiuns.

Também o famoso autor de “O Pássaro Azul”, o belga Maurice Maeterlinck (1862–1949),


ao tomar conhecimento da existência do espírito, mudou completamente sua visão sobre o
destino e tornou-se um fervoroso estudioso dos fenômenos espirituais, fato que é do
conhecimento de todos dessa área. Houve igualmente a publicação, logo a seguir, do livro
“Registros de pesquisas sobre o mundo espiritual ”, do Dr. Ward (1885–1949), que
(49)

impulsionou ainda mais as pesquisas parapsicológicas. O Dr. Ward, uma vez por semana,
por uma hora, entrava em estado de transe sentado a uma cadeira e se transportava para o
Mundo Espiritual. E assim pesquisou minuciosamente este mundo. Nessas ocasiões, o
espírito do Dr. Ward era guiado pelo espírito de um tio seu que lhe mostrava todos os
aspectos daquele mundo, explicando, em detalhes, sua verdadeira natureza. Havia, ainda,
os espíritos de amigos que desempenhavam papéis de mentores, enriquecendo os
conhecimentos que lhe eram ministrados. Trata-se de uma obra muito interessante, que
pode ter grande validade para o conhecimento da vida no Mundo Espiritual, razão pela qual
espero que os leitores a leiam.

Inegavelmente há diferenças significativas entre o Mundo Espiritual do Ocidente e o do


Japão. Pretendo, posteriormente, por meio de diversos exemplos, explicar os fenômenos
espirituais de um e de outro.

Há mais de dez anos, notícias vindas da Inglaterra diziam que haviam surgido naquele
país centenas de sociedades de pesquisas psíquicas desenvolvendo intensas atividades e
que até fora fundada uma universidade para esse fim. Eu gostaria de saber a situação
presente, porque com a eclosão da Segunda Guerra Mundial, não tive mais notícias a
respeito.

25 de agosto de 1949

RELIGIÃO E OBSTÁCULO
D
esde a antiguidade, costuma-se dizer que obstáculos são inerentes à religião.
Acredito que o maior deles tenha sido o sofrimento imposto a Jesus Cristo. É
igualmente famoso o infligido a Buda Sakyamuni por Devadatta. No Japão, a
perseguição que os bonzos Honen, Shinran, Nichiren e outros sofreram é do conhecimento
de todos. Mais recentemente, as religiões Tenrikyo, Oomoto, Hito-no-Miti etc. passaram
(81)

pela mesma situação. Nossa religião também não constitui exceção, pois já sofremos
muitas perseguições em que aparecemos inúmeras vezes nos jornais e chegamos a ser a
mais difamada dentre as religiões novas. O interessante é que, quanto mais promissor for o
futuro de uma religião e quanto mais notável for o seu valor, maiores serão os obstáculos
que ela enfrentará. Vou explicar por quê.

Evidentemente, de acordo com a Lei Espírito Precede a Matéria, em cumprimento às


determinações do Supremo Deus, as divindades no Mundo Espiritual realizam a salvação
concernente ao lugar e ao povo de cada época por meio das religiões. Nesse sentido, o
Cristianismo, o Budismo e o Islamismo são os maiores exemplos disso. A religião tem por
princípio pregar o bem e transformar a sociedade em paraíso. Do ponto de vista humano,
isso é bom, mas para os espíritos malignos é exatamente o oposto, pois seu objetivo é criar
seres humanos malignos, bem como uma sociedade repleta de sofrimentos. Por
conseguinte, eles lutam incessantemente contra as divindades do bem. Esta é a realidade
do Mundo Espiritual, que se reflete no Mundo Material, o qual, por esse motivo, é um
mundo infernal, conforme podemos constatar.

Naturalmente, para um pequeno bem, há o obstáculo dos espíritos malignos de pouco


poder; para um grande bem, ocorre um obstáculo dos espíritos malignos de grande poder.
Assim, são os chefes do mundo maligno que vêm provocando contínuos obstáculos à
nossa religião. Sendo ela uma religião de grandeza jamais vista desde o início da história, o
mundo dos espíritos malignos está tomado por grande pavor. Tenho pleno conhecimento a
respeito disso e acredito que mesmo nossos fiéis já tenham certa noção, por meio das
incorporações que ocorrem por todo o país. Atualmente, os espíritos malignos mais ativos
são os chefes dos dragões vermelhos e pretos, e eles estão criando obstáculos em
conjunto, utilizando-se de suas inúmeras legiões, o que torna nossa situação quase
insuportável. A luta é tão intensa que vai além da imaginação. Gostaria de escrever a
respeito disso com toda clareza. Infelizmente, no momento, não tenho permissão de Deus,
mas desejo fazê-lo quando tiver chegado o momento adequado.

Por mais que os chefes dos espíritos malignos tentem nos atrapalhar de todas as
formas, temos do nosso lado o Supremo Deus, que manifesta poder absoluto. Assim,
mesmo que estejamos perdendo a luta temporariamente, ao final sairemos vencedores.
Portanto, não há com o que se preocupar. Contudo, até vencermos, nosso sofrimento será
intenso. Como podem perceber, apesar dos contínuos obstáculos, nossa Igreja está se
expandindo satisfatoriamente.

Convém conhecer, agora, as características dos espíritos malignos. Eles possuem uma
persistência assustadora e, ainda que falhem repetidas vezes, não desanimam nem
desistem de maneira nenhuma. Utilizam-se de todo tipo de artimanhas que o ser humano
sequer pode imaginar. Não há adjetivos para exprimir sua mentalidade satânica, impiedosa
e cruel. No entanto, não há o que se fazer porque esta é a própria natureza dos espíritos
malignos. Os demônios mais poderosos escolhem e encostam em pessoas que ocupam
posições de destaque na sociedade, bem como em intelectuais e em jornalistas. Creio que
as pessoas ficarão espantadas ao saberem desta realidade.

Embora a luta entre esses terríveis demônios e Deus, que é mais poderoso, seja travada
incessantemente no invisível Mundo Espiritual, não há como se tomar conhecimento disso.
É por esse motivo que o ser humano – o senhor de todas as coisas – é manejado como se
fosse uma marionete.

Evidentemente, por estar envolvido, eu estou bem a par da situação: às vezes, ocorrem
coisas terríveis, mas também coisas interessantes ou até divertidas. Por essa razão, as
pessoas em geral jamais compreenderão meu estado de espírito.

Atualmente, a luta entre o bem e o mal, na Obra Divina, é uma grande peça teatral
composta por diversas tramas e artimanhas jamais vistas na história. Portanto, só posso
dizer que se trata de um divino mistério.

A propósito, há uma questão muito importante a considerar: a grande transição do


planeta Terra. Na luta travada até hoje entre deuses e demônios, quando o lado de Deus
sofria uma derrota, era necessário bastante tempo para ele se recuperar porque se estava
na Era da Noite. No entanto, como todos os fiéis sabem, ultimamente esse tempo está se
encurtando consideravelmente. Agora que o mundo está se tornando dia, o poder dos
espíritos malignos está se enfraquecendo cada vez mais. A realidade tem mostrado que,
graças a essa rápida recuperação, há casos em que a derrota pode ser até vantajosa.

Em maio do ano retrasado, recebemos um golpe que, por um momento, parecia fatal à
nossa organização. A sociedade chegou até a pensar que jamais conseguiríamos nos
recuperar. Hoje, porém, passados apenas dois anos, o avanço das construções dos
protótipos do Paraíso Terrestre de Hakone e de Atami e a expansão da fé são tão grandes
como ninguém poderia imaginar. Se aquele problema não tivesse ocorrido, não se sabe se
alcançaríamos tal desenvolvimento. Essa é uma prova de que o poder de Deus ficou muito
mais forte. Isso significa que, sem dúvida, logo virá o tempo em que seremos procurados
pelo mundo inteiro. Por ser uma obra de salvação da humanidade tão grandiosa, acho até
natural que enfrentemos obstáculos dessa proporção.

3 de setembro de 1952

AS DIVERSAS SITUAÇÕES
APÓS A MORTE
A
morte pode ocorrer de diferentes formas. Algumas pessoas tornam-se
habitantes do Mundo Espiritual subitamente, acometidas de acidente vascular
cerebral isquêmico ou hemorrágico, parada cardíaca, morte não natural etc.
Quem nada conhece sobre o assunto, diz que essas pessoas é que são felizes, porque não
passam pelo sofrimento e pelas dores da doença. Entretanto, não há nada mais errado;
ninguém é mais infeliz do que esses espíritos. Como não estavam preparados para a morte,
mesmo indo para o Mundo Espiritual, não têm noção de que faleceram e continuam
pensando que estão vivos. No entanto, por não terem o corpo físico, desejam-no
desesperadamente. Nesse caso, buscam aqueles com quem possuem elos espirituais. Já
que esses elos com parentes consanguíneos se mantêm mesmo após a morte, os espíritos
tentam, por meio deles, encostar em um familiar. Geralmente é mais fácil encostar em
pessoas fisicamente enfraquecidas, em mulheres anêmicas em consequência de parto e,
principalmente, em crianças, nas quais o encosto é mais frequente. Isso é a causa da
verdadeira paralisia infantil e também da epilepsia. Por esse motivo, a paralisia infantil
(88)

apresenta muitos sintomas semelhantes aos de acidente vascular cerebral. Na crise


epilética, manifestam-se características do momento em que o espírito encostado morreu.

Por exemplo: quando a pessoa espuma, é porque se trata do espírito de alguém que
morreu afogado; se tem crises ao ver fogo, significa espírito de uma pessoa que morreu
queimada. As outras formas de epilepsia também mostram as diferentes circunstâncias de
morte não natural. O sonambulismo e a deficiência mental também podem ser causados
por encosto de espírito que teve morte não natural.

Sobre mortes não naturais, há um aspecto que convém conhecer. Todos os espíritos
daqueles que tiveram morte por acidente, suicídio, homicídio etc. ficam presos ao local em
que ocorreu a morte durante determinado tempo, e são chamados de “espíritos presos à
terra”. Geralmente, eles ficam circunscritos a um espaço máximo de cerca de 60 metros e,
não suportando a solidão, tentam atrair companhia.

É também devido à solidão que se tornam frequentes as mortes nos locais onde
ocorreram, por exemplo, atropelamentos nas estradas de rodagem e de ferro, nas margens
de lagos e rios onde houve afogamentos, ou em árvores em que alguém se enforcou.

Os “espíritos presos à terra” geralmente permanecem nesses locais durante cerca de


trinta anos. Contudo, com a realização pelos familiares de ofícios religiosos em sufrágio a
esses espíritos, esse tempo pode ser bastante abreviado. Portanto, devemos realizar cultos
em sufrágio aos espíritos que tiveram mortes por catástrofes, acidentes, suicídio, homicídio
etc. com toda sinceridade de coração.

Os mortos continuam no Mundo Espiritual com as dores e os sofrimentos do momento


em que morreram; isso se dá porque o Mundo Espiritual é a continuação do Mundo
Material. Por tal motivo, especialmente os suicidas, se arrependem profundamente.

Pelo mesmo motivo, mesmo que se trate de uma pessoa realmente bondosa, se a
morte ocorre em meio a sofrimentos, o espírito vai para o Plano Intermediário ou para o
Inferno. Quem era solitário antes de morrer, continua solitário no Mundo Espiritual; quem
não tinha sorte, continua desafortunado.

Contudo, há casos em que ocorre o inverso. Por exemplo: aqueles que enriqueceram à
custa do sofrimento alheio, por serem avarentos e por praticarem atos ilícitos, ao irem para
o Mundo Espiritual, devido ao pecado cometido, ficam paupérrimos e se arrependem
profundamente. Ao contrário, pessoas que, no Mundo Material, despenderam seus
recursos para o bem do próximo e da humanidade e somaram atos meritórios, tornam-se
prósperas e felizes no Mundo Espiritual. Pode acontecer também o seguinte. Mesmo
pessoas que aparentam ser maravilhosas enquanto vivem neste mundo, poucos meses ou
um ano depois da passagem para o Mundo Espiritual, ficam com o semblante de acordo
com seu verdadeiro sonen. Visto que o Mundo Espiritual é o mundo do sonen e já não
existe o corpo carnal que envolve o espírito, o sonen de fealdade e maldade faz com que a
aparência do espírito se torne feia e vil; já o semblante daquele que somou atos meritórios,
torna-se belo e virtuoso. Podem, assim, compreender como o Mundo Espiritual é diferente
do Mundo Material e o quanto ele é realmente justo e imparcial.

Tempos atrás, havia entre meus subordinados um jovem chamado Yamada. Certo dia,
ele me disse: “Peço licença para ir a Osaka tratar de um assunto urgente.” Sua expressão e
seu comportamento não eram normais. Perguntei-lhe que assunto ele tinha a tratar naquela
cidade, mas suas respostas foram evasivas e confusas. Decidi, então, examiná-lo
espiritualmente. Nessa ocasião, eu estava pesquisando os fenômenos espirituais com
grande interesse.

Fiz com que o rapaz se sentasse e cerrasse as pálpebras. Quando iniciei o exame
espiritual, ele passou a mostrar uma feição de grande aflição e a se contorcer de dor.
Manifestou-se, então, um espírito que se identificou como sendo o de um amigo seu.

“Quando eu era empregado de uma firma em Osaka – disse ele – fui despedido por um
dos diretores, que acreditou nas calúnias de certa pessoa. Fiquei num tal estado de
desgosto e frustração, que acabei por me suicidar, tomando veneno. Pensava que,
suicidando-me, voltaria ao Nada. Ao invés disso, os sofrimentos dos instantes da morte
persistiram, o que me levou a perceber que tinha tomado a decisão errada. Além disso,
resolvi vingar-me do diretor da firma, achando que ele fora o causador de tudo e, por isso,
encostei em Yamada, com a intenção de levá-lo a Osaka e, por suas mãos, matar aquele
homem.” Essas palavras eram entrecortadas em meio a dores intensas. O espírito implorou-
me ainda que lhe aliviasse o padecimento. Então, eu o fiz ver seus erros e, após aplicar-lhe
o método de eliminação do sofrimento, ele disse que estava se sentindo aliviado. Muito
feliz, agradeceu-me do fundo do coração e, prometendo desistir do crime, retirou-se.

Durante o tempo em que o espírito esteve incorporado em Yamada, este ficou


(89)

totalmente inconsciente; por isso, não se lembrava de nada do que tinha dito. Quando
retornou a si, contei-lhe o que se passara. Ele ficou surpreso e, ao mesmo tempo, muito
contente por ter sido salvo de um iminente perigo.

Pelo exposto, devem compreender que, embora esteja enfrentando o maior dos
sofrimentos, o ser humano jamais deve cometer suicídio. As pessoas em geral estão
equivocadas principalmente em relação ao suicídio por amor porque pensam que,
morrendo dessa forma, vão para o Céu, onde deslizarão por um lago tranquilo, sentadas
numa folha de lótus, e viverão na maior felicidade. Contudo, isso é um grande engano. Vou
explicar com mais detalhes.

Quando um homem e uma mulher se suicidam abraçados, os espíritos de ambos, ao


entrarem no Mundo Espiritual, ficam grudados um ao outro sem poder separar-se, sujeitos
a grandes incômodos. Pelo fato de expor essa situação vergonhosa aos demais espíritos,
não é pequeno o arrependimento. Nos demais casos de suicídio duplo por amor, o casal
geralmente fica colado, por exemplo, costa com costa, ou barriga com costa, de acordo
com o sonen e a atitude do momento da morte. Assim, eles perdem toda a liberdade, o que
torna tudo mais difícil. Os espíritos daqueles que, durante a vida, tiveram relacionamentos
pervertidos ao extremo, como por exemplo o incesto, além de ficarem grudados, se um fica
de pé, o outro fica com a cabeça para baixo, de modo que o sofrimento e o transtorno
estão além da imaginação. Quando se trata de relações imorais de sacerdotes, educadores
e de outras pessoas que devem dar o exemplo às demais, evidentemente a pena é mais
pesada que a dos outros.

25 de agosto de 1949

DOENÇA E ESPÍRITO
Conforme já expliquei pormenorizadamente, a doença é o aparecimento e o processo
da ação purificadora. Ao mesmo tempo, convém saber que existem muitas doenças
causadas pelos espíritos. Muito se tem falado sobre o assunto desde tempos remotos,
havendo mesmo algumas religiões que afirmam que quase todas as doenças são causadas
pela ação de espíritos. Entretanto, por meio de pesquisas, descobri que a causa da doença
decorre da ação de espírito ou da ação purificadora e que ambos possuem uma relação
íntima e inseparável, pois o encosto do espírito doentio limita-se à parte em que há nuvens
no corpo espiritual do doente. Portanto, se este estiver purificado até certo grau, pela
dissolução das nuvens espirituais, não só desaparecerá a doença do corpo material, mas
também será impossível ocorrer o encosto do espírito doentio, e a pessoa se tornará
saudável, tanto física quanto espiritualmente.

5 de fevereiro de 1947

A RESPEITO DOS SONHOS
C
onstantemente me fazem perguntas a respeito dos sonhos, por isso falarei sobre
esse tema.

Certamente não há um só ser humano que, ao dormir, não sonhe. Os sonhos


podem ser de vários tipos: sonhos em que a divindade transmite mensagens; sonhos em
que o espírito protetor guardião faz advertências; sonhos variados e sem relevância, que a
maioria das pessoas têm; sonhos que vêm a se concretizar de forma idêntica ou oposta ao
sonhado, entre outros.

A palavra yume (sonho) é redução da palavra yumei (mundo do espírito). Por


conseguinte, durante o sono, o espírito sai do corpo físico e vai para o Mundo Espiritual.
Nessa circunstância, o que existe no nosso subconsciente e os nossos constantes desejos
aparecem sucessivamente nas formas mais variadas, sem nenhuma lógica, sendo,
portanto, uma criação humana. As mensagens das divindades limitam-se às pessoas que
têm fé. A divindade que é alvo de sua crença, dá-lhes avisos pelo sonho sempre que
houver necessidade. O espírito protetor guardião geralmente cria sonhos em forma de
alegoria ou em sentido figurado para transmitir suas advertências. Muitas vezes, esses
sonhos precisam ser interpretados. Como já disse anteriormente, o Mundo Material é um
reflexo do Mundo Espiritual, onde os mais variados fenômenos ocorrem primeiro. Por esse
motivo, o espírito protetor guardião, que se encontra naquele mundo e está ciente do que
se sucederá, utiliza-se dos sonhos para nos alertar. Os pressentimentos que temos são,
comumente, avisos seus.

Quando o espírito sai do corpo e vai para o Mundo Espiritual enquanto a pessoa dorme,
ele fica ligado ao corpo pelo elo espiritual e, no momento em que a pessoa desperta, ele
volta instantaneamente.

Há alguns pontos que devemos esclarecer. Há quem diga que não se sonha durante o
sono profundo, mas é um engano. Naturalmente, não se sonha quando se está exausto,
mas ocorre o contrário no caso de sono leve. Contudo, não há o que se preocupar, pois,
sonhar mesmo durante um sono leve, significa que, de fato, está dormindo. Às vezes,
cochilo enquanto converso com as pessoas e chego até a sonhar por um ou dois minutos.
Também há ocasiões em que sonho em pé, segurando na alça do trem, mas isso é normal.

Há pessoas que, por sonharem, ficam preocupadas, achando que não são inteligentes,
mas isso não é verdade. Eu, por exemplo, quando era jovem, quase não sonhava e acho
que naquela época era menos inteligente.

5 de setembro de 1948

A TERCEIRA GUERRA
MUNDIAL PODE SER
EVITADA
A
maior ameaça que paira atualmente sobre a humanidade é, sem dúvida alguma,
a eclosão da Terceira Guerra Mundial. Como é do conhecimento geral, não só os
intelectuais do Japão, mas como os do mundo inteiro, cada qual na sua posição,
estão procurando evitá-la, discutindo o assunto por meio de debates e textos, empregando
toda a sua capacidade. Entretanto, não sei por que razão, apenas entre os religiosos não há
ninguém opinando sobre o assunto, o que me deixa realmente apreensivo. Diante dessa
situação, gostaria que, antes de mais nada, refletissem sobre o objetivo da religião. Sem
dúvida, está mais que claro que é a concretização de um mundo pacífico, sem guerras.

No entanto, é incompreensível o absoluto silêncio que os religiosos mantêm diante da


ameaça atual da inevitável Terceira Guerra Mundial. Talvez isso ocorra por não saberem
agir. Naturalmente, se por serem religiosos, não podem fazer nada sem ordem do governo
nem empunhar armas devido à idade, acho que deveriam se oferecer para atuar na
prevenção da guerra, adotando métodos pacíficos e adequados.

Nesse sentido, gostaria de escrever sobre as causas do surgimento da guerra e sua


prevenção bem como sobre a teoria de que é possível sua erradicação da humanidade.

Para uma melhor compreensão, escreverei sobre a doença e a saúde. Como sempre
afirmo, a doença é um reflexo no corpo físico de um processo de eliminação de nuvens
espirituais que se acumulam no espírito do ser humano, gerando sofrimento. Por esse
motivo, seja qual for o tipo de sofrimento, sem exceção, a causa está no processo de
eliminação das nuvens espirituais, ou seja, falando materialmente, da eliminação das
impurezas. Consequentemente, se o ser humano deseja evitar esse sofrimento, isso só será
possível se não acumular impurezas, ao mesmo tempo, eliminar as que já existem. E é
óbvio que não há outro meio que consiga solucionar o problema.

De acordo com esse princípio, além das doenças, os sofrimentos coletivos como os
danos causados por vento, chuva, incêndio, terremoto, distúrbios sociais, sem exceção,
são ações purificadoras. A guerra nada mais é do que esses sofrimentos em forma
ampliada. Está mais do que claro que, para evitá-la, é preciso eliminar as nuvens espirituais
de cada indivíduo: não há outra maneira.

Eventualmente, se houver a Terceira Guerra Mundial, a causa seria o aumento


demasiado de pessoas com espírito nublado, chegando-se a uma situação insustentável.
Creio mesmo que não seja exagero afirmar que, atualmente, o mundo está repleto de
pessoas impuras. Por que será que houve tal aumento? A causa principal é o acúmulo de
pecados pela prática do mal, decorrente fundamentalmente de uma educação materialista,
a qual ignora a existência de Deus. Sendo assim, o problema só será solucionado pela
correção dessas ideias criadas pela educação materialista. Então, o que fez gerar essa
situação? O fato de se nublar a alma do ser humano ao extremo por meio da educação
materialista é que levou a essa consequência natural.

É preciso saber que, pela Lei do Universo, onde se acumulam impurezas, infalivelmente
surge o processo natural de purificação. No surto de epidemias, por exemplo, embora o
aparecimento das bactérias patogênicas seja uma causa direta, o motivo reside no
aparecimento de pessoas que necessitam ser purificadas. Trata-se, pois, de um surgimento
natural, devido ao Princípio da Correspondência , comum a todas as coisas.

(81)

Em outras palavras, tudo o que existe na face da Terra, como as grandes metrópoles,
as construções, praticamente tudo aquilo que se pode denominar de matéria na atualidade,
por serem produtos do mal, ou seja, por estarem impregnadas de pecados, um dia estarão
fadadas ao acerto de contas. Assim, não só o ser humano, mas todas as coisas materiais
da superfície da Terra que contenham elementos impuros serão purificadas de uma só vez,
e isso é a Grande Guerra. Uma vez que se trata da Lei do Universo, não há o que fazer.

Nesse sentido, para que possamos evitar a Terceira Guerra Mundial, está por demais
claro que tanto o ser humano como as demais coisas existentes sobre a Terra devem
tornar-se puros até que não haja mais necessidade de uma grande ação purificadora.
Então, caso alguém me pergunte se existe um método para promover tal ação, responderei
afirmativamente. Esta é a missão da nossa Igreja Messiânica e é para isso que ela nasceu.

Vou explicar de forma diferente. Já que o mundo é a reunião de indivíduos, basta que cada
um se torne digno, a tal ponto que a purificação seja desnecessária. Pessoas assim,-
evidentemente, são aquelas que não possuem nenhuma impureza em seu corpo espiritual e
físico. E quem pode formar tais indivíduos é a nossa Igreja Messiânica. Gostaria de conscientizar
as pessoas que, apesar de este mundo ser amplo, não existe outra igual. E isto não é uma teoria.
É compreensível vendo o Johrei, que é praticado por nossa religião. Esse método tem um
efeito absoluto. Nos sucessivos casos de cura definitiva de doenças consideradas
incuráveis pela medicina materialista e de recuperação de pessoas desenganadas, só isso
já dispensa maiores comentários. Portanto, se este fato inusitado não for o indício da época
do advento do Paraíso Terrestre e da salvação da humanidade, o que será?

Caso nossa Igreja se expanda mundialmente, não será mais necessária a ocorrência da
purificação por meio da guerra e é certo que se concretizará a era de paz tão almejada pela
humanidade.

Acredito que puderam compreender o que expus em linhas gerais. Em suma, não temo
em afirmar que não existe, em absoluto, em nenhum outro lugar, além da nossa Igreja
Messiânica, um método preventivo para evitar a Terceira Guerra Mundial. No entanto, por
uma possibilidade rara, se isso não for suficiente, as pessoas devem estar conscientes que
precisaremos aceitar a eclosão de uma Terceira Guerra Mundial como algo inevitável.

Jornal Eiko nº 126, 17 de outubro de 1951



VIDA E MORTE
A
credito que talvez não exista uma questão tão séria para o ser humano quanto a
morte. Por essa razão, não haveria alegria maior, se fosse possível um
esclarecimento real e não fantasioso a respeito da morte e da vida após a morte.

A fim de esclarecer e conscientizar as pessoas em geral, desejo apresentar o resultado


dos meus estudos sobre os fenômenos espirituais. Com relação ao tema vida após a morte,
existem, nos Estados Unidos e na Europa, muitos pesquisadores de parapsicologia, tais
como Sir Oliver Joseph Lodge , Maurice Maeterlinck e Dr. J. S. M. Ward , que são
(68) (69) (70)

autoridades no assunto e que publicaram obras notáveis. No Japão, temos Wassaburo


Assano , um dedicado pesquisador que publicou vários livros sobre o assunto, mas que
(71)

faleceu há alguns anos. Como eu tive certo contato com ele, senti muito a sua morte.

Ao referir-me às questões espirituais, gostaria de deixar bem claro que, na medida do


possível, irei me basear apenas na minha experiência. Agirei dessa forma para garantir a
exatidão do que digo, pois a compreensão de questões relacionadas aos espíritos, por
estes serem invisíveis, é difícil e, facilmente, pode-se cair em dogmatismos.

Conforme disse anteriormente, o espírito, ao se desprender do corpo que deixou de ser


útil, retorna ao Mundo Espiritual e passa a viver como habitante daquele mundo. Descreverei,
inicialmente, como se processa o instante da morte, observado do Mundo Espiritual.

Por ocasião da morte, ou seja, no momento em que o espírito se desprende do corpo


físico, geralmente ele o faz pela testa, pela região umbilical ou pela ponta dos dedos do pé.
Qual é o motivo dessa distinção? O espírito puro sai pela testa; o de pureza mediana, pela
região umbilical, e o impuro, pela ponta dos dedos dos pés. Isso se deve ao Princípio da
Correspondência. O espírito puro é aquele que praticou o bem enquanto vivia, somou
virtudes e tornou-se purificado; o impuro acumulou muitos pecados e impurezas durante a
vida, e o mediano situa-se entre os tipos mencionados.

O caso que se segue é descrito nas anotações de uma enfermeira que teve a visão
espiritual do momento da morte de uma pessoa. Sua descrição é tão perfeita, que resolvi
apresentar aqui como ilustração. Trata-se de um exemplo ocorrido no Ocidente, porém,
tanto lá como no Japão, existem pessoas que conseguem ver espíritos. Não guardei os
pormenores, mas como me lembro das partes mais importantes, vou tentar reproduzi-las.

“Certa vez, fitando um doente no momento da morte, notei que de sua testa subia algo
branco, uma espécie de névoa que, espalhando-se lentamente pelo espaço, tornou-se uma
massa disforme, semelhante a uma nuvem ou fumaça. Pouco a pouco, entretanto,
começou a tomar a forma humana; minutos depois, apresentou-se exatamente com as
mesmas características físicas da pessoa em vida. De pé, no espaço, olhava atentamente
seu corpo inerte, junto do qual os familiares choravam. Parecia que desejava mostrar-lhes
sua presença, mas talvez, por perceber que estava em dimensão diferente, desistiu.
Permanecendo ali por mais alguns instantes, voltou-se suavemente em direção à janela e
foi-se embora.” A descrição acima retrata muito bem o momento da morte.

O budismo refere-se à morte com a expressão “ir para nascer”. Observando a partir do
Mundo Espiritual, trata-se de nascer naquele mundo. Existe ainda a expressão “antes de
nascer”, que diz respeito ao período antes da morte. O espírito vive no Mundo Espiritual
durante poucos ou até centenas de anos e, depois, nasce novamente no Mundo Material.
Desse modo, o ser humano, alternando a vida e a morte, nasce inúmeras vezes. Creio que
a expressão “transmigração das almas” (rinne tensho) e o termo “reencarnação” usados
pelos budistas dizem respeito a isso.

Qual a relação entre o Mundo Espiritual e o ser humano?

Enquanto vive no Mundo Material, no cumprimento das tarefas designadas por Deus,
independentemente de ter ou não consciência disso, o ser humano terá impurezas acumuladas
em seu corpo espiritual. Outrossim, no que se refere ao corpo material, chega um momento em
que, por doença, velhice ou outro motivo, o ser humano encontra dificuldade para cumprir os
desígnios de Deus. Nessa situação, seu espírito abandona o corpo e regressa ao Mundo
Espiritual: eis o que se chama de morte. Nesse sentido, desde tempos remotos, dá-se o
nome de “invólucro vazio” ou simplesmente “vazio” ao corpo carnal sem o espírito.

No momento em que o espírito entra no Mundo Espiritual, inicia-se, na maioria deles, o


processo de purificação das impurezas. A quantidade destas, logicamente, determina uma
vida espiritual em uma posição mais elevada ou mais baixa, e o tempo de purificação, mais
curto ou mais longo. Os períodos mais curtos duram poucos anos, às vezes dezenas, e os
mais prolongados, centenas ou até milhares de anos. Os espíritos que alcançam certo grau
de purificação reencarnam por desígnio de Deus.

Este é o curso normal; porém, de acordo com a pessoa, há situações em que isso não
ocorre. Por exemplo, aqueles que, na ocasião da morte, têm forte apego à vida, acabam
reencarnando antes de terem sido suficientemente purificados no Mundo Espiritual. Eles
terão um destino infeliz, porque precisarão purificar uma considerável quantidade de
pecados e impurezas da vida anterior que ainda lhes restam. Nesse sentido, podemos ver
também muitas pessoas que, apesar de serem boas, são infelizes. São pessoas que, na
vida anterior, cometeram muitos pecados e, no momento da morte, se arrependeram
tomando a firme decisão de nunca mais praticarem o mal. Como esse sonen se encontra
(72)

impregnado em seu espírito, ao reencarnarem prematuramente, sem terem sido


suficientemente purificadas, apesar de detestarem o mal e praticarem o bem, vivem
sofrendo. Contudo, não são poucos os exemplos de pessoas que, passando um período de
infelicidade e tendo os pecados e impurezas dissipados, tornam-se subitamente felizes.

Da mesma forma, há homens que se orgulham de sua conduta exemplar de não terem
se relacionado com outra mulher além de sua esposa, e outros que não desejam casar-se,
terminando a vida solteiros. São indivíduos que, na vida passada, criaram sua infelicidade
em relacionamentos com mulheres. Por esse motivo, morreram com uma espécie de pavor
em relação a elas, e esse sonen ficou incutido em seu espírito.

Há também algumas pessoas que têm uma forte aversão ou medo de certas aves,
insetos ou animais selvagens. Isso tem origem na morte que tiveram, causada por um
deles. O mesmo pode ser dito em relação àqueles que têm medo de água, fogo ou de
lugares altos, pois os mesmos foram a causa de sua morte.

Existe o que se chama de demofobia, isto é, pessoas que sentem medo de lugares
onde se aglomera muita gente. É porque, em outra vida, tiveram morte por pisoteamento.

Há casos curiosos de pessoas que têm medo de ficar sozinhas em casa. Ministrei
Johrei a uma pessoa assim. Ela não conseguia permanecer em casa quando todos saíam
por sentir-se solitária e aterrorizada. Nessas ocasiões, sempre ia para a rua e ficava
esperando alguém chegar. Provavelmente, na vida anterior, essas pessoas sofreram um mal
súbito enquanto estavam sozinhas em casa e tentaram chamar alguém, mas acabaram
falecendo sem que ninguém tivesse chegado.

Pelos diversos exemplos apresentados, observa-se que o ser humano deve, no seu dia
a dia, manter a mente sem apegos e medos, de forma a ter uma morte tranquila e serena.

Além do apego da própria pessoa, outro fator que influencia a reencarnação prematura é
o apego dos familiares. É comum o caso de mulheres que engravidam logo após o
falecimento de um filho querido. Esse novo filho é aquele que morreu e reencarnou
prematuramente, em virtude do apego da mãe. Geralmente, essa criança não será muito feliz.

As pessoas nascem com graus diferentes de sabedoria. Por quê? É pela diferença entre
os espíritos velhos e os novos. Os mais velhos, por terem reencarnado muitas vezes,
possuem uma larga experiência deste mundo, ao passo que os novos, por terem nascido
recentemente no Mundo Espiritual, têm pouca experiência e são menos sábios. O que são
espíritos recém-nascidos? São espíritos que nasceram após um processo de reprodução
no Mundo Espiritual.

Creio que muitos já devem ter tido a experiência de encontrar um desconhecido e sentir
uma grande afinidade, como se fossem pai e filho, ou irmãos. A razão é que, na vida
anterior, eram parentes bem próximos ou tinham laços de estreita amizade; a isso dá-se o
nome de afinidade espiritual.

De maneira semelhante, por ocasião de uma viagem, encontramos lugares pelos quais
sentimos especial familiaridade e onde desejaríamos residir. É porque, em outra vida,
moramos ou passamos muito tempo nesses locais.

No relacionamento entre homem e mulher, há casos em que ambos vivem uma paixão
ardente, que progride até se tornar um amor cego. A explicação é que, na vida anterior,
apesar de enamorados, não conseguiram unir-se. Na vida atual, apresentando-se essa
oportunidade, cria-se entre os dois uma paixão arrebatadora.

Ao lermos sobre determinados personagens ou acontecimentos históricos, às vezes


sentimos simpatia e familiaridade ou até mesmo ódio. Isso ocorre porque vivemos na época em
que aqueles fatos se sucederam ou porque tivemos alguma relação com aqueles personagens.

5 de fevereiro de 1947

A DOENÇA E AS
CARACTERÍSTICAS 

DO SER HUMANO
P
or meio da minha larga experiência, percebo que a doença e as características
das pessoas apresentam correspondências. Por exemplo, por ocasião do
tratamento das doenças, é possível notar que as pessoas dóceis e obedientes
curam-se com facilidade, e as pessoas descomplicadas apresentam sintomas simples. Ao
contrário, nas criaturas de gênio forte, as doenças tendem a se prolongar. Aquelas que são
teimosas, a doença também o é. Em pessoas instáveis, a doença é, igualmente, instável;
em pessoas irônicas, ela toma um curso também irônico.

Ao cuidar de algum doente, deve-se ter em mente que a melhoria das características
consideradas negativas dessa pessoa influenciará positivamente sobre a doença. Assim
sendo, o melhor é que ela se torne dócil e obediente em todos os aspectos.

1936

39
Estejam cientes de 

que a consciência
gerada pela Verdade 

é o Bem, e que
a forma criada pelo Bem 

é o Belo.
T
enho dito sempre que o Paraíso é o Mundo da Arte, mas se nos limitarmos a
essa afirmação, o conceito ficará por demais abstrato. Naturalmente, o
aperfeiçoamento das artes plásticas, da literatura, das artes cênicas e das
demais artes resultaria no mundo mencionado, o que seria amplamente satisfatório. Na
realidade, é preciso que todas as artes estejam presentes, ou melhor, que tudo se
transforme em arte; caso contrário, não podemos dizer que seja o verdadeiro Paraíso. A
cura das doenças pelo Johrei proposto por mim, na realidade, é uma magnífica arte da vida.
Isso porque, em sua essência, a arte deve satisfazer às três condições: Verdade, Bem e Belo.

Antes de mais nada, no enfermo não há, fundamentalmente, Verdade, dado que esta
consiste no fato de que o ser humano deve ser saudável. Quando ele perde a saúde,
significa que não se encontra mais em seu estado natural. Tomemos, por exemplo, uma
jarra: se ela sofrer alguma avaria, perderá sua utilidade, pois a água poderá vazar, não
permanecerá mais em pé ou mesmo se quebrará no momento do uso. Assim sendo, como
objeto, nela não há mais verdade. Para que possamos utilizar a jarra novamente,
precisamos consertá-la. O mesmo se dá com o ser humano. Se uma pessoa, por motivo de
doença, não puder mais desempenhar suas atividades, acabará se sentindo inútil; por essa
razão, é necessário “restaurá-la”. Eis por que existe o Johrei da nossa religião.

A seguir, vamos analisar o bem. Se a pessoa não possuir qualquer parcela de bem e
praticar somente o mal, ela não será um ser humano verdadeiro, mas um animal. Tal
espécie de pessoa causa prejuízos à coletividade em que vive; portanto, significa que,
muito mais que desnecessária, sua existência deve ser negada. Todavia, isso compete a
Deus, que detém o poder de concessão da vida e da morte.

Como resultado da própria conduta, muitas pessoas fracassam, sofrem com doenças
ou caem na extrema pobreza. Algumas chegam a perder a vida. Isso vem a ser realmente o
julgamento de Deus. Embora se fale no mal de forma geral, existe o mal praticado
consciente ou inconscientemente. Assim sendo, o sofrimento de quem pratica o mal varia
de acordo com essa diferença. Nesse aspecto, existe uma rigorosa imparcialidade.

Para finalizar, falaria sobre o belo, mas por ser assunto do domínio de todos, dispenso
maiores comentários.

Como se pode observar claramente, a condição fundamental para transformar este


mundo em Paraíso está na concretização da Verdade, do Bem e do Belo. Assim sendo,
tanto a cura das doenças que realizamos como a reforma dos métodos agrícolas são,
evidentemente, artes. A primeira, conforme afirmei anteriormente, é a Arte da Vida, e a
segunda, a Arte da Agricultura. A construção do Protótipo do Paraíso Terrestre que estamos
realizando paralelamente a essas duas é a Arte do Belo. Com a junção das três, ou seja,
consubstanciada a trilogia Verdade-Bem-Belo, construiremos o Mundo da Luz, que não é
senão a concretização do Paraíso Terrestre, do Mundo de Miroku.

Coletânea Alicerce do Paraíso, vol. 5,


“O Paraíso é o Mundo da Arte”, 4 de outubro de 1950

Você também pode gostar