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A
seguir, vou explicar o que é a toxina. Em outras
palavras, a toxina é sangue turvo; são nuvens
espirituais. Conforme já escrevi outras vezes, as
nuvens espirituais surgem devido aos pecados e às
impurezas que, evidentemente, se originam no mal. Todos
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D
esejo falar a respeito do sabor da fé. Não existe,
neste mundo, nada que seja destituído de sabor.
Tudo possui seu sabor, seu encanto: as coisas, o
ser humano e a vida cotidiana.
Se o excluirmos da vida, esta se tornará insípida e o ser
humano, certamente, perderá a vontade de viver. Por
conseguinte, creio que não é exagero dizer que o seu apego à vida
decorre do deleite proporcionado pelo sabor. Evidentemente,
também na fé existem aquelas com e sem sabor. Pode parecer
estranho, mas no mundo, há exemplos de fé que suscitam medo.
Seus adeptos temem as divindades e vivem sob fortes restrições,
aprisionados pelos mandamentos e sem nenhuma liberdade.
Denomino de fé infernal esse tipo de fé.
Originariamente, o ideal da fé é um contínuo estado de
tranquilidade em que o ser humano vive com alegria e prazer.
Então, ele percebe que a beleza da Natureza expressa nas flores,
nas aves, na brisa, na lua, no canto dos pássaros, nas águas e nas
montanhas são dádivas de Deus para confortá-lo. Agradece
profundamente por ser abençoado com alimentos, vestuário e
moradia. Sente proximidade não apenas dos humanos, mas de
todos os seres vivos da fauna e da flora. É preciso chegar a um
estado de espírito em que, após o máximo esforço em qualquer
situação, a pessoa se entrega a Deus. Isso significa “estar em
estado de graça ”.
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Sempre que me deparo com uma questão difícil de ser
resolvida, procuro entregá-la aos cuidados de Deus e aguardo.
Numerosas experiências minhas demonstraram que essa atitude
leva a resultados melhores do que os esperados. Posso afirmar
que nenhuma vez ocorreu de os resultados terem sido da forma
como eu temia. Costumo alimentar esperanças e acho
interessante o fato de os resultados superarem as expectativas.
Quando surge algo desagradável, momentaneamente me
preocupo, mas logo penso que se trata da premissa para bons
acontecimentos. Entrego o problema a Deus e percebo que a
situação ruim, infalivelmente, traz coisas boas. Já que, por vezes,
são preocupações infundadas, não me contenho de tanta gratidão.
Em suma, sou uma pessoa agraciada de milagres. Eis o que
denomino de maravilhoso sabor da fé.
Coletânea Assuntos sobre fé, 5 de setembro de 1948
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No original, a expressão é houetsu no kyoti, que significa “felicidade que brota
no coração pela fé”, segundo ensinamentos budistas. Também significa “uma alegria
que encanta” ou “estado de êxtase”. Na tradição cristã, uma pessoa que está em
estado de graça vive na amizade e amor de Deus. O vocábulo “graça” provém do
latim gratia, que deriva de gratus (grato, agradecido). Também significa
“gratificar”, que, desde o século XV, equivalia a agradecer.
O QUE É A DOENÇA? – O RESFRIADO
Alicerce do Paraíso – Vol. 3
V
ou explicar em que ponto a medicina está mais
equivocada, uma vez que ela considera o corpo
humano apenas uma matéria e, com base nisso,
vem desenvolvendo o tratamento terapêutico materialista. A
respeito disso, citarei o exemplo prático de uma doença, pois
creio que isso ajudará as pessoas a compreender melhor minha
colocação.
Acredito que uma doença que todos, sem exceção, já
contraíram, seja o resfriado. Até hoje, a medicina diz que sua
causa é desconhecida. Mesmo recentemente, ela apenas afirma
ter descoberto que o resfriado é transmitido por um vírus que está
no ar, ou ainda, que é uma doença de natureza alérgica. Contudo,
do nosso ponto de vista, tudo isso não passa de teorias
inconsistentes. Dentro em breve, com certeza, acabarão caindo
por terra.
O ser humano, ao nascer, traz dentro de si vários tipos de
toxinas . A medicina também admite isso. Por exemplo, além
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E
ntre as pessoas da atualidade, provavelmente não
haja quem não se encontre com binetsu. A
diferença é se a pessoa tem ou não consciência
disso. Uma vez que essa condição exerce, muito mais do que se
imagina, forte influência sobre o ser humano, passarei a
descrever os vários sintomas.
O indivíduo tem dor de cabeça, sente a cabeça pesada, sua
capacidade de concentração diminui, torna-se disperso, sua
memória enfraquece, não faz nada com afinco, tudo lhe parece
difícil, passa o dia com o corpo pesado e, por qualquer motivo,
logo quer se deitar. Além disso, quase não tem apetite, mostra
muitas preferências e rejeições em matéria de comida, prefere
alimentos com mais caldo e toma muito líquido. Irrita-se com
facilidade, fica depressivo, e como não acha graça em nada, passa
a encarar os fatos com pessimismo. A histeria também se encaixa
no que estou decrevendo.
A pessoa vê tudo de forma negativa, prefere o tempo
chuvoso ao tempo bom, contrai resfriado com frequência, fica
com o nariz entupido, tem zumbidos, as amígdalas inflamam
facilmente, perde o fôlego e sente peso nas pernas ao subir uma
ladeira ou quando anda rápido. Em uma breve análise, este é o
quadro que se apresenta quando a pessoa está com binetsu, o que
não devemos absolutamente desprezar.
Com tudo o que dissemos, é fácil deduzir que tais
indivíduos não mantêm um bom relacionamento com os amigos.
Aliás, não se dão bem com ninguém. No lar, isso se reflete na má
relação entre o casal e entre pais e filhos. Eles tentam impor seus
pontos de vista, agem de maneira egoísta e ainda procuram
apresentar razões para a sua conduta. Nessa situação, a liberdade
de agir é a justificativa mais alegada. Como o ambiente no lar
fica insuportável, facilmente ocorrem fatos desagradáveis.
Ultimamente, muitos rapazes e moças têm abandonado seus
lares, e a explicação deve ser a que estamos expondo. Os casos
mais trágicos acabam em suicídio de toda a família.
Os problemas continuam. No tocante ao convívio social,
muitas pessoas procuram justificativas egoístas para suas
condutas e, dessa forma, criam desarmonia ao seu redor,
deflagram discussões por motivos insignificantes e criam
conflitos sem nenhuma necessidade. Tudo isso é causado pelo
excesso de egocentrismo. Creio que tal situação ocorre com
frequência na política. Mesmo dentro das instituições, em caso
de discussão de determinado assunto, há muito falatório,
levando-se um tempo enorme para se chegar a um acordo.
Parece-me que as pessoas não conseguem perceber a causa
desses fatos e, mais ainda, nem têm interesse nisso.
As complicações não acabam por aí. Numa sociedade
conturbada como a que acabamos de mencionar, as pessoas
passam mais por coisas ruins do que por coisas boas e,
logicamente, procuram fugir dos aborrecimentos. Então, vem a
bebida. Deve ser esta a razão pela qual, por mais que seu preço
suba, o consumo não diminui. Além disso, na ânsia de fugir dos
sofrimentos, as pessoas acabam procurando diversões que lhes
proporcionem fortes estímulos. Os jovens procuram cabarés,
discotecas, casas de jogos e outros locais suspeitos. Os
indivíduos de mais idade, desde que tenham algumas posses,
procuram refúgio em amantes ou em bordéis. Assim é que, no
mundo atual, proliferam diversões não saudáveis.
Se a origem de um quadro tão sombrio, conforme dissemos,
é o binetsu, que as pessoas normalmente apresentam, não há nada
mais temível que esse estado. No entanto, não é só isso. Quando
a pessoa está dessa maneira e se submete ao exame de saúde, os
médicos acham que é o início da tuberculose, o que complica a
situação. Diante do diagnóstico, ela passa a fazer repouso
absoluto e a se submeter a vários tratamentos médicos. O
resultado é que a maioria, depois de sofrer por anos seguidos,
acaba partindo para o outro mundo. Certamente, é difícil
encontrar uma entre cem pessoas que, felizmente, se restabeleça
e volte ao trabalho como fazia antes. Consequentemente, visto de
qualquer ângulo, é evidente que devemos ter um organismo livre
do binetsu.
Qual é a causa do binetsu? São as toxinas medicamentosas,
as quais se encontram solidificadas em vários pontos do corpo,
determinando um processo brando de purificação. Para eliminá-
la de verdade, não há absolutamente nada a não ser o Johrei. À
medida que aumenta o número de fiéis da nossa religião, tende a
desaparecer o quadro sombrio que descrevemos, não havendo,
portanto, a menor dúvida de que surgirá uma sociedade
extremamente agradável de se viver. Este é justamente o
panoram do Paraíso Terrestre.
5 de setembro de 1951
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Título anterior: “O que é o estado ligeiramente febril”.
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Binetsu: denominação usada no Japão para temperatura corporal medida entre
36,5º e 37,4º C. Na medicina ocidental, não existe uma nomenclatura para esta faixa
de temperatura, sendo considerada dentro da normalidade. No Ocidente, a
temperatura corporal a partir de 37,5º C é considerada estado subfebril e, acima de
38º C, febre.
É POSSIVEL MUDAR O DESTINO
LIVREMENTE
Alicerce do Paraíso – Vol. 4
C
omo todos sabem, desde os tempos antigos, o ser
humano costuma resignar-se a tudo – seja a uma
situação boa ou ruim – atribuindo o desenrolar dos
acontecimentos ao destino, definindo-o como “algo que não pode
ser mudado”. Todavia, eu desejo ensinar que todos podem mudá-
lo livremente; em outras palavras, originariamente, o destino foi
criado de tal forma que a própria pessoa possa transformá-lo. A
compreensão deste fato nos leva não só a abandonar a visão
pessimista do mundo, mas a encarar este de maneira
extremamente otimista.
Nem é preciso dizer que ninguém deseja ter um destino
infeliz. É natural que todos almejem a boa sorte e empreendam
incomensuráveis esforços, fazendo das tripas coração para isso.
Apesar de a felicidade ser uma aspiração comum a todos, quantas
pessoas a alcançam? Entre cem indivíduos, talvez não haja
sequer um feliz. Em geral, partem para o outro mundo em meio
a muitas dúvidas sobre como obtê-la. Viver assim é realmente
desolador!
Conforme Buda Sakyamuni afirmou: “Tudo muda e nada é
permanente.” Muito raramente alguém alcança a boa sorte de
fato. Diante disso até surgem pessoas que se mantêm firmes em
busca de seus sonhos e despertam para a consciência de que o
mundo é bom.
Nada seria mais maravilhoso do que um método para se
alcançar verdadeiramente a boa sorte. Como ninguém conhece
tal método, as pessoas acabam traçando um destino infeliz, isto
é, criam para si uma prisão e vivem em sofrimento dentro dela.
Na realidade, o mundo está repleto dessas pessoas dignas de
compaixão.
O que é necessário, então, para o ser humano se tornar feliz?
É mais do que evidente que basta semear o bem. Desde os
tempos antigos, há a expressão budista: “O bem produz bons
frutos e o mal, maus frutos.” A semente do mal tem origem na
concepção egoísta que leva as pessoas a objetivar benefícios
apenas para si e a não se importar com o sofrimento e o prejuízo
que possam causar ao próximo. A semente do bem origina-se no
amor altruísta de querer alegrar e favorecer o semelhante. Tudo
isso parece simples, mas é muito difícil. A vida é realmente muito
complexa. Afinal, como devemos proceder? Precisamos crer no
princípio acima mencionado e tornar nosso espírito capaz de
acatá-lo pois, assim, acabaremos praticando o bem. Para tanto,
evidentemente não há outra forma a não ser seguir uma fé. Não
obstante, devemos ser cautelosos, pois, mesmo em se tratando de
fé, há diferenças entre elas. Obviamente, há necessidade de
selecionar uma entre as muitas que existem. Modéstia à parte, a
fé messiânica é a que está mais concorde com as condições que
citei. Em razão disso, aconselho aos sofredores e infelizes que
ingressem na nossa fé o quanto antes.
Jornal Eiko nº 145, 27 de fevereiro de 1952
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Título anterior: “Nós é que traçamos o destino”
SUBJETIVISMO E OBJETIVISMO
Alicerce do Paraíso – Vol. 4
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a vida, o ser humano tende a prender-se à sua
visão subjetiva. É fato que isso ocorre com
frequência no universo feminino. Ser vítima do
próprio subjetivismo é altamente perigoso. Isto porque ele –
preso a suas convicções e considerando-as corretas – avalia o
próximo de acordo com os próprios critérios, e as coisas não
correm satisfatoriamente. Além de causar sofrimentos aos
semelhantes, ele mesmo se aflige.
Por esse princípio, o ser humano sempre deve analisar-se
objetivamente, isto é, deve criar dentro de si um “segundo eu”,
que o observe e o critique. Agindo assim, certamente não
incorrerá em erros.
Há um episódio interessante que envolve Ruiko Kuroiwa,
ex-diretor do antigo jornal Yorozu Choho e conhecido tradutor
de romances. Ao mesmo tempo, ele era um pensador que eu
ouvia com frequência. Citarei um trecho dele que muito me
impressionou: “Ninguém nasce perfeito. Se o ser humano deseja
verdadeiramente se aperfeiçoar, deve criar um ‘segundo eu’, o
que se pode chamar de um segundo nascimento.” Ainda hoje,
sinto o quanto fui movido e beneficiado por essa teoria.
Jornal Kyusei nº 54, 18 de março de 1950
A CAUSA DA POBREZA
Alicerce do Paraíso – Vol. 4
O
objetivo da nossa Igreja é construir um mundo
isento de doença, pobreza e conflito. No que diz
respeito à doença, penso já ter apresentado
considerações e explicações a partir de diferentes ângulos.
Oportunamente deverei esclarecê-la do ponto de vista da
medicina revelada por Deus, mas por ora vejamos as questões
relacionadas à pobreza e ao conflito. Antes de mais nada, nem
preciso dizer que a causa da pobreza, obviamente, é a falta de
saúde. Contudo, existem outras causas importantes sobre as quais
escreverei a seguir.
A causa da pobreza está na doença que, além de não
permitir que a pessoa trabalhe, requer uma grande soma para
despesas com tratamentos médicos. Se a doença durar pouco
tempo, a situação ainda é suportável; mas, quando se prolonga,
leva ao desemprego. Assim, o infortúnio causado pela doença é
acrescido das dificuldades financeiras, de modo que a pessoa,
com a aflição duplicada, tem seu futuro envolto em nuvens
escuras de insegurança, sem poder avançar ou recuar. Podemos
dizer que esse é realmente um sofrimento típico das profundezas
do inferno.
O mundo está repleto de criaturas infelizes que se
encontram nessa situação. Ao conhecerem nossa religião, elas
conseguem livrar-se imediatamente do tormento e, vislumbrando
uma luz no fim do túnel, iniciam uma vida repleta de alegrias.
Relatos dessa natureza podem ser vistos em grande quantidade
nas experiências de fé que publicamos.
A maior parte dos casos de pobreza pode ser solucionada
dessa forma. Aprofundando-me um pouco mais, abordarei outro
aspecto importante. Para que possam conhecer o segredo para a
solução definitiva do problema da pobreza, relatarei minha
experiência sobre o assunto.
Quando eu era jovem, apesar de não professar fé alguma,
sempre tive o intenso desejo de melhorar a sociedade. Achando
que, para isso, não havia meio mais eficaz do que instituir uma
empresa jornalística, fiz alguns estudos e fiquei sabendo que
precisaria de mais ou menos um milhão de ienes. Ora, eu sou de
família pobre e só pude me casar e ter uma família graças à
pequena soma que herdei de meus pais.
Abri, então, uma loja de miudezas a varejo, cuja metragem
frontal era de dois metros e setenta centímetros. Como os
resultados de vendas foram bons, em pouco mais de um ano,
comecei um comércio por atacado e, aproximadamente dez anos
depois, eu era considerado bem-sucedido no mundo dos
negócios. Por volta de 1919, meus bens somavam o equivalente
a cento e cinquenta mil ienes.
Precipitando-me em conseguir logo a quantia necessária à
abertura do jornal, quis dar um passo maior que a perna e acabei
ficando com um enorme saldo negativo devido ao fracasso que
tive no empreendimento. Consequentemente, fui obrigado a
desistir da ideia do jornal e recorrer à religião para confiar a Deus
meus sofrimentos em decorrência das vultosas dívidas que se
estenderam por aproximadamente vinte torturantes anos. No
entanto, hoje vejo que tudo isso constituiu minha prática ascética.
Em geral, os religiosos se isolam nas montanhas, banham-se em
cascatas e fazem jejum, mas acho que minha prática ascética foi
muito mais difícil e sofrida que a deles. E não foi apenas uma ou
duas vezes que me vi na mais profunda pobreza. Vou revelar a
“filosofia da pobreza” que consegui intuir nessa época.
Além da doença, as dívidas são a causa da pobreza. Cheguei
à conclusão de que, se não as contrairmos, jamais ficaremos
pobres. Ora, quando se toma dinheiro emprestado, é certo que
chegará o dia em que se tem de pagá-lo. A quantia a restituir é
definida, mas o dinheiro que se deveria ter, nem sempre entra no
prazo previsto. Aí é que os cálculos se desencontram. Quando se
faz uma dívida, correm juros infalivelmente todos os dias, até que
ela seja liquidada completamente. Por conseguinte, ainda que os
cálculos mostrem um ganho considerável, subtraindo-se os juros,
não haverá o lucro esperado. Além do mais, a dívida acarreta um
abalo psicológico e uma constante intranquilidade espiritual, que,
embotando a inteligência, torna impossível o surgimento de boas
ideias.
Assim sendo, podemos afirmar que a causa da maioria dos
fracassos e da pobreza na sociedade está no endividamento.
Depois que concluí a respeito dessa realidade, digo sempre às
pessoas: “Se você tiver cem mil ienes, empregue no negócio
apenas um terço dessa quantia, isto é, trinta mil ienes.” À
primeira vista, essa forma de empreendimento parece modesta,
mas com o tempo, acaba crescendo. A razão do meu conselho é
que, uma vez sendo empregada essa quantia, caso ocorra um
revés, a pessoa poderá recomeçar com outros trinta mil ienes e,
desta vez, aplicando um novo método baseado na experiência do
fracasso. Com isso, geralmente, se chega ao sucesso. Mesmo
que, eventualmente, o empreendimento incorra em um novo
fracasso, ainda restarão à pessoa os últimos trinta mil ienes; se
ela fizer nova tentativa, é certo que será bem-sucedida.
No entanto, se tiverem cem mil ienes, as pessoas, em sua
maioria, começam o negócio empregando o total da quantia. Às
vezes, até fazem empréstimo de mais cinquenta mil. Assim,
começam com cento e cinquenta mil, o que é realmente arriscado.
Se o empreendimento falhar, é certo que elas recebam um golpe
do qual nunca mais conseguirão se recuperar. Todavia, quem agir
de acordo com o meu método, terá uma reserva monetária.
Assim, se surgirem oportunidades de aquisição de mercadorias
mais baratas ou alguma transação de lucro certo, poder-se-á
fechar o negócio de imediato e, assim, obter lucros, de certa
forma, inesperados. Em contrapartida, quando todos os recursos
estão empatados, às vezes podem surgir dificuldades na hora do
pagamento ou mesmo inadimplência e, dessa maneira, a perda do
crédito. Havendo uma reserva de dinheiro, a pessoa poderá
honrar o pagamento sempre no prazo e, com isso, conquistar
maior crédito. Assim, usufruirá de múltiplos benefícios.
A respeito disso, desejo dar um exemplo de um fato de
grandes proporções que ocorreu recentemente.
O principal motivo da derrota do Japão na última grande
guerra foi sua política de empréstimos. Parece que são poucas as
pessoas que têm percebido esse fato, mas é um assunto que
merece a atenção de todos.
Até o início da guerra, o Japão veio aumentando
excessivamente suas importações a cada ano. Como as dívidas
foram se avolumando, tornou-se necessário fazer novos
empréstimos para pagar a dívida anterior. Foi com
esses empréstimos que nosso país aumentou o poderio militar,
expandiu seu território e estendeu cada vez mais suas mãos para
invadir outros países. Naturalmente, além de empréstimos
externos, também se realizaram empréstimos internos, de modo
que o Japão acabou ampliando a política de dívidas públicas além
de seu limite. Os prejuízos que a Ferrovia Nacional está sofrendo
atualmente são herança dessa política. Caso o Japão não a tivesse
adotado, talvez não tivessem surgido pessoas ambiciosas, ávidas
por invasões. E mais: ao contrário do que ocorreu, anualmente, o
comércio teria aumentado o volume de exportações e, sem
sombra de dúvida, o Japão se tornaria imensamente próspero. Em
consequência, é evidente que a cultura pacifista teria se
expandido amplamente, a moral do povo se elevaria e seríamos
uma nação feliz, estimada pelo mundo inteiro. Se nosso país
fosse próspero, poderia importar somente o necessário em
matéria de alimentos. E, por proporcionar aos demais países uma
sensação de segurança, as nações de grande extensão territorial
receberiam, com muito prazer, os imigrantes japoneses, e o
controle da natalidade seria desnecessário.
Se a política de empréstimos de uma nação tem essas
consequências, ocorre o mesmo no nível pessoal. Acredito que,
com o que expus, puderam compreender a forma de se solucionar
o problema da pobreza.
Jornal Hikari nº 50, 30 de junho de 1949
A VITÓRIA DO CULTIVO NATURAL:
A FORÇA DO SOLO(10)
Alicerce do Paraíso – Vol. 5
SUPERSTIÇÃO DO ADUBO
Esclarecendo melhor o assunto, o fato de as plantas
parecerem fracas durante dois ou três meses se deve à presença
de toxicidade dos adubos tanto no solo quanto nas sementes.
Com o passar dos dias, essa toxicidade vai sendo eliminada, e o
solo e a plantação tendem a melhorar, restabelecendo-se a
capacidade original de ambos. Acho que esta teoria é
perfeitamente compreensível para os agricultores, pois eles
sabem que, após o acréscimo de água do campo do arrozal ou
uma chuva forte, mesmo nos arrozais alagados em estado já
degradado, sobrevêm certas melhoras. Isso ocorre porque o
excesso de toxicidade dos adubos foi lavado e reduzido. Quando
o desenvolvimento das plantas não é bom, os agricultores
costumam repor terras de outras localidades ao solo e, com isso,
se observa uma ligeira melhora. Os agricultores acham que, com
as sucessivas e contínuas plantações, o solo foi-se tornando pobre
devido à absorção de seus nutrientes pelas plantas; por esse
motivo, a melhora sobrevém com a reposição de novas terras.
Todavia, isso é um equívoco, pois o solo se enfraqueceu e tornou-
se pobre em decorrência da toxicidade dos adubos utilizados, ano
após ano. Por intermédio dessa interpretação, podemos perceber
facilmente o quanto os agricultores estão influenciados pela
superstição do adubo.
N
o primeiro número da nossa revista Tijo Tengoku,
publiquei um artigo voltado para os agricultores
em que detalhei o cultivo agrícola sem adubos.
Desta vez, explicarei, principalmente, as hortas caseiras.
Na referida revista e no nosso jornal, divulguei os
excelentes resultados obtidos pelos agricultores por meio do
cultivo sem adubos. Acredito que os leitores tenham conseguido
entender, em linhas gerais. As hortas caseiras são praticadas
principalmente por leigos e, por essa razão, posso afirmar
categoricamente que as boas-novas do cultivo sem adubos traz
uma grande alegria, tal qual uma luz que surge na escuridão.
Até agora, nas hortas caseiras, utilizava-se principalmente
esterco como adubo, mas manuseá-lo é, evidentemente,
insuportável tanto pela questão do mau cheiro quanto por outros
aspectos. Adotando-se o cultivo sem adubos, tais sofrimentos
desaparecem, tornando-se uma prática higiênica e
profundamente prazerosa. Além disso, é menos trabalhoso, e os
resultados são bem melhores comparados aos da agricultura que
usa adubos. Por conseguinte, é como se matassem dois coelhos
com uma só cajadada. Vou enumerar as vantagens desse cultivo:
1 – Sendo utilizado apenas composto à base de vegetais, o
agricultor terá menos trabalho e estará livre da parte desagradável
causada pelo uso de esterco;
2 – As hortaliças obtidas são de melhor qualidade e
possuem sabor incomparável às cultivadas com adubos;
3 – O tamanho e a quantidade das hortaliças aumentam;
4 – O aparecimento de pragas reduz-se a uma pequena
fração quando equiparado ao cultivo com adubos, dispensando-
se, evidentemente, o uso de agrotóxico;
5 – A preocupação com a transmissão de parasitas,
principalmente de lombrigas, torna-se desnecessária.
Muitas outras vantagens poderiam ser citadas, mas
relacionei apenas as principais.
Uma vez que os espaços nas hortas caseiras são pequenos,
normalmente não se plantam arroz nem trigo, e sim, hortaliças.
Por essa razão, vou explicar as experiências de cultivo que tive
com algumas delas.
As batatas-inglesas são bem brancas, de consistência
cremosa e de aroma agradável, que chegam a estimular
fortemente o paladar. O tamanho e a produção reduzidos
apontados pelos praticantes leigos se devem aos adubos
anteriormente utilizados no cultivo das mesmas. Sem sua
aplicação, o tamanho e a quantidade serão maiores.
As plantas de milho são mais altas, os caules, mais grossos,
e as folhas, bem mais verdes do que o comum. As espigas são
mais grossas e compridas, com os grãos bem adensados e
alinhados, macios e doces. As pessoas ficam admiradas com seu
sabor inigualável.
Os nabos são bem brancos, de casca lisa; seu comprimento
e grossura apresentam-se maiores e são mais macios e saborosos
que os comuns. A frequente ocorrência de textura fibrosa e com
pequenas cavidades nos nabos são em decorrência do uso de
adubos.
Todas as hortaliças que são apropriadas para conservas, tais
como acelga, mostarda, espinafre, repolho, possuem aroma
agradável, são volumosas, macias e muito apetitosas. No final do
ano passado, um praticante de horta caseira trouxe-me três
acelgas que pesavam mais de 5 kg cada uma. Eu nunca havia
visto uma acelga daquele tamanho.
Evidentemente, as leguminosas também têm bons
resultados na produção pelo nosso método de cultivo. A altura da
planta e as folhas são menores, como é o caso do edamame,
[N.T.: soja ainda na vagem verde], mas a produção chega a
dobrar. A maioria das vagens contém quatro grãos, e as de apenas
um grão são muito raras. Com o cultivo por meio de adubos, tanto
o caule como as folhas das leguminosas em geral crescem muito,
e a ocorrência da queda de flores é maior. Consequentemente, a
produção de grãos torna-se reduzida. Sem dúvida, a produção
sem o uso de adubos aumenta de 50 a 100%.
As berinjelas apresentam boa coloração, casca macia e
aroma agradável. Não só pela aparência, mas também pelo sabor,
quem já as provou não consegue comer as que são produzidas
com adubos.
Vou abreviar detalhes sobre a cebola, a cebolinha, o tomate,
a abóbora, tipos de pepino e outros, cujas qualidades se
mostraram excelentes. Especialmente, a abóbora apresenta
textura muito cremosa e sabor adocicado indescritível.
Entre os tubérculos, a batata-doce cresce tanto que chega a
nos surpreender. Se deixá-la por muito tempo sem colher, torna-
se inimaginavelmente grande.
O mesmo se verifica com as frutas, em especial as cítricas.
O caqui e o pêssego, entre outras, produzem frutos
incomparavelmente mais saborosos do que os de cultivo com
adubos.
Acima está um breve relato. A seguir, explicarei o princípio
e a utilização do composto.
No cultivo sem adubos, é necessário o uso do composto.
Existem dois tipos de composto: o de folhas de mato e o de folhas
de árvores. O primeiro é apropriado para ser misturado à terra, e
o segundo é indicado para fazer o berço de folhas . A respeito
(4)
D
esde a antiguidade, diz-se que “quando a
necessidade bate à porta, os princípios e a moral
saem pela janela” . Isso significa que, quando o
(76)
O
utro dia, nesta mesma coluna, afirmamos que a fé
deve estar de acordo com a lógica. Portanto,
acredito que os senhores tenham compreendido.
No entanto, recentemente, um responsável da Igreja Regional fez
uma nova pergunta relacionada ao assunto que apresentarei a
seguir.
Trata-se de uma fiel que ingressou na nossa Igreja, há cerca
de dois anos. Tornou-se messiânica devido à cura de infiltração
pulmonar do marido. Em fevereiro deste ano, o filho de dois anos
de idade contraiu pneumonia. Ao pedir orientação ao responsável
da unidade religiosa, este se dispôs a curá-lo e, desde então,
passou a ministrar-lhe Johrei fervorosamente. Contudo, não
houve melhora significativa e, por fim, o menino chegou a correr
risco de vida. Dias atrás, recebi um telefonema solicitando-me
pedido de graça. Depois disso, a criança obteve melhora.
Contudo, a mãe continuava preocupada com o estado de saúde
do filho e recorreu ao chefe de Igreja, indagando-lhe que
procedimento tomar. Assim, ele veio procurar-me trazendo a
mãe e a criança.
Minha resposta foi seguinte:
Uma doença tão simples como a pneumonia não deveria
perdurar por tanto tempo. Infalivelmente, deve existir algum
ponto que não esteja correto. São duas as causas. Uma delas
constitui um grave erro e, por tratar-se de um assunto particular,
manteremos em segredo. A outra é extremamente relevante e
como desejava que o chefe da Igreja também a ouvisse, expliquei
detalhadamente.
Já que os pais dessa criança haviam ingressado na nossa
Igreja, há um ou dois anos, o pai ou a mãe é que deveriam ter
ministrado Johrei ao próprio filho, acometido de uma simples
pneumonia. Caso assim tivessem procedido, a criança já estaria
restabelecida. No entanto, os pais, interpretando de forma
equivocada a situação e, sem mesmo se preocupar em ministrar
Johrei ao filho, incomodaram o responsável da unidade religiosa,
solicitando-lhe Johrei, procedimento completamente fora da
lógica. E o responsável, por sua vez, diz que foi até a casa da
criança ministrar-lhe Johrei, por algumas vezes. Portanto, a
atitude de ambas as partes está completamente equivocada.
Originariamente, a função do responsável de uma unidade
religiosa é o encaminhamento à fé das pessoas que ainda não são
membros. As que já o são, têm a permissão de Deus de realizar a
cura das doenças. Por conseguinte, em se tratando de doentes na
família, quem deve ministrar Johrei são os próprios familiares.
No caso apresentado, apesar de membro, a pessoa recorreu ao
responsável da unidade, o que significa atrapalhar suas
atividades. Por outro lado, o responsável deveria ter ensinado o
membro a respeito do assunto, mas ele não percebeu isso,
fazendo-me imaginar que ele se encontrava completamente
desatento. Em casos excepcionais, esse responsável até pode
ministrar Johrei, solicitando a Deus Sua permissão, mas, por
pouco tempo. Em suma, quando nada está de acordo com a
lógica, não é possível receber graças.
Por exemplo, os diretores, os responsáveis da Igreja
Regional, os responsáveis de unidades religiosas e demais
ministros, de acordo com sua posição e cargo, devem atentar para
não incorrer na falta de lógica. Para tanto, é preciso empenhar-se
habitualmente na leitura de ensinamentos, visando ao polimento
da própria inteligência superior (tieshokaku) e, dessa forma, em
qualquer situação, conseguirão perceber se estão ou não de
acordo com a lógica. Não se deve esquecer a diferença
entre daijo e shojo. Sempre devemos dar prioridade à expansão
da Obra Divina e deixar os assuntos particulares em segundo ou
terceiro plano. Ao procedermos dessa forma, tudo correrá
convenientemente, ou seja, se agirmos dentro da lógica,
considerando perdas e ganhos de forma global, poderemos
receber muitas e muitas graças. É evidente que, se causarmos o
menor transtorno à Obra Divina, as coisas não correrão a
contento.
Seja como for, trata-se de uma gigantesca atividade de
salvação da humanidade e, além do mais, Deus está com muita
pressa. Portanto, é preciso refletir profundamente sobre isso.
Jornal Eiko, nº 213, “A fé deve estar de acordo com a lógica”,
17 de junho de 1953
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A civilização atual não é capaz de fazer o ser humano feliz
porque foi criada pelas mãos humanas.
O PÃO NOSSO DE CADA DIA VOL. 1