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ENSINAMENTO DO MÊS

ANÁLISE DAS TOXINAS


Alicerce do Paraíso – Vol. 3

A
seguir, vou explicar o que é a toxina. Em outras
palavras, a toxina é sangue turvo; são nuvens
espirituais. Conforme já escrevi outras vezes, as
nuvens espirituais surgem devido aos pecados e às
impurezas que, evidentemente, se originam no mal. Todos
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sabem que essa visão de pecados e impurezas é quase que um


monopólio das religiões desde a antiguidade. Entretanto, é
lamentável que elas, até agora, tenham ensinado de forma
simplista, afirmando que não se deve fazer isso ou aquilo porque
é pecado. Para as pessoas do passado talvez isso bastasse, mas
hoje já não convence mais, pois a maioria é muito
intelectualizada e raciocina em termos científicos. Devem-se,
portanto, apresentar argumentos sólidos, com base em teoria
sistematizada e evidências verificáveis.
O mundo em que vivemos é constituído pelos Mundos
Espiritual e Material. Da mesma maneira, o ser humano é
formado de espírito e corpo físico, e ambos, numa relação íntima
e inseparável, têm por princípio a identidade espírito-matéria.
Sendo assim, quando as nuvens espirituais se refletem no corpo
físico, o sangue se turva; e quando este se reflete no espírito,
transforma-se em nuvens espirituais. Por ser este o ponto mais
importante, gostaria que realizassem a leitura levando-o em
consideração.
Explicando do ponto de vista espiritual, no momento em
que uma pessoa pratica más ações, esse pecado transforma-se em
nuvens espirituais e quando seu acúmulo atinge determinado
nível, sobrevém a ação purificadora na forma de doenças,
calamidades ou penalidades legais. A parte que escapou da lei
humana é punida espiritualmente pela Lei de Deus. Mesmo que
a pessoa consiga fugir habilmente dessas penalidades, por ser a
lei de Deus absoluta, as nuvens se refletirão no corpo físico,
tornando-se um grande sofrimento. Evidentemente, as doenças
sobrevindas nesses casos são malignas e, em muitos casos, chega
até a comprometer a vida. Quanto mais cedo o mal for punido,
mais leve será o castigo, podendo-se compará-lo a dívidas, que,
quanto mais se demora a saldá-las, mais crescem, devido ao
acúmulo de juros. De fato, há malfeitores que conseguem livrar-
se habilmente em vida dos julgamentos de Deus e do homem,
mas ao morrerem, seus espíritos passarão para o Mundo
Espiritual e cairão nas profundezas do Inferno devido ao peso dos
pecados. Então, por pior que seja o malfeitor, não há quem não
se arrependa do que fez. É exatamente como o “Inferno de
Incessante Sofrimento”, citado no budismo; o “Fundo do
Inferno”, mencionado no xintoísmo e, no Ocidente, o Purgatório
descrito no volume sobre o Inferno, da Divina Comédia, de
Dante Alighieri. Trata-se de um mundo de trevas, absolutamente
sem luz e calor, onde o espírito nada enxerga, permanecendo
congelado por centenas de anos; por isso, não há malfeitor, por
pior que seja, que não venha a desistir do mal. Para as pessoas da
atualidade, talvez seja difícil acreditar em situações como estas,
mas gostaria que me dessem total crédito, pois são fatos que me
foram transmitidos diretamente pelos espíritos por ocasião das
pesquisas que realizei, e posso garantir que não existe nenhum
equívoco.
Voltando ao assunto, a pessoa começa a sentir peso na
consciência por ter praticado o mal, e esse sofrimento já é uma
leve purificação. Seria bom que, nesse momento, ela se
arrependesse do que fez, mas como dificilmente isso ocorre, a
maioria das pessoas continua pecando. É claro que a quantidade
das nuvens espirituais corresponde à maior ou à menor gravidade
dos pecados. Há, ainda, fatores indiretos. Por exemplo, quando
se faz alguém sofrer, a pessoa atingida se enfurece, sente ódio
por aquele que lhe causou o sofrimento, e esse sonen se transmite
ao espírito do malfeitor como ondas de rádio por meio do elo
espiritual, gerando nuvens em seu espírito. Ao contrário, quando
a pessoa pratica o bem e alegra o próximo, o sentimento de
gratidão do outro é transmitido de volta na forma de Luz, e as
nuvens espirituais diminuem proporcionalmente. Além disso,
quanto mais o bem for praticado de forma oculta, sem que o
beneficiado o saiba, maiores serão as bênçãos de Deus. Esta é a
imutável Lei dos Céus.
Já que o que vimos acima sobre o Mundo Espiritual é uma
verdade absoluta, a única alternativa ao ser humano é crer e
obedecer. Portanto, uma vez que as doenças e outros infortúnios
são decorrentes da ação purificadora das nuvens espirituais, se o
ser humano deseja ser feliz, ele deve deixar de fazer o mal,
praticar o bem e esforçar-se para não nublar seu espírito.
Passarei, agora, a falar sobre o aspecto material.
O sangue turvo, que é a causa das doenças, obviamente, tem
origem nas toxinas medicamentosas. Todos os
medicamentos são substâncias tóxicas; porém, durante muito
(92)

tempo, eles vieram sendo erroneamente interpretados como um


recurso benéfico, pelo desconhecimento do fundamento de que a
doença é uma ação purificadora.
Baseado na minha experiência, desejo apresentar o
princípio sobre a toxina medicamentosa. Há casos em que ocorre
a reincidência da doença depois de algum tempo, mesmo em
pessoas que já tinham se restabelecido por meio do Johrei.
Chamo a isso de repurificação. O motivo é que, no início, com o
recebimento do Johrei ocorre a eliminação somente das toxinas
já em processo de dissolução e, com isso, o doente melhora por
um tempo. Entretanto, logo que ele retoma suas atividades, já
com vigor razoável, surge uma ação purificadora mais intensa.
Resumindo, com a purificação, a pessoa ganha saúde e, com esta,
surge a purificação. Pela repetição desse processo é que,
gradativamente, se restabelece a saúde.
Assim sendo, no caso da repurificação, por ser o processo
relativamente mais intenso, ocorrem febre alta e tosse intensa
para eliminar catarro antigo e solidificado, sendo isso perceptível
pela densidade deste e pelo odor de medicamentos. Obviamente,
há ainda perda de apetite, enfraquecimento do corpo etc.
podendo, às vezes, a pessoa partir para o outro mundo. De acordo
com as estatísticas, até hoje, essa proporção é de sete por cento;
portanto, noventa e três porcento das pessoas tornaram-se
totalmente saudáveis e ativas com o Johrei.
Com relação a estes maravilhosos resultados de cura de
doença, o fato ainda mais surpreendente é que a maioria que nos
procura são doentes em estado grave, a um passo da morte, que
já se submeteram a diversos tratamentos médicos, populares,
religiosos etc., sem alcançar a cura. Os resultados obtidos são tão
maravilhosos que talvez seja difícil acreditar. A propósito, no
caso dos sete por cento de pessoas que tiveram resultados
insatisfatórios, a causa, sem exceção, foi a grande quantidade de
toxinas medicamentosas ingeridas. Em suma, o Johrei é um
método de eliminação de toxinas medicamentosas, e isso torna-
se evidente ao observarem que, quanto maior for a redução da
quantidade dessas toxinas, maior é a tendência de melhora. Logo,
transformar o Japão em um país livre da tuberculose não é tão
difícil. Pode-se alcançar perfeitamente esse objetivo, suprimindo
os medicamentos e incentivando as pessoas a contrair resfriado.
Uma vez que Deus criou o ser humano como o personagem
principal do planeta Terra, providenciou a produção de alimentos
suficientes para sua subsistência, atribuindo sabor a cada um
deles e paladar ao ser humano. Comer com prazer aquilo que se
tem vontade de comer é o suficiente para se manter a saúde, sem
precisar preocupar-se, por exemplo, com os nutrientes. A mesma
lógica se aplica à questão da procriação que, apesar de não ser o
objetivo do desejo sexual, acaba ocorrendo como consequência
natural dele. Sendo assim, o ser humano não deve ingerir
substâncias estranhas que não sejam alimento, isto é, deve excluir
tudo o que é insípido ou amargo, pois isso indica o que não deve
ser ingerido. Por desconhecimento desse princípio, costuma-se
dizer, desde a antiguidade, que “o bom remédio é sempre
amargo”, o que constitui um flagrante equívoco. Uma vez que a
função digestiva não está capacitada a processar tudo que não é
alimento, e o medicamento é uma substância estranha, tal função
não consegue processá-lo, ficando, portanto, retido no corpo.
Isso constitui a causa das doenças.
1º de dezembro de 1952
(91)
Pecados e impurezas: Tsumikegare em japonês. O termo tsumikegare pode ser
dividido em duas palavras: tsumi, que, no âmbito legal, se refere aos crimes, delitos
e infrações e, no aspecto religioso, significa “pecado” e descreve qualquer
desobediência à Vontade de Deus, em especial, qualquer desconsideração deliberada
das Leis Divinas. Já a palavra kegare significa “impureza” e é utilizada
particularmente no xintoísmo como termo religioso. São causas típicas de kegare o
contato com qualquer forma de morte, parto, doença, menstruação, cuja condição
pode ser remediada através de rituais de purificação.
(92)
Medicamentos: segundo órgão brasileiro competente, ligado ao Ministério da
Saúde, medicamentos são fármacos (substâncias químicas que modificam uma
função fisiológica) com propriedades comprovadas cientificamente. Os fármacos
estão presentes não apenas nos medicamentos, mas também nos cosméticos,
produtos de higiene, agrotóxicos, aditivos alimentares, medicamentos veterinários.
ENSINAMENTOS PARA ESTUDO
SABOR DA FÉ
Alicerce do Paraíso – Vol. 4

D
esejo falar a respeito do sabor da fé. Não existe,
neste mundo, nada que seja destituído de sabor.
Tudo possui seu sabor, seu encanto: as coisas, o
ser humano e a vida cotidiana.
Se o excluirmos da vida, esta se tornará insípida e o ser
humano, certamente, perderá a vontade de viver. Por
conseguinte, creio que não é exagero dizer que o seu apego à vida
decorre do deleite proporcionado pelo sabor. Evidentemente,
também na fé existem aquelas com e sem sabor. Pode parecer
estranho, mas no mundo, há exemplos de fé que suscitam medo.
Seus adeptos temem as divindades e vivem sob fortes restrições,
aprisionados pelos mandamentos e sem nenhuma liberdade.
Denomino de fé infernal esse tipo de fé.
Originariamente, o ideal da fé é um contínuo estado de
tranquilidade em que o ser humano vive com alegria e prazer.
Então, ele percebe que a beleza da Natureza expressa nas flores,
nas aves, na brisa, na lua, no canto dos pássaros, nas águas e nas
montanhas são dádivas de Deus para confortá-lo. Agradece
profundamente por ser abençoado com alimentos, vestuário e
moradia. Sente proximidade não apenas dos humanos, mas de
todos os seres vivos da fauna e da flora. É preciso chegar a um
estado de espírito em que, após o máximo esforço em qualquer
situação, a pessoa se entrega a Deus. Isso significa “estar em
estado de graça ”.
(48)
Sempre que me deparo com uma questão difícil de ser
resolvida, procuro entregá-la aos cuidados de Deus e aguardo.
Numerosas experiências minhas demonstraram que essa atitude
leva a resultados melhores do que os esperados. Posso afirmar
que nenhuma vez ocorreu de os resultados terem sido da forma
como eu temia. Costumo alimentar esperanças e acho
interessante o fato de os resultados superarem as expectativas.
Quando surge algo desagradável, momentaneamente me
preocupo, mas logo penso que se trata da premissa para bons
acontecimentos. Entrego o problema a Deus e percebo que a
situação ruim, infalivelmente, traz coisas boas. Já que, por vezes,
são preocupações infundadas, não me contenho de tanta gratidão.
Em suma, sou uma pessoa agraciada de milagres. Eis o que
denomino de maravilhoso sabor da fé.
Coletânea Assuntos sobre fé, 5 de setembro de 1948
(48)
No original, a expressão é houetsu no kyoti, que significa “felicidade que brota
no coração pela fé”, segundo ensinamentos budistas. Também significa “uma alegria
que encanta” ou “estado de êxtase”. Na tradição cristã, uma pessoa que está em
estado de graça vive na amizade e amor de Deus. O vocábulo “graça” provém do
latim gratia, que deriva de gratus (grato, agradecido). Também significa
“gratificar”, que, desde o século XV, equivalia a agradecer.
O QUE É A DOENÇA? – O RESFRIADO
Alicerce do Paraíso – Vol. 3

V
ou explicar em que ponto a medicina está mais
equivocada, uma vez que ela considera o corpo
humano apenas uma matéria e, com base nisso,
vem desenvolvendo o tratamento terapêutico materialista. A
respeito disso, citarei o exemplo prático de uma doença, pois
creio que isso ajudará as pessoas a compreender melhor minha
colocação.
Acredito que uma doença que todos, sem exceção, já
contraíram, seja o resfriado. Até hoje, a medicina diz que sua
causa é desconhecida. Mesmo recentemente, ela apenas afirma
ter descoberto que o resfriado é transmitido por um vírus que está
no ar, ou ainda, que é uma doença de natureza alérgica. Contudo,
do nosso ponto de vista, tudo isso não passa de teorias
inconsistentes. Dentro em breve, com certeza, acabarão caindo
por terra.
O ser humano, ao nascer, traz dentro de si vários tipos de
toxinas . A medicina também admite isso. Por exemplo, além
(105)

das que causam a varíola, o sarampo, a coqueluche etc.,


certamente devem existir outras toxinas, que são desconhecidas.
Para eliminá-las, ocorrem ações fisiológicas naturais que
chamamos ação purificadora. Primeiramente, as toxinas se
concentram em vários locais do corpo humano, notadamente
naqueles onde se exige mais das funções nervosas. No ser
humano, isso ocorre na parte superior do corpo, principalmente
nas regiões mais próximas do cérebro. Enquanto se está
acordado, mesmo que os braços e as pernas estejam em repouso,
o cérebro, os olhos, os ouvidos, o nariz, a boca etc. trabalham
ininterruptamente. Portanto, as toxinas tendem a se concentrar
principalmente no cérebro, bem como nos ombros, no pescoço,
nos gânglios linfáticos , na medula oblonga , nas glândulas
(106) (107)

parótidas e em outros pontos. Com o passar do tempo, elas vão


(108)

se endurecendo gradualmente. Quando esse enrijecimento atinge


determinado limite, começa uma atividade que visa à sua
eliminação. Aí podemos perceber a bênção que a natureza nos
proporciona. A solidificação das toxinas provoca má circulação
sanguínea, rigidez dos ombros e do pescoço, dor e sensação de
peso na cabeça, diminuição da capacidade visual, auditiva e
olfativa, entupimento do nariz, inflamação da gengiva,
enfraquecimento dos dentes, falta de ar, flacidez dos músculos
dos braços e das pernas, dor nos quadris, inchaço geral etc. Tais
fatores provocam uma acentuada diminuição da vitalidade, de
modo que o ser humano fica impossibilitado de cumprir sua
missão. Foi justamente por isso que Deus criou esse maravilhoso
processo de purificação denominado doença.
Conforme dissemos, se o desconforto decorrente da
eliminação de toxinas é a doença, esta sim, é a verdadeira ação
de purificação do sangue, indispensável à manutenção da saúde.
Podemos considerá-la a maior de todas as bênçãos que Deus nos
concedeu. Se extinguirmos as doenças, a humanidade se
enfraquecerá gradativamente e, por fim, estará até ameaçada de
extinção. Os leitores poderão achar que se trata de uma
incoerência, pois eu sempre afirmo que construirei um mundo
sem doenças. Contudo, isso é radicalmente diferente. O que
quero dizer é que, se o ser humano se livrar das toxinas, não
haverá mais necessidade de ações purificadoras; assim, está mais
do que claro que as doenças deixarão de ocorrer. Vou expor
minha teoria de maneira mais aprofundada, para facilitar, ao
máximo, a compreensão.
Denominei a ação de eliminação das toxinas solidificadas
de ação purificadora. Logo que uma pessoa se resfria, sobrevém-
lhe a febre. Para facilitar a eliminação das toxinas solidificadas,
a natureza faz com que elas se dissolvam com o calor. Na forma
líquida, as toxinas infiltram-se rapidamente nos pulmões. Trata-se
de um processo realmente misterioso. Do mesmo modo, quando
as dissolvemos por meio do Johrei (denominação do nosso
método de tratamento de doenças), elas penetram imediatamente
nos pulmões, atravessando os músculos, inclusive os ossos. Se as
toxinas se encontram solidificadas em um ou dois locais, as doenças
são leves, mas estas se agravam à medida que aumenta o número
de locais. É por isso que podemos observar o agravamento
gradual de um resfriado que, no início, parecia fraco.
Como foi visto, as toxinas que se tornam líquidas penetram
nos pulmões e, no caso de serem pouco densas, são eliminadas
logo em seguida, na forma de catarro. Ao contrário, quando sua
densidade é maior, ficam temporariamente retidas nos pulmões,
aguardando a ação de bombeamento denominada tosse, e aí são
eliminadas pelas vias respiratórias. Isso se evidencia pelo fato de
se eliminar catarro sempre após a tosse. Pelo mesmo princípio, o
espirro vem seguido de secreção nasal. Assim, as dores de cabeça
e de garganta, a inflamação dos ouvidos, dos gânglios linfáticos,
das articulações dos pés, das mãos e da região inguinal decorrem
da dissolução das toxinas solidificadas e do seu deslocamento em
busca de saída do corpo. Essa movimentação estimula os nervos,
provocando dores.
As toxinas líquidas podem ser divididas em densas e ralas.
As densas são eliminadas na forma de catarro, secreção nasal,
diarreia etc., e as ralas assumem aspecto aquoso e são eliminadas
na forma de suor e de urina. A ação purificadora se processa tão
natural e racionalmente, que não podemos deixar de louvar a
Divina Arte do Criador. Deus criou o ser humano para ser sempre
saudável e, portanto, não haveria razão para lhe causar
sofrimentos e atrapalhar suas atividades por meio da doença.
Entretanto, o próprio ser humano, devido a pensamentos
errôneos, cria e acumula toxinas, gerando a necessidade de
eliminá-las. Eis, portanto, o que é a doença. No caso do resfriado,
se a pessoa deixar por conta da natureza sem recorrer a
tratamentos, a purificação será completa, e a cura se dará
naturalmente, aumentando a saúde.
Por conseguinte, quanto mais o ser humano contrair
resfriado, tanto melhor. Procedendo assim, terríveis doenças
como a tuberculose desaparecerão completamente.
Por incrível que pareça, e não se sabe desde quando, o ser
humano interpretou a ação de purificação de maneira inversa.
Quando a doença surge, ele emprega todos os recursos para
interromper a purificação, posto que confunde as dores desse
processo com o agravamento da doença. Por essa razão, apavora-
se com a febre e trata de fazê-la baixar. Com a diminuição desta,
interrompe-se a dissolução das toxinas e diminuem-se os
sintomas, como a tosse, o catarro e outros. Parece, então, que está
ocorrendo a cura. Em outras palavras, faz-se com que as toxinas
que tinham começado a se dissolver retornem ao estado sólido.
Essa solidificação é promovida pelos tratamentos médicos, entre
os quais se inclui a aplicação de compressas, as bolsas de gelo,
os medicamentos, as injeções etc. Com a completa solidificação
das toxinas, desaparecem os sintomas e as pessoas ficam
contentes, julgando-se curadas. Mal sabem elas que estão
afastando a oportunidade de limpeza do corpo. E os fatos o
comprovam. Fala-se muito em resfriado prolongado, mas este
nada mais é que o resultado do choque entre duas ações: a do
corpo, que procura executar a purificação, e a do tratamento, que
tenta impedi-la, prolongando a duração da doença. Isso pode ser
constatado pela reincidência do resfriado depois de um tempo
que ele foi curado. Posso afirmar, pois, que o tratamento médico
é apenas uma forma de adiar a doença e não de curá-la. Por
conseguinte, o verdadeiro processo de cura consiste em eliminar
as toxinas do corpo, purificando-o, ou seja, acabando com a
causa da doença.
O verdadeiro tratamento médico é aquele que, uma vez
iniciado o processo de purificação, acelera a dissolução das
toxinas solidificadas e faz com que elas sejam eliminadas na
maior quantidade possível. Não há, além deste tratamento, outro
que seja verdadeiro.
15 de agosto de 1951
(104)
Título anterior: “O que é a doença? – A gripe”.
(105)
Toxinas: veja Ensinamento “Os três tipos de toxinas” neste volume.
(106)
Gânglios linfáticos: são pequenas glândulas pertencentes ao sistema linfático,
que estão espalhadas pelo corpo e que são responsáveis por filtrar a linfa, recolhendo
vírus, bactérias e outros organismos que podem provocar doenças.
(107)
Medula oblonga: é a porção inferior do encéfalo, em que estão situados vários
centros reguladores das funções vitais (respiração, deglutição, batimentos cardíacos
etc.) e que continua pela medula espinhal.
(108)
Glândulas parótidas: é a maior das glândulas salivares.
O QUE É BINETSU
Alicerce do Paraíso – Vol. 3

E
ntre as pessoas da atualidade, provavelmente não
haja quem não se encontre com binetsu. A
diferença é se a pessoa tem ou não consciência
disso. Uma vez que essa condição exerce, muito mais do que se
imagina, forte influência sobre o ser humano, passarei a
descrever os vários sintomas.
O indivíduo tem dor de cabeça, sente a cabeça pesada, sua
capacidade de concentração diminui, torna-se disperso, sua
memória enfraquece, não faz nada com afinco, tudo lhe parece
difícil, passa o dia com o corpo pesado e, por qualquer motivo,
logo quer se deitar. Além disso, quase não tem apetite, mostra
muitas preferências e rejeições em matéria de comida, prefere
alimentos com mais caldo e toma muito líquido. Irrita-se com
facilidade, fica depressivo, e como não acha graça em nada, passa
a encarar os fatos com pessimismo. A histeria também se encaixa
no que estou decrevendo.
A pessoa vê tudo de forma negativa, prefere o tempo
chuvoso ao tempo bom, contrai resfriado com frequência, fica
com o nariz entupido, tem zumbidos, as amígdalas inflamam
facilmente, perde o fôlego e sente peso nas pernas ao subir uma
ladeira ou quando anda rápido. Em uma breve análise, este é o
quadro que se apresenta quando a pessoa está com binetsu, o que
não devemos absolutamente desprezar.
Com tudo o que dissemos, é fácil deduzir que tais
indivíduos não mantêm um bom relacionamento com os amigos.
Aliás, não se dão bem com ninguém. No lar, isso se reflete na má
relação entre o casal e entre pais e filhos. Eles tentam impor seus
pontos de vista, agem de maneira egoísta e ainda procuram
apresentar razões para a sua conduta. Nessa situação, a liberdade
de agir é a justificativa mais alegada. Como o ambiente no lar
fica insuportável, facilmente ocorrem fatos desagradáveis.
Ultimamente, muitos rapazes e moças têm abandonado seus
lares, e a explicação deve ser a que estamos expondo. Os casos
mais trágicos acabam em suicídio de toda a família.
Os problemas continuam. No tocante ao convívio social,
muitas pessoas procuram justificativas egoístas para suas
condutas e, dessa forma, criam desarmonia ao seu redor,
deflagram discussões por motivos insignificantes e criam
conflitos sem nenhuma necessidade. Tudo isso é causado pelo
excesso de egocentrismo. Creio que tal situação ocorre com
frequência na política. Mesmo dentro das instituições, em caso
de discussão de determinado assunto, há muito falatório,
levando-se um tempo enorme para se chegar a um acordo.
Parece-me que as pessoas não conseguem perceber a causa
desses fatos e, mais ainda, nem têm interesse nisso.
As complicações não acabam por aí. Numa sociedade
conturbada como a que acabamos de mencionar, as pessoas
passam mais por coisas ruins do que por coisas boas e,
logicamente, procuram fugir dos aborrecimentos. Então, vem a
bebida. Deve ser esta a razão pela qual, por mais que seu preço
suba, o consumo não diminui. Além disso, na ânsia de fugir dos
sofrimentos, as pessoas acabam procurando diversões que lhes
proporcionem fortes estímulos. Os jovens procuram cabarés,
discotecas, casas de jogos e outros locais suspeitos. Os
indivíduos de mais idade, desde que tenham algumas posses,
procuram refúgio em amantes ou em bordéis. Assim é que, no
mundo atual, proliferam diversões não saudáveis.
Se a origem de um quadro tão sombrio, conforme dissemos,
é o binetsu, que as pessoas normalmente apresentam, não há nada
mais temível que esse estado. No entanto, não é só isso. Quando
a pessoa está dessa maneira e se submete ao exame de saúde, os
médicos acham que é o início da tuberculose, o que complica a
situação. Diante do diagnóstico, ela passa a fazer repouso
absoluto e a se submeter a vários tratamentos médicos. O
resultado é que a maioria, depois de sofrer por anos seguidos,
acaba partindo para o outro mundo. Certamente, é difícil
encontrar uma entre cem pessoas que, felizmente, se restabeleça
e volte ao trabalho como fazia antes. Consequentemente, visto de
qualquer ângulo, é evidente que devemos ter um organismo livre
do binetsu.
Qual é a causa do binetsu? São as toxinas medicamentosas,
as quais se encontram solidificadas em vários pontos do corpo,
determinando um processo brando de purificação. Para eliminá-
la de verdade, não há absolutamente nada a não ser o Johrei. À
medida que aumenta o número de fiéis da nossa religião, tende a
desaparecer o quadro sombrio que descrevemos, não havendo,
portanto, a menor dúvida de que surgirá uma sociedade
extremamente agradável de se viver. Este é justamente o
panoram do Paraíso Terrestre.
5 de setembro de 1951
(118)
Título anterior: “O que é o estado ligeiramente febril”.
(119)
Binetsu: denominação usada no Japão para temperatura corporal medida entre
36,5º e 37,4º C. Na medicina ocidental, não existe uma nomenclatura para esta faixa
de temperatura, sendo considerada dentro da normalidade. No Ocidente, a
temperatura corporal a partir de 37,5º C é considerada estado subfebril e, acima de
38º C, febre.
É POSSIVEL MUDAR O DESTINO
LIVREMENTE
Alicerce do Paraíso – Vol. 4

C
omo todos sabem, desde os tempos antigos, o ser
humano costuma resignar-se a tudo – seja a uma
situação boa ou ruim – atribuindo o desenrolar dos
acontecimentos ao destino, definindo-o como “algo que não pode
ser mudado”. Todavia, eu desejo ensinar que todos podem mudá-
lo livremente; em outras palavras, originariamente, o destino foi
criado de tal forma que a própria pessoa possa transformá-lo. A
compreensão deste fato nos leva não só a abandonar a visão
pessimista do mundo, mas a encarar este de maneira
extremamente otimista.
Nem é preciso dizer que ninguém deseja ter um destino
infeliz. É natural que todos almejem a boa sorte e empreendam
incomensuráveis esforços, fazendo das tripas coração para isso.
Apesar de a felicidade ser uma aspiração comum a todos, quantas
pessoas a alcançam? Entre cem indivíduos, talvez não haja
sequer um feliz. Em geral, partem para o outro mundo em meio
a muitas dúvidas sobre como obtê-la. Viver assim é realmente
desolador!
Conforme Buda Sakyamuni afirmou: “Tudo muda e nada é
permanente.” Muito raramente alguém alcança a boa sorte de
fato. Diante disso até surgem pessoas que se mantêm firmes em
busca de seus sonhos e despertam para a consciência de que o
mundo é bom.
Nada seria mais maravilhoso do que um método para se
alcançar verdadeiramente a boa sorte. Como ninguém conhece
tal método, as pessoas acabam traçando um destino infeliz, isto
é, criam para si uma prisão e vivem em sofrimento dentro dela.
Na realidade, o mundo está repleto dessas pessoas dignas de
compaixão.
O que é necessário, então, para o ser humano se tornar feliz?
É mais do que evidente que basta semear o bem. Desde os
tempos antigos, há a expressão budista: “O bem produz bons
frutos e o mal, maus frutos.” A semente do mal tem origem na
concepção egoísta que leva as pessoas a objetivar benefícios
apenas para si e a não se importar com o sofrimento e o prejuízo
que possam causar ao próximo. A semente do bem origina-se no
amor altruísta de querer alegrar e favorecer o semelhante. Tudo
isso parece simples, mas é muito difícil. A vida é realmente muito
complexa. Afinal, como devemos proceder? Precisamos crer no
princípio acima mencionado e tornar nosso espírito capaz de
acatá-lo pois, assim, acabaremos praticando o bem. Para tanto,
evidentemente não há outra forma a não ser seguir uma fé. Não
obstante, devemos ser cautelosos, pois, mesmo em se tratando de
fé, há diferenças entre elas. Obviamente, há necessidade de
selecionar uma entre as muitas que existem. Modéstia à parte, a
fé messiânica é a que está mais concorde com as condições que
citei. Em razão disso, aconselho aos sofredores e infelizes que
ingressem na nossa fé o quanto antes.
Jornal Eiko nº 145, 27 de fevereiro de 1952
(38)
Título anterior: “Nós é que traçamos o destino”
SUBJETIVISMO E OBJETIVISMO
Alicerce do Paraíso – Vol. 4

N
a vida, o ser humano tende a prender-se à sua
visão subjetiva. É fato que isso ocorre com
frequência no universo feminino. Ser vítima do
próprio subjetivismo é altamente perigoso. Isto porque ele –
preso a suas convicções e considerando-as corretas – avalia o
próximo de acordo com os próprios critérios, e as coisas não
correm satisfatoriamente. Além de causar sofrimentos aos
semelhantes, ele mesmo se aflige.
Por esse princípio, o ser humano sempre deve analisar-se
objetivamente, isto é, deve criar dentro de si um “segundo eu”,
que o observe e o critique. Agindo assim, certamente não
incorrerá em erros.
Há um episódio interessante que envolve Ruiko Kuroiwa,
ex-diretor do antigo jornal Yorozu Choho e conhecido tradutor
de romances. Ao mesmo tempo, ele era um pensador que eu
ouvia com frequência. Citarei um trecho dele que muito me
impressionou: “Ninguém nasce perfeito. Se o ser humano deseja
verdadeiramente se aperfeiçoar, deve criar um ‘segundo eu’, o
que se pode chamar de um segundo nascimento.” Ainda hoje,
sinto o quanto fui movido e beneficiado por essa teoria.
Jornal Kyusei nº 54, 18 de março de 1950
A CAUSA DA POBREZA
Alicerce do Paraíso – Vol. 4

O
objetivo da nossa Igreja é construir um mundo
isento de doença, pobreza e conflito. No que diz
respeito à doença, penso já ter apresentado
considerações e explicações a partir de diferentes ângulos.
Oportunamente deverei esclarecê-la do ponto de vista da
medicina revelada por Deus, mas por ora vejamos as questões
relacionadas à pobreza e ao conflito. Antes de mais nada, nem
preciso dizer que a causa da pobreza, obviamente, é a falta de
saúde. Contudo, existem outras causas importantes sobre as quais
escreverei a seguir.
A causa da pobreza está na doença que, além de não
permitir que a pessoa trabalhe, requer uma grande soma para
despesas com tratamentos médicos. Se a doença durar pouco
tempo, a situação ainda é suportável; mas, quando se prolonga,
leva ao desemprego. Assim, o infortúnio causado pela doença é
acrescido das dificuldades financeiras, de modo que a pessoa,
com a aflição duplicada, tem seu futuro envolto em nuvens
escuras de insegurança, sem poder avançar ou recuar. Podemos
dizer que esse é realmente um sofrimento típico das profundezas
do inferno.
O mundo está repleto de criaturas infelizes que se
encontram nessa situação. Ao conhecerem nossa religião, elas
conseguem livrar-se imediatamente do tormento e, vislumbrando
uma luz no fim do túnel, iniciam uma vida repleta de alegrias.
Relatos dessa natureza podem ser vistos em grande quantidade
nas experiências de fé que publicamos.
A maior parte dos casos de pobreza pode ser solucionada
dessa forma. Aprofundando-me um pouco mais, abordarei outro
aspecto importante. Para que possam conhecer o segredo para a
solução definitiva do problema da pobreza, relatarei minha
experiência sobre o assunto.
Quando eu era jovem, apesar de não professar fé alguma,
sempre tive o intenso desejo de melhorar a sociedade. Achando
que, para isso, não havia meio mais eficaz do que instituir uma
empresa jornalística, fiz alguns estudos e fiquei sabendo que
precisaria de mais ou menos um milhão de ienes. Ora, eu sou de
família pobre e só pude me casar e ter uma família graças à
pequena soma que herdei de meus pais.
Abri, então, uma loja de miudezas a varejo, cuja metragem
frontal era de dois metros e setenta centímetros. Como os
resultados de vendas foram bons, em pouco mais de um ano,
comecei um comércio por atacado e, aproximadamente dez anos
depois, eu era considerado bem-sucedido no mundo dos
negócios. Por volta de 1919, meus bens somavam o equivalente
a cento e cinquenta mil ienes.
Precipitando-me em conseguir logo a quantia necessária à
abertura do jornal, quis dar um passo maior que a perna e acabei
ficando com um enorme saldo negativo devido ao fracasso que
tive no empreendimento. Consequentemente, fui obrigado a
desistir da ideia do jornal e recorrer à religião para confiar a Deus
meus sofrimentos em decorrência das vultosas dívidas que se
estenderam por aproximadamente vinte torturantes anos. No
entanto, hoje vejo que tudo isso constituiu minha prática ascética.
Em geral, os religiosos se isolam nas montanhas, banham-se em
cascatas e fazem jejum, mas acho que minha prática ascética foi
muito mais difícil e sofrida que a deles. E não foi apenas uma ou
duas vezes que me vi na mais profunda pobreza. Vou revelar a
“filosofia da pobreza” que consegui intuir nessa época.
Além da doença, as dívidas são a causa da pobreza. Cheguei
à conclusão de que, se não as contrairmos, jamais ficaremos
pobres. Ora, quando se toma dinheiro emprestado, é certo que
chegará o dia em que se tem de pagá-lo. A quantia a restituir é
definida, mas o dinheiro que se deveria ter, nem sempre entra no
prazo previsto. Aí é que os cálculos se desencontram. Quando se
faz uma dívida, correm juros infalivelmente todos os dias, até que
ela seja liquidada completamente. Por conseguinte, ainda que os
cálculos mostrem um ganho considerável, subtraindo-se os juros,
não haverá o lucro esperado. Além do mais, a dívida acarreta um
abalo psicológico e uma constante intranquilidade espiritual, que,
embotando a inteligência, torna impossível o surgimento de boas
ideias.
Assim sendo, podemos afirmar que a causa da maioria dos
fracassos e da pobreza na sociedade está no endividamento.
Depois que concluí a respeito dessa realidade, digo sempre às
pessoas: “Se você tiver cem mil ienes, empregue no negócio
apenas um terço dessa quantia, isto é, trinta mil ienes.” À
primeira vista, essa forma de empreendimento parece modesta,
mas com o tempo, acaba crescendo. A razão do meu conselho é
que, uma vez sendo empregada essa quantia, caso ocorra um
revés, a pessoa poderá recomeçar com outros trinta mil ienes e,
desta vez, aplicando um novo método baseado na experiência do
fracasso. Com isso, geralmente, se chega ao sucesso. Mesmo
que, eventualmente, o empreendimento incorra em um novo
fracasso, ainda restarão à pessoa os últimos trinta mil ienes; se
ela fizer nova tentativa, é certo que será bem-sucedida.
No entanto, se tiverem cem mil ienes, as pessoas, em sua
maioria, começam o negócio empregando o total da quantia. Às
vezes, até fazem empréstimo de mais cinquenta mil. Assim,
começam com cento e cinquenta mil, o que é realmente arriscado.
Se o empreendimento falhar, é certo que elas recebam um golpe
do qual nunca mais conseguirão se recuperar. Todavia, quem agir
de acordo com o meu método, terá uma reserva monetária.
Assim, se surgirem oportunidades de aquisição de mercadorias
mais baratas ou alguma transação de lucro certo, poder-se-á
fechar o negócio de imediato e, assim, obter lucros, de certa
forma, inesperados. Em contrapartida, quando todos os recursos
estão empatados, às vezes podem surgir dificuldades na hora do
pagamento ou mesmo inadimplência e, dessa maneira, a perda do
crédito. Havendo uma reserva de dinheiro, a pessoa poderá
honrar o pagamento sempre no prazo e, com isso, conquistar
maior crédito. Assim, usufruirá de múltiplos benefícios.
A respeito disso, desejo dar um exemplo de um fato de
grandes proporções que ocorreu recentemente.
O principal motivo da derrota do Japão na última grande
guerra foi sua política de empréstimos. Parece que são poucas as
pessoas que têm percebido esse fato, mas é um assunto que
merece a atenção de todos.
Até o início da guerra, o Japão veio aumentando
excessivamente suas importações a cada ano. Como as dívidas
foram se avolumando, tornou-se necessário fazer novos
empréstimos para pagar a dívida anterior. Foi com
esses empréstimos que nosso país aumentou o poderio militar,
expandiu seu território e estendeu cada vez mais suas mãos para
invadir outros países. Naturalmente, além de empréstimos
externos, também se realizaram empréstimos internos, de modo
que o Japão acabou ampliando a política de dívidas públicas além
de seu limite. Os prejuízos que a Ferrovia Nacional está sofrendo
atualmente são herança dessa política. Caso o Japão não a tivesse
adotado, talvez não tivessem surgido pessoas ambiciosas, ávidas
por invasões. E mais: ao contrário do que ocorreu, anualmente, o
comércio teria aumentado o volume de exportações e, sem
sombra de dúvida, o Japão se tornaria imensamente próspero. Em
consequência, é evidente que a cultura pacifista teria se
expandido amplamente, a moral do povo se elevaria e seríamos
uma nação feliz, estimada pelo mundo inteiro. Se nosso país
fosse próspero, poderia importar somente o necessário em
matéria de alimentos. E, por proporcionar aos demais países uma
sensação de segurança, as nações de grande extensão territorial
receberiam, com muito prazer, os imigrantes japoneses, e o
controle da natalidade seria desnecessário.
Se a política de empréstimos de uma nação tem essas
consequências, ocorre o mesmo no nível pessoal. Acredito que,
com o que expus, puderam compreender a forma de se solucionar
o problema da pobreza.
Jornal Hikari nº 50, 30 de junho de 1949
A VITÓRIA DO CULTIVO NATURAL:
A FORÇA DO SOLO(10)
Alicerce do Paraíso – Vol. 5

O PRINCÍPIO DA AGRICULTURA NATURAL


O princípio da Agricultura Natural consiste em fazer
manifestar a força do solo. Isto porque, até agora, o ser humano
desconhecia a verdadeira natureza do solo, ou melhor, não lhe
era dado conhecê-la. Tal desconhecimento levou-o a adotar o uso
de adubos e, despercebidamente, acabou por colocá-lo em uma
situação de total dependência em relação a eles, o que tornou essa
prática uma verdadeira superstição .
(11)

No começo, por melhor que eu explicasse o que era o


cultivo agrícola sem adubos, as pessoas não me davam ouvidos
e riam de mim. No entanto, fui sendo recompensado aos poucos
e, ultimamente, a cada ano que passa, os praticantes do cultivo
natural têm aumentado, mesmo porque os resultados das
colheitas, em toda parte, têm sido surpreendentes. Ainda que, no
momento, a maioria seja da esfera dos fiéis de nossa Igreja, de
hoje em diante surgirão gradativamente, em várias regiões,
simpatizantes fora desse círculo. Nosso método agrícola está se
expandindo rapidamente; portanto, já se pode imaginar que não
está longe o dia em que ele será praticado em todo o território
japonês. Assim sendo, falando francamente, acho que nossa
forma de cultivo poderá ser divulgada como “movimento de
derrubada da superstição do adubo”.
Por ser uma agricultura que não usa absolutamente adubos,
nem na forma de esterco nem de fertilizantes químicos, mas
somente compostos naturais, é denominada de método de cultivo
natural. Evidentemente, a matéria-prima dos compostos naturais
são as folhas e os capins secos, que se produzem naturalmente.
Contrariamente, os adubos químicos e os dejetos humanos, o
esterco de cavalo ou galinha, os resíduos de peixe e as cinzas de
madeira não caem do céu nem brotam da terra: são aplicados pelo
ser humano. Portanto, não é preciso dizer que a utilização dos
mesmos é antinatural.
Originariamente é certo que nada poderia existir neste
mundo sem as benesses da Grande Natureza, ou seja, nada
nasceria nem se desenvolveria sem os três elementos: fogo, água
e terra. Em termos científicos, esses elementos correspondem,
respectivamente, ao oxigênio do fogo, ao hidrogênio da água e
ao nitrogênio da terra. Na agricultura, não existe um só produto
que não tenha relação com o oxigênio, o hidrogênio e o
nitrogênio. Assim, Deus fez com que os cereais e as hortaliças
que constituem os alimentos para a sobrevivência do ser humano
possam ser produzidos na quantidade exata de sua necessidade.
Analisando a lógica que se segue, será possível compreender isso
perfeitamente. Seria um absurdo se Deus criasse o ser humano e
não providenciasse os alimentos que lhe possibilitariam a vida.
Logo, o fato de determinado país não conseguir produzir os
alimentos necessários à sua população é porque, em algum ponto,
ele não está de acordo com as Leis da Natureza criadas por Deus.
Assim sendo, enquanto não se atentar para isso, não será possível
sequer imaginar a solução para o problema da escassez de
alimentos.
A Agricultura Natural proposta por mim tem como base o
princípio já citado, e o atual empobrecimento e o cansaço dos
agricultores japoneses pela falta de alimentação serão
solucionados sem dificuldades com a prática desse método.
Deus, que a tudo vê, não deixa passar despercebida essa situação
equivocada e, por meio de Seu grandioso amor e misericórdia de
não os deixar desamparados, está se dignando levar, por meu
intermédio, o princípio da Agricultura Natural ao conhecimento
da sociedade. Urge, portanto, que os agricultores despertem e
adotem o quanto antes nosso método. Só assim, poderão sair
dessa situação.
Conforme já mencionado, os três elementos – fogo, água e
terra –, são as forças motrizes para desenvolvermos os produtos
agrícolas. Portanto, se houver uma boa incidência de Sol, se
garantirmos um bom abastecimento de água e se plantarmos em
uma terra pura, é certo que obteremos um grande êxito, jamais
visto. Não se sabe quando, mas o ser humano cometeu um
equívoco sem tamanho, que foi a utilização de adubos. Isso se
deu por ele desconhecer, por completo, a natureza do solo.

EFEITOS CONTRÁRIOS DOS ADUBOS


No início, a aplicação de adubos traz considerável
resultado. Todavia, se essa prática durar por muito tempo, a
ocorrência gradativa de efeitos contrários será inevitável. Ou
seja: as plantas vão-se enfraquecendo, perdem a capacidade
inerente de absorver os nutrientes existentes no solo e alteram
suas características, precisando assimilar adubos como
nutrientes. Poderão compreender melhor, se fizermos uma
analogia com os toxicômanos. Quando alguém começa a fazer
uso de drogas, sente uma sensação muito agradável e, durante
certo período, muitas vezes, o funcionamento do cérebro se torna
mais vivaz. Por não conseguir esquecer esse prazer, a pessoa,
pouco a pouco, se aprofunda cada vez mais no vício e não
consegue livrar-se dele. Nessa condição, quando o efeito do
tóxico acaba, ela fica em estado de letargia ou sente dores
violentas, e nada consegue fazer. Uma vez que a situação se torna
intolerável, embora saiba o mal que isso lhe faz, acaba
consumindo a droga novamente. E chega até mesmo a roubar,
para obter recursos para adquiri-la. Fatos semelhantes são
constantemente noticiados nos jornais e podemos compreender
quão nocivo esse tóxico é. Aplicando tal lógica à agricultura,
compreendemos de imediato e afirmamos que, hoje, todos os
solos cultiváveis do Japão estão “viciados” em adubos, ou seja,
gravemente “doentes”. Todavia, tendo-se tornado cegos adeptos
dos adubos, os agricultores não conseguem despertar.
Ocasionalmente, ao ouvirem minhas explicações, eles
resolvem suspender o uso de adubos artificiais e iniciar o cultivo
natural. No entanto, como nos primeiros meses os resultados são
insatisfatórios, concluem, precipitadamente, que o certo mesmo
é usar os adubos e, desistindo da mudança, voltam à prática
anterior.
Já que nosso método de cultivo está alicerçado na fé, as
pessoas o praticam sem duvidar de nada do que eu digo. Assim
procedendo, elas chegam a compreender facilmente o verdadeiro
valor da Agricultura Natural.
Descreverei a sequência dos fatos que ocorrem com a
mudança para a Agricultura Natural.
No caso do arroz, ao se transplantarem as mudas para o
arrozal, durante algum tempo a coloração das folhas não é
satisfatória, e os talos permanecem finos e, no geral, o pé de arroz
apresenta-se visivelmente bem inferior ao dos demais arrozais
convencionais. Isso dá ensejo à zombaria por parte dos
agricultores vizinhos, o que leva o produtor iniciante da nossa
agricultura a vacilar, questionando se está no caminho certo.
Cheio de preocupação e aflição, ele começa a orar a Deus.
Passados dois ou três meses, os pés de arroz começam a se
tornar mais viçosos e, na época do florescimento, pode ser
observada uma ampla recuperação, o que traz um grande alívio
para o agricultor. Finalmente, às vésperas da colheita, seu
desenvolvimento já se apresenta normal ou até maior, o que
tranquiliza os agricultores. Ao se proceder à colheita, ocorre o
inesperado: o volume da produção do arroz, por exemplo,
ultrapassa as previsões. Ademais, o produto é de boa qualidade,
possui brilho e consistência, e seu sabor é inigualável.
Geralmente, ele se enquadra na classificação tipo 1 ou 2 e, na
pior das vezes, no tipo 3. Seu peso é também maior em uma
proporção de 5 a 10% acima do peso do arroz cultivado com
adubos, e o mais interessante é que, devido à sua consistência, o
rendimento não se reduz com o cozimento; ao contrário, aumenta
em 20% ou 30%. Assim, mesmo que a ingestão de arroz seja 30%
a menos, a pessoa se sente plenamente satisfeita. Logo, até do
ponto de vista econômico, é vantajoso.
Logo, se todos os japoneses comessem o arroz da
Agricultura Natural, o resultado seria equivalente ao que se
obteria com um incremento de produção de 30%. Mesmo
mantendo a quantidade de produção atual, a importação de arroz
se tornaria desnecessária, o que seria maravilhoso para a
economia nacional.

SUPERSTIÇÃO DO ADUBO
Esclarecendo melhor o assunto, o fato de as plantas
parecerem fracas durante dois ou três meses se deve à presença
de toxicidade dos adubos tanto no solo quanto nas sementes.
Com o passar dos dias, essa toxicidade vai sendo eliminada, e o
solo e a plantação tendem a melhorar, restabelecendo-se a
capacidade original de ambos. Acho que esta teoria é
perfeitamente compreensível para os agricultores, pois eles
sabem que, após o acréscimo de água do campo do arrozal ou
uma chuva forte, mesmo nos arrozais alagados em estado já
degradado, sobrevêm certas melhoras. Isso ocorre porque o
excesso de toxicidade dos adubos foi lavado e reduzido. Quando
o desenvolvimento das plantas não é bom, os agricultores
costumam repor terras de outras localidades ao solo e, com isso,
se observa uma ligeira melhora. Os agricultores acham que, com
as sucessivas e contínuas plantações, o solo foi-se tornando pobre
devido à absorção de seus nutrientes pelas plantas; por esse
motivo, a melhora sobrevém com a reposição de novas terras.
Todavia, isso é um equívoco, pois o solo se enfraqueceu e tornou-
se pobre em decorrência da toxicidade dos adubos utilizados, ano
após ano. Por intermédio dessa interpretação, podemos perceber
facilmente o quanto os agricultores estão influenciados pela
superstição do adubo.

OS EFEITOS DO USO DE COMPOSTOS


ORGÂNICOS
Vou explicar a aplicação de materiais orgânicos naturais.
Em se tratando do cultivo de arroz , corta-se a palha do arroz em
(12)

pedaços bem pequenos, os quais devem ser bem incorporados ao


solo, para aquecê-lo. No caso de outras culturas, em canteiros de
terra, deve-se proceder à decomposição das folhas e do capim
secos e misturá-los bem à terra. A razão disso é para evitar o
endurecimento do solo, pois, neste caso, as raízes das plantas têm
dificuldade para se desenvolver. A respeito disso, atualmente,
dizem que é bom fazer o ar chegar às raízes, mas isso não é
verdade, pois não há nenhuma razão para isso ser benéfico. Se o
ar consegue chegar às raízes é pelo simples fato de que o solo
não está compactado. Trata-se de uma interpretação equivocada
dos agrônomos a respeito disso.
Assim sendo, no caso de cultivos cujas raízes não se
aprofundam muito no solo, basta misturar à terra compostos de
capim. Com relação aos produtos de raízes mais profundas, deve-
se preparar um leito com compostos de folhas de árvores a uma
profundidade de mais ou menos 30 cm, o qual servirá para
aquecer a terra. Tratando-se da espessura do leito para as plantas
de raízes profundas, pelo fato de existirem vários tipos de raízes,
ele deve ter a espessura que seja de acordo com cada cultura.
Geralmente, as pessoas pensam que existem elementos
fertilizantes nos compostos naturais, mas isso não é verdade. Sua
função é aquecer o solo bem como não o deixar endurecer. No
caso de ocorrer ressecamento do solo junto às raízes, é preciso
forrar essa parte com uma quantidade considerável de compostos
orgânicos, pois esse procedimento faz manter a umidade do solo.
São esses, efetivamente, os três benefícios eficazes dos
compostos naturais.
Como puderam compreender pelo que foi exposto, a base
da Agricultura Natural consiste em vivificar o solo, o que
significa conservá-lo sempre puro, não utilizando impurezas
como os adubos artificiais. Dessa forma, não encontrando
nenhum empecilho, o solo poderá manifestar suas propriedades
integralmente. Além disso, é estranho o fato de os agricultores
afirmarem: “Vamos deixar o solo descansar”, o que também vem
a ser um erro. Quanto mais se cultiva, melhor o solo se torna. Em
termos humanos, quanto mais se trabalha, mais saudável se fica;
quanto mais se descansa, menos saudável. A respeito disso, os
agricultores interpretam de forma oposta, acreditando que,
quanto mais se realizam os cultivos de forma sucessiva, mais
fraco o solo vai ficando, em virtude do maior consumo dos seus
nutrientes pelas plantas e, assim, procuram beneficiá-lo fazendo-
o “repousar”. Isto tudo está completamente errado. Devido aos
equívocos, os agricultores acham que a cultura repetitiva é
danosa e mudam a área de plantio todos os anos o que,
lamentavelmente, é uma ignorância e está fora de cogitação.

CULTURA REPETITIVA, COLHEITA FARTA


Assim, em nosso método de cultivo, consideramos a cultura
repetitiva uma prática benéfica. Uma prova disso é o milho que
venho produzindo por sete anos, em Gora, Hakone, em uma terra
misturada com pequenas pedras que, sem dúvida, seria
classificada como incultivável. Apesar da má qualidade do solo,
a colheita deste ano foi maravilhosa: as espigas, mais longas que
o normal; os grãos, bem juntinhos e enfileirados, mais
adocicados, macios e saborosos.
Por que digo que a cultura repetitiva é boa? O solo tem a
capacidade inerente e natural de se adaptar ao que é plantado
nele. Se fizermos uma comparação com o ser humano,
poderemos compreender melhor. As pessoas que executam
trabalhos braçais têm seus músculos desenvolvidos; os
escritores, que usam mais a cabeça, têm o seu intelecto evoluído.
Por essa mesma razão, quem muda constantemente de profissão
ou de localização não obtém sucesso, o que nos leva a concluir o
quanto os agricultores estiveram errados até hoje.
AS BOAS-NOVAS PARA A SERICULTURA
Finalizando, gostaria de dizer que, se criarmos o bicho-da-
seda com folhas de amoreira cultivadas sem adubos, ele não
adoecerá, seus fios serão de muito boa qualidade, resistentes,
brilhantes, e o aumento da produção será garantida. Se tal prática
fosse realizada em nível nacional, evidentemente ocasionaria
uma grande revolução no mundo da sericultura e traria
incalculáveis benefícios à economia do nosso país.
Jornal Eiko nº 79, 22 de novembro de 1950
(10)
Título anterior: “A força do solo”.
(11)
Popularmente falando, a superstição é um tipo de crendice que não possui
explicação científica. Ela é transmitida de geração para geração. Geralmente, quando
não conhecem as causas e efeitos de certos fenômenos científicos, diversas pessoas
atribuem a estes explicações não racionais. Por exemplo, achar que passar sob uma
escada pode dar azar. Contudo, Meishu-Sama amplia essa visão ao nomear outros
tipos de superstição. Para ele, a crença cega na ciência e no progresso como tábua
de salvação constitui igualmente uma forma de superstição. Ele ainda afirma que
considerar superstição aquilo que não é, já é um tipo de superstição. Há diversos
Ensinamentos da coletânea Alicerce do Paraíso, em que o tema aparece: A ciência
cria as superstições (vol. 1); Religião que revela Deus (vol. 1); Possessão por
divindades (vol. 2); Insensibilidade em relação à religião (vol. 2); A superstição da
mentira (vol. 4); A superstição do ateísmo (vol. 5), entre outros.
(12)
No Japão, o cultivo do arroz se faz em canteiros alagados.
A GRANDE REVOLUÇÃO DA
AGRICULTURA: O CULTIVO SEM USO DE
ADUBOS(2) EM UMA HIGIÊNICA E
PRAZEROSA HORTA CASEIRA(3)
Alicerce do Paraíso – Vol. 5

N
o primeiro número da nossa revista Tijo Tengoku,
publiquei um artigo voltado para os agricultores
em que detalhei o cultivo agrícola sem adubos.
Desta vez, explicarei, principalmente, as hortas caseiras.
Na referida revista e no nosso jornal, divulguei os
excelentes resultados obtidos pelos agricultores por meio do
cultivo sem adubos. Acredito que os leitores tenham conseguido
entender, em linhas gerais. As hortas caseiras são praticadas
principalmente por leigos e, por essa razão, posso afirmar
categoricamente que as boas-novas do cultivo sem adubos traz
uma grande alegria, tal qual uma luz que surge na escuridão.
Até agora, nas hortas caseiras, utilizava-se principalmente
esterco como adubo, mas manuseá-lo é, evidentemente,
insuportável tanto pela questão do mau cheiro quanto por outros
aspectos. Adotando-se o cultivo sem adubos, tais sofrimentos
desaparecem, tornando-se uma prática higiênica e
profundamente prazerosa. Além disso, é menos trabalhoso, e os
resultados são bem melhores comparados aos da agricultura que
usa adubos. Por conseguinte, é como se matassem dois coelhos
com uma só cajadada. Vou enumerar as vantagens desse cultivo:
1 – Sendo utilizado apenas composto à base de vegetais, o
agricultor terá menos trabalho e estará livre da parte desagradável
causada pelo uso de esterco;
2 – As hortaliças obtidas são de melhor qualidade e
possuem sabor incomparável às cultivadas com adubos;
3 – O tamanho e a quantidade das hortaliças aumentam;
4 – O aparecimento de pragas reduz-se a uma pequena
fração quando equiparado ao cultivo com adubos, dispensando-
se, evidentemente, o uso de agrotóxico;
5 – A preocupação com a transmissão de parasitas,
principalmente de lombrigas, torna-se desnecessária.
Muitas outras vantagens poderiam ser citadas, mas
relacionei apenas as principais.
Uma vez que os espaços nas hortas caseiras são pequenos,
normalmente não se plantam arroz nem trigo, e sim, hortaliças.
Por essa razão, vou explicar as experiências de cultivo que tive
com algumas delas.
As batatas-inglesas são bem brancas, de consistência
cremosa e de aroma agradável, que chegam a estimular
fortemente o paladar. O tamanho e a produção reduzidos
apontados pelos praticantes leigos se devem aos adubos
anteriormente utilizados no cultivo das mesmas. Sem sua
aplicação, o tamanho e a quantidade serão maiores.
As plantas de milho são mais altas, os caules, mais grossos,
e as folhas, bem mais verdes do que o comum. As espigas são
mais grossas e compridas, com os grãos bem adensados e
alinhados, macios e doces. As pessoas ficam admiradas com seu
sabor inigualável.
Os nabos são bem brancos, de casca lisa; seu comprimento
e grossura apresentam-se maiores e são mais macios e saborosos
que os comuns. A frequente ocorrência de textura fibrosa e com
pequenas cavidades nos nabos são em decorrência do uso de
adubos.
Todas as hortaliças que são apropriadas para conservas, tais
como acelga, mostarda, espinafre, repolho, possuem aroma
agradável, são volumosas, macias e muito apetitosas. No final do
ano passado, um praticante de horta caseira trouxe-me três
acelgas que pesavam mais de 5 kg cada uma. Eu nunca havia
visto uma acelga daquele tamanho.
Evidentemente, as leguminosas também têm bons
resultados na produção pelo nosso método de cultivo. A altura da
planta e as folhas são menores, como é o caso do edamame,
[N.T.: soja ainda na vagem verde], mas a produção chega a
dobrar. A maioria das vagens contém quatro grãos, e as de apenas
um grão são muito raras. Com o cultivo por meio de adubos, tanto
o caule como as folhas das leguminosas em geral crescem muito,
e a ocorrência da queda de flores é maior. Consequentemente, a
produção de grãos torna-se reduzida. Sem dúvida, a produção
sem o uso de adubos aumenta de 50 a 100%.
As berinjelas apresentam boa coloração, casca macia e
aroma agradável. Não só pela aparência, mas também pelo sabor,
quem já as provou não consegue comer as que são produzidas
com adubos.
Vou abreviar detalhes sobre a cebola, a cebolinha, o tomate,
a abóbora, tipos de pepino e outros, cujas qualidades se
mostraram excelentes. Especialmente, a abóbora apresenta
textura muito cremosa e sabor adocicado indescritível.
Entre os tubérculos, a batata-doce cresce tanto que chega a
nos surpreender. Se deixá-la por muito tempo sem colher, torna-
se inimaginavelmente grande.
O mesmo se verifica com as frutas, em especial as cítricas.
O caqui e o pêssego, entre outras, produzem frutos
incomparavelmente mais saborosos do que os de cultivo com
adubos.
Acima está um breve relato. A seguir, explicarei o princípio
e a utilização do composto.
No cultivo sem adubos, é necessário o uso do composto.
Existem dois tipos de composto: o de folhas de mato e o de folhas
de árvores. O primeiro é apropriado para ser misturado à terra, e
o segundo é indicado para fazer o berço de folhas . A respeito
(4)

disso, desejo expor o efeito da Agricultura Natural e seu


princípio.
Nosso método agrícola difere do usual com adubos porque,
em primeiro lugar, considera o solo como uma matéria
profundamente misteriosa feita pelo Criador para a produção de
alimentos de origem vegetal. À vista disso, fazer o solo expressar
sua vitalidade ainda mais é que possibilita o cumprimento de seu
objetivo original. Desconhecendo este princípio e baseados em
uma interpretação errônea, os antigos passaram, não se sabe
desde quando, a usar adubos. Como resultado, o solo perde o
vigor original e morre. Na tentativa de recuperar a vitalidade do
solo, passaram a utilizar adubos de maneira indiscriminada, os
quais intoxicaram as plantas. Dizem que o solo
japonês empobreceu, mas a causa está, evidentemente, na
aplicação de adubos. Especialmente nos anos recentes, como
resultado do uso de fertilizantes químicos, o processo de
degradação do solo acelerou. Uma boa prova disso consiste em
acrescentar solo trazido de outro lugar quando ocorre queda da
produção de arroz e, por meio dessa prática, observa-se a
ocorrência de uma melhora temporária. Os agricultores
interpretam que, devido ao cultivo realizado ao longo dos anos,
houve o esgotamento de nutrientes da terra, que foram
absorvidos pelas plantas e, com isso, a produção caiu. Portanto,
acham que o ideal é trazer solos virgens e ricos em nutrientes de
outro lugar. Contudo, isso é um grave erro, pois, na verdade, a
cada ano, o solo perde sua vitalidade em consequência da
utilização de esterco e fertilizantes químicos. Com o acréscimo
de terra isenta da toxina dos adubos, em parte, ocorre sua
recuperação.
Sendo assim, o composto tem por finalidade impedir a
compactação do solo e aquecê-lo. Para tornar mais vigorosa a
capacidade de crescimento das plantas, o fundamental é
promover o desenvolvimento da raiz. O primeiro passo consiste
em não deixar o solo compactar; daí a necessidade de se misturar
composto ao solo. Para promover o crescimento dos pelos
radiculares das plantas, deve-se utilizar o composto à base de
mato, pois suas fibras são macias e não atrapalham o crescimento
dos mesmos. As fibras das folhas de árvores, no entanto, são mais
duras e, por esse motivo, não convém misturá-las ao solo. É
melhor utilizá-las para formar um berço de folhas sob o solo, a
fim de aquecê-lo. O ideal seria preparar uma camada de uns 30
cm de solo misturado ao composto à base de capim e, abaixo
dela, um leito da mesma espessura, usando apenas composto à
base de folhas de árvores.
No cultivo de hortaliças em geral e de leguminosas, o
processo descrito é conveniente, mas em se tratando de nabo,
cenoura, bardana e similares, em que se visa ao crescimento das
raízes, devem-se dimensionar as camadas de maneira adequada.
Na medida do possível, fazer canteiros altos e possibilitar que as
raízes recebam bastante sol fará com que o crescimento melhore
muito. Em se tratando, por exemplo, de batata-doce, os canteiros
altos devem ter mais ou menos 60 cm de altura, dispondo-se as
mudas em uma distância de 30 cm uma da outra. Assim
procedendo, será possível colher batatas-doces gigantes.
Ouve-se dizer frequentemente que o melhor é dispor os
canteiros em sentido Norte-Sul ou Leste-Oeste, mas esse
procedimento é para que as plantas recebam incidência solar
maior. Por essa razão, basta dispô-los levando em consideração
a posição de melhor insolação e a direção do vento. Quando este
é muito forte, há possibilidade de os caules se quebrarem ou de a
terra se espalhar. Assim sendo, é necessário plantar árvores como
quebra-vento, fazer cerca, objetivando minimizar a ação do
vento.
Como princípio, quanto mais limpo o solo for mantido,
(5)

maior será a sua vitalidade. Portanto, a utilização de materiais


inadequados no solo como o esterco traz resultados adversos.
Mesmo que seja por desconhecimento desse fato, o trabalho
realizado não só será infrutífero, mas também trará resultados
negativos.
Evidentemente, os americanos jamais comem hortaliças
produzidas no Japão, por temerem a presença de parasitas. Em se
tratando do cultivo sem adubos, não haverá motivos para
preocupação, o que é realmente uma grande revolução da
agricultura e uma boa-nova para todos nós.
Jornal Hikari nº 3, 30 de março de 1949
(2)
Até 1951, Meishu-Sama se referia ao método agrícola que desenvolveu como
“cultivo agrícola sem adubos”. Somente após essa data é que ele passou a chamar de
Agricultura Natural.
(3)
Título anterior: “A higiênica e agradável agricultura natural nas hortas caseiras”.
(4)
Berço de folhas: técnica utilizada em países de clima temperado para melhorar o
desenvolvimento das plantas, aquecendo-se o solo. Vide também o Ensinamento
“Cultivo agrícola sem adubos”, publicado neste volume.
(5)
Neste caso, o solo limpo significa um solo que não contém as impurezas dos
fertilizantes e outros materiais tóxicos.
AS PLANTAS TÊM VIDA PRÓPRIA(52)
Alicerce do Paraíso – Vol. 5

Gosto muito de cuidar das plantas do jardim e procuro


sempre acertar o formato delas, cortando seus galhos. Às vezes,
porém, sem querer, acabo cortando demais ou errando as podas.
Devido ao espaço ou à falta de alternativas, planto uma árvore
em um lugar que não é do meu agrado. Além do mais, pelo
mesmo motivo, sou forçado a deixar a parte da frente para trás
ou meio de lado. Assim sendo, por algum tempo, toda vez que a
observo, fico incomodado. O interessante é que parece que, aos
poucos, a árvore vai-se acomodando e, com o passar do tempo,
ela acaba se harmonizando perfeitamente com o lugar. Acho isso
extraordinário e não consigo deixar de pensar que ela tem vida
própria; que não há dúvida de que também possui espírito. Nesse
ponto, assemelha-se aos seres humanos, que cuidam de sua
aparência para não passarem vergonha perante os outros.
A respeito disso, tempos atrás, um mestre em jardinagem,
já idoso, contou-me que, quando uma planta não dá flores a
contento, ele se dirige a ela e diz: “Se você não florir este ano,
serei obrigado a cortar você!” Segundo ele, assim procedendo,
ela infalivelmente floresce. Ainda não fiz essa experiência, mas
o fato parece-me verossímil. Deste modo, creio que não
incorreremos em erro se lidarmos com a Grande Natureza,
acreditando que tudo nela possui espírito. Havia, em um livro, o
relato de um ocidental que cultivou uma árvore que geralmente
leva quinze anos para crescer e que, por ter sido cuidada com
amor, cresceu na metade do tempo, ou seja, em sete ou oito anos.
O mesmo pode ser dito em relação aos arranjos florais. Eu
próprio vivifico flores em todos os cômodos de minha casa;
entretanto, ainda que um ou outro arranjo não esteja do meu total
agrado, deixo-o assim mesmo. No dia seguinte, noto que,
diferentemente do dia anterior, as flores se acomodaram em uma
boa posição, como se tivessem vontade própria. Vivifico as flores
da maneira mais natural possível, sem forçar sua natureza de
maneira alguma, para que elas possam, cheias de vida, durar por
mais tempo. Quando mexemos nelas demasiadamente, morrem
logo, o que não é nada interessante. Assim, quando vamos
vivificar, devemos traçar na mente a composição final do arranjo,
bem como cortar e fixar as flores com rapidez. Isso porque, assim
como outros seres vivos, quanto mais mexermos, mais elas
enfraquecerão. Essa lógica também se aplica ao ser humano. Na
criação dos filhos, quanto mais os pais, preocupados, procuram
cuidar excessivamente deles em todos os aspectos, mais fracos
eles se tornam.
Por vivificar as flores à minha maneira, os arranjos duram
mais que o dobro do normal, o que deixa as pessoas realmente
surpresas. Por exemplo, em geral, não se usam bambu e bordo
nos arranjos, certamente porque acham que os mesmos não
vivem muito tempo; mas eu gosto de utilizá-los. Eles sempre
duram de três a cinco dias; às vezes, o bambu leva mais de uma
semana, e o bordo, cerca de duas. Além disso, qualquer que seja
a flor, evito cortá-la, deixando-a como está. No entanto,
geralmente os professores de arranjos florais despendem vários
esforços para a flor obter maior duração; mas isso é muito
engraçado, pois estas acabam durando ainda menos.
Jornal Eiko nº 220, 5 de agosto de 1953
(52) Título anterior: “As plantas têm vida”.
O MAL SOCIAL É OU NÃO CAUSADO
PELO AMBIENTE?(75)
Alicerce do Paraíso – Vol. 5

D
esde a antiguidade, diz-se que “quando a
necessidade bate à porta, os princípios e a moral
saem pela janela” . Isso significa que, quando o
(76)

indivíduo passa a não ter mais dificuldades materiais, suas


palavras e ações também melhoram. Assim, ao se observar a
sociedade atual, verifica-se que ela está realmente repleta de mal
social, e um grande número de intelectuais interpreta que a causa
reside na carência material. Em parte, isso é verdade, mas esta
não é a razão fundamental. Se essa carência for o verdadeiro
motivo, as pessoas que possuem bens materiais em abundância,
deveriam ser honestas. Contudo, a realidade não nos mostra isso.
É incalculável o número de pessoas que, apesar de terem o que
comer e vestir, praticam atos ilícitos e, às vezes, chegam a
perturbar a sociedade e a causar muito mais danos do que os
pobres. Vemos aqueles que, usando o poder do dinheiro,
apoderam-se de inúmeras propriedades, deixando-as
praticamente abandonadas em um período de séria crise
habitacional. Por meio do poder financeiro, aproveitam-se de
muitas mulheres, perturbando a moral, além de usurparem a
liberdade das pessoas mais fracas e menos favorecidas
socialmente, impedindo que subam na vida. Corrompem a
política e, quando os filhos ingressam na universidade,
corrompem os educadores. Enfim, são tantas outras coisas, que
chega a ser impossível enumerá-las.
Os fatos acima mostram claramente que a causa do aumento
dos males sociais não é unicamente a carência material. Conclui-
se que a origem do mal social é, conforme afirmamos
constantemente, a falta de fé: esta é a verdadeira causa. Por essa
razão, enquanto não solucionarmos essa questão, será impossível
pensar na erradicação dos males sociais. É exatamente o
surgimento de uma religião poderosa que constitui a base de uma
solução definitiva.
A seguir, gostaria de apontar o grande erro que existe no
pensamento dos intelectuais da atualidade. Qual seria? É a mania
de atribuir a terceiros toda a responsabilidade. É provável que tal
mentalidade tenha como cerne a influência do marxismo.
Segundo a teoria socialista, a causa da infelicidade reside na má
organização social. De fato, torna-se necessário melhorar cada
vez mais a estrutura e a organização da sociedade, mas é um
grande equívoco determinar que esta seja a causa única da
infelicidade humana. Mesmo que se consiga estabelecer uma
estrutura organizacional ideal, se o modo de pensar e de agir de
cada indivíduo estiver errado, ela não poderá ser administrada
com eficiência, e o resultado inevitável será a falência do sistema.
Portanto, a verdadeira forma de solucionar o problema é
melhorar a mentalidade de cada indivíduo, ou seja, considerar o
ser humano como elemento principal e a organização social,
secundária.
Evidentemente, o pensamento incorreto surgiu do
materialismo. Este não reconhece a espiritualidade e tenta
solucionar tudo somente por meio da lógica materialista. E esta
é a grande causa do erro. Consequentemente, tenta-se provar
sempre que as próprias palavras e ações são corretas, e a culpa é
atribuída ao outro. Na realidade, a causa de quase todos os males
está no indivíduo. Se a pessoa conseguir conscientizar-se
claramente disso, tanto a virtude da modéstia quanto o espírito
filantrópico surgirão espontaneamente e se concretizará uma
sociedade feliz e pacífica. Não há outra forma para tal a não ser
por meio da religião, da fé.
O princípio da revolução socialista de destruição da
organização social se baseia na transferência das
responsabilidades individuais a terceiros e na consequente
manipulação do povo. Portanto, desejo que as pessoas se
conscientizem plenamente do sentido do que aqui apresentamos
e, colocando um ponto final nos erros cometidos até o presente,
estabeleçam um brilhante recomeço.
Jornal Hikari nº 10, 25 de maio de 1949
(75)
Título anterior: “O mal social é ou não é causado pelo meio ambiente?”.
(76)
A expressão em japonês kosan areba, koshin ari refere-se a uma máxima do
confucionismo: “Quem não tem uma profissão ou fonte de renda estável, não
consegue manter os próprios princípios morais com firmeza.” Tal ditado era uma
advertência sobre o fato de que, com exceção da nobreza, que tem formação
intelectual, o povo em geral não tem como manter sua retidão moral sem uma fonte
de renda ou profissão.
79
É dever de todo ser humano trabalhar pela felicidade e
pela paz deste mundo. (Nidai-Sama)
O PÃO NOSSO DE CADA DIA VOL. 1

O
utro dia, nesta mesma coluna, afirmamos que a fé
deve estar de acordo com a lógica. Portanto,
acredito que os senhores tenham compreendido.
No entanto, recentemente, um responsável da Igreja Regional fez
uma nova pergunta relacionada ao assunto que apresentarei a
seguir.
Trata-se de uma fiel que ingressou na nossa Igreja, há cerca
de dois anos. Tornou-se messiânica devido à cura de infiltração
pulmonar do marido. Em fevereiro deste ano, o filho de dois anos
de idade contraiu pneumonia. Ao pedir orientação ao responsável
da unidade religiosa, este se dispôs a curá-lo e, desde então,
passou a ministrar-lhe Johrei fervorosamente. Contudo, não
houve melhora significativa e, por fim, o menino chegou a correr
risco de vida. Dias atrás, recebi um telefonema solicitando-me
pedido de graça. Depois disso, a criança obteve melhora.
Contudo, a mãe continuava preocupada com o estado de saúde
do filho e recorreu ao chefe de Igreja, indagando-lhe que
procedimento tomar. Assim, ele veio procurar-me trazendo a
mãe e a criança.
Minha resposta foi seguinte:
Uma doença tão simples como a pneumonia não deveria
perdurar por tanto tempo. Infalivelmente, deve existir algum
ponto que não esteja correto. São duas as causas. Uma delas
constitui um grave erro e, por tratar-se de um assunto particular,
manteremos em segredo. A outra é extremamente relevante e
como desejava que o chefe da Igreja também a ouvisse, expliquei
detalhadamente.
Já que os pais dessa criança haviam ingressado na nossa
Igreja, há um ou dois anos, o pai ou a mãe é que deveriam ter
ministrado Johrei ao próprio filho, acometido de uma simples
pneumonia. Caso assim tivessem procedido, a criança já estaria
restabelecida. No entanto, os pais, interpretando de forma
equivocada a situação e, sem mesmo se preocupar em ministrar
Johrei ao filho, incomodaram o responsável da unidade religiosa,
solicitando-lhe Johrei, procedimento completamente fora da
lógica. E o responsável, por sua vez, diz que foi até a casa da
criança ministrar-lhe Johrei, por algumas vezes. Portanto, a
atitude de ambas as partes está completamente equivocada.
Originariamente, a função do responsável de uma unidade
religiosa é o encaminhamento à fé das pessoas que ainda não são
membros. As que já o são, têm a permissão de Deus de realizar a
cura das doenças. Por conseguinte, em se tratando de doentes na
família, quem deve ministrar Johrei são os próprios familiares.
No caso apresentado, apesar de membro, a pessoa recorreu ao
responsável da unidade, o que significa atrapalhar suas
atividades. Por outro lado, o responsável deveria ter ensinado o
membro a respeito do assunto, mas ele não percebeu isso,
fazendo-me imaginar que ele se encontrava completamente
desatento. Em casos excepcionais, esse responsável até pode
ministrar Johrei, solicitando a Deus Sua permissão, mas, por
pouco tempo. Em suma, quando nada está de acordo com a
lógica, não é possível receber graças.
Por exemplo, os diretores, os responsáveis da Igreja
Regional, os responsáveis de unidades religiosas e demais
ministros, de acordo com sua posição e cargo, devem atentar para
não incorrer na falta de lógica. Para tanto, é preciso empenhar-se
habitualmente na leitura de ensinamentos, visando ao polimento
da própria inteligência superior (tieshokaku) e, dessa forma, em
qualquer situação, conseguirão perceber se estão ou não de
acordo com a lógica. Não se deve esquecer a diferença
entre daijo e shojo. Sempre devemos dar prioridade à expansão
da Obra Divina e deixar os assuntos particulares em segundo ou
terceiro plano. Ao procedermos dessa forma, tudo correrá
convenientemente, ou seja, se agirmos dentro da lógica,
considerando perdas e ganhos de forma global, poderemos
receber muitas e muitas graças. É evidente que, se causarmos o
menor transtorno à Obra Divina, as coisas não correrão a
contento.
Seja como for, trata-se de uma gigantesca atividade de
salvação da humanidade e, além do mais, Deus está com muita
pressa. Portanto, é preciso refletir profundamente sobre isso.
Jornal Eiko, nº 213, “A fé deve estar de acordo com a lógica”,
17 de junho de 1953
102
A civilização atual não é capaz de fazer o ser humano feliz
porque foi criada pelas mãos humanas.
O PÃO NOSSO DE CADA DIA VOL. 1

Ao examinarmos atentamente a civilização atual, notamos


que ela apresenta inúmeras falhas. Entre estas, a principal é o
pensamento em relação à Ciência. Como é do conhecimento de
todos, com a exceção dos religiosos, as pessoas se identificam
completamente com a sua supremacia. Estão convictas que todos
os problemas podem ser solucionados por meio dela. Contudo,
existem muitas coisas que a Ciência não consegue resolver.
Apesar disso, sendo totalmente devotadas a ela, essas pessoas
não conseguem enxergar nada mais. Isso se dá porque não
percebem que o nível da cultura atual é por demais inferior. As
pessoas que têm seus olhos ofuscados, sequer conseguem atentar
para essa realidade.
Para facilitar a compreensão dos leitores, tecerei alguns
comentários a respeito da civilização, baseado na situação geral. De
acordo com o que pudemos averiguar, via de regra, grande parte das
pessoas tenta encontrar na Religião a solução daquilo que a Ciência
não consegue resolver. Entretanto, existem muitos problemas que a
Religião não consegue solucionar; assim sendo, a maioria procura
a Ciência, deixando-se levar pelas incertezas. Na realidade, ambas
possuem certa força, mas o problema reside no ponto de não
conseguirem resolver todas as questões. As de maior proporção são
a guerra, a doença e o crime. Há milhares de anos, a humanidade
veio empregando toda a sua inteligência para solucioná-los. Até
hoje, porém, ainda não se conseguiu sequer vislumbrar a luz da
solução. Analisando-se dessa forma, sem o surgimento da incógnita
X, superior à Ciência e à Religião, não teremos nenhuma chance de
solução. Caso contrário, será que este mundo de ilusão continuará
eternamente, por mais que nos esforcemos? Obviamente que não,
pois, pelo surgimento da incógnita X, a Luz intensa já está sendo
emitida. Não se surpreendam se eu disser que essa incógnita vem a
ser a religião messiânica e que ela não é senão a luz do Oriente, tão
almejada pela humanidade.
Isso porque nossa Igreja, detentora de um poder de cura de
doenças sem igual, vem salvando um grande número de pessoas
infelizes. As que ingressam nela, evidentemente se tornam
saudáveis, são incapazes de cometer crimes e passam a ter um
poder que extermina, de uma vez por todas, até mesmo a guerra.
Para mostrar essa realidade é que a estou apresentando,
fundamentado em fatos. Evidentemente, mais cedo ou mais
tarde, chegará o dia em que ela atrairá a atenção do mundo.
Portanto, essa é uma força inédita na face da Terra e, tal como
sugere o título deste artigo, ela é superior à Religião e à Ciência.
Assim sendo, tanto uma como outra são consideradas partes
integrantes da incógnita X e aplicadas de acordo com o assunto.
Nossa religião é por demais grandiosa e misteriosa para ser
compreendida pela inteligência das pessoas da atualidade. Se eu
tivesse que denominá-la, chamaria de “Força de salvação do
mundo”. Por conseguinte, expandindo essa força, nós nos
empenharemos no desenvolvimento da obra de salvação da
humanidade. Desejamos, pois, que, de hoje em diante,
observassem com atenção e interesse redobrados as atividades
que desenvolveremos.
Jornal Eiko, nº 197, “Algo além da religião e da ciência”,
25 de fevereiro de 1953

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