Você está na página 1de 4

Trabalho de História do Brasil Imperial

Nome: Pedro Alcântara Soares Ghisio

Turma: 149

Data: 20/09/2018

Responda:
1 - Relate a respeito da expansão cafeeira no Brasil, evidenciando as
principais mudanças econômicas que caracterizaram o Segundo Reinado.
Resposta: A expansão cafeeira no século XIX foi caracterizada por uma mudança
de eixo da região do Vale do Paraíba para o Oeste Paulista. Até então, o Vale do
Paraíba, através de concessões de sesmarias no período joanino, havia se
transformado no início do século na principal região de produção de café,
rendendo muitos lucros ao estado, onde grandes barões se instalaram
estabelecendo uma produção de caráter extensivo sobre a terra com a base de
mão de obra escrava, voltado para o abastecimento do mercado Europeu.
Enquanto o Vale do Paraíba mantinha sua posição como principal região
produtora, o Oeste Paulista tinha uma cultura canavieira, ou seja, colhia a cana de
açúcar. Mas diante das circunstancias nas demandas do mercado mundial e suas
exigências, esses senhores de terras encontraram vantagem no café como
produto de luxo a ser vendido, além de outros fatores menores, sendo o açúcar
substituído a partir de 1817 para as diversas regiões do oeste. Nesse viés, a
região do Oeste Paulista passa a competir com a região do Vale do Paraíba, e
nesse ponto foi marcado consequências e transformações profundas tanto nas
duas regiões como na própria dinâmica econômica no Brasil.
Uma dessas consequências foi o afastamento tanto de índios como de pequenos
proprietários que produziam para sobreviver, sendo que esses últimos, criaram
laços de dependência e compadrio com o senhor do cafezal, marcando uma
política clientelista e dando mais poder através dessa fidelidade as elites locais.
Junto a essa expansão, e por conta da proibição do tráfico de escravos, houve
uma escassez de mão de obra, sendo o imigrante europeu (mão de obra livre)
uma alternativa.
O investimento do capital estrangeiro foi um grande apoio para essa expansão,
justamente pois os investidores reconheciam a importância de tal investimento,
pela região ter grandes extensões de terras e solos férteis. O fluxo de capital levou
as elites do Oeste Paulista a um impulso de riquezas e consequentemente em
investimento com introdução de mais capital acumulado através da iniciativa
privada dos próprios senhores em infraestrutura para facilitar o acesso a diferentes
regiões com ferrovias. Não só isso, como também em inovações técnicas
destinadas a melhorarem a qualidade do produto, distanciando-se, assim, da
produção rudimentar do Vale do Paraíba.
Mesmo assim, o processo de produção do café, apesar das inovações no período,
convivia ainda com aspectos de uma economia latifundiária escravista,
principalmente no Vale do Paraíba, sendo difícil para as elites se desprenderem
desse sistema.
Acompanhando a expansão do capitalismo, o Oeste Paulista tem seu apogeu na
década de 1880 com o café como principal produto exportável, onde a mão de
obra do imigrante e do escravo estão em convivência.

2 - Disserte sobre a escravidão nas fazendas de café, destacando os


aspectos gerais e o cotidiano dos escravos.
Resposta: A mão de obra escrava foi fundamental para a expansão das
plantações de café e sua produção. O trabalho compulsório e as péssimas
condições marcam o sistema de plantation escravista. Eram constantemente
fiscalizados por feitores, que os acompanhavam na plantação com vigilância.
A forma de trabalho e a quantidade de horas variava de acordo com a tarefa, mas
normalmente eram 17 horas de trabalho com alguns momentos de folga, como em
períodos de festejo onde tinham permissão e comemorar à sua maneira.
Se dividiam em senzalas pelo sexo, onde eram privados de qualquer
particularidade, ficando todos ali juntos, dormindo em pequenas esteiras. Comiam
refeições que eram feitas em horários fixos e voltavam com instrumentos de
trabalho logo depois para as lavouras.
A relação entre senhor e escravo tinha dimensões diferentes de acordo com
tamanho da propriedade e número de capatazes que criavam uma certa distancia
entre a figura do senhor do cafezal e o escravo que realizava as árduas tarefas
através da vigilância e fiscalização. Distanciava-se essas relações em fazendas
grandes justamente pelo difícil controle de grande quantidade de mão de obra e a
imensidão espacial dessas propriedades. Nas pequenas propriedades, o senhor
tinha mais contato, e até mesmo uma aproximação amistosa em alguns momentos
onde convivia de forma muito intima com os criados.
As tarefas no geral eram muito variadas também, alguns lidavam com trabalhos
relacionados a casa-grande, enquanto outros tinham tarefas fisicamente mais
difíceis em lugares afastados. Essas tarefas mais próximas dos senhores se
relacionam aos trabalhos domésticos como mordomo, cozinheiro, ama de leite e
no geral, criados da casa que sabiam os costumes de cada senhor.
Existiam também aqueles que eram responsáveis pela manutenção e organização
dos trabalhos que seriam executados por outros escravos, desviando-se de outras
atividades que também eram executadas, não naquele período. É possível ver,
portanto, uma movimentação de mão de obra em diversos tipos de trabalho e de
forma muito diversificada, de acordo com as necessidades a mando do senhor da
propriedade.
Mas além disso, desse trabalho compulsório que tomava suas vidas dia após dia,
muitos deles formavam pequenas sociedades e estreitavam seus laços através de
músicas, sinais particulares e danças que os identificavam. A relação senhor-
escravo, explorador-explorado, não se dava apenas pelo trabalho compulsório,
mas os escravos tinham certos direitos e liberdades que eram muito específicos
de cada lugar, como por exemplo, o ganho de pequenas recompensas que
criavam relações mais próximas, evitando que a crueldade do trabalho nas
lavouras os levasse a uma possível insurreição, sendo isso uma forma de garantia
para a manutenção da ordem.

3 - Por que podemos declarar que o Império "não era só café"? Disserte
sobre as outras atividades econômicas do período.
Resposta: No período imperial o café se destacava como principal produto de
exportação. Porém, outros setores (agrícola, pecuário e alimentício) não perderam
seu espaço, mantendo-se em desenvolvimento de acordo com as demandas do
mercado internacional durante o século XIX. Cada produto ou setor de relevância
teve destaque em uma região especifica, e através do dinamismo interno e
externo da economia aumentaram ou diminuíram suas produções. Alguns
produtos desde o período colonial, que tinham posições relevantes na economia
de exportação, acabaram perdendo um pouco de espaço (de acordo com as
demandas) e passaram a ficar em segundo plano, como por exemplo, o açúcar.
Este produto passou a ficar em segundo lugar entre os produtos exportáveis, não
perdendo sua posição de relevância e que foi acompanhado por desenvolvimento
técnico.
Em certa medida, a competição estrangeira trouxe desvantagens para o açúcar
brasileiro (fator externo), mas não só isso, como também o dinamismo econômico
no Brasil levou o governo a garantir uma estrutura adequada com mão de obra e
oferta de crédito para os interesses cafeeiros (fator interno), o que deixou a
produção canavieira em segundo plano. Portanto, é importante observar que a
influencia da demanda estrangeira resulta em uma mudança dinâmica de um tipo
de cultivo para o outro, sendo os interesses particulares o motor para essa
transformação.
Mesmo com todos os problemas relatados, e justamente por perder um pouco
desse espaço, a produção de açúcar por iniciativa estatal, iniciou um processo de
“modernização sem mudança” com a introdução de engenhos centrais e usinas,
como tentativa de acelerar e melhorar a qualidade da matéria prima, inclusive com
apoio de capital estrangeiro.
Houve uma separação entre o trabalho agrícola e o trabalho industrial, de acordo
com as técnicas e organização do trabalho na época e de acordo com a economia
industrial-capitalista. O engenho central tinha a responsabilidade na
industrialização da matéria prima, enquanto a própria matéria prima vinha dos
fornecedores.
Por uma série de razões, essa organização não se realizou da forma desejada,
mas levou a necessidade de racionalização do trabalho e produção, se
concretizando as usinas de açúcar.
Outro produto de destaque, principalmente para as fábricas de tecido, era o
algodão. As principais lavouras encontravam-se no Maranhão. De acordo com as
condições externas e oscilações internacionais, o algodão variava de preço, como
por exemplo, o Brasil ficou em vantagem durante a guerra de secessão nos EUA,
um de seus principais competidores e a partir disso, trouxe inovações para tipo de
cultivo por conta do aumento dos preços e consequentemente o aumento do
interesse dos financiadores.
O tabaco, apesar da forte competição internacional, tinha uma extensiva produção
na Bahia. Mas não só o setor agroexportador, como também a pecuária ocupou
um lugar de importância, principalmente no Rio Grande do Sul, com o charque,
que abastecia a mão de obra escrava, e pela alta demanda estabeleceu elites
estancieiras na região. Tanto o Rio Grande do Sul quanto Minas Gerais tinham
uma produção voltadas para o mercado interno (abastecimento para as demais
províncias), esta última tinha lavouras com milho, feijão e mandioca assim como
carne salgada.
Outro produto, que futuramente terá importância, será a borracha, que foi
explorada para os interesses da expansão industrial (principalmente indústria
automobilística) entre os séculos XIX e XX.

Você também pode gostar