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31/08/2021 AVA UNINOVE

A sociologia de Émile Durkheim 

Entender os principais conceitos sociológicos desenvolvidos por Émile Durkheim,


bem como, o contexto de construção de sua sociologia.

NESTE TÓPICO

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A sociologia de Durkheim

Não é por acaso que o francês Émile Durkheim é


entendido, junto à Karl Marx e Max Weber, como
um dos clássicos da Sociologia. Este autor, que
dizia-se discípulo de Auguste Comte, avançou em
muito o conhecimento sociológico, desenvolvido
até aquele momento, através de seus conceitos de
Solidariedade Orgânica e Mecânica, Suicídio,
Anomia e Fato Social.

Ao analisar a sociedade de sua época, Émile


Durkheim percebeu que as alterações acontecidas
na sociedade depois do Iluminismo e das 

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revoluções Americana, Francesa e Industrial,


alterou os valores que as pessoas carregavam
dentro de si ao conviver em sociedade.

Dito de outra forma, para Durkheim tais


revoluções alteraram o senso de moral das
pessoas, os quais foram ficando mais complexos e
distantes daquela moral tradicional a qual era
comum na Europa do pré-iluminismo.

Fazendo um parêntese, quando falamos de moral, estamos nos referindo a


padrões éticos de uma sociedade, o qual é determinado através da cultura
lugar. Cada sociedade tem sua cultura, portanto, seus padrões éticos e
construção moral. Além disso, grupos sociais distintos podem ter diferen
padrões morais, levando o que chamamos de moral individual. 

Voltando, para este francês, que tentava estudar


as causas das mudanças sociais e não as
consequências dessas, como fez Comte, a
sociologia deveria focar, portanto, no estudo da
moral do lugar

pois, com esse foco seria possível entender as


pessoas vivendo em sociedade, através da atuação
dos valores sociais que, de fora para dentro,
atuam sobre ela. Pois o que é um valor moral,
senão uma criação do coletivo que age sobre o seu
“eu” individual?

Dessa forma, Durkheim afirmava que por serem


esses valores morais algo que o indivíduo assume
por ver os outros fazendo, podia se afirmar que a
sociedade é algo que está fora do indivíduo

porque,   ainda que a repetição de atitudes dos
próprios indivíduos possa representar a moral da
sociedade, não constitui sua formação.
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Isso porque as construções individuais, que são


geradas coletivamente, em algum momento se
desprendem da figura do seu criador e ganham
vida própria, independente se aquele que criou
deseja ou não que aquilo continue a existir.
Coisas que só fazem sentido para o indivíduo é o
objeto de estudos da Psicologia.

Resumindo e reforçando, a ideia durkheiminiana


de fazer uma ciência da moral, seguindo os 
preceitos positivistas de Comte, está no fato de
ser a moral, fruto das relações entre os membros
da sociedade: a sociedade vive, produz seus
significados (sua história) segundo suas
necessidades. E dessa produção de significados
cria valores. Esses valores são o que constituirá a
moral de um lugar.

Assim, para este funcionalista e positivista, fazer


ciência da moral era trabalhar com as tendências
construídas pelas próprias pessoas vivendo em
sociedade. Algo que é produzido pelas pessoas,
mas que observamos fora delas o tempo todo.

Consciência Individual e Consciência Coletiva

Antes de prosseguirmos, será importante


trabalhar dois conceitos, o de Consciência
Individual e o de Consciência Coletiva:

Consciência Individual é àquele conjunto de


valores que determinam o seu eu particular. Uma
espécie de consciência própria que advém daquilo
que filtramos na sociedade e tomamos como
bastião para nossas ações.

Consciência coletiva  é a soma das consciências 


individuais de uma determinada sociedade. É dela
que brotam os valores gerais de um determinado

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grupo social. Essa consciência, embora se


desenvolva da soma das consciências individuais,
é algo maior que essa soma, pois, da intersecção
das consciências de cada ser, surgem outras
consciências que não necessariamente a simples
soma entre uma e outra. Por exemplo, da soma da
consciência A à consciência B, não surge AB, mas
sim, C, pois a interpretação daquele que capta o
discurso, já é diferente e está apregoada a um
conjunto de coisas que só fazem sentido à ele. 
Além do fato de que nem tudo que é bom e válido
para minha consciência individual, o é para a
coletiva.

Assim, para que exista paz na sociedade, tem de


haver uma coesão entre as consciências
individuais com a consciência coletiva, não o
contrário. Quando isso acontece, as pessoas se
tornam solidárias, se unem em torno de algo, e
assim a solidariedade acontece.

Percebam, agora através da ideia de consciência,


que a sociedade, mesmo que nasça do indivíduo,
está fora dele. É maior que ele!!

Solidariedade Orgânica e Mecânica

A divisão do trabalho, segundo esses padrões de


signos criados pela sociedade (moral) ao longo do
desenvolvimento industrial, passou por
transformações. Essas transformações é que serão
captadas e estudadas por esse autor em seu
trabalho de doutoramento. Sua pergunta inicial
era, por que "quanto mais autônomo se torna o
indivíduo mais intimamente dependente ele é da
sociedade?”

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A tese elaborada por Durkheim é a de que essa


aparente contradição, é uma transformação da
solidariedade social em função do
desenvolvimento cada vez mais considerável da
divisão do trabalho.

Assim, podemos ligar os pontos: 


ao transformar sua moral com o advento do capitalismo, que funcionalmen
vai se transformando rumo a uma maior produtividade, a solidariedade d
pessoas vai mudando. Isso é positivamente observado quando vemos
atitudes das pessoas em sociedade. Será dessa premissa que derivará
colocações do autor.

Durkheim definiu a solidariedade, que deve ser


pensada como a relação entre as pessoas, como
segue:

Solidariedade Mecânica  se dá quando as pessoas


se unem por traços comuns de suas consciências,
os quais são amplamente compartilhados por
todos: religião, leis, situação de comoção comum
às consciências individuais. Pensar em
solidariedade mecânica, é pensar que a
consciência coletiva está afinada em torno de
valores bastante próximos à todos. O que faz a
união geral das pessoas dentro do grupo social, é
a sensação de pertencimento e igualdade. O
trabalho aqui é mais compartilhado.

Solidariedade Orgânica  é aquela que se faz


através da individualidade, da segmentação

surgida através das sociedades mais complexas. O
que une as pessoas ao grupo, é a diferença entre
os seres que se especializam e dependem uns dos
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outros pelo trabalho alheio. É uma solidariedade,


digamos, mais egoística. O trabalho aqui é mais
individualizado.

A sociedade moderna, para este autor, vai


deixando de ser mecânica na medida em que se
torna mais complexa. Consequentemente ela se
torna mais orgânica, como se as pessoas
dependessem um das outras para existir, como os
órgãos do corpo que, ao desenvolver suas funções

individualmente, faz o corpo existir.

Na sociedade orgânica, as pessoas se agrupam por


afinidade, não por descendência ou
pertencimento. Isso ajuda, inclusive, a perceber a
maneira pela qual a Teoria Política passa a
entender o poder, desmistificando os poderes
absolutos – amparados na descendência, no
jusnaturalismo e no contrato social (Maquiavel,
Hobbes, Locke, Rousseau) – na medida que
defendem regimes com uma maior participação
civil e com a divisão dos poderes – governos
amparado na afinidade (como em Montesquieu,
Tocqueville, Burke, Marx).

Ou seja, quanto mais complexas as sociedades,


maiores elas tendem a ser. A complexidade moral
e espacial que surge é que será o estopim para
que as transformações da solidariedade aconteça.
Não é necessariamente o tamanho da sociedade o
que importa. A sociedade pode crescer, mas não
alterar sua solidariedade porque não se
complexificou. Pensem no caso do Oriente, onde
temos sociedades extremamente grandes, as quais
não alteraram seus padrões de solidariedade.

Sobre a diferenciação entre os variados grupos


sociais, ela irá acontecer como algo quase que
“natural”, também relacionada a essa

complexidade moral e espacial.

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Quanto mais orgânica a solidariedade na


sociedade, maior a divisão da convivência através
do gosto, no sentido de se formar grupos de
afinidade. Esses promoverão disputas por
interesses internos a cada um dos grupos (saber,
dinheiro, honra, etc...). Dessa disputa, os que
conseguem mais sucesso que outros (o que se
traduz em respeito e visibilidade), sobrevive
frente aos demais. É dessa forma que escolhemos
os melhores médicos, as melhores escolas, etc...,

por exemplo. Esses supostos “melhores” se
transformarão na base da construção moral de sua
área e orquestrará o formato que deve se esperar
daquele determinado grupo ao conviver com eles.

Percebam a centralidade que os valores morais


possuem para a explicação durkheiminiana da
sociedade. Como em Comte, a ideia de que a
ordem leva ao progresso é forte aqui em
Durkheim.

Inclusive, quando os valores morais do grupo


entram em conflito, não gerando solidariedade
entre os membros sociais, a sociedade corre o
risco de se desintegrar. Pois, sem solidariedade
entre as pessoas (mesmo que sejam relações
egoísticas), a sociedade não convive e,
consequentemente se desintegra.

Esse períodos de enfraquecimento moral até sua


ausência quase que completa, e os momentos de
transição desses períodos até outros que
carregam consigo novos padrões morais, é o que
ele chama de Anomia.

Nesses momentos, as pessoas não sabem qual


padrão de conduta é certo ou errado dentro da
convivência social. Para o autor, quando a 
sociedade se aproxima da anomia, ou mesmo
quando muitos distúrbios sociais começam a

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ocorrer, tirando a sociedade de um padrão de


normalidade, ela se encontra em estado
patológico.

Estudo de caso: o suicídio

Para este autor, a consciência coletiva se


sobrepõe a individual, nos fazendo ter padrões
para saber se estamos nos sentido felizes, tristes, 
calmos, felizes ou desesperados. Para cada grupo
social, existe um padrão do que é se sentir e,
assim, essa sensação individual faz-se existir de
acordo com uma régua estabelecida fora de nós.
Outra coisa: quem nos faz sentir essas sensações,
na maior parte das vezes, é a sociedade. É através
do grupo que vem o elogio ou mesmo a situação
que me desespera a ponto de atentar contra
minha própria vida. Os momentos de anomia na
sociedade, por exemplo, acabam despertando
reações das mais imponderáveis possíveis.

É com base nisso que Durkheim afirma que o


suicídio se dá a partir de atributos sociais, não
por atributos psicológicos e/ou individuais. Os
estudos desse francês demonstrou que se
observarmos a sociedade, veremos que em
momentos de conturbações sociais, as pessoas se
suicidam mais que em momentos de calmaria.

Assim, não é o psicológico que determina o


suicídio, mas a relação que o indivíduo estabelece
com a sociedade, pois, lembrem-se, a sociedade é
um todo que age sobre o indivíduo. A própria
noção do que é ou não um problema psicológico é
determinada pela sociedade e seus valores
morais.

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Émile Durkheim dividiu o suicídio em 3 grupos,


sempre o ligando às questões morais trazidas pela
solidariedade:

Suicídio egoísta:  acontece quando o indivíduo se


descola de seu meio pelo fato de a sociedade
exigir dele algo social que ele não tem. “Me mato
porque feri a honra de alguém, ou porque sou
feio, porque sou lindo, porque ninguém me
entende...” 
Suicídio Altruista:  acontece quando o indivíduo
está tão ligado ao seu meio, que a solidariedade
se impõe sobre seus valores, fazendo-o desistir da
vida pela causa. “Me mato por acreditar num
deus, me mato por uma causa maior, me mato
para protestar contra algo.”

Suicídio anômico:  se relaciona aos problemas


econômicos, políticos ou outros que são da
sociedade como um todo. Quando isso acontece, a
frustração se impõe sobre a razão dada
moralmente. “Me mato porque estou falido e não
consigo digerir as expectativas minhas e que os
outros colocam em mim, porque as questões
políticas se impõem sobre minha moral.”

Dessa forma, Durkheim acaba por concretizar a


importância dos estudos sociológicos, no sentido
de perceber a real dimensão da influência da
sociedade para explicar fenômenos do cotidiano.

Mas vale lembrar que para chegar em seus


estudos sobre o suicídio, este francês passou por
um amadurecimento de suas ideias, desde seus
estudos sobre solidariedade, até aqui, com os
estudos sobre o “atentar-se contra a própria
vida”. 

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Tendo cumprido todo esse percurso, e assim


convencido que a sociologia era a ciência que
deveria se atentar para os estudos da moral de
uma sociedade, Durkheim vai ainda mais além, ao
se debruçar sobre o que, na sua opinião, seriam as
regras do método sociológico. E a base para esse
entendimento, enfoca no entendimento dos Fatos
Sociais. Vamos entender isso na sequência.

  
Fato social

Antes de falarmos de Fato Social, percebam que o


significado da palavra fato, se liga a algo que
indubitavelmente aconteceu. Vemos, por exemplo,
nos jornais, inúmeros fatos que são acontecidos
que se deram e que influenciaram a vida das
pessoas. Poderão dizer vocês: “ah, então entendi o
que é Fato Social, pois, se fato é um
acontecimento e esse, por sua vez altera a vida
das pessoas, então, é isso um fato social, algum
acontecimento que muda o social, certo?”
Errado!!

Pois se é dado que quase todo acontecimento


muda a vida das pessoas –  portanto, muda o
social – nem todo acontecimento que muda a vida
das pessoas se liga diretamente ao que quer
estudar a sociologia. E é ai que entra Durkheim
com sua teoria, com o seu método sociológico que
veio amadurecendo desde os seus estudos sobre
solidariedade: delimitar dentro dos
fatos/acontecimentos da sociedade, aqueles que
são objeto de estudo da Sociologia enquanto
ciência.

Assim sendo, afinal o que é um Fato Social? 

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Como já colocamos anteriormente, nem todos os


fenômenos que acontecem em sociedade são
considerados fatos sociais. Determinadas atitudes
humanas podem, facilmente, ser estudadas por
outras ciências: comer, dormir, interagir, etc.,
podem ser estudados pela nutrição, medicina e
psicologia, respectivamente.

Porém, para este francês, há algumas coisas que


acontecem na sociedade,  que fazem mais sentido 
de serem observadas pelo olhar da Sociologia,
posto que essa ciência explicaria melhor tais
situações. Mas como saber quais são esses
acontecimentos? Como percebê-los? Quais são as
características que nos fazem perceber essas
categorias de fatos? Durkheim elenca três, que
nos fazem perceber, inclusive, que a sociedade
acontece fora do indivíduo e independente de sua
vontade: a exterioridade, a coercitividade e a
generalidade. São essas três características que
fazem um fato qualquer, se transformar num Fato
Social, que é o fator determinante para se
escolher um objeto de estudo para se desenvolver
sociologicamente. Abaixo explicamos as
características do Fato Social.

Sobre a exterioridade, podemos dizer que


determinadas condutas que assimilo e reproduzo,
não foram por mim construídas, são exteriores a
mim, já estavam prontas quando nasci. Seja meu
papel como irmão, irmã, esposo, esposa, etc.; seja
meu comportamento religioso, como amigo,
dentre outros, já estava pronto, fora de mim,
quando passei a desenvolver esses papéis na
sociedade. Assim, maneiras de agir, de ser e de
pensar, que estão fora de mim, fora da minha
consciência individual, determina algo que é 
exterior ao indivíduo, mas que o fazem agir
daquela forma. Isso é a exterioridade, a primeira

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característica de um Fato Social. Resumindo, um


fato social existe independente da vontade da
pessoa.

A segunda característica é a coercitividade. Essa,


diz respeito a uma consciência pública que
reprime todos os atos contrários à conduta, às as
convenções estabelecidas. Não sou coagido a falar
meu idioma mas, dentro do meu país, não é
possível agir diferente. Se assim eu agir, serei

sancionado socialmente: pessoas vão me olhar,
me discriminar, comentar... pois, não estou
agindo conforme o que esperam de mim. Dessa
forma, a sociedade coage seu membro, pois, para
não ser discriminado, para não sentir-se coagido,
ele passa a agir de acordo com o que já está posto
pelos atributos daquilo que é exterior (primeira
característica do Fato Social).

Posso libertar-me dos modos de agir e de ser já


estabelecidos? Sim, mas será preciso lutar para
poder conquistar esse espaço.

Tais maneiras de ser e de agir não são orgânicas


(não nascemos com elas) e nem psíquicas (posto
que não existem só na mente e através dela), mas
sim, sociais (pois são regras que existem apenas e
através do grupo). São maneiras de ser e de agir
aquelas provenientes de uma ordem jurídica,
moral, religiosa e financeira, que estão presentes
em organizações bem definidas e cristalizadas
dentro da sociedade. Resumindo, um fato social
existe para te coagir a fazer daquela forma. E se
você não agir daquele jeito, a sociedade te coage,
se impõe sobre a sua pessoa.

A terceira característica de um Fato Social é a


generalidade: os fatos sociais estão cristalizados

em um plano que é o da consciência coletiva,
portanto, existe de forma geral na sociedade. Ele
não se manifesta no plano individual, mas no
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geral. Assim, as crenças, os ditos populares, as


regras jurídicas, morais, de vestimenta, de
comportamento a mesa, etc., estão dadas e se
exprimem por todos e para todos. Ainda que você
se oponha a um Fato Social, a maioria das pessoas
não o fará.

Pensando em fatos sociais como o casamento, a


natalidade e o suicídio fica difícil, a primeira
vista, dissociá-los dos casos particulares: “casou

por amor”, “teve os filhos que queria”, “matou-se
por que não aguentou...” mas, ao analisarmos
enquanto um fato social, os números (estatística)
demonstram que os casos particulares não são
importantes, visto que há uma generalidade, “um
certo estado de alma coletiva” que fazem as
pessoas agir de uma determinada maneira ou
querer algo de uma determinada forma. É geral
porque está em cada parte porque está no todo,
mas, não é o mesmo que estar no topo por estar
nas partes. É o mesmo que dizer que a sociedade
e suas regras precedem o individuo. Resumindo
novamente, um fato social só o é se estiver
espraiado entre as pessoas, se todos fizerem
aquilo.

Feito essa explicação das características de um


fato social, cabe ressaltar que se você quiser saber
se algo é um fato social, é só se perguntar se essa
coisa é exterior a mim, coercitivo e geral. Se a
resposta for sim para todas essas categorias, eu
posso afirmar que aquilo é um fato social. Por
exemplo, quero saber se tomar banho é um Fato
Social. Daí eu pergunto a mim mesmo: tomar
banho é exterior, coercitivo e geral? Bem, vamos
pensar: a ideia de tomar banho é exterior a mim?
Ou seja, existe independente da minha vontade?
Sim. Tomar banho é coercitivo? Ou seja, se eu não 
tomar banho vou ser sancionado pela sociedade?
Sim! Experimente não tomar banho por alguns

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dias e vá ao trabalho! Todos vão olhar feio para


você!! E, por último, tomar banho é geral? Ou
seja, as pessoas tomam banho? Sim. Então, como
tenho resposta sim para as três categorias, posso
dizer que tomar banho é um Fato Social, em nossa
sociedade. Não nos esqueçamos de pensar que
para cada sociedade há um conjunto de fatos
sociais.

Uma vez definido o objeto da Sociologia, o fato



social, o autor propõe o método de estudo desse
objeto. Para ele, os fatos sociais devem ser
entendidos como coisas. Por que   coisas? Uma
coisa é algo que não tem capacidade de
influenciar outras coisas. É inanimado e não
possui ideias. Ao definir os fatos sociais como
coisas, o autor busca compreender a sociedade
sem qualquer influência externa, ou seja, busca
compreender a sociedade a partir do que ela é.

Essa questão é de extrema importância no fazer


pesquisa. As ciências humanas estudam pessoas,
individualmente, sua moral, seus aspectos
psicológicos, ou em sociedade. Pessoas tem
vontades, tem desejos, querem e pensam coisas.
Mas, não são coisas, como um livro ou uma
pedra. 

É preciso portanto considerar os


fenômenos sociais em si mesmos,
separados dos sujeitos conscientes que os
concebem; é preciso estudá-los de fora,
como coisas exteriores, pois é nessa
qualidade que eles se apresentam a nós.
(1995, p. 28
()

Isso tem implicações na forma como o



pesquisador deve atuar. A premissa inicial é de
que deve afastar todas as pré-noções. Isso
significa dizer que o sociólogo deve afastar-se do
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objeto de estudo para que suas ideias não


influenciem sua análise. Lembremos que o objeto
de estudo é um grupo social que deve ser tratado
como coisa.  É esse distanciamento que deve
garantir a objetividade científica, tão cara à
Sociologia.

Comentando um pouco sobre tudo que


trabalhamos aqui...

Observando as mesmas coisas sendo abordadas de 


outra maneira se torna interessante quando
pensamos esse autor. Portanto, ressaltaremos em
tópicos, algumas colocações que se fazem
importante a guisa de conhecimento e de resumo
de tudo que foi colocado:

Perceber que Durkheim está estudando a


sociedade através do trabalho desempenhado
pela mesma. Tenta encontrar as relações entre
indivíduo e a coletividade, tomando por base a
observação dos acontecimentos produzidos
pela própria sociedade. Porém, esse autor
coloca que não devemos nos debruçar sobre o
que as relações sociais trazem aos nossos olhos,
mas sim, prestar atenção nas entrelinhas de
uma determinada situação: não é observando a
forma de trabalhar que perceberei as questões
sociais advindas nas novas relações de trabalho,
tem-se que prestar atenção nos sentidos que
essa nova relação desperta, nas ações e atitudes
até mentais que essa nova relação traz. Porém,
essas relações devem ser recorrentes e criar um
lastro na sociedade para que se transforme num
objeto sociológico.

Coloca também Durkheim que devemos, para


perceber a sociedade, nos distanciar das pré-
noções. Como? Observando a sociedade como
uma coisa, como um objeto. Da mesma forma 
como a Física faz! Esse é o ponto de maior
crítica ao autor. A ideia de que o objeto de

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estudo da Sociologia seja tratado como coisa já


foi refutado. Refutar significa dizer que uma
ideia, uma verdade ou uma constatação já não
tem mais sentido, já não carrega o estatuto de
verdade porque deu lugar a outro. Essa é uma
das grandes caraterísticas da ciência. Não
tratamos os fenômenos sociais como coisas
porque são frutos das relações estabelecidas
entre indivíduos, ou grupos sociais, ou destes
com instituições sociais. Para todas essas estão
em jogo vontades, necessidades, ideias e gostos 
que podem se alterar com o tempo e com as
circunstâncias, logo, não é estático. Além disso,
enquanto indivíduo, o pesquisador jamais
conseguirá afastar todas as suas ideias ao
escolher um objeto de pesquisa. Essa escolha,
por si só, já é influenciada por sua
subjetividade.

A objetividade científica é compreendida hoje


por outras características, tais como a
obediência aos métodos, a coleta de dados e a
aprovação de outros pesquisadores.

O que ele percebe ao se debruçar sobre o


mundo de sua atualidade, comparando com o
mundo de algum tempo atrás? Que
“antigamente” o homem valorizado pelo corpo
da sociedade era àquele que detinha um
conhecimento amplo. Porém, esse homem de
conhecimento amplo deu lugar ao homem
especialista, de conhecimento específico.

Assim, com a mudança ocorrida na sociedade


com o advento da industrialização, a relação
entre o indivíduo e a coletividade mudou e
gerou novas dinâmicas de convívio, alterando a
moral, a forma de se relacionar e se solidarizar.
E será por isso que Durkheim passará a estudar
a solidariedade presente na sociedade, como
uma forma de negociação de convívio e paz

entre as pessoas: os tipos de consciência, de
solidariedade e de suicídio derivam disso, pois
tudo isso pode ser pensado através da

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metodologia aplicada por Durkheim, quando


trabalha com os fatos sociais.

Quiz
Exercício Final


A sociologia de Émile Durkheim

INICIAR 

Referências
DURKHEIM, Émile. As regras do método sociológico. São Paulo: Martins
Fontes, 1995.

___________________. Da divisão do trabalho social. São Paulo: Martins Fontes,


1999.

___________________. Divisão do trabalho e suicídio. in: Durkheim. Coleção


Grandes Cientistas Sociais, São Paulo: Ática, 1998.

SCHNEIDER, Sergio; SCHIMITT, Cláudia Job. O uso do método comparativo 


nas Ciências Sociais. Cadernos de Sociologia, Porto Alegre, v. 9, p. 49-87,
1998.

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