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Ana Carolina Gradowski Cagliari¹, Camila Rodrigues Prim², Eridan Regina de Mello
Berté³, Eva Luíz de Souza4, Pamela Farina Duso5, Rossane Serafim Matos6,
Deyvison Luiz Pereira7.
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Colaborador. Enfermeiro graduado pela faculdade Unioeste.
INTRODUÇÃO
RELATO DE CASO
Relata-se o caso de um paciente do sexo masculino, 78 anos, hipertenso com
histórico de diversas internações para toracoplastia, no Hospital Ministro Costa
Cavalcanti, situado na cidade de Foz do Iguaçu – PR, o qual ocorreu entre os anos
de 2008 a 2011. Em 2008, submeteu-se a um cateterismo, devido à angina aos
esforços, mostrando lesões triarteriais.
Em 25 de abril de 2008 realizou processo de Revascularização do Miocárdio,
permanecendo internado por 30 dias.
Em 14 de novembro de 2008, deu entrada ao pronto socorro apresentando
quadro clínico febril, dor torácica, ferida operatória com depuração de exsudato
purulento intenso. Após avaliação foi diagnosticado com mediastinite. Foi realizado
toracoplastia, desbridamento (granuloma de corpo estranho) e re-fixação do esterno,
dando inicio ao tratamento de antibioticoterapia. Após 11 dias de internação, recebeu
alta hospitalar.
Em 26 de fevereiro de 2009, foi internado para uma nova toracoplastia para a
retirada dos fios de aço devido a rejeição, ficando internado por 3 dias.
No dia 29 de maio de 2009, após 3 meses da retirada dos fios de aço, foi
internado novamente devido algia e secreção em 3 pontos por flora mista (estafilo
aureus e pseudonomas) dando inicio ao uso de antibiótico, evoluindo com pequena
quantidade de exsudato apenas sobre os granulomas. Permanecendo internado por
mais 20 dias.
No dia 13 de outubro de 2009 reinterna no hospital para uma nova
toracoplastia, permanecendo internado por mais 7 dias recebendo tratamento com
antibiótico e curativos.
Em 17 de fevereiro de 2011, submeteu-se à ressecção de costelas e
cartilagens costais a direita devido a uma infecção. Fez uso de antibiótico, evoluindo
com a melhora do quadro. Ficou internado por 17 dias. Durante este período
recebeu dieta hipossódica, via oral, totalizando 1686,3kcal e 76,2g de proteína/dia.
Nos últimos 3 dias de internação recebeu suplemento nutricional hiperproteico,
sendo composto de 80% caseinato e 20% proteína do soro do leite, adicionando
mais 900kcal/dia. Este suplemento além de ser composto por caseinato e proteína
do soro do leite, ele possui em sua formula β-caroteno, zinco e selênio, os quais
também favorecem na cicatrização. Assim, o valor energético total ofertado foi de
2586,3kcal e com 136,2g/PTN/dia (dieta via oral + suplemento nutricional). Os dados
antropométricos obtidos foram: altura relatada 168 cm, peso usual de 74,5kg em
2008, peso atual de 81 kg e IMC de 28,7kg/m². Dessa forma, o paciente foi
diagnosticado com estado nutricional de eutrofia, segundo a classificação de OPAS
(2002).
No dia 02 de agosto de 2011, retornou ao pronto atendimento com queixa de
“dor estenal”, consciente, comunicativo, hipocorado, afebril, eupneico. Com ferido
aparentemente cicatrizada com pequena abertura no inferior com exsudato purulento
intenso de odor fétido. Foi internado no mesmo dia devido à dor torácica e secreção
purulenta pelo 1/3 inferior do esterno. Foi realizada centilografia óssea, tendo como
diagnóstico comprometimento infeccioso em porção ínfero-lateral direita do esterno
(osteomielite). Após exames complementares demonstrou-se leucocitose com
desvio importante e PCR alta.
Em 15 de agosto de 2011 foi submetido a uma nova toracoplastia, com
remoção de 1/3 dos arcos costais inferiores do esterno. Continuou fazendo o uso de
antibiótico. Após alguns dias de tratamento observou-se deiscência na ferida
operatória com exposição do mediastino e espaço pleural à direita, iniciando
tratamento com curativos especiais e aporte nutricional. Estava aceitando
parcialmente a dieta devido à forte algia, apresentando perda de peso desde a
última internação. Relatou estar constipado. Durante este período recebeu dieta
hipossódica rica em fibras + o suplemento nutricional hiperproteico. Foi orientado
sobre o aumento do consumo hídrico para a melhora do funcionamento intestinal.
Peso atual de 77,4kg (perda de 3,6kg) e IMC de 27,4kg/m². Nesse período recebeu
durante 07 dias nutrição parenteral periférica concomitante a polivitamínico IV, para o
auxílio da cicatrização.
Antes do tratamento a ferida apresentava uma dimensão de 7cm de
comprimento e 5,5cm de largura, bordas totalmente descoladas não aderidas ao
leito e presença de tecido desvitalizado e esfacelos em toda extensão da ferida com
exsudato purulento intenso.
O curativo inicial utilizou-se de alginato de cálcio como cobertura primária,
compressa estéril de cobertura secundária com trocas diárias por 10 dias
consecutivos. Durante as trocas observou-se uma diminuição gradual do tecido
desvitalizado e do exsudato. No dia 08 de setembro de 2011, iniciou-se a primeira
sessão de terapia negativa, instalada a partir da aplicação de hidrogel mais uma
esponja estéril (hidrofóbica de poliuretano) no leito da ferida. Nesse procedimento,
coloca-se uma sonda, qual se conecta ao sistema de aspiração continua. Após é
feita a vedação do curativo com filme transparente estéril com troca a cada 72 horas.
Passando o intervalo de 72 horas, foi feita a troca do curativo, observando-se
no primeiro momento a aproximação das bordas com diminuição da ferida.
Encerrou-se a terapia de pressão negativa no dia 02 de outubro de 2011. A
ferida apresentava-se superficial e o tecido de granulação com as bordas aderidas,
exsudato leve de aspecto serossanguinolento e pele perilesional integra.
Após esta fase iniciou-se a aplicação com gaze impregnada com petrolado de
cobertura primaria e compressa estéril como secundária.
No dia 03 de outubro de 2011, recebeu alta hospitalar, e foi orientado aos
familiares para a realização do curativo em domicilio ambulatorial inicialmente duas
vezes por semana no primeiro mês, uma vez por semana no segundo mês, no
terceiro mês a cada 15 dias, no quarto mês uma vez, e a partir do quinto mês pós-
cirurgia cada três meses para consulta periódica com cardiologista.
No dia 11 de novembro de 2011 paciente retorna ao hospital para consulta.
Tabela I. Resultado macroscópico evidenciando a cicatrização da ferida na 31ª
sessão.
DISCUSSÃO
CONCLUSÃO
Observa-se que o tratamento multidisciplinar (terapia nutricional associada
aos cuidados de curativos) em mediastinites pós-operatórias, são medidas
fundamentais para a cicatrização de recuperação clínica dos pacientes.
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