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UNIVERSIDADE DE FORTALEZA
Vice-Reitoria de Ensino de Graduação – VREGRAD
Divisão de Assuntos Pedagógicos – DAP
Créditos Teórico / Prático
Código e Nome da Disciplina
J589– DIREITO ADMINISTRATIVO I 4,0
Segundas e Quartas
19h00min – 20h40min
21h00min – 22h40min
Aula 06
A análise de cada um dos citados “Poderes” deixou claro que no âmbito de cada
um deles existe a função típica e pelo menos uma função atípica.
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Os autores de Direito Administrativo1 praticamente concordam que o conceito de
Administração Pública pode ser tomado em dois sentidos:
É o sentido objetivo que recebe maior atenção dos doutrinadores, que de forma
praticamente unânime classificam as atividades administrativas em:
2. Desconcentração e descentralização
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Dentre eles destacamos Celso Antônio Bandeira de Mello, Hely Lopes Meirelles, José dos Santos
Carvalho Filho, Sylvia Maria Zanella di Pietro, Marçal Justen Filho, Diógenes Gasparini, Odete Medauar e
Marcelo Figueiredo.
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Não devemos esquecer que, obviamente, existem órgãos políticos também nos Estados – Governador,
secretários e Assembléia Legislativa – e Municípios – Prefeito, secretário e Câmara de Vereadores.
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Na desconcentração administrativa não ocorre a criação de uma nova pessoa
jurídica administrativa; as competências são distribuídas dentro de secretarias, coordenadorias,
chefias ou outros departamentos administrativos dentro de uma mesma pessoa jurídica. A
Desconcentração pode ser realizada através de norma interna do órgão, atribuindo a
determinados setores competências que antes estavam centralizadas.
A descentralização será por outorga quando o Estado cria uma entidade (pessoa
jurídica da Administração Indireta) e a ela transfere determinado serviço público. A outorga
pressupõe obrigatoriamente a edição de uma lei que institua a entidade, ou autorize a sua
criação, e normalmente seu prazo é indeterminado.
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o denominado controle finalístico ou tutela administrativa ou supervisão. Para exercício desse
controle finalístico é exigida expressa previsão legal, que determinará os limites e instrumentos
de controle (atos de tutela).
Não custa mencionar que a Lei 9.784/1999 traz, em seu art. 2º, o conceito de
órgão público, qual seja, a unidade de atuação integrante da estrutura da Administração Direta
e da estrutura da Administração Indireta.
4. Serviços Públicos
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Ver Alexandre Santos Aragão, “Agências reguladoras”, 3ª ed., 2013, p. 146-179.
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a) Serviços públicos estritamente estatais (com disciplina legal): emissão de
passaportes etc.;
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Em razão da necessidade de garantir parâmetros de segurança ou solidez.
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Seu conceito de serviço público essencial relaciona-se com a
importância que o serviço tem para o Estado, daí a definição ser a mesma
que utiliza para serviço próprio do Estado; essa essencialidade não se dá
em relação às necessidades do cidadão
f. José dos Santos Carvalho Filho: delegáveis X indelegáveis e
administrativos X de utilidade pública
3. Classificação na Jurisprudência
STF (RE 89.876) serviço público propriamente estatal X serviço público
essencial ao interesse público X serviço público não essencial
Classificação sugerida:
1. Serviços públicos estritamente estatais por disposição constitucional ou por
questões de soberania do Estado; são os serviços públicos essenciais segundo Hely
Lopes Meirelles
2. Serviços públicos delegáveis de natureza comum são os serviços de utilidade
pública segundo Hely Lopes Meirelles
3. Serviços públicos delegáveis de natureza essencial quando delegados ao
particular seu regime jurídico deve levar em consideração sua importância para a
sobrevivência / qualidade de vida do cidadão; também são serviços de utilidade
pública para Hely Lopes Meirelles; como exemplo temos o fornecimento de água,
energia etc.
4. Serviços públicos prestados em concorrência com atividade empresarial de
particulares são serviços públicos apenas quando prestados pelo Estado;
sujeitam-se ora ao regime do CDC ou a normas específicas (quando prestados pelo
particular), ora ao regime da Lei nº 8.987/1995 (quando prestados pelo Estado);
servem como exemplos os serviços educacionais e de saúde.
a. Generalidade ou universalidade
Serviços uti singuli a universalidade é garantida com a tarifa
(importância da modicidade)
Serviços uti universi a universalidade é garantida por custeio ou
fundos especiais
b. Continuidade
Conflito aparente entre art. 22 do CDC e art. 6º da Lei
8.987/1995 (o art. 22 do CDC não mais deve ser aplicado em
relação aos serviços públicos)
Serviço essencial deve ser prestado pelo Estado (e mesmo
prestado pelo particular não deveria ser suspenso por
inadimplência)
Entendimento atual do STJ é que mesmo o fornecimento de
água (bem/serviço essencial, mas, quando concedido, prevalece o
caráter econômico) pode ser suspenso por falta de pagamento; o
“corte” não pode, contudo, atingir órgãos essenciais do Poder
Público inadimplente (escolas e hospitais, p. ex.), conforme
Informativo STJ 207
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Vide art. 6º da Lei 8.987/1995
c. Igualdade ou uniformidade
d. Modicidade
Remuneração dos serviços públicos TAXA x TARIFA
Informativo STF 397
e. Obrigatoriedade
f. Transparência
g. Cortesia (apontada como princípio por alguns autores)
h. Participação dos usuários
Lei nº 13.460/2017
Lei nº 8.987/1995 arts. 2º, 6º, 7º, 9º, 10, 11, 13, 23, 29 a 39
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licitação, na modalidade concorrência ou diálogo competitivo, a pessoa jurídica ou
consórcio de empresas que demonstre capacidade para a sua realização, por sua conta e
risco, de forma que o investimento da concessionária seja remunerado e amortizado
mediante a exploração do serviço ou da obra por prazo determinado; (Redação dada
pela Lei nº 14.133, de 2021)
Art. 7º
(...)
Art. 9º A tarifa do serviço público concedido será fixada pelo preço da proposta
vencedora da licitação e preservada pelas regras de revisão previstas nesta Lei, no
edital e no contrato.
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conforme o caso.
Art. 13. As tarifas poderão ser diferenciadas em função das características técnicas
e dos custos específicos provenientes do atendimento aos distintos segmentos de
usuários.
(...)
(...)
IV - ao preço do serviço e aos critérios e procedimentos para o reajuste e a revisão das
tarifas;
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III - intervir na prestação do serviço, nos casos e condições previstos em lei;
V - homologar reajustes e proceder à revisão das tarifas na forma desta Lei, das
normas pertinentes e do contrato;
VII - zelar pela boa qualidade do serviço, receber, apurar e solucionar queixas e
reclamações dos usuários, que serão cientificados, em até trinta dias, das providências
tomadas;
XI - incentivar a competitividade; e
Art. 30. No exercício da fiscalização, o poder concedente terá acesso aos dados
relativos à administração, contabilidade, recursos técnicos, econômicos e financeiros da
concessionária.
I - prestar serviço adequado, na forma prevista nesta Lei, nas normas técnicas
aplicáveis e no contrato;
III - prestar contas da gestão do serviço ao poder concedente e aos usuários, nos
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termos definidos no contrato;
VII - zelar pela integridade dos bens vinculados à prestação do serviço, bem como
segurá-los adequadamente; e
Art. 32. O poder concedente poderá intervir na concessão, com o fim de assegurar a
adequação na prestação do serviço, bem como o fiel cumprimento das normas
contratuais, regulamentares e legais pertinentes.
Art. 33. Declarada a intervenção, o poder concedente deverá, no prazo de trinta dias,
instaurar procedimento administrativo para comprovar as causas determinantes da
medida e apurar responsabilidades, assegurado o direito de ampla defesa.
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Art. 35. Extingue-se a concessão por:
I - advento do termo contratual; [prazo final / tem como efeito a reversão de bens]
Art. 36. A reversão no advento do termo contratual far-se-á com a indenização das
parcelas dos investimentos vinculados a bens reversíveis, ainda não amortizados ou
depreciados, que tenham sido realizados com o objetivo de garantir a continuidade e
atualidade do serviço concedido.
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II - a concessionária descumprir cláusulas contratuais ou disposições legais ou
regulamentares concernentes à concessão;
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(a outorga é por lei e a delegação por contrato)
Para José dos Santos Carvalho Filho, temos delegação legal e delegação
contratual, e não outorga e delegação
a. Natureza da concedente
b. Regra: União / Estados / DF e Municípios
c. Exceção: ANATEL e ANEEL
d. Contratos de concessão: cláusulas regulamentares (ou de serviço) e
cláusulas financeiras (ou econômicas, como prefere Celso Antônio
Bandeira de Mello) Celso Antônio Bandeira de Mello, 2006, p. 674
e. Cláusulas com caráter de mutabilidade cláusulas regulamentares (ou
de serviço) a alteração unilateral é expressão das chamadas cláusulas
exorbitantes ou de privilégio
f. Cláusulas com caráter de imutabilidade cláusulas financeiras (ou
econômicas)
g. Política tarifária
h. PPP (Lei 11.079/04)
RE 581947
Julgamento: 27/05/2010
Publicação: 27/08/2010
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EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. RETRIBUIÇÃO PECUNIÁRIA. COBRANÇA.
TAXA DE USO E OCUPAÇÃO DE SOLO E ESPAÇO AÉREO. CONCESSIONÁRIAS DE
SERVIÇO PÚBLICO. DEVER-PODER E PODER-DEVER. INSTALAÇÃO DE
EQUIPAMENTOS NECESSÁRIOS À PRESTAÇÃO DE SERVIÇO PÚBLICO EM BEM
PÚBLICO. LEI MUNICIPAL 1.199/2002. INCONSTITUCIONALIDADE. VIOLAÇÃO.
ARTIGOS 21 E 22 DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL. 1. Às empresas prestadoras de
serviço público incumbe o dever-poder de prestar o serviço público. Para tanto a elas é
atribuído, pelo poder concedente, o também dever-poder de usar o domínio público
necessário à execução do serviço, bem como de promover desapropriações e constituir
servidões de áreas por ele, poder concedente, declaradas de utilidade pública. 2. As faixas
de domínio público de vias públicas constituem bem público, inserido na categoria dos
bens de uso comum do povo. 3. Os bens de uso comum do povo são entendidos como
propriedade pública. Tamanha é a intensidade da participação do bem de uso comum do
povo na atividade administrativa que ele constitui, em si, o próprio serviço público [objeto
de atividade administrativa] prestado pela Administração. 4. Ainda que os bens do domínio
público e do patrimônio administrativo não tolerem o gravame das servidões, sujeitam-se,
na situação a que respeitam os autos, aos efeitos da restrição decorrente da instalação, no
solo, de equipamentos necessários à prestação de serviço público. A imposição dessa
restrição não conduzindo à extinção de direitos, dela não decorre dever de indenizar. 5. A
Constituição do Brasil define a competência exclusiva da União para explorar os serviços
e instalações de energia elétrica [artigo 21, XII, b] e privativa para legislar sobre a
matéria [artigo 22, IV]. Recurso extraordinário a que se nega provimento, com a
declaração, incidental, da inconstitucionalidade da Lei n. 1.199/2002, do Município de Ji-
Paraná.
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STF considera válida imposição de limite de idade para veículos de transporte coletivo
Segundo a ministra Rosa Weber, a norma de MG diz respeito ao poder de polícia administrativa sobre os
serviços de transporte intermunicipal.
17/07/2020 17h03
A Antpas questionava o artigo 107 do Código de Trânsito Brasileiro (Lei Federal 9.503/1997), que
atribui aos estados a competência para definir critérios de segurança, higiene e conforto para
autorizar o uso de veículos de aluguel destinados ao transporte individual ou coletivo de
passageiros, e o artigo 2º, inciso IV e parágrafos, do Decreto estadual 44.035/2005 de Minas Gerais.
O decreto e suas modificações posteriores proíbem o uso de veículos com mais de 20 anos.
Segundo a associação, a limitação imposta pelo decreto estadual extrapolou sua função
regulamentadora e não tem respaldo na legislação estadual ou federal. O artigo 107 Código de
Trânsito, por sua vez, versaria sobre matéria reservada a lei complementar.
Poder de polícia
Para a ministra Rosa Weber, é desnecessária a utilização da via da lei complementar para
regulamentar a limitação da idade da frota destinada ao aluguel, por não se tratar de competência
legislativa sobre trânsito e transporte, mas sim do poder de polícia administrativa sobre os serviços
de transporte intermunicipal. A relatora explicou que compete à União organizar as diretrizes
básicas sobre a política nacional de transporte, ao estado-membro dispor sobre o transporte estadual
e intermunicipal e ao município as regras de interesse local. Assim, em sua avaliação, não existe
ofensa ao artigo 22, inciso XI, da Constituição Federal.
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