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FUNDAÇÃO EDSON QUEIROZ

UNIVERSIDADE DE FORTALEZA
Vice-Reitoria de Ensino de Graduação – VREGRAD
Divisão de Assuntos Pedagógicos – DAP
Créditos Teórico / Prático
Código e Nome da Disciplina
J589– DIREITO ADMINISTRATIVO I 4,0

Curso DIREITO Centro


CCJ

Segundas e Quartas

19h00min – 20h40min

21h00min – 22h40min

Professor: João Marcelo Rego Magalhães

Aula 04

UNIDADE I – DIREITO ADMINISTRATIVO

3. Princípios do Direito Administrativo

Devemos, antes de tudo, salientar que os princípios da supremacia e da


indisponibilidade do interesse público são princípios gerais de direito público, e como tais,
orientam também o Direito Administrativo.

Cabe ainda divisar os princípios administrativos em dois grupos: os que


expressamente constam do capítulo constitucional acerca da Administração Pública e os
plenamente reconhecidos pela doutrina e por algumas normas legais1.

Os princípios de Direito Administrativo que estão expressos na Constituição são:

a) Legalidade

b) Impessoalidade

c) Moralidade

d) Publicidade

e) Eficiência

Os princípios consagrados pela Doutrina (alguns já devidamente positivados pela


Lei 9.784/99) são:

1
Tal divisão é adotada de forma bastante didática na obra do professor José dos Santos Carvalho Filho.

1
a) Finalidade

b) Autotutela

c) Motivação

d) Razoabilidade

e) Proporcionalidade

f) Contraditório e Ampla Defesa

g) Segurança jurídica

h) Interesse público

A seguir, passamos a analisar com maiores detalhes os princípios do Direito


Administrativo.

3.1. Princípios Gerais do Direito Público

...

3.2. Princípios de Direito Administrativo expressos na Constituição


(Princípios Constitucionais da Administração Pública)

...

3.3. Princípios de Direito Administrativo consagrados pela Doutrina

Finalidade

O princípio da finalidade, tal como formulado por boa parte da Doutrina, consiste
em mera confirmação de que o interesse público fundamenta toda e qualquer conduta dos
agentes públicos, conduta esta que deve estar prevista em lei. Podemos concluir que o
princípio da finalidade seria um desdobramento do princípio da legalidade. E não estaríamos
errados, apesar de sermos obrigados a mencionar que a Doutrina também o relaciona de
forma direta com o princípio da impessoalidade.

Consoante leciona José Afonso da Silva, embora o princípio da finalidade


administrativa não tenha sido explicitado no art. 37 da Constituição, “o legislador constituinte o
entendeu como um aspecto da legalidade. De fato, o é na medida em que o ato administrativo
só é válido quando atende a seu fim legal, ou seja, o fim submetido à lei. Logo, o fim já está
sujeito ao princípio da legalidade, tanto que é sempre vinculado. Hely Lopes Meirelles destaca-
o deste, para lhe dar consideração especial, para mostrar que ele ‘impõe que o administrador
público só pratique o ato para o seu fim legal’, que a finalidade é inafastável do interesse
público, de sorte que o administrador tem que praticar o ato com finalidade pública, sob pena
de desvio de finalidade, uma das mais insidiosas modalidades de abuso de poder. Essas
considerações querem apenas mostrar que o princípio da finalidade não foi desconsiderado
pelo legislador constituinte, que o teve como manifestação do princípio da legalidade, sem que
mereça censura por isso”.

Segundo Celso Antônio Bandeira de Mello, o princípio da finalidade, em rigor, não


é uma mera decorrência do princípio da legalidade. É mais do que isto: é uma inerência dele;
está nele contido, pois corresponde à aplicação da lei tal como formulada; ou seja, na

2
conformidade de sua razão de ser, do objetivo em vista do qual foi editada. Os atos praticados
em desrespeito à finalidade legal (desvio de finalidade) são atos nulos; quem desatende os fins
da lei desatende a própria lei.

Autotutela

A Administração Pública comete equívocos no exercício de sua atividade, tendo


em conta as múltiplas atividades exercidas pelos agentes públicos. Defrontando-se com tais
erros, ela mesma pode revê-los a fim de restaurar a situação de regularidade. Não se trata
apenas de uma faculdade, mas também de um dever, pois que não se pode admitir que, diante
de situações irregulares, permaneça a Administração inerte. Apenas restaurando a situação de
regularidade pode ser obedecido o princípio da legalidade.

Não precisa, portanto, a Administração ser provocada para o fim de rever seus
atos. Pode fazê-lo de ofício. A autotutela envolve 2 aspectos quanto à atuação administrativa:
aspectos de legalidade (o que leva à anulação do ato administrativo) e de mérito (o que leva à
revogação do ato administrativo).

A capacidade de autotutela está hoje consagrada, sendo, inclusive, objeto de firme


orientação do STF, conforme se vê dos enunciados das Súmulas 346 e 473:

Súmula 346: A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA PODE DECLARAR A NULIDADE DOS


SEUS PRÓPRIOS ATOS.

Súmula 473: A ADMINISTRAÇÃO PODE ANULAR SEUS PRÓPRIOS ATOS,


QUANDO EIVADOS DE VÍCIOS QUE OS TORNAM ILEGAIS, PORQUE DELES
NÃO SE ORIGINAM DIREITOS; OU REVOGÁ-LOS, POR MOTIVO DE
CONVENIÊNCIA OU OPORTUNIDADE, RESPEITADOS OS DIREITOS
ADQUIRIDOS, E RESSALVADA, EM TODOS OS CASOS, A APRECIAÇÃO
JUDICIAL.

Nesse sentido, o art. 53 da Lei 9.784/1999 dispõe que “A Administração deve


anular seus próprios atos, quando eivados de vício de legalidade, e pode revogá-los por motivo
de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos”.

No âmbito do STJ, a controvérsia que envolvia a licitude de investigação baseada


em denúncia anônima foi resolvida com fundamento no poder-dever de autotutela da
Administração, entendimento inclusive sumulado:

Súmula 611: DESDE QUE DEVIDAMENTE MOTIVADA E COM AMPARO EM


INVESTIGAÇÃO OU SINDICÂNCIA, É PERMITIDA A INSTAURAÇÃO DE
PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR COM BASE EM DENÚNCIA
ANÔNIMA, EM FACE DO PODER-DEVER DE AUTOTUTELA IMPOSTO À
ADMINISTRAÇÃO.

3
Motivação

O princípio da motivação implica para a Administração o dever de justificar seus


atos, apontando-lhes os fundamentos de direito e de fato, assim como a correlação lógica entre
os eventos e situações que deu por existentes e a providência tomada2.

A motivação deve ser prévia ou concomitante à expedição do ato. Em algumas


hipóteses de atos vinculados (naqueles em que a lei disciplina toda a conduta), a simples
menção do fato e do Direito parece suficiente; em outros, os chamados atos discricionários, a
motivação deve ser a mais detalhada possível. Em certos procedimentos administrativos, como
a licitação, por exemplo, onde concorrem vários interessados a um único objeto, a motivação
de cada ato é indispensável e deve também se preocupar com o mais amplo detalhamento.

A norma positivada no inciso LV do art. 5º da Constituição é o fundamento


implícito do princípio da motivação nos processos judiciais e administrativos. No que pertinente
especificamente ao processo administrativo, o princípio da motivação passou a ser regra
positivada, conforme o art. 50 da Lei 9.784/993:

Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com


indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando:

I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses;

II - imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções;

III - decidam processos administrativos de concurso ou seleção


pública;

IV - dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo licitatório;

V - decidam recursos administrativos;

VI - decorram de reexame de ofício;

VII - deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a questão ou


discrepem de pareceres, laudos, propostas e relatórios oficiais;

VIII - importem anulação, revogação, suspensão ou convalidação de


ato administrativo.

...

Sobre motivação, vide ainda Súmula STJ 611:

SÚMULA 611: Desde que devidamente motivada e com amparo em


investigação ou sindicância, é permitida a instauração de processo
administrativo disciplinar com base em denúncia anônima, em face do
poder-dever de autotutela imposto à Administração. (Primeira Seção,
aprovada em 09/05/2018, DJe 14/05/2018 (Informativo nº 624))

2
Atos administrativos que não precisam de motivação: nomeação e posse em cargo em comissão,
delegação de competências e revogação da delegação de competências.

3
Lei que trata do processo administrativo no âmbito federal.

4
Razoabilidade

Proporcionalidade

Contraditório e Ampla Defesa

Segurança Jurídica

Interesse Público

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