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Por Danielly
Faço os últimos retoques em meu rosto e me sinto feliz com o resultado. Não sei
qual será a surpresa que Max me preparou, só sei que ansiedade me define.
Coloco os saltos e mais uma olhadinha no espelho para garantir. Max me pediu
que tirasse dois dias de licença do trabalho, na certa, irá me levar a algum lugar
interessante onde passaremos o dia todo na cama.
Adoro!
São seis da tarde, sei que é muito cedo para usar esse tipo de traje que estou
vestindo. Um lindo longo vermelho a pedido de Max.
Meu celular vibra em cima da cama e é ele. Está me esperando em frente ao meu
prédio.
Ao sair na calçada, meu coração bate mais forte ao ver meu lindo namorado,
segurando uma rosa vermelha. Uma limusine com direito a tapete vermelho
completa o cenário mais romântico que alguém preparou para mim.
Caminha ao meu encontro e pega em minhas mãos.
— Você está linda, muito linda, meu amor! — Beija de leve os meus lábios,
fecho os olhos na ânsia de receber um beijo mais "caliente", afinal de contas,
passei a tarde toda me arrumando para essa noite.
Um tanto desapontada, comento:
— Hum, acho que merecia um beijo mais apaixonado, não acha?
Seus olhos se estreitam e sua boca se curva num sorriso. Com a porta da
limusine aberta, faz sinal para que eu entre, sem me dar resposta alguma.
Sento-me e ajeito meu vestido. Max se senta ao meu lado e com sua boca colada
em meu ouvido, me diz:
— Se beijá-la nesse momento, não conseguirei me controlar, você me conhece!
— Roça sua barba em meu pescoço, deixando meu corpo arrepiado. — E quero
que toda Las Vegas a veja como estou vendo agora!! Deslumbrante!!
Espera aí!! Ouvi direito? Max disse Las Vegas?
— Las Vegas?!! — Meu cérebro deve estar hibernado, pois não consegui
processar corretamente a informação. — Deve estar brincando?
— Não, absolutamente, daqui iremos para o aeroporto, há um jatinho nos
esperando! Partiremos direto à Cidade do Pecado.
Hum... será que ele planeja um casamento em Vegas?
Chegamos ao aeroporto e piloto e copiloto nos aguardam dentro da aeronave.
Max os cumprimenta e eu faço o mesmo. Logo em seguida, nos acomodamos
nas poltronas e ouvimos a voz de fumante do piloto através do sistema de som,
avisando que iremos decolar. Uma comissária de bordo nos oferece champanhe e
meu namorado levanta um brinde.
— À mulher da minha vida e a tudo de bom que nosso futuro nos reserva! — o
som do cristal ecoa na cabine.
— A nós! — Provo o champanhe e meus olhos encontram os seus.
Quatro horas de voo e milhares de luzes coloridas despontam aos meus olhos
quando olho pela janela. Pousamos e um carro com motorista nos leva ao
Bellagio. Um vislumbre luxuoso e elegante em meio a tantas luzes. A suíte
escolhida por Max possui uma enorme janela que dá acesso ao terraço.
Um funcionário deixa nossa pouca bagagem no quarto e depois de ganhar sua
gorjeta, sai com seu sorriso de teclas de piano.
Max fecha a porta e vem ao meu encontro.
— Venha! — Me puxa até a murada do terraço, me agarra por trás e me faz olhar
para todo o brilho colorido e contagiante da cidade.
— Você vê todas essas luzes?
— Sim, claro.
— Imagine muitas delas brilhando como se quisessem chamar a minha atenção,
mas você tem seu brilho incomum e meus olhos não se desviam nem por um
segundo e muito menos se focam em outra mulher a não ser a que amo. Todas
podem brilhar, porém é a você que me entreguei de corpo e alma, minha
delegada!
Nesse instante, tudo parece ficar estático. Não ouço nenhum som a não ser
minha respiração seguida de minhas batidas cardíacas.
— Max... Você é o homem mais maravilhoso que já conheci e o amo muito,
muito, muito...
— Eu também amo muito. — E finalmente, sua boca cobre a minha em um beijo
cheio de paixão. Ele toma a minha mão e me conduz à uma mesa impecável
posta para dois onde arrasta uma cadeira e eu me sento. Max faz o mesmo e pega
a garrafa de champanhe no balde de gelo.
— Quero que essa noite seja especial!
— Para mim, já está sendo, meu querido! — Digo. — Ele mantém seu olhar
sobre mim e meu sentido diz que teremos mais surpresas por vir. Ergue sua taça
e então, continua.
— Danielly Austin, aceita se casar comigo?
Pisco meus olhos repetidas vezes para certificar-me de que não é um sonho.
— Max... — Sem pensar duas vezes, respondo. — É claro que aceito.
Segura uma das taças e a enche, seus olhos de desejo e paixão me cercam e me
deixam paralisada.
Levanto a minha taça e ao leva-la a boca percebo algo no fundo do mesmo. Um
lindo anel de brilhantes. Retiro a joia da taça e ele se aproxima, pegando-o de
minhas mãos. Sua boca quente roça em meus lábios e sem sair dela, coloca o
anel em meu dedo.
— Assim, está bem melhor, Dany! Quero faze-la muito feliz!
Beijo seu maxilar e ressalto. — Nos faremos felizes!! — Max me levanta do
chão e me ergue em seus braços. Toda a minha pele se agita com seus lábios a
correr pelo meu pescoço, no mesmo instante em que me deita na cama. Sinto seu
corpo pesando sobre o meu, deliberadamente. Sinto seu desejo a cada vez que
seus quadris investem sobre mim. Suas mãos fortes sobem por minha coxa e
ultrapassam a fenda de meu vestido. Enquanto isso, sua outra mão abaixa uma
das alças do mesmo. Sua língua audaciosa cobre meu seio e gemo com suas
carícias ousadas.
Abro os botões de sua camisa e com minha boca passeio pelo seu lindo tórax,
distribuindo leves mordidas arrancando gemidos sussurrados em meu ouvido.
Sem pressa, ficamos nus. Max beija cada centímetro do meu corpo me deixando
desesperada por mais. Junta minha cabeça entre suas mãos e com seu corpo
encaixado entre minhas pernas, me penetra sem tirar seus olhos dos meus.
Arqueio meus quadris e o acompanho.
Num desespero total, aumentamos o ritmo e a visão desse homem com os
cabelos desalinhados e expressão de paixão e desejo por mim me lançam em um
clímax onde meu corpo se abre, deixando minhas pernas e braços dormentes e
muito relaxados.
— Me sinto preso a você, minha delegada. — Força seu quadril e não mais se
movimenta. Sinto seu membro pulsar dentro de mim. — E nunca mais quero me
soltar.... — Movimenta-se devagar e profundamente. Vejo-o quando se entrega a
mim num gozo intenso. Sua boca procura a minha e seu gemido rouco e abafado
por nosso beijo.
Minutos depois, enroscados entre os lençóis. Max acaricia minhas costas.
— Escolha a data e que seja o mais breve possível, sim? — ergo minha cabeça e
sorrio.
— Claro, sabe perfeitamente que não nego nada a você. Vira-se sobre meu corpo
me prendendo entre suas pernas.
— Isso é muito bom, minha delegada. Antes você só me dizia não.
— Isso foi antes de você se tornar o homem que amo. Agora, você me tem toda
só para você! Você me desarmou desde o dia em que entrou em minha vida! —
Seu sorriso largo me desarma ainda mais.
— Eu o amo muito!
— Eu a amo para sempre.
E assim, todas as luzes da Cidade Pecado presenciam nossa felicidade.
Por Beatrice
— Beatrice, venha! Há uma pessoa querendo falar com você! — Meus olhos
brilham ao imaginar Sean vindo me visitar. Arrumo meus cabelos como posso,
pois eles já não são os mesmos. Sem trato, sem vida, como eu. Olho para a
minha roupa e não há nada que possa ser melhorado nesse uniforme ridículo e
então sigo Norma até o local onde recebemos aos visitantes. É a primeira vez,
durante esses dias, que alguém vem me ver.
Ao ver Alberto sentado do outro lado do vidro, minha alegria se esvanece. Não é
Sean, muito menos meus outros filhos. Espero que ao menos Joseph não tenha
me virado as costas.
Sento-me e pego o fone para poder falar com meu antigo e fiel mordomo.
— Madame, o que fizeram com seu rosto? — Ele não deixa de notar os vários
hematomas deixados por aquelas vadias miseráveis que insistem em me bater
quase todos os dias. Mas chegará o tempo em que sairei desse inferno e ninguém
mais irá tocar em mim, assim como o porco imundo.
— Não foi nada, Alberto. Me diga, como vão as coisas? — Mudo o foco da
conversa.
— Seu filho se casa no sábado, madame! Todos estão felizes!
Felizes. Egoístas e ingratos. Comemoram enquanto estou aqui, nesse lugar,
sozinha a mercê da própria sorte.
— Que bom, Alberto. Sabe o quanto a felicidade de Sean é importante para
mim. — Isso não é uma mentira. Quero que Sean seja feliz e isso só será
possível se aquela mulherzinha desaparecer do planeta.
— Guardou o que lhe pedi?
— O dinheiro sim, está guardado, porém suas joias foram guardadas pelo Sr.
Mackenzie.
Maldito, Harry! — Penso.
— Aquelas joias me pertencem!
— Sim, madame, mas ele as pegou de minhas mãos quando tentava guarda-las
conforme combinamos.
— Tudo bem, Alberto. Agora não adianta reclamar. Guarde o dinheiro e depois
que Sean se casar, quero que volte aqui. Tenho que lhe pedir um favor, sim?
— Perfeitamente, madame. O tempo permitido se esgota e Alberto vai embora.
Imagino tudo o que está acontecendo na mansão, a movimentação para
organizarem o casamento. E eu aqui, compartilhando de migalhas de
informações de terceiros. Isso não ficará assim.
Quando Sean voltar de sua lua-de-mel, o livrarei daquela mulher!!
Quinta-feira
Por Sophia
Sean chega hoje da capital e no sábado estaremos casados. O tempo passou
voando e se não fosse a ajuda de Alexia juntamente com a competência de
Sarah, acho que eu não daria conta de tudo.
Resolvo fazer uma surpresa a ele. Irei busca-lo no aeroporto. Ligo para seu
motorista e dispenso os seus serviços.
Sean e eu optamos por não fazer nenhum tipo de despedida de solteiro e
passaremos juntos a véspera do nosso casamento. Estamos muito felizes por
finalmente termos paz e tranquilidade em nossa vida. Dou a partida em meu
carro e ligo o rádio. Beyoncé canta Halo e traduz tudo o que Sean representa em
minha vida.
Momentos mais tarde, aguardo seu jato pousar. Vejo Aidan descendo na frente,
seguido por um outro jovem assistente e em seguida meu anjo de olhos azuis
aparece descendo as escadas com seu andar seguro. Nem preciso acenar, pois
seus olhos me veem ao longe.
— Serviço de translado, Excelência? — Digo, fazendo brincadeira.
Olha de um lado para outro e com aquele sorriso estreito e lindo que tem, rebate.
— Nunca a vi por aqui. — Espalma suas mãos uma de cada lado do meu corpo e
o prensa entre o veículo.
Beija minha boca com muito desejo e Aidan passa por nós e zomba.
— Hey, vocês dois, olhem o escândalo!
— Vá à merda, cunhado. — Morde minha boca e sussurra. — Vamos? — Entra
no carro e ajusta o seu cinto de segurança.
— Já ouviu dizer que nunca se deve entrar em um carro com estranhos? Irei
sequestra-lo e mantê-lo o dia todo comigo! — Falo, enquanto dou a partida.
Arqueia as sobrancelhas e responde.
— Não ouse entrar em contato com minha família, eu a mato! — Diz,
brincalhão.
— Pois bem, foi você quem pediu!!
Ligo o carro e saio em alta velocidade.
O grande dia!
Por Sophia
— Tem certeza de que não irá dormir comigo hoje? — Sua boca corre pelo meu
pescoço muito devagar, enquanto sua voz grave e macia penetra em meus
ouvidos. — Vai me deixar sozinho logo na véspera do nosso casamento? — Sean
faz cara de carneirinho perdido.
— Sean, a partir de amanhã, teremos muitas noites pela frente. — Ressalto. —
Vim dormir na mansão a pedido de Alexia. Me trocarei aqui, assim fica tudo
mais prático.
— E por que não posso dormir aqui também? — Diz a contragosto.
— Para não dar azar, meu amor!!
— Você ainda está aqui? — A voz de Alexia ecoa em minhas costas. — Não
adianta fazer essa cara de cachorro vira-lata!! Trate de ir para a sua casa e só
volte pela manhã. — Olha para mim. — E a senhorita irá para a cama agora! Sua
pele tem que estar descansada.
— Está bem, um complô armado contra mim. Estou indo! — O acompanho até a
porta principal. Aperta minha mão e beija minha boca de leve. — Amanhã, você
será senhora Mackenzie e eu o homem mais feliz do mundo!
— Eu também serei a mulher mais feliz, eu o amo e esse dia será o mais
importante para mim! — Toca a minha barriga e me encara sorrindo. — Somos
uma família, prometo cuidar muito bem de vocês.
— Sei disso. Cuidaremos um do outro! — Lhe asseguro — Fico na ponta dos
pés e roço meu nariz no seu. Em seguida, me aperta em seu corpo e me dá um
belo beijo de despedida.
— Até mais. Durma bem, minha linda esposa.
— Até, meu lindo marido. — Joga-me um beijo e o vejo entrando no carro.
Minutos depois, deitada no quarto de hóspedes, fico olhando meu vestido
pendurado. Olho-o por muito tempo até que levanto e vou até a cozinha. Preciso
de um chá relaxante para dormir. O estômago cheio de borboletas devido à
ansiedade não me deixa em paz.
Quando consigo relaxar e dormir já é madrugada. Dormi pouco e ao abrir os
olhos, Alexia adentra o quarto acompanhado de Angelina.
— Bom dia!! Hora da noiva acordar, temos zilhões de coisas para fazer. — Dia
minha cunhada-irmã.
— Bom dia às duas! Posso ao menos despertar primeiro? — Com uma bandeja
de café da manhã nas mãos, minha cunhada a deposita em um móvel e abre as
cortinas, trazendo a claridade de um lindo e radiante dia lá fora.
— O jardim ficou lindo, olhe!! — Fofa se aproxima da janela e sorri.
— Realmente, ficou tudo muito lindo! Sarah fez um excelente trabalho. —
Levanto-me e caminho até elas. Ao olhar para o jardim, fico maravilhada. Sarah
fez tudo como eu imaginava. As flores, os lugares para os convidados, o altar,
tudo.
Enfim, tudo perfeito!
Pela movimentação nos corredores, a casa está bem tumultuada. Pego meu
celular e várias mensagens aparecem. Sean, meu pai e Lorenzo. Mando a
resposta a cada um deles e depois de tomar meu café, me encaminho para o
banheiro. Após um belo e relaxante banho, saio do banheiro e o quarto já não é
mais o mesmo. Sarah conversa com Alexia, gesticulando com as mãos.
Maquiador e cabeleireiro estão à postos me aguardando.
— Sophia, vou deixá-la nas mãos de Denis. — Diz Alexia, enquanto sai do
aposento. — Também quero estar linda, afinal irei acompanhar o noivo até o
altar.
Fico imaginando se Beatrice estivesse aqui. Mesmo não me suportando, ela faria
desse dia o mais glamouroso de todos. Estaria em glória, cuidando de cada
detalhe em especial. Acompanhar Sean ao altar seria para ela o melhor de tudo.
Balanço a cabeça em negativa e afasto a imagem daquela mulher de minha
mente, afinal é um dia especial e não, um dia para pensar em coisas ruins.
Angelina não saiu do quarto um só minuto, parecia um cão de guarda. Sou
depilada, maquiada e penteada, tudo ao que uma noiva tem direito. Olho para um
pequeno relógio sobre a penteadeira, são dez e meia da manhã. Falta apenas
meia hora!
Pela janela, posso ver quando os primeiros convidados chegam e se ajeitam em
seus lugares. Com a ajuda de minha Fofa, coloco meu lindo Vera Wang e ao me
olhar no espelho, me sinto linda!
— Você está deslumbrante, minha linda! — Com as mãos na boca e olhos
lacrimejantes, Angelina me olha de cima a baixo.
— Não me olhe assim que eu choro, Fofa!
Nesse momento, ouço uma batida na porta. O cabeleireiro juntamente com o
maquiador e assistentes saem e para minha surpresa, Vicenzo adentra o quarto.
Não preciso descrever a emoção que senti ao olhar para ele. Meu pai amado,
minha fortaleza. Me abraça forte como sempre.
— Nina, você está linda! Linda como no dia em que vestiu seu primeiro vestido,
lembra-se? — Vejo seus olhos marejados de lágrimas e o repreendo.
— Nunca irei me esquecer de meu vestido verde água! Obrigada, pai. Mas, me
faça um favor! Não chore, senão a noiva se derrete toda! — Limpo o canto dos
meus olhos, onde uma lágrima atrevida aparece.
— Prometo que irei me controlar. — Alisa meu rosto. — Gostaria que
Constanza estivesse aqui! Ela iria adorar ver a nossa filha se casando!
Por um momento, imagino a linda esposa de Vicenzo, e mais uma vez penso:
Será que iria gostar de mim?
— Eu também gostaria muito que ela estivesse aqui! Sei o quanto o senhor a
amava!
Ele tira um lenço do bolso interno de seu paletó e limpa as suas lágrimas. Nesse
instante, mais batidas na porta e dessa vez, Alexia não veio sozinha. Harry,
Lorenzo Lay adentram o quarto na maior algazarra.
— Sophia, você está linda! — Harry beija meu rosto e seus olhos transmitem
muita alegria.
— Obrigada, Harry!
Lorenzo segura meus braços e com um sorriso de deixar qualquer um feliz e
comenta.
— Linda, minha Nina! Parabéns!
O quarto se torna um lugar cheio de energia boa. Minha família, todos os que
amo ao meu redor!
— Viemos fazer uma brincadeira com a noiva! — Diz Lay. — Lalalalala, na
verdade é uma tradição, não é Alexia?
Lay é a mulher mais extrovertida e engraçada que conheço, nesse tempo em que
ela e meu irmão estão juntos tive o privilégio de me tornar sua amiga. Ela é
meiga, amiga, querida com todos e muito, mais muito escandalosa. Essa é sua
marca. Todos que a conhecem, já sabem.
— Sim. — Diz Alexia com uma caixinha nas mãos. — Vamos ser supersticiosas
agora:
Something old,
something new,
something borrowed,
something blue
and a sixpence in her shoe.
Tradução: Alguma coisa velha, alguma coisa nova, alguma coisa emprestada,
alguma coisa azul e uma moeda prata no sapato dela.
— Você terá que usar tudo o que nós trouxemos para você no dia de hoje para
lhe dar sorte. — Alexia está toda atrapalhada nesse momento. — Ah, vamos
logo com isso ou então atrasaremos a cerimônia. Esqueci de dizer, o noivo
acabou de chegar!
— O que vocês irão aprontar? — Digo curiosa.
Meu pai coloca a mão dentro do bolso de seu paletó e de lá retira um colar de
diamantes. Eu reconheço a joia. Era de sua esposa. Não, ele não está pensando...
— Eu começo pela coisa velha... — Diz. — Esse colar era de Constanza e se ela
estivesse aqui, tenho certeza de que gostaria que ficasse com ele. Ele simbolizará
a sua nova vida e a ligação com o passado. — Pisca para mim. — Para não
esquecer de seu velho pai, Ok?
Como esquecer o meu ancoradouro? O homem que se deu por mim e que me
reergueu tijolo a tijolo até me transformar no que sou hoje?
Coloca o colar em meu pescoço e me beija.
— Sabe que jamais o esquecerei. Tenho orgulho do meu passado junto a você,
sabe disso!
Lay chega com cara de quem aprontou alguma.
— Minha vez! Infelizmente a noiva não poderá mostrar a vocês o algo novo que
comprei. Eu tive a ideia de lhe comprar uma linda lingerie para esse dia! — Olha
para mim. — Você está com ela como pedi, não é?
Todos caem no riso e eu fico vermelha, morrendo de vergonha.
— Era por isso que insistiu tanto que eu a usasse? — Pergunto.
— Era. — E dá de ombros, como só ela sabe fazer.
— Valeu. Mais alguma surpresa?
Sarah interrompe nossa brincadeira e chama Angelina para ajudá-la. Não deixo
de notar olhares furtivos entre ela e Vicenzo. Os dois estão juntos e tentam ser
discretos, mais tarde, darei um jeito nisso!
Chega a vez de Alexia.
— O meu tem dois significados, o emprestado e o azul. — Ergue um de brincos
incrustados em safiras! — Ajuda-me a coloca-los. — Isso simbolizará a
felicidade de um casamento duradouro e desejos de boa sorte de uma verdadeira
amizade. O azul da safira, simbolizará o amor, modéstia e fidelidade ao futuro
marido. — Beija meu rosto. — Eu te amo, minha irmã! — Seus olhos verdes
estão molhados. Para não chorar, brinca! — Esse é emprestado, não vai fazer
como muitas atrizes de Hollywood que emprestam as joias e depois não querem
devolver, hein?
— Pode deixar! — Ela sabe que um dia fui ladra. Segredo nosso.
— Bem, sobrou algo para mim, Sophia! — Harry se aproxima e diz.
— Tire o seu sapato esquerdo. Quero que use isso dentro dele! — Uma moeda
antiga de prata, com certeza, deve ser de sua coleção.
— Essa moeda é para dar sorte e estabilidade financeira, tudo como manda a
tradição. — Ele me ajuda com a moeda e se levanta. Toma meu rosto em suas
mãos e me deixa emocionada com suas palavras.
— Me perdoe, por ter sido tão cego e deixado você sozinha! Eu fui um idiota!
Hoje, sou um homem de muita sorte! Vejam... — Diz olhando para todos. —
Ganhei uma filha e uma nora maravilhosa!
Por Alexia
— Esperamos vocês lá embaixo, não demorem! — Sua voz está rouca. — Os
convidados já chegaram e o padre também. A cerimônia irá começar. — Saio do
meu quarto juntamente com os demais.
Só Vicenzo permanece com Sophia.
Cruzo com Angelina no corredor, ela segura o buquê de Sophia, e entra em seu
quarto.
Entro no antigo quarto de meu irmão e o vejo ajeitando a gravata nervosamente.
— Deixe-me ajuda-lo! Quer parar quieto?! — Rebato.
Ele sorri e pergunta.
— Sophia já está pronta?
— Sim, acho melhor descermos, ou ela irá desistir.
Franze a cara para mim.
— Estou brincando!
— Sabe, Alexia, se tudo fosse diferente, a essa hora, ela estaria aqui e brilharia.
— Pois é. — Ele se refere à nossa mãe. — Uma pena tudo o que aconteceu.
Mas, hoje não é dia de trazer coisas tristes para nossa lembrança. Sua noiva está
linda e você também, meu irmão querido.
Estendo o braço e ele me segura.
— Vamos, quero ver a cara de enterro daquelas solteironas ao verem o grande
Sean Mackenzie se amarrando.
— Sua boba!
— Que nada! Não sou boba, sou má!! — Solto uma gargalhada e ele toca meu
nariz com seu indicador.
— Vamos! — Estende seu braço para mim.
A cerimônia dá início e Angelina entra toda pomposa ao lado de meu pai. A
pedido de Sophia, ela ficará ao lado de Vicenzo, no altar, durante a cerimônia.
Em seguida, é a nossa vez! Sean e eu entramos de braços dados e lhe cutuco ao
ver uma de nossas primas com cara de enterro. Só faltou o lenço.
— Não falei? — Falo entre dentes.
— Quer parar? — Sussurra de volta.
Ao chegar no altar, afasto-me e vou fazer companhia a meu lindo pai. Claire está
sentada logo abaixo e Aidan faz companhia a ela.
Instantes depois, a marcha nupcial é tocada e vejo quando Sophia aparece
acompanhada de Vicenzo. Mas é o olhar de Sean ao vê-la que me chama a
atenção. Seu olhar reflete o mais puro sentimento de amor.
Por Sophia
— Lá vamos nós, minha nina!
A marcha nupcial é tocada e meu pai me segura firme em seu braço.
Ao olhar para frente, Sean sorri e vejo que está nervoso como eu. Mesmo assim,
não deixo de notar como me olha. Não consigo desviar meus olhos, pois não
quero perder esse momento.
— Olhe a cara de Angelina! — Meu pai me tira do transe em que me encontro. E
ao olhar minha Fofa, tenho vontade de chorar. Ela se derrete em lágrimas.
Angelina. O que dizer de uma mulher que me adotou como filha e, que junto de
Vicenzo, teve toda paciência e carinho quando mais precisei? A mesma que me
viu chorar aos quinze anos ao ser desprezada pelo garoto popular da escola. E
que me fez confiar à ela todos os meus segredos?
Fofa é a única mãe que tive. Por isso, seu lugar é ali, no altar, como se fosse
minha verdadeira mãe. Mesmo que Marcella esteja sentada em uma das fileiras,
vestida de azul, toda sorridente, é para Angelina que sopro um beijo de gratidão.
Ela o pega no ar e o guarda em seu peito.
— Viu quem estava sentada ali atrás? — Pergunto.
— Sim, vi. Ela me parece feliz por você, Sophia.
— Não, papai, está feliz por estar no meio dessa gente toda, por estar na festa de
pompa, é só isso! Feliz por mim está aquela criatura que amo tanto, em pé no
altar. — Olho para Angelina. — Ela sim, tem o meu respeito.
Chegamos no altar e Sean se aproxima, segurando minha mão.
— Você está linda, minha Soph.
— Cuide dela, meu rapaz! Estou de olho em você! — Vicenzo abraça Sean e
bate a mão em suas costas.
— Fique tranquilo, senhor Vincenzo.
Ao ficar a sós com meu noivo, digo.
— Você também está lindo!
O padre começa a cerimônia e, em seu sermão, fala sobre o verdadeiro sentido
do amor.
Ao trocarmos as alianças, Sean diz algumas palavras improvisadas, não menos
profundas. Quando chega a minha vez de colocar a aliança em seu dedo, estou
muito emocionada.
— Eu os declaro marido e mulher!
Sean me beija de leve nos lábios e saímos pelo corredor, recebendo sorrisos de
felicitação dos convidados. Algumas, é claro, estão chorando de tristeza, me
olham como se eu fosse a culpada por estar casando com Sean.
Lay e Dani nos cobrem com uma chuva de arroz, não diria chuva, e sim,
tempestade! Lay tanto jogava o arroz quanto gritava sem parar.
— Viva os noivos!
— Minha arara loira, amo você!
— Você acha que não sei disso? — Pisca para mim.
Sentados à mesa dos noivos, Sean e eu conversamos animadamente, quando vejo
que Marcella se aproxima.
— Sophia, gostaria de lhe dar os parabéns. — Olho para Sean e ele fez sinal para
que eu aceite os cumprimentos. Ele tem razão. Afinal, ela é minha mãe.
Levanto-me e a abraço.
— Sua festa está um luxo, minha filha! Digna de muitas fotos em jornais e
revistas!
Como ela pode ser tão superficial?
— Que bom que gostou! Aproveite a festa. — Lhe lanço um sorriso amarelo e
ela continua.
— A propósito, senador! Agora que somos da mesma família, gostaria de lhe
pedir um favor!
— Marcella. — Falo, ríspida. — Por favor, aqui não!
Harry se aproxima e percebe o meu desconforto.
— Que bom que a encontrei, Marcella. Venha até o meu escritório mais tarde,
tenho um assunto para tratar com você! Com licença aos noivos! — Pega-a pelo
braço e a leva dali.
— Calma, Sophia. Ela não faz por mal! — Sean profere para trazer o nosso
clima de volta.
— Nem por bem! Marcella só vê o que é material, meu amor!
— Um dia, quem sabe ela não aprende? — Toca meu rosto com carinho.
— Quem sabe?! Tomara. — Digo, sem ânimo.
— Deixe isso para lá, vamos aproveitar a nossa festa!
Vicenzo me olha para certificar de que está tudo bem, sorrio levantando um
brinde.
E assim, voltamos ao clima da festa.
Por Vicenzo
— Gostaria da atenção de todos, por favor!
Em pé, com minha taça na mão, ergo em sinal de brinde.
— Vamos levantar um brinde aos noivos!
Todos repetem o gesto e continuo a falar.
— Quero também falar sobre renascimento. — Pigarreio, antes de continuar. —
Isso mesmo, renascimento. Falo sobre duas vidas que renasceram ao se
encontrarem. Falo de uma jovem que me ensinou a amar e me doar novamente, e
com isso, juntos, vivemos numa família unida, cercada de muito amor.
— Tempos atrás, Nina me deu um susto acompanhado de uma das cartas mais
lindas que eu poderia ter recebido. — Olho diretamente para minha linda filha.
— Pois é, Sophia! Agora, chegou a minha vez!! Nunca fiz um discurso antes.
Nele, quero agradecer por tudo que você me deu
Por Sophia
Conheço tão bem ao meu pai e sei o quanto ele está emocionado. Sua boca,
trêmula e seu rosto, na cor de um tomate maduro, denunciam sua emoção. Sean
aperta minha mão e me aconchega em seu peito, pois sei que Vicenzo irá me
fazer chorar e muito com suas palavras.
— Você me deu a chance de fazer alguém feliz. — Olha para todos para que
prestem atenção em suas palavras. — Todas as vezes em que eu a abraçava, a
beijava e lhe dava atenção, o seu sorriso de gratidão era, para mim, o maior
pagamento que eu poderia receber. Me deu a chance de ser um homem melhor
quando disse que me amava naquele restaurante. — Pega novamente seu lenço e
enxuga os olhos. — Meu coração parecia que tinha se aberto para um novo
mundo, uma nova vida, muito mais cheia de alegria. Tudo o que lhe ensinei foi
para que, um dia, eu pudesse presenciar o que vejo hoje: Minha filha feliz e
amada por todos os que a conhecem. — Sua voz fica embargada prenunciando
um choro iminente. — Poderia citar inúmeras coisas para vocês conhecerem um
pouco mais de Sophia. Mas, quero que olhem para ela agora e vejam do que
estou falando. Esse olhar direcionado para mim é como uma luz irradiante em
plena escuridão. Eu a amo, minha Nina, e que vocês sejam muito felizes. Viver
com você e Lorenzo é a melhor coisa da minha vida!
Não consigo conter minhas lágrimas. E, ao olhar para Lorenzo, meu Loh, vejo
que também está chorando com nosso papá.
— Um brinde aos noivos e à mulher mais doce, corajosa e cheia de vida que tive
o prazer de encontrar nessa existência!
Todos aplaudem suas palavras e eu também.
Logo depois de cortarmos o bolo, Sean me convida para a nossa dança.
Ao som de Unforgettable, sou embalada por seus braços e nossa felicidade não
tem tamanho.
De repente, ao meu ouvido, ele repete o refrão da canção.
— Você é inesquecível, Soph! — Beija meus lábios com carinho.
De repente, meu pai interrompe a nossa dança.
— Minha vez, você terá todo o tempo para dançar com ele! — Vicenzo cutuca o
braço de Sean.
Sean dá de ombros, e me entrega a ele, sorrindo.
Dançamos até que a música termine. Vicenzo olha para a banda e dá um sinal
com as mãos.
Completa o clima me dando sua famosa piscada, acompanhada de seu lindo
sorriso.
— Dança comigo, Sra. Mackenzie?
A banda começa a tocar Stayin Alive de Bee Gees e minha risada é ouvida em
todos os cantos.
— Não creio!
Ele me pega pela mão, e ao som dos anos 70, dançamos como nos bons e velhos
tempos.
Os convidados batem palmas e os assovios de Lay completam a folia.
Somos aplaudidos de pé. Vicenzo beija minha mão e me leva de volta à mesa
dos noivos.
Mais alguns brindes e choros e, chega a hora de jogar o buquê.
A sortuda é Alexia. As outras batem o pé, mas é minha cunhada quem segura-o
com unhas e dentes.
Chega a hora de nos despedirmos. Entramos na mansão para trocar meu vestido,
e então, ouço Harry conversando com Marcella na biblioteca.
Sean tenta me segurar em vão. Preciso saber o que essa mulher ainda quer. Vejo-
a chorando, e ao me ver, Harry fica tenso.
— Meu filho? Sophia?
— Bem, não queria atrapalhar, mas ouvi meu nome enquanto passava pelo
corredor! Posso saber o que está havendo aqui? — Inquiro, nervosa.
— Sophia, vamos nos trocar e irmos embora? A festa já acabou e o avião está a
nossa espera para nossa viagem! — Sean tenta me tirar dali.
— Sim, meu amor, eu irei depois que Marcella me disser o verdadeiro intuito de
sua presença no meu casamento.
Marcella se vira para mim e volta a falar no dia em que me deixou na porta
daquele orfanato.
— Isso não é novidade, Marcella, já conheço toda essa história!
— Sim, minha filha, e agora, Harry acabou de me contar que descobriu quem foi
o culpado pelo incêndio naquele lugar.
— Quem? — Pergunto.
— Beatrice.
— Sean bate os braços ao redor do corpo como sinal de espanto e incredulidade.
— Também? Ela teve coragem de fazer isso?!
— Sim, Sean. Sua mãe teve esse ato de crueldade e eu nem tomei conhecimento
na época.
— E o que isso tem a ver comigo? — Inquiro a mulher que se acha no direito de
me chamar de filha. — O que muda? Você, por acaso, mudou seu
comportamento após saber disso?
— Sophia, por favor... — Sean tenta me acalmar.
— Meu amor...
— Queria apenas que conseguisse me amar, me visse como sua mãe.
Ao olhar em suas mãos, vejo um papel dobrado entre seus dedos, o que presumo
ser um cheque. Um cheque de Harry.
— É assim que quer que eu a ame? — Devolvo-lhe um olhar endurecido. —
Vindo em meu casamento para extorquir dinheiro? Você não é melhor do que
Beatrice, Marcella, suma daqui, com esse dinheiro.
É a vez de Harry.
— Só quis ajuda-la, Sophia. Não é grande coisa!
— Você acha que ela vai parar por aí? Não se engane, Harry. — Olho para Sean.
Não quero perder o meu tempo com essa mulher. — Vamos, Sean. Vou arrumar
minhas coisas e ir para minha viagem. Espero não vê-la nunca mais, Marcella.
Ela junta sua bolsa e sai com a cabeça baixa.
Saio em compainha de Sean, que me abraça forte.
— Temos muito em comum. — Seu olhar é sério e sua voz carrega um pouco de
tristeza que logo se dissipa. — Nossas mães! Mas agora, vamos esquecer tudo e
aproveitar cada segundo, juntos... Caribe? Você e eu?
— Sim, Caribe, vamos meu amor!!
Momentos depois, nos despedimos de todos, rumo à nossa viagem. Que venham
dias e dias felizes.
Sol, mar e você!
Por Sophia
Nossa viagem ao Caribe foi muito tranquila. Sean permaneceu ao meu lado
durante todo o voo.
A alegria que sentíamos era tanta que por muitas vezes nos surpreendíamos
sorrindo um para o outro.
— Vamos pousar em cinco minutos! — Avisa o corpulento copiloto.
— Olhe o que nos aguarda! — Sean beija minha mão e aponta para a belíssima
paisagem vista através da pequena janela.
— É lindo! — A cor do mar de Aruba, numa das ilhas que fazem parte do
Caribe, onde a família de Sean mantém uma casa, é uma das mais lindas que já
pude ver. E em contraste com esse azul incomparável da água, uma areia
branquíssima juntamente com as verdes palmeiras emprestam a esse cenário um
contorno magnífico digno de um lindo quadro de paisagem.
— Sabia que iria gostar! — Diz Sean, enquanto sua boca se aproxima da minha.
— Quero aproveitar cada segundo com a minha esposa! — Viro-me e seus
lábios colam-se aos meus. Sua mão atrevida sobe pelo interior de minhas coxas e
mais ousado ainda, afasta-as devagar onde seus dedos correm pela renda de
minha calcinha.
— Meu amor... — Gemo em sua boca tentando emitir um falso protesto para que
ele pare e, conhecendo meu eu e meu corpo, sua língua invade minha boca me
tomando num beijo que me deixa subindo pelas paredes.
Excitada e ofegante, seus dedos fazem movimentos cadenciados e precisos. —
Não vejo a hora de ficarmos a sós... — Sussurra com sua voz grave e olhos
exalando desejo, com sua boca ainda próxima à minha. — Molhadinha, toda só
para mim... — Sua língua invade minha boca mais uma vez, enquanto me
penetra com seu dedo.
Gemo baixo e remexo meu quadril na busca de alívio das contrações que sinto
em minha pélvis.
— Sean... — Com a mão livre ele me segura firme pelas costas. Seus dedos
habilidosos não me dão trégua e seu polegar massageia meu clitóris enquanto
suas estocadas profundas me deixam maluca.
— Se solte, minha esposa, goze na minha mão e imagine o meu corpo no seu
naquela praia, meu pau todo em você... — Sua voz assume um tom devasso e
sacana. Quer me deixar tranquila e relaxada, pois meu medo é ser flagrada pelos
tripulantes da aeronave.
O avião começa a pousar e meu marido aumenta o ritmo de seus dedos. A
sensação que tenho é de que vou ter um colapso, o frio da barriga durante o
pouso juntamente com Sean me masturbando é algo muito, mas muito excitante
e incomum. Minhas mãos deslizam em seu cabelo e o puxo ainda mais para mim
quando um orgasmo intenso chega me fazendo gemer em sua boca, me deixando
sem ar. — Isso... Goza para mim... Minha Soph... — Ao tocar o chão, sinto-me
tão leve como se ali não houvesse gravidade. Mordo seu lábio e sorrio olhando
em seus olhos.
— Você vai me matar assim! — Digo ofegante, tentando me recompor na
cadeira.
— Vou? — Seus dedos ainda estão em meu sexo molhado e todo sensível e, ao
massageá-lo novamente me dou conta de que isso foi só o combustível para me
deixar louca por ele. — Morreremos, então. — Diz com malícia e contra a
minha vontade, ajeita minha calcinha. Eu o quero, todo meu corpo o quer. Quero
sentir suas mãos, sua boca me levando à loucura. A seguir, sem tirar seus olhos
dos meus, lambe o deu dedo médio e sorri para mim.
— Logo, estaremos em casa. E então... A gente se mata!!
O avião finalmente pousa e ao parar na pista, há um carro conversível nos
esperando. Logo atrás, outro carro com dois homens. Seguranças. Pelo visto,
terei que me acostumar a isso, ainda mais que pelas poucas menções que ouvi,
Sean pretende, futuramente, se candidatar à presidência e aí sim, adeus a
palavrinha mágica "privacidade'.
Mas, por hora, devo aproveitar a minha viagem ao lado do meu marido e deixar
preocupações futuras.
Sean pega nossa bagagem e a coloca no bagageiro do automóvel. Dá a volta e
abre a porta para que eu entre.
— Só um minuto, já volto! — Coloca seus óculos escuros e anda em direção dos
dois homens, deve estar instruindo-os de algo. De braços cruzados e com a
camisa branca do lado de fora de sua calça, Sean me dá uma visão privilegiada
de suas costas largas e seus quadris estreitos. Observo-o pelo retrovisor lateral do
carro e alguns instantes depois o vejo retornar em minha direção.
— Demorei?? — Senta no banco do motorista, inclina seu corpo e me beija de
leve.
— Sim, estou louca para morrer, se esqueceu!? Se vai me matar, que seja rápido.
— Brinco.
Lança-me seu sorriso de garoto levado e rebate.
— Devo confessar à minha esposa que sua morte não terá nada de rápida. Será
muito lenta...
— Confesso que isso estava em minhas expectativas, meu marido, prolongar
tudo ao máximo... — Acelera o carro e ao entrarmos na estrada que dá acesso ao
mar, meus olhos se encantam com um lugar tão belo. Mais alguns quilômetros e
entramos e Sean dobra à esquerda e mais duas quadras posso ver a casa da
família Mackenzie.
Ostentação em excesso, eu diria. Um local tão luxuoso e somente usado em
algumas ocasiões. Sean estaciona o veículo na garagem. Descemos e ele segura
as malas, enquanto meus olhos sob as lentes escuras, analisam o lugar. Em cada
canto do jardim é possível identificar o seu toque. A sua essência está ali.
Beatrice, com seu bom gosto, deixa sua marca por onde passa.
— Venha, meu amor, vamos conhecer a casa por dentro. — Sean me puxa,
deixando meus pensamentos de lado. Dentro da casa, mais luxo. Só que aqui ele
é muito dosado. O ambiente praiano exige algo leve e nada se compara à
decoração da casa de Nova Iorque. Móveis em madeira de tonalidade mais clara,
muito branco nos tecidos e alguns objetos de decoração coloridos, dão um ar
alegre, divertido e tropical. Beatrice é mestra no que faz. Não posso desmerecer
o seu bom gosto.
Subimos as escadas e no corredor, vejo várias fotos em preto e branco. São
imagens da família registradas em momentos de descontração. Em uma delas,
Sean segura a mãe no colo, ameaçando-a jogá-la ao mar. Sean era muito mais
jovem nessa foto. Devia ter uns vinte anos, mais ou menos. Não há como negar a
felicidade de Beatrice nesse retrato. Seus olhos parecem iluminados e a câmera
capta exatamente essa aura de alegria.
— Bons tempos. — Sean percebe meu interesse pela foto e para junto a mim.
— Estão lindos nessa foto! — Comento.
— Nesse verão, me lembro que viemos comemorar o aniversário de Max. Todos
estávamos muito felizes. Infelizmente... — Suspira, longamente. — Deixe para
lá! —sorri e me puxa para uma porta à esquerda. Entramos no quarto e as
cortinas tremulam com a brisa leve e quente. São quase quatro da tarde e o sol
irradia calor e deixa todo o aposento claro e limpo com sua luz.
Sean deixa a mala no chão e me abraça por trás. Sua boca quente desce por meu
pescoço e suas mãos ágeis abrem os botões de mim blusa.
— Nesses dias, quero esquecer o mundo lá fora, meu amor! — Sussurra em meu
ouvido numa suplica subtendida em suas palavras. Com isso, me pede para nos
isolarmos e não permitir que nada nos tire da nossa felicidade acompanhada da
paz que estamos sentindo.
— Só eu e você... — Mordisca de leve o lóbulo de minha orelha e arranca minha
blusa, jogando-a ao chão
— Sim, só nós dois! Prometo. — Confirmo sua vontade e minhas mãos agarram
seu pescoço. Sinto seu membro roçando em minha bunda e o provoco ainda mais
remexendo meus quadris de encontro a ele. Desce o zíper de minha saia que
desce até meus pés. Viro meu corpo e o encaro.
— Eu o amo e prometo que seremos felizes, eu, você e nosso filho!
— Sophia, eu a amo tanto! — Sua boca esmaga a minha e em seu beijo sinto sua
urgência. Sean me empurra no colchão. Permanece em pé enquanto tira sua
camisa, diz.
— Você, eu e nosso filho! — Tira sua calça, ficando somente de cueca. Mordo
meu lábio inferior e sinto meu coração bater acelerado ao ver tanto desejo em
seus olhos azuis. Inquieta, esfrego minhas pernas uma na outra e o chamo para
mim.
Ele se aproxima devagar, ajoelhando-se ao colchão. Tira sua cueca e somente de
olhá-lo em toda sua masculinidade, sinto meu sexo latejar na necessidade de
senti-lo todo dentro de mim, me possuindo, me tomando toda e me arrastando
com ele. Ainda ajoelhado, suas mãos fortes apertam meus seios, me fazendo
gemer ao sentir seus dedos apertando meus mamilos intumescidos sob a renda.
Em seguida, ele abre o fecho do mesmo, liberando-os para que sua boca sugue
um após o outro numa carícia lenta e torturante.
Nesse momento, arqueio meus quadris e ele arranca minha calcinha à medida
que seus dedos acariciam toda a minha intimidade.
— Por favor... — Digo, quase numa súplica.
— Calma, minha Soph, quero deixa-la desesperada por mim, pelo meu corpo no
seu!
— Eu já me sinto em desespero... — Escala meu corpo com seus lábios
alternando com beijos e leves mordidas, deixando minha pele toda arrepiada e
ansiosa por seu toque. Agarro seus cabelos ao sentir que sua língua invade meu
sexo.
— Ah, Sean... — Passo a língua em meus lábios e engulo seco. — Isso é tortura,
mas não ouse parar! Me chupa toda, meu amor!
Suga-me com força e ao olhar para suas bochechas côncavas, arqueio meus
quadris gemendo seu nome como um mantra. Presa em suas mãos, me imobiliza
e sua língua se move verticalmente sem parar. Tento em vão puxá-lo para mim.
— Gostosa... — Morde de leve o interior de minhas coxas e sobe com sua boca,
numa nova trilha de beijos e lambidas eróticas. Morde meu ombro, meu pescoço
e em seguida, segura minha cabeça em suas mãos e seu membro roça em minha
entrada. Esfrega-se deliberadamente de modo provocativo.
— Nunca pensei que a amaria tanto... Você me completa todo, Sophia. — Seus
olhos transcendem todo esse amor indivisível. — Saber que me ama, me faz
maior do que realmente sou. — Abro minha boca para responder, porém seu
beijo me cala e é nele que Sean busca sua resposta. Encaixado entre minhas
pernas, me penetra devagar e num ritmo lento e com estocadas profundas, seu
gemido involuntariamente rouco é abafado por nosso beijo. Sua língua se
enrosca na minha numa dança erótica e, assim exploramos mais uma vez um
mundo novo, sensações diferentes que nos deixam satisfeitos e sempre ansiosos
por mais. Aumenta seu ritmo e segura uma de minhas pernas, metendo mais
fundo. Sinto meu sexo se contraindo e tento absorver e ao mesmo tempo
prolongar essa maravilhosa sensação de prazer pleno.
— Oh, Sophia... — Fala entre gemidos ao sentir que o aperto ainda mais dentro
de mim.
Gozamos quase juntos, como se estivéssemos totalmente interligados. Segundos
se arrastam e meus dedos correm por suas costas, pela lateral de suas costelas.
Ergue seu rosto lindo e sorri.
— Não morremos? — Fala em tom de malícia.
— Não. Gostei muito da tentativa e ansiosa pela próxima.
— Safada!
— Gostosão!
Ainda com ele dentro de mim, remexo meu quadril, incitando-o.
— Você é quem pediu, sra. Mackenzie!
Morde meu queixo com força e me aperta forte em seus braços.
Aí, já era! Começamos tudo de novo!
[...]
Um tempo depois, comemos um lanche servido por Mercedes, a copeira e
ficamos deitados na varanda olhando para o mar e seu lindo pôr-do-sol. Sean me
convida para sairmos mais tarde para conhecermos um pouco da vida noturna do
lugar.
— Não conhecia o Caribe, adorei. Ainda mais na companhia do meu amor! —
Comento. — Ergo meu rosto e o encaro.
— Estive algumas vezes aqui, mas essa é especial. — Entrelaça seus dedos ao
meu. — Há vários locais para conhecermos e um deles é o Moomba Beach.
Dizem que é um dos melhores lugares daqui.
— Tenho certeza de que vou amar. E amanhã quero dar um mergulho na praia e
me deitar na areia, que tal?
Na rede, deita-se sobre seu corpo e seus braços me envolvem com aquele sorriso
'Me enterre que dói menos, como sempre diz a doida da Lay', responde:
— Ótima ideia, não necessariamente nessa ordem!
Curiosa, ergo meus olhos e o encaro.
— E em que ordem seria?
Pigarreia e se faz uma cara séria e como já o conheço, sei que vai fazer graça.
— Primeiro, entramos no mar...
— Hum, e...? — Com ar de curiosidade, espero sua conclusão.
— Depois, vou te cobrir de beijos dentro da água...
— Hummmm... Já gostei dessa nova alteração. — Roça sua barba por fazer em
meu rosto.
— Depois, irei enlaçar essas longas pernas em minha cintura... — Agarra minha
bunda e a aperta e em seguida, passa as mãos em minhas coxas, segurando — As
de modo firme.
Suspiro e rebato.
— E aí?
— Aí, vou meter gostoso em você dentro do mar e com seu corpo colado ao
meu, não satisfeito, irei deitá-la na areia e amá-la ainda mais. Então só depois
disso, sigo a sua ordem.
Beijo seus lábios e minha língua invade sua boca gostosa.
— Me deu uma vontade de ir à praia nesse exato momento! — Brinco, enquanto
sua boca desliza pelo meu queixo.
— Amanhã, prometo que iremos, minha esposa.
— Promessa para mim é dívida, Excelência.
— Sempre cumpro minhas promessas! — Ficamos deitados sentindo a brisa do
mar e o lindo entardecer de Aruba. Adormecemos e mais tarde nos arrumamos
para a nossa noitada caribenha!!
Por Alexia
Aidan me chama para dar uma volta à tarde, na verdade, estou um caco. O
casamento me esgotou as forças, mas ele pede com tanto jeito que acabo não
recusando.
— Venha até meu quarto, vou me trocar e a gente sai.
— Isso não é uma boa ideia, meu amor! Se eu a acompanhar, adeus passeio.
— Que nada, tenho certeza de que nosso passeio nos reserva coisas mais
excitantes do que uma rapidinha em meu quarto. — Pisco para ele.
— Tem toda razão meu amor!
Subimos até meu quarto e vou direto para o banheiro. Aidan me espera na cama.
— Amor! — Grito do banheiro.
— Oi.
— Me faz um favor?
— Diga. — Responde, prontamente.
— Abra minha gaveta do criado-mudo e pegue um vidro azul, são minhas
vitaminas. —Meu médico prescreveu algumas delas e confesso que isso me fez
muito bem.
— Ok, meu amor! — Ele entra no banheiro e ao sair do box me entrega um
comprimido.
— Vou espera-la na biblioteca, Alexia. Lembrei-me de tenho um telefonema a
fazer.
— Tudo bem. — Mesmo achando muito estranho esse telefonema aparecer
assim tão de repente, não o questiono.
Beija minha boca de leve e sai do banheiro e o bater da porta confirmam que ele
desceu.
Por Aidan
Alexia está mentindo para mim, sei que ela queria escrever um livro erótico e fui
absolutamente contra. Combinamos que eu iria ingressar na carreira política
como deputado e que ela poderia esperar um pouco mais, porque o partido a que
me filiei faz parte de uma ala conservadora e com o apoio de Sean seria
facilmente eleito.
Agora, ao abrir sua gaveta vejo um envelope com uma etiqueta e tenho certeza
de que é um novo livro. O pen drive contido no mesmo confirmam minhas
suspeitas. Se ela quer ser escritora é claro que terá todo meu apoio, mas não
escrevendo sobre sexo. Ela sabia minha opinião desde quando veio com essa
ideia.
Na biblioteca, abro o documento que está salvo no pen drive e em poucas linhas,
um conteúdo explícito aparece nas palavras escritas por minha futura mulher.
Leio uns dois capítulos e ouço passos vindo pelo corredor. Retiro rapidamente o
pen drive, guardo-o em meu bolso e pego o telefone do gancho fingindo falar
com alguém.
— Vamos, estou pronta.
— Valeu a demora, você está linda!
Levanto-me da cadeira e vou ao seu encontro.
— Vamos? Saio abraçado a ela e fico remoendo o porquê dela não me contar
sobre o livro. Quero ver até quando ela irá me esconder essa história!!
Noite em Aruba
Por Sean
— Vamos procurar a nossa mesa e nos sentarmos, Sophia!
Mantenho meu braço sobre seu ombro e enquanto ela caminha à minha frente
amarro a cara para vários babacas que desviam seu olhar para minha esposa. E
isso me faz pensar em como o mundo dá voltas. Antes, eu era um desses caras e
acabava flertando mulheres pouco me importando se elas estavam
acompanhadas ou não. Hoje, percebo o quão patético eu era.
Um tremendo ridículo. Quando disse à Sophia que ela me transformou em um
novo homem, simplesmente, ela me deu seu sorriso contagiante e disse: Não o
transformei em nada, tudo o que você é hoje, estava aqui dentro. — Tocou meu
peito alisando meu tórax com carinho. — Você só não sabia disso, meu amor!
Antes, um olhar dirigido a mim, era a porta para mais uma conquista barata que
acabaria em uma cama. Depois, era partir para outra sucessivamente. Manter um
relacionamento monogâmico era a pior coisa que alguém poderia ter inventado.
Hoje, ser fiel à Sophia não é uma obrigação e muito menos modelo de conduta,
isso me é natural. Nada além dela ocupa a minha mente e meu coração. Estar
ligado à uma só mulher é algo que me torna maduro e completo.
Chegamos até a nossa mesa e arrasto uma cadeira para minha esposa.
Moomba Beach é um local bem frequentado. Ele conta com dois grandes
quiosques. Um bar e outro restaurante. E o mais interessante é que se pode beber
ou comer apreciando o mar à sua frente.
Chamo o atendente e um rapaz de estatura baixa, origem mexicana e com um
sorriso mostrando seus dentes largos e brancos se aproxima.
— Buenas noches, señor. — Entrega-me o cardápio e seu sotaque é uma questão
de orgulho transparecido em sua voz.
— Quero uma cerveja e para minha esposa um Sunset of the beach. — Ele anota
com muita rapidez e minha esposa me olha pelo canto dos olhos.
— Posso saber o que vou beber, meu amor?
— Algo que vai gostar e sem álcool. — Sorrio. Ao fundo, a música latina e os
drinks servidos deixam as pessoas mais soltas, falando alto e mais alegres. Posso
ouvir sons de uma risada mais do que reconhecível vindo de uma mesa ao fundo.
Não é possível que existindo tantas praias nesse mundo, Willy Fauer escolheu
Aruba para fazer suas gracinhas.
— Algo errado, Sean? — Sophia percebe meu incômodo e me recomponho.
Willy é um deputado popular e que na vida privada mantém seu humor até nas
horas mais impróprias. Ele surgiu na esfera política com o apoio do povo. No
congresso, é um defensor ferrenho das classes menos favorecidas.
— Não, desculpe-me Soph! — Seguro sua mão nas minhas e acaricio seus
dedos. O atendente volta com nossos pedidos e mantenho as risadas de Willy
fora do meu campo auditivo, confesso que isso será uma árdua tarefa. Depois de
beber mais duas cervejas, peço licença à minha esposa e vou ao banheiro. Não
há fila, o que me deixa despreocupado, pois não gosto muito de esperar.
No banheiro, enquanto lavo minhas mãos, a imagem de minha última conversa
com William surge como um telão em minha frente. O que era para ser uma
reunião de homens sensatos transformou-se numa enorme discussão e alguns
poucos políticos que estavam presentes tentaram a todo custo acalmar nossos
ânimos. Não sei ao certo como tudo começou. Fui convidado a comparecer em
uma reunião com alguns deputados para acertarmos questões burocráticas
pendentes.
Reparei que, ao entrar na sala, William também havia sido convocado para a tal
reunião e em determinado momento em que eu expunha minhas ideias, o
deputado começou a fazer brincadeiras desnecessárias tentando desviar o foco de
minha fala. Pigarreei mesmo com essa interrupção e continuei expressando meu
ponto de vista.
Insatisfeito, o recém-eleito deputado me insulta, fazendo com que eu perdesse
meu controle.
— Ora e não é que o 'senador almofadinha' pensa? Sempre o imaginei
brincando de cavalinhos de raça e carrinhos de luxo!
Qual é a desse sujeito? Por acaso, ele conhece meu trabalho. — Pensei. — Sabe
os esforços pelo qual venho lutando junto às empresas privadas e públicas e
outras instituições para angariar fundos para projetos que beneficiem as classes
menos favorecidas. Tenho certeza de que ele nem fazia ideia. E então, parti para
cima dele sem nenhuma hesitação, tentando calá-lo. Aidan e outros dois colegas
me seguraram, no mesmo momento em que outros seguravam William enquanto
trocávamos várias ofensas. Por fim, acabamos nos acalmando, porém, uma
tensão ficou instalada ali e o clima ficou péssimo e a reunião foi encerrada.
William é um dos mais influentes deputados eleitos pelo partido republicano.
Nunca escondeu sua origem humilde. Também nunca ligou para baixarias e
muito menos dispensa uma boa briga. Na época, nosso desentendimento não foi
noticiado pela imprensa por se tratar de uma reunião interna, todavia isso irá
mudar quando se iniciarem as campanhas eleitorais. Sei que ele pretende
concorrer à uma vaga ao Senado e com sua enorme popularidade não me
espantaria se fosse eleito com uma margem extensa de votos. Balanço minha
cabeça em negativa perante o espelho.
Que isso, Sean! O que pensa que está fazendo? Para que trazer esse assunto tão
desgastante justamente aqui num bar onde você e sua mulher se encontram em
lua de mel?
Minha razão me traz de volta. Não é hora e muito menos local para se tratar
desse assunto. Sophia e eu já passamos por muitas situações tribuladas e difíceis
e agora o momento é deixar que tudo isso se mantenha em total distância. Saio
do banheiro e não acredito no que meus olhos veem.
Sophia e William trocam um fervoroso abraço e ela o convida a sentar-se em
nossa mesa.
Eles não me veem e de longe, fico observando por mais alguns segundos. Ele faz
uma careta e Sophia ri como se as famosas palhaçadas de William fossem as
mais engraçadas que ela já vira.
Ao me aproximar, noto que ele mantém a sombrinha de papel do coquetel em
seu nariz. Ao cruzar meus olhos com os dele, tento transmitir através deles que
já é hora do sujeito cair fora, porém antes que isso aconteça, Sophia comenta.
— Meu amor, que bom que chegou, você não imagina quem eu reencontrei.
Não posso acreditar! Sophia não irá me dizer que o conhece? Só me faltava
essa!
Ela prossegue.
— Esse é Wi... — A interrompo, pois quero que ela perceba que não quero
estender a conversa com esse homem.
— William Fauer, deputado federal pelo partido republicano. — Sem retirar as
mãos dos bolsos para estende-las em sinal de civilidade, minha esposa percebe
que há algo estranho entre ele e eu.
— Ah, que bom, então podemos dispensar as apresentações. — Diz.
— Ér... Sim, Sophia, conheci seu marido ao ingressar na vida política. — Ele
responde.
— Sean, William está hospedado na casa de amigos, próxima à nossa casa.
— É mesmo? — Pergunto sem nenhum interesse.
A questão é uma só.
De onde Sophia conheceu esse sujeito insuportável? Amizade ou existiu algo
mais?
— Sim, estou na casa dos Fergson. — Faz uma pausa. — Soph, foi muito bom
revê-la, agora que lhe reencontrei, não quero perdê-la de vista. Espero poder
visita-la em Nova Iorque.
— Mas é claro, Willy agora que nos encontramos novamente, não quero perder
meu contato com você.
Espera aí? Agora, ele é Willy? E o cara a achou por Soph?
Achei que somente eu a chamasse assim de modo tão íntimo. Sentado à mesa e
totalmente a parte na conversa, aguardo a oportunidade de chama-la para
voltarmos para casa. A nossa noite acabou. Fecho a cara e o sujeito percebe na
hora resolvendo de despedir.
Sophia para me deixar mais irritado, entrega a ele um cartão com seu telefone.
— Só me ligar, a qualquer hora, Willy. Ele pega em sua mão e aperta entre as
suas, em seguida, deposita-lhe um beijo ali.
Meu rosto pega fogo de raiva e meu maxilar enrijece, me fazendo morder o
canto da boca até sangrar.
— Até mais, Soph. — Finalmente, ele se vai e Sophia me lança seu olhar sagaz.
— Pode me dizer que bicho lhe mordeu? Ou melhor? Que comportamento mais
infantil é esse? Não o estou reconhecendo Sean! — Me olha, indignada.
— Vamos embora. — A ignoro e faço sinal ao atendente pedindo a conta. O
mesmo se aproxima e entrego-lhe meu cartão.
— Ainda não terminei meu coquetel! — Pela primeira vez em todo nosso
relacionamento, Sophia me responde em tom de desafio. O atendente volta
trazendo meu cartão, agradece e sai. Me levanto e seguro em seu braço.
— Pois então, pegue seu copo e o termine a caminho de casa!
Mesmo a contragosto, ela se levanta e saímos do Moomba Beach. O que era
para ser uma noite agradável, de repente, se tornou numa noite com um clima
pesado entre nós. Estaria eu com ciúmes?
Sim. Estaria. Depois de Richard, essa foi a segunda vez que sinto ciúme de
Sophia. Sei que isso é uma bobagem, pois sei o quanto ela me ama. O que me
incomodou também foi descobrir que o amigo de minha esposa é um dos meus
adversários políticos. Acho que desconfortável seria a palavra correta para
descrever o que senti.
Dentro do carro, a caminho para casa, tentei inúmeras vezes puxar conversa com
minha mulher, mas ela resolveu adotar a política do sim, do não ou talvez. Ao
entrar na sala de casa, explodo.
— Você não acha que quem deveria estar de cara feia seria eu e não você?
Hein?
— Cara feia? Quem aqui está com cara feia? Eu? — Me olha com sarcasmo.
— Ah, não está? Vai ser cínica agora? Vai negar que ficou assim depois que
reencontrou seu amiguinho.
— Sean, menos, por favor! — Ela sobe as escadas, me dando as costas e eu a
sigo. Sophia se fechou em algum lugar e quer se manter ali.
Ao entrarmos no quarto, calmamente ela deposita a bolsa em uma cadeira e seus
olhos negros me encaram.
— Posso saber por que não gosta dele?
— Do seu amigo?
— Não, do Rei Arthur! — Deixa seus braços caírem ao lado de seu corpo,
demonstrando insatisfação. — De quem mais estávamos falando? Por que não
gosta do deputado William Fauer? Vi que não curte a cara dele e vice-versa.
— Discutimos por motivos políticos, nada mais.
— Quais seriam? — Pergunta séria.
— Sophia... — com as mãos na cintura, rebato. — Acabamos de nos casar,
estamos em lua de mel, não a trouxe em Aruba para falarmos de política, fui
claro? — Acabo atacando-a. — Por que quer saber? Ainda não me disse de onde
o conhece!
— Quero saber se você é como os outros hipócritas que habitam aquele covil
chamado senado e menospreza alguém que veio de tão baixo como Willy.
— Tão baixa? Como assim? — Cerro meus olhos a encarando seriamente.
Ela altera a voz e seu tom assume um modo firme.
— Responda Sean, perguntei primeiro.
— Não é nada disso. Não gosto daquele sujeito porque há algum tempo atrás,
trocamos alguns desaforos e só não partimos para a agressão porque nos
separaram. — Atesto. — Conheço muito pouco sobre a carreira meteórica dele.
O que sei é que era pobre e hoje, conseguiu seu lugar ao sol. Tinha uma
lavanderia e era presidente de uma associação que cuidava de moradores de rua.
Está achando que não gosto dele por ser pobre?
Fica em silêncio.
— Se pensou isso de mim é porque não me conhece, Sophia. Nunca
menosprezei ou destratei quem quer que seja por mera classe social. Discuti com
seu amigo e ele me chamou de Senador almofadinha. Isso me deixou muito
irado, mas mais furioso ainda ao vê-lo chamando-a de Soph.
Ela disfarça um sorriso.
Por Sophia
Sean sai da mesa e se encaminha para o banheiro. Um cara de cabelos castanhos
não para de olhar em minha direção e isso está me deixando incomodada. Não
contente com isso, ele se levanta e olha diretamente para o colar em meu
pescoço. Meu primeiro colar, aquele que Marcella deixou comigo antes de me
abandonar. Nossa que coisa mais depressiva para se lembrar logo agora? Deixa
isso para lá. O fato foi que o homem olhou para mim e disse:
— Não nos conhecemos de algum lugar? — Para uma cantada, ele não tem
nenhuma originalidade.
Respondo secamente que não. E aí ele me pergunta.
— Você não é Sophia da Filadélfia?
Meus olhos pairam em seu rosto penso de onde esse sujeito me conhece? Será
que andei roubando-o? Pagarei para ver.
Antes de responder, ainda olho para o banheiro masculino e nada de Sean.
— Sim, morei na Filadélfia. Não quero ser grosseira, mas o senhor me conhece
de onde?
— Senhor? Qual é Soph? Não me reconhece mais? Sou eu, Chuckie, lembra? Ao
ouvir esse nome, meu coração parece que vai bater forte até explodir. Meu
amigo de rua, meu companheiro Chuckie. Ele está mais gordo. Levanto-me da
cadeira e o abraço forte.
Ele me conta que me procurou por toda a Filadélfia, mas foi em vão. Achou que
eu estivesse morta e desistiu de me procurar. Disse que também pensava o
mesmo dele e que estava muito feliz em constatar-me de que ele venceu na vida
como tanto queria. E agora, parada em meu quarto com Sean em minha frente
imitando William dizer meu apelido é muito hilário. Gostaria
de ter uma câmera e filmar sua cara impagável.
— Não me diga que está com ciúme de Willy, Sean? — Não me responde e me
lança outra pergunta.
— De onde o conhece?
— Bem, é uma longa história. Está disposto a ouvir? — Ele senta em uma
poltrona em frente à cama e eu escolho o colchão.
— Das ruas da Filadélfia. Para muitos William, Willy, mas para mim, apenas
Chuckie.
— Nunca soube que ele fosse morador de rua. — Sean fala com a mão no
queixo.
— Também fui e você só ficou sabendo porque contei e Vicenzo confirmou a
história. São poucos os que tem coragem de dizer de onde vieram, poucos falam
abertamente sobre esse assunto, fica como uma cicatriz escondida.
— Entendo, perfeitamente e me perdoe. Fui um idiota. — Tenta se levantar, mas
faço sinal para que permaneça onde está.
— Havia acabado de fugir do orfanato, tentei voltar e essa parte você já sabe. —
Começo a narrar mais uma parte de minha história. — Antes de Vicenzo me
adotar como sua filha, vivi alguns anos como moradora de rua, que foram para
mim os mais difíceis. Ali, eu tinha que sobreviver a cada dia a fome, frio, à
maldade das ruas e a indiferença da sociedade. — Tudo vem à tona como um
filme que você resolve rever. — Na rua, ou você se impõe ou se junta a um
grupo, um bando melhor dizendo, como sistema de defesa. Foi me sentindo
sozinha e desprotegida que m juntei ao bando de Chuckie. Ele liderava um
pequeno grupo de 4 meninos e 2 meninas. Era o cara mais esquentado e violento
que conheci. Com cara de mau e magérrimo, com uma cabeleira vermelha e
espetada ganhando o apelido de Ckuckie.
Sean me ouve atentamente.
— Nesse grupo, ele me ensinou a sobreviver nas ruas. Ali, todos os respeitavam.
Havia a lei de Chuckie, quem não as seguisse, sofria as consequências. Eu
morria de medo dele e foi numa tarde quente de primavera que ele me fez
gargalhar pela primeira vez. Colocou em seu nariz duas cascas de limão, uma em
cada narina, e fez uma das caretas mais engraçadas que já vira. O que hoje
parece patético, na época era muito engraçado. Ele era o meu palhaço, o medo
que sentia por ele foi-se embora, mas o respeito continuava ali. Ele foi o meu
Vicenzo das ruas. Ninguém encostava a mão em mim. Ele me protegia como se
eu fosse um filhote. O seu filhote. Me protegia de tudo. As duas garotas que
faziam parte do grupo resolveram partir para outro caminho, o da prostituição e
nunca mais as vi. Três dos outros meninos também tiveram um destino muito
infeliz. Dois deles foram mortos em um assalto e o outro morreu vítima de
atropelamento. Sobraram eu, Chuckie e Valentim.
Minha voz sai por um fio e Sean se senta ao meu lado no colchão. Meus olhos
ficam embaçados e ele tenta me impedir de continuar.
— Sophia, meu amor. Já chega. Olha, não é bom você ficar triste em seu estado.
Não a quero triste, por favor!
— Não estou triste, meu amor. Fique tranquilo, nosso bebê sabe a mãe que tem e
ele também será forte.
— Valentim era muito raquítico, quieto e triste. Numa noite muito fria, nós
tentamos aquecê-lo com nossos corpos tentando salva-lo de uma pneumonia.
— Sophia, por favor. —Sean ainda tenta me impedir de falar.
Tudo parece estar ali em minha frente. Quantas vezes não sonhei estar nas ruas e
aos prantos acordava aos berros e Vicenzo vinha para me abraça.
— Você é o terceiro a saber dessa parte de minha vida. O primeiro é o próprio
Chuckie que viveu isso tudo comigo. Segundo: Vicenzo com quem partilhei
minha dor. Agora, quero que saiba tudo sobre mim. Nesse dia, mesmo servindo
de cobertor para Valentim, ele morreu ao amanhecer. Restaram somente nós
dois. E desse dia em diante nos tornamos inseparáveis. Ele se mostrou o mais
fiel amigo que tive.
— Mesmo que tudo fosse difícil, ele usava suas brincadeiras para amenizar a
nossa dor. Chuckie não era de fazer carinho e nem de receber abraços ou beijos.
Demonstrava o seu jeito de gostar de outra forma onde não houvesse o toque. O
máximo que ele me toucou foi um carinho em meu cabelo e quando, hoje, recebi
o seu abraço hoje, percebi que muitas de suas feridas também haviam sido
curadas, Sean.
Meus olhos lacrimejam.
— Sophia...
— Numa véspera de Natal, vagávamos famintos pelas ruas enfeitadas do centro.
Deviam ser umas oito horas da noite e ao parar em uma vitrine de uma padaria,
meu olhar recaiu em vários donuts coloridos. O cheiro de baunilha penetrava em
meu nariz e batia direto em meu estômago. Um segurança se aproximou e como
sempre nos afastou dali. A fome era tanta que minhas pernas estavam fracas e
bambas. Mas mesmo assim, eu gostava de correr meus olhos pelas vitrines e
mesmo achando que Papai Noel não sabia que eu existisse, sonhava um dia estar
numa sala linda com uma imensa arvore e vestindo um vestido verde água que
estava bem em minha frente em outra vitrine cobrindo um manequim.
— Aquele vestido era algo inalcançável para mim, Sean. — Olho para meu
marido que me ouve com seu semblante agora austero. — Mais tarde, ainda com
fome, sentados embaixo de um viaduto, onde dormíamos, Chuckie ajeitou o meu
cabelo e disse que um dia, venceria na vida só para me comprar aquele vestido e
ver meus olhos brilharem como quando estava a olhar a vitrine.
"Você é linda, Sophia. Tem nome de princesa! Um dia, quero te ver brilhando."
— Ele disse.
Mal consigo falar tamanha minha emoção.
— Cheirando mal, toda rasgada e com dentes sujos, mesmo assim, ele me
elogiava e me fazia acreditar em suas palavras. Ele me dava esperanças, me fazia
sentir bela, Sean. — Abraço meu marido aos soluços e ele também fica
emocionado.
— Sophia, não tive a intenção de faze-la chorar, me perdoe. Vamos esquecer
isso.
— Não estou lhe contando isso para que tenha pena de mim, mas para que veja o
quanto respeito William e porquê. Não são lembranças tristes, são minhas
memórias e pretendo guarda-las comigo. Nem no orfanato com cama, roupas
limpas e comida eu me sentia bem como na companhia de Chuckie.
— No dia de natal, amanheci com uma febre muito alta. Gripe. Fome e frio,
muito frio. Abri meus olhos com dificuldade e disse ao meu amigo que Deus era
muito injusto às vezes. Ele tocou minha testa e tirou do seu corpo o seu único
velho e rasgado casaco. Me cobriu e disse.
"Seja forte, aguente, eu volto." — Via a preocupação estampada em seu olhar.
Seria mais uma amiga que ele perderia. "Me espere, Soph, por favor, não me
deixe! "
— As horas se arrastaram e eu comecei a ficar preocupada pela sua demora. O
tempo nublado e com nuvens carregadas anunciava chuva eminente. Ao
entardecer, já não aguentava mais de tanto frio e fome. Fechei os meus olhos e
chorei muito, como há muito tempo não fazia. E foi aí que ouvi uma voz
gritando ao longe.
Mordo minha mão para criar forças para contar a Sean o desfecho da minha
história. Ele me abraça por trás e aconchegada nele, eu continuo.
— Ele gritava “hô, hô, hô” como Papai Noel e trazia em sua mão duas sacolas.
Se aproximou de mim e disse.
"Sabia que não iria me deixar, trouxe algo para você, Soph. Feliz Natal, minha
princesa."
Não sei lhe explicar o que senti, mas o frio que sentia, foi-se embora.
Continuo a relatar tudo como se isso tivesse acontecido ainda ontem.
— Numa das sacolas havia 2 cachorros-quentes e refrigerante e também uma
caixinha de remédios. Me fez tomar o comprido e comer todo meu lanche, o que
fiz em poucas mordidas. Era meu melhor natal e o melhor lanche que havia
comido.
— Sean...
Me viro e as lágrimas escorrem do rosto de meu marido.
— Eu sabia que ele havia passado a tarde toda roubando, batendo carteiras, mas
naquele momento aquilo era o máximo que alguém havia feito por mim.
Sean tenta enxugar minhas lágrimas e eu as dele. Beija meus lábios e pergunta.
— E o que havia na outra sacola?
Outra crise de choro me abate.
— Na outra sacola, ele me trouxe uma caixa cheia de donuts e uma echarpe
verde água, disse que era para combinar com o vestido que um dia ele me daria.
Mais lágrimas caem do meu rosto e também do rosto de Sean.
— Entende a minha alegria ao saber que ele venceu na vida?
— Claro que entendo, meu amor. — Toca meu rosto com carinho.
—Um dia, ele saiu cedo e não voltou mais. O procurei por todos os lugares e
alguns dos moradores que o conheciam me disseram que ele havia sido preso e
transferido para outro estado. Nunca mais o vi e como não sabia seu nome
verdadeiro não consegui localiza—lo. Esse é meu amigo William e tenha certeza
de que se ele será um grande político como você se tornou. Espero que vocês se
deem bem e trabalhem juntos para tirarem das ruas as inúmeras Sophias,
Chuckies e Valentins que estão espalhados por aí. Eu o amo, Sean e sei que fará
isso por mim e pelo seu coração. Que não façam como muitos que se fecham em
seu mundo e não os enxergam.
— Agora, senhora Mackenzie vamos fazer o seguinte. — Ele se levanta da
cama. — Amanhã, ligue para seu amigo e diga que ele está convidado a jantar
conosco. Será um prazer recebe-lo. Vamos começar do zero e eu a amo, minha
Soph. — Sorrio ao ouvi-lo dizer isso.
— Jura? — Me jogo em seus braços e ele me aperta. — Deus me fez passas por
tantas coisas difíceis para que eu pudesse chegar aqui hoje e viver isso tudo.
Amo viver, amo todos da minha família e amo o homem com quem quero passar
o resto dos meus dias.
— Para sempre. — Diz. — Agora, chega de emoções por hoje, você está com
uma aparência horrível, cama já!
Ele me acompanha até o chuveiro, me ajuda a tomar um banho e a me enxugar.
Me sinto mimada e amada ao mesmo tempo. A seguir, me ajuda a colocar minha
camisola. Sei que se eu quisesse sexo, Sean ele estaria ali, pronto para mim, me
desejando e me querendo como sempre. Mas não era isso que eu queria naquele
momento e Sean me deu exatamente o que eu esperava.
Abraçado a mim, ele faz carinho em meu cabelo e diz em meu ouvido.
— Casamento é isso, viver as alegrias e dividir com quem se ama todas as
tristezas, amo tudo o que temos, agora descanse minha linda.
[...]
Acordo com o Sol batendo nas cortinas. Ao lado de meu travesseiro, um bilhete.
Não quis acordá-la, sra. Mackenzie, pois dormia como um anjo. Aguardo-a
ansioso no jardim para tomarmos nosso primeiro café da manhã de
casados.
Do seu eterno
Sean
Tomo um banho rápido e coloco minha saída de banho, ao chegar ao jardim,
Sean está deitado em uma espreguiçadeira, com óculos escuros e sem camisa.
Nosso café da manhã promete...
Me derreto por você!
Por Sophia
Ele não percebe a minha presença, portanto paro por uma fração de segundos e
fico a observá-lo. Sean não é somente um homem bonito e atraente. O que mais
me prende a ele, são suas atitudes tão surpreendentes em certas circunstâncias.
Ontem, ele me mostrou duas faces bem distintas de sua personalidade; a
primeira aparece como um animal raivoso defendendo sua fêmea e logo, seu
comportamento muda radicalmente e sua maturidade aparece e me deixa ainda
mais apaixonada.
— Bom dia, meu amor! — Me aproximo e ele vira-se para mim. — Senti sua
falta e quando acordei e não o vi junto de mim, achei que você tivesse desistido
de mim e dado o fora!
Tira seus óculos, sorri e, em seguida estende sua mão a mim.
— Venha cá! — Me puxa para ele. Beija minha boca, num roçar de lábios. —
Por que acha que eu faria uma coisa dessas?
— Desculpe-me, ontem eu não fui uma boa companhia!
Toca meu rosto, erguendo meu queixo para que o encare.
— Sophia, obrigado.
O olho sem entender ao que se refere.
— Não entendi. Obrigada pelo quê? Acho que quem deve agradecer aqui, sou
eu.
— De modo algum! — Continua. — Agradeço por confiar em mim e por ser
minha mulher. Uma mulher que não carregou uma única mágoa pelo passado
que teve.
— Que isso, meu amor. De nada adiantaria me tornar amarga e ressentida? —
Ergo meus ombros.
— Pois então, é exatamente por isso que se torna mais especial para mim. Sabe,
estava aqui pensando antes de você chegar. — Alisa meu antebraço. —
Imaginei-a nas ruas e, por um momento, quem deveria estar em seu lugar era eu.
Você é a verdadeira herdeira de Harry e eu o que era? Um filho ilegítimo.
— Shhh... — Coloco meu dedo em seus lábios para que não diga mais nada. —
Isso já passou, ok? Vamos esquecer isso tudo e obrigada por aceitar Willy como
meu amigo. Não imagina como me senti quando você disse que poderia convidá-
lo para jantar conosco.
— Hum, sabia que isso subiria meu conceito. — Franze sua testa com todo seu
charme. — Então, fiz mais. — Abre a boca e suspira, fazendo suspense. —
Tomei a liberdade de ligar para ele, hoje de manhã.
— Você ligou para ele? — Como será que Sean o abordou durante a ligação? O
que será que eles conversaram? — E aí?
Ah, perdi essa! Não me conformo de ter dormido tanto! beijo seu pescoço. Tem
como não amar esse homem?
— Ele achou que eu fosse xingá-lo ou coisa do tipo. Mas, levantei bandeira
branca e tomei a liberdade de dizer a ele que agora sabia da verdade e pedi
desculpas por ter entendido tudo errado.
— E ele?
— No final de tudo a gente riu ao telefone. Ele disse que entendeu o meu lado,
porque se fosse o contrário, também sentiria ciúmes. Convidei-o para jantar com
a gente, nessa noite, que tal?
Acho que todas as mulheres do mundo deveriam encontrar um exemplar de Sean
Mackenzie em algum lugar por aí. Sempre me fazendo surpresas que me deixam
mais feliz.
— Eu o amo, Sean. A cada dia, o amo mais!! Adorei, você é perfeito!
— E eu amo vocês! — Deposita sua mão em minha barriga. — Minha família, a
partir de agora!
— Assim, você me deixa muito convencida.
— Tem todo o direito, pode ficar, eu deixo. — Acaricia meu pescoço com seus
dedos, descendo por meu colo até chegar na curva de meus seios. — Mas não
deixei aquele bilhete em meu travesseiro para ficar aqui sem meu café da
manhã!! — Nesse momento, suas mãos escalam minha barriga por baixo de
minha saída de banho e sua boca gostosa cobre a minha. Seus dedos acariciam
meus mamilos que ficam sensíveis ao seu toque.
— Sean... onde está a empregada, os seguranças? — Olho para os lados, com
receio de estar sendo vigiada.
— Não se preocupe, dispensei a todos!
— Hum, sendo assim... — Me deixo levar por suas carícias. — Adoro café da
manhã com você, sabe disso! — Minhas mãos correm por seu cabelo e o puxo
para mim aprofundando nosso beijo. Seu gemido rouco ecoa em minha garganta
e arqueio meus quadris, sentindo seu desejo através de sua ereção. Em seguida,
aperta minha bunda e é minha vez de deixar escapar um gemido ao sentir o roçar
de seu membro excitado me estimulando a cada investida.
— Eu também... adoro cada segundo ao seu lado, você me tem todo para você,
Soph. — Seus dentes prendem meu lábio inferior enquanto suas mãos se livram
de minha saída de banho me deixando totalmente nua sobre seu corpo. O roçar
de minha pele na sua me deixa mais desesperada ainda e minha mão um tanto
ousada desce pelo seu abdômen explorando sua pele firme e seus músculos
talhados para deixar qualquer uma com desejo de tocá-lo. Desço até o cós de seu
calção de banho e mais um pouco, deslizo por debaixo do tecido e pego seu
membro em minha mão.
Sua boca desliza por meu pescoço distribuindo beijos, lambidas e leves mordidas
que arrepiam todo meu corpo. Com minha ajuda, ele se livra do seu calção e nós
dois ficamos nus e ansiosos pelo outro. Em seguida, sua boca desce e ele toma
um de meus seios em sua boca, contornando meu mamilo com sua língua
quente. Segura-o em sua mão e o suga enquanto a outra mão desce em direção
ao meu sexo.
— Sean... — Quase imploro por ele, minha respiração falha ao ver que ele desce
pela espreguiçadeira mantendo-me ali imóvel. Ele vai me levar à loucura se fizer
o que estou pensando. Desce um pouco mais e com a voz carregada de desejo,
ordena...
— Suba um pouco mais... assim... isso... quero sua boceta na minha boca... —
Meu ventre chega a se contrair tamanho o desejo que sinto. Suas mãos fortes me
seguram pela cintura e me deixam totalmente exposta para ele. De um modo
mais selvagem, distribui leves mordidas entre minhas coxas, me fazendo
encolher tamanho o meu desejo e de minha garganta escapa um gemido alto ao
sentir sua língua aveludada abrindo meus lábios e me lambendo bem devagar.
— Ohhh, meu amor... — Minha única saída é acompanhar o seu ritmo.
Movimento meus quadris e seus movimentos se tornam mais exigentes. Ao olhar
para baixo, o vejo se tocando ao mesmo tempo que me chupa sem piedade.
— Isso, rebola gostoso em minha boca... — Sua barba por fazer roça em minha
pele sensível e quando meu orgasmo chega, ele suga-me com força e digo alto o
seu nome. Em um movimento rápido, ele sobe e me puxa para ele, me
penetrando todo numa investida só. Gemendo roucamente o meu nome, busca
minha boca, totalmente selvagem. Mete com força e me faz acompanha-lo
segurando meus quadris, me dominando toda. Sua língua se enrosca na minha e
sinto quando seu membro começa a pulsar dentro de mim, contraio meu sexo e
ele geme. Adoro fazer isso com ele, senti-lo também preso aos meus domínios.
Um outro orgasmo se aproxima e me entrego à essa sensação de amor e desejo
que Sean me faz sentir.
— Mete gostoso no meu pau... — Seus olhos se fecham e ele solta um gemido
animalesco ao se entregar todo a mim.
Solto meu corpo sobre o seu e ele me abraça, beijando minha testa toda suada.
Aliás, estamos muito suados.
—Agora, sim, acho que estou fazendo-a derreter. — Ele brinca.
— Se eu virar uma poça d'água, a culpa é sua!!
Tomamos um banho e depois preparamos nosso café da manhã.
Relaxados e felizes passamos a tarde toda andando pela praia e depois voltamos
para casa. Sean me ajuda com os preparativos do jantar que daremos mais tarde
para recebermos nosso amigo.
Por Beatrice
Meu filho se casou e eu não pude estar ao seu lado no altar. Sentada no pátio,
uma das detentas me entregou o jornal em que aparecem várias fotos dele com a
noiva. Senti uma dor tão grande! Esse era o meu sonho, ver meu Sean no altar. É
claro que não com aquela mulherzinha e sim, com uma mulher à sua altura.
Francis nunca mais me perturbou. Deve ter percebido que não sou tão frágil
quanto pareço. Nesse momento, Norma me chama e me avisa que uma pessoa
veio me ver. Quem será dessa vez?
Ao me aproximar da sala de visitas, o reconheço de costas. Joseph.
Corro para ele com uma sensação de alegria não justificável. Mas dentro de
mim, conheço a explicação para tal fato. Alguém se lembrou que eu existo, sabe
que mesmo que tenha errado, tenho sentimentos e me sentir abandonada por
todos me trouxe uma forte angústia e desespero.
— Joseph!
Ele se vira para mim e em sua mão direita segura um buquê de gérberas
brancas.
— Beatrice! — Se aproxima e me beija no rosto. Um sentimento de vaidade
aparece. Gostaria de me sentir bela, perfumada e estonteante como antes e não
usando esse uniforme horrendo, cheirando a sabão em pedra de péssima
qualidade. Já não tenho o mesmo brilho e beleza. Uma única coisa é certa.
Ninguém tirou minha elegância.
Sentamos em um banco e uma das agentes se mantém por perto, monitorando
todos os meus passos e palavras. Por bom comportamento, as pessoas que vem
me visitar não precisam me ver somente através de um vidro ridículo.
— Me conte querido, como foi o casamento de Sean?
E para a minha surpresa, Joseph conta-me que preferiu não ir. Achou melhor
assim, não queria parecer um intruso e forçar a situação. Não era o momento
para isso e sim dia de comemoração.
— Claire foi e me disse que foi um casamento muito lindo.
— Ela disse? — Pergunto, curiosa.
— Sim. Ela e Harry estão juntos.
Harry e Claire? Ora, ora, quem diria? Me jogou nesse inferno e resolveu por as
manguinhas de fora.
Harry, aquele safado!
— Não sabia, Joseph!
— Pois é, minha irmã sempre foi apaixonada por ele, isso você sabia, não é?
— Sim, sabia. — Sorrio de modo sem graça e como um homem muito educado,
Joseph muda o assunto e falamos de outras coisas que não sejam desagradáveis.
Terminado nosso tempo, ele se despede e reafirmo mais uma vez o quanto fiquei
feliz com sua visita. Ele me promete voltar mais vezes.
Vejo-o saindo e antes de desaparecer de meu campo de visão. acena com um
sorriso no rosto.
É, Beatrice, escolhas erradas que fizeram toda a diferença. Pensando assim,
volto para minha cela e lá fico olhando a foto do casamento de Sean por horas a
fio...
Ah, safadinho!!
Por Sophia
— Pode deixar, meu amor, eu abro a porta! — Sean se apressa ao ouvir a
campainha tocando.
Ouço a risada de Willy e me junto a eles no hall de entrada. Sean o cumprimenta
e convida a se sentar na sala de estar, enquanto pega uma bebida para todos.
Meu amigo, como sempre, arruma uma maneira de me surpreender e em suas
mãos uma caixa branca com um laço enorme de cetim verde.
— Para você, Sophia! — Acho que Willy está receoso de me chamar de Soph na
frente de Sean. Tenho que saber mais dessa conversa que os dois tiveram ao
telefone.
— Obrigada, meu querido, não precisava ter se incomodado!
Desfaço o laço e ao abrir a caixa, fico muito emocionada. Não era o mesmo
vestido, mas era lindo e verde água. Ele se lembrou.
— Willy, você lembrou? — Pela segunda vez, o abraço forte, mesmo sem saber
se ele gostaria de ser tocado tão efusivamente. Mas, minha dúvida se esvai
quando ele me aperta ainda mais. Então, sei que está tudo bem. Meu amigo
também deve ter vencido todos os seus fantasmas.
— Prometi lembra? — Me lança seu largo sorriso. — E quando disse aquilo a
você, seus olhos tinham esperança, pois acreditava em mim, um mero ladrão de
ruas! Prometi e aí está. Obrigada por me fazer acreditar que eu poderia voar,
Soph. — Agora sim, esse é meu amigo Chuckie.
— Não fiz nada de mais, sua força é que fez tudo sozinha! — E como sempre
fazia para mudar de assunto quando algo mexia com seus sentimentos, resolve
brincar para descontrair e deixar claro que o momento é de alegria por nos
reencontrarmos. Sentamos no sofá e Willy e Sean travam um diálogo ferrenho
sobre política. Cada um à sua maneira, expõem seu ponto de vista, porém
sempre com algo em comum.
Willy fala sobre seus projetos em prol dos mais carentes e também sobre um
programa para ajudar a erradicar a grande população de menores que moram nas
ruas. Com entusiasmo e muito amor pelo que faz, para e ouve atentamente tudo
o que meu marido tem a dizer. Sean, um pouco mais experiente, esclarece a
Willy algumas das dificuldades que ele irá encontrar e se coloca à disposição
para o que ele precisar. Por isso, admiro-o ainda mais. Também propõe uma
aliança com Willy. Os dois trabalhariam com o mesmo ideal, um mesmo
objetivo. Seria uma junção perfeita. A popularidade de Willy com a força
política e empresarial de meu marido. Ao final, os dois chegaram a um
denominador comum e a única coisa que me restou foi sorrir e agradecer por
esse momento tão feliz. Jantamos em um clima agradável e perguntei ao meu
amigo se nesse tempo todo ele não se apaixonou.
Ele sorri e diz que arrumou uma namorada. Pergunto onde ela está e por que não
a trouxe consigo. Com maior cara lavada dirige seu olhar para Sean e rebate.
— Você acha que eu traria sanduíche em festa? Aruba é um paraíso dos
solteiros!
— Cuidado, Willy! — Sean o adverte. — Já fiz parte dessa turma até que
encontrei Sophia. — Pisca para mim e prova seu vinho.
— Ah, mas enquanto isso não acontece... — Willy levanta a sua taça e faz um
brinde. — Ao reencontro mais feliz de minha vida. Felicidades à minha amiga e
também a você, Sean. Confesso que te achava um tremendo babaca político, mas
meu conceito em relação a você mudou consideravelmente.
Sean o olha com desconfiança e eu também.
— Hei, não se preocupe amigo! Seu passado dálmata está seguro. — Bebe um
gole de vinho e continua. — Casou-se com a melhor amiga que já tive e,
olhando em seus olhos, vejo o quanto a faz feliz. Tem meu respeito, Sean
Mackenzie!
— Ufa! — Sean expira o ar fazendo graça. — Pensei que entregaria meus podres
aqui!
Acho graça na descontração dos dois. Não é algo forçado e artificial. Sean me
surpreende, pois a cada brincadeira de Willy, ele rebate com outra. Esse lado de
meu senador é novo e muito divertido.
Acabamos o jantar e passamos para a sala de estar novamente. Meu celular toca
e peço licença para atender. É meu irmão, Loh. Ligou-me para dizer que está
com saudade, mas como conheço Lorenzo e a voz de Lay ao fundo, gritando sem
parar me diz que ele quer me contar algo.
— Também estou com saudade, meu querido. Mas, diga logo, Lorenzo, o que
aconteceu??
— Nossa, precisa ser tão direta?!
Minha linda arara loira grita ao fundo. Dá-lhe Sophia!
Lorenzo pigarreia e completa. — Senhor Vicenzo assumiu seu namoro com
Sarah.
— Jura?? Que ótima notícia, Loh!!
— Pois é, você o conhece bem. Veio falar comigo todo cheio de cerimônia,
constrangido, como se me pedisse permissão para namorar. Foi muito
engraçado.
Ah! Finalmente, meu pai encontrou alguém.
— Fico tão feliz por ele! — Comento.
— Eu também, Nina! Acho que ao voltar de viagem, ele vai fazer o mesmo com
você. Fará um enorme discurso e depois dirá que está namorando Sarah.
— Obrigada, por me contar, meu irmão e antes que minha cunhada tenha um
ataque do coração, mande-lhe um beijo. Amo vocês. Agora, preciso desligar,
estou recebendo uma visita muito importante. Depois lhe contarei os detalhes.
Nos despedimos e ao voltar para a sala, Willy e Sean ainda falam animadamente
sobre o assunto que parece não sair da roda, política e também futebol
americano.
Uma hora depois, meu amigo se levanta e diz que é hora de ir. Ao se despedir,
beija minha testa e sorri.
— Obrigado por tudo, Sophia, Sean. Estou voltando a Nova Iorque amanhã e
então, nos vemos por lá. Sean e ele trocam um abraço e ele se vai.
Sai e ficamos na porta esperando sua imagem desaparecer do nosso campo de
visão.
Momentos mais tarde, de banho tomado, escolho uma de minhas camisolas
compradas especialmente para minha lua de mel. Longa, preta de seda pura. Ao
vesti-la, me olho no espelho e vejo o quanto estou feliz. Sean me faz bem, meu
casamento me faz bem, enfim, minha vida me faz muito bem! Deixo meus
cabelos soltos, me perfumo e saio do closet à procura de meu marido.
Ao sair do quarto, o vejo deitado em nossa cama, seminu, usando somente um
short preto de pijama. Encostado entre os travesseiros, ele vira-se para mim e me
lança aquele olhar que faz meu corpo parecer estar descendo em um carrinho de
montanha—russa. Ando lentamente até o interruptor e apago a luz, deixando
somente a luz do abajur incidir sobre ele. As portas e janelas do quarto estão
abertas e o vento que vem juntamente com o cheiro de mar, balança as cortinas e
mesmo com esse cenário ultrarromântico, a única imagem que me prende é o
olhar faminto de Sean. Seus olhos parecem terem luz própria e reluzem como
fogo ao me verem.
— Está linda, minha esposa. Venha cá! — Estica seus braços e tenta me puxar
para si, mas me desvencilho e solto um sorriso malicioso.
— Obrigada, que bom que gostou! — Devolvo meu olhar na mesma intensidade.
— No entanto, ir até você, no momento, está totalmente fora de cogitação.
Franze as sobrancelhas e diz, sério.
— Posso saber o porquê?
Abaixo-me e beijo seu tornozelo e em seguida o mordo de leve.
— Pode... — Digo num sussurro carregado de desejo. — Quero saborear cada
parte da paisagem à minha frente e se for como você sugere, perderei o prazer de
minha jornada... — Repito o gesto com a boca em outra perna, desço minhas
unhas em sua coxa musculosa e ao olhar para ele vejo que se ajeita na cama
mantendo seu braço por trás da cabeça totalmente relaxado.
Beijo e mordo de leve cada centímetro de sua perna e ao chegar em sua coxa,
minhas mãos correm pelo seu short alisando sua ereção.
— Isso é muito bom... Continue, minha Soph! — Diz com a voz grave e cheia de
tesão ao sentir minha boca lambendo o interior de suas coxas. Com minhas
mãos, seguro o cós de seu short e Sean ergue seus quadris me ajudando a livrar-
se da peça.
— Adoro sua pele, sabia? — Meus dentes cravam de leve em sua pélvis e ele
solta um suspiro. — Seu cheiro... — Desço em direção ao seu membro excitado
e o pego em minha mão. Abaixo-me e masturbando-o de leve, minha língua
desce devagar em seus testículos e nesse momento sua mão agarra meu cabelo e
seu gemido animal é um sinal para que eu continue.
— Soph, isso... Quero... não termina a frase e engole seco ao sentir que minha
boca engole um de seus testículos e em seguida, corro minha língua pelo seu pau
todinho.
— Quer o quê, meu amor? — Gemo ao abocanhar a cabeça do seu membro em
minha boca alisando com a língua.
— Quero sua boca gostosa, assim... Me chupando e me deixando louco! —
Força seu quadril e estoca em minha boca lentamente. Minha calcinha está toda
molhada ao imaginar Sean me penetrando nesse ritmo e me deixando a ponto de
enlouquecer de desejo.
Engulo-o todo e absorvo todo o seu gosto. Aumento o ritmo de minha mão
mantendo-o cadenciado com meus lábios.
Nesse instante, Sean é só gemidos.
— Soph, assim vou gozar muito rápido, não consigo me segurar, essa boca... —
Oh! — Sugo-o com força e sinto que ele está quase lá. Paro de repente e ele me
olha sem entender o que está havendo.
— Quem não aguenta mais, sou eu. — Tiro minha calcinha e monto sobre ele.
Pego em seu membro e o posiciono em minha entrada, forçando meu quadril até
senti-lo todo dentro de mim.
— Que delícia, isso... — Crava seus dedos em minha cintura. Não me mexo,
somente contraio meu sexo e gemo em seguida, ao remexer devagar meus
quadris de encontro aos seus.
Sean morde meu seio intumescido por cima do tecido da camisola e nesse
instante, suas mãos a puxam por cima de minha cabeça. Aí então, volta a sugar,
lamber meu mamilo mais sensível ainda. Minhas mãos correm por suas costas e
sua pele está tão quente como a minha.
Rebolo e ele pragueja baixinho...
— Droga, vou gozar!
O que ele não sabe é que era exatamente isso que eu queria. Gozar em minha
boca era pouco para mim. Eu o queria dentro de meu corpo, se rendendo a mim
de modo insano. Segura minhas costas e mete fundo, tocando em um ponto
sensível em meu ventre.
— Goza para mim... — Digo num sussurro, agarrando em seus cabelos, tomando
sua boca no mesmo instante que acompanho suas investidas bruscas. Estou
quase gozando e é quando o sinto se entregar a mim de modo selvagem que meu
orgasmo chega e me faz gemer em sua boca com nossas línguas entrelaçadas.
Afasta lentamente de minha boca e morde meu queixo, ajeitando meu cabelo
deslizando seus lábios macios pelo meu pescoço, explorando minha pele suada,
relaxada e ainda sensível. Em meu ouvido, sussurra que me ama e que sou a
única e eterna mulher de sua vida.
— E você é o único e eterno da minha. — Vira meu corpo, deitando-se sobre
mim. E assim, o mar, o vento e todo cosmo testemunham nossa felicidade.
Deitada sobre seu peito, ficamos ali, fazendo planos para nosso futuro.
Por Alexia
Estou muito ansiosa. A editora-chefe da editora Direty me ligou há alguns dias e
aprovou o meu manuscrito. Alegou que o enredo é original, bem descrito e as
cenas eróticas bem dosadas e não vulgarizadas. Chegou meu momento, preciso
mostrar às pessoas o que gosto de fazer e mais, o que consigo fazer bem. Uma
pena que meu namorado não entenda o valor que esse trabalho tem para mim.
Convencê-lo não tem sido uma tarefa fácil, pois sempre que tocamos no assunto,
ele logo acha um atalho para desviar do mesmo, me deixando frustrada. Eu o
amo e gostaria de contar com seu apoio e mais do que isso, receber o
reconhecimento de meu futuro marido. Se é que vamos nos casar. Não me
espantaria se ele chegasse em mim e quisesse dar um tempo em nossa relação.
Aidan é um cara estranho, tão aberto e ao mesmo tempo convencional. Estamos
num cabo de guerra. Eu, de um lado, escondendo que acabei meu livro e
pretendo publica-lo, do outro, ele fingindo não saber de nada. Em uma última
tentativa, deixei, de propósito, o pen drive dentro de minha gaveta e ele, sem
saber, caiu em minha armadilha. Nós, mulheres, somos imprevisíveis. Já os
homens...
Uma coisa é certa: Conto com o apoio total de minha família. Meu pai e Max
não veem motivos para que eu me esconda e deixe de fazer o que me dá prazer e
satisfação profissional. Só falta Sean. Mas, conhecendo minha cunhada-irmã sei
que ela me ajudará nessa empreitada.
Ela me garantiu que iria falar com ele e, se meu irmão tivesse alguma opinião
contrária a respeito, Sophia me garantiu que o persuadiria. Em relação a isso,
estou tranquila.
Vagando nessas esperançosas ideias, Patrícia bate em minha porta e avisa que a
editora está na linha 4. Tapo a boca em sinal de euforia e solto todo o ar antes de
atender. Ao dizer alô, tento disfarçar meu entusiasmo. Conversamos durante
alguns minutos e a pessoa responsável pelas publicações quer que eu compareça
na editora para que possamos acertar os últimos detalhes de meu novo livro.
Quase salto da cadeira e ao desligar, Paty que não tirou os olhos de mim se
apressa em minha direção e me abraça.
— Yes, baby! Você conseguiu! — Giramos abraçadas como duas meninas e ao
me afastar, meu sorriso se esvanece.
Aidan. Como reagirá?
— Patrícia, e Aidan?
Com a paciência e o companheirismo de sempre, ela me olha e responde.
— Alexia, se Aidan realmente lhe ama, terá que entender que esse projeto é
importante para você e se, acaso, o seu agir for diferente disso é porque ele
nunca lhe amou de verdade. — Pega uma pasta de documentos em minha mesa e
continua. — Aí é com você, escolhe se fica com um cara que lhe quer à sombra
dele. Ou segue seu sonho, sem dar importância ao que ele pensa. Resumindo,
que ele se exploda!
Ela me faz rir com sua conclusão maluca, mas que faz todo sentido. Pego minha
bolsa e a aviso que tenho que sair e logo mais estarei de volta. No elevador,
confiro minha aparência no grande espelho. Minha saia lápis preta, camisa verde
e sapatos também pretos me dão ar de secretária sofisticada e eficiente. Em meu
carro, ligo para Aidan em seu escritório. Como Sean está em viagem, meu
namorado fica em sua sala aqui, em Nova Iorque.
A secretária diz que ele está muito ocupado e não pode me atender, no
momento. Por que será que tenho a nítida sensação de que ele está me evitando?
Ah, Aidan Smith se minhas impressões se confirmarem, mato você!
No elevador, digo ao ascensorista o meu andar. No vigésimo quarto andar, desço
e me encaminho para o escritório de assessoria de Aidan. Beth, a secretária, uma
senhora grisalha e muito elegante, me olha através de suas lentes redondas e
douradas.
— Pois não, senhorita Alexia. Em que posso ajuda-la?
— O sr. Aidan está?
— Só um minuto, por favor. — Pega o telefone ao seu lado e tecla o número da
sala de meu namorado. Não deixo de observar a elegância natural de Beth. Sabe
aquelas pessoas que possuem esse modo de ser, sem terem sido treinadas para
isso? Minha mente se remete à lembrança de minha mãe. Beatrice era uma
dessas pessoas. Com gestos, modos elegantes e comedidos no falar, andar, comer
e portar-se muito bem sob qualquer situação. Ela só não soube amar.
Infelizmente, minha mãe é uma pessoa digna de pena.
— Senhorita Alexia! O sr. Aidan a espera!
Balanço a cabeça, jogando a imagem de Beatrice num canto qualquer.
— Ah, obrigada e com licença.
Abro a porta e o vejo atrás de sua grande mesa de carvalho. Está ao telefone e
ergue a mão para que eu espere. Com as mãos entrelaçadas em minhas costas,
ando a passos lentos até uma cadeira. Arrasto-a e me sento. Um minuto se
arrasta e nesse breve espaço, corro meus olhos em meu homem, sentado e lindo
à minha frente. Usando uma camisa branca com abotoaduras e uma gravata azul
claro, reparo no contorno perfeito de seus músculos sob o tecido. Sei exatamente
o que há por baixo dessa polidez toda e conheço muito bem o homem que é por
trás desse executivo que está em minha frente. Encerra a ligação.
— Que surpresa, meu amor! Aconteceu alguma coisa? — Pergunta e me chama
para que eu me sente em seu colo.
— Na verdade, tenho algo a lhe dizer. — Levanto-me e bem devagar, sento-me
em seu colo. Me beija de leve e sua loção pós barba penetra em minhas narinas
despertando meu desejo por ele, porém não foi para isso que saí de meu trabalho
e sim, para ter uma conversa muito séria e definitiva. Então, sem mais rodeios,
começo a falar.
— Aidan, sobre meu livro. Eu resolvi, vou publicá-lo.
— Como? — cerra suas sobrancelhas e me olha como se eu dissesse: "transo
com você, baby, mas meu negócio é mulher".
— Foi isso mesmo que ouviu!
— E resolve isso sozinha? Sem me consultar, é isso? — Diz, indignado. — Se é
assim, nem sei porque está me comunicando!
Nesse momento, se levanta me deixando em sua cadeira.
— Hey, espere aí! Achei que quisesse saber, afinal sou sua futura mulher e
queria muito dividir essa notícia com você e esperava uma reação mais alegre,
Aidan.
Ele se mantém com o corpo virado para a grande janela de vidro.
— Sabe minha opinião a respeito. Não quero minha mulher escrevendo sobre
como os casais transam em seus romances. Ponto.
— Você não sabe o que está dizendo! Por acaso leu o que escrevo? Como pode
julgar-me?
— Não estou julgando-a, meu amor, apenas gostaria que entendesse de uma vez
por todas. — Se vira para mim. — Não quero que publique esse maldito livro!
— Olha como fala do meu trabalho! — Grito.
— Está bem, me desculpe. — Corre a mão nervosamente pelos cabelos.
— Meu amor, eu amo o que faço e esse é o momento para provar isso.
— Alexia, você já não publicou um livro, não é o bastante? Seu ego já não foi
suficientemente massageado?
— Aidan, a questão não é quantos livros eu venha a escrever e publicá-los e o
que estamos discutindo aqui é o seu apoio. Sua carreira não depende disso,
coloque isso em sua cabeça!!
Morde o lábio. Parece mesmo irritado.
— Vamos fazer o seguinte, Alexia. Vamos sair para almoçar e durante o almoço
a gente fala sobre isso, tudo bem?
— Sim, perfeito. Desde que você não desvie o assunto.
— Pode ficar tranquila, não o farei. —Se aproxima de mim e me beija de modo
apaixonado.
— Eu a amo, Alexia. Muito.
Meu sexto sentido diz que tudo vai acabar bem.
— Eu o amo muito, sabe disso!
— Agora, me de licença, vou ao banheiro e a gente pode sair para nosso
almoço.
— Ok.
Ele entra no banheiro e fico tamborilando meus dedos na mesa, enquanto meus
olhos se fixam na tela de seu notebook.
E um ícone com nome Alexia, chama minha atenção. Ao clicar no mesmo, abro
a boca em "O" gigantesco percebendo então que meu futuro marido não lê
somente jornais.
"Ah, safadinho"! Você está lendo meu livro, não é?
Coloco minhas pernas cruzadas sobre sua mesa de modo provocativo e ao sair
do banheiro, Aidan leva um susto.
— Não sabia que mantinha um gosto por livros eróticos! — Digo com malícia e
divertimento.
— Não gosto, o que a faz pensar o contrário?
Viro a tela do notebook e mostro a ele a janela onde se encontra uma cena muito
picante.
— Li, pronto. Era isso que queria saber? — Questiona, constrangido. — A cena
é ótima, me deixou excitado, confesso. Imaginei nós dois nessa sala.
— Está falando sério? — Digo, boquiaberta.
— Sim, pronto. É sério. Você é ótima no que faz!
— Depois dessa, quero lhe mostrar como escrevi essa cena. — Abro o primeiro
botão de minha camisa. — E tenho certeza de que mudarei seu conceito em
relação a este livro. Foi exatamente nessa sala, com você me olhando desse
modo a maior fonte de inspiração para o que estava lendo.
Em resposta, Aidan me surpreende e começa a afrouxar o nó de sua gravata. Seu
olhar de predador faminto me diz que essa cena fica muito melhor quando real.
— Então, me mostre tudo o que imaginou, Alexia.
Se aproxima e avança sobre minha boca...
Maldosa Beatrice!
Por Aidan
Afrouxo o nó de minha gravata sem tirar meus olhos dos seus. Seu olhar é de
puro desejo, luxúria inebriante para o que tenho em mente. Seus
mamilos intumescidos se destacam através do fino tecido de sua blusa e sua
respiração entrecortada denuncia sua excitação. Alexia é, dentre todas que já
possuí, a mais especial. Com ela, o prazer vem acoplado de algo muito maior,
uma cumplicidade única e revigorante a cada toque. Quando estou dentro dela,
sinto-me extasiado e completo.
Nada, a não ser Alexia me importa nesse momento. Seus gemidos e sussurros
me instigam a dar-lhe mais de mim e guardá-la ainda mais em meu peito.
Eu a amo como nunca amei outra mulher.
Mais alguns passos em sua direção e seus dedos abrem mais um botão de sua
camisa revelando a curvatura de seu lindo par de seios sob a renda de sua
lingerie.
— E agora? — Me aproximo e seguro em sua mão puxando seu corpo contra o
meu. — O que Collen faria? — Roço minha barba em seu pescoço e ela suspira
agarrando meu cabelo.
— Você não leu toda a cena? — Me provoca e se esfrega em mim de modo
sensual.
— Li... — Mordo o lóbulo de sua orelha e minha língua invade seu ouvido. —
Reli...e fiquei imaginando-a em cada detalhe daquela cena, sinta como você me
deixou... —Pego sua mão delicada e a coloco sobre minha ereção. — Meu pau
estava duro como pedra...
—Aidan... — Seus dedos friccionam minha ereção me fazendo gemer. Minhas
mãos apertam sua bunda puxando-a para aumentar ainda mais o nosso contato.
Em um movimento súbito, a ergo colocando-a sentada em minha mesa com as
pernas abertas para mim. Me encaixo entre elas e tudo o que havia em cima do
móvel se espalha pelo chão.
— Era isso que você imaginou? — Subo com uma de minhas mãos por sua coxa
até sua virilha e meus dedos afastam a única coisa que me impede de toca-la, a
renda de sua calcinha. Sinto o tecido úmido e ao invadir sua intimidade, fecho os
olhos por sentir minha mulher tão excitada. Sua boca entreaberta me convida a
devorá-la, então, abaixo minha boca e esmago a sua, invadindo e explorando
cada canto com minha língua.
— Collen tocava Lucy assim? — Indago ao mesmo tempo que penetro dois
dedos dentro dela, estocando-os bem devagar, enquanto meu polegar massageia
seu clitóris arrancando gemidos de sua garganta.
— Era... Assim mesmo. Retiro meus dedos e um gemido de protesto.
Mais gemidos escapam de sua garganta e seus dentes prendem meu lábio inferior
no mesmo instante que seus dedos abrem minha camisa e deslizam pelo meu
tórax. Com uma urgência ímpar, ela abre meu cinto e o botão de minha calça,
segurando, em seguida, meu pau duro em sua mão. Seus dedos o envolvem e
Alexia me tortura com movimentos lentos. Respiro profundamente buscando ar
e controle para não me apressar e meter como um louco em seu corpo. Deito-a
sobre a mesa e seguro em seu tornozelo. Distribuo beijos em suas longas pernas
até que chego ao interior de suas coxas; roçando minha barba em sua pele quente
e ela se contorce ansiosa por mim.
Vejo-a amparar-se em seus cotovelos e nossos olhos se encontram. Com minha
boca próxima ao seu sexo passo minha língua por cima do fino tecido e em
resposta, ela arqueia os quadris para que eu continue. Prendo o cós de sua
lingerie entre meus dentes e a puxo até me livrar da peça. Endireito meu corpo e
nossos olhos se encontram.
Retiro meus sapatos, seguidos de minha calça arriada. Busco sua boca e minhas
mãos libertam seus seios de seu sutiã. Aperto seus mamilos entre meus dedos e
escalo com minha boca seu pescoço e colo perfumados, ao chegar em seus seios
minha boca suga cada um deles e minha mulher implora por meu pau dentro
dela.
— Aidan, por favor... — Ela ronrona como uma gata no cio e se oferece toda a
mim. Continuo descendo com minha boca e língua em sua pele toda arrepiada e
ao chegar em seu sexo liso e molhado, olho-a com desejo e transmito através dos
meus olhos o que quero e espero dela a seguir.
— Minha língua vai provar você todinha, minha gostosa.
— Adoro sua boca em mim... — Ao dizer essas palavras, minha boca cobre seu
sexo ávido, molhado e quente.
— Ohh... — Ela arqueia os quadris e joga seu pescoço para trás. — Chupa
gostoso, vai! — Aumento o ritmo de minha língua alternando com chupadas que
a fazem gritar descontrolada.
Seguro seus quadris e a imobilizo para conseguir o que desejo. Chupá-la até
senti-la gozando em minha boca. E isso não demora a acontecer e totalmente
imóvel sob meus domínios a faço chegar ao orgasmo e continuo a estimular cada
parte sensível de seu sexo. Suas mãos que estavam em meus cabelos tentam me
puxar para si.
Levanto-me e a trago para perto de meu corpo sedento. Ela me beija com
volúpia e desespero e sem esperar a seguro pelas nádegas e agarrada a mim, com
suas pernas em minha cintura, a penetro devagar, sentindo sua boceta molhada e
apertada envolvendo meu pau. Estamos loucos de desejo, nossos corpos falam
por si.
Alexia morde meu pescoço e geme em cada investida minha. Encosto-a na
grande janela de vidro e sem tabus nos entregamos um ao outro. Ela remexe seus
quadris e eu a acompanho. Abocanho seu seio e suas unhas arranham minhas
costas à medida que suas pernas me apertam ainda mais. Aumento meu ritmo e
ela não aguenta e se entrega a outro clímax ainda mais violento e me arrasta com
ela. Ainda enroscada em meus braços, com nossas bocas coladas e sem sair de
dentro dela, a levo de volta à mesa e tentamos recuperar o fôlego. Encosto minha
testa na sua.
— Alexia, não pode publicar esse livro!
Sua expressão de alegria se transforma em perplexidade. Tenta sair da mesa,
porém meus braços a impedem.
— Me deixe sair! Você é um tremendo idiota, Aidan! Me fez pensar que... —
Coloco meu dedo em sua boca e a silencio.
— Não pode publicar esse livro sem antes me mostrar todas as cenas que você
escreveu nele pensando em nós dois. Amei cada segundo do que houve aqui!
Então, seus lindos olhos verdes voltam a sorrir e ela percebe que não sou
homem de voltar atrás em minhas decisões.
— Fala sério? Me dará apoio mesmo que isso talvez lhe prejudique
profissionalmente?
— Eu a apoiarei em qualquer circunstância. Acharemos uma saída plausível e
tudo dará certo. Eu a amo, Alexia e não há nada mais importante do que ver seus
olhos brilhando para mim como agora.
— Eu o amo tanto!
Me aperta em seus braços e me faz acreditar no quanto o amor vale a pena.
Dois dias depois...
Por Sean
É uma pena que tenhamos que deixar Aruba. Durante esses dias em que Sophia e
eu nos isolamos de tudo e todos foram os melhores de nossas vidas. Amanhã,
embarcamos para Nova Iorque e na semana seguinte, Sophia vai comigo para
Washington. Dará aulas em meio período em uma escola de Artes.
Para ela é o que mais gosta de fazer.
Deitada ao meu lado, ela dorme profundamente e eu, fico a contemplá-la em
toda a sua beleza. Em imaginar que daqui a alguns meses serei pai, uma alegria
invade meu peito e sem que ela acorde toco em sua barriga e sorrio. Nosso bebê
está aqui. Nossa continuidade, nosso filho ou filha, ainda não sabemos.
Quando me apaixonei por Sophia, sabia que ela era uma mulher forte e que sabia
o que queria da vida. Mas convivendo mais com ela, percebi que é ainda mais
forte e decidida do que imaginei. A única vez que a vi sucumbir à fraqueza foi
quando nos separamos. Aquela não era minha Soph e sim essa, que está aqui
agarrada a mim com seus cabelos negros caídos sobre sua pele alva.
"Meu porto seguro é você", sussurro baixinho e beijo de leve a sua boca.
— Você também é o meu! — Ela responde sonolenta e se enrosca ainda mais em
meu corpo. —Agora, meu amor, durma! — Beija meu peito e acaricia minha
pele.
— Acordada? — deslizo meus dedos em seus braços acariciando sua pele.
— Não. Mas adorei ouvir o que me disse há pouco!
Me obedece e a seguir e volta a dormir e também sou embalado pelo sono ao
lado de minha Soph.
Por Sophia
Sempre adorei a visão do pôr do sol. O vermelho intenso misturado entre com as
nuvens e a nuance do azul do céu fazem desse momento uma visão estonteante.
Sean recebeu um telefonema urgente há pouco. Assuntos políticos.
Fiz uma cara de desagrado, pois não queria que qualquer assunto ou situação
chegasse até nós, nesse momento. Sendo assim, vesti meu biquíni, minha saída
de praia e sai pelo jardim em direção ao mar pisando na areia úmida e quente
que massageia meus pés. Sei que, a partir de agora, muita coisa irá mudar! Sean
tem a ambição de chegar à Casa Branca daqui a três anos e, tenho plena
consciência do meu papel nisso tudo. Imagino também, o quão desgastantes
serão essas campanhas.
Abaixo-me e pego uma pequena concha na areia.
Aproximo-me da onda que bate em meu tornozelo e a água morna me convida a
dar um belo mergulho. Toda essa paisagem paradisíaca me faz esquecer de
assuntos que não cabem nesse lugar.
Tiro minha saída de praia, a jogo na areia e mergulho. A água massageia meu
corpo todo e me deixa relaxada. Ao subir à superfície, vejo Sean parado me
observando à beira-mar.
Sorri ao cruzar seus olhos com os meus, tira sua camiseta e mergulha na água
vindo ao meu encontro em largas braçadas. Ao se aproximar, me abraça e beija
minha boca de leve.
— Desculpe-me Sophia, mas tive que atender aquele telefonema.
— Está tudo bem, Sean. Devo saber que me casei com um político. Seria quase
como me casar com um médico. — Ergue meu queixo e sorri.
— Não, é bem diferente! — Suas mãos fortes percorrem pelas minhas costas e
desatam o laço de meu biquíni. — Políticos fazem promessas de campanha e
muitos não cumprem sabia?
Enlaço minhas mãos em seu pescoço e seus dedos acariciam meus seios e me
contorço toda ao me esfregar em seu corpo másculo e sentir seu desejo por mim.
Sinto seu membro excitado roçando em minha pélvis
— Está querendo me convencer, Senador Mackenzie, de que é diferente?
Chupa meu lábio e sua língua pede passagem para invadir minha boca sedenta
por ele. Afasta-se e sua íris azul me deixa desnorteada, seu desejo por mim se
irradia ali.
— Não quero convencê-la, sra. Mackenzie. Apenas mostrar que cumpro aquilo
que prometo e se você queria um banho de mar, aproveite, pois terá o melhor
banho de mar a partir de agora!!
Por Beatrice
Sentamos em um banco um pouco afastados das demais. Dennis, um velho
companheiro, acerta todos os detalhes de meu plano contra Sophia.
Alberto seguiu minhas últimas instruções corretamente e eis trouxe até mim um
aliado do outro lado dessa prisão que me ajudará a livrar-me daquela
mulherzinha intolerável, aquela que acabou com minha relação com Sean.
A pedra em meu sapato!
— Dennis, tem certeza de que ela não sairá com vida?
— Beatrice, você me conhece! Aquele incêndio só não a matou, porque essa
criatura não estava junto com as demais. E melhor, faço tudo sem deixar rastros.
Dessa vez, sua nora querida não escapará, pode ter certeza!
— Bem, você sabe que voltam de Aruba essa semana, não é?
— Sim, seu mordomo me mantém informado de tudo e quando chegarem,
colocarei meu plano em prática.
— Excelente!
Mesmo que Sean sofra, sei o que é melhor para ele e um dia me agradecerá por
tirar aquela mulher de seu caminho.
Dennis se levanta e é hora de ir.
— Melhor que eu não volte mais a vê-la, Beatrice, pois não quero levantar
suspeitas. Qualquer coisa que queira me falar, passe o recado a seu mordomo e
ele saberá onde me encontrar.
— Disse algo a ele sobre nosso plano? — Pergunto receosa.
— Claro que não! Seu fiel mordomo acha que estou tratando de sua soltura,
pensa que sou advogado! — Sorri em deboche. — Velhinho ingênuo!
— Alberto é um bom homem, mas não tem malícia das coisas e pretendo mantê-
lo longe de meus planos, querido!
— Bem, sendo assim, adeus, minha querida!
Ele beija minha mão como nos velhos tempos. Ao se afastar, sinto que meus dias
a partir de agora serão melhores, sem aquela ordinária atravessando meu
caminho.
Um apito de recolher me faz acordar de meus pensamentos. Desço do banco e
me junto às outras detentas.
Adeus, senhora Mackenzie!
Por Sophia
— É isso aí! Ganhou o meu respeito e, melhor do que isso, o meu voto Senador!
— A poucos centímetros de sua boca, o provoco roçando meus lábios nos seus,
enquanto a brisa do mar nos embala mansamente.
Em resposta imediata, Sean me abraça forte e engancha minhas pernas em sua
cintura. Elas se fecham ao redor do seu corpo e suas mãos me seguram firme. A
água morna cobre nossos corpos e o cair da noite se aproxima apontando as
primeiras estrelas no céu.
— Já disse, sou o diferencial na política! Cumpro tudo o que prometo! — Sua
boca passeia pelo meu pescoço e meu corpo se arrepia todo com as leves
mordidas em meu colo.
— Isso, eu estou vendo! Hum... — Me contorço com sua boca explorando meu
seio, sua língua rodeando meu mamilo e pressionando-o de leve entre seus
dentes. Mordo de leve seu pescoço e corro minha língua pela sua orelha
saboreando o gosto de sua pele e aspirando seu perfume, sussurro seu nome,
completamente excitada. Com uma de suas mãos, penetra devagar na parte
inferior de meu biquíni. Ao sentir seus dedos deslizando em mim, arqueio meu
corpo de encontro a ele, absorvendo, buscando-o ainda mais. Enquanto me toca
e me faz gemer em seus dedos, seus olhos me encaram e lentamente sua boca
cobre a minha. Sua língua passeia com suaves lambidas em meus lábios.
Com a voz rouca e cheia de desejo diz ainda com a boca colada à minha.
— Pegue em meu pau! — Não é uma ordem e sim, uma súplica. Com seus dedos
em mim, ele estoca devagar e me deixa com mais desejo ainda completamente
louca pelo que virá. Sempre foi e será assim, me sinto dependente do seu amor,
do seu toque e do seu corpo em mim.
Abro o botão de sua bermuda e também o zíper. Minha mão agarra seu membro
duro e quente. Seu beijo se torna mais agressivo, sugando com força minha
língua, mordendo meus lábios num desejo cada vez mais insano e pela primeira
vez, pouco me importa se estou em uma praia e que possa ser vista por alguém.
Meus dedos o acariciam e seu gemido se confunde com o meu. Sean está em seu
limite e eu também. Nosso sexo tem algo muito intenso. Não precisamos de
acrobacias e invenções eróticas para nos satisfazermos. O que nos basta é termos
um ao outro. Um olhar ou um simples toque é o combustível necessário para nos
consumir.
Sean, em seguida, retira seus dedos de dentro de mim e sem que ele diga ou faça
alguma coisa, afasto meu biquíni e esfrego seu pau em minha entrada louca por
ele. Segura meus quadris e puxa meu corpo contra o seu, penetrando e me
preenchendo toda. Suspiro de prazer e arqueio meus quadris, totalmente
alucinada. Então, me imobiliza e seus lindos olhos me encaram. E nesse
momento, ele volta a se mover em seu ritmo lento e profundo. Sei que quer
prolongar esse momento ao máximo, mas ao fazer isso, me faz querer mais,
ansiar por muito mais.
Me movimento com mais intensidade e contraio meu sexo, apertando-o dentro
de mim. E a cada gemido seu, meu corpo fica cada vez mais febril. Sem me dar
conta, ele anda até a beira da praia e ainda dentro dele, me deita na areia e
continua suas investidas em mim de um jeito selvagem e possessivo. Suas mãos,
agora livres, correm por todo meu corpo e sua boca permanece na minha
abafando cada gemido meu quando chego ao orgasmo.
— Isso... geme no meu pau... — Prendo seu lábio entre meus dentes e
acompanho seu ritmo frenético. Sean retesa seu corpo e assim sinto-o gozar
como um louco dentro de mim. A onda vem e cobre nossas pernas entrelaçadas.
Mantém a sua testa colada na minha e muito ofegante beija meu lábio de leve e
em resposta à sua carícia, toco seu rosto suado com seus cabelos desalinhados.
Meu homem, meu marido e apenas meu Sean.
— Este foi sem dúvida o melhor banho de mar que já tomei! Só espero que
ninguém tenha nos visto! Os seguranças ou algum turista voyeur! — Digo.
Sai de dentro de mim e me faz deitar sobre ele. Ajeita meu biquíni e sua
bermuda.
— Não se preocupe! Antes de sair de casa, deixei ordens expressas aos
seguranças de que queria privacidade na praia. Quanto a algum turista, esse local
é propriedade particular. Acho que não corremos esse risco. — Pega em uma
mecha molhada de meu cabelo e brinca com ela. —E tem outro detalhe, Sra.
Mackenzie! — Encaro-o de modo sério. — Sempre preservei a minha imagem e
agora cuidarei da sua também.
Solto um riso ao me lembrar de algo que contradiz tudo o que acabou de dizer.
— Não foi isso que pensei ao ver um certo CD com fotos muito
comprometedoras!
Ele solta uma gargalhada estrondosa, pendendo sua cabeça para trás.
— Aquilo não conta, aquelas fotos eram para você! — Alega ainda sorrindo.
— Uhum, sei! Devem existir inúmeras cópias espalhadas por aí! — O provoco.
Ergue seu pescoço e me encara com uma de suas covinhas no lado esquerdo de
seu rosto.
— Não, aquela foi a maior loucura que já fiz por uma mulher. Estava apaixonado
e não sabia como chegar até você!
— Pois saiba que nem olhei para elas! — Digo, piscando os olhos em sinal de
inocência.
— Que pena! — Faz cócegas em mim. — Pena que mente muito mal.
— Confesso! Pare por favor, dei uma pequena olhadinha! — Respondo sem
fôlego de tanto rir.
— Você me fez cometer coisas mais absurdas, Sophia. — Fica sério ao dizer isso
e sem tirar seus olhos dos meus e continua. — Dominou meus pensamentos a tal
ponto que cheguei a dizer seu nome à outra em minha cama.
É lindo como ele resolve dizer algo tão íntimo para expressar o que eu
significava a ele.
— E quanto mais tentava afastá-la de minha mente, mais eu a queria. Queria
tanto que no dia daquela coletiva armada por você, tentei sair com uma outra
para esfriar a raiva que senti ao vê-la saindo com Richard. — Tento dizer algo,
ele me impede com seus dedos em minha boca. — Saí com uma mulher e pela
primeira vez em minha vida, não consegui fazer sexo com ela.
Sean está me dizendo que broxou por minha causa? Jamais imaginei que o
tivesse afetado a tal ponto.
— Deixou-me preso a você e quando fui a Aspen para procura-la, não sabia
como iria reagir se acaso me dissesse não. Eu não estava preparado para o não,
Sophia!
— Mas agora estamos aqui, casados e muito felizes. Já passamos todas as fases
dos medos e receios de um relacionamento e temos a certeza de nosso
sentimento pelo outro.
— Sim...eu a amo mais a cada dia!
Roço minha boca em seu queixo.
— Amo você e me sentiria vazia se o perdesse.
Segura-me pelo pescoço e sua boca me devora. E nossa última noite em Aruba
não poderia ser melhor.
[...]
Depois de nossa bela lua de mel, chegamos em Nova Iorque no dia seguinte, ao
anoitecer. Mesmo cansada, fiz questão de passar no café para abraçar meu velho
Vicenzo. Ao me ver entrando, sai rapidamente detrás do balcão e me aperta em
seus braços, me erguendo ao ar. Em seguida, dá um forte abraço em Sean e nos
oferece um café. Sean, educado como sempre, aceita a bebida. Pergunto por
Lorenzo e papai disse que ele havia saído com Lay.
Eles planejam se casar no próximo mês.
Mais alguns minutos de conversa e nos despedimos e vamos direto para casa.
Sean liga para seu pai, fala com Max e por último, Alexia. Ele sabe a respeito de
seu novo livro. Contei a ele em Aruba. Pela sua cara, sei que não achou a ideia
muito agradável, porém o convenci de que Alexia já é bem grandinha para
escolher os caminhos que irá trilhar e, então ele não disse mais nada sobre o
assunto.
Desfaço as malas enquanto Sean pede algo para comermos. Um banho quente e
depois cama. Estamos exaustos e uma boa noite de sono, com certeza, fara muito
bem.
Dez dias depois...
Por Sophia
Olho em meu relógio e são quase três da tarde. A escola em que dou aulas na
capital é ainda melhor do que a de Nova Iorque. O motivo? É uma escola voltada
somente para aquelas pessoas que querem saber tudo sobre esse mundo. Minha
turma é bem eclética, composta por jovens, adultos e algumas senhoras, aquelas
bem simpáticas de cabelos branquinhos que você tem vontade de pegá-las no
colo e chama-las de vovó.
Encerro minha matéria e uma dessas vovós me entrega uma caixa com cookies
que ela mesma preparou para mim. Fiquei sem palavras para agradecer e então,
ela me abraça dizendo que sou uma excelente professora. Agradeço e abro a
caixa instantaneamente e com o cheiro de baunilha e chocolate, vieram as
lembranças de minha fofa. Ela sempre me fez esses mesmos biscoitos.
No estacionamento dentro do carro, penso em meu marido. Sean saiu em viagem
à Califórnia há quatro dias e só volta na sexta-feira. Hoje, ainda é quarta.
Cansada e com saudade dele, mando uma mensagem em seu celular, mas não
recebo a resposta. Deve estar ocupado, portanto mais tarde nos falaremos.
Passo em um empório e compro alguma coisa para o jantar. Mesmo na
primavera, o calor na capital é castigante. Ao sair do estabelecimento, noto que
um carro azul escuro me segue. Mais algumas quadras e, ele vira à direita e me
deixa mais tranquila. Era um engano.
Subo o elevador com meus pacotes e meus biscoitos e ao abrir a porta, vejo sua
gravata jogada no sofá. Meu coração se alegra ao saber que ele veio para casa
mais cedo do que o planejado. — Deixo minhas coisas em cima do aparador
ando até nosso quarto.
Jogadas ao chão, uma trilha de tulipas vermelhas até chegarem ao banheiro. Em
cima da cama, se encontram suas roupas espalhadas no colchão.
Uma música suave sai do sistema de som do banheiro. Billy Joel solta sua voz
em Just way you are e ao parar na porta do mesmo, vejo-o dentro da banheira
com uma garrafa e uma taça de vinho nas mãos. Franze a resta e ao erguer sua
sobrancelha, já sinto muito mais calor que o normal.
— Estava com saudade e então resolvi antecipar minha volta e fazer-lhe uma
surpresa!
— Pensei que isso fosse uma miragem devido ao calor, mas já que não é... —
Tiro meu vestido e seus olhos correm por todo meu corpo. Bebe um gole
generoso de vinho e meu olhar recai sobre o movimento de seu pomo de Adão.
Se ele soubesse como está sexy, não me olharia desse modo. Deposita a taça na
bancada ao lado da garrafa e estende sua mão para mim.
— Venha tomar um banho comigo!
Tiro o restante de minhas roupas e me junto a ele num banho muito bom...
Por Dennis
— Alberto, avise sua patroa de que o processo será avaliado hoje pelo juiz.
Logo, entro em contato novamente.
— Sim, senhor, mas o senhor mesmo não quer transmitir a boa notícia à ela?
Tenho certeza de que a madame ficará feliz por ter a chance de sair daquele lugar
horrível.
— Não, Alberto. Quero que você faça isso por mim! Estou muito ocupado e não
me encontro em Nova Iorque! E sua patroa irá entender. — Velho babaca! Pensa
que a patroa é uma santa! Será que não percebe a víbora que ela é?
Também não tenho nada a ver com isso, estou sendo pago para prestar um
serviço e pouco me importa o que Alberto pensa ou deixa de pensar. Aproveitei
que o nobre senador se encontra em viagem e anotei todos os passos de sua
esposa. Percebi que ela anda sem segurança, o que facilitou e muito o meu
trabalho. Ao sair da escola, segui—a para depois despistar meu rastro e com
muita facilidade, consegui entrar em seu prédio e cortar os freios de seu
automóvel. Ao sair amanhã para dar suas aulas ela terá uma surpresa. Será o fim
de Sophia Mackenzie!
Por Sean
Abro meus olhos e Sophia não se encontra ao meu lado. Somente sua camisola
se encontra jogada na poltrona ao lado da cama. Levanto-me e vou para o
banheiro e após um banho rápido, saio do quarto à procura de minha esposa.
— Bom dia! — Digo ao vê-la arrumando uma bandeja com café e algumas
frutas.
— Ahhh! Bom dia! — Diz decepcionada ao me ver. — Era para ser surpresa,
iria levar seu café na cama!
Abraço-a por trás e beijo seu pescoço.
— Por isso não! — Levanto-a do chão e a conduzo em direção ao nosso quarto.
Agarrada a mim, sua boca colada em meu rosto esboça um sorriso.
— Sean, nosso café ficou na cozinha!! O que pensa que está fazendo? — Solta
sua risada rouca que tanto gosto.
— Você não disse que levaria meu café na cama? Pois então! É o que estou
fazendo!
Entre gargalhadas e muitos beijos apaixonados, começamos mais um dia juntos.
Mais tarde, após o almoço, me troco para ir ao congresso. Nesse instante, Austin
me liga e avisa que meu carro apresentou problemas e que ele se encontra em
plena avenida esperando pelo guincho.
— Sem problema, Austin, chamarei um táxi! — Desligo e continuo a ajustar
minha gravata.
— Meu amor, não pude deixar de ouvir, Austin não virá busca-lo? — Sophia
aparece atrás do espelho com meu paletó em suas mãos.
— Sim, minha querida, irei chamar um táxi! — Ajeito minha camisa em frente
ao espelho. — Meu carro apresentou problemas e tenho uma reunião com um
aliado que mora em Alexandria.
— É longe?
— Não minha querida, fica a 20 minutos daqui!
— Vá com meu carro, não tenho aulas hoje!
Coloco meu paletó e ela me entrega as chaves de seu carro.
— Você não irá mesmo precisar dele? — A inquiro.
— Absolutamente, hoje ficarei em casa, preparando minha aula de amanhã e
esperando meu marido voltar. — Beija minha boca de leve e sorri.
— Então, até mais tarde, senhora Mackenzie!
Por Dennis
Parado em frente ao Monastier, prédio onde reside Sean e sua esposa, vejo
quando o carro prateado de vidros escuros sai da garagem. Pensei que ela tivesse
desistido de sair hoje. Olho em meu relógio e ligo meu carro. Preciso ver com
meus próprios olhos o fim da Sra. Mackenzie! Tenho certeza de que será um
trajeto bem divertido!
Beatrice em pânico!
Por Aidan
Impaciente, verifico meu relógio mais uma vez. Sean sempre zelou pela sua
pontualidade, no entanto, está quinze minutos atrasado. Ligo mais uma vez e a
única resposta é a voz da sua caixa de mensagens. Temos que chegar a
Alexandria às duas da tarde, trata-se de um encontro importante, desses que não
se põe a perder.
Ligo em seu apartamento e Sophia é quem me atende.
— Sean saiu há mais de meia hora, Aidan! Ligou em seu celular?
— Sim, Sophia, mas ele não me atendeu.
— Bem, pode ter tido algum imprevisto, sabe como é! O trânsito nessa cidade
está um verdadeiro caos!
— Tem razão, mas se acaso ele entrar em contato com você, diga para se
apressar! Estamos atrasados!
— Pode deixar e meus parabéns cunhado! Fiquei orgulhosa por ter aceitado a
publicação do livro de Lexi.
— Acho que eu estava sendo muito duro com ela, Sophia!
— Sim, e numa guerra com Alexia, sabe que nunca poderia ganhar, ela o
dobraria no final!
— Tenho certeza disso, agora!
Sorrio ao telefone, mulheres são mesmo terríveis, coitado de nós, homens!
Me despeço de Sophia e ligo novamente para o celular de Sean.
Por Dennis
Sigo o veículo que pega a rodovia em direção ao mar. Onde a senhora
Mackenzie estaria indo? Não iria dar aulas como de costume? O carro pega certa
distância e acelero. Não posso perder esse espetáculo.
E em uma curva fechada, ela não consegue frear e o carro bate em alta
velocidade em uma mureta.
Vários carros param e pessoas descem para ajudar. Vejo outras com seus
celulares nas mãos, devem estar chamando socorro.
Forçam a porta e uma delas grita:
— Homem ferido!
Homem? Não seria uma mulher? Mas que merda é essa?
Saio do carro e me aproximo dos demais e vejo o rosto ensanguentado de Sean
Mackenzie.
Tenho que sumir daqui! Beatrice me comerá vivo!
Por Sophia
Coloco o telefone no gancho e volto para a cozinha, abro o congelador e pego
meu sorvete preferido: banana.
Pego uma colher e me sirvo em uma taça. Ando muito comilona devido à minha
gravidez, acho que devo ter engordado uns três quilos. Saboreio meu sorvete e
com a taça na mão, volto para o escritório, onde tenho uma aula para preparar.
Novamente o telefone toca e rapidamente atendo.
— Alô!
— Boa tarde! — Uma voz muito grave fala do outro lado, acompanhada de
muito barulho. — É a Sra. Mackenzie?
— Sim, ela mesma!
— Sou o Dr. Ezra, paramédico do Hospital George Washington!
Só com essa apresentação, me sinto nervosa!
Sean, aconteceu algo com meu marido!
— Pois não, aconteceu alguma coisa?
— Senhora, seu marido sofreu um acidente na rodovia e testemunhas dizem que
ele estava em alta velocidade quando bateu de frente contra uma mureta de
concreto no acostamento.
— Como ele está? — Meu estômago fica embrulhado e nesse momento, sou
acometida por um forte enjoo todo o sorvete que ingeri, parece que vai sair pela
minha boca.
Com muita calma, comum à experiência do homem que fala do outro lado,
responde.
— Tivemos dificuldades para tirá-lo das ferragens e...
Me sinto tonta, a taça escapa de minhas mãos e o barulho de cacos de vidro me
fazem apoiar-me na mesa e Ezra me chama com certa preocupação.
— Sra. Mackenzie tente ficar calma sim? Está me ouvindo?
Como ele pode querer que fique calma se acaba de me dar a notícia de que meu
marido sofreu um grave acidente.
— Estou lhe ouvindo, diga-me por favor, como ele está? Para onde o levaram?
— Ele se encontra inconsciente no momento e, o estamos levando para o
hospital! Só um momento, por favor!
Um outro homem pega o telefone.
— Sra. Mackenzie, aqui é o detetive Isaac Ward, FBI.
— FBI?
Estou tão abalada, como se estivesse paralisada que demoro a responder.
— Senhora Mackenzie, está sozinha em casa?
— Sim, detetive, estou.
— Não saia daí até que mandemos alguém para acompanha-la ao hospital.
— Posso saber o motivo, detetive? — Minhas mãos suam frio, sento na mesa e
tento me acalmar para que o mal-estar vá embora.
— Ainda é cedo para afirmarmos, mas peritos examinaram o carro que seu
marido dirigia e constataram que os freios foram cortados.
— Meu Deus! Mas quem faria uma coisa dessas? Sabotaram o meu carro?
— É o que queremos descobrir, Sra. Mackenzie.
— Por que ele estava usando o seu veículo?
Só me faltava essa! Acharem que fui a responsável pelo acidente.
— O motorista viria busca-lo, porém seu carro enguiçou a caminho.
— Certo. Pode me passar o nome e telefone do motorista de seu marido?
— Sim, claro. Seu nome é Austin, — Passo o número a ele. — Por acaso,
desconfia de Austin, detetive?
— Obrigado, em alguns minutos, um de meus homens irá busca-la e a levará ao
hospital. Não saia daqui, a senhora entendeu? — Ele nem responde à minha
pergunta.
— Voltando à sua questão, senhora, o senador é um homem público, estou
empenhado em descobrir o que realmente houve. Espero que ele se recupere em
breve. É só isso, por enquanto, senhora. Tenha uma boa tarde.
— Boa tarde.
Ele desliga. E meu corpo todo fica gelado. Preciso ver Sean! Preciso ligar para
meu pai! Desço da mesa e ando até o lavabo. O enjoo volta com forma total e
tudo o que tinha no estômago sai de lá.
Sento-me no chão com a cabeça entre os joelhos. As lágrimas caem sem minha
permissão. Meu peito arde e tenho dificuldade para respirar. Preciso criar forças
e me levantar, tenho que ver como ele está. As palavras do detetive martelam em
minha mente. Atentado! Mas quem? Sean teria muitos inimigos? Enxugo minhas
lágrimas e pego meu celular. Em dois toques, a voz de Vicenzo me faz chorar.
— Sophia, acabei de saber pela televisão! Como ele está?
— Ah, papai, não sei! — Mais soluços e Vicenzo, de modo carinhoso, tenta me
acalmar.
— Nina, fique calma! Lorenzo e eu estamos indo para aí. Chegaremos em duas
horas. Em que hospital ele está?
Limpo meu rosto e respondo, um tanto mais calma.
— George Washington, estou indo para lá, nesse momento.
— Está bem, minha Nina, tudo irá ficar bem, não chore!! Não fará bem ao seu
estado!
— Sei disso, mas estou tão assustada! — Antes de desligar, comento. — Papai, a
polícia acha que foi atentado.
— Atentado??
— Sim, cortaram os freios do meu carro e Sean o estava dirigindo no momento.
E era o meu carro, ou seja, era para eu estar naquele veículo.
— Tem ideia de quem possa ser?
— Não papai, a polícia irá investigar!
Olho através da cortina e vários carros da polícia param em frente ao meu
prédio. Tenho que desligar.
— Pai, tenho que ir! Eu te amo, obrigada!
— Nina, se cuide e tenha fé!
— Eu terei, até depois!
A campainha toca e ao abrir vejo um homem usando um colete com letras
amarelas FBI. Tira os óculos e se identifica.
— Sou Isaac Ward, FBI, falei com a senhora há pouco pelo telefone. Poderia me
acompanhar?
— Sim, só irei pegar a minha bolsa.
O prédio parece ter sido sitiado por policiais. O porteiro me olha ao passar pela
portaria. Seu olhar é aflito e preocupante. Cumprimento-o e ao passar por ele,
me pergunta se Sean está bem e lhe manda um abraço. Agradeço a gentileza e na
calçada sou rodeada por gente de todos os lados. Alguns curiosos e a famosa
imprensa. Ao passar pelos repórteres, eles me enchem de perguntas e não
respondo à nenhuma delas. Permaneço em estado de choque.
Meu celular toca e peço licença ao policial para atender.
Dentro do carro, Harry quer saber mais notícias sobre o acidente e eu, sem
notícias concretas, relato o que sei até o momento. Ele e os outros filhos estão
embarcando no avião da família. Devem chegar em pouco tempo. Harry desliga
e mal coloco o celular na bolsa e o aparelho volta a tocar.
Dessa vez, é Joseph. Ele está chorando ao telefone. Me sinto impotente e
gostaria de poder dizer que está tudo bem, mas só poderei fazer isso quando ver
meu marido de perto. Torço para que nada de muito grave tenha acontecido a
ele.
— Sophia, Harry deve chegar ao hospital a qualquer momento, mas não posso
me isentar nessa hora. Quero estar ao lado de Sean, é tudo que peço, mesmo que
seja constrangedor. — Ainda com a voz chorosa, menciona.
— Joseph. — Falo com um pouco mais de calma. — Não precisa pedir
permissão para ver seu filho e fico muito feliz que se preocupe dessa maneira.
Não se preocupe com Harry, ele jamais criaria algum tipo de situação
constrangedora numa hora dessas. Será muito bem-vindo, obrigada.
— Sendo assim, logo estarei no hospital. Estou na Virgínia à negócios e soube
do acidente pelo rádio. Devo chegar ao hospital em meia hora.
Ele finaliza a ligação e fecho meus olhos. Que mundo mais desorientado em que
vivemos. De manhã, Sean e eu estávamos tão felizes! Como imaginar que algo
tão terrível se abateria sobre nós?
— Sra. Mackenzie, chegamos! — O homem ao meu lado anuncia. — Mas antes
de ir embora, gostaria de fazer—lhe umas perguntas, é possível?
— Sim, senhor, estou à disposição.
Ao entrar no hospital, todos os olhos se voltam para mim, funcionários e
enfermeiras que cruzam pelo corredor me olham de modo estranho. Não me
sinto confortável. Parece que me olham com pena.
Sou encaminhada à uma sala anexa ao CTI onde nesse momento, Sean está
sendo atendido. Sentada com a cabeça entre as pernas, sinto o seu toque em
meus cabelos. Finalmente, meu pai chegou! Ele e meu irmão vieram para me
darem forças. Lorenzo me puxa e me afaga em seus braços. Tento parecer forte,
mas ao ser acolhida pelos braços de meu pai, desabo em lágrimas e ali
permaneço até me acalmar.
Logo, vejo a figura abatida de Joseph. Saio dos braços de Vicenzo e lhe ofereço
um pouco de conforto, afinal ele merece.
Mais alguns minutos se arrastam e meus olhos não saem da porta do CTI. Vejo
enfermeiras que entram e saem às pressas, mas nenhuma nos trazem notícias.
Essa espera me agoniza, maltrata e arrasa comigo. Harry aparece com Clarice,
Max veio com Dani e Alexia com seus olhos tristes se mãos dadas com Aidan.
Nos sentamos e Harry demonstra um gesto de grandeza ao apertar a mão de
Joseph e ficar conversando com ele. Um homem usando o uniforme médico sai
da sala e me levanto ansiosa. Ele se adianta, retira a máscara.
— Boa tarde, sou o dr. Hugh Lewinsck.
Harry toma a frente de todos.
— Dr. Hugh, sou Harry Mackenzie, pai de Sean, por favor, nos diga como ele
está?
— Bem, sr. Mackenzie, o seu filho sofreu um leve traumatismo craniano, nada
grave, fiquem tranquilos. — Fala, pausadamente. — Fizemos vários exames e
nada consta de anormal em seu cérebro. Suas atividades cerebrais estão
funcionando perfeitamente. Não teve nenhuma fratura também! — Ele fala se
dirigindo a todos, pois quer nos tranquilizar. — Porém ele perdeu muito sangue e
teremos que fazer uma transfusão, o tipo sanguíneo de Sean é O negativo,
portanto só poderá receber esse mesmo tipo de sangue. Todos se entreolham. —
Alguém aqui possui esse tipo sanguíneo?
— Eu doarei. — Joseph diz prontamente, no canto da sala.
— Muito bem, o seu nome?
— Joseph.
— Pode me acompanhar senhor? — O médico o encaminha para o setor de
coleta, mas antes que ele desapareça no final do corredor, o alcanço.
— Doutor, por favor! — Uma enfermeira aparece e leva Joseph e o dr. Lewinsck
vira-se para mim.
— Sean vai ficar bem? — Ele sorri e toca em meu ombro.
— Sim, ele ficará bem! Sean é forte e resistiu bravamente o que outro paciente
talvez não aguentaria.
— Quando poderei vê-lo?
— Sra. Mackenzie, fique calma! Assim que ele for liberado do CTI, poderá vê-
lo. Claro, que ele estará inconsciente. Agora, sugiro que relaxe e aguarde.
Voltarei com mais notícias assim que seu quadro se estabilizar. O médico se
despede de mim e desaparece pelo corredor. Volto junto aos demais e sento-me
ao lado de Vicenzo.
Olho, a cada minuto o grande relógio na parede e ele parece não andar. Instantes
depois, Joseph aparece um pouco mais aliviado. Entendo sua posição, ele queria
poder fazer algo por Sean como pai e conseguiu.
Seu sangue salvará o seu filho.
Por Beatrice
Pego minha bandeja e procuro um canto qualquer onde nenhuma das detentas
me incomode. Aqui, nesse pardieiro, janta-se muito cedo. São seis horas da
tarde, o horário em que estaria acabando o meu chá das cinco. Estou feliz, me
sinto feliz. Mal vejo a hora de saber pelos jornais que a linda Sophia se foi.
Dennis foi claro ao dizer a Alberto que seria hoje.
O barulho que vem da televisão juntamente com a orquestra de talheres, pratos e
a conversa alta das demais deixa qualquer ouvido sensível. Uma jovem repórter
aparece no monitor e o nome de Sean aparece na tela. Minha curiosidade é mais
do que natural. E quando chego mais perto e vejo imagens do carro de Sophia
com a notícia de que meu filho sofreu um grave acidente há algumas horas. No
mesmo momento, me sinto como se levasse um soco no estômago.
Meu corpo todo treme e a bandeja se estatela ao chão chamando a atenção de
algumas detentas ao meu redor.
— Sean, não! Meu filho não! Outra vez, nãooooooo! — Grito em fúria e Norma
aparece para me segurar, meus olhos ficam lacrimejantes e com as duas mãos na
cabeça. Repito a mim mesma várias vezes em forma de sussurro. — Ele não! De
novo, não!
— Tente se acalmar, Beatrice!
— Não toque em mim, não quero me acalmar, quero meu filhoooooo!
Não consigo parar de gritar, imagens de Sean e eu se formam em minha mente.
Ele sorrindo, brincando, ganhando troféus importantes, sua formatura, sua
eleição ao senado!
Ele não pode morrer, não Sean. Aquela miserável é que deveria estar em seu
lugar. Olho novamente para a televisão e a imagem dela chegando, momentos
antes, aparecem para me mostrar que Dennis falhou em seu plano.
Norma me segura com firmeza e mesmo me debatendo com força não consigo
me soltar, ela é muito mais forte do que eu.
— Acalme-se ou jogo você na solitária! — me ameaça e todas as outras me
olham esperando minha reação. Respiro fundo e sou levada por ela de volta à
minha cela. Ao me colocar lá dentro, caio aos seus pés em desespero.
— Norma, por favor, preciso ver meu filho, ele precisa de mim!
— Fale com seu advogado e consiga a permissão de um juiz, não posso ajuda-la!
— Norma, um pedido como esse demoraria, sabe disso perfeitamente. Sei
também que uma carcerária, portanto ganha muito pouco. Pense bem, posso
pagá-la e terá minha palavra, não irei fugir. Só preciso ver meu filho de perto.
Ela me encara como se eu tivesse dito algo anormal e ri em deboche.
— Supondo que eu a ajude, como acha que entraria naquele hospital sem ser
reconhecida?
— Disso cuido eu! O que preciso de você é somente sair por algumas horas
desse lugar, prometo que volto.
Antes de sair e trancar a cela, me encara.
— Vou ver o que posso fazer por você, Beatrice!
Por Sophia
Depois de mais um tempo à espera, dr. Hugh aparece com o rosto cansado.
— Tenho boas notícias! Sean está sendo transferido do centro cirúrgico para uma
unidade do CTI.
— E como ele está? Podemos vê-lo? — Me adianto.
— Sean permanece sob efeito da medicação, demorará a acordar.
— Mesmo assim, doutor, gostaria de vê-lo! — Insisto. Todos, na sala, percebem
minha aflição. Harry toma a palavra.
— Doutor, por favor, só por alguns instantes?
O médico suspira e por fim, responde.
— Permitirei que duas pessoas entrem, uma de cada vez, somente cinco minutos.
Sorrio para Harry que agradece a Hugh e completa.
— Sophia será a primeira.
O médico alto e de cabelos grisalhos me olha.
— Por favor, venha comigo, Sophia!
[...]
Depois de me preparar, colocando as roupas necessárias e toda parafernália
exigida para se entrar em um ambiente como esse, abro a porta devagar como se
não quisesse acordá-lo de um sono profundo.
Sean respira sem aparelhos. Somente recebe medicação através de uma sonda
em seu braço. Há um grande hematoma em sua testa e outro em seu ombro. Com
as mãos trêmulas, toco em seu cabelo.
— Estou aqui! Você me assustou, meu amor! — Olho para o monitor e seus
batimentos cardíacos marcam 80 bpm. Afago seu rosto e agradeço a Deus por ter
deixado meu marido com vida.
Seguro sua mão com os olhos carregados de lágrimas. Lágrimas de alívio e
alegria. Aliso seus dedos e digo repetidas vezes o quanto o amo.
Uma enfermeira chega e me avisa que meu tempo se esgotou.
Mesmo contra a minha vontade, saio e Harry entra na sala.
À noite, todos resolvem comer alguma coisa. Estou sem fome, porém me
arrastam para um restaurante próximo ao hospital. O assunto da mesa gira em
torno do atentado e minha mente só pensa em ver o sorriso de Sean. Harry com
sua calma diz que não irá descansar enquanto não descobrir quem foi o
responsável. Depois do jantar, voltamos à uma sala de espera ao lado do quarto
onde Sean ainda permanece desacordado.
Todos esperam ansiosos o momento em que ele irá acordar, mas a enfermeira
nos adverte que talvez o paciente só acorde pela manhã, portanto o mais
recomendado seria irmos para casa e descansarmos.
Harry e os demais concordam e dizem que vão para um hotel. Discordo e digo
para que fiquem em nosso apartamento. Após uns minutos de discordância,
acabam aceitando. Alexia vai embora com Aidan. Joseph diz que irá ficar na
casa de um amigo.
Ao chegarmos em frente ao prédio, mais repórteres à espreita. Entramos sem dar
nenhuma declaração.
Em meu apartamento, deitada em nossa enorme cama, o sono não quer vir. Olho
para uma foto nossa no criado-mudo.
Rolo e um lado e de outro. Levanto-me e troco de roupa. Vou voltar ao hospital.
Quero estar lá quando meu amor acordar!! Sei que a polícia está me vigiando e
que não devo sair sozinha, mas nesse caso, meu velho instinto ladra entrará em
ação.
Saio às escondidas e me encaminho para o hospital.
Por Beatrice
Norma conseguiu exatamente o que eu queria. Estou na rua, do lado de fora
daquele lugar. Por muitos dólares, estou em frente ao hospital que, nesse
momento, meu filho está internado. Ela também conseguiu um uniforme de
enfermeira que me foi muito útil.
Sei que ele passa bem, mas preciso ver com meus próprios olhos o que os
médicos noticiaram pela TV.
O hospital está cheio de agentes federais. Ajeito meu uniforme e meu falso
crachá. Entro pelos fundos e ninguém percebe que não faço parte do local. Com
essa falha na segurança, se Sean estivesse na mira de algum inimigo a essa hora
já estaria morto.
E com muita facilidade, chego ao CTI.
Finalmente, poderei ver meu Sean e dizer quanto o amo...
Te peguei, safada!
Por Beatrice
O acidente envolvendo Sean causou uma movimentação nos corredores do
hospital. Na recepção é possível ver pessoas ligadas à imprensa ávidas por
qualquer notícia. Sei que corro um sério risco de ser reconhecida e levada de
volta à prisão sem ao menos poder ver meu filho, mas esse é um risco que
correrei sem pestanejar. Coloco minha toca acompanhada de uma máscara, pois
quanto menos verem meu rosto, melhor será.
Na sala das enfermeiras olho com atenção as planilhas e escalas. Meu filho está
na ala A e é para lá que me dirijo.
Um pouco perdida, caminho com um pouco de pressa, pois não tenho muito
tempo. Norma me deu apenas algumas e seu eu não cumprir com minha palavra,
ela mesma virá me buscar e aí, as coisas entre mim e ela irão piorar. Claro que
eu poderia aproveitar a oportunidade e desaparecer para nunca mais voltar, mas
meu plano é exatamente outro. Tenho boa conduta na prisão e quem sabe não
consiga cumprir o restante de minha pena em liberdade, sei que isso é um sonho,
pois as leis em nosso país são mais severas. Se tivesse o apoio de Harry ou até
mesmo de Sean talvez as coisas tivessem outro curso.
Ergo meus olhos e vejo a placa indicando CTI. Um homem alto parado à porta
de uma dos quartos indica que Sean se encontra naquele aposento. Com uma
prancheta em mãos, passo por ele sem nenhum problema.
Encosto a porta e corro até a cama onde o meu lindo menino dorme
profundamente. Há quanto tempo não via seu rosto assim tão de perto. Para
mim, parecem anos. Toco o ferimento em sua testa e corro meus dedos por seus
cabelos. Minhas lágrimas pingam no lençol e também molham o tecido da
máscara.
Falando o mais baixo que posso, converso com ele como se pudesse me ouvir.
Ah, Sean! Ah, meu menino lindo! Se soubesse o quanto é importante para mim?
Não me perdoaria se algo acontecesse a você. Sabe que jamais o machucaria.
Você é a razão única de minha felicidade, o motivo pelo qual continuei a viver e
lutar pela sua felicidade.
Você me lembra tanto ele. Tanto. Às vezes, quando olho para você é como se o
visse!
Sabe, meu filho, às vezes penso que Deus é sádico. Sim, você riria de mim e
diria que estou blasfemando, mas é o que penso. Tive uma infância tão
desgraçada e a única coisa boa que possuía, Deus a tirou de mim. Nunca falei
de minha vida com ninguém, nunca me abri, pois quando me lembro de tudo o
que passei nas mãos daquele porco imundo, tenho vontade de vomitar.
Minha mãe se matou quando eu tinha 10 anos. Cansada de ser agredida por
meu pai, um belo dia a encontrei com um vidro de remédios caída no chão da
sala. Ela nos deixou, a mim e a Sean, meu irmão de 4 anos.
A pessoa que mais amei, depois de você.
Quando meu pai agredia minha mãe, eu juntava nas mãos de Sean e corríamos
para nos esconder, não queria que ele ouvisse os gritos e o barulho dos socos e
pontapés. Eu o protegia de tudo. Era como se fosse a sua mãe. Sempre depois
das surras, sua avó fingia que nada havia acontecido, sempre mergulhada em
sua depressão e, eu também nunca tocava no assunto. Mas, foi depois de sua
morte que minha vida virou um verdadeiro inferno. Um mês depois de sua avó
ter sido enterrada, seu avô, Clement, me agrediu e me estuprou em plena luz do
dia. Senti tanta dor e tristeza que me fechei em meu quarto e só saí de lá uma
semana depois. Parei de ir à escola, porque achava que as pessoas ao me verem
descobririam o que havia acontecido comigo.
Sean, na época, com suas pequenas mãos, afagava meus cabelos e limpava
minhas lágrimas de sofrimento e me prometeu que seria meu anjo da guarda e
que ninguém iria me fazer sofrer novamente.
Ele me chamava de "Bea".
Tapo minha boca para não chorar alto, a dor causadas pelas lembranças é menor
que o alívio do desabafo.
Aquilo deixou-me marcas, meu filho, que até hoje doem. Ele me batia quase
todos os dias e quando chegava bêbado e queria bater em Sean, eu me punha em
sua frente e acabava apanhando em seu lugar. Um ano se passou e o terror
continuava.
A pobreza em que vivíamos era tanta e muitas vezes, deixei de me alimentar
para que meu pequeno irmão não ficasse sem alimento. Pensava que aquela
vida miserável nunca acabaria. Clement era marceneiro, mas a doença do
álcool o impedia a trazer dinheiro para casa, era um tempo muito sofrido, Sean!
Cheguei a ponto de pedir ajuda a vizinhos para que pudéssemos nos alimentar.
Numa tarde de verão, estava sentada na sala olhando uma revista de moda. Eu
adorava ver as roupas e sapatos das modelos, sonhava um dia ser linda e usar
tudo aquilo, eu me via naquelas roupas, nos lindos lugares e tudo o mais.
Ouvi, então, quando o portão foi aberto. Aquele som era para mim o som do
medo, o som da angústia, pois sabia que ele estava chegando. Sean se sentou ao
meu lado com as mãozinhas para trás, como se escondesse algo e olhos muito
assustados. A porta da sala se abriu e o cheiro da bebida chegou na frente,
exalando aquele fétido odor pelos quatro cantos do aposento.
Clement, cambaleando se aproximou de mim e puxou—me pelo braço. Mesmo
me debatendo, ele me jogou em outra velha poltrona e desafivelou o seu cinto.
Não podia acreditar que ele abusaria de mim na frente de Sean e comecei a
gritar pela primeira vez, pedindo socorro. Com toda a sua estupidez, aquele
verme me golpeou na boca e o sangue quente jorrava de minha pele sem parar.
Abaixou suas calças e o vi ali com seu pênis duro vindo em minha direção.
E foi assim que Deus salvou minha vida me cobrando um alto preço por ela.
Minha vida pela de meu anjo menino, que enfurecido pela cena horrenda que
acabara de presenciar saiu do sofá com uma pequena faca em suas mãos frágeis
e trêmulas para atacar a Clement. Gritei para que ele não o fizesse e num golpe
mais bruto ainda, aquele monstro sem alma usou da faca para atingir o próprio
filho e o matar ali em minha frente.
Acho que foi necessário que isso tivesse acontecido para que eu tomasse alguma
atitude. Ao ver meu irmão ali agonizando por sua vida, uma ira e uma força
descomunal desceu sobre mim. Dei um chute naquele miserável e saí pela porta
gritando por toda a vizinhança :Assassino! Assassino!
Os vizinhos me acolheram e chamaram a polícia que levaram o porco para a
cadeia e nunca mais o vi, não fiz questão nenhuma de ter notícias dele.
Carreguei e carrego a culpa por não poder protege-lo.
Meu menino, tão frágil e se fez tão forte somente para me salvar. Jamais o
esqueci.
Cresci em uma casa de família, trabalhando como babá. Voltei a estudar e anos
mais tarde conheci Harry. Nos casamos e quando você nasceu e o peguei em
meus braços e a primeira coisa que veio em minha mente era que Deus me
devolveu a chance de ter alguém para amar e cuidar. Você, meu filho. Meu
amado Sean.
Cuidei de você com extremo zelo, sei disso. Sou exagerada, mas a razão para
isso é que tenho medo de perde-lo como perdi meu irmão.
E assim, vivi intensamente pelo seu bem, sua felicidade e será sempre assim.
Cuidarei para que nada de mal lhe aconteça.
Por Sophia
Passo pela portaria e um agente à paisana me segue. Ao sair na calçada, ele me
chama.
— Senhora? Onde pensa que vai?
— Voltar ao hospital, por acaso estou sob prisão domiciliar e não tenho
conhecimento? — Uso meu cinismo. Estou cheia desses policiais em toda a
parte, enquanto deviam estar atrás do responsável pelo possível atentado.
— Absolutamente, senhora, porém tenho ordens expressas de meu superior para
não deixa-la sair sozinha seja onde for. Infelizmente, terei que acompanha-la,
querendo ou não.
Em seguida, o agente usa uma espécie de rádio e passa todas as informações ao
seu superior, Isaac.
— Agora, podemos ir senhora! Por favor. — Abre a porta do carro parado em
frente ao prédio. Fico imaginando como seria a vida de uma primeira-dama. Será
que elas vão ao banheiro sem serem seguidas? E pior, será que o casal
presidencial transa com privacidade ou ao olhar atrás das cortinas e embaixo da
cama, os seguranças estão escondidos e ouvindo tudo? Espero que não, ficaria
maluca com tanta pressão!
Ao chegarmos ao hospital, dou de cara com o detetive Ward. Parece que estava à
minha espera. Ele me conduz à uma sala e nem me deixa ir ao CTI, diz que tem
algo muito importante a me dizer a respeito das investigações. Assegurou-me de
que realmente o acidente com Sean se tratava de um atentado malsucedido.
— Malsucedido? — Indignada, ando até o bebedouro e pego um copo de água,
minha boca está seca devido ao nervosismo. — Meu marido quase morre e me
diz que foi malsucedido?
— Sim. O alvo não era seu marido e sim, a senhora. Segundo o que me disse, o
senador estaria viajando e só voltaria na sexta-feira, exato?
— Sim, perfeitamente!
— Pois então, a pessoa que sabotou seu veículo não imaginou que ele voltaria
mais cedo e muito menos que, usaria o seu carro nessa tarde. A essa hora, quem
estaria machucada ou morta seria a esposa do senador.
— Tem ideia de quem poderia ter feito isso?
— Recolhemos as fitas das câmeras do seu prédio e uma coisa nos chamou a
atenção. Um homem usando uma roupa preta, entrou na garagem assim que a
senhora chegou naquela tarde. Mas, ele deve ter invadido o sistema, pois nada
foi gravado após sua chegada e as câmeras só voltaram a funcionar uma hora
depois de desligadas. Trata-se de um profissional e chegamos à conclusão de que
foi pago por alguém.
— Entendo. — Balanço a cabeça em negativa. — Sean é tão correto, não vejo-o
arrumando inimigos a esse ponto.
— Ele pode não arrumar, inimigos, às vezes vem de graça e essa pessoa não está
brincando e sugiro que a partir de agora, vocês dobrem a segurança. Claro que
nós estamos fazendo nosso papel e iremos protege-los até encontrar o
responsável.
— Pode deixar, detetive. Agora se me dá licença, gostaria de ver meu marido.
— Sim senhora. Vou para casa agora e se por acaso, o senador acordar, me avise.
Quero fazer-lhe algumas perguntas.
— Perfeitamente.
— Sra. Mackenzie, qualquer novidade, entre em contato em meu número! — me
entrega um cartão.
A seguir, sai da sala a passos lentos e cabeça baixa. Analisando a figura que
acaba de sair, chego a duvidar de sua capacidade profissional. À primeira vista,
ele me pareceu distante e sem foco. Espero que eu esteja totalmente enganada.
Jogo meu copo plástico na lixeira e me encaminho para a ala A. Lugar onde
instalaram meu marido.
Ao chegar perto da porta, o agente parado ao lado da mesma me chama. Com a
mão na maçaneta e antes que eu entre, ele diz.
— Há uma enfermeira lá dentro. Recomendo que a senhora espere aqui fora.
Consinto com a cabeça e dou alguns passos para trás. Escolho uma das poltronas
e me sento. Um tanto impaciente, tamborilando meus dedos em meu joelho. Será
que o quadro de Sean agravou-se?
Acho que a paciência é uma virtude que não possuirei. Levanto-me e caminho
até a porta que se abre e a enfermeira sai de lá chocando seu corpo com o meu.
Ela me encara e eu a reconheço de imediato. Jamais esqueceria aquele olhar de
ódio misturado a desprezo.
O olhar de Beatrice, minha amada sogrinha!
Após me encarar por uma fração de segundos, desvia o olhar e dá um passo em
direção à saída da ala, porém meu corpo não se mexe, continuo obstruindo a
passagem
— Posso saber o que faz aqui, Beatrice? Não deveria estar na prisão? — Finge
não me ouvir e insiste em passar por mim. — Hey, sua víbora! Eu lhe fiz uma
pergunta! — seguro firme em seus braços e o agente se aproxima.
Ergo as mãos sugerindo que ele fique onde está. De imediato, volto meus olhos
para Beatrice e ela rebate a minha pergunta sem pestanejar.
— Não lhe devo explicações, sua bastarda! — Desce sua máscara e acrescenta.
— Vim ver meu filho!!
Solto uma risada de deboche.
— Ver seu filho? —Viro-me para o homem que nos olha com atenção. — Por
favor, veja se o senador está bem. — O homem obedece me deixando a sós com
a cascavel.
— Não me surpreenderia se você o matasse como tentou fazer com Harry,
Beatrice!
Seu olhar que antes era de fúria, se transforma em algo descontrolado e
perigoso.
— Jamais faria mal a ele. Você não tem ideia do quanto Sean é importante para
mim. Morreria ou até mesmo mataria com minhas mãos qualquer um que
mexesse num fio sequer de seus cabelos. — Qualquer um, entendeu? Sean é e
sempre será o meu filho, mesmo que você o tenha colocado contra mim. Ela se
encontra em um estágio de desequilíbrio.
— Nunca coloquei seu filho contra você, quem fez isso foi você mesma!! —
rebato, furiosa.
— Sua vagabunda, você acha que terá Sean para sempre, não é? Que essa
aliança que usa em seu dedo faz com que ele fique preso a você? A esse
casamento ridículo?
— Por que ao invés de se revoltar, não aceita de uma vez por todas que seu filho
me ama?? É tão difícil assim? — A encaro, tentando achar alguma razão por
esse ódio gratuito.
Parece que ao dizer essas palavras a atingi em cheio, como se eu tivesse aberto a
caixa de Pandora, ou melhor, a caixinha de Beatrice. Ela parte para cima de mim
e joga meu corpo contra a parede.
Ela não acha que pode comigo, ou acha?
Seguro seus braços com facilidade a imobilizo torcendo seu punho a fazendo
gritar. E olhando diretamente em meus olhos, ela cospe em meu rosto.
Funcionários se aglomeram na sala, mas somente observam.
— Ah, sogrinha!! Você é mesmo uma espécie rara de peçonha. Vamos, tente me
picar com seu veneno e não cuspi-lo dessa maneira! — Ofegante, acerto-lhe um
golpe em seu rosto que a faz cair.
— Leve essa mulher daqui! — Digo ao policial parado às minhas costas. — A
cadeia a está esperando.
O jovem policial a ajuda levantar e ela esbraveja.
— Tire suas mãos de mim!
O segurança do hospital também se junta na missão de retirar a doida do recinto.
Antes de sair, ela ainda me olha e completa.
— Mais dia, menos dia, você irá pagar pelo que me fez, Sophia Salvatore!
Em resposta, digo.
— Mackenzie. Esqueceu-se do Mackenzie!
Eles a arrastam e a cadeia voltará a ser seu lar. Ajeito minhas roupas e me dirijo
ao agente.
— Relate a seu superior tudo o que houve aqui. Peça para que ele fique atento.
Em seguida, ligo para Damon e lhe peço para que mande seguranças ao hospital,
quero redobrar os cuidados. Se Beatrice conseguiu entrar e circular facilmente
pelo hospital, qualquer um conseguiria.
Respiro fundo e tento me acalmar. Vim para ver e ficar com Sean até que ele
acorde e é para seu quarto que caminho. Abro a porta e tudo se encontra em
silencio e penumbra. Ele ainda dorme. Coloco uma cadeira ao lado da cama.
Beijo sua testa e afago seu cabelo. Seguro sua mão, acariciando os nós de seus
dedos.
Perco a noção do tempo. Meu celular vibra em meu bolso e uma mensagem de
Vicenzo: Nina, sua fujona, na próxima vez que sair e não deixar um bilhete,
puxarei sua orelha!
Sorrio pelo conteúdo de reprimenda com uma pitada de diversão e digito a
resposta, tranquilizando-o. E quando olho para meu marido, ele parece que está
acordando.
Sean pisca os olhos por várias vezes antes de manter seu foco em mim.
— Sophia... — Ele fala sonolento.
— Sean!! Meu amor, até que enfim, acordou!
— Quanto tempo dormi?
— Dormiu por horas, meu querido.
Beijo de leve sua boca e ele levanta seu braço para tocar meu rosto.
— Pensei que não veria seu rosto novamente, achei que fosse morrer!
— Não diga isso, Sean. Já passou, você está aqui comigo.
— A última coisa de que me lembro foi de ter tentado frear o seu carro.
— Depois falaremos sobre isso, estou tão feliz!! — Deito meu corpo sobre o seu
e me esqueço de que ele estava com um ferimento no ombro. Seu gemido me faz
lembrar disso.
— Desculpe, meu querido.
— Eu te amo, Soph! Mesmo se morresse continuaria a amar você!
Meus olhos se enchem de lágrimas.
— Eu não saberia viver sem você, pare de falar bobagens, senador!
Ele sorri. Pensei que não o veria sorrir de novo.
— Estou com sede! — Tenta se levantar, o impeço.
— Não se mexa, vou chamar a enfermeira e verificar se poderá beber água, não
se mexa!
Aperto um botão e em um minuto uma enfermeira aparece. Logo, o médico da
equipe do dr. Hugh examina meu marido e diz que está tudo bem. Todos saem e
nos deixam a sós. Pego um copo com água e lhe ofereço. Ele bebe devagar e ao
terminar, digo.
— Sean, alguém tentou nos matar!
— O que? — Seus olhos demonstram incredulidade ao que acabei de dizer.
— Isso mesmo que você ouviu! Cortaram o freio de meu carro e à essa hora, eu
estaria em seu lugar!
Nesse momento, Isaac adentra a sala com um bloco em mãos!
— Senador Mackenzie, que bom que acordou! Podemos conversar? Tenho
novidades!!..
Por Beatrice
Deitada em uma solitária após ser duramente punida por Norma, penso naquela
vagabunda. Se ela pensa que desisti de acabar com sua raça, está redondamente
enganada! Tenho contas a acertar com ela e chegará a nossa hora. No momento,
tenho que falar com aquele imprestável de Dennis. Sua incompetência quase tira
a vida de meu amado Sean.
E ao dormir, sonho com ele me chamando por Bea e mais uma vez suas
mãozinhas me afagam e sua voz meiga me garante que tudo ficará bem!!
F... o repouso!
Por Sean
— Detetive Ward, meu marido acabou de acordar, ainda é madrugada! — Sophia
verifica as horas em seu relógio. — Não pode deixa-lo descansar e voltar mais
tarde?
— Absolutamente. Saí daqui e estava indo para casa quando me ligaram e
prenderam um suspeito pelo atentado.
Me sento na cama e ainda um pouco tonto devido à medicação, tento ordenar
minhas ideias.
— Atentado? — Ainda não acredito no que ouço. — Sophia me falou acabou de
me falar algo a respeito. Mas ainda não acredito que o acidente que sofri tenha
alguma ligação com algo intencional.
— Desculpe-me senador, deixe-me apresentar. Sou Isaac Ward, FBI. Estou à
frente das investigações sobre seu acidente.
Ele vem até mim e oferece a sua mão. Aperto-a e ele sorri. Tem cara de ser um
bom sujeito.
— O senhor acabou de dizer que acharam um suspeito. Ele está preso?
— Sim, ele detido sob acusação de ser o responsável pelo seu acidente.
Conseguimos algumas imagens do estacionamento da escola onde sua mulher
saía e notamos que um carro saiu logo atrás. — Enfia as mãos nos bolsos da
calça e tira de lá um papel todo amassado e seu celular. — Como as câmeras do
seu prédio foram desligadas, conseguimos imagens das câmeras de edifício
vizinho e vimos o mesmo carro chegando logo após sua mulher entrar na
garagem. — Pigarreia e olha para o seu celular que vibra em sua mão. Desliga-o
e volta a falar conosco.
— E no dia seguinte, esse mesmo veículo o seguiu pela manhã. A placa do
veículo foi adulterada, porém quando o carro que o senhor usava se chocou
naquela rodovia, o estranho desceu do seu veículo e foi verificar com seus
próprios olhos o estrago e então a câmera de uma loja de conveniência registrou
sua imagem e pudemos identifica-lo. Dennis Coyle. No momento, está sendo
interrogado e se nega a cooperar. Achamos que esse crime foi encomendado,
senador!
Suspiro e aperto meus olhos.
— Queriam matar minha esposa, é isso??
— Sim, chegamos à conclusão de que como o senhor estaria em viagem, o alvo
era sua mulher. O que quero nesse momento é que se lembre se há alguma
pessoa que o senador suspeite?
— Eu não sou um homem de contrair inimigos, pelo contrário detetive. Sempre
fui amigável e flexível até com meus adversários políticos.
Sophia não diz nada, somente observa. Parece que quer me dizer algo.
— Bem, senador, se o senhor lembrar de qualquer detalhe, por favor, entre em
contato e como já disse à sua esposa sugiro que redobre a sua segurança. Até
mais tarde. — Se afasta com uma das mãos no bolso. — Vou voltar à delegacia e
ver se o suspeito confessou alguma coisa. Obrigado pela atenção.
Estendo minha mão e pego os dedos de minha mulher. Acaricio como se
quisesse tranquilizá-la.
— Fique tranquilo, detetive. Se acaso lembrar de algo, entro em contato com o
senhor.
E assim o homem de cara triste sai do quarto.
— Sophia, onde está meu celular?
Me olha torto.
— O que pensa que vai fazer, Sean? Está em repouso!
— A primeira coisa que vou fazer é beijar você! — Puxo-a para mim e seu corpo
cai sobre o meu e mesmo sentindo dor, tomo sua boca e me afundo em seus
lábios. Busco sua língua e sinto em seu beijo a mesma sensação. Queremos
dissipar a aflição, o medo da perda. Estamos juntos mais uma vez, firmes e mais
fortes. Quem quer que tenha tentado nos separar não obteve sucesso. Sugo seus
lábios macios e minhas mãos correm por seu corpo todo. Seu calor e seu cheiro
me acalmam.
— Ninguém toca em você, minha Soph! Irei proteger vocês com minha vida, se
necessário!
— Não diga isso, quero você comigo, sempre! —Com a respiração ofegante ela
toca meu rosto. — Somos uma dupla e ninguém irá nos separar. — Beija meu
queixo e o morde de leve. Gemo numa espécie de sussurro e comento em tom de
malícia.
— Essa cama me deu ideias, que acha? — Brinco, enquanto seus dedos correm
pelo meu peito e tocam meu ferimento.
— Engraçadinho! Você está doente e não costumo me aproveitar de
convalescentes.
— Convalescente!? Pareço doente?
— Oh, que paciente mais tarado! — Morde minha orelha nunca carícia que
confirma que nada nos separará.
— Sou obcecado por você, sabe disso, completamente tarado por cada parte do
seu corpo.
Do nada, Sophia muda sua expressão. Seus olhos que brilhavam de desejo, ficam
ofuscados e tensos. Ela se afasta e se senta na cama.
— Meu amor, sua mãe esteve aqui!
— Minha mãe?? Ela fugiu da prisão? O que ela queria aqui??
— Ela queria lhe ver. Beatrice saía do seu quarto disfarçada de enfermeira
quando a reconheci. Não sei exatamente se ela fugiu, acabamos discutindo e ela
partiu para cima de mim e eu a agredi para me defender. Chamei o agente que
estava presente e mandei que a levassem de volta à cadeia em Nova Iorque.
Suspiro longamente.
— Sabe, Sophia, começo a achar que minha mãe sofre de algum distúrbio.
Parece que nunca a conheci como realmente é. Ambiciosa, má e desequilibrada.
Sophia me relata em detalhes tudo o que aconteceu.
— Quando sair daqui, terei que ter uma conversa séria com ela.
— Seria bom se ela entendesse de uma vez por todas que eu o amo e o que sente
por mim não interfere em nada no que você sente por ela, não é?
— Exatamente. Se é que posso dizer que sinto algo por ela nesse momento. —
Depois de tantas coisas que descobri sobre Beatrice, sua imagem aos meus olhos
são outros. O que eu enxergava era algo totalmente distorcido. Meu celular,
Sophia!?
— Para quem você vai ligar a essa hora, Sean? — Me olha controversa.
— Quero tomar algumas providências, meu amor, só isso! — Me encara e franze
o cenho.
— Nada disso! Pela manhã, você liga! Agora, irá descansar!
— Sophia, estou ótimo, não quero descansar!
Ela também me contou que Joseph doou sangue para minha transfusão. Meu pai.
Mesmo que nossa afinidade não tenha evoluído, fiquei feliz ao saber que ele
estava ali e pronto para me ajudar.
— Não quer, mas vai ou chamo a enfermeira e ela vai dar um jeito em você,
paciente teimoso!
— Tudo bem. Descanso com uma condição!
— Haha! Além de teimoso é chantagista? — Me presenteia com seu doce
sorriso. — Acho que meu marido não está em condições de impor nada, não
acha?
— Estou sim. Descanso se você também for para casa e fizer o mesmo. Já que
insiste em dizer que estou doente, você está grávida e precisa se cuidar. Por
acaso, a senhora se alimentou hoje?
Ao sorrir, as covinhas de seu rosto aparecem a deixando com o ar mais jovem.
Adoro isso em minha mulher.
— Enquanto você dormia, Alexia e meu pai só faltaram me enfiar comida goela
abaixo. Comi na marra!
— Que bom saber que posso contar com eles! — Puxo-a para meus braços e a
abraço forte. — Agora, vá para casa e só volte mais tarde com uma aparência
melhor!
— Hey, onde está o homem elegante com quem me casei? Por acaso, está me
chamando de feia?
— Estou. — Beijo de leve sua boca linda. — Olha o nosso trato! Descanso, se
você descansar!
— Certo. Estou indo, capitão!
Então ela me beija mais uma vez, levanta e pega sua bolsa. Observo cada
movimento seu. Seu corpo está mudando devido a gravidez e a cada dia, fica
mais bonita.
— Que foi? — Ela me flagra olhando.
— Nada. Estava admirando minha mulher! — Dá dois passos em minha
direção.
— Sean, às vezes, você sabe como me deixar sem graça e amo quando faz isso!
Até mais tarde, senador gostosão!
— Até mais, minha gostosa! — Tenta sair e a seguro. — Não irá sozinha, sabe
disso, não é? A partir de agora, só andará acompanhada de segurança.
— Eu sei. Prometo que seguirei suas ordens, mesmo achando tudo isso um
horror!
Sai e fecha a porta atrás de si. Jogo lençol para o lado e saio da cama. Sophia
deixou meu celular em uma pequena mesa perto da janela. A primeira ligação
que faço é para Damon. Atende no primeiro toque. Ele sempre foi o meu melhor
segurança. Passo a ele minhas novas ordens, segurança dobrada para Sophia.
Quem fez isso, irá voltar e quero estar preparado. Em seguida, ligo para Aidan e
ele fica feliz em ouvir minha voz. Alexia pega o telefone e em sua voz meiga
transparece toda sua alegria.
— Feliz em saber que está bem, meu irmão e comprovar que erva ruim não
morre fácil. — Quando ela quer se fazer de forte, usa esse lado ácido para não
chorar. Em resposta, digo que não a deixaria tão cedo. Temos muitas brigas pela
frente.
Mesmo do outro lado da linha posso ver seu sorriso e seus grandes olhos
brilharem. Ela se despede e passa a ligação para Aidan. Repasso todos os
detalhes e encerro a ligação. Deito—me na cama e busco dormir um pouco.
Amanhã quero sair desse hospital e descobrir quem está por trás desse atentado.
Por Sophia
Depois de ser escoltada até minha casa, entro bem de mansinho e me deparo
com meu pai me esperando, então fecho minha noite. Conto a ele as novidades
sobre Sean e também sobre minha amada e benquista sogra. Tentei, juro que
tentei dormir mas a única coisa que consegui foram alguns cochilos
acompanhados de pesadelos onde Sean aparecia dentro de um caixão.
Então, acordei primeiro que todos e fui direto para a cozinha preparar um café.
Meu celular vibra e no visor o nome de Sean me faz largar tudo para ler sua
mensagem. “Médico me deu alta. Já não sou convalescente, aguardando
minha esposa vir me buscar! Te amo. Sempre seu, Sean."
Respondo: Indo o mais rápido que posso. Levarei roupas para sua
Excelência, pois deduzo que não irá sair nu desse lugar, vê-lo nu somente
sua esposa. Bjs. Da sua única e exclusiva Sophia”
Envio e um alguns instantes vem a resposta. “Sempre única, exclusiva e
eterna. Bjs nessa boca que adoro.”
Uma hora depois, chegamos na ala onde Sean se encontra e fico feliz ao ver meu
amigo Willy sentado na sala ao lado do quarto de Sean. Ao me ver, se levanta e
me dá um abraço.
— Soph, não vim antes porque estava em viagem. Não me deixaram entrar no
quarto para falar com Sean, aí resolvi esperar por você.
Sentamos e explico a ele tudo o que houve. Espero o momento em que esse
assunto seja esquecido. Não aguento mais falar sobre isso.
Ao olhar para a porta, vejo May entrando toda pomposa. Não acredito que ela
teve a cara de pau de ter vindo. Minhas veias saltam em minha testa e Willy toca
em meu braço. Alexia também se adianta e fica ao meu lado.
— Sabe cunhada, por isso nunca gostei de ruivas!
— Eu não tinha nada contra elas, até um certo tempo atrás.
May se aproxima de Harry e Max. Dani também se junta ao nosso bando. Claire
fica ao lado de Joseph.
— Viu quem acaba de chegar e veio saber se Sean está bem? — Diz, Dany.
— Vi e disfarce que a lhama ruiva está vindo em nossa direção! — Digo.
Antes que ela se aproxime, dr. Hugh sai do quarto de Sean e me chama.
— Sra. Mackenzie, bom dia! Posso falar-lhe um instante?
Noto que May acompanha meus movimentos e tenta ouvir o que o médico tem a
me dizer.
— Sim, doutor. Venha até a outra sala!
Passamos para uma outra dependência do setor e ele começa a falar.
— Senhora Mackenzie, dei alta a seu marido, porém quero que ele permaneça
em repouso por no mínimo três dias e tome a medicação que lhe prescrevi.
Devido ao impacto do acidente, ele sentirá fortes dores nos locais atingidos.
— Perfeitamente, doutor. Cuidarei para que Sean siga suas orientações. — Só
não sei como o farei, penso.
— Obrigado, seu marido já pode ir para casa, tenha um bom dia!
Gostei dele, prático e objetivo.
Volto e não encontro a lhama. Ela não teve essa ousadia, ou teve? Antes de
entrar no quarto, Alexia faz um sinal para mim e sim, May teve a coragem de
entrar no quarto para ver Sean. Entro de uma vez e a vejo em pé ao lado da
cama. Só falta babar nele. Ao me ver se retesa e como toda lhama só falta cuspir
em mim.
Lata enferrujada.
— Bem, Sean, vou indo. Fico feliz que esteja bem. — Ameaça tocar em seu
rosto para se despedir, mas hesita. — Esperamos sua volta ao trabalho. Faz muita
falta no senado. — Parada às minhas costas, Sean quer rir ao me ver fazer uma
careta para ela. Ele agradece e ao passar por mim, me cumprimenta.
Depois que ela sai, deixo a sacola com as roupas de Sean em uma poltrona.
— O que ela queria?
— Ora, você não viu?
— Sim, vi. Além de comê-lo com os olhos, queria algo mais?
Ri e sai da cama, estendendo seus braços.
— Não me diga que está com ciúmes?
— Não, nenhum pouco, por que? Teria motivos para sentir? — Faço uma cara de
desagrado.
Roça seus lábios nos meus e responde.
— Sabe que não! Você é única, minha esposa!
— Ainda bem. Mas não irei mentir. Estava com ciúmes e muita vontade de jogá-
la pela janela.
Mais uma linda gargalhada sai de sua boca, se solta de meus braços e pega a
sacola.
Ele se troca e ao sair do quarto, Joseph é o primeiro a quem Sean se dirige. Ele
se aproxima e Joseph lhe dá um longo e apertado abraço. Sean agradece por tudo
e eles trocam mais algumas palavras, só então cumprimenta os demais. Willy
também lhe dá um abraço e se despede.
O detetive Isaac aparece como fumaça de gelo seco em espetáculos teatrais.
— Bom dia a todos!
Seu olhar recai sobre Sean.
— Senador, podemos nos falar um instante.
— Sim, claro. — Meu marido responde e se afastam. Meu pai e eu trocamos
olhares e sentimos o cheiro de confusão no ar.
Minutos depois, Sean volta com Ward ao seu lado e pela sua cara, o assunto o
deixou visivelmente abalado e nervoso. Seus olhos exalam raiva e deduzo que
Isaac descobriu o responsável pelo acidente.
Ao deixarmos o hospital, tento entender o que se passa, mas Sean permanece
calado durante o trajeto e Austin dirige de modo mais veloz. Olho para trás e um
SUV com Damon e mais 4 homens nos seguem. À nossa frente, outro carro com
Alexia e Aidan acompanhados de mais dois seguranças.
Quando entramos em nosso apartamento, mais seguranças aguardam as ordens
de Damon. Sean me pede para arrumar nossas malas, pois partiremos para Nova
Iorque imediatamente. Segundo ele, ficará alguns dias descansando em casa,
mas ele não me engana, depois daquela conversa com o detetive Ward, Sean
mudou da água para vinho.
Pousamos no aeroporto de Nova Iorque. De lá, seguimos para nossa casa. Meu
pai e Lorenzo seguem para o café, enquanto Harry e os demais se dirigem à
mansão Mackenzie. Em nossa casa, Sean com seu comportamento totalmente
estranho, entra em seu escritório e uma hora depois sai de lá falando com Aidan
ao telefone. Pelo pouco que pude ouvir, meu marido irá sair.
— Vai sair? — Pergunto.
— Sim. Não demoro. — Abotoa seu paletó e se aproxima para me dar um beijo
de despedida.
— Não irá me dizer aonde vai? E seu repouso Sean? O médico...
Não me responde.
— Volto logo. — Se existe algo no mundo que mais me irrita é alguém me tomar
por tola colocando minha pessoa de lado. Pior ainda quando essa pessoa é meu
marido.
— Tudo bem, deu para guardar segredinhos agora? Se é assim, saiba que
também posso fazer o mesmo daqui para frente.
— Sophia! — Usa um tom para que eu baixe a guarda e não comece uma
discussão.
— Não venha me dizer que não tem nada ocorrendo por sei que há e deve ser
muito grave ou pensa que não notei a sua cara, de Harry, Aidan e Max? Todos
colocaram uma máscara de preocupação e vieram de Washington até aqui
tentando parecerem normais.
Ele nada diz.
— Ou você acha que não percebi que mudou após falar com o detetive. Aliás,
todos mudaram desde então. Até meu pai e Lorenzo. Durante a nossa volta para
casa, vocês fizeram de tudo para disfarçarem, porém não me enganaram em
nenhum momento. Tem algo errado e se não confia em mim para dizer, só
lamento. — Caminho até o banheiro para guardar minha nécessaire, faço uma
pausa e continuo.
— Não irá me contar quem é?
— Quem é, o quê?
— A miss Nova Iorque! — Me revolto pelo seu comportamento protetor. — Ah,
Sean! Basta! Não quer me contar, não conte! Pode ir ao seu compromisso, ou
então, irá se atrasar!
Ele volta e segura em meu cotovelo.
— O que você acha que é pior? Ter uma mãe que lhe abandonou e ao
reencontra-la pensa em obter algum benefício financeiro ou uma mãe que
sempre se dedicou a você, amando-o a um ponto exageradamente doentio?
Sei que ele se refere às nossas respectivas mães.
— Nesse caso, ainda ficaria com a sua mãe. Ela pode ser maluca, mas o ama
acima de tudo. Já Marcella...
— Mesmo amando a tal ponto de mandar matar a quem o seu filho mais ama? —
Meu coração fica apertado ao ver os olhos de Sean tristes e vazios.
— Sua mãe está por trás desse acidente? Mas como?
E então, me conta que depois de algumas poucas horas de interrogatório, o
homem chamado Dennis acabou confessando a autoria do atentado e que
Beatrice encomendou o mesmo. Queria a minha morte. E nesse momento, me
recordo de suas palavras no corredor do hospital. Ela deixou escapar algo no ar.
Tapo minha boca e sinto meu peito arder.
Achava que Beatrice fosse doente e apegada a Sean a ponto de mentir, enganar,
mas mandar me matar? Até onde vai o ódio dessa mulher?
— Sean, não me diga que... — Toco seu rosto e só então me lembro das
recomendações do dr. Hugh e ao invés de segui-la, meu teimoso marido vai sair
e nesse momento, sei exatamente onde vai. — Meu querido, o médico pediu que
repousasse, não acha melhor ficar em casa e descansar? — Conhecendo Sean
quando está com raiva, sei que nada e nem ninguém o fará mudar de ideia, muito
menos eu.
— Preciso faze-la parar, nem que para isso, tenha que ameaça-la.
— Acha mesmo necessário? Agora que descobriram que mesmo atrás das grades
ela continuou a infligir a lei, ficarão mais atento à ela. — Faço uma pausa e
continuo. — Não acha que a polícia cuida desse assunto? Afinal, é o papel
deles!!
— Me espere para o jantar, prometo que não demoro e por hipótese alguma, saia
sozinha! — Beija minha boca e sai do quarto. Sabia que minhas palavras seriam
jogadas ao vento. Ele não me ouviu e pior, foi até aquela penitenciária horrível
onde sua mãe se encontra.
Por Beatrice
Estar em uma solitária é a mesma coisa do que se sentir enlatada. Até mesmo
uma pessoa em condições normais de saúde mental se sente incomodado com o
pouco espaço e até mesmo a pouca ventilação do local. Se eu sofresse de
claustrofobia a essa hora estaria em crise. Imagino uma pessoa com uma
síndrome de pânico! Morreria muito antes que alguém a socorresse. Sem saber
que horas são, a única coisa que me resta fazer é deitar-me ficar olhando para o
teto cinza todo descascado.
De repente, o pequeno compartimento da porta é aberto e os olhos de Norma
aparecem.
— Tem visita para você, venha! — Abre a pesada porta e espera que eu saia. —
Dessa visita, você irá gostar.
Norma é uma mulher amarga e seca, todavia em raros momentos como agora,
sinto que ela se importa com o seu redor e não só consigo mesma. Sua pose
egoísta às vezes desaparece.
— Seu filho veio visita-la! — E ela nem espera que eu questione qual deles e
acrescenta. — O filho que você fala tanto. Norma percebe o efeito que essa
notícia causou em mim.
— Sean?? — Digo sem conter a alegria.
— Ele mesmo. Você está de parabéns! Ele é um homem muito educado!
— Não lhe disse? Sean é raríssimo!
Vejo-o de costas. Usando o seu terno impecável azul marinho, com uma das
mãos no bolso e nem percebe quando me aproximo. Digo seu nome como se
dissesse o nome de uma divindade. Quando se vira para mim, seus olhos me
olham de modo estranho.
— Não imagina como estou feliz em vê-lo!! Pensei que estivesse esquecido de
sua mãe. — A carcereira mantém uma distância e nos deixa mais à vontade.
Minhas mãos tentam tocar seu rosto e ele se afasta rapidamente.
— Serei muito breve. Também serei claro e objetivo e espero que entenda e
guarde cada palavra do que tenho a dizer!!
Não me deixa dizer nada e continua.
— Você é realmente minha mãe?
Essa pergunta me deixa com medo.
— Claro que sim, que pergunta tola é essa meu filho??
— Tem certeza? Você me ama?
— Mas que a mim, Sean! Dou minha vida por você! Não entendo onde ele quer
chegar com essa conversa. — Sou o mais sincera que posso.
— Pois, a partir de hoje, venho aqui e peço para que esqueça de que tem um
filho!
— Como??
As palavras ditas uma a uma de maneira dura me atingem como se fosse um
soco no estômago.
— Isso mesmo que eu disse! Quero que me esqueça, porque eu farei questão de
esquecer a uma mulher que tentou matar a pessoa que amo.
Solto uma gargalhada nervosa.
— Está insinuando que sua mãe tentou matar Sophia, é isso?? Sean, estou presa!
Como faria isso??
— Chega desse teatro barato, Beatrice! Seu cúmplice já bateu com a língua nos
dentes e você era a mandante do atentado que mataria Sophia e meu filho!
— Filho?
— Sim. Sophia está esperando um filho!!
— Não sei o que esse maluco disse, mas sou inocente, tem que acreditar em
mim! —Pego em seu braço e ele retira minha mão rapidamente, evitando-me ao
máximo.
— Eu a desprezo, você me decepcionou ainda mais! Onde acha que chegará
fazendo tantas maldades?!
As palavras desprezo e decepção saídas da boca de Sean me doem mais do que
qualquer outra.
— Seja ao menos digna de assumir seus erros Beatrice! Não adianta negar,
temos provas contundentes de que Dennis trabalhava para você. Até Alberto
você envolveu nessa sujeira! Ele está em choque por ajuda-la sem saber qual era
o seu intuito! — Se aproxima de mim e me empurra na parede.
Nunca o vi tão nervoso! E tudo por causa daquela cachorra!!
— Saiba que se algo acontecesse à Sophia, eu acabaria com você!
— Não fale assim comigo! — Me exalto.
— Como quer que eu fale? Como me dirijo à mulher que quase mata o seu
próprio neto e por engano o seu filho quase morre! Imagina a dor que senti ao
saber que você estava por trás disso tudo? Por pior que fosse, nunca imaginei
que me faria sofrer tirando Sophia de mim! — Seus olhos não saem dos meus e
vejo o quão abalado ele se encontra.
— Sophia! Essa mulher o enfeitiçou, não é possível!! Vagabunda! — Digo, com
a voz carregada de todo meu rancor. — Ainda usou do velho golpe da gravidez
para prendê-lo ainda mais à ela! Lamento muito por você estar naquele carro,
meu filho e também não sabia que Sophia estava grávida pois se soubesse não
teria pedido para Dennis mexer naquele carro!
— Está me dizendo que se arrepende? Que a gravidez de Sophia muda tudo? —
Arqueia sua sobrancelha e espera minha resposta.
— Não, Sean. O que quero dizer é que se eu soubesse que aquela cachorra sem
pedigree estava esperando um filho que ela diz ser seu, eu mesma acabaria com
ela!
E depois de dizer essas palavras, sinto a mão forte de Sean me golpeando num
tapa que me faz perder o equilíbrio. A carcereira se aproxima e Sean levanta as
duas mãos em sinal de rendição.
— Não a quero ver nunca mais em minha frente, sua doente! — Sua voz é um
misto de desprezo e raiva. — Não se aproxime de mim novamente ou de minha
família.
— Sean, não diga isso!! Tudo que faço é para seu bem, um dia me agradecerá,
você vai ver!
— Não tenho mãe a partir de hoje! Esse era o motivo de minha visita, vim para
lhe dizer isso pessoalmente!
Vira as costas para mim e me jogo aos seus pés pedindo que não me despreze
dessa forma.
— Guarde um pouco de sua dignidade se é que você ainda a tem!
E com a voz fria chama a agente penitenciária avisando que sua visita acabou. A
mulher se aproxima de mim e tenta me tirar dali, mas eu não quero sair dali. Ele
está me deixando, meu filho está com raiva de mim. E mais uma vez, a culpada é
Sophia!
Por Sophia
Cansada de esperar por meu marido, acabo jantando sozinha, seu celular ainda se
encontra indisponível e não consigo ficar tranquila sem saber notícias suas.
Resolvo tomar um banho para relaxar. Regulo a água em um jato forte e deixo
que a pressão da mesma massageie minhas costas. Ouço a porta se abrir e, em
seguida, Sean com a cara abatida e amargurada adentra o box.
Me abraça por trás afastando meu cabelo e sem dizer uma palavra, morde meu
pescoço me prensando na parede enquanto sua boca quente explora todo meu
colo e em seguida, vira meu queixo invadindo sua língua em minha boca.
— Sean, o médico pediu repouso! — Gemo ao sentir suas mãos apertando meus
seios.
— Foda-se o médico, foda-se repouso! Preciso de você agora... — Dizendo essas
palavras, desce com seus dedos em meu sexo...
Calmaria
Por Sophia
Deito meu pescoço em seu ombro no mesmo instante que sua boca se mantém
colada em meu ouvido e seus dentes brincam com o lóbulo de minha orelha,
mordendo de leve e causando uma sensação gostosa com essa leve pressão. Seus
dedos invadem meu sexo e ao tocar em meu ponto mais sensível acabo soltando
um gemido involuntário. Com seu rosto colado ao meu, sua boca se curva em
um sorriso deliciosamente malicioso que me faz querer seus lábios nos meus.
No início, seus lábios encostam nos meus de modo delicado, terno e muito
carinhoso e ao sentir que minha língua busca a sua com urgência, tudo se altera.
Sean controlado e afável dá lugar ao meu homem desejoso e faminto por mim.
Sua boca esmaga a minha enquanto seu corpo me prensa ainda mais na parede
fria. Seu desejo é tão forte quanto a sua mágoa.
Sim. Consigo sentir o quanto está magoado. A conversa com sua mãe não deve
ter sido das melhores e ao me tomar dentro desse box, Sean espera aliviar,
mandar para longe e esquecer o que tanto o incomoda. E, então, estou aqui,
pronta para ele.
Sua boca juntamente com sua língua audaciosa e quente traçam uma trilha de
beijos e lambidas que vão do meu pescoço e descem por minha coluna fazendo
meu corpo se agitar por inteiro. Em seguida, ele se põe de joelhos e suas mãos
fortes apertam minhas nádegas seguidas de minhas coxas.
— Sophia... Afaste suas pernas... — Coloca sua mão entre elas e fricciona meu
sexo latejante e extremamente excitado. Mordo meu lábio e me apoio no
mármore frio com os olhos fechados e o coração batendo muito forte. Obedeço-o
e com as pernas afastadas, segura em minha cintura forçando meu quadril para
trás e me deixando totalmente exposta a ele.
— Empine essa bunda gostosa para mim! — Me puxa para sua boca e ao sentir
sua língua lambendo meu sexo molhado, sinto meu ventre se render em fortes
contrações de prazer. Ele geme e nesse som gutural e excitante me entrego a ele
permitindo que Sean absorva tudo de mim. É o que ele precisa no momento,
tomar tudo o que há para curar o que o machuca. Quer ter a certeza de que não
irei deixa-lo ou o que é pior decepciona-lo como fez sua mãe, pois é em mim
que ele busca refúgio e alento. A única pessoa que ele ainda admira e ama de
verdade.
Amor e desejo. Carinho e cumplicidade. É o que Sean procura e encontra ao me
tomar para si.
Sua língua faz movimentos cadenciados em um vai e vem alucinante.
A cada vez que ele rodeia sua língua em meu clitóris e o suga, um prazer intenso,
um tesão desenfreado toma conta de meu corpo e minha única reação é
movimentar meus quadris e gemer com o orgasmo que se forma dentro de mim.
Curvo meu pescoço e olho para meu marido ali, ajoelhado e me levando à
loucura com sua boca. Não contente em me ouvir gemendo alto enquanto a água
cai e o vapor se espalha dentro do box, Sean penetra dois dedos em mim me
fazendo buscar o ar tão rarefeito no momento. Estoca com rapidez e aumenta o
ritmo de suas lambidas.
— Goze para mim agora, diga que é minha! — Diz como uma ordem explícita.
E com as mãos espalmadas na parede, grito seu nome ao sentir meu orgasmo me
partindo em pedaços.
— Somente sua, sempre! — Busco o ar e sussurro: Eu te amo, meu Sean.
Meus espasmos vão cessando e ele continua ali a me chupar toda. A pele de todo
meu corpo fica sensível e Sean se levanta devagar distribuindo beijos por onde
sua boca passa. Tento ficar de frente para ele, porém me mantém de costas e
entrelaça suas mãos nas minhas no alto de nossas cabeças. Me sinto totalmente
rendida a ele. Esfrega seu membro excitado em meu sexo, fazendo com que eu o
queira ainda mais ao sentir seu desejo por mim.
— Eu te amo, minha Soph!
Afasta minhas pernas com seu joelho e me penetra bem devagar, me
preenchendo por inteira. Sua boca suga meu pescoço e sobe por meu queixo até
encontrar meus lábios. Ele geme em minha boca ao sentir que rebolo para
acompanhar o seu ritmo que se intensifica a cada investida.
Sean levanta uma de minhas pernas e mete ainda mais rápido e é quando
chegamos ao clímax juntos. Ainda ofegante, vira meu corpo e me abraça forte
com sua boca na minha. Conseguimos deixar tudo lá fora, restando somente o
nosso mundo.
Momentos mais tarde, em nossa cama, deitado sobre meu ombro, resolvo tocar
no assunto Beatrice. E então, ele ergue seu rosto e me encara. Mesmo na
penumbra posso ver seus olhos se entristecerem ao falar da mãe. Enquanto narra
toda a conversa com ela, afago seu cabelo e o ouço cada palavra.
— Não tenho mãe, Sophia! — Diz, resignado e aborrecido. — Aquela não pode
ser a mesma mulher que eu tanto admirava, a que me educou e me ensinou tudo
o que sei!
Por mais que Beatrice tivesse assassinado Leon e tentado acabar com a vida do
próprio marido, sei que Sean ainda creditava a ela alguma espécie de carinho.
No coração de meu marido, ela ainda tinha um lugar, mesmo que muito pequeno,
reservado à ela.
Esse é Sean.
Agora, com esse atentado o que restava dessa relação foi-se para longe e nunca
mais voltará.
— Nunca mais quero ouvir falar dela, você está me ouvindo? — Frisa muito
bem cada palavra dita.
— Sim, meu querido. Não falaremos mais nela. Prometo.
— Outra coisa que gostaria de discutir com você. — Apoia-se em seu cotovelo
e me encara.
— Sim? — Contorna meu lábio com seu indicador.
— Sophia, quero que pare de dar aulas!
— O que disse? Por que eu faria isso? — Falo, num sobressalto.
— Porque sabe a pretensão que tenho para disputar as eleições presidenciais
daqui a dois anos.
— Sei disso. — Viro meu rosto, olhando para a janela.
Sean, porém, espalma sua mão em meu rosto e me faz olhar para ele.
— Sophia... Olhe para mim.
— Estou olhando e não entendo o porquê teria que parar de dar aulas para me
posar de esposa do candidato à presidência. — Tento não parecer decepcionada
com seu pedido, mas em meu rosto é mais do que evidente esse sentimento. —
Enfeite?
Ele me desarma com seu sorriso.
— Jamais a trataria como um bibelô, sabe disso.
— Não parece, Excelência! Também sabe que dar aulas é minha paixão. Adoro
o que faço.
Ele não acha que ficarei à toa, acompanhando-o como uma fútil e esnobe mulher
de político.
— Sim, eu sei. E, se eu disser que tenho um projeto onde vou precisar
integralmente de seu apoio. Um projeto onde ajudaremos milhares de pessoas!
— Projeto? — Digo, interessada. — Ao ouvi-lo dizer projeto, tudo muda aos
meus olhos.
— Isso mesmo. Willy e eu criamos um projeto para ajudar pessoas que vivem
nas ruas e que não têm esperanças de sair de lá. E nada melhor do que você para
me guiar e dizer qual o passo seguinte a ser dado.
Sou tomada por uma emoção muito grande. Sean se importa com as pessoas.
Realmente se importa e me quer junto dele para fazermos a diferença.
— E então, o que me diz? Ou aquela história de somos uma dupla invencível era
conversa fiada? — Arqueia sua sobrancelha e a seguir, abaixa sua cabeça e
distribui vários beijos em meu colo, esperando minha resposta.
— Humm... — Solto um gemido rouco, quando sua boca engole meu seio. — E
se eu me negar, o que fará senador?
Seus olhos azuis me olham com divertimento e malícia.
— Sei exatamente como convencer a minha esposa. Sou ótimo em articulações e
manobras políticas para o bem comum. Quer ver?
— Não. Eu aceito trabalhar com você. Adorei a sua ideia.
— Então, quero comemorar a minha nova parceria. E tomando minha boca em
um beijo apaixonado e cheio de desejo, Sean e eu demonstramos o quanto somos
um do outro.
E por mais um dia, adormeço feliz nos braços de meu senador.
Nos dias que se seguiram, nossa vida seguiu uma rotina cercada de seguranças e
estratégias para que ninguém ousasse chegar perto de mim. É sufocante olhar
para o lado e ver um homem alto de óculos escuros lhe escoltando e lhe dizendo
por onde ir, mas uso a razão e decido que melhor isso a colocar em risco minha
vida e a do meu bebê.
Sentada na cozinha da casa de meu pai, Angelina vira-se com uma colher de pau
em riste e comenta.
— Será um menino!
— Fofa, como sabe?
— Escute essa velha e gorda feiticeira! Será um menino! — Olho em meu
relógio e ainda falta meia hora para a minha consulta. Sean vai vir me buscar
para irmos juntos.
Nesse momento, o futuro noivo, meu irmão Lorenzo adentra a cozinha e me
aperta em seus braços.
— Como se sente sabendo que deixará a solteirice daqui a quinze dias meu
irmão?
— Sinto-me ótimo. — Diz todo alegre — Lay e eu estamos certos do que
queremos e muito apaixonados.
Fofa entra na conversa, como sempre.
— Lay é um amor, mas às vezes, a danada parece uma araponga de tão ardida!
— Que isso, Angelina? — Lorenzo finge reprimir seu comentário.
— A verdade, Lorenzo. Sei quando ela está chegando ao pisar na frente do café.
Escandalosa!! — E ri, balançando a cabeça.
Logo após, ouço meu pai chegando acompanhado de Sean. Os dois conversam
animados e Vicenzo beija meu rosto de modo estalado como sempre fez. Adoro
isso. Ele e Sarah, agora sua namorada oficial, farão uma viagem pela Europa
após o casamento de Lorenzo.
Saímos minutos depois e ao chegar na calçada nos deparamos com Richard. Ele
me parece bem e veio para falar com meu pai, aliás eles ainda são sócios. Sean o
cumprimenta com um aceno de cabeça e eu faço o mesmo. Richard me parece
feliz e me sinto aliviada ao ver que aquele sentimento que ele nutria por mim
aparentemente se foi. Ele nos conta em poucas palavras que está noivo de
Patrícia e faz questão de que compareçamos à cerimônia.
De modo mais polido possível, Sean agradece pelo convite e com os seguranças
a postos, entramos em nosso carro e Austin nos leva à clínica onde irei fazer uma
ultrassonografia para ver o sexo do nosso bebê. Uma hora depois, voltamos para
casa e não paro de olhar para o rosto de Sean. Ele mal cabe em si de alegria.
Como a feiticeira fofa previu, seremos pais de um lindo menino.
— Quer um babador? — Seguro em sua mão e brinco com os nós dos seus
dedos.
— Não. Mas, não nego que um menino era minha preferência.
— Acha que eu não sabia? Uma menina seria problema futuro ao papai coruja e
ciumento.
— Você me conhece mesmo. Imagine se ela puxasse a mãe? — Leva minha mão
à sua boca e a beija. — Eu morreria.
Abraço-o e ele acaricia meu cabelo.
— Sophia... — Meu nome sai de sua boca de um jeito tão carinhoso e tão Sean.
— Agora que sabemos que será um menino, que tal escolhermos o nome?
Austin para em um semáforo e no carro logo atrás, Damon mais três homens nos
seguem.
— Ótima ideia. Que tal o nome do pai? — Pisco para ele.
— Não gosto do meu nome.
— Acho-o lindo. — Rebato.
— Só o nome? — Roça sua boca em meu lábio. — Fiquei magoado!
— Sim, só o nome. — Brinco.
— Thomas. — Me olha sério.
— Thomas?
— Thomas Salvatore Mackenzie. — Espera minha opinião.
Gostei. Pareço visualizar o rostinho de nosso bebê e esse nome lhe caiu muito
bem.
— Perfeito. De onde você tirou esse nome?
— De lugar algum, apenas gostaria que nosso bebê se chamasse assim.
— Será Thomas.
Sean se abaixa e beija minha barriga.
— Não vejo a hora de pegar você em meu colo, meu pequeno Thomas.
Tenho certeza de que Sean será um excelente pai.
Dias depois...
Por Lay
Como moro sozinha, meus pais vieram de Massachussetts exclusivamente para o
meu casamento. Lorenzo e eu resolvemos que será uma cerimônia pequena para
poucos convidados. Dividiremos nossa alegria com quem realmente se importa e
torce pela nossa felicidade. Dani e Max serão os meus padrinhos e Sophia e
Sean, os de Lorenzo.
Ao me olhar no espelho, lágrimas de uma mulher chorona e escandalosa
aparecem para me mostrar o quanto estou feliz. Amo meu Morenzo, amo a vida
e tudo o que ela me proporcionou de bom. Vamos nos casar e em seguida,
seguiremos para Madri em nossa lua de mel.
Meu pai aparece no quarto, enquanto minha mãe me recrimina pelas lágrimas.
— Mesmo sendo lágrimas de alegria, minha filha, elas também borram a
maquiagem e vai parecer uma bruxa se continuar a chorar.
— Tem razão. — Enxugo meus olhos e meu pai olha no relógio.
— Vamos, Lay. Não quer que Lorenzo desista, não é?
Solto uma risada, pois sei que meu pai adora me atormentar com seus
comentários.
— De jeito nenhum!
Claro que meu Lorenzo jamais desistiria de mim. Ele me ama e eu a ele.
Saímos do quarto. E, dentro do carro com meu pai, seguimos para a pequena
capela, onde será celebrada a cerimônia. Acho que estou preparada para um
banho de lágrimas de felicidade....
“Casamento de Lay e Lorenzo”
Por Lay
Sempre apostei na alegria. Quem me conhece um pouco sabe do que estou
falando. Ser e permanecer alegre, ver sempre o lado sorriso da coisa. Mesmo
quando a vida me empurra para o inverso é com minhas doideiras que sempre
afasto o mau humor.
Nesse momento, ao entrar na igreja de braços dados com meu pai a sensação é
toda diferente. A alegria se transformou em algo muito maior. Todos os presentes
conseguem ver e sentir a felicidade que irradia de mim e de Lorenzo no altar.
Nossos olhos se cruzam e ele pisca para mim. Mesmo parecendo relaxado, sei
que Morenzo também está nervoso.
Nosso casamento não é apenas um evento onde nós, os noivos, queremos
notoriedade. Chegamos e estamos aqui para confirmar o que já sabemos. Viver
ao lado do outro em qualquer circunstância. Dani, ao lado de Max no altar, sorri
com seus lábios trêmulos de emoção. Ela, mais do que ninguém, sempre torceu
por minha felicidade e não foram um, mas vários momentos em que mesmo
atolada no trabalho fechava a porta de sua sala e me consolava pelas lágrimas
derramadas por relacionamentos naufragados. Minha mais que amiga, minha
delegada favorita joga-me um beijo e respiro fundo para conter a emoção.
Do outro lado do altar, outra cena me deixa emocionada. O olhar de amor que
Sophia direciona a Lorenzo. Quando a conheci, sabendo de todo seu passado
como ladra cheguei a pensar que não iríamos nos dar bem. Porém, bastou meu
primeiro sorriso e uma Sophia totalmente diferente do que eu visualizava surgiu
em minha frente. Estou entrando para uma família que se ama
incondicionalmente me tornei parte dela.
Por Lorenzo
Não sou o cara do tipo que se derrama em lágrimas à toa, isso não quer dizer que
não seja emotivo. Ao olhar para a grande mulher que me acompanha até o altar
engulo seco para desfazer o nó que se forma em minha garganta.
Angelina caminha orgulhosa em sinal de missão cumprida e a ela devo-lhe todo
o mérito, pois junto de meu pai fez o papel de mãe para um garoto ainda muito
pequeno e supriu com seu carinho e atenção.
Ela preencheu sem cobrar nada em troca a lacuna deixada por minha mãe. E
nunca permitiu que eu esquecesse Constanza. Quase chegando ao altar eu o vejo.
O meu amparo, o homem que viveu para mim e por Sophia. O senhor de cabelos
grisalhos com o soco de direita mais pesado que pude sentir ao querer
demonstrar rebeldia aos 15 anos.
Vicenzo Salvatore ou simplesmente, meu pai.
Ele me olha e franze o cenho, mas dentro de seus olhos experientes vejo todo
amor que ele tem por mim e por tudo o que construiu, nossa família. Em pé,
esperando ansioso pela noiva. Ergo os pés e os sustento em meus calcanhares
por várias vezes enquanto aperto meus dedos um a um. Sophia me olha
tranquiliza com seu sorriso.
E então, a marcha nupcial é tocada, a porta da capela se abre e Lay aparece. O
azul de seus olhos parece mais brilhante e nunca o seu sorriso esteve tão lindo.
Não tem como não amar e querer Lay. No começo, ela me intrigou com seu jeito
espalhafatoso e intrigante. Me fazia rir mesmo quando estava com problemas e
sempre conseguia me relaxar com seu lindo sorriso.
Depois passei a amá-la de tal forma, de um jeito tão intenso que não conseguia
me manter longe e sendo assim me vi apaixonado e resolvi pedir sua mão em
casamento. Na frente no padre, atesto que a amo e a farei feliz e, na saída da
igreja, depois de receber os abraços dos padrinhos, sua risada aparece ao sermos
cobertos por uma chuva de arroz lançada por Sophia e Danielly.
Durante a recepção, fomos presenteados por muitos brindes entre eles, meu pai e
Sophia me fizeram derramar aquela lágrima que estava escondida. Lay e eu
dançamos a valsa e após cortarmos o bolo e minha noiva se juntar às demais
para jogar o buquê, resolvemos ir para o aeroporto, onde partiremos em lua de
mel para Madri.
Por Lay
Tudo saiu mais do que perfeito. A cerimônia, nossos votos e a recepção cercada
de risos e porque não, algumas lágrimas também. Não preciso dizer que antes de
sair da festa, tive que correr ao toalete e limpar meus olhos borrados, eu parecia
a cópia fiel na noiva do Chuckie. Agora, sobrevoando o Atlântico, com minha
mão segurando a de Lorenzo e minha cabeça recostada em seu ombro, repasso
todos detalhes mentalmente e os gravo para nunca mais perde-los em minha
memória. Horas mais tarde, desembarcamos no aeroporto da capital espanhola e
mesmo com todo cansaço, não deixamos de admirar a cidade em toda a sua
beleza num cair da tarde estonteante.
O hotel escolhido por Lorenzo é o Grand Meliá. Grandioso e cercado de luxo
por todos os lados.
Fico maravilhada ao entrar em nossa suíte. Agarrado a mim por trás, Lorenzo me
mostra todos os detalhes do quarto. Na verdade, mesmo cansada, esperava esse
momento com muita ansiedade. Fazer amor com Lorenzo, agora meu marido.
Vira meu corpo para si e ao abraça-lo, meus olhos recaem sobre meu dedo anelar
e na aliança ali depositada.
Feliz ao extremo, ele me segura pelo pescoço, invadindo sua língua em minha
boca. Em seguida, tapa meus olhos com uma de suas mãos e solto um grito de
euforia que ecoa pelo quarto. Lorenzo cola sua boca em meu ouvido.
— Senhora Salvatore, eu a amo muito.
O impacto que essa pequena frase causa em mim é instantâneo. Ter o seu nome é
mais do que uma simples convenção para mim. Sou de Lorenzo, pertenço e
quero dividir meu mundo e toda a minha vida com ele. — Espero que goste da
pequena surpresa que preparei para você! Lembra do nosso primeiro banho? —
Caminhando a passos lentos, com Lorenzo colado em meu corpo finalmente
chegamos ao banheiro do quarto.
Solto uma risada e ele me pergunta a razão para isso.
— Amor, me assegure que seu pai não estragará nosso banho como daquela
vez!!
— Sua boba. — Morde minha orelha, me fazendo gritar.
Ao tirar sua mão dos meus olhos, minha reação não foi gritar e sim ficar
boquiaberta. Em uma banheira, inúmeras pétalas de rosa vermelha fazem o
cenário romântico com as pequenas velas espalhadas pelo ambiente.
Lorenzo vira meu corpo e seu olhar exala desejo. Segura na barra de minha blusa
e suas mãos quentes roçam em minha pele bem devagar, como se quisesse me
torturar até que a peça sai pela minha cabeça me deixando com meus seios à
mostra.
— Você é linda, Lay! — Abaixa sua cabeça e sua boca engole meu mamilo
fazendo meu sexo se contrair de desejo. Sem esperar, afoita e louca por ele,
arranco a sua camiseta e minhas unhas contornam seu peito forte.
— Você que é lindo, meu amor. — Continuo a explorar suas costas e contorno
todos seus músculos. Sua mão desce pela minha barriga e alcançam o cós de
minha calça. Mais ousado, morde minha boca com força e a suga em seguida
para aliviar a dor. Gemo ao sentir sua língua brincando com meus lábios e ao
mesmo tempo sentindo seus dedos invadindo minha calcinha e exploram meu
sexo me fazendo arfar.
Sem conseguir conter nosso desejo, ele arranca o restante de minha roupa e faço
o mesmo com ele e, nus seguimos para a banheira cheia de sais perfumados.
Lorenzo apaga a luz, deixando somente a luz das velas iluminando o ambiente e
o deixando ainda mais romântico.
Na beira da banheira, sobre um pequeno aparador, um balde com champanhe e
gelo nos espera juntamente com uma tigela com morangos frescos. Lorenzo,
pelo jeito, cuidou de tudo para que nossa primeira noite de casados fosse
perfeita.
Ele entra primeiro na banheira e segura minha mão me convidando a entrar com
ele. Senta-se e eu monto sobre seu corpo. A água morna toca em minha pele e
relaxa o restante do cansaço que eu ainda sentia.
Suas mãos apertam minha cintura e faz minha pélvis se esfregar em sua ereção.
Pendo meu pescoço para o lado e ele corre sua boca por toda essa região e por
onde suas mãos correm deixam minha pele arrepiada. Mordo sua orelha e ele
geme baixinho percorrendo meu sexo com seus dedos habilidosos e me dizendo
o quanto sou gostosa e o quanto estou excitada. Busco sua boca e nossas línguas
se enroscam e nosso beijo se torna selvagem e devasso. Lorenzo encaixa seu pau
em minha entrada e com as mãos em minha cintura me puxa de encontro a ele,
fazendo que sinta-o todo dentro de mim.
— Oh, que delícia, meu amor! — Digo, ofegante.
Remexo meus quadris e começo a cavalga-lo em um ritmo intenso, Lorenzo me
acompanha e me dá o que quero: Prazer e amor, muito amor. Meu corpo é todo
seu e ele sabe onde e como gosto de ser acariciada e tomada na cama. Segura
minha cabeça entre suas mãos e nossos olhos se encontram no exato momento
que ele me penetra ainda mais forte e um clímax intenso me atinge me fazendo
gemer seu nome quase sem ar. Em seguida, chega sua vez. Meu marido se
entrega a mim e ao gozar diz o quanto me ama e me quer para si.
Com a respiração entrecortada, permanecemos abraçados até nos acalmarmos.
Lentamente, ele sai de dentro de mim e alcança a garrafa de champanhe. Enche
as duas taças e me oferece uma delas. Não me olhei no espelho, mas tenho a
certeza de que meu rosto deva estar vermelho após esse amor maravilhoso que
acabamos de compartilhar.
Toco meu rosto e Lorenzo cobre minha mão com a sua e com a outra levanta a
taça em um brinde especial.
— À minha vida na sua e à sua na minha. Eu te amo! — Mordo meu lábio e
agradeço aos céus mentalmente por ele ter me dado um homem tão maravilhoso
e que me ama tanto.
— À toda minha vida na sua e toda sua na minha. Sempre! Eu o amo muito!
Bebemos o champanhe e após esse banho dos deuses, caímos na cama e
adormecemos abraçados.
Amanhã iremos conhecer Madri.
Por Marcella
Ao assistir o noticiário, durante todos esses dias, pude acompanhar através de
toda a imprensa, o acidente envolvendo meu genro, Sean Mackenzie. Então,
penso em minha filha. Sophia deve me achar um poço de interesse e uma via
única para a vida mais fácil. Mas, refletindo com mais calma, percebi o quão
infeliz eu fui ao perder a única oportunidade de ter minha filha de volta. Ela
esperava algo de mim, cheguei a ver isso nas poucas vezes em que nos
encontramos e seus olhos clamavam por isso. Era só dar um passo à frente e
abraça-la mas a minha alma miserável se fez mais forte e coloquei a minha vida
de privações materiais na frente de tudo, perdendo o que pudesse ser o amor
mais puro que eu poderia viver.
Agora que fiquei sabendo de sua gravidez, gostaria de poder reparar o dano
causado pela impressão que ela guarda de minha pessoa.
Quero pedir desculpas sinceras e dizer o quanto sinto por tê-la magoado. Admiro
a mulher que ela se tornou, Sophia é tudo o que sonhei um dia para mim e fico
feliz ao saber que aquele bebê enrolado em um cobertor junto ao meu corpo
pelas noites frias da Filadélfia, tenha conseguido vencer na vida e sem minha
ajuda!
Com esse pensamento, apago as luzes do saguão do prédio após mais um dia de
trabalho. Em casa, pego o meu caderninho de anotações e faço algumas contas
de minhas economias. Acho que poderei dizer à minha filha tudo o que desejo e
com as poucas economias que juntei, poderei levar algo para meu futuro neto.
Espero que o destino me reserve uma última chance...
Uma chance a mais!
Por Lay
Passear pelas ruas de Madri ao lado de Lorenzo é muito bom. Aliás, bom não, é
ótimo. De mãos dadas e lançando olhares de cumplicidade e extrema alegria
seguimos pela Gran Via, a principal avenida da capital que dá acesso a vários
lugares badalados como restaurantes, lojas de grife, teatros e muitos outros
entretenimentos.
A manhã ensolarada com um céu completamente sem nuvens transforma o nosso
tour madrileno em um dia carregado de surpresas. Em uma confeitaria, Lorenzo
me faz provar uma iguaria espanhola, churros ou na língua portuguesa seria:
Porra. Só não gargalhei na mesa, pois meu marido me alertou sobre o nome do
doce antes que nos servissem. E não é que o docinho é mesmo gostoso?
Em seguida, entramos no Museu Del Prado e ao caminhar pelas inúmeras salas
rodeadas de arte, nos lembramos de Sophia. Abraçado a mim, Morenzo me
mostra o pouco que aprendeu sobre pintura com o pai. Me apresenta Velásquez e
também Goya. E ao ver todas essas obras me lembro de como a arte me uniu a
Lorenzo. Através de uma tela antiga e muito valiosa me deparei com um homem
maravilhoso que se apaixonou por mim tornando-me sua mulher.
Saímos do museu e caminhamos mais alguns quarteirões até chegarmos à Plaza
Maior, outro ponto turístico famoso de Madri. Ali, resolvemos fazer uma parada
para nosso almoço. Meu marido optou por uma sopa de gaspachos acompanhada
de tortilhas de batatas e eu mais comilona, não resisti a um cozido madrileno.
Lorenzo pediu também uma bebida muito consumida por aqui, o verano, uma
mistura de vinho tinto com refrigerante de limão. Comi horrores e cheguei a
brincar com meu marido que voltaria rolando para o hotel. Ele achou graça como
sempre e me chamou de boba.
Na parte da tarde, visitamos outro ponto muito conhecido na terra de Gaudí, o
Retiro, parque muito famoso onde nos deparamos com uma paisagem bela e
tranquila. Depois de inúmeras fotos e troca de beijos e abraços em público,
normal para um casal que está apaixonado, voltamos para o hotel no fim da
tarde, mortos de cansaço. Tomamos um delicioso banho juntos, carregado de
muito amor e depois pedimos nosso jantar no quarto. Lorenzo e eu falamos dos
nossos planos juntos para o futuro e o que esperamos daqui para frente em nossa
vida em comum. No outro dia, não sei dizer o porquê aceitei que meu marido me
levasse em uma tourada. No começo até achei divertido, o local chamado Los
Ventos estava lotado e os muitos olés ecoavam pelo are deixando quase surda. O
toureiro era muito bom e sabia exatamente o que estava fazendo. Com muita
leveza, se desvencilhava do touro com muita facilidade, levando os espectadores
ao delírio. Meus olhos não queriam ver o que estava por vir e com precisão o
homem trajando uma roupa toda verde com brocados em preto, sangrou o
enorme touro e as pessoas gritavam ensandecidas enquanto rosas e muitos
aplausos eram recebidos pelo toureiro que se mantinha curvado recebendo toda
as congratulações enquanto eu, Layanne, chorava pela morte do animal. Lorenzo
percebendo a situação, me abraçou e me tirou do local. Nos dias que se
seguiram, saímos para conhecer o Palácio Real e também as feiras populares
onde compramos algumas lembranças para meus pais, meu sogro e também para
Sophia.
Lorenzo fala com o pai quase todos os dias e também com a irmã. Ela, mesmo
gestante, se empenhou numa empreitada com Sean. Um projeto, onde ele
conseguiu reunir política e iniciativa privada para financiar um projeto que irá
ajudar muitas pessoas carentes.
É de políticos assim que o mundo precisa. Minha cunhada me deixa muito
orgulhosa e meu cunhado arrasa!!
Depois de dez dias de noites e porque não manhãs e tardes de puro amor,
deixamos Madri e voltamos a Nova Iorque. No pequeno loft comprado por
Lorenzo temos a árdua e ao mesmo tempo deliciosa missão de abrir e organizar
todos os presentes que ganhamos em nosso casamento. E nossa vida juntos tem
um belo início...
Alguns dias depois...
Por Sean
Sophia se mostra incansável durante todo o tempo em que trabalhamos juntos e
o que mais me impressiona é sua audácia. Ela não se intimida ao discordarmos
em algum ponto do nosso projeto e busca com muita inteligência argumentos
cabíveis que me fazem dar razão à ela. Longe um do outro há uma semana e
trancado nesse quarto frio de hotel em Indiana, ajeito minha mala e mal vejo a
hora de voltar para casa e ver a minha mulher. Outra coisa que me faz pensar em
Sophia e que sempre batemos de frente é sua teimosia ao trabalhar demais. Sei
da sua dedicação e importância em nosso trabalho, mas cheguei a ponto de me
irritar e brigar feio com ela devido ao seu estado e por ela esquecer-se de que
carrega um filho nosso.
Depois daquele infeliz atentado, mesmo sabendo que nossa segurança foi
redobrada, somente fico tranquilo quando estou perto e posso cuidar dela e do
nosso filho pessoalmente. Olhando para meu relógio, verifico quanto tempo falta
para pousarmos em Nova Iorque. Aidan digita algo em seu notebook e parece
absorto no me faz.
— Sean. — Aidan levanta os olhos da tela do seu note e me encara. — Tenho
algo a lhe dizer cunhado.
Como se eu não imaginasse o que estaria por vir. Quando minha irmã e ele
começaram a namorar, fui contra porque conhecia Aidan bem demais, porém
Sophia me pediu para que desse uma chance ao meu amigo, afinal se eu havia
mudado meu comportamento, ele também poderia, não é? Essa foi a questão
levantada por minha mulher a qual me deixou sem nenhum tipo de argumento
para contestar.
— Diga, cunhado. — Com meu rosto apoiado em uma de minhas mãos espero o
momento em que meu amigo vai me dizer que vai se casar com minha irmã. Isso
estava mais do que na cara e óbvio também.
— Sabe o quanto amo a sua irmã, não é?
— Sei, continue.
Não acredito que ele vai pelo caminho mais longo! Fecho a cara para ele
esperando a sua reação. O resultado disso é um Aidan todo nervoso.
Engole seco e continua.
— E cheguei à uma conclusão.
— Sim?
— Bem, gostaria de que você fosse o primeiro a saber.
Ele vai dizer que os dois pretendem se casar. Já não era sem tempo!!
— A saber de quê? — Fecho minha cara ainda mais. — Dá para parar de me
olhar com essa cara e dizer logo que irá se casar com Alexia?
— Cara, não precisa estragar a minha onda. Não é sempre que se pede a mão da
mulher de sua vida ao melhor amigo, não é?
— Isso você tem toda razão, Aidan. — O copiloto nos avisa que iremos pousar.
— Saiba que não precisa de minha permissão para se casar com minha irmã. Sei
o quanto se amam e para mim esse é o sinal verde para a felicidade de vocês.
— Obrigado, Sean.
— Eu que agradeço por me dar a honra de ser o primeiro a saber.
Ao descer da aeronave, ligo meu celular e dentro do carro mando uma
mensagem para minha mulher. “A caminho de casa, morto de saudade!” —
Aperto enviar. Segundos depois, a resposta: “Não estou morta e sim, enterrada
de saudade!” — sorrio ao ler a resposta e lhe envio mais uma mensagem: “Eu
te desenterro, fique tranquila! Te amo!”
Austin para o veículo em um engarrafamento.
— Acidente, senhor!
Mais uma resposta de Sophia que me deixa muito mais ansioso para chegar em
casa.
“Sem ar e contando os segundos para ser desenterrada! Esperando meu
senador em nossa banheira! Não demore! Te amo mais!”
Mais alguns minutos e a enorme fila resolve sair do lugar.
[...]
Abro a porta principal e subo as escadas que dão acesso à nossa suíte.
Desabotoou os botões do meu paletó. Jogo-o sobre nossa cama e rapidamente
entro no banheiro. Sophia se encontra com os cabelos presos e totalmente
desalinhados e caídos sobre seu colo. Seu corpo que tanto gosto está quase todo
coberto por espuma. Seus olhos me encaram com desejo e essa imagem
misturada à toda saudade que senti me deixam excitado. Percebendo o efeito que
causou em mim, ela morde seu lábio e com seu indicador me chama para ela.
— A água está uma delícia meu amor! — Suas mãos brincam com a espuma
espalhando-a sobre seus seios.
— Sei exatamente o que é uma delícia. Pois estou vendo-a em minha frente! —
Abro os botões de minha camisa e a jogo no chão do banheiro. Em seguida, me
livro da calça e a cueca.
Sem nenhuma inibição, minha mulher me devora com seu olhar que não se
desvia quando entro na banheira ficando de frente para ela.
Sua barriga já protuberante, seios maiores e seu quadril mais largo deram à
minha Soph uma beleza ainda maior. As primeiras mudanças em seu corpo
fizeram com que ela chegasse a pensar que eu não mais a desejaria como antes e
provei o quão errada estava. Meu desejo por Sophia vai muito além do corpo, a
desejo com minha alma e não seriam alguns quilos a mais que me farão perder o
imenso desejo que sinto por ela.
Sento-me na banheira e imediatamente a puxo para meu colo. Dobra seus
joelhos e se senta sobre minhas pernas, enlaçando seus braços em meu pescoço,
suas mãos penetram em meu cabelo.
Sinto sede.
Sede de sua boca e de sua língua atrevida e assim sendo, uma de minhas mãos a
puxa pelo pescoço de modo bruto e em seus lábios macios e quentes sacio minha
vontade. Com minha outra mão acaricio suas costas e em resposta ao meu beijo
mais intenso, ouço seu gemido acompanhado de um sussurrar gostoso e lento
chamando meu nome. Beijo-a de modo voraz e sem tréguas. E como sempre
Sophia me acompanha dividindo comigo as mesmas sensações. O roçar de seu
sexo em minha coxa e de seus seios em meu tórax fazem meu pau ficar ainda
mais duro e louco por ela.
— Estava com tanta saudade, na próxima vez, a levo comigo! — Murmuro com
minha boca colada ao seu pescoço. Não me aguentava sem você, meu amor! —
Pende seu pescoço dando-me passagem para explorar ainda mais a sua pele com
minha boca. Passo minha língua por sua garganta e a aperto contra meu corpo.
— Essa semana pareceu uma eternidade!
E nossa última discussão foi exatamente por isso, Sophia queria me acompanhar
nessa viagem e eu com certo receio devido à sua gravidez me opus. Me
arrependendo amargamente.
Ela puxa meus cabelos com força e me faz encará-la.
— Sabia que iria mudar de ideia, senador. — Sorri em sinal de vitória
conquistada carregada de malícia.
— Sei admitir meus erros, Sra. Mackenzie!
Abaixo meu pescoço e minha boca alcança seu mamilo enrijecido e o faço ficar
ainda mais duro sob minha língua. Sugo-o com força e para meu deleite ela
geme pegando em meu pau duro feito pedra.
— Ainda bem, por isso eu o amo cada dia mais, Sean! Me sinto desenterrada! —
Dizendo isso morde o lóbulo de minha orelha e corre sua língua audaciosa por
ali arrancando gemidos de minha garganta.
— É? — Sugo seu lábio e minhas mãos apertam seus seios, descendo por sua
linda barriga e pairando em seu sexo todo depilado, quente e muito excitado. —
Pois agora, vou me enterrar gostoso em você e fazê-la gozar como louca.
Ela morde minha boca e sinto sua língua me pedindo passagem para um beijo
carregado de desejo. Ela arqueia seu corpo de encontro aos meus dedos que a
torturam. Mais audaciosa ainda, retira minha mão de sua boceta e leva meu dedo
à sua boca, chupando-o bem devagar e ao mesmo tempo me surpreende ao pegar
meu membro e encaixá-lo em seu sexo.
— Sou louca por você, meu Sean. Quero-o todo em mim, agora! Se enterra
gostoso, vai!! — Diz com a boca colada à minha.
Engulo seco tamanho o desejo que sinto ao ouvir Sophia dizendo algo mais
sacana que o normal. Ela aprende fácil e adoro quando me surpreende dessa
maneira.
Devagar a penetro com sua boca colada à minha. Ela arfa de desejo e seu sexo
ávido e extremamente molhado se encaixa no meu. Tento manter o controle e ser
o mais delicado possível, pois não quero machucá-la. Assim, ela começa a se
mover e acompanho o seu ritmo lento e muito gostoso. Suas unhas arranham
minhas costas de leve enquanto puxo seus quadris de encontro ao meu pau que
pulsa dentro dela.
— Que delícia, meu amor, não pare! — Sussurra em meu ouvido e rebola me
fazendo gemer.
— Sophia, meu tesão, minha ... Só minha!
Somos gemidos e bocas, toques e desejo. Absorvemos tudo um do outro e
Sophia goza quando aumento meu ritmo e a seguro firme em meus braços. Logo,
não me seguro e gozo como um louco dizendo que a amo, sempre!
Depois que nossos corpos se acalmam, viro-a de costas para mim e lavo seu
corpo massageando cada parte de sua pele.
Adoro cuidar de minha Soph.
Na cama, agarrada a mim, sua voz é sonolenta e gostosa de se ouvir. Me sinto
feliz, muito feliz, estando ao lado de quem tanto amo. Sophia, minha mulher e
mãe de Thomas, nosso filho que logo fará parte de nossos dias!
Afago seu cabelo e ela está quase dormindo.
— Sean, Marcella me ligou enquanto você esteve fora!
Isso me pega de surpresa. O que essa mulher interesseira pode querer com a
filha? Ela já demonstrou não ter guardado algum carinho por Sophia e sei que
isso ainda a magoa, mesmo que não fale sobre isso.
— O que ela queria? — Demonstro indignação em minha voz.
— Disse que queria me ver nem que fosse pela última vez para desfazer a má
impressão que deixou a respeito dela.
Sinto que Sophia se retrai ao se aprofundar sobre esse assunto.
— E você? O que respondeu?
Sophia ergue seu olhar para mim e sei o que passa em sua cabeça. No fundo,
somos iguais. Ela também acredita que sua mãe possa ter algo bom a oferecer e
assim, a única coisa que posso fazer por ela, é apoiá-la. Se minha mulher quer se
aproximar de Marcella, não serei contra, somente me manterei em alerta, pois
não quero que nada de mal lhe aconteça.
— Ela me disse que pretende vir a Nova Iorque e me pediu para que a recebesse.
Sabe, meu amor, lá no fundo eu acreditei nela, pois dessa vez me pareceu
sincera! — completa. — Disse que irei recebe-la.
— Tudo bem, fico feliz se vocês se acertarem. Se ela está mesmo disposta a
reparar tudo o que já fez, nada mais justo que dar à ela uma nova chance!
Sorrio para ela e com minha resposta de apoio sinto que ela relaxa em meus
braços.
— Deus quando fez você, rasgou a receita fora, Sean. Eu o amo por me
compreender e me conhecer tanto!
— Hum, assim fico convencido!
Beija minha boca e me dá seu mais lindo sorriso.
— Pode ficar, eu deixo! Meu único e eterno Sean.
Ela se aconchega em meus braços e adormecemos felizes.
O surto de Beatrice!
Por Beatrice
A psiquiatra me encara como se eu fosse uma demente.
Nesses últimos dias em que estive na prisão, dois médicos, um psicólogo e mais
um psiquiatra me examinaram e chegaram à conclusão de que sofro de um
transtorno chamado amor patológico. Com isso, fui transferida da penitenciária
para uma prisão psiquiátrica e não sei qualificar qual dos dois lugares é mais
deprimente. Nas inúmeras conversas com o tal psiquiatra, tentei mostrar a ele
que meu amor por Sean não tem nada de doentio e que, se o defendo e me
preocupo com ele e porque tenho meus motivos.
O que esse bando de medíocres não entende é que me mantendo aqui, meu filho
corre perigo nas mãos daquela mulher. Tudo agora faz sentido. Sophia se aliou
ao porco imundo para querer acabar com Sean e enquanto ela não conseguir seu
intuito, não sossegará!
Sou dispensada de mais uma consulta cansativa e sem nenhum avanço. Sentada
em um banco, debaixo de uma árvore, observo os outros presos que andam pelo
jardim. Uns correm atrás dos outros como numa brincadeira de pega-pega.
Outros, assim como eu, preferem o isolamento e ficam por horas sentados e
absortos em seus pensamentos.
Aqui, todos têm seu próprio mundo e vivem dentro dele do seu jeito. O meu
mundo me foi tirado e vou recuperá-lo o mais breve possível. Tenho tudo
planejado. Dessa vez, não serei covarde como no passado, defenderei Sean e o
livrarei daquela mulher perigosa!
Eu o salvarei! Eu mesma cuidarei dela!
Fecho meus olhos e deixo o vento e os raios de sol penetrarem em minha pele.
Está um lindo dia. Um lindo dia...
Por Danielly
Cansaço, eis a palavra. Preciso urgentemente de férias e sei que isso só será
possível daqui a três meses. Ando trabalhando demais e isso tem me esgotado.
Lay voltou ao trabalho há algum tempo e a vida de casada lhe fez muito bem,
sua cara não poderia ser mais feliz.
Max quer marcar a data de nosso casamento, diz que não há motivos para
ficarmos esperando se temos a certeza do nosso amor. Nisso, tenho que
concordar com ele. Nos amamos e desejamos estar um ao lado do outro para
toda a vida. Amo meu gato gostoso!
Ontem à noite, Aidan durante um jantar que parecia ser normal, levantou-se da
mesa, olhou para todos, em especial para Harry e surpreendeu a todos pedindo a
mão de Alexia em casamento. Sean e Sophia não pareciam nada surpresos.
Talvez, já soubessem da novidade.
O sorriso de minha cunhada era de orelha a orelha e a entendo como ninguém.
Alexia conseguiu o amor de Aidan após anos de espera. Ela não desistiu de
acreditar que ele um dia seria seu e relembrando o seu olhar dirigido a ele na
mesa, tive a certeza de que ela se sente completa com o seu amor, assim como
eu.
Para completar a noite de festa, Max segurou minha mão e quando Aidan se
sentou foi a vez de meu noivo pronunciar algumas palavras. Felicitou aos noivos
e deixou claro que após o casamento de sua irmã, ele e eu iremos para o altar.
Agora, sentada em minha mesa e olhando para meu anel de noivado, sorrio
como boba e nem acredito que um mero assalto iria unir Max e eu dessa
maneira. Esse mundo é mesmo cheio de novidades.
Por Alexia
— Sophia, nem adianta! — Ela sorri para mim tentando me convencer do
contrário. — Você combinou comigo que hoje iríamos às compras e agora fica aí
com essa cara de égua empacada! — A olho, contrariada. —Sean está em
Washington e você disse que iria comigo, sua tratante!!
— Isso lá é jeito de tratar sua irmã favorita? Sua cunhada grávida de quase sete
meses?? Quando estiver nessa situação irá lembrar de mim e pensará: Sophia
tinha razão, ela não era uma égua empacada!
— Não me venha com desculpas! Vamos e pronto! E quando Thomas nascer,
terei uma séria conversa com ele! — Aliso sua barriga e para minha alegria o
meu sobrinho se mexe lá dentro! Mal vejo a hora de poder pegá-lo em meus
braços.
— Eu também não vejo a hora! Vou matar o pobrezinho de tanto beijar, apertar,
abraçar! Ser mãe para mim há tempos atrás parecia uma coisa impossível,
Alexia!
— Mas agora é muito possível! Você ficou uma grávida muito bonita!!
— Obrigada. Deve ser porque estou muito feliz! Isso faz a gente parecer mais
bonita do que é.
— Hum, modesta! E não adianta mudar de assunto, se for assim quero falar de
coisas mais interessantes do que sua beleza.
Ela franze a cara, surpresa.
— Que coisas mais interessantes seriam essas?
— A vida sexual de uma gestante! Quero detalhes! — Falo em sinal de deboche.
Sophia é reservada nesse quesito, nunca fala suas intimidades e olha que já tentei
fazê-la falar, sempre brinco com ela e a tiro do sério com esse assunto.
— Se eu lhe mandar para o inferno, você jura que não fica brava comigo?
— Não! Claro que não! Mas, deixe esse assunto para mais tarde, quem sabe uma
outra vez, não é? Vamos? — Pego minha bolsa.
— Alexia, tem certeza? — Sophia se levanta do sofá, sua barriga está enorme e
linda! Penso que logo será a minha vez! Ter um filho de Aidan, mais um sonho
que realizarei! Morro de alegria por dentro só em pensar nisso. — Toda vez que
vou sair, sabe que um arsenal de seguranças me acompanha. Sean não me deixa
sair sozinha! Ele morre de medo de que me aconteça algo! Deixou ordens
expressas a Damon que não me larga nem por um segundo fora dessa casa!
— Sophia, Sean faz isso porque a ama e eu acho lindo a forma como ele cuida
de vocês!
— Não estou me queixando, Alexia! É que, às vezes, sinto saudade de poder ir a
qualquer lugar sem ter homens de preto ao meu lado. Já argumentei com seu
irmão dizendo que sei muito bem me defender.
Sophia só pode estar brincando! Que mulher com uma barriga desse tamanho se
defende de alguém?
— Você só pode estar de brincadeira, não é?
— Foi isso que Sean me disse acompanhado é claro de uma enorme gargalhada!
Só espero que depois do nascimento de Thomas, ele baixe um pouco a guarda.
— Esqueça, minha querida, pois irá piorar! Se esqueceu de que ele vem
trabalhando para chegar à Casa Branca?
— Desisto, então! — ela caminha até uma mesinha ao lado do sofá, pega seu
celular e sua bolsa. — O que não tem remédio, remediado está, não é esse o
ditado?
Sorrio para ela e me levanto, ficando ao seu lado. Estendo minha mão e ela a
segura do seu modo Sophia, apertando-a com força.
— Às compras?
— Às compras!!
— Quero comprar todo o estoque de lingeries para minha lua de mel, estou tão
eufórica! Vou me casar e nem acredito minha cunhada!
— Fico muito feliz por você, Alexia! Desde que lhe conheci naquele banheiro no
baile na Galeria eu me apeguei a você de um jeito que ainda não sabia explicar.
— Eu também me senti muito bem ao seu lado, você me parecia confiável e tão
segura que tive vontade de me aproximar!
Fico emocionada e para disfarçar minha emoção abraço por trás e a arrasto para
a porta principal.
— Mas agora chega de confetes, vamos sair dessa casa, senhora Mackenzie!
— Como quiser, futura senhora Smith!
— Não consigo ouvir esse nome e não me associar à Angelina Jolie!
Sophia solta uma risada alta e acabo sorrindo também.
Saímos para o mundo mulher! O delicioso mundo maravilhoso das compras!!
Por Sophia
Final de semana tinha tudo para ser perfeito. Sean resolveu dispensar o
contingente de seguranças deixando nossa casa com cara de lar e, não de um
quartel ou alguma espécie de embaixada. Acordamos tarde no sábado e o dia
ensolarado e com um céu azul sem nuvens prometia algo muito bom.
Prometia, mas parece que esse sonho de sair para passear ao lado de meu marido
num dia quente de verão terá que ficar para uma outra ocasião. Mal me levantei
da mesa do café e meu celular me avisa que meu programa de sábado terá que
ser adiado: Marcella.
Atendo e Sean permanece ao meu lado, com seu olhar sério, como se fosse um
cão de guarda cuidando de seu dono.
— Alô, Sophia, Marcella. — Ela poderia ficar anos sem falar comigo, jamais
esqueceria essa voz!
— Olá, Marcella, como vai?
— Muito bem, minha querida, cheguei à cidade hoje e gostaria de saber se
poderíamos nos ver. — Faz uma longa pausa. — Quero muito falar com você!
Tapo o celular com a mão e repito a Sean o que acabei de ouvir.
Ergue os ombros como quem diz: Faça como quiser!
E então, passo à ela meu endereço. Ela fica toda agradecida e me diz que em
quinze minutos chegará em casa, irá pegar um táxi. Sean ao perceber que terei
uma visita nada convencional, sai pelo corredor e volta minutos depois com
short branco e uma camisa polo azul marinho. Nas mãos, carrega sua raquete e
uma mochila.
Antes que eu o questione, ele se adianta.
— Vou jogar tênis com meu pai, meu amor. — Seu semblante fica sério. —
Acho que essa conversa terá que ser entre você e sua mãe, não quero parecer um
intruso. Qualquer coisa, me ligue! E logo mais, à noite, sairemos para jantar fora.
Faz tempo que não paparico a minha esposa. — Beija minha boca e roça seu
rosto com a barba por fazer em meu queixo, adoro quando ele faz isso!
— Acho isso muito bom! Adoro ser mimada!
Toca em meu rosto com a ponta de seu dedo e em seguida, caminhamos até ao
hall de entrada que dá acesso à porta principal.
— Se ela disser algo de que não goste, por favor, expulse-a daqui.
Enlaço meus braços em seu pescoço e o tranquilizo.
— Será somente uma conversa, fique tranquilo.
— Não demoro, prometo!
Dou um tapa em sua bunda e ele franze uma suas sobrancelhas.
— Eu amo vocês!
— Também o amo muito!
Entra no carro e sai pelo jardim. Entro e minutos mais tarde, conforme o
esperado, a campainha toca.
Ando apressada até a porta sem saber ao certo o motivo para meu nervosismo.
Acho que a gravidez me deixou muito mais sensível. Abro a porta e por
segundos me vejo na figura dela. Somos muito parecidas fisicamente.
— Entre, Marcella, por favor!
Afasto-me da entrada, dando passagem sua pessoa.
— Obrigada!
Noto que carrega em suas mãos, um pacote embrulhado em um papel azul bebê
envolto por um laço azul escuro.
Fecho a porta e inesperadamente Marcella se aproxima e me abraça de modo
apertado. Um tanto constrangida, ergo meus braços e retribuo o gesto de modo
automático.
Ao se afastar e dirigir seu olhar para mim, Marcella tem os olhos cheios de
lágrimas.
— Obrigada por me receber, Sophia!
— Não precisa agradecer! Vamos nos sentar, por favor?
— Isso é para seu filho, sei que será um menino!
Estende-me o pacote e segurando-o nas mãos, convido-a se sentar.
— Obrigada, Marcella, não precisava ter se incomodado.
A enorme barreira entre nós será difícil de ser derrubada, pois foram anos de um
distanciamento e agora romper esse abismo não é nada fácil.
Abro com todo cuidado o presente e minha alegria é visível ao ver um lindo
ursinho marrom de pelúcia e em seu babador o nome de Thomas bordado à mão.
Fico ali olhando para o primeiro presente que meu filho ganhou.
Como gostaria que minha mãe e eu tivéssemos um outro começo, um novo
rumo.
Dessa vez, quem se emocionou fui eu!
— É lindo! Adorei! Thomas vai adorar também. — Enxugo uma lágrima que
pairava no canto de meu olho. — Aceita um café, um suco ou um copo d’água?
— Não, obrigada, minha querida! O que mais quero é poder falar com você! —
Olha ao redor e pergunta. — Sean onde está?
— Saiu, não deve demorar!
— Ah, sim.
Sentada com as mãos sobre os joelhos, ela começa a falar:
— Sabe o que aprendi em minha vida com o passar do tempo?
— Nem imagino. — Digo.
— Que cada pessoa nasce com um dom, uma aptidão e carrega consigo um
defeito também.
Aonde ela quer chegar com essa conversa? Marcella prossegue.
— Quando você nasceu, sabia que tudo mudaria desde então. Eu era uma garota
ingênua e sonhadora de Indiana e quando percebi que tinha uma grande
responsabilidade em meus braços, me senti apavorada! — lentamente, olha para
mim, buscando algo em meu rosto, porém continuo a encarar sem demonstrar
nenhuma comoção.
— E?
— Tinha um ser totalmente dependente de mim e não sabia como seria dali para
frente. Eu tinha sonhos, Sophia! Queria vencer na vida!
— Digamos então que eu seria um estorvo, um empecilho naquele momento?
— Não! Por favor, não foi isso que eu quis dizer! Como disse anteriormente,
cada um nasce com aptidão e defeitos. Eu deixei que meu defeito sobrepujasse
minha aptidão.
— Isso foi realmente uma pena!
— Há mulheres, Sophia, que nasceram com coragem para enfrentar as mais
difíceis situações e eu, nasci sem essa qualidade! Junte a isso, uma menina pobre
e sem recursos que recebe uma ameaça através de uma carta. Quando me envolvi
com Harry não sabia que ele era casado e muito menos que sua mulher era tão
perigosa. — Enquanto fala, retorce os dedos das mãos nervosamente. — Jamais
imaginei que ela havia me mandado aquela carta e que anos mais tarde mandaria
atear fogo no Saint Clair.
Ela se levanta e anda até a janela. De costas para mim, continua a falar.
— Me diga o que eu poderia fazer para lhe proteger? Estava sendo caçada como
um rato e sabia que era uma questão de tempo para que fôssemos encontradas.
Hoje sei que Harry não sabia de nada, pois quando me deu dinheiro para que eu
a abortasse, fiz com que ele acreditasse que realmente que você não nasceria.
Mesmo sendo ignorante e ingênua, tinha consciência do que uma pessoa
poderosa pode fazer. — Então, ela se vira para mim e seus lábios estão trêmulos.
— Você acha que não sofri ao deixa-la naquele orfanato? Sei que você se
questiona e pensa: Covarde! Marcella foi uma covarde! E não a recrimino,
porém o que uma moça sozinha e sem estudos poderia fazer contra alguém
poderoso que desejava o seu fim e tinha tudo a seu favor para que isso se
realizasse? Quis protege-la, Sophia! E naquela circunstância uma menina sem
sobrenome num orfanato era a única saída pela sua sobrevivência!!
— Imaginava mil coisas naquele orfanato! — estou emocionada, repeti a mim
mesma que não choraria, mas é mais forte do que eu! — Imaginava o dia em que
minha mãe voltaria para me buscar e você nunca apareceu!
— Oh! Sophia! — Caminha até mim e se ajoelha ao meu lado. — Quando
voltei, só encontrei cinzas. Eu ia leva-la comigo! E ao ver somente o que restou
do lugar, tudo morreu!
Pelo menos isso, ela foi me buscar! Seguro meus dedos e os aperto forte.
— Espero que um dia perdoe a minha fraqueza!
— Por que ao me reencontrar anos mais tarde, você demonstrou tanta
insensibilidade? Seu sentimento foi trocado por dinheiro, Marcella! Tem ideia de
como me senti?
Senta-se ao meu lado.
— Por isso estou aqui! Sei o quanto fui egoísta! Sabe, Sophia, a vida dura me
transformou em uma pessoa pior. Quando vi uma foto sua no jornal ao lado de
Sean, seu noivo na época, a primeira coisa que pensei foi em impedir que esse
casamento se realizasse pelo fato de vocês serem irmãos. E, ao vê-la pela
primeira vez, tive a certeza de que, se não a tivesse abandonado naquela noite
fria, você não estaria naquele local e não seria quem é. Sou grata à Angelina e a
Vicenzo e confesso que senti inveja deles por terem seu amor e respeito ,
enquanto eu me mostrei fria e ambiciosa! — sua voz, pela primeira vez, denota
uma emoção verdadeira. — Por um momento, saboreei um pouquinho de
vingança ao tirar dinheiro daquela família! Esse foi meu maior erro e defeito!
Fiquei cega e somente pensei numa possibilidade de uma nova vida mais
confortável. Por favor, sei que a magoei, mas lhe peço, me dê uma nova chance
de lhe mostrar que não sou tão terrível assim! — Ela chora ao dizer cada palavra.
— Me deixe mostrar o quanto estou orgulhosa por vê-la feliz! Por ver que se
tornou mãe!! Você está tão linda, Sophia!! — Alisa meu cabelo. — Quando a
beijei pela última vez naquela noite, fechei os meus olhos e lhe juro, pedi a Deus
que lhe protegesse e cuidasse de cada passo seu!
Soluço de emoção, foram anos esperando respostas. Anos sem saber o que
minha mãe pensava e agora ouvindo tudo, minha alma se sente aliviada.
Ela me puxa para seus braços e me abraça forte e minha reação é abraça-la
também. Nosso primeiro e verdadeiro abraço. Minhas lágrimas molham a sua
blusa verde e as dela escorrem em meu ombro.
Ela me afasta e sorri para mim.
— Saiba que jamais poderei reparar meu erro! Nunca! Mas quero ao menos
saber que não tenho o seu desprezo, quero viver meus dias em paz, Sophia!
Enxugo minhas lágrimas e tento me acalmar.
— Obrigada por me contar tudo e ter sido franca comigo! E não a desprezarei,
pode ficar tranquila, estava muito ferida com a sua volta repentina e todo seu
comportamento comigo. — Respiro fundo, contendo minha emoção. — Todo
mundo comete erros na vida e se reconhecem esse erro têm direito à uma
segunda chance! Talvez nossa relação não seja a mais perfeita e não consigamos
avançar muito, porém demos o primeiro passo nessa sala e me sinto feliz por
isso!
— Obrigada! — Junta minha mão entre as suas. — Muito obrigada! Tenho
orgulho de poder fazer parte de um milésimo de sua vida! Linda, generosa e
muito querida! Você superou a tudo que sonhei! Parabéns!!
— Obrigada.
Ela toca a minha barriga.
— Quando nasce Thomas?
— Começo de outubro! Mal vejo a hora!
— Eu poderei ver o meu neto?
— Claro, Marcella! Um nova chance, lembra? E quero que almoce comigo!
Surpreendo-a com esse convite.
— Não quero incomodar!
— Não será incômodo algum! Faço questão!
— Sendo assim, aceito! Desde que possa ajudar na cozinha! Mas antes gostaria
de lavar meu rosto, devo estar com a cara toda borrada! — Sorri, toda sem jeito.
— Aceito a ajuda! O lavabo é logo ali, depois daquela parede. — Aponto com o
dedo. — Fique à vontade.
Ela caminha em direção ao lavabo e pego meu celular. Quero mandar uma
mensagem a Sean, dizendo que está tudo bem.
Teclo algumas palavras e ao apertar enviar, ouço um clique de um gatilho.
— Dessa vez, não errarei o alvo, Sophia! Sabia que fui campeã no clube de
caça?
Meus olhos não acreditam no que veem. Beatrice, com uma roupa toda
amassada, cabelos desgrenhados e um olhar assustador.
Meu celular vibra, resposta de Sean.
— Não se atreva a se mexer, sua ladra!
Será que ela conhece meu passado?
— Você roubou meu filho! E hoje, vou matá-la com minhas próprias mãos para
que não haja mais enganos!
Grita como louca e meu maior medo é de que a qualquer momento ela puxe esse
gatilho. Meu coração bate tão forte que chega a balançar o tecido de minha
roupa. Tremo inteira!! E agora?? O que vou fazer?!
Por Marcella
Lavo meu rosto e me olho no espelho. Me sinto melhor, como se tivesse
renascido! Todo o peso de anos de covardia saiu de dentro de minha alma que se
debatia gritando por alívio. Consegui ao menos que Sophia me desculpasse por
ter sido tão egoísta!
Enxugo minhas mãos e saio em direção à sala e pelo espelho existente em uma
parede anexa, vejo uma cena que me deixa paralisada.
Beatrice aponta uma arma para Sophia.
Pego meu celular em meu bolso e ligo para a polícia. Explico à atendente a
urgência do caso e lhe digo que se trata da esposa do senador Sean Mackenzie,
nessas horas, tudo faz diferença!
Ela me pede calma e diz que está mandando uma viatura. Em seguida, busco
minha agenda e não encontro o nome de Sean em meus contatos telefônicos, mas
sim o de Harry.
Ligo e ele demora a atender.
— Harry falando! — Atende, ríspido.
— Harry, é Marcella. Não tenho tempo de falar, mas Sophia corre risco de vida!
— O que? Como assim? O que você fez com ela?
— Me escute, por favor, seu imbecil! Beatrice invadiu a casa e mantém um arma
apontada para ela.
— Meu Deus.
Ouço a voz de Sean ao fundo que pega o telefone.
— Marcella, por favor, vá até onde Sophia está e tente ajudá-la a ganhar tempo.
Estou a caminho!
Ele desliga e caminho rapidamente para a sala.
A louca me vê e sorri.
— Ora, matarei dois coelhos numa cajadada só! — Diz ensandecida.
Olho para Sophia e tento fazer-lhe um sinal e então, tento provar à minha filha o
quanto ela é importante para mim...
Desesperado!!
Por Sean
Meu pensamento é um só! Chegar a tempo para salvar minha esposa e meu
filho! Tenso e muito preocupado, tento afastar imagens que me deixam
apreensivo e temeroso ao que possa acontecer a eles.
— Tome cuidado, Sean! Se continuar dirigindo dessa maneira, poderemos sofrer
algum acidente! — Meu pai, sentado no banco do passageiro, me adverte após
me ver passar em um sinal vermelho.
— Preciso impedi-la, papai! O senhor sabe melhor que ninguém o verdadeiro
estado de saúde de Beatrice!! — Viro em alta velocidade e entro na avenida
rumo à minha casa.
— Sim, sei. Quando sugeri sua transferência para uma prisão psiquiátrica achei
que fosse a melhor e mais plausível decisão a ser tomada devido ao progresso de
seu distúrbio. — Solta uma risada amarga. — Que coisa mais bizarra! Me casei
com uma demente e nunca me dei conta disso!
— Nenhum de nós percebeu isso. — Atesto. — Segundo dr. Klaus em nossa
última conversa, o passado traumático desenvolveu em sua mente um amor pelo
irmão que se fora. Ele era a única pessoa a quem ela devotava algum sentimento
e após sua morte, esse sentimento permaneceu latente até o meu nascimento.
Aquele cuidado, o carinho se transformou em algo doentio e ela o transferiu todo
para mim. Em sua visão distorcida e deturpada, sou seu filho e ao mesmo tempo
o irmão que ela tanto amou e que não conseguiu defender.
— Isso é horrível! Sempre admirei o modo como ela o tratava, claro que achava
um tanto exagerado, mas enfim, ela o amava. — Meu pai bate as mãos em seus
joelhos em sinal de impotência. — Nunca soube nada de seu passado, estava tão
apaixonado que nunca procurei conhecer sua história e seus antecedentes. Como
ela chegou a esse ponto? Assassina e louca?
— Os assassinatos não estão veiculados à sua demência, pai! Isso foi o seu lado
ganancioso e maléfico! Detesto admitir, mas minha mãe é um ser humano
desprezível! O seu lado permanecia sob controle até o momento em que ela se
sentiu ameaçada. Quando me interessei por Sophia, Beatrice achou que perderia
minha atenção e meu amor! Ela acha também que minha mulher quer me fazer
mal e só ela poderá me defender de Sophia. Meu medo é de que cheguemos
tarde demais!! Se ela fizer algo contra minha mulher e ao meu filho, não sei qual
será a minha reação!
— Mantenha calma! Tudo ficará bem, meu filho! — Toca meu ombro, tentando
me acalmar.
— Tomara. Sempre disse que por Sophia desceria ao inferno se fosse preciso e,
se Deus estiver me pondo à prova nesse momento, estou pronto para enfrentar o
pior!
Meu pai permanece em silêncio. Viro a rua que dá acesso à minha residência e a
imagem que vejo é parecida com séries de assassinato e filmes de suspense.
Bloquearam a rua e várias viaturas da polícia estão no local. Saio do carro e ergo
a faixa amarela que cerca a rua. Vejo Danielly ao longe gesticulando com os
braços em direção ao jardim. Sinto um pouco de alívio ao saber que ela está no
comando da operação.
Ao me ver, se aproxima e tenta me manter calmo.
— Sean, a casa está toda cercada e temos dois atiradores de elite em suas
posições. Estava aguardando por sua chegada! — Para e, em seguida, justifica
sua presença ali. —Estava em uma ronda de rotina e passava pela região quando
ouvi pelo rádio um chamado que vinha de seu endereço. No mesmo momento,
chamei reforços e vim voando para cá.
— Obrigado, Danielly. Fico grato por tê-la aqui! — Olho tudo ao redor com
muita atenção. — Mas não usaremos atiradores e muitos menos policiais
invadirão minha casa!! — Digo de modo firme à minha futura cunhada.
Dois minutos e uma ambulância com dois enfermeiros acompanhados de Dr.
Klaus chegam no local. O médico que cuida de Beatrice se aproxima e o
colocamos a par da situação. Ele explica que Beatrice é uma psicopata dotada de
inteligência o que a torna ainda mais perigosa.
Dr. Klaus concorda com minha ideia e me orienta como devo proceder ao me
deparar com Beatrice em estado de surto.
Harry permanece ao meu lado e se espanta, Danielly também. Os dois falam
quase ao mesmo tempo.
— Como assim? Pensa em entrar lá sozinho??
— Irei entrar lá e salvar Sophia!
— Enlouqueceu, meu filho?
Danielly espera minha resposta. Ela mantém a mão em seu coldre.
— Sean, pela minha experiência, acredito... — A interrompo.
Nada me fará mudar de ideia, absolutamente nada.
— Se há alguém que pode parar Beatrice esse alguém sou eu! — Bato em meu
peito com uma aflição jamais sentida. — O único que ela ainda ouve e que
mantém algum sentimento. Ela não dará ouvidos a mais ninguém!
— Sean tem razão!! — Ressalta o dr. Klaus mais uma vez.
— Você correrá um enorme risco entrando sozinho, Sean! — Argumenta
Danielly.
— Sei o que estou fazendo e correrei esse risco.
Por Marcella — minutos antes...
O que houve com aquela mulher sofisticada e fria que conheci? O que vejo em
minha frente é o que a loucura fez à ela. Muito magra, com os ossos da face
salientes, olhos lacrimejantes e um brilho carregado de muita ira. Sem contar o
largo uniforme e seus cabelos totalmente sem vida e desalinhados. Uma insana.
Beatrice é a personificação da loucura!!
E nesse instante, mantém uma arma engatilhada para minha filha. Tenho que
tomar uma atitude, pois do contrário, ela irá matar Sophia!!
Ao dirigir meu olhar para minha filha, vejo o medo estampado em seus olhos. O
tecido do seu vestido largo e comprido balança pelo tremor do seu corpo.
— Beatrice, abaixe essa arma por favor! — são as primeiras palavras que me
veem à cabeça! Preciso ganhar tempo até a chegada da polícia e também de meu
genro que está a caminho.
— Cale a boca, sua aprendiz de prostituta! Por sua causa, estou nessa sala
apontando uma arma para o fruto desgraçado de seu relacionamento com meu
marido! Se não fosse por isso, se você não fosse uma prostitutazinha de quinta
categoria, à essa hora teria me poupado de muitos dissabores e um deles era não
ter sua filha imunda infiltrada em minha família e meu filho enfeitiçado por ela.
Beatrice tem a arma apontada de modo firme, noto que sua mão não treme. Ou
seja, mesmo em surto sua frieza é notável!
— Sua filha roubou Sean, o meu filho Sean! — bate forte no peito com a mão
cerrada. — E agora que não me resta mais nada, vou acabar com ela antes que
faça algum mal ao meu filho! — Pronuncia cada palavra com muita calma e um
sorriso irônico e demente nos lábios, sem tirar os olhos de Sophia.
— Beatrice, sei que não temos afinidades e que não gosta de mim, mas quero
que saiba que os sentimentos de Sean por você nunca foram trocados como você
diz! — Sophia argumenta e sua voz já não tem a mesma firmeza de sempre. —
Você sempre teve seu lugar no coração dele!!
— Não adianta, Sophia! Agora suas palavras dissimuladas chegaram ao fim! —
Dá dois passos em direção à minha filha que se mantém no mesmo local.
Onde estaria Sean??
Sem pensar duas vezes, resolvo acabar com essa angústia e pavor. Tento salvar a
vida de minha filha e meu neto. Avanço para cima de Beatrice e a pego de
surpresa, seus olhos se arregalam por segundos e não hesitando, a louca aperta o
gatilho e sinto uma dor muito forte em meu braço esquerdo.
Caio ao chão e gemendo de dor, ouço o grito alarmante de minha filha.
— Marcella!!
A louca presta atenção em cada mínimo movimento nosso e continua a apontar
sua arma para mim e simultaneamente para Sophia. Sinto que será nosso fim.
Essa mulher não sossegará enquanto não ver Sophia sem vida!! Aperto meu
braço para tentar estancar o sangue. A dor que sinto é muito forte e ao tentar me
levantar, Beatrice grita dizendo para que eu não me mexa.
Ela se encontra em um estado tão forte de perturbação que a única coisa que
enxerga em sua frente é Sophia não percebendo quando policiais chegam e
cercam a casa. Suspiro aliviada e rogo para que eles consigam impedir essa
maluca de fazer uma besteira ainda maior.
— Quando digo acabarei com a raça das duas, não estou brincando, Marcella!!
Matarei sua filha!! — Limpa sua boca com o cotovelo e toda sua classe parece
ter sido abandonada. — Quero que presencie o seu fim e depois disso será a sua
vez!! — Sophia olha para mim e, pela sua expressão de alívio, deve ter visto a
chegada dos policiais.
Por Sean
Depois do grave estampido de um tiro, me adianto e caminho para o portão
principal. Um policial com a arma apontada para Beatrice avisa que Marcella foi
atingida de raspão.
Chega! É hora de acabar com isso!
— Sean, aqui está! — Danielly me oferece um colete à prova de balas e uma
arma. Balanço a cabeça em negativa.
— Você não está entendendo, Danielly! No estado em que Beatrice se encontra
se me ver armado, pensará que também a traí e não é isso que quero! Ela tem
que me ver e não um homem tentando defender Sophia! Irei ao seu encontro sem
armas e sem defesas e tirarei Sophia e Marcella de lá.
— Sendo assim, só posso lhe desejar sorte!
— Obrigado.
Abro o portão e a encaro. Meu pai se mantém logo atrás com o olhar apreensivo.
Nesse mesmo instante, o carro de Vicenzo estaciona ao longe e ele desce do
mesmo como um leão em defesa de seu território.
Abro a porta principal e a tensão no ambiente pode ser sentida ao pisar no hall de
entrada. Ando mais alguns passos e Sophia ergue os olhos e me vê. Meus olhos
se iluminam ao ver que ela ainda está viva e sem nenhum arranhão! Tento
tranquiliza-la através de meu olhar e também pedir perdão por fazê-la passar por
isso.
Marcella permanece deitada ao chão com a mão em seu braço sujo de sangue.
Respiro fundo e coloco meu plano em ação.
— Mamãe! — Chamo Beatrice como nos velhos tempos quando ao chegar de
viagem a procurava pela casa antes de qualquer outra coisa.
Ela ouve a minha voz e se vira para olhar para mim.
Está irreconhecível. Não se parece em nada com a mulher com quem convivi.
— Sean! Você chegou? — Me devolve um sorriso quase sem vida.
Caminho devagar porque mesmo desviando os olhos por algum momento em
minha direção ela mantém a arma apontada para Sophia. Mais alguns passos e
fingindo não ver minha esposa, falo somente com Beatrice.
— Sim, acabei de chegar! O que a senhora faz com essa arma? Posso saber?
Ela afasta seu cabelo do rosto e sorri de modo tímido. Nunca tinha visto esse seu
sorriso.
— Vou defender você dessa vez, Sean! Dessa vez, estou preparada e poderemos
viver em paz, você e eu!!
Volta a encarar Sophia que entende aonde quero chegar com meu plano.
— Beatrice, estou deixando essa casa, deixando Sean! Você venceu! — Minha
mulher assume uma voz mais segura. — Ele sempre a amará mais do que a mim!
— Sophia pronuncia essas palavras esperando obter algum resultado positivo.
Porém, a louca em nossa frente insiste na ideia de matar, somente matar. E
assim, não tenho outra alternativa. Quando Beatrice aponta o revólver para a
barriga de Sophia, entro na frente da arma e digo.
— Deixe que ela se vá, mamãe!
— Não! A única maneira dessa mulher desaparecer é morrendo e eu irei matá-la,
meu filho! Saia da frente da arma, por favor! Não quero machucar você. —
Vocifera.
— Se quer realmente matar Sophia, terá que me matar primeiro! E se acaso
matá-la e me deixar vivo, eu a mato e depois me mato também! — Essas
palavras causaram-lhe algum impacto, pois noto que sua reação foi de tristeza e
dor.
Sei que ela não me mataria!
E sem que ela veja, meus dedos alcançam a mão fria de Sophia. Acaricio-a por
alguns segundos e ela aperta meus dedos nervosamente.
— Sabia que você iria me trair também! Eu dediquei toda a minha vida a você,
meu filho e o que recebi em troca? Desprezo! Você me desprezou!! — Grita e
seu berro é ouvido por toda a casa.
Nervoso com toda essa tensão, desvio meu olhar para a janela lateral da sala,
onde um atirador mantém uma arma apontada para Beatrice. Ele espera um sinal
de minha parte para executar sua tarefa. Não quero vê-la morta e só darei o sinal
a ele se não conseguir fazer com que se renda. Tenho outros planos para minha
mãe! E matá-la não me faria sentir-me um herói e muito menos a vítima.
Beatrice somente morrerá em último caso.
— Sean disse para não matar Sophia, mas Bea vai matá-la! — Seu surto parece
incontrolável e ela fala no irmão já morto. — Sean é inocente! Não sabe que ela
enganou a todos com seu jeito! Sean gosta de Sophia — ela bate a mão na
cabeça em total desespero com o passado e presente! Bea vai proteger Sean!
Meu lindo menino!
Solto da mão de Sophia e comovido por ver a mulher em que Beatrice se
transformou, estendo minha mão à ela e uso meu sentimento de compaixão!
— Mamãe! — Minha voz a faz olhar diretamente em meus olhos. — Sei que
você está aí, tenho certeza de que essa mulher à minha frente não é a mesma que
conheço!
Ela toca seu rosto tentando entender o que digo!
Continuo a falar.
— A mulher que me amou sem medidas, que me ensinou tudo o que sei e que
carrego comigo até hoje! A mesma que quando criança brincava comigo e me
preparava o melhor milk shake de chocolate!
Seus olhos se enchem de lágrimas e os meus também.
— Lembra-se disso? Eu me lembro de tudo! Está tudo aqui! — Bato em meu
peito com força. — Tudo o que você fez por mim! — pego em seu rosto e
encaro firme em seus olhos insanos. — A mulher linda e sofisticada em seu robe
de seda branco afagando meu cabelo a noite toda em que eu me encontrava
febril. — Uma lágrima cai de seu rosto passando por minha mão. — E essa
mesma mulher sempre esteve em todos os momentos em que ganhei medalhas e
prêmios e me consolava quando eu não alcançava o meu objetivo. O amor dessa
mulher por mim, toda a sua dedicação, me fizeram o que sou hoje e nada e nem
ninguém vai tirar o lugar dela do meu coração!
— Sean... — Ela se derrama em lágrimas e desce o braço com a arma.
Meus pensamentos vagueiam por um tempo feliz ao lado dela. Tenho muita
mágoa de Beatrice, jamais ela será como antes aos meus olhos, mas quero
guardar dela o melhor que vivemos.
— É essa mulher maravilhosa que amo e não esse monstro que está aí dentro. A
mulher que fazia as melhores panquecas no café da manhã nos meus aniversários
e lambuzava meu nariz com geleia de amora! Eu quero aquela mulher de volta, a
do sorriso largo e elegante! — Minha voz também falha devido à minha emoção.
— A mais linda e sofisticada que já conheci! Beatrice Marie, minha única e
eterna mãe! E se você estiver me ouvindo e me ama de verdade como diz, largue
essa arma agora!
Ouço a arma caindo no chão e ela se atira em meus braços aos soluços. Eu
aperto em meus braços e dou sinal à Marcella para se levantar.
Sophia está em lágrimas e nesse momento gostaria de poder abraça-la, porém
ainda tenho que terminar o que comecei. Olho em seus olhos e movo meus
lábios dizendo um eu te amo silencioso.
Ela retribui da mesma maneira e sorri nervosamente. Espero que esse susto não
prejudique a sua gravidez.
Danielly entra na sala com mais dois enfermeiros e um policial. Eles levam
Marcella para tratar do seu braço ferido. Vicenzo vem logo atrás e dou graças
por isso, pois Sophia sai abraçada a ele.
Beatrice continua agarrada a mim com muita força. E, depois que todos saem, a
faço olhar para mim!
— Você está muito doente e vai me prometer que irá ficar em uma clínica que eu
escolher e fará todo o tratamento até se sentir melhor!
— Vai me mandar para aquela prisão novamente? — Tenta se desvencilhar de
meu abraço. — Não quero! Sean diz que lá não é um lugar bonito!
— Você irá para a mesma clínica, só que em outro setor! Terá cuidados
especiais! Tenho certeza de que Sean vai gostar desse lugar! — Pego seu rosto
magro e triste entre minhas mãos e digo: Prometo que jamais a abandonarei,
mãe!
Dessa vez, ela não fugirá! Terá tratamento intensivo e monitorada 24 horas.
O dr. Klaus chega com mais dois ajudantes e peço mais um minuto antes de
leva-la. Toco mais seu rosto e seus cabelos, afago suas costas e ela faz o mesmo
comigo, toca em meu rosto e enxuga uma lágrima que escorre em minha face.
— Sabia que não havia deixado de me amar! Sabia! — Beija a palma de minha
mão. — Isso ninguém vai tirar de mim! Meu filho querido!
— Eu a amarei sempre e sou grato por tudo o que fez por mim.
Ela se afasta e o médico a leva dali.
Ao sair da casa, na calçada, antes de entrar na ambulância ela me joga um beijo e
diz adeus.
Minha família se encontra toda ali. Alexia e Max presenciam a triste cena de ver
nossa mãe assassina e louca sendo levada para o lugar de onde nunca deveria ter
saído. Danielly cuida de todas as questões burocráticas e em seguida, caminho
até Sophia. Vicenzo a mantém em seus braços.
— Sean!
Ela sai dos braços do seu pai e se joga nos meus!
— Acabou, meu amor! — Beijo seus cabelos e aspiro seu perfume. — Me
perdoe por ter passado por tudo isso! Eu te amo!
— Eu também o amo muito! Senti tanto medo de que... — A silencio com minha
boca. Beijo seus lábios assegurando-a de que nada mais irá nos atingir. Nem me
preocupo com a presença de Vicenzo.
— Somos uma equipe, invencíveis, lembra? — Roço meu nariz no seu. — Que
tal procurarmos seu médico para ver se está tudo bem com o bebê?
— Lembro! Estou bem, Sean! O susto já passou! — Enxuga seu rosto. —
Marcella ficou mais apavorada do que eu, coitada! O médico a levou para o
hospital, estava em estado de choque!
— Sean!
Meu sogro se aproxima e me dá um forte abraço.
— Obrigado por salvar a minha filha! Você demonstrou muita coragem!
Admiro-o ainda mais por isso!
— Não me agradeça, Vicenzo! Amo sua filha e faria tudo outra vez!
Ele sorri e se afasta, nos deixando a sós.
A movimentação se desfaz em frente à nossa casa e então peço à meu pai para
que cuide da imprensa. Não quero ninguém bisbilhotando sobre o que se passou
em nossa residência essa manhã!
Alexia e Max vem e me abraçam antes de irem embora. Minha irmã não
escondeu a sua preocupação com o estado de Sophia.
— Alexia, estou bem, acredite! — Sophia a acalma.
— Se você diz, teimosa! Acredito! Vou para casa e qualquer coisa é só me ligar,
entendeu?
— Sim, cunhada.
[...]
Em nosso quarto, Sophia me conta como foi a conversa com sua mãe e pelo
menos algo bom aconteceu nesse dia terrível. Tomamos um banho, descemos
para a cozinha e preparamos algo para comer.
Vamos esquecer o dia de hoje, tentar apaga-lo de nossas mentes, assim como
apagamos o dia de nossa separação forçada, a tentativa de suicídio de Sophia e
tudo o mais de ruim que se abateu sobre nós.
Por Beatrice
Assim que chego na clínica, peço com muita educação ao dr. Klaus para que me
deixe ligar para uma pessoa.
Ele permite desde que possa permanecer na sala durante a minha conversa. Digo
que sim e ele me entrega o aparelho.
Me sinto leve e diferente.
E continuo a amar meu Sean.
Em dois toques, Alberto atende a minha ligação.
— Alberto, querido, quero que me traga com urgência aquele ursinho que
pertencia à Sean e também aquele pequeno boneco de louça chinesa que pedi
que guardasse. Pode me trazê-lo ainda hoje? — Passo o endereço a ele.
— Sim, Madame! Logo, estarei aí!
Desligo e sorrio ao médico à minha frente.
Ao voltar para minha cela, deito-me na pequena e dura cama e ele se aproxima
afagando meu cabelo.
“Bea vai ficar bem! Cuidarei sempre de você!”
— Você viu, Sean? Meu filho me ama! — Sorrio para meu pequeno irmão. — E
irei deixa-lo em paz! Nunca mais quero vê-lo chorando por minha causa!
“Estou feliz por Bea e vou ficar esperando você em nosso lugar favorito!” — Ele
responde.
Ele me joga um beijo e vai embora.
Momentos mais tarde, levanto-me da cama e uma enfermeira abre a minha cela
trazendo o ursinho e meu boneco chinês.
O primeiro ursinho de Sean. De meu irmão Sean que depois de anos guardado
passou a ser de meu filho Sean.
Abro um compartimento do boneco chinês e o pó ainda está lá.
Sento-me na cama e com lápis e uma folha de papel nas mãos desejo ao meu
amado filho uma nova vida, sem uma mãe perturbada e doente em seu caminho.
Amanhã à essa hora, ele saberá o quanto o amo e o quanto prezo a sua
felicidade! Me afastarei para sempre para deixar que ele e Sophia possam viver
em paz!!
Afinal, meu lindo menino merece...
Nas primeiras linhas, aparecem minhas palavras de amor e devoção eternas
juntamente com inúmeras lágrimas.
Despedida!
Por Sean
Meu sistema nervoso deixou meu corpo muito tenso. Depois que tudo se
acalmou tive a sensação de ter sido atropelado por um trem e cada músculo
permanece muito dolorido. O olhar de insanidade e amor de Beatrice ainda
permanece gravado e se reproduz a todo instante em minha mente me deixando
agoniado.
Deitado em nosso quarto, Sophia dorme ao meu lado e estendo meu braço para
tocá-la. A noite recai no silêncio e por vezes consigo ouvir ao longe, o barulho
de algum automóvel passando pela rua e o vento soprar pelas janelas. De costas
para mim, aliso seu cabelo e respiro completamente aliviado. Ela e Thomas estão
bem! Aconchego meu corpo ao seu e beijo seu cabelo.
Minha Soph! O que dizer da mulher que usou sua coragem e força para ajudar o
marido a lidar com uma mãe em um surto psicótico? Mesmo temendo pelo pior,
se fez forte para me encorajar a prosseguir e com isso, conseguimos juntos
atravessar mais uma barreira em nosso caminho. Somos mesmo invencíveis! Eu
e minha Sophia!
Ela sente meu corpo colado ao seu e nesse instante, enlaça sua mão na minha e a
leva aos seus lábios.
— Está tudo bem agora! Eu o amo muito, tente dormir, Sean!
— Estou tentando!
Ela se vira para mim e espalma sua mão em meu rosto. Seu toque é leve, porém
carregado de carinho. Fecho meus olhos e coloco minha mão sobre a sua e então,
ela comenta.
— Senti muita pena dela! Nem raiva, mágoa ou ódio, somente pena e sei o
quanto tudo isso mexeu com você!
Sinto uma enorme vontade de chorar e me retenho. Não quero deixar minha
mulher preocupada comigo, vou ficar bem! É só uma questão de tempo.
— Você, pela segunda vez, se arriscou para salvar a minha vida! — Com os
olhos e a voz ainda sonolentos, me encara. — Meu anjo lindo, obrigada sempre!
Amamos você, muito!
Sophia leva minha mão até sua barriga e a mantém ali. Meu filho e minha
mulher. As duas pessoas mais importantes para mim e ao olhar em seus olhos
negros repleto de lágrimas, acabo chorando e ela me oferece seus braços.
— Minha vez de oferecer meu colo, meu amor! Já chorei tantas vezes no seu!
Ela me abraça e me aperta forte em seus braços e toda a minha angústia e dor
dão às caras através de minhas lágrimas.
— Por que tinha que ser assim? — Inspiro o ar, tentando me acalmar. — Por que
ela tinha que adoecer a tal ponto? Eu a amava muito e a cada loucura e maldade
sua, meu amor por ela morria junto. Dói muito, Soph!
— Meu amor, entendo você e sei o que está sentindo! Olhe, para mim! — Ela
enxuga meu rosto e continua. — A única coisa verdadeira dessa loucura toda é o
amor que ela sente por você. É tão insano e maior, é algo tão imenso que ela
própria faz questão de se orgulhar do que sente e foi justamente esse amor que
me manteve viva. A mim e nosso bebê!
— Sei disso. — Digo mais calmo. — Espero que a partir de agora, com o
tratamento adequado, ela melhore. Sei que nunca ficará curada, porém pode ficar
melhor!
— Sim, vamos torcer para isso! Agora, tente descansar! Você parece exausto!
Beija de leve minha boca e a seguro pela nuca aprofundando o beijo. Minha
língua invade sua boca e se enrosca na sua e peço através dos seus lábios que ela
me cure, me acalme e ela o faz, me traz de volta ao nosso mundo, me faz
lembrar como sou parte dela e como ela pertence a mim. Ao me afastar, as más
lembranças vão, aos poucos, me abandonando e agarrado à mulher que me ama
mais do que tudo, adormeço.
Acabo dormindo mais do que devia, ao olhar no relógio constato que se passam
das dez da manhã. O travesseiro de Sophia se encontra vazio e então caminho
para o banheiro. Depois de um banho, coloco uma calca de agasalho e desço à
procura de minha esposa.
Usando uma roupa larga, e cabelos presos, ela permanece de costas e sente a
minha presença enquanto prepara o nosso café da manhã, encostada no balcão da
cozinha.
— Dormiu bem, meu amor?
Abraço-a por trás e beijo seu pescoço.
— Sim, dormi muito bem, bom dia!. — Corro minha boca em sua orelha, no
mesmo instante que minhas mãos invadem sua blusa tocando seus seios e
deixando seus mamilos entumecidos sob minhas mãos. Ela geme e pende ainda
mais seu pescoço para que minha boca explore cada pedaço de sua pele quente e
macia. Basta tocar em seu corpo e a resposta é minha mulher louca para ser
tocada e amada por mim.
— Bom dia! — Sua pele doce e macia instiga ainda mais o meu desejo.
— Hum, percebi, acordou muito bem-disposto, Sr. Mackenzie!
— Não imagina o quanto, minha esposa!
— Nunca fui boa em imaginar, sabia? Prefiro pagar para ver! — Remexe seus
quadris me provocando ainda mais.
— Somos dois!
Viro seu corpo e cubro sua boca com a minha. Mas, quando subo minhas mãos
por sua coxa para acariciar seu sexo, somos interrompidos pelo som do meu
celular que quebra o nosso clima de romance.
Atendo e a voz de dr. Klaus me faz ficar tenso. O que pode ter ocorrido dessa
vez?
E, ele com toda a sua calma inata e sua vasta experiência adquirida através dos
anos me relata que minha mãe após ter tomado seu café da manhã foi encontrada
morta em sua cela.
Motivo da morte: suicídio.
Sophia percebe minha consternação e segura meu braço me encarando e
tentando descobrir o que está acontecendo.
— Avisou a Harry? — Ele diz que sim e que deseja falar comigo pessoalmente.
— Está bem, eu o aguardo, doutor!
Ele desliga e permaneço estático sem conseguir dizer nenhuma palavra.
— Sean, meu amor, o que houve? Você está tão pálido!!
Aquele adeus antes de entrar na ambulância, ela estava se despedindo de mim!
Como não percebi isso? Seus olhos... o seu sorriso...
— Sean!
— Minha mãe se matou, Soph!
— Ah, meu Deus! — Com a mão tapa sua boca e vejo que minha esposa
também não desejava esse fim para Beatrice. — Como?
— O dr. Klaus vem pessoalmente falar comigo, ela deixou uma carta para mim
juntamente com um ursinho que eu brincava quando criança. Segundo ele, ela se
envenenou!
Com certeza, o mesmo veneno que matou Leon!
— Vou me trocar para espera-lo!
Sophia me acompanha até o quarto e um misto de emoções conflitantes se
apossam de mim. Dor, tristeza, raiva e arrependimento por não ter prestado
atenção em Beatrice. Ela sempre foi doente e de alguma forma conseguiu
esconder isso de todos até algum tempo atrás.
Harry me liga e sinto o pesar em sua voz. Mesmo que tudo tenha caminhado
para uma relação de ódio e ambição, meu pai tem um bom coração e não
desejava esse fim para a mãe de seus filhos. Ele também me conta que ligou para
Joseph que permaneceu em silêncio ao receber a triste notícia. Ele a amava!
Deve ter ficado muito abalado! Alexia está inconsolável e Aidan a levou para
seu apartamento. Max também ficou abalado. Afinal, ninguém imaginava que
ela tomaria uma atitude como essa.
Troco de roupa e espero o doutor chegar. Momentos depois, a campainha toca e
ele adentra a sala principal com uma sacola nas mãos. Ali estão alguns dos
objetos de minha mãe. Sua vida se resumiu em tão pouco. Convido o dr. Klaus
para que venha até meu escritório. Acatando contra vontade um pedido meu,
Sophia sai e me deixa a sós com o médico que cuidou de minha mãe até o seu
trágico fim. Quero falar com ele e não quero que Sophia se abale ainda mais. Ela
não diz, porém sei que seu sistema nervoso foi abalado e com razão. Depois,
contarei tudo a ela minimizando os danos, é claro.
— Primeiramente, meus pêsames e gostaria de lhe dizer que jamais
imaginávamos que Beatrice fosse cometer um ato tão drástico dessa forma.
Diz dr. Klaus ao se sentar em uma cadeira em frente à minha mesa.
— Acho que ninguém imaginava uma coisa assim! Quando falei com ela ontem,
acreditei que ela fosse levar o seu tratamento a sério. — Cruzo as mãos sobre a
mesa. — Como o veneno chegou até suas mãos? Ela teve a ajuda de alguém? —
Pergunto.
— A única pessoa que esteve com ela foi o seu antigo mordomo. Os dois se
falaram em minha frente. Não havia nada errado na conversa. Ele trouxe alguns
objetos que ela havia pedido a ele e meus funcionários revistaram as peças e não
encontraram nada que pudesse causar algum dano. Ela nos enganou direitinho. O
veneno se encontrava em um compartimento imperceptível e assim quando a
encontramos sem vida, encontramos também o boneco de louça em vários cacos
pelo chão. O erro foi totalmente nosso, Sean! Eu sinto muito e estou sem
palavras para justificar tamanho descuido!
Sinto que ele realmente fala com sinceridade.
— Entendi, doutor. Não precisa se desculpar! Beatrice era muito ardilosa e se
pretendia cometer o suicídio, arrumaria uma maneira para executar o seu plano.
Isso era somente uma questão de tempo. Agora, não há mais nada que possamos
fazer! — O profissional em minha frente fica mais aliviado. Seu medo era de
que eu ou mesmo minha família resolvêssemos abrir algum processo contra a
sua clínica.
— Ela se mostrou adepta demais ao tratamento, aceitou tudo sem questionar e
então...
O interrompo.
— Agora, o que nos resta é aceitar e tentar apagar essa triste página de nossa
família. Sei também que o senhor faria tudo o que estivesse em seu alcance para
que essa morte fosse evitada. O fato é que ela se foi e não há nada que possamos
fazer para mudar isso!
— Sim, é verdade! — Ele estende a sacola para mim. — Aqui estão os objetos
pessoais que ela mantinha.
— Obrigado. — Seguro a sacola em minhas mãos sem abri-la. — Se me der
licença, dr. Klaus, gostaria de ficar a sós!
— Perfeitamente, Sean. Estou de saída e qualquer coisa que precise, é só me
ligar!
Ele se retira e então abro a sacola de papel e com cuidado, tiro de lá cada objeto.
Um livro de contos ingleses, um pequeno álbum de fotos, meu ursinho e um
envelope lacrado e endereçado a mim.
No álbum, alguns dos nossos momentos em família. Em todas elas, o olhar de
Beatrice é exclusivamente direcionado a mim.
Sophia bate à porta.
— Sean?
— Entre.
Ela me olha preocupada e sorrio para ela tentando tranquilizá-la.
— Está tudo bem? — Seus olhos recaem sobre o envelope em minhas mãos.
— Está sim, meu amor! Sente-se aqui! — Arrasto uma cadeira para que Sophia
se sente ao meu lado.
Ela se senta e encosto minha testa na sua.
— Tem certeza de que quer ler essa carta?
— Tenho.
— Quer ficar sozinho?
Seguro forte a sua mão, mantendo ali, sob a minha.
— Não, quero que fique comigo. — Peço com uma dor subtendida em meu
peito.
Abro o envelope e retiro de lá de dentro o papel cuidadosamente dobrado por
Beatrice e é como se seu a visse momentos antes escrevendo essa carta. Consigo
visualizar sua mão esquerda segurando a caneta e com a escrita e caligrafia
perfeitas tentando passar todo seu sentimento. Ela como sempre, só pensou em
mim. Chego a me sentir desconfortável com esse seu comportamento e me
pergunto se ela fosse uma mulher normal, será que me trataria de uma forma
exclusiva aos demais filhos?
Sophia se deita em meu ombro e começo a ler em voz alta.
“Meu amado Sean
Desculpe-me se através dessas linhas não conseguir transmitir de maneira
correta tudo o que sinto. Essas últimas palavras serão para mim uma espécie de
libertação ou até mesmo uma condenação, mas conhecendo um pouco do seu
caráter sei que não me julgará e tentará entender de alguma forma como tudo
se passou.
Como você já deve saber, tive um passado forte cercado por fantasmas
incomuns. Sim, eles não eram parte de um sonho ruim como os seus pesadelos
infantis, onde várias vezes me deitava em sua cama e ordenava que esses
fantasminhas da sua infância fossem embora. Os meus eram reais e me
acompanharam desde sempre.
Saiba que mesmo parecendo um monstro louco e abominável, eu o amei.
Quando perdi meu irmão de modo tão bruto e repentino, jurei a mim mesma e ao
próprio Deus que jamais me apegaria a alguém e amaria novamente de modo
tão intenso. E quando você nasceu e o puseram em meu colo pela primeira vez,
aquele sentimento avassalador chegou novamente de forma muito violenta e,
sem pedir licença tomou meu peito de modo febril. Mesmo pequeno e frágil
segurou meu polegar com tamanha força e a partir daquele momento eu tinha
Sean novamente comigo. Tinha alguém para amar e cuidar e jurei tocando seu
lindo rostinho que dessa vez ninguém faria mal a quem amava.
Há uma passagem bíblica que diz que uma árvore má não dá bons frutos. Eu
discordo. Você é a prova viva dessa discordância. Foi a criança, adolescente e
adulto mais generoso que conheci. Nunca me decepcionou e será sempre o meu
exemplo. Você sempre me mostrou o melhor em tudo, o mais educado, meigo,
compreensivo e o que mais me deu orgulho em tudo o que fez. Seu coração é tão
grande, meu filho, que mesmo descobrindo ter uma mãe desequilibrada e má
não me expulsou de dentro dele e pude sentir assim, que posso fazer algo de que
você se orgulhe!”
Engulo seco e solto uma bufada para poder prosseguir.
“Sei que nunca irei mudar! Tenho ciência de minha situação e sendo assim, não
quero viver a base de medicamentos que somente me entorpeceriam, porém não
me curariam. Gostaria de viver em paz, como toda pessoa normal, ser o meu
melhor eu! Aquela que brincava na areia da praia e lhe fazia castelos enormes.
A que ajeitava sua gravata todas as manhãs! Ser uma mãe dedicada sim, mas
não tornar isso uma obsessão! Era isso o que eu realmente queria!
Ou você acha que me orgulho do que sinto?
Não, eu não me orgulho.
E quando você se apaixonou por Sophia eu a vi como uma inimiga e não a
mulher que lhe faria feliz. Nesse momento de lucidez tenho plena certeza de que
você fez a escolha certa, mas e daqui a um minuto? Posso estar odiando sua
mulher e desejando vê-la bem longe de você. Esse é o meu problema, uma mãe
normal nunca acha que a nora é perfeita para seu filho, porém, no meu caso a
coisa é ainda pior. Minha nora seria um alvo, alguém a ser eliminado. Um
perigo para mim, a mulher que dividiria o seu amor que achava ser somente
meu!
Resumindo, sou uma mulher ambiciosa, arrogante, egoísta, soberba e psicótica.
Não quero que tenha pena de mim, nunca! Minha doença não justifica tudo o
que fiz. E como acredito em Justiça Divina, sei exatamente o que me aguarda.
E então, para que meu filho possa viver em paz com sua esposa e agora também
com meu neto, tomei uma decisão. Eu o deixarei em paz!”
Não consigo continuar e com os olhos em lágrimas entrego a carta à Sophia.
— Por favor, continue!
Pega o papel de minhas mãos e com a voz embargada continua a ler.
“Muitos me criticarão, até mesmo você! Mas não importa! Essa vida me
pertence e cabe a mim decidir o que fazer com ela. Por um amor que poucos
entenderiam, eu me despeço e levarei comigo eternamente o seu sorriso de
menino! Meu lindo e amado Sean.
Como um lobo em pele de cordeiro , como o joio entre o trigo que deve ser
arrancado e jogado ao fogo, sou o mal que deve ser cortado pela raiz porque do
contrário, poderei perder aquele lugarzinho que você me guarda em seu coração
e, se acaso isso acontecesse aí sim, minha alma estaria morta.
Agora é hora de ir. Vou em paz porque sei que está em boas mãos. Sei que
Sophia cuidará muito bem de você e também dos filhos que venham a ter. Diga à
ela que sempre a achei linda e no dia em que me desafiou em um almoço, mesmo
com raiva, tive que admitir que ela era alguém de muita coragem. A mulher
perfeita para alguém como você!
Sou muito orgulhosa, todavia por amor a você dispo desse orgulho e peço
perdão à Sophia. Perdão por querer sua morte sem pensar nas consequências
que isso nos levariam. Perdão por ofende-la e deixar que pensasse que ela era
sua irmã.
Sei que ficará bem e eu irei em paz, pois Sean me espera sorrindo. Iremos
brincar de esconder como sempre fazíamos e agora livres, pois o porco imundo
não pode mais nos encontrar. Cuidarei dele e ele de mim! Sem choro, sem
mágoas e sem loucuras!
E onde eu estiver, baterei palmas e sentirei mais orgulho ao vê-lo como
presidente desse país!
Ps.: Esse ursinho é seu. Foi de Sean e ele quer que ele permaneça com você! Foi
a única lembrança que consegui guardar dele. O resto, aquele porco imundo
jogou fora e só não o fez com Marlie porque eu o escondi. Marlie é como você o
chamava, lembra? E agora, ele fica aos seus cuidados! Espero que cuide bem
dele!
Eu o amei, amo e o amarei pelo resto da eternidade. Do meu jeito, é verdade,
mas amei. Isso é indiscutível! Morreria por você um milhão de vezes!
Adeus!!
Beatrice Marie Mackenzie”
Sophia enxuga as lágrimas do rosto com as mãos trêmulas e olha para mim. Lê o
último parágrafo e me abraça em soluços.
“Diga a Max e à Alexia que os amei à minha maneira e que se não soube dividir
o amor entre vocês é porque fui uma tola! Gostaria que tudo fosse escrito de
outra forma com uma história com um final menos trágico.
Teria outra vida e faria todos que estivessem ao meu redor muito mais felizes. E
não conte a ninguém, isso é um segredo nosso: Você sempre será o meu
preferido!! "
Abraço Sophia e não consigo dizer mais nada. Choro sem parar e ela somente
me abraça me permitindo extravasar tudo o que ainda restava de dor e tristeza
dentro de mim.
[...]
O corpo de Beatrice foi velado em uma cerimônia fechada somente para os
familiares. Joseph me abraçou e em seus olhos não poderiam haver mais tristeza.
E numa tarde de sol sem nuvens, me despeço de Beatrice, a mulher do sorriso e
andar elegantes que deixa essa existência louca e incompreendida. Deposito uma
rosa branca em seu corpo e meus irmãos repetem meu gesto. Através dos meus
óculos escuros vejo o caixão entrar na urna do crematório.
A pedido da própria Beatrice suas cinzas foram jogadas no jardim da Mansão
Mackenzie.
Que sua alma descanse em paz!
Casamento de Alexia
Por Sophia
Depois de tantos acontecimentos ruins, nada mais justo para todos que as coisas
tomem um rumo diferente. A morte de Beatrice deixou em cada um sua
impressão e também uma marca. Todos, sem exceção, em nenhum momento,
discordaram que ela em seu estado mais perturbado não perdeu sua
personalidade, não negando a sua condição mental e também suas mais terríveis
maldades.
Um mulher dissimulada com uma franqueza espantosa.
Essa foi Beatrice Mackenzie.
Sean se mostrou mais forte do que imaginávamos. Permaneceu alguns dias um
tanto cabisbaixo e calado e, é claro que respeitei a sua dor, o seu momento, mas
aos poucos, ele voltou a ser o meu Sean, o marido mais que devotado, o futuro
pai amoroso, o homem que tanto amo e admiro.
Marcella e eu mantemos um relacionamento saudável desde aquele fatídico dia.
Tenho conhecimento de quanto ela errou, porém quase perdeu sua vida para me
mostrar o quanto se arrependeu se colocando em minha defesa perante a arma de
Beatrice. Me deu a prova de que tenho muita importância para ela, isso não
posso negar e seria ingrata se o fizesse. Balanço a cabeça e repito comigo: Águas
passadas! Agora, outros tempos!
Passados alguns dias, a rotina de todos voltou ao normal e com o casamento de
Alexia deixamos as tristezas e renascemos para um novo futuro. A organização
do casamento de minha cunhada-irmã tem nos mantido muito ocupadas. Ela
escolheu um casamento no campo e isso está me deixando de cabelos em pé por
dois motivos. De um lado, sou seu braço direito para que tudo saia perfeito,
afinal ela me ajudou e muito quando me casei e do outro lado, tenho um marido
que pega no meu pé alegando que ando me esforçando demais. Sarah também
nos auxilia com sua experiência e finalmente conseguimos deixar tudo como
Lexi sonhou.
Completei sete meses e meio de gestação e somente algumas semanas me
separam do meu filho que esperamos com tanta ansiedade. Seu quarto o espera
todo decorado em vários tons de azul e Sean parecendo um garoto anda
comprando carrinhos em miniaturas para completar a decoração.
Thomas é esperado por todos.
Ele terá uma mãe e um pai e será muito amado pelos tios e disputado pelos avós.
Sim, disputado. Harry e Vicenzo chegam a brigar muitas vezes, discutindo antes
mesmo de Thomas nascer quem ensinará mais coisas ao menino. Sean e eu
achamos graça nisso tudo e nos lembramos que nosso filho é um sortudo, pois
terá um terceiro avô, Joseph. Faremos questão do convívio do pai biológico de
Sean com nosso filho.
E agora em frente ao espelho, retoco minha maquiagem e ouço a voz de Sean me
dizendo que chegaremos atrasados à cerimônia. Portanto, pego minha echarpe e
me encaminho ao encontro de meu marido. Ao me ver, seus olhos sorriem para
mim e como sempre esse pequeno gesto me deixa com a mesma sensação de
felicidade extrema.
— Vamos, Soph! Somos os padrinhos e não podemos chegar atrasados! — Olha
em seu relógio para depois segurar em meu antebraço e me acariciar com seus
dedos. — Mais linda a cada dia que passa! — beija meu pescoço e seu perfume
penetra minhas narinas e incita meu cérebro a relembrar desse cheiro em todo
meu corpo quando nos amamos.
Toco seu nariz com ponta dos meus dedos e o provoco.
— Mentiroso! — Digo, sorrindo.
Ele fecha a cara e rebate.
— Sra. Mackenzie, sabe muito bem que não costumo mentir! — Beija de leve
meus lábios e continua a me provocar com o roçar de sua boca na minha. —
Você está cada dia mais linda e é assim que meus olhos a veem e a verão
sempre! Eu a amo, Sophia! — rodeia seus braços em meu corpo e em resposta,
enlaço meus braços em seu pescoço.
Quem diria que aquele cara mais arrogante e mulherengo se tornaria um homem
extremamente apaixonado e romântico e o que é melhor, fiel?
— Eu o amo, muito, Sean! — encosto minha testa na sua no mesmo instante que
suas mãos sobem e descem pela minha coluna espalhando arrepios por toda a
minha pele. — Mas sugiro que vá a um oftalmologista e comece a usar óculos,
meu marido não anda enxergando bem!
Arqueia sua sobrancelha e entorta sua boca contrariado. Se ele soubesse como
fica lindo assim... Enche o peito de ar fazendo graça e completa:
— E eu sugiro que você pare com essa conversa, antes que eu a pegue em meu
colo e a leve para a nossa cama. Tenho certeza de que lá a farei mudar todo seu
conceito sobre minha opinião. Minha boca, minhas mãos e todo meu corpo são
muito persuasivos, pense bem!
— É realmente uma pena estarmos atrasados! — Mordo seu queixo de leve e ele
geme de imediato, adoro saber que ele me deseja e se excita com um simples
toque meu em seu corpo. Até mesmo através de meu olhar consigo deixa-lo com
desejo e isso me faz sentir a mulher muito amada e desejada ao extremo, até
mesmo com parecendo um pote de barro com um vestido de alta costura.
Mais uma vez, confere as horas em seu relógio.
— Não ficaremos nesse casamento para sempre, lembre-se disso, meu amor!!
— Sendo assim, espero ansiosa para ver de perto o seu poder de persuasão,
Excelência!
— Sempre me desafiando, não é, Sra. Mackenzie? — Pisca para mim.
— Sempre!!
— Adoro desafios!
— Já sabia disso!
Estende sua mão para mim e segura firme em meus dedos.
— O meu maior desafio foi ter a mulher por quem me apaixonei perdidamente
ao meu lado e mais ainda, ter o seu amor para mim foi minha maior gratificação!
Será que Sean não imagina que guardei minhas lágrimas para o casamento? Quer
me ver chorando antes mesmo de chegar até lá?
— Assim, você me quebra em mil pedaços!
Pisca para mim.
— Não se preocupe, eu faço questão de juntar e colar cada pedacinho depois!
Agora, vamos!
— Vamos!!
Saímos de mãos dadas e Austin nos espera com um sorriso discreto.
No caminho, olho para o céu azul acompanhado de lindas nuvens e agradeço ao
tempo, muitas vezes apontado como um inimigo. Engano nosso, o tempo é sábio
e tem suas razões e métodos para lidar com qualquer que seja a situação. Coisas
ruins são jogadas ao longe para que possamos seguir em frente e as boas ele
guarda para que sempre acreditemos na felicidade.
Extremamente feliz ao lado de meu marido, agradeço ao irmão Tempo tudo o
que ele tem feito por mim.
Por Alexia
Decidi por um casamento mais simples. Uma cerimônia em uma casa de campo
cercada de poucos convidados e os familiares. Um casamento ao ar livre com
muitas flores do campo, as minhas prediletas. A celebração será feita por um juiz
de paz e a seguir, uma recepção com direito à muita alegria para que todos
compartilhem de nossa felicidade.
Optei por algo mais íntimo, pois mesmo que ninguém toque no nome de minha
mãe, ao olhar para cada canto ou objeto da mansão tudo se remete a ela. Seu
toque está em todos os lugares. Harry e Claire, em breve, irão se casar somente
no civil e tenho a impressão de que eles não continuarão a viver nessa casa. Com
certeza, eu faria o mesmo.
O maquiador termina seu trabalho juntamente com o cabeleireiro. E assim, só
falta colocar meu vestido de noiva. Alguns instantes depois, já vestida, meu pai
bate à porta do quarto e pede licença para entrar.
Ao me ver de noiva, seus olhos acompanhados de suas rugas que lhe dão um
charme à parte brilham para mim e me remeto à minha infância quando me
apresentava na escola e ele sempre estava lá, no primeiro banco, me olhando
como se eu fosse a menina mais linda do mundo.
— Minha menina está linda! — Segura minhas mãos e sinto seus dedos
tremendo de emoção. — A noiva mais linda do mundo!
— Obrigada, papai!
Pigarreia e sei que tem algo a dizer, ele sempre age da mesma forma, quando
quer dizer algo.
— Obrigada a você por ter sido essa filha tão querida e tão amada. Sei que
tivemos muitos percalços e que muitas vezes não a compreendi e deixei que se
afastasse de mim. Mas, sempre você foi a minha menina levada e carinhosa.
Desculpe-me por, no passado, ter ofuscado seu brilho e a deixado na sombra.
Você nasceu para brilhar, como agora, ser feliz ao extremo e para todo sempre,
tenho muito orgulho de ser seu pai!
Seguro minhas lágrimas, pois quando ele se refere aos "percalços", quer retratar
de alguma forma a sua ausência quando me envolvi nas drogas e no álcool para
me sentir alguém.
— Obrigada a você, meu pai, meu herói! Eu sempre o amei e agora não quero
mais falar em coisas que nos tragam tristezas. Hoje é o dia mais feliz da minha
vida! — Olho para a janela e o vento balança as folhas de um grande carvalho ao
lado da casa que alugamos para a cerimônia. — Está vendo aquelas folhas
arrastadas pelo vento?
— Sim, estou. — Olha para onde aponto com meus dedos e em seguida, seu
olhar se volta para mim.
— Pois é assim que vejo as coisas ruins. Elas se vão com o vento e atrás delas,
outras melhores virão! Vamos?
Estendo meu braço a ele e nesse instante, Sophia adentra no quarto.
Seu olhar de alegria ao me ver de noiva é inebriante. Eu adoro essa minha irmã
que virou minha cunhada, ou melhor, minha cunhada que virou minha irmã. Não
importa! O fato é que nos unimos tanto que ela me deu a alegria de junto com
Lorenzo batizar Thomas. Serei sua tia-madrinha e mal vejo a hora dele nascer.
— Você está linda, Lexi!
Meu pai se afasta, mas posso ver a seu sorriso por presenciar a nossa alegria.
— Obrigada, Sophia!
— Aidan já roeu todas as unhas das mãos e acho melhor a senhorita se apressar
antes que ele tire os sapatos para roer a dos pés. — Brinca. — O juiz de paz já
está presente. Melhor irem andando! — Olha para mim e para Harry.
— Sophia tem razão. Vamos, minhas filhas!
Harry estende seus braços e nos aconchega em seu corpo. Beija o rosto de
Sophia e depois o meu.
Eles tiveram uma conversa onde Harry fez questão de frisar à Sophia que mesmo
não tendo o amor que ela dispensa a Vicenzo, ele quer fazer parte de sua vida e
que depois que ela perdoou Marcella e a aceitou como mãe, gostaria que ela com
seu coração imenso também o aceitasse como pai. Ainda completou, segundo o
que Sophia mesma me contou, que ele fiou muito feliz pois não é todo dia que
alguém se torna avô ao quadrado.
— Vamos, papai! — Dizemos juntas.
Sophia apressa seus passos e vai se juntar a Sean. Danielly e Max também serão
meus padrinhos e logo teremos mais um casamento na família.
Ao som da marcha nupcial e de braços dados com meu pai, ando pelo corredor
com um sorriso e olhos lacrimejantes de felicidade. Mesmo que evite, não
consigo deixar de pensar em tudo o que vivi para chegar até aqui. Fui uma
adolescente invisível e problemática, uma usuária de drogas e depressiva; que
num belo dia, resolveu voltar a viver e lutar pelo único homem que tinha espaço
dentro do meu coração: Aidan!
E a cada passo em direção a ele, penso na nossa trajetória e me sinto realizada.
Consegui vencer como pessoa, como filha e como mulher. Amo esse homem e
lutaria até o fim dos meus dias para ver o lindo sorriso que ele acaba de me
lançar ao cruzar seus olhos com os meus.
Seus pais me olham e sorriem e sei que sempre torceram para me verem ao lado
de seu filho.
O juiz de paz faz uma linda cerimônia e depois de trocarmos as alianças, meus
olhos a veem. Sophia sorri e me entende. Sabe o que sinto nesse momento, pois
ela se tornou para mim um espelho. Ela é forte e completa. E foi essa força que
me atraiu quando a vi no baile de máscaras. Generosa, dividiu essa mesma força
a mim e a todos que a rodeiam. Jogo um beijo a ela e vejo quando limpa uma
lágrima que cai e como se fôssemos siamesas, faço o mesmo ao vê-la jogando
outro beijo a mim.
Terminada a cerimônia, recebo de Max aquele abraço apertado e sua velha mania
de me erguer como se eu ainda fosse uma criança. Atrás dele, vem meu segundo
herói: Sean!
Ele me abraça e me beija forte nas bochechas e olhando para Aidan ao meu lado,
conclui:
— Está muito bem avisado, meu amigo! Sem devolução e muito menos danos na
mercadoria. — Brinca com Aidan, batendo em seu ombro.
— Hey! — Digo, fingindo indignação. — Virei mercadoria agora?
Sean morde o canto da boca e Aidan responde.
— Sim, você é como uma peça rara, meu amor e meus cunhados aqui presentes
podem ficar tranquilos, pois serei muito cuidadoso com essa mercadoria que
tanto amo!
Sophia e Danielly riem com a cara que Aidan faz ao dizer isso.
Mais tarde, sentados na mesa dos noivos, meu agora marido se levanta e ergue
sua taça em sinal de brinde. Pede atenção de todos e começa a falar.
— Quero agradecer e dizer a todos presentes que hoje é um dia muito especial
para mim. Não o mais importante, pois este seria o dia em que me dei conta do
quanto essa mulher sentada ao meu lado era importante em minha vida. Nunca
me imaginei apaixonado e muito menos pensava em me casar, essa era uma
ideia das mais remotas possíveis. Quando tudo caminhava bem, ou eu achava
que caminha bem, ela apareceu. Alexia! Jamais imaginei conhecer a mulher
extraordinária em que ela se transformou, pois quando a olhava, a via somente
como irmã de meu melhor amigo e com isso demorei a enxergar que essa mesma
mulher sentia algo por mim. Bagunçando minha cabeça, me fez deixar meu
orgulho de conquistador barato para me transformar em um homem que
necessitava de alguém e esse alguém seria exclusivamente ela.
Ele se vira para mim e sorri.
— Alexia, eu a amo como nunca e jamais sonhei amar uma mulher. Você me
completa e me faz sentir completo ao seu lado. Que o dia de hoje seja
eternamente gravado em nossa memória e ao seu lado irei, a cada dia, construir
uma vida repleta de felicidade e amor.
Eu te amo, Lexi!
Ele se vira para mim e sorri.
Não preciso dizer que minha maquiagem a essa hora foi pelos ares. Todos
aplaudem o seu discurso e muitos esperam que eu diga algumas palavras, mas
não consigo. Sou boa com palavras no papel e em se tratando de emoções fortes,
eu travo e com isso, a única coisa que consigo fazer é me levantar e beijá-lo
dizendo o quanto o amo.
Momentos depois, cortamos o bolo e chega a hora de jogar o buquê.
Para a minha surpresa, Patrícia é quem o agarra e joga-me um beijo, sorrindo
como uma boba.
Espero que Richard tome logo uma decisão! Arraste essa minha amiga doida
para o altar.
Ela me abraça e me deseja muitas felicidades. Sei que é mais que sincero vindo
de Paty.
Saímos da festa um pouco antes que acabe. Aidan quer chegar ao aeroporto para
pegarmos o nosso voo para nossa tão sonhada lua de mel em Roma.
Dentro da limusine, ele me segura pela cintura e seu rosto fica próximo ao meu.
— Enfim, casados! — Ele diz.
— Enfim, casados! Agora sou a sra. Smith! — Estico minha mão esquerda e a
aliança reluz em meu dedo.
— Agora, sra. Smith, temos muitas cenas de seu livro para pormos em prática.
— Sua língua macia invade minha boca. — Espero que tenha guardado muita
energia para cada uma delas, pois sei que são várias!
— Meu amor, não só tenho energia para essas como podemos criar muitas
outras!
Solto um grito de euforia quando me deita no banco da limusine e beija meu
pescoço.
— Sabia que não iria me decepcionar com minha autora favorita!
Thomas, apressadinho!
Por Alexia
Chegamos em Roma às três da manhã, hora local. Aidan e eu estamos no fuso
horário de Nova Iorque, ou seja, dez horas da noite. Pegamos um táxi ao sairmos
do aeroporto e fomos direto para o Hotel Éden.
Estive em Roma há quatro anos, claro que não estou comparando uma viagem
com amigos com minha lua de mel, isso seria inadmissível para uma mulher que
está apaixonada. Agora, tudo se torna mais bonito e o que era antes opaco e sem
vida ganha cor e enche meus olhos de admiração.
Essa cidade eclética continua imponente e contemporânea como sempre e dentro
do automóvel, Aidan segura todo o tempo em minha mão. Ao passarmos por
uma avenida próxima ao Coliseu não deixamos de vislumbrar sua magnífica
arquitetura e o legado de todo o seu poderio romano que se estendeu por toda a
Europa. Ele continua ali há mais de dois milênios e exerce seu fascínio a todos
que colocam seu olhar sobre ele.
Sei que não escolhemos a melhor época do ano para visitarmos Roma. É período
de temperaturas elevadíssimas e clima pegajoso, porém quando tentei
argumentar com Aidan a respeito, ele me surpreendeu dizendo que escolheu a
Cidade Eterna como nossa primeira viagem juntos. Ela seria uma testemunha de
que tão eterna quanto sua história também caminharemos com o mesmo intuito,
nosso amor eterno.
Cansada, mas com um sorriso de um enorme guarda-chuva aberto no rosto
descemos em frente ao hotel e de mãos dadas com meu marido segui para a
recepção e fazemos nosso check-in.
Ao entramos em nossa maravilhosa suíte, a primeira coisa que faço é arrancar e
atirar longe meus malditos sapatos para em seguida me jogar sobre a enorme
cama à minha frente. Aidan sorri e repete meu gesto se deitando ao lado do meu
corpo.
— Cansada??
Busco apoio em meu cotovelo direito o encaro radiante.
— Um pouco e você?
— Não. — Sua aparência nega qualquer sinal de cansaço. Aidan está lindo
usando uma camisa cinza e calça preta. — Sabe que não me canso fácil! — Sua
voz assume um quê de desejo e ao tocar meu pescoço de leve com seus dedos,
minha reação ao seu toque juntamente com a frase de duplo sentido é imediata.
Somos assim, Aidan sabe como me deixar louca por ele com uma simples frase
como essa.
— Com fome? — Seus olhos sorriem com malícia.
— Não. Aquela “deliciosa” comida no avião me fez esquecer que possuo um
estômago. — Beija de leve meus lábios e continua a me provocar com o roçar de
sua boca na minha. Sua barba bem-feita estimula ainda mais minha pele
sensível.
Ele solta um riso e rebate.
— Devo lhe lembrar, minha amada esposa, de que sua comida também me fará
esquecer muito em breve de que possuo estômago.
Deito meu corpo sobre o dele e seu olhar cinzento me encara de modo divertido.
— Nunca lhe disse que possuía dotes culinários, meu caro! — Abro dois botões
de sua camisa e escorrego meus lábios em seu peito. — Casou-se comigo com
plena consciência de que poderia morrer de fome! Não o agarrei pelo estômago,
meu amor!
— Não mesmo! Você me prendeu pelo modo mais surpreendente! — Toca meu
rosto com a ponta de seus dedos. — Me amarrei em sua linda boca que me
beijava com desejo absurdo; em seus olhos que viam como um homem diferente
e melhor do que eu era e, em todo seu corpo... — Suas mãos descem por minha
coluna até apertar com força meus quadris. — Que se entregou a mim de forma
total e por último e mais importante, a sua alma... — Ergue seu pescoço e beija
meu peito onde bate o meu coração acelerado. — Que se entregou a mim sem
pensar em receber nada em troca. A que me amou antes mesmo que eu
reconhecesse a sua importância em minha vida, Alexia.
— Aidan... — Com essas palavras ele me deixa emocionada e completamente
sem resposta para palavras tão profundas.
Beija de leve meus lábios e um sorriso maroto brota em sua boca.
— Isso não quer dizer que não farei caretas ao comer o seu macarrão à
bolonhesa!
— Ah, então é assim?
— Não!! Podemos e vamos contratar uma cozinheira! Quero minha esposa com
o tempo livre só para mim!
— Assim é bem melhor!
— Tempo livre e exclusivo somente para mim! — Imita meu gesto anterior e
lentamente abre a minha camisa. Seus olhos se acendem ao ver a renda branca
de meu sutiã encobrindo meu mamilo já enrijecido. — Excitada e louca por
mim.
Pendo meu corpo até minha boca encostar-se na sua.
— Mudei completamente de ideia, estou com muita fome!
— Muita? — Suas mãos penetram em meus cabelos, retira o prendedor que os
mantinham presos e me imobilizam completamente, arrancando de mim um
gemido sôfrego ao correr sua língua sobre meus lábios.
— Muita. — Respondo em meio a um sussurro. Sem me dar conta, estou sem
minha camisa e Aidan acaba de abrir o fecho de meu sutiã, liberando meus seios
que são tomados um a um sua boca. Meus quadris se remexem sob sua ereção e
esse contato nos deixa com muito desejo. Desejo emitido por cada toque, gemido
ou palavras presentes. Ele acaricia um dos meus seios com sua língua quente e
voraz ao mesmo tempo que sua mão abre o zíper de minha calça e a invade com
seus dedos hábeis tocando meu sexo por sobre a renda de minha calcinha,
incitando todo meu corpo com ondas de prazer cada vez mais intensas.
Isso desencadeia em mim uma reação única que é a de dar e receber prazer.
Minhas mãos inquietas correm por todo seu tórax o arranhando de leve,
enquanto meus lábios descem pelo seu pescoço e ombros.
Desesperados um pelo outro, nos livramos das roupas e montada sobre ele, sinto
seu membro excitado sob o meu que anseia por tê-lo dentro de mim.
— Lexi... — Sua boca cobre a minha. Seus lábios firmes e experientes exploram
cada canto de minha boca e sua língua sedenta dança com a minha me instigando
com suas lentas lambidas e deliciosas mordidas. Pega seu membro e o encaixa
em minha entrada, porém não me penetra. Solto um gemido de desagrado. —
Calma, meu amor! Para que a pressa?
Sempre adorei a voz de Aidan e agora, nesse momento tão íntimo e sensual ela
fica ainda mais gostosa de se ouvir.
— Não faz assim, Aidan... — Suplicante quase imploro por ele que faz questão
de esfregar a cabeça de seu pau em meu sexo molhado e penetrar
vagarosamente. Quando aquela sensação maravilhosa de preenchimento me
abate, ele sai de dentro se mim e retoma o mesmo ritual. — Ohhh, não! Assim,
vai me deixar louca, meu amor!
— Ah, é? — Geme com meu mamilo em sua boca e em seguida o segura entre
seus dentes numa pressão deliciosa. — Me mostra o quanto a deixo louca, vai!!
Sem hesitar, pego em seu membro e o coloco em meu sexo muito excitado. Tão
excitada que ao forçar meu quadril e sentir que ele me penetra, suspiro em sinal
de alívio pelas fortes contrações em meu ventre. Amo ser dependente do seu
corpo e nunca me envergonhei disso. Desde a primeira vez em que me entreguei
a ele na Dreams tinha consciência de que seria sempre assim.
— Isso, Lexi!! — Sibila entre dentes. — Agora é você que está me deixando
louco!
Endireito meu corpo e remexo meus quadris num ritmo acelerado e Aidan fecha
os olhos e força sua cabeça para trás.
— Devagar, meu amor! — Segura em minha cintura tentando diminuir meu
ritmo. Sem obedecer, aumento ainda mais o ritmo, aperto meus seios com
minhas mãos e contraio meu sexo apertando seu pau arrancando outro gemido de
sua garganta — Já que você quer assim...
Em um movimento rápido, ele sai de dentro de mim e me deita de costas. Uma
mecha de seu cabelo cai em seu rosto suado e com a respiração ofegante o
deixando mais irresistível ainda.
Sua boca desce pelo meu abdômen numa trilha de beijos lascivos e muito
excitantes. Ao chegar em meu sexo, de modo selvagem, sua língua lambe minha
excitação em movimentos verticais e acelerados. Chego a arquear meu corpo de
tanto prazer. Ele suga, lambe e distribui pequenas mordidas em mim. Seguro em
seus cabelos quando pega minhas coxas e as joga sobre seu ombro deixando meu
corpo mais exposto para sua boca.
— Aidan!!
— Minha boca quer seu gozo, Lexi!
Sinto como se uma avalanche de sensações dominasse meu corpo e quando meu
orgasmo se aproxima, ele aumenta o ritmo de sua língua.
Meu orgasmo chega e me faz gemer alto. E então, sinto que ele me penetra
novamente de modo profundo e lento, mostrando o quanto me domina.
Segurando firme em meus quadris, suas investidas aumentam simultaneamente
com meus espasmos e gozando juntos sussurrando coisas que só tem significado
a nós dois.
Deitado sobre mim, passo meus dedos em suas costas numa caricia leve e lenta.
— Prometo que da próxima vez, não o desafio mais, irei obedece-lo! — Brinco.
Ergue seu rosto e seu sorriso carregado de charme é um presente para mim.
— Pois não ouse me obedecer! Adorei minha mulher cavalgando feito louca
sobre mim! — Distribui vários beijos em meu colo. Me desobedeça sempre!!
Se deita ao meu lado e me puxa para ele. Meu corpo está totalmente relaxado e
uma leve sonolência se abate sobre nós.
— Daria tudo para ser auto-limpante, Aidan!
— Infelizmente, não somos! O banheiro nos espera!
Em pé, estende sua mão e me dá uma vista privilegiada de seu corpo perfeito e
melhor do que isso, esse homem à minha frente é todo meu!
Caminhamos para o banheiro abraçados e após um banho relaxante, nos
deitamos e meu marido adormece primeiro. Ao observa-lo dormindo, penso em
nossa história e todas dificuldades que tivemos para chegarmos até aqui e com
um meio sorriso, acabo de ter uma ideia. Um novo romance não com
personagens inventados e histórias mirabolantes e sim, algo vivido entre duas
pessoas que se encontraram, apaixonaram-se e viveram um grande amor. Algo
comum para quem ler, porém com um significado extremamente importante para
mim. Fecho meus olhos e deixo a brisa que entra pela porta da sacada me levar e
embalar num sono feliz e cheio de planos para nosso futuro.
[...]
Abro meus olhos e vejo meu marido saindo do banho, enrolado em uma toalha
branca. Sorri para mim e comenta.
— Bom dia, minha linda! Acho que perdemos a hora! Pedi nosso café no quarto
em plena tarde!
Esfrego meus olhos e me sento na cama. O sol está radiante lá fora, assim como
eu nessa cama.
— Esses fusos horários me matam, Aidan!
Ele se senta ao meu lado e toca meu rosto. Fico de joelhos e meus braços o
envolvem.
— Que tal comermos e sairmos um pouco?
— Excelente ideia, meu lindo! Vou tomar um banho e depois de comer algo
decente poderemos ir.
Sentada em uma mesa posta lindamente na sacada da suíte, meu marido e eu
comemos tranquilamente e apreciamos a linda vista do hotel. O sol bilha sobre
todos os telhados com suas diferentes tonalidades avermelhadas e não muito
longe dali, podemos ver a abóbada da Basílica de São Pedro.
— Aidan, sua ideia de sair candidato a deputado federal está mesmo em pé?
Tomo um gole do refrescante suco de tangerina e o encaro esperando a resposta.
Acho que não escolhi uma boa hora para tocar nesse assunto.
Descansa seu garfo no prato e cruza as mãos repousando seu cotovelo sobre a
mesa.
— Achei que tivesse sido claro em relação a isso, Alexia! Tem alguma objeção?
— Hey!! — Ergo meus braços em rendição ao seu modo defensivo. — É uma
simples pergunta. Pelo que me lembre em nossa última conversa, você se
candidataria à uma vaga como deputado estadual, não é isso?
— Desculpe-me Lexi, havia esquecido de mencionar que Sean me quer no
congresso para ajudá-lo na aprovação de seus projetos. — Morde um pedaço de
queijo e continua. — Sendo assim, vou para o congresso, Willy tentará uma vaga
no senado e Sean concorrerá à presidência!
— Hum, entendi.
Faço uma cara de maus pensamentos.
— Que foi? Posso saber o que acabou de pensar aí nessa cabecinha maluca?
— Ora, meu amor, nem pensar eu posso mais? Esse negócio de invadir
pensamento não estava incluso no pacote casamento que adquiri. Mas, já que faz
tanta questão de saber.
— Hum... Diga!
Franze a testa esperando minha resposta.
— Teremos uma eleição bem inusitada e o eleitorado feminino votará em peso
nos candidatos gatos desse partido! Terei que acirrar meus cuidados com essas
eleitoras!
Estende sua mão, segurando a minha com força.
— Pode ficar tranquila, aquele cara que você conheceu está totalmente mudado e
para melhor. Só tem olhos para a mulher que ele escolheu para viver ao seu lado
durante o resto dos seus dias. — Aidan me prova diariamente que mudou e isso é
para valer. — Sabe, Lexi, quando Sean se apaixonou por Sophia, achei que ele
tinha enlouquecido, mas sua loucura o tornou muito melhor. O amor nos mudou,
tanto a mim quanto a ele.
— E com essa loucura toda, me casei com o homem da minha vida!
Ele se levanta da mesa e me toma em seus braços. Beija minha boca e quase sem
ar, diz olhando em meus olhos.
— Eu te amo, sempre! Minha raridade!
— Ohhh... Se disser que virei mercadoria novamente, te jogo sacada abaixo!
— Não, é muito mais que isso! Agora deixe de conversa e vamos sair desse
quarto! — Caminha para o criado-mudo para pegar o seu relógio. Vira-se para
mim e diz sorrindo. — Quero andar por toda Roma e exibir minha linda mulher
por aí!
— Vamos! — Estendo minhas mãos e saímos pela Cidade Eterna e quem nos vê
passar sabe o quanto estamos apaixonados.
Andamos pelas ruas e paramos em muitos pontos para eternizarmos nossos
momentos com fotos e imagens gravadas com a câmera que Aidan fez questão
de carregar conosco. Numa visita à Capela Sistina ficamos por um longo tempo
contemplando o lindo afresco de Michelangelo em seu Juízo Final. Sophia deve
ter se maravilhado quando esteve aqui. Também passeamos pelo Panteão e por
último visitamos a Piazza de Spagna com suas escadarias famosas desde a Idade
Média. Regressamos ao hotel e à noite saímos para jantar em uma deliciosa
cantina italiana. Mais tarde, em nosso quarto, um homem completamente
apaixonado e louco de desejo deixa minha noite de verão italiano ainda mais
quente.
No dia seguinte, passeamos pelo Coliseu e ficamos admirados com toda
grandeza e sobretudo com o seu legado de soberana tirania. Mesmo parcialmente
em escombros, nossa mente vaga pelo tempo e projeta a sua importância para o
povo romano. Homens gladiadores lutando por sua sobrevivência e um
imperador impiedoso que determinava com um simples gesto se o lutador
morreria ou viveria segundo sua vontade. Era o homem se tornando Deus.
Mais tarde, jogamos nossas moedas na Fontana de Trevi e deixamos nosso
desejo de voltar a Roma juntos.
Possamos os melhores dez dias na companhia um do outro e chega o momento
de voltar à realidade. Depois de noites de amor incríveis e dias de passeios e
lugares lindos de se ver ao lado de Aidan voltamos a Nova Iorque.
Por Sophia
Um mês depois...
— Tem certeza de que ficará bem?
É a terceira vez que Sean me pergunta isso em menos de cinco minutos. Como
se não bastasse toda segurança dispensada a mim e a Thomas que ainda nem
nasceu, Sean anda ainda mais cuidadoso. Diria cuidadoso ao extremo. Minha
pressa de ver meu filho nascer agora vai além do amor e ansiedade que sinto em
tê-lo comigo, mas sim pela vontade de respirar sem ter dois olhos azuis me
chocando como se eu fosse ovos de ouro.
— Pode ir tranquilo, meu amor! A casa está repleta de seguranças, não corro
perigo algum. Seu pai o espera no haras para almoçarem. Meu pai e Lorenzo
também estarão presentes.
Convenci meu marido a sair um pouco e jogar conversa fora. Faz um domingo
lindo lá fora.
— Qualquer coisa, me ligue!
— Sean, claro que ligarei! Que coisa! Vá logo, está atrasado! — O empurro em
direção à saída principal. — E também não estarei sozinha, Lay me ligou e virá
me fazer uma visita!
— Sendo assim, fico mais tranquilo. — Estreita os olhos e conclui. — Não
ficará sozinha!
— Sabichão, não ficarei sozinha! Esqueceu-se de que tenho um homenzinho
cuidando de mim? — Coloco a mão sobre minha barriga e ele faz o mesmo.
— Sei disso. Ele defenderá sua mãe, tenho certeza desse fato, mas você entendeu
o que eu quis dizer. Seu parto está próximo e quero estar presente quando essa
hora chegar.
— Está bem! Porém ainda faltam duas semanas para completar nove meses e
Thomas não está com pressa para dar as caras... — Pisco para ele.
Acompanho-o até a porta e Sean como todas as vezes em que sai de casa, toca
meu rosto e me beija com carinho. Sai em direção à garagem e olhando-o de
costas penso em como ele é especial. Um homem raro entre muitos. Recebi
muito mais do que merecia ao dividir minha vida com ele.
Lay chega logo depois para me fazer companhia e juntas nos encaminhamos
para a cozinha onde ela com toda a sua bagagem gastronômica faz questão de
preparar algo muito elaborado para nosso almoço. Acompanhado de risos e mais
risos nosso almoço vai às mil maravilhas, quando de repente, sinto minha bolsa
se romper. Lay continua rindo e seus olhos estão fechados e lacrimejantes pelas
hilárias bobagens que acabou de dizer.
Fico séria de imediato e digo.
— Cunhada, se eu não estiver enganada minha bolsa se rompeu!
Ela para de rir e como se eu tivesse dito algo muito estranho, responde:
— Você está brincando, não é Soph?
É engraçado quando Lay fica nervosa, sua voz aguda se torna grave e sai aos
tropeços.
— Não faria xixi nas calças de tanto rir se é o que está pensando!
Eu deveria ter ficado quieta, pois foi aí que conheci a cunhada mais louca e
atrapalhada em uma situação como essa. Ela estufa os olhos e mantém sua boca
aberta.
— Tho-Thomas irá nascer?
Que devo responder numa hora como essa?
— Sim, acho que ele resolveu antecipar a sua chegada. — A primeira contração
me faz encolher ao tentar me levantar.
— Lay, alcance meu celular que está sobre aquela mesinha de canto.
Toda atrapalhada, ela pega o aparelho e ainda o deixa cair de suas mãos.
— Sophia, me desculpe! Sempre que me vejo em situações como essa, eu me
atrapalho toda!
— E não é que percebi isso agora? — Tento mantém o clima calmo, mas parece
que quem vai ter um filho em plena sala é Layanne.
Pego o celular e ligo para Sean.
Em dois toques, ouço sua voz ofegante. Parecia estar correndo ou algo parecido.
Nesse mesmo instante outra contração ainda mais forte atravessa meu abdômen
e tento dizer algo a ele sem causar alarde.
— Sean... — Minha voz sai com dificuldade.
— Sophia, o que houve?
— Acho que Thomas não quer mais esperar para vir ao mundo! Aiii! — outra
pontada dessas e eu não sei se serei forte o bastante para ir até o fim.
— Lay está aí com você?
— Sim.
Olho para a direção de minha cunhada e tenho vontade de rir. Sem que eu tivesse
percebido minha cunhada aparece em minha frente com a chave do carro em sua
mão, a mala que se encontrava no quarto de Thomas com suas roupas e uma
outra valise.
E eu que cheguei a pensar que ela era lenta.
— Diga à ela para que a leve ao hospital imediatamente, encontro vocês lá!
Enquanto isso, ligarei para a sua médica. Seu pai e Lorenzo estão aqui ao meu
lado.
Ouço a voz de meu pai e também a de Harry ao fundo.
— Ok.
— Sophia... — Fala antes de encerrar a chamada. — Te amo!
Mesmo com dor, sorrio ao telefone!
— Nós também!
Desligo o telefone e minha araponga loira não para de falar e se movimentar
como uma barata tonta. Fico imaginando quando chegar a sua vez! Coitado de
meu irmão!
Os seguranças nos veem saindo de casa e dois deles nos acompanham em outro
carro.
Dentro do veículo, sentindo dores horríveis, Lay olha assustada para minha
barriga e diz:
— Thomas, só gostaria de avisar que a titia ardida aqui não sabe fazer parto,
portanto seja bonzinho e espere até a gente chegar ao hospital com a sua mamãe.
— Seus olhos olham simultâneos para a rua. — Estou muito nervosa e se me
desobedecer, cantarei uma canção de ninar em seu ouvido a noite toda e tenho
certeza de que nunca mais vai dormir na vida!
Pisca para a minha barriga como se meu filho estivesse atento às suas palavras.
E com berros estridentes, seguimos para o hospital.
Meu Thomas
Por Sophia
Por mais doidinha que minha cunhada pareça, conseguimos chegar sãs e salvas
ao hospital. Ao adentrarmos na recepção, duas enfermeiras vêm ao nosso
encontro e como se fosse Lay que estivesse tendo um filho pelo desespero
demonstrado, elas solicitam calma à minha cunhada e me pedem para
acompanha-las sentada em uma cadeira de rodas. As dores se repetem em um
menor espaço de tempo e vêm com muito mais força.
Essa é a dor mais estranha que já senti, uma dor acompanhada de uma ansiedade
gritante e alegria infinita. Me sinto especial, trarei uma vida ao mundo e em
meus braços demostrarei ao meu menino o quanto é importante para mim.
Sou preparada e levada para a sala de parto. Na maca, passo por Lay que, entre
lágrimas segura minha mão e a beija me desejando sorte. Instantes depois, minha
médica entra vestindo seu uniforme azul acompanhada de toca e máscara.
Como gostaria de que Sean estivesse aqui! Ele queria tanto assistir ao
nascimento de nosso bebê.
Por Sean
Depois de falar com Sophia, ligo para Dra. Virgínia. Com a mesma calma de
sempre, me diz que está a caminho do hospital. Me sinto nervoso por não estar
ao lado de minha mulher e espero que tudo acabe bem. Imaginar que posso
perder Sophia deixa meu peito em uma extrema angústia. Mas, felizmente o meu
subconsciente me tranquiliza e rapidamente essa sensação ruim dá lugar a antiga
ansiedade.
O momento agora é de alegrias e não de tristezas.
Chega de pensar em coisas mórbidas.
— Vocês me ouviram ao celular, Sophia está indo para o hospital, Lay irá leva-
la. — Digo a todos que estão à minha volta. Meu pai, sogro e cunhado.
— Lay a está levando para o hospital? — Lorenzo solta um meio sorriso e fico
sem entender nada. — Coitada de minha irmã e de meu sobrinho!
— Por que diz isso? — Inquire Harry, assustado.
Acho que meu cunhado não foi muito feliz em seu comentário e prefere manter a
boca fechada depois do olhar de censura de Vicenzo. O famoso olhar “É melhor
ficar quieto” de meu sogro surtiu efeito imediato.
— Lorenzo, vamos para o hospital, quero estar presente quando meu neto
chegar.
— Você quer dizer nosso neto. — Harry resolve impor o seu papel.
— Vocês dois querem parar com isso? — Digo, entrando em meu carro
rapidamente. — Isso não é hora para briguinhas de avós infantis.
Eles percebem o papel patético que estavam fazendo e assim, Harry entra em
meu carro e Vicenzo e meu cunhado nos seguem em outro veículo.
Thomas, seu apressadinho! — Penso, com um sorriso no rosto e uma alegria
imensa. Hoje, mais um ciclo se inicia em minha vida e na de Sophia. A chegada
do nosso filho, nosso primogênito. Sim, o primeiro. Sophia faz questão de
termos outros filhos. Uma família grande e unida, construída com amor e
respeito e caráter a ser seguido. Seremos para eles pais amorosos, dedicados a
faze-los pessoas do bem. Não vejo a hora de pega-lo em meu colo.
Dirigindo o mais rápido e prudente que consigo, chegamos ao estacionamento do
hospital Lenox Hill, a seguir, procuro uma vaga no estacionamento e ao sair do
carro, saio às pressas correndo meus olhos pelo amplo local visualizo o carro de
Lay parado em uma das vagas ao longe. Elas já chegaram. Ligo para o celular de
Lay, pois Sophia à essa hora não poderá atender a nenhuma ligação.
Lorenzo e seu pai chegam a seguir e estacionam seu veículo em uma vaga ao
lado de meu carro.
Entramos no hospital e as funcionárias da recepção olham, em nossa direção, um
tanto assustadas, pois meu pai e Vicenzo começaram a discutir quem iria levar
Thomas para o seu primeiro passeio. Discretamente, repreendo os dois com um
olhar, pois não é hora e muito menos local para esses dois discutirem tal assunto.
Me aproximo do balcão onde uma recepcionista com o nome Dayse me atende.
— Boa tarde, minha esposa entrou em trabalho de parto e deu entrada nesse
hospital e gostaria de saber em que ala ela se encontra? — Antes mesmo de dizer
o nome de Sophia, ela se adianta.
— Por aqui, sr. Mackenzie!
Ela sai detrás de onde estava e eu a acompanho. Permanecem, logo atrás, Harry
e Vicenzo como se fossem cães de guarda. Sigo a mulher de meia idade que anda
a passos rápidos e, ao chegarmos num corredor com um placa
inscrita Maternidade, a mesma para e me indica por onde seguir. Pede licença e
virando as costas, volta para o seu setor.
Sentada no fundo do corredor está Lay. Ela não nos vê, pois seus olhos estão
compenetrados em seus dedos que ela morde como se fosse engoli-los.
Lorenzo aumenta o passo e, ao vê-lo, sua voz estridente é ouvida por toda a ala.
— Morenzo, levaram Sophia para aquela sala! — Aponta a porta dupla à
esquerda.
— Faz tempo que vocês chegaram? — Pergunto.
— Há uns cinco minutos, Sean! Até ameacei meu sobrinho, tive medo de que
nascesse no carro! — Ri, nervosa.
— Thomas sabe o que faz! — Completa Lorenzo, rindo para a esposa, tentando
descontraí-la.
Sabia que elas chegariam antes de nós, o hospital fica mais próximo de casa do
que o haras.
Me afasto dos dois e procuro alguém para me dar as informações que preciso.
Harry e Vicenzo saem e se instalam em uma sala de espera anexa ao corredor.
Lorenzo e Lay saem em busca de café na cantina e eu não pretendo ficar aqui
sentado esperando.
E eu quero estar ao lado de Sophia quando Thomas chegar.
Um enfermeiro passa por mim e me identifico como marido de Sophia. Explico
que conforme combinado com a médica de minha esposa, eu poderia assistir ao
parto sem nenhum problema.
— Aguarde um instante, senhor! Vou verificar se será permitida a sua entrada na
sala de parto! Volto em um instante.
Ando de um lado a outro do corredor apertando meus dedos nervosamente.
Meu celular toca. Ligação de Alexia.
Depois de berrar, chorar e me deixar quase surdo ao telefone ela se despede
dizendo que a tia-madrinha mais linda e inteligente do planeta está a caminho do
hospital. Sempre me fazendo rir com seu jeito Alexia de ser. Harry e Vicenzo
falam em seus celulares, meu pai parece uma criança com Claire ao telefone e
Vicenzo não é diferente ao falar com Angelina. Nesse momento, lembro-me de
alguém que merece saber o que está acontecendo. Joseph.
Ligo para ele e, ao saber da notícia, consigo sentir sua emoção e também ouvir
sua voz discretamente embargada pelo simples fato de ter me lembrado dele.
Como o esqueceria? Afinal, se estou aqui, nessa sala, devo isso a ele! Faço
questão de que Thomas conviva com ele e conheça o homem bom que ele é.
Desligo e é a vez de Max me ligar. Ele decidiu passar o fim de semana com
Danielly em Aruba, em nossa casa de praia, mas pelo visto, Alexia deve ter
contado a novidade a ele. Me deseja sorte e felicidades e está voltando para
Nova Iorque para me dar um abraço. Acho que desconheço alguém mais feliz
por ter irmãos tão queridos.
O jovem enfermeiro aparece e sorri. Sinal de boas notícias.
— Sr. Mackenzie, queira me acompanhar por favor!
— Obrigado.
Ele me encaminha para uma sala onde recebo uma roupa esterilizada e todos os
aparatos necessários para poder estar na sala com Sophia.
Instantes depois, estou em frente à porta que me separa de minha mulher e de
meu filho. Abro a maçaneta devagar e a vejo com semblante de dor, toda suada,
tentando trazer ao mundo o nosso Thomas. Ninguém pode ver o meu sorriso
através da máscara ao ver essa imagem, mas ele está ali.
E então, quando Sophia consegue respirar em sinal de alívio pela dor da
contração que se foi, desvia o seu olhar para a porta e seus olhos negros se
deparam com os meus. Suas covinhas aparecem e seu sorriso é um dos mais
lindos que ela já me deu.
Por Sophia
Deitada em uma posição nada agradável, Dra. Virgínia me pede calma e diz que
em mais alguns instantes meu Thomas estará em meus braços.
— Sophia, quando sentir dor, faça força, sim? — Ela se senta em uma cadeira
em minha frente e Celine, a pediatra que faz parte da equipe permanece em pé ao
seu lado. — Sua dilatação é perfeita, o parto será rápido e muito tranquilo.
— Sim, doutora, porém gostaria de lembra-la de que o tempo, em determinadas
ocasiões, é muito relativo. — Fecho os olhos e tento não parecer uma mãe
escandalosa ao sentir outra contração chegar.
— Você tem toda razão, Sophia, mas agora vamos trazer Thomas ao mundo e
conto com sua ajuda!
Dra. Virgínia é uma mulher na casa dos cinquenta anos, de poucos sorrisos, mas
muito competente. Ela me parece ser o tipo de pessoa que mantém a calma sob
qualquer tipo de situação. Portanto, nada do que eu diga ou faça fará com que ela
perca a cabeça.
Respiro fundo e como fui orientada, ao sentir uma forte dor, faço o máximo de
força possível.
— Isso, Sophia!!
Nesse momento, minha vida se passa em segundos em minha frente. Da menina
que roubava nas ruas da Filadélfia à Sophia, filha de Vicenzo, mulher de Sean e
agora, o mais importante, mãe de Thomas. A cada dor lancinante fico mais
próxima de ter meu filho em meus braços.
Ele terá uma mãe que o amará da forma mais intensa que ela puder. E como uma
leoa o protegerá de tudo até que seu filhote saiba caminhar sozinho.
E ao relaxar meu corpo exausto pela força que estou fazendo eu o vejo. Meu
Sean. Ele finalmente veio para me fazer companhia e dividir esse momento tão
importante para nós.
Seus olhos brilham ao me ver e, nesse momento, é como se eu fosse a mais linda
das mulheres.
Por Sean
Aproximo-me devagar e a Dra. Virgínia me cumprimenta com um aceno de
cabeça, voltando sua atenção para seu trabalho.
Entrelaço minha mão na de Sophia e a aperto com força como se com esse
pequeno gesto eu conseguisse aliviar a sua dor.
— Você está linda! Deveria filmar esse momento!
Ela enruga sua testa como sempre faz quando algo a contraria e rebate.
— Não goze com minha cara, por favor! Me filmar sentindo dores não seria
nada legal! Aiii! — Ela se contorce quando mais uma contração a atinge e sua
mão aperta a minha ainda mais.
— Eu editaria a fita, sua boba! — Respondo em tom de brincadeira.
— Como você é gentil! Por isso eu o amo tanto!
Mais uma forte contração e a médica comenta.
— Thomas está vindo, mais força!!
Sophia a obedece e como se estivesse em seu limite, dá tudo de si e vejo-a em
lágrimas que se confundem com as minhas ao ouvir o choro do nosso bebê.
— Bem-vindo, Thomas! — Dra. Virgínia o ergue para que Sophia possa vê-lo.
Sei que a partir de agora, esse som será constante em nossa casa. O som de uma
nova vida totalmente dependente de mim e de sua mãe.
Beijo sua testa e sussurro.
— Amo vocês!
— Amamos você, Sean, muito!
Chorando e sorrindo trocamos olhares de cumplicidade e amor. Mesmo abatida,
ofegante e descabelada, Sophia é a mulher mais linda para mim, sem sombra de
dúvidas.
A obstetra entrega nosso menino à pediatra que o leva dali para limpá-lo e
quando volta com ele, estendo meus braços e o seguro com cuidado, levando até
a mãe.
Não sei descrever a emoção que sinto no momento. São os três quilos mais
lindos que já tive o prazer de ter em meus braços e ali seguro em suas delicadas
mãos. Quando Alexia nasceu e a segurei em meu colo ao voltar do hospital, me
senti um homem que tinha uma irmã para cuidar, porém nesse momento o que
sinto é incomparável a qualquer emoção.
— Thomas, meu filho, eu amo você!
Não consigo tirar meus olhos dele. Ele é tão pequeno e ao mesmo tempo, tão
forte. Meu legado. Meu fruto. Alguém para me chamar de pai e me fazer ser o
mais protetor dos homens. Quero dar a ele o meu melhor e dividir tudo o que
meu pai me ensinou durante toda a minha vida.
— Hey, meu amor, também quero vê-lo.
Sophia me observa e percebe o quanto estou emocionado. Levo nosso menino
até ela e o deposito com cuidado em seu colo. Beijo de leve os lábios de minha
mulher e agradeço por ter me dado algo tão valioso. Tudo o que passamos, o que
vivemos, para chegar nesse lindo momento mais que inesquecível.
— Ele não é lindo? — Minha esposa toca seus poucos cabelos e não consegue
parar de sorrir.
— Muito lindo!
Retiro do bolso da calça o meu celular e peço gentilmente à enfermeira que tire
uma foto nossa. Essa vai ser uma das fotos mais importantes de minha vida, ao
lado das outras que guardo com carinho em minha mesa.
Sophia amamenta Thomas e a seguir, uma enfermeira o leva para poder trocá-lo.
E dra. Virgínia me expulsa com muita educação da sala de parto para que cuidem
de Sophia. Ela será transferida para o quarto.
Jogo um beijo a ela e asseguro que a verei mais tarde.
Momentos depois, na sala anexa ao quarto onde minha mulher ficará instalada,
recebo fortes abraços e tapas nas costas de todos que estavam aguardando
ansiosos a chegada de meu filho.
Vicenzo é o último a me parabenizar. Ao se aproximar com seu jeito sério e
seguro, toca em meu ombro e diz.
— Agora, estou de olho em você duplamente, meu rapaz!
— Sabia que iria dizer isso, Vicenzo!
— Estou brincando, venha cá e me dê um abraço.
Ele me abraça e seus olhos estão marejados como os meus.
— Obrigado por fazer minha Nina tão feliz e com isso, você me deixou feliz.
Vocês me deram a maior alegria que um velho rabugento poderia viver!
Obrigado também por meu neto! — Ele chora como um menino e enxuga as
lágrimas em seu velho lenço que sempre aparece do nada em suas mãos. — Que
Deus os abençoe sempre!
— Obrigado, Vicenzo. Cuidarei dos dois com minha vida, pode apostar.
— Tenho certeza disso! Sei que estão em boas mãos.
Deixo o hospital, pois quero buscar em minha casa, o presente que guardei como
surpresa para essa ocasião. No trajeto, ligo para Marcella e lhe conto a novidade.
Ela fica feliz e diz que em breve virá a Nova Iorque para ver Thomas. Nesse
momento, me lembro de minha mãe. Uma pena que nossa história tenha se
encerrado dessa maneira. Seria muito bom para ser verdade, se hoje, eu a visse
naquela sala me abraçando feliz pela chegada de seu neto. Infelizmente, nem
tudo é como a gente quer e sendo assim, aproveito o que de bom essa vida me
reservou.
Sou um homem muito feliz.
Por Sophia
Meu quarto ficou parecendo uma festa. Vicenzo aparece com um feixe de balões
coloridos e Harry aparece com minhas famosas tulipas vermelhas.
Sabe quando você está prestes a explodir de alegria? É assim que me sinto.
Lorenzo e Lay também entram trazendo um enorme urso de pelúcia e me
pergunto onde eles arrumaram esse bicho gigante. Lay, minha arara favorita, diz
que saíram para comprar enquanto eu berrava de dor na sala de parto.
Acho graça e agradeço a ela por ter me ajudado em trazer Thomas ao mundo.
— Que nada, cunhada, agradeça sempre à minha voz! Ele pensou duas vezes
antes de nascer naquele carro e depois passar noites ouvindo “Um elefante
incomoda muita gente, dois elefantes incomodam muito mais” — Essa é minha
cunhada.
Meu irmão e ela ficam por mais alguns minutos e em seguida se despedem.
Harry também me parabeniza e logo sai. Na verdade, eles não querem que eu me
canse. E felicidade por acaso cansa?
E então, ficamos eu e meu mais que amado pai.
Ele se senta na beira da cama, toma minha mão e diz com os olhos em lágrimas.
— Meus parabéns! — Seus olhos denotam que ele andou chorando e muito. —
Aquela menina que mais parecia um coelho assustado, arredia e tímida, mas que
por dentro tinha uma fortaleza prestes a ser descoberta...
— Não faz isso, pai... assim eu choro!
Estamos em lágrimas e assim que funcionamos. Lembramos dos nossos
primeiros momentos juntos.
— A que me deu o beijo de agradecimento mais gostoso que já recebi em minha
vida. — Toca meu rosto. — E como eu sempre soube que isso aconteceria, você
venceu! Nada a derrubou, nada a abateu, você continuou firme e me orgulho a
cada dia por ter ser você a filha que Deus me deu de presente!
Rebato em lágrimas.
— Não venceria sem você! — Aperto de volta sua mão.
— Você venceria de qualquer jeito! Não se menospreze, fui um afortunado que
recebeu de você uma coisa que ninguém me tira: Seu respeito e amor, Nina.
Me jogo em seus braços e o encho de beijos.
— Obrigada, por tudo!!
Ele se afasta e enxuga minhas lágrimas.
— Eu o vi no berçário. Ele é lindo!! Espero ter mais tempo para poder passear
com Thomas e poder contar a ele a mãe excepcional que ele tem.
— Vai viver muito ainda e Thomas irá se orgulhar do avô maravilhoso que ele
tem.
Alguém bate à porta. Angelina. Meu pai se levanta ainda enxugando os olhos.
Diz que vai à cantina procurar um café para beber.
— Que choradeira é essa? Posso saber? — Diz, carregando um pequeno
embrulho nas mãos.
— Ah, minha fofa! — Estendo os braços e ela vem ao meu encontro.
— Passei no berçário e o vi. Ele é lindo, Sophia!
— Não é? — Digo.
— Sim, claro que puxou ao pai, porque você tem cara de ratinha. Deus teve
misericórdia de seu filho.
— É mesmo? — Finjo indignação.
— Claro, sabe que só digo a verdade!
Essa é minha fofa. Minha mãe postiça. A que me adotou de um modo único.
Amou sem questionar de onde vim e para onde iria. Apenas amou.
Ao me lembrar de tantas coisas que passamos juntas, me emociono e com nossas
mãos entrelaçadas e olhos brilhando em lágrimas, digo.
— Eu te amo, minha eterna Fofa!
— E eu também a amo muito. Desde o primeiro dia em que pus meus olhos em
você!
— Hoje, ao ver seu filho dormindo tão gostoso, pensei. A minha garota de lindos
olhos escuros merece tudo de bom.
Entrega-me o embrulho e ao abrir quase bato em Angelina. Um chocalho de
prata todo trabalhado. Sei o quanto ela ganha e sei o quanto economizou para dar
a Thomas algo tão valioso.
— Não devia ter gasto seu dinheiro, Fofa.
— Queria dar a ele algo duradouro. — Seus grandes olhos estão embaçados
pelas lágrimas. — O meu amor ele já tem, o chocalho é brinde!
Eu poderia ter mãe melhor?
Logo em seguida, chega a bafônica Alexia.
Me aperta tanto que parece que vai me quebrar. Junto com Aidan, ela está tão
feliz com a chegada do sobrinho que chega a ser engraçado.
Depois de meia hora, ele chega.
Meu marido.
Entra sorrindo com um lindo ramalhete de rosas brancas e uma caixa de veludo
nas mãos.
Angelina e os demais saem me deixando a sós com ele.
Caminha em minha direção com um sorriso de parar a Terra...
Papai Sean!
Por Sophia
E como sou uma mera mortal apaixonada me encontro presa em seu sorriso até
que ele se senta em minha cama e toca meu rosto com carinho.
— Demorei? — Roça sua boca em meus lábios e me beija de leve.
— Muito. Liguei para a Interpol para fazerem uma busca atrás de você! — Digo,
sorrindo.
— Fui buscar isso. — Entrega-me uma caixa de veludo azul e presumo ser um
presente de aniversário adiantado, afinal faço 26 anos daqui a três semanas. — É
para você! Espero que goste!
Olho-o com desconfiança.
— Sean, ainda faltam alguns dias para o meu aniversário, não sabia que era tão
ansioso!
— E quem lhe disse que esse é seu presente de aniversário? Abra logo! —
Franze as sobrancelhas e fica esperando minha reação.
Abro a caixa e minha boca se abre surpresa ao ver um lindo cordão com um
pingente em formato de uma Madonna, simplesmente lindo.
— É lindo! — Sean o retira da caixa e em seguida me ajuda a colocá-lo em meu
pescoço.
— Agora sim, ficou lindo. — Beija meu colo, meu pescoço e minha orelha. —
Obrigada, meu amor! Você me deu o maior presente que eu poderia ganhar, um
filho lindo. — Pendo meu pescoço para encontrar seus olhos e ao fazer isso,
encontro-os com um brilho tão intenso de alegria que me deixa sem fala. — Não
me canso de repetir, amo vocês!
— Jamais me cansarei de ouvir isso! Ser amada dessa forma me faz sentir
inteira, completa.
— Isso se aplica a mim, também. Seu amor por mim preenche minha alma e me
deixa extremamente feliz.
Abraçados, nosso momento de intimidade é interrompido por batidas insistentes
na porta como se a pessoa do outro lado estivesse muito nervosa a ponto de
arromba-la, se acaso ninguém viesse a abri-la.
Sean me olha intrigado e se levanta de imediato. Anda até a porta e abre
rapidamente antes que outra sessão de batidas se repita.
— Mas o q...
Antes que ele possa terminar sua frase, vejo o largo sorriso de meu eterno amigo
Willy parado à porta com um embrulho envolto em um papel azul em uma mão e
uma bola de futebol americano na outra.
— Atrapalho?
Estende a mão para Sean que o recebe com um abraço.
— Claro que não, entre! — Meu marido rebate. — Pensei que iria arrebentar a
porta.
— Ah, por acaso, não me ouviu batendo? Sou um homem muito educado! —
Pisca para mim no mesmo instante em que adentra no quarto.
— Percebemos.
Acabamos rindo da cara engraçada que ele nos dirige.
— Seu marido me ligou avisando que meu sobrinho havia nascido, vim o mais
depressa que pude.
— Obrigada, meu amigo!
— Obrigado, Willy. — Sean também agradece e seu celular toca. A seguir, pede
licença e sai do quarto nos deixando a sós.
— Eu vim e quis trazer algo para que Thomas nunca se esqueça do seu tio aqui.
— Bate no peito e me entrega a caixa embrulhada.
Com ar de riso, começo a abrir o presente.
— Pode abrir tranquila, não é uma boneca inflável e muito menos minha coleção
de Revistas Playboy.
— Ainda bem, se fosse esse o presente, te matava!
Ao retirar o papel, meus olhos não acreditam no que veem no conteúdo da caixa.
— Minha réplica. — Diz com ar de riso.
Ele é muito gozador.
Pego o boneco Chuckie de dentro da caixa e não consigo parar de rir.
— Isso vai assustar meu filho, isso sim! Não vou deixar que Thomas brinque
com isso!
— Hey, está me chamando de feio? Saiba que esse exemplar foi difícil de
encontrar, Soph! — Pega o boneco de cabelos vermelhos de minha mão. — E
comigo, ele pode brincar? Você deve ser mesmo maluca! — Willy sempre faz
piada de si mesmo. Eu amo esse meu doidinho.
Original como sempre. Me fazendo rir para mostrar o quanto sou importante.
Esse é o jeito que meu velho amigo Chuckie demonstra seus sentimentos.
Toco seu rosto e ele fecha os olhos como na noite de Natal em que foi meu pai,
mãe, médico e meu Noel de cabelos vermelhos.
— Adorei e saiba que não será necessário um boneco para que Thomas se
lembre de você. Faço questão que ele conviva com o tio mais maluco que ele já
teve o prazer de ter em sua família.
Ele fica vermelho e seus olhos brilham de emoção. Willy é exatamente igual a
mim. Só buscamos ser amados e tratados com carinho. E quando isso acontece
nos desarmamos e recebemos o carinho que as pessoas nos oferecem.
— Combinado? — Reafirmo minhas palavras.
Segura minha mão e beija meu rosto.
— Combinado, Soph.
— E essa bola? — Aponto para a mesma em cima da cama.
— Ah!! Essa também é dele. — Coloca-a em meu colo. — Quero ensiná-lo a
jogar e leva-lo aos grandes campeonatos que virão.
— Thomas será muito disputado, Lorenzo quer leva-lo para andar de Kart, meu
pai quer ensina-lo a pescar, Harry a montar e Sean quer fazer isso tudo que
mencionei acima sozinho.
— Caraca! Isso é que eu chamaria de família competitiva. — Abre seu sorriso
largo. — Entrei para o páreo e quando entro em disputa, entro para vencer! Diga
isso aos outros concorrentes. Comigo, Thomas só tem a ganhar!!
— Ah, claro, sem dúvidas!
Willy permanece conversando por mais alguns minutos e Sean reaparece se
juntando a nós.
O assunto não poderia ser diferente.
Política. A campanha presidencial será daqui a dois anos e para quem não
entende muito do assunto como eu, acha que ainda há muito tempo para se
pensar nisso, certo? Errado. Os candidatos começam as articulações e a busca
por apoios partidários muito antes do que imaginamos.
Eles falam quase a mesma língua, só que de maneiras diferentes. Depois de
alguns minutos sobre os próximos passos, meu amigo se despede de mim e de
Sean e se retira do quarto.
Instantes depois, uma enfermeira traz o meu bebê para ser novamente
amamentado. Ela sai e me deixa com Thomas no colo e meu marido babando
por ele. O amamento e de barriga cheia, meu filho adormece em meu colo e, eu
toda boba acaricio seus poucos cabelos. Mentalmente, agradeço a Deus por ter
me dado a oportunidade de gerar algo tão lindo.
Seu rostinho é tão fofo tenho vontade de morde-lo.
A enfermeira reaparece e contra a minha vontade, leva meu menino de volta para
o berçário.
— Quando terei alta, Sean?
— Segundo Dra. Virgínia, amanhã cedo ela lhe dará alta.
— Que notícia boa!
— Muito boa! Agora, a senhora irá descansar. — Me faz deitar na cama
enquanto ajeita meu travesseiro.
— Não estou cansada, meu amor!
— Sophia... Shhhh, não seja teimosa! Vou para casa tomar um banho e volto
para passar a noite aqui com você.
— Não há necessidade, meu amor.
Passa seu indicador na ponta do meu nariz.
— Não discuta comigo, sempre sinto necessidade de estar ao seu lado.
Depois de uma resposta dessa, devo argumentar? Acho que não.
Beija minha boca de modo carinhoso e sai. Momentos depois, caio num
delicioso sono.
No dia seguinte, Thomas e eu saímos do hospital e toda a imprensa de Nova
Iorque estava à nossa espera ávida por notícias. Em pleno estacionamento, os
seguranças, todos a postos, impediam que muitos repórteres se aproximassem de
maneira abusiva. Sean, como sempre foi muito educado com a imprensa e,
depois de posar ao lado de meu marido com Thomas em meus braços, entro no
carro. Meu marido dá a eles uma pequena coletiva e assim, por hora, os mesmos
sorriem e nos deixam em paz.
Ao voltar para a tranquilidade de meu lar, recebo, no dia seguinte, a visita de
Danielly que está toda boba, pois irá se casar em novembro. Não preciso
mencionar que Sean e eu seremos os padrinhos de Max.
Dez dias depois, Sean volta ao senado e minha rotina se estende agora a cuidar e
mimar meu lindo menino sem a sua ajuda. Thomas não me dá trabalho, porém,
às vezes é acometido por cólicas e aí, seu chorinho é ecoado por todo o quarto.
Que pulmão essa criaturinha tem! Meu marido me liga a todo instante todo
preocupado, Sean como pai é muito fofo.
É tarde da noite e me deito em minha cama, exausta. Olho para o travesseiro ao
meu lado e a saudade de Sean aperta meu peito. Hoje, completo 26 anos. Há
exatamente um ano, Sean e eu nos amamos pela primeira vez, em Aspen. No
relógio é quase uma da manhã. A essa hora, ele está em algum lugar do céu,
sobrevoando o território americano de volta para casa. Ele me prometeu que
chegaria a tempo para comemorarmos o meu aniversário e também nosso
primeiro ano juntos.
Acabo adormecendo e ao abrir os olhos meio sonolenta, constato que dormi por
mais ou menos umas duas horas. Esfrego meu rosto com as mãos e através do
som da babá eletrônica em meu criado-mudo ouço algo que me deixa sem
palavras. Em um sobressalto, coloco meus chinelos e muito devagar me dirijo
para o quarto de Thomas com minha pequena câmera nas mãos.
A porta entreaberta me permite espiar sem ser notada.
Sean, de terno, com olheiras profundas, a gravata desatada ainda no pescoço e
com a aparência visivelmente cansada embala Thomas que ao ouvir a voz mansa
do pai, aos poucos, vai se acalmando. Ele acaricia suas pequenas costas com seu
corpo aconchegado a ele, para aliviar mais uma de suas famosas cólicas
noturnas.
“Vai passar, calma, meu bebê!” — Sean se senta em uma poltrona e coloca
Thomas em seu colo, aninhando-o com tanto cuidado.
Nesse momento, penso nele menino, cuidando de Alexia.
“Andou mamando demais, não é, seu guloso?” — Massageia o pequeno
abdômen de nosso filho e as suas dores vão cessando fazendo—o parar de
chorar.
“Viu, só? Passou!!” — Thomas solta pequenos resmungos como se quisesse
conversar com seu pai. — “E agora, conte para o papai: Cuidou de sua mãe
direitinho enquanto estive fora, conforme combinamos?” — Distribui vários
beijos em sua cabeça enquanto conversa com nosso bebê.
Thomas resmunga mais uma vez e ele continua como se os dois estivessem em
um diálogo. Mordo meu lábio e seguro a vontade de entrar no quarto, não quero
perder e muito menos estragar esse momento dos dois, portanto prefiro filmá-los
à distância.
“Ah, sim, você cuidou dela?” — Sorri para nosso bebê. — “Muito bem. Todas as
vezes que o papai sair em viagem, você será o homem da casa, certo?”
Thomas agita os bracinhos e Sean pega uma de suas pequenas mãos e a leva em
sua boca, beijando-a. Se levanta a seguir e anda de um lado a outro do quarto,
ninando nosso menino sussurrando uma canção de ninar.
“Agora, é hora do menino mais lindo do mundo dormir, ok?”
Como se obedecesse ao pai, Thomas logo adormece e sem que meu marido
perceba, desligo a câmera e volto correndo para nosso quarto. Deito-me e finjo
que estou dormindo.
Essa cena jamais sairá de minha mente. Sean sendo pai é uma das coisas mais
lindas e fofas que já presenciei.
Instantes depois, entra em nosso quarto e bem devagar, se aproxima da cama e
beija meus lábios.
— Cheguei, meu amor!
Abro os olhos e encaro seus lindos olhos azuis, sorrio para ele.
— Estava com saudades! — Me sento na cama.
— Eu também estava com muitas saudade de você e de Thomas.
Seus olhos falam por si.
Exalam amor, desejo e ao encará-lo novamente devolvo-lhe o mesmo olhar. Com
seus lábios quase colados aos meus, aspiro o seu hálito e seu cheiro que só me
fazem pensar e querer uma coisa: seu corpo no meu. E tenho absoluta certeza de
que é nisso que meu senador está pensando no momento.
Me beija de leve e suspira, se levantando.
— E aí, deu tudo certo? — Pergunto.
— Sim, estou exausto, porém o cansaço valeu a pena. — Tira seu paletó e o joga
na poltrona próxima a ele. — Vou tomar um banho e depois lhe conto como foi
tudo.
Em outra época, eu o acompanharia nesse banho, mas devido ao nascimento de
Thomas, sexo nem pensar, ou melhor, só pensar; fazer, ainda, é proibido.
Momentos depois, Sean aparece vestindo seu roupão azul, o mesmo que o
presenteei em seu aniversário. Se ele tivesse piedade de mim, não tiraria essa
peça diante dos meus olhos. Com um olhar provocativo, abre seu roupão bem
devagar e o deixa em um canto qualquer. Usando somente uma boxer branca,
não consigo desviar meus olhos de seu corpo. Acho que a temperatura subiu de
repente.
— Sophia, não deveria me olhar dessa maneira. — Se deita ao meu lado e coloca
o braço direito atrás da cabeça.
Solto um riso abafado.
— Para que isso não acontecesse, você deveria sair daquele banheiro embalado
numa caixa inscrito “cuidado frágil”!
Ele solta uma gargalhada chegando a pender a cabeça para trás, parece um
garoto lindo sorrindo.
Me deito sobre seu corpo, roçando meu rosto em sua barba por fazer.
— Prometo me lembrar disso no próximo banho. — Diz enquanto suas mãos
recaem em minha costas, acariciando-as num lento vai e vem.
— Adoro suas promessas.
— Prometi que estaria aqui para comemorar seu aniversário e nosso primeiro
ano juntos. — Ele não tira os olhos de minha boca. — Faço o possível e também
o impossível por você, Soph!
— Jura? — Beijo seu pescoço absorvendo seu cheiro e misturado à sua pele
quente, o perfume magnífico de sua colônia pós banho. — Então, como um
pedido impossível, gostaria que você fizesse o tempo passar de imediato e nos
poupar dessa situação que está me deixando maluca...
— Soph... — Enrosca suas mãos em meus cabelos e me puxa para sua boca e
então sua língua invade meus lábios e busca a minha com sofreguidão. Seu
hálito é fresco e ele explora cada canto de minha boca. Gemo e o faço gemer
quando sugo sua língua prendendo-a na minha. Sem ar, vejo seus olhos
brilhantes de tesão. — Se eu pudesse fazer isso, a essa hora, estaria gemendo
com meu pau metendo gostoso em você! Esses dias tem sido um tormento sem
poder fazer amor com minha esposa.
Engulo seco ao ouvir sua voz rouca e carente de desejo. Sua boca desce pelo
meu pescoço e sinto minha pele em brasas no momento em que ele abaixa as
alças de minha camisola e meus mamilos roçam nos pelos de seu tórax. Esse
simples contato faz meu corpo se abrir e meu ventre se contrai deixando meu
sexo molhado sob o tecido de minha calcinha.
Arqueio meus quadris de encontro à sua pélvis e, em resposta, o encontro
extremamente excitado. Ele me prende contra seu corpo, estocando devagar num
movimento torturante. Mesmo sobre o tecido que nos separa posso sentir todo o
seu desejo por mim.
Ousada, desço minha mão por seu corpo e meus dedos agarram seu membro
quente e duro. Sean solta um gemido preso em sua garganta e aperta com força
meus quadris.
— Está me provocando, Sophia?
Morde meu lábio inferior e o prende em seus dentes.
— Não tenho ideia do que você está falando! — Digo com uma maliciosa
inocência.
Em resposta, ele escorrega sua mão por entre nossos corpos e seus dedos
invadem minha calcinha acariciando meu sexo numa tortura inebriante.
— Tem certeza de que não tem ideia, meu amor?
Circula meu clitóris com seu polegar numa deliciosa pressão, no mesmo instante
em que sua língua faz movimentos cadenciados em minha boca.
— Hummmm... Que delícia! — Solto um murmúrio de desejo quase
enlouquecedor.
Mordo seu queixo e inicio minha escalada em seu corpo. Minha língua desce em
círculos pelo seu peitoral, e sua reação é imediata.
— Que saudade dessa boca, minha gostosa!
Em seu abdômen trabalhado distribuo leves mordidas enquanto minhas mãos
deslizam pelos músculos de suas coxas.
Desço um pouco mais e com urgência, puxo sua cueca e o deixo nu para meu bel
prazer. Ajoelhada entre suas pernas e com as mãos espalmadas em suas coxas,
encaro-o e passo minha língua molhando meus lábios.
Sem dizer mais nada, me curvo e minha boca e língua beijam todo o interior de
suas pernas até chegar ao seu membro extremamente excitado e louco por
atenção.
Ao deslizar minha língua por toda sua extensão, ele ergue seus quadris me
incitando a abocanhá-lo todinho. E obedecendo aos seus desejos, o engulo
fazendo movimentos com minha língua acariciando-o por inteiro.
Vejo-o fechar os olhos e se entregar à minha boca.
Sugando, mordiscando e o masturbando de leve, seus gemidos de prazer me
deixam com a mente mais aguçada ao imaginar seu corpo encaixado no meu,
soltando gemidos de prazer ao investir devagar dentro dele e me fazendo sentir
um prazer único que só ele sabe me dar. Sean se segura e tenta prolongar ao
máximo esse momento antes de gozar, mas quero-o perdido em meu toque,
rendido a mim e então, com uma das mãos, massageio suas coxas, seus testículos
rígidos e minha boca vai mais fundo, engolindo-o todinho, fazendo com que ele
agarre meus cabelos e grite meu nome ao chegar ao orgasmo.
Ergo meus olhos e o vejo com a testa suada, peito ofegante e sua boca
entreaberta. Queria saber fazer um desenho dessa sua imagem, para que somente
eu desfrutasse de tal beleza ao admirá-la.
A seguir, me puxa para seu corpo.
— Venha cá, minha vez!
Ele puxa minha lingerie e me deixa de camisola. Ajoelhada em frente a ele, Sean
encaixa sua cabeça entre minhas pernas.
Chego a em encolher ao sentir sua língua quente abrindo meus lábios e
deslizando bem devagar nessa região, sugando num ritmo frenético e
sincronizado me fazendo mover os quadris em direção à sua boca. Meu corpo
todo busca alívio para as várias contrações que atingem meu ventre, fecho os
olhos e pendo minha cabeça para trás, enquanto uma de suas mãos me segura
forte pela cintura e a outra aperta meu seio sensível ao menor contato.
— Sean... — Seus olhos encontram os meus e gemo alto quando ele suga meu
sexo de modo mais agressivo, vejo suas bochechas côncavas pelo movimento me
lançando em um orgasmo intenso e muito prazeroso e massageando meu clitóris
sua boca me devora por completo.
— Saudade dessa boceta gostosa gozando em minha boca... — Diz de modo
rouco e sussurrante, no mesmo instante que continua a me lamber até que meus
espasmos cessem.
Após esse momento de total cumplicidade e amor, deslizo meu corpo para seus
braços que me aconchegam e me fazem sentir a mulher mais amada do universo.
— Eu a amo, Sophia!
— Eu o amo mais, Sean. Sempre.
Minutos se passam e ficamos ali, abraçados, até que ele se levanta e vai até seu
closet. Volta de lá com uma caixa comprida e estreita e também um envelope
vermelho com um laço azul.
— Feliz aniversário, meu amor!
Senta-se na cama e me entrega a caixa.
Afoita, abro-a e me deparo com uma linda pulseira toda em brilhantes com
vários S&S entrelaçados. “Sean e Sophia”.
— É lindíssima, meu querido! — Minha cara explícita de alegria denota o
quanto amei meu presente.
— Que bom que gostou.
— Não gostei, simplesmente, adorei.
A seguir, pego o envelope nas mãos e o abro.
Meu coração se abre de alegria ao ver a foto de Sean com Thomas em seu colo.
— Não sou tão bom com as palavras como minha esposa, mas o que vale é a
intenção, eu e Thomas esperamos que você goste. — Diz, todo tímido.
Logo abaixo, uma pequena mensagem com a letra de meu marido:
“Sophia,
Sei que deveria estar comemorando o seu aniversário, porém quem ganhou o
maior presente fui eu. Você já se deu a mim de presente, lembra-se?”
Meus olhos já ficam embaçados e ele espalma sua mão em meu rosto.
“Desde que entrei em sua vida, quem ganhou sempre fui eu.
Ganhei também ao deixar o meu orgulho há um ano e me declarar à mulher
que hoje me completa e me fez um homem por inteiro. Você é tudo o que
sonhei ter, Soph! A melhor namorada, noiva, mulher, amante, amiga,
companheira e agora a melhor mãe. Thomas ainda não tem noção da grande
mulher que Deus lhe deu de presente como mãe, mas afirmo que ele terá o
maior privilégio que é compartilhar de uma vida de amor ao lado da pessoa
mais generosa e espetacular que cruzou minha vida. Eu a amo e amo por
inteira.
Agradeço todos os dias por ter me encontrado com você durante essa jornada,
chamada vida. E hoje, eu que já lhe pertencia por completo, reafirmo que sou
seu. E também não aceito troca e muito menos devolução.
Ah, também não aceito ser rejeitado se acaso enjoar de mim!”
Lágrimas molham o papel e também a foto que está colada a ele. E Sean me diz
que não é bom com as palavras!
“Nós a amamos e sempre você existirá dentro de mim! Essa é mais uma de
minhas promessas com você!
PS.: Esse cartão foi assinado pelos dois homens da sua vida e ele é o único
pelo qual não tenho nenhum ciúmes.
Sean e Thomas”
Ao olhar para a o canto da página, há uma pequena digital no papel ao lado da
assinatura de Sean, me jogo em seus braços e choro feito criança.
— Nunca mais faça isso comigo, você quase me mata do coração, seu chato! —
Empurro-o com meu ombro e aperto a ponta de seu nariz.
— Vocês são os meus maiores presentes! — Digo.
Ele afaga meu cabelo e depois seca meu rosto molhado pelas lágrimas.
— Agora, venha até a cozinha! Tem um bolo nos esperando. — Diz, sorrindo.
— Bolo? Você comprou bolo?
— Claro! Aniversário sem bolo não tem graça!
De mãos dadas com meu amor, vamos comemorar o "nosso aniversário".
Tudo às mil maravilhas!
Por Sean
Sem passes de mágica ou algo semelhante, a felicidade e paz se instalaram em
definitivo em nosso cotidiano. Thomas completou seu primeiro mês de vida e a
cada dia que passa o meu amor por ele só aumenta.
Na cerimônia de seu batizado, Alexia o segurava em seus braços e ao olhar para
mim, seus olhos imensamente agradecidos me encheram de alegria. Minha
querida irmã finalmente encontrou seu caminho, refez sua vida e conseguiu
provar a todos a sua força e o seu valor. Liberta, livre e feliz. Era assim que eu
sonhava vê-la um dia e, ao jogar um beijo a ela enquanto o padre celebrava o
batismo o meu sonho se transformou em realidade.
Tenho orgulho de minha família. De todos eles, sem exceção.
Joseph também estava presente no batizado e quando Sophia entregou Thomas
para que ele o segurasse, surge em seu rosto um sorriso tímido misturado à
emoção de ser avô. Ele beija a bochecha rosada de meu filho e através de seus
olhos lacrimejados me agradece por viver esse momento.
Foi uma tarde muito agradável, onde toda a atenção foi direcionada ao meu
filho. Max se aproxima e bate em meu ombro.
— Quem diria que viveríamos tudo isso, meu irmão?
Viro-me para ele e sorrio.
— Pois é, Max, se alguém dissesse há um ano atrás que estaria casado e pai de
um menino, diria que essa pessoa só poderia estar maluca. Mas, agora, não me
vejo de outra forma. — Seguro em seu ombro. — E daqui a alguns dias será a
sua vez!
Max sorri e seu olhar recai em Danielly que está conversando com Sarah, Claire
e as outras mulheres presentes.
— Isso aí, quem diria que um assalto mudaria minha vida por completo?
Quase que digo o mesmo ao meu irmão, mas a vida secreta de minha esposa será
sempre um segredo mantido por mim.
Aidan se aproxima e entra na conversa.
— Sobre o que os nobres senhores estavam falando?
— Sobre o seu filho com minha irmã! Quero ser tio, oras! — Brinco.
Ele solta uma risada e rebate.
— No momento, Thomas é mais do que suficiente. Alexia e eu queremos curtir a
dois. Temos muitas outras coisas que queremos fazer e um filho exige atenção
total, com isso, acho melhor você se contentar com o baixinho ali. — Aponta
para Thomas que está no colo de Vicenzo — Agora conhecido como “vovô
babão”!
Dias depois...
Meu aniversário de 35 anos foi recheado de surpresas preparadas por minha
esposa. Ela fez uma montagem de vários vídeos gravados por ela, sem que eu
visse é claro. Momentos meus e de Thomas e ao assistir as imagens, confesso
que estava muito emocionado. Espero que a cada ano, mais emoções como essa
possam fazer parte de minha vida ao lado de minha linda família.
Devido à indicação de meu nome para concorrer à presidência dos EUA, minha
vida se resume à muitas reuniões, conferências e muitas entrevistas. Hoje, por
exemplo, tenho que comparecer a um programa de televisão onde eu e minha
esposa seremos entrevistados e visto em todo âmbito nacional. Sei que Sophia
detesta esse tipo de coisa com a qual também não sou muito adepto, mas toda
conquista tem seus sacrifícios e o mais lindo de tudo é ver a pessoa que vive ao
seu lado abrir mão de sua vontade para lhe apoiar em tudo o que você faz. Ela
sabe que chegar à Casa Branca é o meu maior sonho e então, me dá seu total
apoio em toda essa difícil campanha.
Sempre ao meu lado, sorrindo e toda simpática, com isso cativa cada vez mais o
eleitorado americano.
Essa é minha Sophia.
— Está pronta? — Abraço-a e nossos olhos se cruzam através do espelho.
— Quase, meu querido! — Vira-se para mim beijando meus lábios e em seguida
limpando com seus dedos a marca deixada pelo seu batom. — Sue ficará com
Thomas, espero que não demoremos nessa entrevista, sabe que não gosto de
deixar nosso bebê tanto tempo sem nossa presença.
Puxo-a ainda mais para o meu corpo e minha boca desliza sobre a pele macia de
seu pescoço.
— Sabe que não iremos demorar! — Sua boca se curva num sorriso carregado
de malícia. — Como foi a sua consulta com a Dra. Virgínia?
— Hum, seu interesseiro! — Suas mãos descem por minhas costas e apertam
minha bunda. — Infelizmente, sexo só depois do Natal! — Fala de modo sério.
— O que? Está brincando comigo, não é? — A encaro, fechando o cenho com
uma cara indignada.
Nesse momento, ela solta sua gargalhada rouca e dispara.
— Estou sim, queria ver a sua cara de espanto e só não tirei uma foto porque não
estou com meu celular em mão.
Estreita seus olhos e sua boca fica a centímetros da minha.
— Estamos, atrasados, Excelência! Quanto mais demorarmos a sair, mais
demoraremos a voltar!
Termina de ajeitar a minha gravata e seus olhos não se desviam de minha boca.
Minha vontade é de prensá-la nesse espelho e me enterrar todo dentro dela.
— Tem razão, Sra. Mackenzie, vamos? — Beijo seu lábio de leve.
Estendo meu braço à ela e depois de fazer todas as recomendações à Sue, a babá,
saímos para mais um compromisso social.
Durante todo o programa, Sophia era só sorrisos e mostrou que é a perfeita
esposa de um candidato, não somente pela simpatia como pelas respostas
inteligentes a respeito dos nossos projetos de campanha. Agradou e muito todos
os espectadores e também os milhares de telespectadores que aumentaram e
muito a audiência do canal em questão.
Acabada a entrevista, entramos no carro e Austin nos leva para casa.
No hall de entrada, agarro minha mulher por trás e mordo de leve sua orelha
deixando seu corpo todo arrepiado.
— Quero você, agora, Sophia!! — Pressiono meu membro excitado em suas
nádegas e ela solta um gemido rouco.
— Hum... Adoro meu marido tarado e ansioso. — Vira seu pescoço e sua boca
busca a minha. Cambaleamos pela sala e de repente, ela se esquiva de meus
braços. — Amor, tenho que ver como Thomas está e dispensar a babá. — Faz
sinal com as mãos. — Pedirei que Austin a leve embora, sim? — Ainda
completa. — A casa não é mais somente nossa, se esqueceu?
Passo as mãos pelos cabelos e concordo plenamente com minha esposa.
— Tem razão! — Afrouxo o nó de minha gravata. — Te espero em nossa cama,
não demore, por favor! — Pisco e jogo-lhe um beijo.
Por Sophia
Entro no quarto de meu lindo menino e Sue prontamente se levanta. Ela tem se
mostrado muito eficiente e muito amorosa com Thomas. Sempre me ajuda
quando necessito, geralmente em momentos como esse. Sei que daqui a algum
tempo, a minha agenda irá se apertar e terei que deixar meu filho aos cuidados
de outra pessoa, isso me deixa muito irritada, porém farei o possível para que eu
possa estar o máximo de tempo com ele. Digo à Sue que está dispensada, pago-
lhe e ainda lhe gratifico, causando um espanto mais que visível em sua cara ao
ver o dinheiro em suas mãos.
— Sra. Mackenzie, isso é muito dinheiro!
Sorrio para ela e completo.
— Está vendo aquele serzinho ali? — Ela olha para o berço onde Thomas
balança braços e pernas, resmungando ao ouvir minha voz. — Ele vale mais do
que tudo o que tenho e esse dinheiro é só uma gratificação e isso não chega a um
por cento do que lhe devo ao cuidar com tanto carinho de meu filho! — Ela fica
sem jeito. — Confio plenamente a você a pessoa que mais amo nessa vida, Sue.
Agora, Vá para casa e descanse! Austin irá leva-la. Até amanhã.
— Obrigada, Sra. Mackenzie.
— Sophia, por favor! Pode me chamar por Sophia!
— Sophia. — Diz timidamente.
Sue sai do quarto sorrindo como toda a garota de sua idade ao receber algo
grandioso.
Momentos depois, saio do quarto do meu menino após ter o amamentado e
trocado sua fralda. Entro em nosso quarto e suspiro ao ver meu marido, sem
roupas, deitado em nossa cama coberto por um lençol até sua cintura.
Caminho devagar até ele e seu olhar quase me desmonta.
— Demorei?
— Milhares de anos. — Sua boca entreaberta e seus olhos fixos em mim, fazem
meu corpo estremecer. E sem tirar seus olhos dos meus faz sinal com o indicador
para que eu me aproxime ainda mais.
— Não foi a minha intenção... — Diminuo ainda mais o passo e abro o zíper de
minha blusa, deixando-a cair em meus pés. Parada próxima à nossa cama, ele
aponta para minha saia.
— Quer fazer a gentileza? — Pergunto, virando-me para ele.
— Não, quero que você se dispa para mim!
Obedeço-o e minha saia cai ao chão.
— E agora? — Mordo meu lábio inferior e sinto meu sexo ficar molhado ao ver
que ele passa sua mão sobre sua ereção através do lençol.
— Sutiã... — Coloco as mãos em minhas costas e abro o fecho, e seus olhos de
predador não saem de meus mamilos endurecidos.
Ele engole seco e estende sua mão para mim.
— Calcinha? — Pergunto ao sentir seus dedos segurando os meus.
Num sobressalto, ele se livra do lençol e com sua mão presa à minha, me puxa
para ele me fazendo sentar em seu colo.
— Faço questão. — Rasga minha lingerie enquanto sua boca desce pelo meu
pescoço deixando um rastro quente com sua língua audaciosa.
Jogo minha cabeça para trás absorvendo cada toque de sua boca em minha pele.
Sean corre sua língua em meus mamilos e com suas mãos em minhas costas me
aconchega ainda mais em seu corpo, esfregando sua ereção em meu sexo
molhado.
Não quero mais a espera de ter meu marido dentro de mim, me esfrego nele sem
pudor e pelos seus gemidos, acho que ele sente a mesma urgência. Sua boca
prende a minha e seu beijo me domina por inteira, sua língua me provoca e meu
gemido é engolido por seu beijo cada vez mais selvagem. Estica o braço para o
criado-mudo e pega um envelope com preservativo.
Rasga o envelope sem tirar seus olhos dos meus e continua assim até que, sinto
seu membro encaixado em minha entrada encharcada de desejo. Segura em
minha cintura e seu membro me penetra devagar me fazendo suspirar de alívio.
Ao senti-lo todo dentro de mim, remexo meus quadris de maneira insana e então,
Sean distribui vários beijos e leves mordidas em meu maxilar e a seguir, se deita
entre os travesseiros e me arqueia seus quadris fazendo com que me preencha
ainda mais.
— Cavalga no meu pau, bem gostoso, cavalga!
Seu tórax suado e olhos de um azul intenso me fazem perder o controle e me
entregar ao prazer intenso de ter o homem que amo todo dentro de mim. Remexo
meus quadris e aumento o ritmo buscando alívio, Sean, com olhos semicerrados,
me acompanha segurando firme em minhas nádegas e nesse momento, me puxa
para sua boca e me beija alucinadamente.
Remexe seu quadril e toca em um ponto sensível dentro de mim e à medida que
meu orgasmo chega, meu gemido é abafado com sua boca colada à minha,
dizendo meu nome enquanto goza comigo. Com meu rosto em seu peito, ouço
seu coração bater forte e totalmente descompassado. Sorrio feliz ao saber que
tenho meu lugar ali, reservado e isso é mais que recíproco.
Ergo meus olhos e me perco no brilho dos seus.
Deito-me ao seu lado e ele retira a camisinha. Vira-se para mim e delicadamente
afasta uma mecha de meu cabelo que estava em meu rosto.
— Eu a amo tanto, minha Sophia! — Beija minha testa, meus olhos e desce
lentamente para minha boca tocando meus lábios de leve.
— Eu o amo muito, meu Sean.
E antes mesmo que eu tome fôlego, meu marido me puxa para ele e me beija
com paixão. Isso nos acende e sem que me dê conta o vejo com outra camisinha
em mãos. Pega uma de minhas coxas e a joga sobre seu corpo. Ele está faminto e
me deixou acesa novamente.
— Essa rodada foi somente a entrada, agora quero o prato principal!
E sendo assim, acabamos nos braços um do outro, demonstrando todo o nosso
amor incondicional.
Por Max — dias depois...
— Nervoso?
Meu pai ajeita o cravo em minha lapela e sorri.
— Um pouco, afinal não é todos os dias que nos casamos, não é?
— Verdade, meu filho!
Ele me abraça e ouço quando Sean bate de leve na porta e pede licença para
entrar.
Os dois me felicitam e eu não poderia ser mais agradecido por ter uma família
que me ama e respeita tanto. Somos muito felizes. Alexia deve estar no outro
quarto com Sophia ajudando Dani a se trocar.
— Sua noiva já está quase pronta, acho que não fica bem o noivo se atrasar meu
irmão! — Sean toca meu ombro e abraçados seguimos para o meu casamento.
Minha noiva e eu decidimos por um casamento para poucas pessoas e detalhe:
na praia. Queremos o mar como testemunha de nosso amor e nossa felicidade.
E assim, em pé no altar de frente para o mar, aguardo ansioso a chegada da
mulher que invadiu minha vida e me prendeu em seu coração para sempre!
Minha delegada que tanto amo!
Casamento de Danielly & Max
Por Danielly
Casamento na praia era um desejo oculto mantido em meu subconsciente desde
minha adolescência. Achava lindo quando me deparava com uma cena linda
entre duas pessoas que se amavam numa praia, rodeada de poucos amigos e um
imenso mar a completar esse cenário de felicidade. Depois de tantos namoros
desencontrados e relações fracassadas deixei de lado esse sonho e me conformei
com a realidade por muito tempo. Sempre me relacionava com o sexo oposto
sem fazer planos de um futuro juntos até que me deparei com Max, o homem
que me fez rever todo meu conceito sobre o amor.
Quando ele pediu minha mão em casamento, essa foi a primeira imagem que me
veio à cabeça e, quando marcamos a data senti que esse sonho teria que ser
adiado, pois a temperatura no mês de novembro em Nova Iorque é muito baixa
para que esse meu desejo se tornasse realidade. Claro que não me abalei por esse
motivo, porque o mais importante do que um casamento à minha moda, é estar
ao lado de Max e dividir nossa vida e seguirmos juntos. Meu amor por ele vai
além de um casamento na praia.
Meus pais moravam na Carolina do Norte e há seis meses resolveram se mudar
para Califórnia. Meu pai, delegado aposentado, e minha mãe, dona de casa
escolheram Malibu como o lugar para viverem até o fim de seus dias, como eles
mesmo disseram. E quando finalmente Max e eu decidimos a data de nosso
enlace, tive uma ideia, porém com receio de que meu noivo a recusasse, me
contive e ao perceber meu comportamento receoso, me fez confessar o meu
desejo secreto.
Resultado: Max adorou a ideia e me deu carta branca para a realização de meu
sonho. Nosso casamento na praia, ao pôr do sol, com tudo o que sonhei. Poucos
convidados, praia decorada com muitas flores e uma festa estilo luau onde os
noivos dançam e se divertem até a exaustão. E agora, estou aqui, na casa de
meus pais, vestida de noiva em frente ao espelho refletindo minha alegria a
ponto me fazer chorar. Meu desejo se tornou real e teremos uma cerimônia linda
rodeada das pessoas que realmente se importam com a nossa felicidade. Toda a
família de Max e alguns amigos vieram de Nova Iorque num avião fretado por
meu querido sogro. Às vezes, me esqueço de que estou me casando com um
milionário e esse mundo, onde a falta de recursos nunca foi um problema, me
assusta.
Charles, meu pai, me olha pelo espelho e sinto a sua comoção. E nesse
momento, me viro, caminho até ele e seguro em suas velhas mãos.
— Vamos, minha filha, seu noivo deve achar que você acabou desistindo.
— Obrigada, papai por tudo! — Sorrio e estendo meu braço. — Vamos?
Não preciso explicar meu agradecimento, meu pai sabe a que me refiro. Quando
decidi que seguiria a mesma carreira que ele, tivemos nosso primeiro embate e
um desentendimento que durou por todo período em que me preparava para me
tornar delegada, na cabeça de meu velho pai, essa profissão era cabível somente
aos homens e foi me dedicando e provando a cada dia a mim mesma que era
capaz que ganhei o seu respeito e admiração. Ah, essa minha profissão me deu
também um homem lindo que me ama e me quer para sempre junto dele.
E, segurando meu buque de copos de leite, com as mãos e corpo trêmulos sigo
de braços dados com meu pai ao encontro do meu futuro marido.
Por Max
Todos se levantam para receber a noiva.
Meus olhos não querem perder um mínimo movimento seu. Ela anda devagar,
linda e tímida.
Sim, Dany é muito tímida. Quem a vê atrás de sua mesa no departamento de
polícia ou até mesmo em alguma diligência, não sabe que ao tirar seu distintivo e
seu coldre ela se transforma como se tivesse uma outra personalidade
subtendida. Quando isso acontece, a Dany com sorriso e jeito de garota assume
seu lugar e até hoje não sei determinar ao certo qual desses jeitos eu mais gosto,
a delegada durona e incorruptível ou a romântica e carinhosa mulher.
Seu sorriso permanece trêmulo até que seus lindos olhos castanhos se encontram
com os meus. Ela fecha os olhos por segundos e ao abri-los, um brilho de
cumplicidade se conecta ao meu olhar. Devo tudo à Dany. Devo minha alegria,
minha vontade de viver, meus sonhos futuros e o mais importante, me mostrou
como é se sentir realmente amado, desejado e único. Minha delegada abriu em
meu peito um largo caminho por onde seguiremos com nosso amor e sonhos.
Nada do que vivi antes dela teve valor. Era inocente e cego em meu
relacionamento anterior e ao me deparar com Dany percebi o quanto estava
errado ao achar que sofreria a vida toda por alguém sem ao menos ter a certeza
de que era amor verdadeiro.
Hoje posso afirmar com clareza o que sinto e carrego com orgulho em meu
coração. Eu a amo intensamente e nunca me cansarei de demonstrar através de
atos de carinho ou palavras doces o que sinto por minha mulher.
No altar, na hora dos votos, ela me emociona com palavras que não foram tiradas
de algum texto e sim, vieram de sua alma e ao terminar, sorrio enquanto uma
lágrima insiste em cair de meus olhos. Em seguida, a minha vez de dizer a todos
os presentes os meus votos à mulher mais bela desse planeta. Alguém pode achar
exagero, mas quem sente o que sinto saberá que não há nada demasiado em meu
comentário.
Pigarreio e passo os dedos sobre o nó de minha gravata, fazendo graça e os
convidados riem. Sean ao lado de Sophia me olha e sorri. Ele sabe exatamente
como me sinto e tento, através de meu olhar, dizer obrigado por cada palavra dita
quando me encontrava perdido. Mesmo sem experiência alguma, ele me
assegurou numa noite de embriaguez e tristeza que eu encontraria alguém que
merecesse o meu amor. Fico feliz por ele estar certo.
“Danielly,
Cada olhar, palavra ou sorriso estão guardados aqui. Meu amor por você é
eterno e a farei feliz como você me tem feito desde o dia em que entrou em
minha vida! — Toco em meu peito, ela respira fundo, segurando a vontade
de chorar. — Quero que todos que estão presentes, nessa tarde,
compartilhem desse momento em que posso olhar para você e dizer que a
amo e em cada dia de nossas vidas demostrarei o significado dessas
palavras.”
Trocamos as alianças e somos declarados marido e mulher. Olhamos para o sol
que acaba se se por. Como nossa testemunha, ele vai embora com a promessa de
voltar no dia seguinte para presenciar nossa felicidade.
Nesse momento, aplausos e muitos assobios que vem particularmente de minha
querida Alexia que, chorona como sempre, me joga repetidos beijos.
Era esse o casamento que Dany e eu sonhávamos. Algo íntimo e verdadeiro.
Cada pessoa que nos cumprimentou com abraços ou beijos transmitiu sinceros
votos de uma vida feliz.
— Feliz? — Beijo de leve sua boca que se escancara num sorriso.
— Muito, meu amor! Tudo o que sempre sonhei estava aqui!
Olho ao redor e vejo os convidados se divertindo com a linda recepção em plena
praia.
— Verdade. Tudo ficou muito bonito!
— Max, não me refiro a festa e sim ao que vivi nesse dia! Você e suas palavras
me deixaram sem fôlego. Eu o amo muito, Max Mackenzie! — Seus braços
rodeiam meu pescoço.
— Humm... Muito bom saber disso, não vejo a hora de tirar seu fôlego de uma
outra maneira, Danielly Mackenzie! — A aperto em meu corpo — E eu a amo
muito, meu ar, meu viver. Venha, tenho uma surpresa para você! — Agarro sua
mão e a arrasto para perto do palco montado na praia.
Por Danielly
Tentei durante toda a cerimônia segurar o máximo de lágrimas possíveis, claro
que sempre há aquelas mais teimosas e audazes que descem pelo seu rosto e
caem vitoriosas para confirmar toda a emoção que a gente sente.
De todos os abraços e cumprimentos calorosos, o de minha amiga Lay foi o que
mais me deixou sem chão. Parceira maravilhosa, amiga para qualquer situação e
de uma abraço quente que te faz querer ser o mais egoísta possível guardando —
a somente para si e mais ninguém. Trabalhamos e corremos perigos juntas e na
maioria das vezes quando um caso parecia insolucionável, ela sempre
encontrava uma maneira de me fazer rir e esse relaxamento me dava ânimo para
encontrar o desfecho que faltava. Lay é a irmã doidinha que todo mundo queria
ter!
E o dia parece me reservar ainda mais surpresas inesquecíveis. Max, sem que eu
soubesse, contratou a banda Il Divo para cantar uma canção que fez parte de
nossa história...
A banda começa a tocar e ele desce e me toma em seus braços, levando meu
corpo com canção Sortilégio de amor.
— Você se lembrou? — Digo, eufórica.
— Como me esqueceria? Se quando a ouvi pela primeira vez, tinha você em
meus braços depois de amá-la, ouvi de seus lábios o quanto me amava?
Em outra vida, devo ter sido muito boazinha para merecer um homem como
Max.
À nossa volta, Sophia dança com Sean e Alexia agarrada a Aidan, mantém seus
olhos fechados deixando a canção falar pelo momento.
A festa segue animada e depois de cortar o bolo, levantar brindes que mais uma
vez, me fizeram chorar e jogar o meu buque às solteiras de plantão é chegada a
hora de nos despedirmos e curtir a nossa primeira noite de casados. Max
reservou uma bela suíte em um dos melhores hotéis de Malibu, na manhã
seguinte, partiremos para a Índia.
Em nossa suíte, após fechar a porta, meu lindo marido agarrado a mim, sussurra
em meu ouvido.
— Quero fazer um brinde só nosso! Espere só um segundo, por favor! — Afasta
e pega uma garrafa de champanhe que estava em um balde com gelo. Abre-a e
serve o espumante em taças. Antes de entregar uma delas a mim, ele escolhe
uma música do sistema de som do hotel e a voz de Ticiano
Ferro cantando Imbranato deixa o nosso momento mais romântico. Outra de
nossas canções favoritas e carregada de nossa história para um dia ser lembrada.
Com a taça na mão, brinda ao nosso passado, presente e futuro juntos. Sorve o
líquido devagar e nesse momento, retira a bebida de minha mão e a coloca sobre
um móvel qualquer. Toma minha boca num beijo apaixonado e com o gosto de
champanhe enrosco minha língua na sua, deixando-me com mais desejo ainda.
Me puxa de modo brusco e meu corpo se choca com o dele sentindo toda sua
excitação sob as roupas que nos separam.
Toca em meus cabelos e seus dedos penetram por entre eles, soltando meu
penteado, fazendo-os caírem sobre meus ombros.
— Prefiro assim ... — O azul de seus olhos brilha ao olhar para os meus, em
seguida, descem para minha boca. — Soltos... — Suas mãos tocam a alça de
meu vestido e as descem de modo lento e provocativo. Minha pele fica sensível
ao sentir as pontas de seus dedos pairarem sobre o zíper em minhas costas.
Tiro seu paletó e o atiro ao chão, a seguir é a vez da gravata. Já fizemos amor
inúmeras vezes, porém essa noite tudo é especial. A camisa também se junta às
demais peças espalhadas pelo chão.
Max me vira me mantendo de costas para ele e assim meu vestido desce pelo
meu corpo, caindo aos meus pés. Segurando em seu pescoço por trás, sua boca
macia desliza pelo meu pescoço. Os pelos macios de seu tórax roçam em minhas
costas no mesmo instante que o cheiro de seu perfume invadem minhas narinas
me deixando louca de desejo.
A música continua tocando e sou embalada com seu corpo colado ao meu. Suas
mãos espalmam meu seios deixando meus mamilos sensíveis e entumecidos, no
mesmo instante que ele sussurra a estrofe da canção em meu ouvido, seguido de
leves mordidas no lóbulo de minha orelha.
“Desculpe, sabe, se tento insistir
Me torno insuportável, eu sou
Mas te amo, te amo, te amo
É engraçado, tudo bem, é antiquado, mas te amo”
— Max... — Agora sua mão audaciosa invade minha calcinha e seu dedo médio
desliza sobre o meu sexo excitado, molhado e extremamente ansioso por ele.
— Diga o que você quer, minha delegada... — Cada palavra sua sai de modo
rouco em forma de gemido.
— Você... — Gemo.
Vira meu corpo, pegando uma de minhas mãos e a coloca sobre sua ereção.
— Sou todo seu...
Abro sua calça e sem pudor, meus dedos agarram seu membro quente e excitado
fazendo-o grunhir com meu toque.
Max me empurra para a cama e se livra do restante de suas roupas e se deita
sobre mim, se esfregando de modo despudorado entre minhas pernas, sua mão
puxa meus cabelos mantendo meu pescoço livre para sua boca que passeia com
sua língua audaciosa até chegar aos meus seios túrgidos e híper sensíveis.
Com mão livre, me despe deixando nossos corpos livres e em contato com o
outro. Antes que ele diga ou faça qualquer coisa, seguro seu membro em minha
mão, e sem tirar meus olhos dos seus, arqueio meus quadris e deixo que ele me
penetre todinha. Chego a arfar com a satisfação de sentir-me preenchida por ele.
— Dany...
Segura em minha cintura com suas mãos fortes e tenta comandar o ritmo, porém
o domino e busco nosso prazer aumentando os movimentos dos meus quadris e
arrancando um gemido alto de sua garganta. Quero que seja intenso, voraz, cheio
de luxúria e selvagem. E ao beijar sua boca e o provoca-lo com minha língua,
Max me dá o que quero e cada metida sua me lança ao abismo maravilhoso que
é o orgasmo. Flexiono meus quadris e o levo comigo arranhando de leve suas
costas ao ouvir seu gemido dizendo meu nome.
Ergue seu lindo rosto e sorri com malícia.
— Você é que me deixou sem fôlego, meu amor!
Beija meus lábios bem de leve.
— Adorei saber que posso fazer isso com você! — Falo, em tom de deboche.
Sério, arqueia as sobrancelhas e dispara.
— Você nem imagina o que pode fazer comigo, Dany. Me tem em suas mãos
para fazer o que quiser de mim! Eu a amo sem medidas!
Toco seu rosto e fico sem palavras para uma declaração tão comovente como
essa. Max quer me ver chorando novamente, só pode.
— Agora, realmente, fiquei sem fôlego, meu amor!
Me deito sobre ele e roço meu nariz no seu.
— Farei com você o mesmo que fez comigo! Me fez sentir a cada dia mais
amada e é isso o que terá de mim, Max!
Depois dessas palavras, meu marido me deixa novamente sem fôlego...
Em Nova Iorque — por Bárbara
Sentada em minha cama, olho a enorme foto na seção da coluna social de New
York Times. A manchete de meia página anuncia o casamento dos noivos em
Malibu. Cerimônia será para parentes e amigos muito próximos. Noto o brilho e
sorriso no olhar de Max. Esse sorriso já foi meu, mas olhando mais
detalhadamente há uma diferença. Ele olha para Dani com algo mais. Há leveza
e força em sua expressão.
Danielly o olha da mesma maneira e não posso ser medíocre ao negar que ela
realmente o ama. Resumindo, fui apaixonada por um homem que se casou com
uma maria-ninguém chamada Sophia e troquei o homem que me daria o mundo
por nada. O tempo passou e quem saiu perdendo fui eu!
Tola!
Agora, é desejar sorte a Max! Que ele seja muito feliz com uma mulher que o
ame como eu nunca consegui amar!
Felicidade em dobro!
Por Sophia
O primeiro Natal após o nascimento de Thomas foi recheado de uma noite
maravilhosa com todos da família reunidos em uma linda Ceia de Natal. O frio
lá fora era cortante e os flocos de neve caíam insistentemente deixando tudo
branco em contraste com as inúmeras luzes coloridas de nosso jardim.
Estávamos muito felizes, recheado de paz e uma tranquilidade incomum.
Harry fez um lindo discurso sobre a união em família e, ao redor da enorme
árvore de Natal, ouvimos suas lindas palavras. Claire, linda como sempre, o
olhava com muito amor. Fico pensando quanto tempo ela não teve que esperar
para poder viver ao lado dele. Sean e eu sabemos o que cada frase de Harry
significou. Toda a nossa família conseguiu atravessar os momentos mais difíceis
graças ao amor e respeito que temos um pelo outro.
Momentos depois, ao redor de uma mesa farta, somos risos, brindes de eterna
felicidade e lágrimas de muitas alegrias.
Alexia, ao ver Harry discursando, parecia uma menina vendo o Papai Noel. Seus
olhos grandes brilhavam e se encheram de lágrimas, que ele mesmo fez questão
de enxugar ao abraça-la e depois dessa demonstração de carinho, minha cunhada
—irmã anunciou que andava muito emotiva, porque mais um Mackenzie estava
a caminho.
Saber que seria tia me deixou muito feliz, porém Alexia queria muito mais e
com isso, anunciou durante a abertura de presentes que eu seria a madrinha de
seu bebê. Esse foi um dos presentes de Natal mais lindos que alguém já me deu.
Ficam ainda a nos dever sobrinhos, Dany e Lay. Elas fazem negativas com a
cabeça quando eu e Angelina a intimamos pela chegada de mais babys.
Nessa noite, todos deveriam estar alegres como eu, mas infelizmente, sei que
milhares de pessoas nesse momento, não têm a mesma sorte. Algumas choram
em algum leito de hospital por sua grave doença, umas choram a perda de um
ente querido que a deixou na mais triste solidão. E outras e mais especiais,
aquelas que desacreditam que essa época seja especial, pois vivem em tamanha
miséria e se acham esquecidas de Deus. Se Sean chegar à Casa Branca, essa será
a minha luta. Quero trabalhar intensamente por aqueles invisíveis e esquecidos
de toda a sociedade, pois um dia estive entre eles e o destino me brindou com
uma nova vida cercada de tudo o que jamais sonhei de bom.
Sentada ao meu lado à mesa, Marcella me olha com um sorriso terno e estende
sua mão. Ao segurar meus dedos entre os seus, sua velha mão cansada transmite
calor e mais uma vez, ela me agradece por permitir fazer parte da minha vida.
Vicenzo também resolve dizer algumas palavras. Sua voz firme e carregada de
força me faz pensar em como o admiro. Casou-se com Sarah, em uma cerimônia
muito íntima em seu apartamento e noto que a companhia da esposa fez muito
bem a ele. Meu eterno herói. Amá-lo é pouco, eu o adoro e quando acaba de nos
desejar boas festas, saio de meu lugar e ao ficar perto do meu velho Vicenzo,
beijo forte sua bochecha e ele sorri ficando com o rosto vermelho.
É hora de posar para as fotos. Sean ajeita a câmera e corre para ficar ao meu
lado. Essa noite, ficará gravada não somente nos vídeos engraçados que fizemos
e muito menos nas inúmeras fotos que foram tiradas. Permanecerá intacta dentro
do meu eu e jamais será arrancada de mim. Temos amor, carinho, amizade,
fidelidade, sinceridade e muita, mas muita fé no viver. Cada um presente nessa
foto, carrega a sua história e nesse momento as nossas vidas se cruzam em um
momento único.
[...]
Elijah, filho de Alexia nasceu em julho. Ela e Aidan não podiam estar mais
felizes. Claro que sendo mãe, Alexia sempre nos surpreende. Desajeitada como
ela só, deixa a encargo do pai coruja muitas das tarefas com meu lindo afilhado.
[...]
No primeiro aniversário de Thomas, resolvemos fazer uma festa muito pequena,
pelo simples fato de que ele ainda é muito pequeno para entender o que
realmente está acontecendo. Não posso deixar de mencionar que Harry e
Vicenzo continuaram na disputa de melhor avô.
Minha arara favorita logo me dará o segundo sobrinho, aliás sobrinha.
Lorenzo é todo cuidadoso com ela e estamos todos ansiosos para a chegada de
Gabriella. Agora, só falta a nossa delegada resolver fazer seu pedido à cegonha!
Faltando exatamente um ano para as eleições presidenciais, Sean e sua equipe
começam o difícil trabalho de campanha. Minha residência se transformou num
horrendo QG político e muitas vezes, acabo dormindo e não vejo quando meu
marido entra no quarto. Essa jornada de visitas aos estados, apertos de mãos e
sorrisos é muito cansativa. Sem falar na imprensa lhe tirando a privacidade a
todo instante. Tento proteger Thomas o máximo possível e sei que Sean também
não gosta dessa exposição toda.
Estamos ainda em agosto. Minha agenda se torna ainda mais apertada. Conciliar
a vida de mãe com a de futura primeira-dama, parece ser fácil, mas engana-se
quem pensa assim. Sabe aqueles dias em que você mal se deita e ao abrir os
olhos já é hora de se levantar? É assim a minha rotina.
Hoje, faz quinze dias que Sean foi para o oeste do país e a saudade aperta a cada
instante. Sem ser exagerada e já sendo, fico imaginando se eleito for, terei que
marcar horário para podermos ficar juntos, pois confesso que está difícil
reservarmos um tempo só nosso para um programa a dois. Recebo uma
mensagem de meu marido, me dando uma boa notícia: Volta ainda essa noite
para Nova Iorque. Brincando no tapete da sala com Thomas e suas pecinhas de
montar, sorrio para os seus grandes olhos azuis e digo:
— Papai chega hoje!! — Pego-o em meu colo e beijo suas bochechas rosadas.
— E nada de querer ficar acordado, viu? Mamãe tem assuntos muito importantes
para tratar com seu pai!
Meu menino sorri me mostrando seus poucos e lindos dentinhos. Como se ele
entendesse o a que me refiro. Acho que não tenho os miolos no lugar.
Todas as noites, sem exceção, conto uma pequena história para Thomas. Sei que
ele ainda é muito novinho, mas quero que ele guarde em seu subconsciente os
lindos contos infantis e que deles retire a melhor parte, o fundo moral de tudo
isso e os use no decorrer de sua vida. Coçando os olhinhos, coloco-o em sua
cama, beijo-o várias vezes, asseguro mais uma vez que o amo muito e antes de
fechar seus olhos, toca meu rosto com sua pequena mãozinha e sorri. Apago a
luz do quarto e encosto a porta.
Tomo um banho relaxante e coloco um roupão. Olho no relógio e constato que
são duas da manhã. E nada de Sean Mackenzie.
Me dirijo para a cozinha e ao olhar para a janela, vejo ao longe o portão que dá
acesso aos fundos da casa se abrir e dois carros entram em alta velocidade.
Ele chegou!! Ouço sua voz conversando e dispensando os seguranças que
viajaram com ele. Espero que ele entre pela porta da garagem e saio da cozinha
ao seu encontro, pois não consigo esperar que ele entre tamanha a saudade que
estou sentindo.
De costas, ele ajusta o controle e as senhas da garagem.
Ao se virar, chego a engolir em seco ao ver seu rosto com a barba crescida e um
olhar que não preciso descrições para entender o que significa.
— Bem-vindo, Excelência, estava morta de saudade... — Caminho até ele bem
devagar. Seus olhos recaem sobre a abertura de meu roupão que deixa à mostra a
curvatura de um de meus seios. Me sinto como se estive numa espécie de cio,
louca para ser possuída por meu marido, ali, lindo me desejando com os seus
olhos.
— Estava? Não está mais? — Segura em minha cintura e respiro profundamente,
aspirando seu cheiro. Madeira e Sean. Roço meu rosto em sua pele e ele segura
em minha nuca, atacando minha boca com muito desejo. Imito seu gesto e
segurando seu pescoço com minhas mãos, puxando-o mais para mim,
arrancando de sua boca um gemido tão gostoso que estremece meu corpo
todinho. — Contei os segundos do aeroporto até aqui... louco de saudade... —
Suas mãos descem por minha coluna e apertam meus quadris de encontro à sua
ereção.
— Vamos para nossa cama? — Digo num murmuro carregado de desejo.
Num movimento rápido, ele me encosta no carro e se esfrega todo em mim, me
fazendo gemer também. Estamos tão sedentos que o quarto terá que esperar.
— Nossa cama terá que esperar, Soph!! — Abre meu roupão e o deixa cair em
meus pés. Sua boca quente juntamente com os pelos de sua barba roça por minha
pele sensível e desejosa por cada toque vindo dele. Ao engolir meu seio e passar
sua língua macia em meu mamilo deixando-o duro, meu ventre se contrai e sinto
meu sexo latejar ansiosa para ser preenchida por ele.
— Sean, as câmeras estão ligadas... — Passa para o outro seio e ao ouvir minhas
palavras me encara. O azul dos seus olhos brilha e ele me responde com um
sorriso indecente acompanhado de uma malícia somente sua.
— Senti seu perfume antes mesmo que você chegasse até mim! — Passa sua
língua em meu lábio inferior, em seguida o suga devagar. — O que acha que eu
estava fazendo com aquele controle na mão?
Ele desligou as câmeras da garagem.
Safado, que adoro!
Tiro seu paletó e com sua ajuda arranco sua camisa, deixando seu tórax livre
para minhas mãos, unhas e boca. Arranho suas costas ao sentir que ele prende
meu mamilo entre seus dentes e puxa me fazendo arfar de desejo. Sobe com a
mão direita por minhas coxas e abre os lábios extremamente úmidos de meu
sexo com seus dedos mais que habilidosos. Ele sabe me levar à loucura somente
com pequenos toques.
— Gostosa... — Penetra seu dedo em mim e estoca devagar. — Minha Soph...
— Arranha sua barba por meu pescoço deixando um rastro de pura luxúria em
minha pele. Seu dedo me deixa com mais tesão e então, clamo por ele.
— Sean, por favor!!
Ouço o barulho de seu cinto sendo aberto. Ele abaixa sua calça e vejo seu
membro duro e louco por mim.
E prensada em nosso carro, ele ergue uma de minhas pernas e a coloca ao redor
de sua cintura.
Antes de me penetrar, coloca a cabeça de seu pau em minha entrada e se esfrega
todo em mim, me lubrificando ainda mais. Me faz encará-lo e avança sobre
minha boca, me devorando com seus lábios e minha resposta mais que imediata
é remexer os meus quadris em desespero. Se ele não me penetrar, vou gritar
nessa garagem.
Sentindo minha urgência, penetra sua língua em minha boca ao mesmo tempo
que seu membro desliza para dentro de mim.
— Ohh, Sean... — Arqueio meus quadris e rebolo como louca, absorvendo cada
sensação que seu corpo me proporciona.
Aperta minha bunda e aumenta seu ritmo, estocando cada vez mais fundo. Seu
gemido grave é como um afrodisíaco para mim. A cada investida, ondas muito
fortes de prazer atingem meu corpo.
Nunca cometemos tal loucura, transar em plena garagem. Confesso que estou
adorando cada segundo.
— Estava louco para fazer amor com você! — Segura-me com um de seus
braços e com o outro livre, aperta meus seios com força. — Foder você todinha e
ouvir seu gemido rouco, minha Soph!
Mordo de leve seu pescoço quando meu clímax me atinge. Gemo, grito e ele
continua a meter como um louco em mim.
— Goza para mim. — Minha boca corre por sua orelha e em seu ouvido digo
coisas sacanas que o deixam mais aceso ainda, como se isso fosse possível.
— Soph... — Sinto quando seu membro se contrai e ele goza dentro de mim.
Encostado em meu ombro, todo suado, ele ergue seu rosto e beija meus lábios de
leve.
— Agora, sim! Podemos ir para nossa cama.
Ainda dentro de mim e com sua boca colada à minha, digo:
— Olha que promessa é dívida!
Com um sorriso torto, sai de dentro de mim e ergue sua calça, em seguida, fecha
meu roupão, me erguendo em seus braços.
— Adoro cumprir cada promessa que faço a você, minha eleitora preferida!
Me dá uma piscada que estremeço.
Entre beijos e carícias chegamos ao nosso quarto e meu senador cumpre mais
uma de suas promessas.
Momentos depois, acordo e não o encontro ao meu lado. Ele está no quarto de
Thomas. Deve estar com ele em seu colo, tenho certeza. É sua rotina quando
volta de viagem, já me acostumei.
Mesmo sendo sacrificante não ter Sean ao meu lado todos os dias ultimamente,
sei que cada minuto ao seu lado é algo precioso e inesquecível.
Dois meses depois...
Durante uma visita que fizemos ao estado de Ohio, em uma convenção, tive que
me retirar quando Sean discursava. Acho que andei comendo algo que não devia
e meu estômago reclamou durante quase toda a solenidade. Damon, nosso
segurança, me acompanhou até a sacada do local, eu precisava de ar e respirei
fundo várias vezes para não acabar vomitando ali.
Ao terminar seu discurso, Sean se aproxima preocupado e mesmo contra a
minha vontade, ele me faz voltar para o hotel, pois o pior já havia passado e
pretendia ficar com ele até o final.
Ao voltarmos para Nova Iorque, dias depois, sou novamente acometida por esse
mesmo mal-estar e na cozinha do apartamento de meu pai, Angelina me olha
torto, enquanto corto uma maçã para oferecer a Thomas que corre de Vicenzo
num pega-pega em plena cozinha.
— Nina, será que só eu que percebi que você está grávida novamente?
Angelina só pode ter caído de algum trem e ter batido com a cabeça.
— Fofa, dessa vez, você está redondamente enganada.
— Redonda, pode ser, mas enganada, nunca! — Para de bater seu bolo e ergue a
colher de pau. Nesse instante, Sean adentra a cozinha e ela para de falar.
Ele sai e ela ainda vai até a porta para se assegurar que não poderá nos ouvir.
— Angelina, estou tomando pílulas, sem chance de ser gravidez.
— Bato uma aposta com você, pílulas falham minha querida! Foi assim que tive
Charles, meu segundo filho.
E não é que Angelina tinha razão? Após dar um grito no banheiro ao ver a faixa
azul gritante num exame de farmácia, acabei me conformando. Estou novamente
grávida e há pouco tempo das eleições. Não tinha planos para me tornar mãe
novamente e meu medo era de que Sean ficasse chateado ao receber a notícia.
Como sempre, ele me surpreendeu e me mostrou o marido maravilhoso que é.
Não só amou saber que será pai, como me fez prometer que teremos um time de
polo em casa,
Uma semana de fortes enjoos e acabo marcando uma consulta com minha
médica, Dra. Virgínia. Sean cancelou um compromisso só para me acompanhar.
Durante o ultrassom, meu marido olhava atento para o monitor e ao ouvir da
médica que seriam dois bebês, achei que ele quebrar minha mão ao apertá-la tão
forte, em sinal de alegria.
No caminho para casa, ele não falava em outra coisa que não fosse nossos
gêmeos e na certeza um pouco machista de que seriam mais dois meninos.
— Amor, pode estar errado, e se forem duas meninas?
— Tenho certeza de que serão dois meninos, porque se forem meninas, eu vou
surtar. Não quero nem pensar, eu Sean, sendo pai de duas garotas.
— Ora, por que?
Não imaginava que meu marido fosse tão ciumento no quesito filhas.
E surtando ou não, dois meses mais tarde, descobrimos que Sean e eu seremos
pais de gêmeas!
Felicidade em dobro!!
Meu presidente — Parte I
Por Sean
Deitado ao lado do corpo de Sophia enquanto ela, com seus dedos, brinca com
uma mecha de meu cabelo, fecho meus olhos e me delicio com esse simples
toque.
— Sean...
— Hum, que foi meu amor?
Minhas mãos fazem contornos circulares em seu colo e descem pela sua pequena
barriga de quatro meses.
Abro bem os meus olhos e busco seu olhar que me sorri.
— Agora que sabemos que serão duas meninas, temos que escolher o nome para
nossas filhas.
Ergo meu pescoço e fico bem próximo à sua boca.
— Saiba que ainda estou digerindo a ideia! Se quando Lexi nasceu fui um irmão
ciumento, imagino pai de duas meninas? Você ficará viúva, Sophia, pode ter
certeza, não chegarei aos cinquenta anos!
Então, seu sorriso denuncia o quanto demonstro a minha insegurança paternal e
possessiva. O sorriso de minha mulher com suas lindas covinhas ainda me abala
como se eu o visse pela primeira vez.
— Deixe de besteiras, Sean!
— Acha que estou brincando? Já me imaginei de cabelos brancos de tanto ciúme
dessas duas. Como o mundo dá voltas!
— Por que diz isso?
— Quando começamos a namorar, achava que seu pai era um porre, hoje
confesso que mudei meu conceito. Ele tinha toda razão. Serei mil vezes pior que
ele.
— Seu bobo! Ciumento ou não, será um excelente pai. — Beija a ponta do meu
nariz.
Arqueio minhas sobrancelhas e minha boca roça em seu maxilar, subindo e
descendo do queixo até sua orelha. Sophia solta um gemido e acaricia os
músculos de minhas costas, apertando minha pele.
— A culpa é da garagem! — Com ar divertido, sua voz rouca é uma das coisas
que mais gosto.
Quem solta uma gargalhada sou eu.
— Não seja por isso, se chegarmos à Casa Branca, teremos muitos cômodos para
colocarmos a culpa.
— Com isso, está querendo me dizer que quer ter mais filhos, senador?
Meus lábios prendem o lóbulo de sua orelha e sinto que ela se contorce quando
minha língua percorre essa região.
— Sim, meu time masculino está em desfalque, estamos em menor número.
Quero mais um menino!
— E se vier mais uma menina?
Me encaixo entre suas coxas e beijo sua boca demonstrando o quanto ela é
essencial para mim.
— Quantas garagens teria a Casa Branca? — Brinco.
— Não tenho a mínima ideia, meu amor!
Rimos juntos.
— Louise. — Digo, mudando de assunto e sem entender a que me refiro,
aguarda minha conclusão. — Gostaria que uma delas se chamasse Louise. Era o
nome de mãe de Harry, minha avó paterna.
— Lindo nome. Perfeito.
Sua vez de dizer sua escolha.
— Valentina, que acha?
— Não gostei. — Rebato.
— Anne. — Espera minha opinião.
— Negativo.
— Hum... Deixe-me pensar. — Faz uma cara séria, ela vai fazer piada. —
Exigente, você, hein? — Diz de modo travesso. — Carlota Joaquina??
— Muito lindo, mas também não serve. — Digo, segurando meu riso.
— Ah, pensei que gostaria desse!
— Outro, sem brincadeiras!
— Victoria. — Diz, como se fizesse uma grande descoberta.
— Gostei. Victoria é bonito.
— Tinha pensado em homenageá-lo, mas mudei de ideia. Seanzinha ia ficar
lindo. — Ri, como boba de seu próprio comentário.
— Nossa, me senti lisonjeado agora. — Faço cócegas em suas costelas e ela se
encolhe toda perante às gargalhadas! — Seanzinha, é?
— Chega, Sean!! Por favor... — Seus olhos estão lacrimejantes devido aos risos
e ela chega a suspirar quando cesso minha tortura.
— Adoro fazer isso em você!
Delicadamente, meu polegar enxuga uma lágrima que se formou em seus lindos
olhos.
— Sou tão feliz ao seu lado, Sophia, você nem imagina o quanto!
— Sinto a mesma coisa. Se fosse voltar no tempo, faria tudo da mesma forma,
exceto roubá-lo!
Aperto-a em meus braços e respondo.
— Eu faria muito melhor.
Sophia me olha intrigada.
— Naquela boate, quando vi seus olhos negros me observando, deixaria aquela
mulher que me acompanhava e me aproximaria de você de outra maneira...
— Ah, é? Me diga como? — Diz, curiosa.
— Mesmo me achando um louco e correndo o risco de levar outro tapa no rosto,
diria que num futuro não muito distante, você seria a mulher pela qual quebraria
qualquer regra e que, eu a amaria profundamente mais do que a mim.
Seus olhos se estreitam e ela se emociona. Seus lindos cabelos negros
espalhados sobre o travesseiro emolduram a pele branca de seu rosto perfeito e a
deixam excepcionalmente linda.
— Muito original, meu senador, mas acho que não acreditaria em você!
— Saiba que estaria sendo sincero como nunca fui.
Sorri e prende meu lábio inferior entre seus dentes.
— Mas, confesso que seu convite indecente e safado também deu certo.
— Certo? Levei o primeiro tapa na cara! Que mão pesada, Sra. Mackenzie!
— Sim, claro que deu certo, muito certo. — Seu corpo se esfrega no meu, me
deixando mais excitado. — A partir daquele dia, não parei um só minuto de
pensar em você. Foi seu primeiro tapa e também o primeiro homem a me deixar
sem defesa alguma. E agora, estamos juntos, começando certo ou não, você é o
homem da minha vida.
Mesmo que Sophia repita essa frase mil vezes ela sempre terá um impacto em
minha alma. Ser o homem de sua vida é a coisa mais relevante da minha.
— E você a eterna mulher da minha!
— Então, me mostre!
Beija meu pescoço, enquanto suas mãos correm pelo meu corpo até encontrar
meu membro duro e louco por ela.
— Com todo prazer!
Por Alexia
Minha vida tomou um rumo totalmente novo após a chegada de Elijah. Meu
filho se tornou o centro do meu mundo, a essência vital de minha existência. Ser
mãe me fez analisar conceitos antes muito antiquados e que hoje acabei
acatando-os como base para a educação de meu menino.
Faltando apenas um mês para as eleições, resolvi dar a Aidan um presente. Algo
inesperado e imaterial. Uma renúncia pelo amor que sinto por ele e tudo que o
nosso amor representa. Estaria abrindo mão dos meus sonhos por ele.
Absolutamente. Minha decisão foi além de colocar qualquer um de nós em
primeiro lugar. Pelo contrário, encontrei um meio plausível para realizar meu
sonho e por meio de um consenso, contribuir para que Aidan também alcance o
seu objetivo sem ter que fazer concessões e malabarismos para chegar até lá.
O que mais me deixa feliz é que meu marido nem imagina o que o tenho
guardado para essa noite.
Ao sairmos de mãos dadas até a garagem, sinto sua apreensão. E essa sua
decisão de colocar a minha vontade sobre tudo é que me fez retroceder faltando
apenas dois dias para o meu livro ser encaminhado para a impressão.
Sorrio ao lembrar a cara de espanto da chefe da editora ao ouvir minha decisão.
Discutimos e cheguei a dizer: é isso ou cancele a publicação.
E chegando a um acordo, mudei o título e as cenas de sexo foram todas
adequadas a algo mais leve e nada comprometedor.
A caminho do local onde será o lançamento, me sinto feliz porque sei o quanto
meu marido irá se sentir. O farei especial como ele me faz sentir exclusiva.
A livraria fica repleta de amigos, conhecidos e alguns críticos literários que
resolveram aparecer para enaltecer ou quem sabe banalizar e detonar o meu
trabalho.
Sophia chega ao lado de Sean e a euforia toma conta dos repórteres. Eles se
tornaram o casal favorito da América e nas pesquisas, meu irmão lidera
incondicionalmente. Quando chegam até mim, Sophia me beija no rosto e me
felicita e, em seguida, o delicioso abraço mais que apertado de meu amado
irmão.
Papai veio com Claire e circula com ela exalando alegria. Estamos na melhor
maré de nossas vidas e todos os dias agradeço aos céus por termos finalmente a
paz para continuarmos assim.
Max e Dany chegam atrasados para posarmos para as fotos em família. Faço
questão de que todos apareçam na foto. Nem precisamos do famoso "x" quando
o fotógrafo dispara sua câmera.
Ao abrir e folhear meu livro meu marido se surpreende ao ver que todo o
conteúdo foi mudado e que há uma enorme dedicatória aos dois homens de
minha vida. Ele e Elijah.
Seus olhos exprimem exatamente o que eu esperava. Amor, cumplicidade e
gratidão. Aidan percebe o quanto meu amor vai além de uma coisa egocêntrica
chamada fama. Como autora consegui provar que posso escrever sobre o amor
sem prejudicar ou inibir a quem amo imensamente.
— Alexia! Você mudou tudo? Por que?
— Porque quero estar ao seu lado, ajudando a construir algo muito maior do que
provar que sei escrever sobre sexo. O amor que senti quando me apoiou
independentemente do que poderá ocorrer nas eleições me fez pensar que seu
sonho pode ser conciliado com o meu. Eu o amo muito, Aidan!
— Eu a amo demais, Lexi!
Segura-me em seus braços e me beija perante todos. Recebemos aplausos e
assobios principalmente de Sean, o único que sabia de minha decisão.
Autografo o seu exemplar e depois de agradecer aos presentes e autografar
vários outros livros, circulamos para receber os cumprimentos. Pisco para minha
amada cunhada-irmã que com sua sensatez me fez enxergar que a vida é isso:
viver sem medo!
Momentos mais tarde, em nosso apartamento, Aidan e eu brindamos nossa noite,
é claro, com champanhe e muito sexo. E essa noite foi para mim a mais
completa e feliz de muitas vividas.
Por Sophia
Como era esperado, Sean venceu disparado nas urnas e também atingiu a
maioria dos votos nos colégios eleitorais do país. Estou feliz por fazer parte do
seu grande sonho que é contribuir para uma América mais humana. Com Willy e
Aidan também eleitos, essa tarefa de realmente fazer algo para mudar a triste
situação de muitos se torna acessível.
Alexia de braços dados com Aidan irradia alegria. Ela me olha e sorri me
mandando beijos. Assim como eu, ela optou por apoiar seu marido em tempo
integral e pela sua cara não se arrependeu.
Trajando um vestido e um casaco rosa bebê, cabelos presos num coque
sofisticado e sapatos Channel permaneço logo atrás de Sean e segurando firme a
mão de Thomas. Ele ainda é muito pequeno para entender a dimensão de tudo à
sua volta, porém seus olhos azuis como os do pai brilham ao ver Sean
agradecendo os votos no salão de convenções do partido. Muitas eleitores
vieram para se juntar à festa. Cartazes, camisetas, faixas são erguidas e o nome
de Sean é dito em um coro uníssono. Ele pega o microfone e nesse momento,
assume uma personalidade diferente. O Sean político, de poucas risadas e de
palavras diretas e objetivas. De costas para mim, ele inicia o seu discurso de
agradecimento citando um outro presidente muito popular na história da política
americana: John Kennedy. Ele cita o seu mais famoso discurso:
“Compatriotas: não perguntem o que seu país pode fazer por vocês,
perguntem o que você fazer por seu país. Concidadãos do mundo: não
perguntem o que os Estados Unidos podem fazer por vocês, e sim o que
podemos fazer juntos pela liberdade do ser humano'.
E a partir dessa frase continua:
“É por essa América que vamos lutar juntos, não só o presidente, mas cada
americano que sonha com um país melhor e mais justo. Faremos o impossível
para que aqueles que confiaram em meu trabalho não se arrependam disto.
“Quero agradecer a todos que compareceram e aos que trabalharam
intensamente nessa campanha.”
Vejo Joseph no canto do palco. Seus olhos brilham tanto que parecem ter luz
própria. É visível sua admiração por Sean. No outro canto, está Harry.
Aplaudindo sem parar, ele transmite toda a sua alegria ao ver a realização de um
grande sonho se concretizando.
“E também quero agradecer à pessoa mais importante nessa campanha. Sem
ela, sem sua força, incentivo e participação ativa com certeza eu não estaria
aqui hoje comemorando com vocês.”
Ele se vira para mim e estende a sua mão. Estou nervosa, pois ainda não me
acostumei com plateia e multidões. Sean pega Thomas no colo e ao meu lado,
agradece o apoio incondicional de toda a sua família. Beija de leve meus lábios e
mais aplausos ressoam no ambiente.
Foi uma noite cansativa, cercadas de fotógrafos, jornalistas e abraços que nem
sei de onde vinham, mas foi uma noite feliz. Willy se aproxima e diz:
— No jantar de posse, farei uma surpresa a você, Soph!
— Veja lá o que tem em mente, agora sou a primeira dama! — Digo em tom de
zombaria.
Ele se encolhe, fingindo medo.
— Seu vestido verde-água lembra?
— Ah, Willy! — Digo, emocionada.
— Primeira dama para quem não a conhece! Para mim, minha eterna amiga com
cara de princesa!
Estende seus braços e me aperta entre eles.
— Meus parabéns, Chuckie! Estou muito feliz que tenha conseguido chegar ao
senado. E mesmo que o vestido que me der me faça parecer um botijão de gás
verde-água, vou adorar usá-lo!
— Obrigado, Sophia, mas sozinho eu não chegaria! Aquele filho da mãe. —
Aponta para Sean que conversa com Harry, Joseph e outros homens que não faço
ideia de quem sejam. — Ele me ajudou e muito, me ensinando como conseguiria
meu respeito dentro do partido e pessoas importantes que irão nos apoiar no
futuro com nosso projeto de campanha.
Tem como não amar Sean a ponto de idolatra-lo?
Meu pai me liga me parabenizando. Ele não quis participar dessa festa achou
melhor ver tudo pela TV, no apartamento de Lorenzo. Sei o quanto ele detesta
multidões. Lorenzo também fala um pouco comigo e ouço ao fundo a minha
arara e sua ararinha Gabriella na maior festa.
Despeço dos meus amores e me junto aos demais para comemorarmos a vitória
de Sean.
Dois meses depois — Jantar de posse na Casa Branca
Por Richard
Ela estava simplesmente maravilhosa. De braços dados com Sean, distribuiu seu
lindo sorriso e radiante como sempre, Sophia estava feliz.
Fiquei feliz pela vitória de Sean, pois sempre soube de sua vontade de chegar até
aqui. No fundo, ele poderia ser dono do universo se quisesse, isso pouco me
importaria. Ele tem algo que jamais terei. O amor de Sophia.
Bebo meu champanhe e o olhar de Patrícia, hoje minha esposa, me faz sorrir.
Sou apaixonado por ela, nossa relação é tranquila e me sinto muito bem ao seu
lado, porém, muitas vezes, me acho indigno do seu amor.
Patrícia chegou em uma boa hora e com seu jeito meigo e divertido, me deu um
pouco de vida que eu nem mais sabia que existia. Só que, lá no fundo do meu eu,
ainda habita o amor por essa mulher que circula estonteante mesmo em sua
enorme barriga de gestante.
Seria errado sentir inveja de Sean? Sim, completamente errado e contra meus
princípios. E não é esse o sentimento que cultivo.
Amar Sophia me faz ir além do egoísmo de tê-la comigo e, sim querer que ela
seja muito feliz ao lado de quem a ama. Se me perguntarem se sofro em silêncio,
a resposta é não. Já sofri o bastante e agora canalizei esse sentimento e cheguei a
uma conclusão: Ela jamais me amaria como ama o marido. Quem a vê ao lado
dele e de seu filho sabe que é impossível invadir esse espaço. Então, vim a esse
jantar para vê-la pela última vez e dar meu adeus à essa mulher linda e
maravilhosa que pude conhecer. Parto, com minha esposa e filha, para Suíça e lá
faremos nossa nova morada. E espero que a distância faça seu papel e apague
esse sentimento que carrego em meu peito.
Ela se aproxima de minha mesa de mãos dadas com Sean e cumprimenta minha
esposa primeiro. A seguir, ela me abraça e a parabenizo pela vitória e também
pelas bebês. Cumprimento nosso presidente e após trocarmos algumas palavras,
eles se despedem e passam para outra mesa.
Na hora da tradicional valsa, tento disfarçar a minha emoção ao ver a mulher dos
meus sonhos sendo a mulher dos sonhos de outro.
Vicenzo aparece do nada e toca em meu ombro.
— A maior virtude de um homem é saber quando o intocável não está ao seu
alcance. — Pisca para mim como se lesse minha mente. — Admiro seu caráter,
Richard e espero que o que sente por Nina o abandone e assim possa viver em
paz com Patrícia.
— Obrigado, sócio.
Ele me abraça e depois junta meu rosto em suas mãos.
— Para qualquer lugar que vá, saiba que aqui, nesse país, você tem um eterno
amigo. Conte comigo sempre!
As palavras do velho Vicenzo me deixam emocionado. Sempre nos demos muito
bem e nada abalou a nossa amizade. Sentirei sua falta.
Momentos depois, chamo minha esposa e vamos para um hotel. Deitado ao lado
de Patrícia, me aconchego em seu corpo e ela, como sempre, me dá um sorriso
carregado de amor que espero um dia retribuir na mesma intensidade.
Por Sean — dias depois...
Uma gaivota faz seu voo rasante e sincronizado sobre o mar. Caminho pela areia
branca e o sol no alto do céu, faz com que minha sombra me acompanhe. O
vento é morno e ar é tranquilo. Ando mais alguns metros e a sensação de andar
descalço pela areia molhada me relaxa.
Ao longe, sobre algumas rochas, uma silhueta muito conhecida aos meus olhos
permanece a observar o movimento das ondas. Ela ajeita seus cabelos revoltos
pelo vento se virando para mim e aquele velho sorriso que tanto admirei está de
volta. Ela estende sua mão para que eu sente ao seu lado.
— Sabia que você viria, meu filho!
Beatrice parece mais jovem. Toda aquela aparência perturbada e infeliz
desapareceu.
Não sei o que dizer à ela, mas me sinto feliz e aliviado por saber que ela está
bem.
— Mãe!!
Ao seu lado, a primeira coisa que ela faz é tocar meu rosto e me beijar como
sempre fazia. Seus olhos brilham pela alegria e pelas lágrimas que se formam
ali.
Tento dizer algo e ela toca meus lábios me silenciando.
— Obrigada! Seu amor me libertou de tudo, meu filho. Graças a você, estou
liberta e livre de toda a angústia e tomento que vivia em mim. — Ela olha para o
horizonte e sorri. — Sabe, meu filho, agradeço a Deus por ter tido o privilégio de
ser sua mãe. O melhor filho, marido e pai que eu conheci. Eu o amarei sempre,
meu menino!
Toco seu rosto e desato em lágrimas.
— Não chore! Meus parabéns pela sua vitória. Mostre o que você é capaz de
fazer pelo bem de todos e deixe seu nome marcado na história. Sempre soube
que chegaria longe.
— Obrigado. Você me ensinou muitas coisas. — Digo, quase sem fala pelo
choro engasgado em minha garganta.
— Devia ter lhe ensinado mais. — Sua voz é calma, a mesma ela se dirigia a
mim com carinho.
Ela se levanta e atira uma pequena pedra ao mar.
— Diga à Sophia que Thomas é lindo como o pai. — Afasta seus cabelos do
rosto e completa. — E que ela ganhou meu respeito como nora favorita. Ela o
fez feliz e por isso a admiro, agora tenho que ir.
Desce das pedras e a chamo.
— Espere, tenho tantas coisas para dizer e a emoção não me deixa! Eu a amo
tanto!
Minha mãe balança a cabeça em negativa e me rebate sorrindo.
— Não precisa dizer nada, só o seu amor e seu olhar ao me ver me bastam, meu
filho! Seja muito feliz!
Joga-me um beijo e desaparece.
Acordo num sobressalto e suando muito.
Sophia dorme tranquila ao meu lado e não quero acorda-la. Esfrego a mão em
meu rosto e esse sonho me fez bem. Acordei aliviado e feliz! Pela janela de
nosso quarto, olho para o jardim e penso nas palavras de Beatrice. Farei o meu
melhor como presidente, marido e pai!
Meu Presidente — Final
Por Sean
Aperto meus olhos para afastar o cansaço. Olho para a minha mesa e ainda tenho
inúmeros documentos para serem despachados. São quase nove horas da noite e
nem imagino quanto tempo irei levar até que possa estar junto de minha família.
Essa é a dura rotina de um chefe de estado. Tempo escasso e privado de passar
mais tempo com meu filho e minha Soph.
Paro por alguns instantes e contemplo as várias fotos de Sophia com nosso filho
e também alguns retratos mais antigos dos nossos momentos juntos. Sorrio e
pego uma dentre elas. Estávamos em Aruba, em nossa lua de mel.
Nossa vida depois que assumi a presidência teve uma mudança radical. Minha
agenda é extremamente apertada, reuniões, pautas a serem acertadas e viagens
ao exterior. Minha esposa não reclama, porém sei que não foi essa vida que ela
sonhava para nós dois. Temos tomado muitas precauções e medidas que prezem
a nossa privacidade. Eu, muito menos ela, gostamos de ter nossa vida privada
remexida e divulgada em revistas e jornais sensacionalistas. Nossa segurança foi
estritamente redobrada e cada passo nosso é monitorado. É uma vida de
sacrifícios que vista de fora tem uma imagem distorcida de alguém que vive uma
vida dispendiosa e fácil. No Senado, minha responsabilidade era grande, todavia
meu tempo não era escasso e muito menos cronometrado. Não haviam tantos
seguranças e assessores me dizendo por onde ir e o que fazer.
Espero governar com prudência, responsabilidade e competência e que meus
filhos, no futuro, tenham orgulho de mim. Que todo esse sacrifício valha a pena.
Sophia se mostra incansável e otimista com o nosso projeto de apoio aos
menores abandonados e moradores que vivem nas ruas. Com o apoio do
congresso e também da iniciativa privada conseguimos a verba necessária para
os investimentos em massa. Iremos construir centros de reabilitação direcionado
a esse contingente e faremos o possível para dar à essas pessoas total apoio para
que saiam da invisibilidade e tenham esperança no futuro.
Uma hora mais tarde, saio de meu gabinete e me dirijo aos aposentos
presidenciais. Abro a porta da sala muito devagar e paro por alguns segundos a
observar minha esposa com sua enorme barriga de oito meses, linda, com
Thomas em seu colo alisando seu rosto e a enchendo de beijos. Ela desvia o
olhar para a porta e me vê.
— Olha quem chegou!! — Grita a Thomas que pega um carrinho que estava no
sofá e desce rapidamente do colo da mãe e corre até mim.
— O que o senhor faz acordado a essa hora, posso saber? — Digo, erguendo-o
no ar.
Ele sorri com ar de travessura e roça seu pequeno nariz no meu.
— Papai! — Beijo seu rosto e aperto-o forte em meus braços. Nossa semelhança
é impressionante, é como se eu me visse criança novamente. Ele é um menino
muito inteligente para sua idade. Carinhoso, educado e alegre ao extremo. —
Carrinho! — Me mostra seu carrinho novo.
— Esse é ainda mais bonito que o azul! Amanhã é sábado e poderemos brincar
com esse carrão, que acha?
Abre seu melhor sorriso e aperta meu pescoço, ele adora quando brincamos
juntos.
Ando até Sophia que se encontra em pé sorrindo para mim.
— Estávamos lhe esperando, meu amor!
Beijo de leve sua boca e suspiro.
— Desculpe-me. Pensei que ia amanhecer naquele gabinete.
Ela toca meu rosto e suas mãos macias e somente esse pequeno me faz um bem
enorme.
Depois de colocar Thomas para dormir e tomar meu banho, meu cansaço dá um
trégua. Ajoelhada em nossa cama, Sophia aperta meus ombros numa deliciosa
massagem relaxante e conversamos sobre nosso projeto e também sobre onde
passaremos nossas férias de verão.
Durmo agarrado ao seu corpo, aspirando o delicioso e familiar perfume que vem
de seus cabelos. Minha mão pousa em sua barriga e minhas meninas se mexem
lá dentro. Logo, elas estarão conosco nos deixando mais felizes ainda.
— Eu amo vocês! — Beijo a cabeça de Sophia.
Bem lentamente, ela se vira para mim. Seus lindos olhos sonolentos se abrem
com dificuldade.
— E nós também o amamos muito, Sean!
— Não queria acordá-la. — Aconchego-me mais em seu corpo e vejo que ela
sorri.
— Adoro quando faz isso. — Vira seu pescoço e sua boca toca a minha. Eu a
desejo tanto e no momento não posso ter o que quero: Meu corpo dentro do seu!
— Tocar minha barriga e dizer o quanto nos ama. Agora, senhor presidente,
sugiro que durma! Amanhã é sábado e você será só nosso e de mais ninguém!!
Corre o contorno de meu rosto com a ponta de seus dedos, passando-os
lentamente por minha testa, nariz, queixo e quando faz o contorno de minha
boca não tira seus olhos dos meus.
— Tem razão, então, por gentileza, pode acatar uma ordem presidencial? —
Estreito meus olhos, respirando fundo ao tentar afastar o desejo que me assola.
Enlaça seus dedos nos meus e os leva aos seus lábios.
— Claro, sempre, Excelência!
— Evite me olhar desse jeito. Seu presidente está morrendo de saudade do seu
corpo. E sei que temos muito tempo antes que eu possa realizar minha vontade,
senhora primeira dama.
Sua boca se abre num enorme sorriso.
— Prometo manter meus olhos fechados! — Fecha seus olhos bem apertados de
modo travesso.
E instantes depois, durmo profundamente agarrado à minha Soph.
[...]
No dia primeiro de março, Louise e Victoria chegaram ao mundo. E exatamente
nesse dia, estava em uma conferência na ONU quando um de meus assessores
me avisa que Sophia deu entrada no hospital da capital. Pior de tudo, foi ter que
esperar a conferência chegar ao fim para poder me dirigir ao encontro das
minhas filhas e de minha mulher.
Quando cheguei em frente ao hospital, haviam muitos repórteres e fotógrafos
ávidos por qualquer notícia ou imagem que pudessem divulgar. Cercado por
seguranças, os jornalistas queriam informações que nem eu mesmo poderia dar.
Sendo o mais educado possível, parei por um instante, respondendo alguns
perguntas para a satisfação da imprensa.
Seguindo algumas de minhas ordens, assessoria presidencial cuidou de tudo e
nada seria veiculado sem a nossa permissão.
Ando pelos corredores ainda cercado de seguranças. O que era para ser um
momento íntimo de um pai ansioso, se torna um evento presidencial como se
minhas filhas pertencessem aos Estados Unidos e não a mim. Cruzo com pessoas
desconhecidas pelo hospital que me parabenizam com sorrisos e outras
simplesmente com um olhar de alegria. A enfermeira chefe do setor neonatal me
encaminha até o berçário. Ela me estende uma roupa adequada e permite
somente a minha entrada. Damon e o restante dos homens ficam à espreita do
lado de fora. Chego perto do berço e lá estão as duas.
Minhas princesas. Impossível não sentir emoção com um momento como esse.
Quebrando qualquer regra, peço à uma enfermeira para que me ajude a coloca-
las em meus braços. Tudo se repete, aquele mesmo sentimento quando segurei
Thomas em meus braços pela primeira vez. E mesmo sem jeito, quando olho
para as duas, abaixo minha cabeça e beijo uma, depois a outra. Nesse momento,
não importam os choros noturnos, as cólicas, as fraldas e todo o trabalho que um
bebê nos traz e sim, o amor incondicional que sinto ao segurá-las junto de mim.
Elas são lindas e minhas. Por mais pacífico e civilizado que eu seja, pelos meus
filhos me torno selvagem e agressivo, não permitindo que nada, nem um
arranhão sequer os atinja. Beijo mais uma vez cada uma delas e com a ajuda da
enfermeira, elas voltam para o berço. Minha boca não se fecha pelo estado de
alegria em que me encontro. Toco o rostinho de Louise e, em seguida, o de
Victoria e sussurro baixinho.
“Papai ama vocês, agora, vou ver como está a mamãe!”
Saio do setor e me dirijo ao quarto de Sophia. Na porta, dois policiais federais
montam guarda. Ao me verem, abrem espaço para que eu possa entrar. Devagar,
giro a maçaneta e a encontro dormindo profundamente. Gostaria de ter estado
com ela durante o parto, infelizmente não pude e, o que mais me faz feliz é saber
que mesmo me querendo ao seu lado e sabendo de minha impossibilidade,
Sophia me compreende e põe a minha obrigação como presidente acima de tudo.
Sento-me na beira da cama e paro por alguns segundos contemplando seu rosto
abatido. Minha Soph, tão forte, tão autêntica. Eu a amo tanto como jamais
imaginei que pudesse. Desde que me dei conta disso, minha existência só faz
sentido ao seu lado.
Meus dedos tocam em uma mecha de seus cabelos e seus olhos, de repente, se
abrem devagar.
— Sean... — Se mexe tentando se sentar e eu a impeço. Obtive informações de
que seu parto não foi tão tranquilo como o de Thomas.
— Não se esforce, por favor, minha querida! — Com a mão espalmada em seu
rosto, vejo que ela fecha os olhos para que eu continue a tocá-la. — Me desculpe
pela demora, queria muito estar com você!
Seus olhos negros me encaram com um brilho único e o que ela me diz em
resposta me deixa sem chão.
— Não se desculpe! Você esteve comigo o tempo todo, bem aqui! — Pega
minha mão a coloca em seu peito. — E assim, nunca me sinto sozinha enquanto
você viver dentro de mim, Sean!
— Soph... — Emocionado, cubro seus lábios com os meus e a beijo com muito
amor. — Minha Soph!
— Sempre, sua! Eu o amo muito, em quaisquer circunstâncias, senhor
presidente! — Fala em tom de brincadeira para não acabar em lágrimas.
— Elas são lindas!
— Ah, dessa vez, puxaram a mãe, acertei?
— Sou suspeito para falar, onde estaria Angelina? — Fecho meu cenho e espero
sua resposta contraditória, porém, ela nada diz e sua risada rouca ecoa pelo
quarto e abre minha alma extremamente feliz.
Na manhã seguinte, levo minha rainha juntamente com minhas duas princesas
para casa, onde meu príncipe Thomas as aguarda com muita euforia.
Por Sophia
A chegada das minhas duas meninas transformou nossas vidas como diz a linda
e eternizada canção de Edith Piaf “La vie in rose” (A vida em rosa). Sean, mais
coruja ainda, agora conta com a ajuda de um mascote muito eficaz, nosso
Thomas. Mesmo muito pequeno, ele se impõe no papel de irmão mais velho e
não somente me ajuda a cuidar das duas como demonstra que, como Sean,
espreitará cada passo que elas derem.
Falar de minhas bonecas sem sorrir é impossível. Louise e Vitória deram ainda
mais alegria às nossas vidas e não sei descrever qual das duas tem o sorriso mais
lindo. Elas são quase idênticas, os olhos azuis do pai e cabelos escuros iguais aos
meus. Louise é mais manhosa e Victoria um pouco mais independente.
Por inúmeras vezes, tive que repreender Sean pelo simples fato de que ele adora
morder a bochecha de Louise só para vê-la fazendo carinha de choro.
Sean e eu continuamos a adotar a política de privacidade para nossos filhos,
porém nas poucas vezes em que são vistos, fotografados ou até mesmo filmados
sabemos até que ponto podemos expô-los. Em uma dessas aparições em público,
onde Sean participou de uma maratona beneficente, Thomas estava ao meu lado
juntamente com suas irmãs. A imprensa e a população presentes foram ao delírio
quando viram Sean com as filhas em seu colo.
Mesmo contrariada por toda a exposição, não posso evitar que as pessoas
queiram nos ver. Parece que viramos mitos e todos ao nosso redor nos veneram.
Se o que Sean me prometeu for cumprido, ele não irá entrar na disputa para
reeleição. Encerrará seu mandato e somente cuidará dos negócios da família.
Disse também que prefere estar presente a cada dia junto de nossos filhos e
vendo-os crescer e se continuar na carreira política isso será impossível. Nesse
caso, não achei nenhuma razão para discordar, se é o que ele realmente deseja e
não posso negar que fiquei muito feliz com a sua decisão.
Disse também, que continuará ajudando incansavelmente nos projetos de fundo
social. Portanto, nada de reeleição! Sean apoiará Willy e dedicaremos nosso
tempo à nossa família.
No aniversário de um ano das gêmeas, a rixa entre Harry e meu pai ainda
continua ativa. Eles inventam mil coisas e fazem mil comparações para
chegarem a um consenso de quem é o melhor avô. Mesmo vivendo distante dos
tios e avós quando se encontram a festa é garantida.
Gabriella, filha de Lorenzo e Elijah, meu afilhado, correm com Thomas pelo
jardim. Olho para eles e sorrio. Felizes, livres e isentos de qualquer preocupação.
Tem melhor fase que a infância?
Danielly se aproxima com sua barriga de sete meses. Já não era sem tempo!
Alexia e eu a infernizamos tanto para que ela entrasse para o clube das que não
tem mais hora para dormir e muito menos para acordar que Dany acabou
aderindo a ideia.
— Mas isso de não ter hora para acordar é ótimo! Não entendo porque vocês
reclamam! — Disse Dany com cara de deboche, na época.
Alexia que não deixou passar nada em branco, rebateu.
— Minha querida, não ter hora para acordar não significa dormir até babar no
travesseiro, pelo contrário, não temos hora para acordar literalmente. A qualquer
minuto, vem o choro ou uma voz gritando: Mãããeeeee! Simples, delegada!
Lembre-se sempre do seu treinamento na polícia! É quase a mesma coisa, só
falta o som da corneta.
— Sophia, assim acabo desistindo de vez! — Disse Dany.
— Que nada, vai querer sentir aquele ser tão indefeso em seus braços e de uma
inocência tamanha que lhe ele ama mesmo sem saber quem você é. — Rebato.
— Seus defeitos e mágoas não lhe fazem a mínima diferença. Então, mesmo que
você esteja morta de sono ou até mesmo louca para ter uma noite daquelas com
seu marido e ouve um choro repentino, você corre para acolher o seu filho e
recebe por recompensa um olhar imaculado e o mais lindo sorriso que você já
viu! Isso vale a pena, te garanto.
Minhas palavras fizeram algum efeito, Nicholas chega daqui a dois meses. E
Danielly ficou uma grávida linda.
Após um ano de implantação de nosso projeto, recebi uma homenagem de
centenas de internos que hoje, tem um lugar acolhedor, educação, esporte e arte.
Tudo inspecionado diretamente por mim. Ninguém melhor que uma ex garota de
rua para ficar à frente de um trabalho que lida com pessoas que passaram por
isso.
Ao receber de uma menina de 10 anos um ramalhete de flores acompanhado de
um sorriso ainda receoso, a abracei forte com o rosto banhado em lágrimas. E
para onde quer que meus olhos se dirigissem eram esses mesmos sorrisos de
gratidão que meu olhar encontrava. No final, indiretamente, eu fui a Vicenzo
Salvatore dessas meninas e meninos.
Thomas também tomou parte da homenagem o que deixou Sean surpreso e
emocionado.
No último ano do mandato de meu marido, durante uma viagem oficial de Sean
à Inglaterra, tive uma ideia mais do que maluca para poder comemorar seu
aniversário mesmo estando tão longe. Primeiro, tentei fazer isso pela porta da
frente, de maneira civilizada e oficial. Liguei para ele, pela manhã, e claro que
meu plano oficial foi pelo ralo. Ele não só me impediu de ir ao seu encontro
como ainda acabamos discutindo ao telefone. Cheguei a usar muitos argumentos,
até um leilão de Rubens, na Sotheby's entrou na conversa. Nada adiantou.
— Tudo bem. — Digo, em tom inconformado. — É o terceiro aniversário seu
que passamos separados. Queria algo diferente esse ano, Sean!
— Quando eu chegar a gente comemora, Sophia! — Solta taxativo e sem chance
de ceder.
— Tenho uma surpresa! — Uso minha última argumentação.
— Soph, chego um dia depois de meu aniversário, poderá fazer qualquer
surpresa que quiser.
Não é a mesma coisa. Dessa vez, quero lhe dar um presente bem inusitado, além
do susto que irá levar ao me ver dentro do seu quarto na embaixada.
Uma coisa que Sean deveria ter como regra: Nunca discuta ou tente mudar a
opinião de uma mulher teimosa.
Se ele não aceitou minha ideia de me encontrar com ele em Londres e lhe fazer
uma surpresa em seu aniversário, paciência. Irei assim mesmo. Claro que terei
que contar com a ajuda de Damon e de Fred (o chefe da segurança do FBI). Ele é
um homem muito difícil de ser convencido, porém sem esses dois não
conseguirei meu intuito maluco.
Com Damon a coisa foi fácil. Expliquei a ele o que precisava ser feito e depois
de repassar tudo o que eu tinha em mente, ele acabou concordando, porém com
Fred tive que usar de muito mais persuasão e no final acabei conseguindo.
Damon ficou na capital cuidando de minha e da segurança de meus filhos. Fred
acompanhou Sean e toda a sua comitiva nessa viagem de mais de dez dias.
Até gostaria de levar meus filhos comigo, mas receio que o pai delas pode não
achar legal e nos despachar em uma gaiola para a América. E como vou e volto
no dia seguinte, se tudo der certo é claro, eles ficarão com a nossa babá de
confiança, Geórgia.
Na véspera de seu aniversário eu já tinha tudo pronto e esquematizado. Saí de
Washington, às oito da manhã, com a maior discrição e nem mesmo alguns
assessores de Sean que permaneceram em Washington notaram a minha
ausência. Ter sido ladra, nesse caso, me ajudou e muito. Harry mesmo me
achando uma maluca e sorrindo ao telefone, me apoiou e ofereceu sua aeronave
para completar a minha surpresa. Só tenho a agradecer por ter dois pais malucos
e que me amam. Harry é um pai-sogro maravilhoso.
Dentro do avião, fecho meus olhos e tento dormir um pouco. A viagem ocorreu
tranquila e ao pousar no aeroporto de Londres e descer as escadas usando lentes
de contato e uma peruca ruiva me senti como se estivesse em um filme de
espionagem. Não posso ser reconhecida.
“Ah, Sophia, nunca deixarei de ser boba.”
Há um carro com motorista me esperando, tudo arranjado por Harry. Dentro do
veículo, ligo meu celular e faltam exatamente cinco minutos para meia-noite, ou
seja, poucos minutos para o aniversário de Sean. Em meu celular há cinco
ligações perdidas do Excelentíssimo e resolvo ligar de volta para saber se ele já
sabe que não estou em Nova Iorque.
— Boa noite, meu querido!
— Onde você esteve o dia todo? — Não me dá chances de responder e continua
com um tom de voz nada amistoso.
— Sai às compras e depois resolvi ir até a casa de Alexia. Os funcionários e os
seguranças não lhe avisaram?
— Sim, mas por que não atendeu minhas ligações?
— Meu celular está com problemas, aqui não tem nenhuma ligação sua. —
Minto, descaradamente.
Respira fundo e ouço quando cubos de gelo se chocam uns nos outros. A essa
hora, ele já deve estar em seu quarto com sua dose de uísque. Essa imagem
projetada em meu consciente faz meu corpo se inquietar.
— Pois trate de providenciar outro e jogue essa merda no lixo!
— Sim. — Fica em silêncio. Ele fica uma fera quando não consegue se
comunicar comigo. — Irei cuidar disso amanhã! Queria ser a primeira a lhe
desejar felicidades, já que não pude estar ao seu lado em seu aniversário como
pretendia.
Posso sentir sua expressão de riso do outro lado.
— Obrigado, meu amor. Estou com muita saudade! Que tal me esperar da última
vez?
— Pensarei seriamente em seu pedido. — Mudo de assunto, acabo de entrar na
Embaixada e caminhando pelos fundos, olho tudo atentamente. Com a ajuda de
Fred, ando rápido pelos inúmeros corredores. Claro que não posso travar uma
conversa erótica com meu marido nesse momento. — E seu encontro com o
Primeiro-ministro, como foi?
Ele percebe meu corte e novamente o barulho de um cubo gelo, dessa vez, o
mesmo se encontra em sua boca. Minha vontade era poder pegar esse gelo com
minha língua.
— Melhor do que eu esperava. Acabei de chegar de um jantar. Meu dia foi muito
corrido. Vou tomar um banho e em seguida, eu te ligo, ok?
Ainda chateado pelo corte, resolve se mostrar frio também. Pensa que não o
conheço.
— Sem problemas. Eu espero sua ligação. — Entro em um quarto anexo ao de
Sean, onde segundo Fred há uma passagem secreta que dá acesso direto aos seus
aposentos. Sinto aquele delicioso friozinho na barriga perante a expectativa de
poder ver meu Sean. Fred me deixa a sós no quarto e sai. Então, resolvo
provocar meu marido um pouquinho. — Se eu estivesse com você nesse banho,
enxugaria cada gota d'água em seu corpo com minha língua, Excelência!
Ouço o afrouxar de sua gravata.
— Não faça isso comigo, Soph! Me deixar de pau duro é muita maldade.
— Ai que delícia, imagine ele, duro na minha boca gulosa. — Sua respiração se
altera e a minha também. — O chuparia todinho, meu amor! — Ainda bem que
nossos celulares possuem anti-grampo, do contrário ...
— E eu foderia sua boca sem piedade, depois meteria gostoso em sua boceta
toda molhada e quente.
— Amor, tenho que desligar! — Corto nosso clima para dar continuidade ao
meu plano absurdo de uma surpresa ao meu aniversariante.
— Não!! — Diz, imperioso com sua voz carregada de desejo, como uma
deliciosa promessa de uma tórrida noite de amor. — Não me deixe assim, vai?
— Eu te amo, tome seu banho e depois me ligue. As meninas estão me
chamando.
— Mande um beijo à elas e a Thomas. Ligo em quinze minutos, não ouse não
atender minha ligação!
Me despeço e corro para o banheiro. Quero tomar um banho e estar linda para
meu marido. Minutos depois, ele retorna a ligação e propositadamente deixo o
celular no modo silencioso.
Após várias outras ligações, recebo uma mensagem furiosa dele:
“Obrigado! Não me atender foi o melhor presente de aniversário que você já
me deu. Conseguiu se vingar por eu não permitir sua vinda a Londres,
portanto só me resta dormir! Tenha uma boa noite! Volto para casa, logo
pela manhã.
Ps.: Você sabe ser irritante, às vezes.
Sean”
Ficou mesmo nervoso.
De acordo com meus planos, voltaremos juntos, meu amor.
Aguardo mais alguns instantes e vestida para matar, coloco uma máscara para
completar meu fetiche. Apago a luz de meu quarto e abro o compartimento
secreto que dá acesso à suíte presidencial. Com uma garrafa de champanhe nas
mãos, ando a passos lentos e precisos pela sala escura. Propositadamente,
derrubo um objeto na esperança de que Sean apareça. Sento-me em uma das
poltronas e ouço seus passos vindo diretamente para a sala. Para minha surpresa
e deleite, ele aparece usando somente uma calca preta de pijama e uma arma
engatilhada nas mãos. Acendo a luz do abajur antes que ele resolva atirar em
mim.
A máscara negra cobre todo meu rosto, impossibilitando-o que me reconheça.
— Quem é você? — Aponta a arma sem hesitar. — Nem um passo ou estouro
seus miolos!!
Adorei isso. Se soubesse que seria tão excitante teria realizado essa fantasia
muito antes.
— Se queria me matar realmente, nem precisava dessa arma, sua aparência me
causou um dano enorme, Excelência!
Mesmo com pouca luz, posso ver o espanto em seus olhos ao reconhecer a
minha voz.
— Sophia??
Ele desengatilha a arma com elegância e maestria e até esse gesto me deixa mais
excitada.
— Ora! — Descruzo minhas pernas e seus olhos fazem uma escalada muito
interessante em todo meu corpo. — Espantado? Não me diga que estava
esperando por alguma inglesa atirada?
Levanto-me devagar e retiro a máscara revelando meu rosto cheio de saudade e
desejo. Sean caminha até mim e me puxa para seus braços.
— Sabe muito bem que não há nenhuma outra mulher na minha vida! — Suas
mãos correm pelas minhas costas e eu retribuo seu gesto, correndo meus dedos
sobre seu tórax divino. — Quase a matei, nessa brincadeira, sabia, senhora
Mackenzie? — Sua boca esmaga meus lábios e sua língua macia me faz gemer
ao explorar cada canto de minha boca. Segurando meu pescoço com força, nosso
beijo se encaixa de modo perfeito enquanto sua outra mão habilidosa desata o
laço de meu casaco, deixando-me nua em sua frente.
— Hum... Não me diga que viajou assim? — A pele áspera de seu rosto devido a
sua barba que começa a despontar, faz meu pescoço ficar todo sensível por onde
ele passa. Sua mão aperta meu seio sensível e carente ao seu toque. Meus
mamilos estão inchados e doloridos esperando somente as carícias
enlouquecedoras que somente a boca experiente de Sean que sabem como,
quando me tocar e me enlouquecer de prazer.
— Não! — Respondo num gemido ao sentir sua boca correndo por todo meu
colo. — fique tranquilo. Isso é somente para você! — Morde meu lábio e em
seguida corre sua língua em minha boca sedenta por ele. — Não vai me mandar
embora, vai?
Me lança um sorriso perversamente erótico e me seus dedos se encaixam no
meio de minhas pernas. Meu sexo molhado esperava por isso e quando ele toca
em meu clitóris, uma contração atinge meu ventre e minha reação é esfregar
meus quadris para tentar aliviar esse prazer intenso que seus dedos provocam em
mim.
Minha mão atrevida desce por seu abdômen tão bem talhado e invadindo sua
calca, aperto seu membro quente e duro entre meus dedos. Gemendo, arqueia os
quadris e me incita a continuar tocando-o.
Fecho os olhos ao sentir sua boca engolido meu mamilo e sugando-o com a
língua numa carícia de bambear minhas pernas. Gemo alto e insisto para que
continue. Para me deixar mais ansiosa por ele, desce meu corpo com sua boca e
quase me faz perder o equilíbrio ao jogar uma de minhas pernas sobre seu ombro
e nesse instante, sua boca assume o comando e me lambe de modo voraz.
— Era isso que você queria? — Fala entre gemidos e sucções que fazem meu
corpo se encolher.
Sean é como uma bebida destilada. Quanto mais envelhecida, melhor. Me
embriaga, entorpece e me deixa totalmente viciada e dependente do seu corpo.
— Era... continue ... assim... — Me esfrego deliberadamente em sua boca de
forma despudorada e sentindo meu sexo inflamado e prestes a explodir em um
orgasmo intenso, Sean me joga no sofá, arranca sua calça e encaixado entre
minhas pernas me penetra com força.
— Ah, Sophia! — Seus quadris se movem de modo intenso e eu o acompanho
fazendo cada investida se tornar ainda mais profunda e prazerosamente sexy. Ele
se move com a graça e dominação de um animal feroz sobre sua fêmea, nesse
caso, eu.
Como se não bastasse sentir toda essa intensidade, Sean usa seu polegar e o
rodeia em meu clitóris no mesmo instante que sua boca busca minha, prendendo
minha língua na sua. Era o que me faltava. Era o empurrão que faltava para que
eu despencasse num abismo de prazer intenso. Gozo apertando seu corpo,
trazendo-o ainda mais para mim. Meu sexo pulsa e ao mesmo tempo, ouço-o
gemer e sussurrar em meu ouvido de modo devasso fazendo meu corpo querê-lo
novamente.
— Adoro quando sua boceta aperta meu pau, toda gulosa... — Avança com mais
força — Vem comigo, quero gozar sentindo seu gemido quando gozar de novo
em meu pau.
Ele remexe seu quadril de modo profundo e intensamente devasso, enquanto sua
boca desliza sobre meu ouvido e pescoço. Em seguida, estoca de modo frenético
e me faz atingir um segundo orgasmo. De olhos semiabertos, vejo-o se perdendo
em meu corpo.
Suados e agarrados um ao outro no sofá, Sean permanece com a boca colada em
minha testa, totalmente ofegante.
— Quer dizer que a senhora Mackenzie entrou furtivamente na Embaixada?
Voltando aos velhos tempos de ladra, minha esposa? — Ele diz brincalhão, na
certeza de que a surpresa acabou aqui.
Não resisto ao seu comentário e gargalho alto.
— Senti saudade de quando um certo alguém me chamou de ladra maldita e me
deu o meu primeiro beijo com paixão. — Meus olhos grudam nos seus.
— Minha maldita e única ladra. Roubou-me para si eternamente. — Arqueia
suas sobrancelhas e me dá um sorriso torto com suas sobrancelhas arqueadas em
um semblante que me deixa mais apaixonada. — Eu a amo, amo, amo. Um
milhão de vezes, amo!
— Eu também o amo eterna e incondicionalmente, Sean.
Cobre seu corpo com o meu e me encara sorrindo.
— Não vejo a hora de poder curtir minha família. Faremos uma longa viagem
eu, você, Thomas e as meninas.
Pigarreio e roço meu nariz no seu.
— Esqueci de lhe dar seu presente, meu amor!
— ??
Pego sua mão direita e a coloco sobre meu ventre.
— Bem aqui, a minha surpresa para você!
Seus lindos olhos azuis reluzem de alegria e ele me beija de um jeito só seu.
— Sophia, estou muito feliz!
Olho-o intrigada e digo.
— E se vierem mais duas meninas, Excelência?
Me olha com cara de menino. Sean fica lindo assim.
— Se forem meninas, dessa vez, a culpa foi da biblioteca da Casa Branca.
Rimos juntos e de repente, me encara de modo sério.
— Um milhão de vez! — Beija de leve meu lábio, com a voz carregada de uma
promessa que jamais será quebrada.
— Eternamente!
[...]
Dessa vez, não botamos a culpa em nenhum cômodo. Sentada na varanda de
nossa casa de verão, acaricio minha barriga e olho para Sean que brinca de bola
com nossos filhos.
— Está vendo, Heitor? Logo, você conhecerá o pai mais incrível desse mundo!
Sean me olha e me joga um beijo e as crianças avançam sobre ele derrubando-o
no gramado. Chego à uma conclusão: felicidade em excesso não mata!
Epílogo
Por Sophia
Nossa vida, agora mais calma após o término do mandato de presidente de Sean
segue a normalidade de qualquer outra família feliz. Ele, juntamente com Max,
cuida dos negócios da família e Alexia decidiu por acompanhar Aidan em sua
vida política. Por sua vez, após o nascimento de meu bebê, voltarei a dar aulas
como sempre quis. No momento, sou mulher e mãe dedicada em tempo integral.
Durante esse tempo, todos meus queridos familiares seguem sua vida na mais
perfeita harmonia e tranquilidade.
Vicenzo e Sarah continuam casados e vão muito bem. Ela continua a trabalhar
como chefe de cerimonial e ele mantém seu café firme e forte.
Lorenzo, meu amado irmão, mudou de profissão. Deixou o escritório no centro
da cidade e, agora, trabalha para a Agência Nacional de Inteligência dos Estados
Unidos. Seu conhecimento em invasão de sistemas de segurança teve algum
proveito.
Lay, minha arara favorita, continua na perícia da polícia. Os dois continuam
muito apaixonados e Gabriella, minha sobrinha, é o xodó da família.
Harry tomou uma decisão que nos pegou de surpresa e causou espanto em todos.
Decidiu dividir a sua fortuna. Ele quer desfrutar seus dias viajando pelo mundo
na companhia de Claire, alegando que já trabalhou demais e agora deixa tudo a
encargo dos seus filhos. Relutei e até mesmo hesitei em aceitar essa herança e
sob protestos, principalmente de Harry, acabei cedendo, pois segundo ele, sou
sua filha e nada mais justo que eu aceite o que me cabe por direito.
Com isso, tive uma ideia e resolvi fazer algo por uma pessoa a quem devo a
minha vida. Divido minha ideia com Sean e ele como sempre me apoiou em
tudo.
E pensando em Marcela chego à conclusão que ela me deu a maior prova de
regeneração mesmo sem que eu pedisse por isso. Como nunca gostei de
ingratidão, achei que ela merecesse sair da pequeno local em que morava na
Califórnia e viesse viver perto de sua filha e netos. Pedi que vendesse a casa em
questão e que deixasse o restante por minha conta. Relutante, minha mãe ainda
resistiu à ideia de morar em uma enorme cidade como Nova Iorque, porém
minhas duas princesas me ajudaram e muito durante minha conversa com a avó
ao telefone. As duas insistiram fazendo seu charme de neta e ela acabou
aceitando nossa oferta.
No dia em que a levei para ver o imóvel em questão, meus filhos nos
acompanharam e dentro do carro eles soltavam risos e mal disfarçavam a alegria
de ter a avó agora mais perto deles. Ao olhar pelo retrovisor e encontrar o olhos
de Thomas sorrindo, sabia que estava fazendo a coisa certa e que todos estavam
felizes com a minha decisão. Louise sentada no banco de trás, alisava o cabelo
de Marcella e lhe contava as novidades da escola.
Ao lhe entregar as chaves da casa, fazendo à ela uma surpresa, seus olhos
ficaram molhados e balançando a cabeça em sinal de um não, ela disse:
— Não posso aceitar e nem quero que pense que tenho algum interesse no que é
seu. Fui assim um dia e só me distanciei de você, quase perdendo-a para sempre.
Toco seu rosto cansado e digo enquanto deposito as chaves em suas mãos.
— Marcella, chega de pensar e se martirizar pelo que passou. Já pensou que eu
não estaria aqui se optasse por um aborto?
— Sim, mas eu a abandonei e isso me dói até hoje!
— Não pense mais nisso, por favor! Agora é hora de viver, vivermos coisas
juntas, sermos felizes de agora em diante e se Deus nos colocou juntas, com toda
certeza, Ele nos quer felizes. — Derramando lágrimas que ainda denotam
arrependimento, ela me abraça na porta principal de sua nova casa. — Nunca
mais quero falar no que passamos, entendeu? Nossa história começou no dia em
que me deu a vida novamente, se colocando na frente de Beatrice para me salvar.
— Ajeito seu cabelo que cai sobre o rosto. — Essa casa é sua e o que está
esperando para abrir essa porta, dona Marcella?
As crianças a agarraram e entramos todos grudados e aos tropeços pela nova
casa.
E a partir desse dia, nosso relacionamento se tornou ainda mais sólido e íntimo.
Tudo o que era ruim no passado, no passado deve permanecer e que venha o
futuro escrito de uma nova forma, um novo início carregado de coisas boas.
Marcella se tornou a avó mais que perfeita me surpreendendo e me fazendo
pensar como teria sido nosso convívio como mãe e filha. Meus filhos a adoram e
a respeitam muito. Sua paciência com Louise e Victoria vai além e acho que
minha mãe quer compensar tudo que poderia ter feito por mim e que por fatores
que não vem ao caso serem citados no momento, agora quer provar ser uma boa
avó e conseguiu. É óbvio que não me esqueço de minha eterna fofa. Angelina é e
sempre será indispensável em minha vida e meus filhos sabem e reconhecem o
valor fundamental que ela teve na vida de sua mãe.
[...]
Abro meus olhos lentamente, esticando meus braços num espreguiçar gostoso
após uma bela noite de sono. Domingo, acordar um pouco mais tarde é tudo de
bom.
Ao meu lado, meu príncipe moderno, dorme com o rosto colado ao travesseiro,
com a boca entreaberta e o braço envolto sobre minha barriga. Bem devagar,
meus dedos tocam de leve sua boca deslizando pelas leves linhas de expressão
existentes ali. Contorno seus lábios e sinto um arrepio gostoso ao me lembrar do
que essa boca é capaz quando desliza sobre meu corpo. Nunca me canso de olhar
para Sean e acha-lo bonito. Melhor é saber que sua beleza é ainda mais intensa
por dentro.
Estamos em maio e ainda faltam dois meses para a chegada de Heitor. Meu
primogênito e as meninas também estão ansiosos pela chegada do irmão e se
organizam entre sei sobre quem irá cuidar do bebê e qual brincadeira irão fazer,
etc. Thomas que se acha o tal por ser o mais velho, quer ditar as regras e no final
acaba sempre perdendo porque tudo eles decidem em votação e nesse caso, as
meninas sempre são a maioria. Ele ainda deixa muito claro que quando Heitor
chegar e crescer tudo irá mudar.
Ao tocar em seu ombro descoberto, Sean solta um longo suspiro, se remexe na
cama e abre seus lindos olhos.
— Não queria lhe acordar, meu amor, desculpe-me.
— Bom dia. — Com a voz rouca, abre seu lindo sorriso, tão familiar e ao mesmo
tempo sempre impactante para mim. Ele se aproxima devagar, ficando a
centímetros de minha boca despertando em mim um querer ainda imaginário de
seu corpo sobre o meu. Respiro fundo inalando seu perfume e seus braços fortes
envolvem meu corpo. — Estava acordado, deixei que se aproveitasse de mim!
— Beija minha boca de leve e desce por meu pescoço distribuindo leves
mordidas em minha pele. — Adoro ser acordado por você, sabe disso. Não ouse
pedir desculpas!
Sorrio maliciosamente.
— Hum... não me esquecerei desse detalhe, seu safado! — Gemo ao sentir seus
dentes pressionarem de leve o lóbulo de minha orelha no mesmo instante que
pressiona sua ereção em minha coxa. — Sean, temos que sair dessa cama ou já
se esqueceu de que iremos para a casa de Max? Hoje, é aniversário de Nicholas
— Ele ergue o rosto e lança-me um sorriso torto.
— Estava me esquecendo do aniversário de meu sobrinho. — Roça seu queixo
no meu. — Alguns minutos de atraso não farão diferença, meu amor! — Desce
sua mão atrevida pela lateral de meu corpo, levantando minha camisola e
escalando o interior de minhas coxas. — Não resisto a você... — Sua boca
desliza entre meus seios até tomar um de meus mamilos em sua boca. Suga bem
lentamente e, em seguida, corre sua língua e um gemido rouco rompe minha
garganta.
— Assim, fica difícil resistir, meu amor!
— Sei muito bem ser persuasivo quando quero! — Sua voz sai em meio à
lambidas e meus dedos estão enroscados em seus cabelos macios enquanto sua
boca passa para o outro seio.
— Você pode ter esquecido, mas nossos filhos não veem a hora de irem. —
Tento argumentar, louca para que ele me penetre e me faça gozar como louca.
— Eles podem esperar... — Se aproxima de minha boca e sua respiração pesada
me deixa com tesão.
— Tem toda razão, eles podem...
E como se eu dissesse alguma palavra mágica a porta do nosso quarto é aberta e
nosso clima é quebrado no instante em que as três razões de minha vida entram
como um raio subindo no colchão e se jogando aos beijos e abraços entre Sean e
eu.
Meu marido arqueia as sobrancelhas e brinca.
— Eles adivinharam, né? — Passa a mão nos cabelos e fala de modo divertido,
bem baixinho para que somente eu possa ouvi-lo. — Mais tarde, não me
esquecerei de trancar a porta.
— Mamãe! Papai! — Falam quase ao mesmo tempo. — Vamos, Nicholas está
nos esperando para uma nova brincadeira de pirata!
Amar é... Ser interrompido em um momento a dois e nunca reclamar. Você
pouco se importa com isso. Ser beijada, apertada e sentir o quanto é amada por
esse ser que saiu de dentro de você, isso sim é o que tem realmente valor. Eu os
trouxe ao mundo e ganho como recompensa um carinho e amor imensuráveis.
Victoria e Louise ainda de camisolas se deitam uma de cada lado de meu corpo
se aconchegando em meus braços. Sean puxa Thomas e o aperta fazendo
cócegas arrancando-lhe a mais deliciosa das risadas.
— Bem, vamos nos levantar e nos trocarmos, tem gente muito ansiosa para
irmos para a casa do tio Max. — Digo, tentado sair da cama.
Vários vivas ecoam pelo quarto nos deixando quase surdos.
Max e Dani se mudaram para uma casa, um lugar mais espaçoso para viverem
mais tranquilos. Danielly tomou gosto pela maternidade e grávida de cinco
meses, espera pela chegada de Clara.
Ao chegarmos, meus filhos descem rapidamente e se juntam ao restante da
criançada. Com exceção de Elijah, que mora na capital, todos os outros primos
estudam no mesmo colégio e são mais que unidos, portanto quando se juntam é
uma verdadeira festa.
No feriado de 4 de julho, nos reunimos num delicioso almoço com todos da
família. O último a chegar foi Joseph, ele se mudou para o Canadá e não o
vemos com tanta frequência. Sean o recebe calorosamente e ele se junta aos
demais para uma animada conversa.
Mais tarde, Lorenzo pega um bola de futebol e organizam um time. Foi o pior
jogo que já assisti. Todos, exceto eu, Marcella, Claire e Sarah que assistíamos
sentadas na varanda à algazarra feita na hora de dividirem os times, resolveram
entrar na brincadeira. Vicenzo e Harry eram os goleiros. Lorenzo e Sean capitães
dos seus times e Joseph, o árbitro.
Foi um show à parte. Lay jogava na defesa e já deu para imaginar o que acabou
acontecendo. Foram vários tombos e muitas risadas. Sean, aos berros,
coordenava as jogadas e eu achava a maior graça porque ele era péssimo
jogando como meio de campo. Aidan e Alexia xingavam o árbitro que ameaçava
expulsá-los do campo apontando um cartão amarelo e Max todo ponderado,
tentava apaziguar os ânimos como meio de campo.
Thomas jogou como atacante e em determinado momento ficou cara a cara com
Vicenzo, que o olhava sério para intimida-lo. Foi um lindo gol e ele me deixou
emocionada ao sair gritando pela grama, olhando em minha direção e dedicando
à mim a sua conquista acompanhada de vários beijos soltos no ar. Depois, foi a
vez de Elijah fazer outro gol e no final, o jogo acabou empatado, mas a diversão
foi garantida.
Como na minha vida, tudo é inusitado não preciso mencionar que entrei em
trabalho de parto em pleno feriado. Ao cair da tarde, senti minha primeira
contração e Lay que perde a amizade, mas nunca a piada disse:
— Dessa vez, não precisarei ameaçar Heitor com minha linda voz, não é
Sophia?
— Verdade! Thomas teve sérios problema quando recém-nascido, mal conseguia
dormir por culpa sua! — Completo. — Tadinho!
Sean me levou ao hospital e todos queriam ir junto. Foi uma loucura deliciosa. O
hospital parecia um hospício, mas no final ninguém foi preso.
Heitor Salvatore Mackenzie nasceu às 22 horas e tudo correu bem.
Agora, com a chegada de Heitor tudo ficou completo. Depois de completar seis
meses de idade, voltei à dar aulas e também continuei com meus programas
sociais juntamente com meu amigo e presidente Willy. Jamais deixarei de lutar
por aqueles que precisam e enquanto houver uma Sophia nas ruas, eu estarei lá
para oferecer a minha mão.
Na volta para casa, depois de um jantar beneficente, Sean estaciona o carro na
garagem e desliga o mesmo. Estico o braço para abrir a porta e ele me impede
colocando sua mão sobre a minha. Ao olhar em seus olhos, um calor repentino
chega mesmo que estejamos em pleno outono.
— Posso saber, sr. Mackenzie, o que tem em mente?
Aproxima-se devagar e busca meus lábios de modo faminto e desesperado, nesse
momento, suas mãos sobem por minhas pernas até chegar às minhas coxas numa
invasão luxuriosa e muito gostosa.
— Adoro garagens... — Sussurra correndo a língua em meus lábios. — E aqui,
tenho certeza de que não seremos interrompidos, sra. Mackenzie. — Seus dedos
tocam a renda de minha calcinha e afastando o tecido muito devagar geme ao
sentir meu sexo úmido e excitado.
— Mas, meu amor... — Ofegante e com muito desejo ainda tento contestar.
— Shhh... — Enfia seu dedo em mim e o gira lá dentro me fazendo contorcer de
desejo no mesmo que me toma em um beijo animalesco. — As crianças podem
esperar... Mas, eu não... — Coloca minha mão sobre sua calça e sinto seu
membro duro. Aperto-o em meus dedos, fazendo-o gemer e fechando os meus
olhos me deixo levar por esse momento maluco e único que meu marido me
proporciona. — Nunca transamos dentro de um carro, lembra? — Morde meu
pescoço, enquanto inclina meu banco cobrindo meu corpo com o seu.
Em resposta, mordo seu queixo e concluo.
— Tem razão, para tudo há sempre uma primeira vez...
Sean solta seu sorriso delicioso carregado de malícia e assim transformamos
uma transa dentro de um carro em algo muito especial.
Momentos mais tarde, entramos devagar como adolescentes que não querem ser
pegos em flagrante e conferimos se nossos filhos estão bem.
E agora, tenho certeza de que todos sabem como sou feliz ao lado de minha
família e amigos.
— Sophia Salvatore Mackenzie, a mulher mais feliz que já imaginei conhecer!
Prazer, sua sortuda! — Pisco para meu reflexo no espelho e digo a mim mesma
com olhos brilhando de alegria após um maravilhoso banho com meu marido.
Apago a luz do banheiro e me junto ao meu amado, na esperança de muitos dias
como esse...
Fim