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Sinopse

Sou impetuoso, imprevisível, e filho de um homem assassinado.

Anseio por coisas que não posso ter e não quero as coisas que posso.

Agora, me deixaram para juntar os pedaços - costurar a nossa família de volta


com uma linha danificada.

Esta não é a vida que eu imaginei. E para piorar as coisas, as mulheres em


nossas vidas estão testando a força da nossa irmandade.

Meu nome é Hayden Pearson.

Eu sou o mais velho, o filho protetor, mas vingativo.

As pessoas podem pensar que eu sou muito jovem para ocupar o lugar do
nosso pai, mas isso não vai me impedir de provar que todos eles estão
errados.
Dedicatória

Este vai para todos os meus leitores.

Eu não estaria em lugar nenhum sem o seu amor por livros sujos.

Continuem assim.
Meu pai não está morto.

Estou olhando para ele.


Capítulo Um

Hayden

Egoísta. Mimado. Insensível.

É quem está me encarando. Um lembrete constante da pessoa que sou. Quem


eu me tornei. Um homem que vê algo que quer e toma.

Como ele.

Um conjunto familiar de olhos azuis aço me olha de volta através do reflexo


no espelho de corpo inteiro.

Tal como o dele.

Saindo do chuveiro, fico em frente ao espelho me inspecionando. Eu sigo as


gotículas de água enquanto elas escorrem do meu cabelo molhado e descem
pelo meu rosto. Meu cabelo está cheio e precisa de um corte. A carranca que
uso constantemente é apenas mais uma indicação.

Eu não sou diferente dele. Não, sou exatamente como ele.

A água quente fumegante, depois de uma longa corrida, não faz nada para
derreter o gelo em minhas veias Pearson. Passo as mãos pelo meu cabelo
selvagem e vejo quando mais água desliza por meu peito magro. Nem um
pingo de gordura se esconde atrás do meu físico bronzeado. Outro gene
Pearson. Um que posso apreciar. Ao contrário do resto das características
vingativas que ele transmitiu.

Meu pai está apodrecendo seis palmos abaixo da terra pelos últimos dois
anos, mas a essência de sua escuridão ainda está muito viva. Ela vive e
respira dentro de mim. A necessidade de controlar e conquistar. Para possuir
e destruir. Meu pai não criou seus quatro filhos com a visão de nos
transformar em homens decentes e honrados. Não, ele se certificou de
que estivéssemos preparados para nos tornar líderes. Guerreiros destemidos.
A emoção não era uma qualidade importante para Eric Pearson. Ele
costumava dizer sempre que as emoções deixavam a pessoa fraca. Vulnerável
aos inimigos. E ele estava certo. Porque é disso que estou cercado.

Puxo a toalha da minha cintura e a jogo no chão. Vestindo minha cueca,


ajusto meu pau confortavelmente e caminho até o enorme closet para me
vestir para o trabalho. Four Fathers Freight, a empresa que agora administro.
Eu tenho outros três parceiros, mas sou eu quem detém todas as cartas. Meu
pai se certificou disso.

Às vezes, me pergunto se ele sabia que ia morrer. Os desígnios que ele


deixou em seu testamento com certeza fez com que parecesse assim. Mas ele
também sabia que havia criado um líder. E foi por isso que ele deixou tudo
para mim. A casa, a companhia, a responsabilidade pelos meus três irmãos -
todos os fardos que ele carregava agora jazem sobre meus ombros.

Outra razão para eu odiar meu pai.

Eu não queria isso. Eu queria partir. Mas meu pai decidiu ter sua cabeça
estourada por uma boceta adolescente e agora eu estou liderando o bando.

Foda-se papai. Foda-se você.

Mas como o infame Eric Pearson diria: — Eu sempre consigo o que quero.
Nos negócios. Na vida. Na cama. Sempre.

***

O som da televisão ligada na sala enquanto ando pelo apartamento para onde
Camden e eu nos mudamos há três meses me diz que meu irmão já está
acordado. Conhecendo-o, ele está acordado há horas
assistindo a CNN ou outro canal de debate político com o qual está obcecado.
Tenho certeza de que suas primeiras palavras foram “comércio exterior”.
Sempre lhe digo que ele é bonito demais para estar na política, mas a verdade
é que Cam é uma ameaça tripla: riqueza, inteligência, aparência - e ele ainda
não tem nem dezoito anos. Ele vai governar o mundo um dia, tenho certeza
disso. Uma força a ser considerada.

— Você já dormiu? — Eu pergunto, virando a esquina para entrar na luxuosa


cozinha de mármore de última geração e abrindo a geladeira para pegar uma
bebida. Não sei como fiquei na casa da minha família tanto tempo depois de
nossas vidas mudarem. Dois anos atrás, nós enterramos nosso pai.
Lamentamos a perda de um homem que nós quatro amamos, mas odiamos na
mesma medida. Logo depois que aconteceu, lutei contra a vontade de
queimar todo o lugar. Eu queria nos livrar de todas as memórias fodidas que a
casa guardava. Mas aprendi rapidamente que você não pode se livrar de
cicatrizes. Você não apaga a memória de seu pai sendo baleado e morto por
um psicopata à sua frente ou a percepção de onde sua mãe esteve todos esses
anos.

No começo, tentei nos manter unidos. Mas merda continuava acontecendo.


Eventualmente, Nixon e Ro partiram. Brock estava metido em sua própria
merda fodida. Ele saiu pouco depois para a faculdade e mal voltava para casa.
Cam ainda era menor de idade, e caiu sobre mim ser seu guardião legal. É
isso mesmo. Durante a noite, passei do garoto selvagem, para um pai para o
meu irmão mais novo. Para não mencionar, CEO de uma empresa de
transporte de bilhões de dólares. Tudo porque meu pai não conseguiu manter
seu pau em suas calças e longe de Ro -

aquela que deveria ser de qualquer um, menos dele.


Mas finalmente, eu cansei. Viver muito perto das memórias estava fazendo
mais mal do que bem.

— Eu poderia te perguntar a mesma coisa, — Cam responde. —

Você já tinha saído quando eu acordei às quatro. — Merda, eu devo ter


dormido demais. Normalmente estou de pé e fora da porta às três, precisando
da tranquilidade do mundo ao meu redor enquanto corro. Sempre fui um
esportista. Está nos nossos genes Pearson. Mas ultimamente, ou devo dizer
nos últimos dois anos, tenho exigindo muito de mim mesmo, correndo até
meus músculos queimarem e meus pulmões sucumbirem, para me ajudar a
manter o foco. Eu preciso disso para ficar focado.

Alguns dias, acho que Jax Wheeler fez um favor a todos nós. Ele se livrou da
única pessoa que deveria nos mostrar amor. Ensinar-nos a ser bons homens.
Mas que, em vez disso, só nos ensinou a ser frios e sem coração. Eu odiava
meu pai pelo modo como nos criou. E quando Jax tirou sua vida, a bagunça
que ele deixou para mim... Só me fez ressentir mais.

Meu pai nunca discutiu o que aconteceria com Four Fathers se alguma coisa
acontecesse com ele. Tenho certeza de que ele nunca esperou ser morto por
seu comportamento inadequado. A maneira como ele olhava para ela - a
tratava - eu estaria mentindo se dissesse que os mesmos pensamentos
assassinos que seu pai não haviam passado pelo meu cérebro. Quem sabe.
Talvez se Wheeler não tivesse matado meu pai, teria sido um dos seus
próprios filhos.

— Você tem que trabalhar o dia todo? — Camden pergunta, desligando a TV


e se juntando a mim na cozinha.

— Sim. Reunião da equipe dos parceiros. — O que me faz querer socar a


parede. Nos últimos dois anos, eu estive me matando tentando
provar o meu valor a esses idiotas. E tudo que recebo em troca é raiva e
ressentimento, como se eu tivesse roubado algo deles. O testamento de meu
pai não deixou suas ações para seus parceiros. Nem mesmo seu melhor
amigo. Ele as deixou para mim. Seu primeiro filho. A notícia chocou a todos,
inclusive a mim. Eu não tinha interesse em gerir a Four Fathers. Eu não dava
a mínima para o que aconteceria com ela. Para ser honesto, eu só queria o
dinheiro do seguro que o velho pai deixou para cada um de nós e partir. Mas
mesmo a sete palmos, meu pai ainda está fodendo com a minha vida. Ele não
apenas me deixou suas ações, ele se certificou de que eu não pudesse dar as
costas e vendê-las. Eu acho que talvez ele me conhecesse melhor do que eu
pensava.

As estipulações em seu testamento eram as seguintes: eu herdaria seus


cinquenta e um por cento da empresa. Sim. Exatamente isso. O que
significava que eu era o principal acionista da Four Fathers. Mas havia
condições envolvidas. Escrita em negrito que dizia que eu não poderia vender
minhas ações até aos vinte e cinco anos. Ele se certificou que eu não tivesse
escolha a não ser continuar e administrar sua empresa. Nesse ponto, se eu
ainda quisesse vender, deveria vender minhas ações para a única pessoa que
meu pai via como família: Trevor Blackstone.

— Você acha que o tio Trev vai pegar você de novo?

Eu pego uma bebida da geladeira e fecho a porta. — Ele não é nosso tio. Pare
de chamá-lo assim. E se ele tentar, vou colocá-lo no seu devido lugar como
sempre faço.

— Você sabe que ele está apenas tentando ajudá-lo, certo? Papai teria
querido que nos apoiássemos nele, se fosse necessário...

— Nós não precisamos dele, caralho. Deus, acorde, Cam. Ele não é da
família. Ele não é ninguém para nós. Ele era o melhor amigo do papai. E
papai se foi. Ele só quer minhas ações e está beijando minha bunda como
uma maldita raposa velha até que eu tenha vinte e cinco. — Mal ele sabe, que
não levará nada. Eu posso agir como se não quisesse ter nada a ver com Four
Fathers, mas você não dá a alguém tanto poder, então o entrega. Todo o
tempo que investi, é meu - e é assim que permanecerá.

Eu me inclino contra o balcão de mármore e tomo um gole da minha bebida


enquanto olho pela janela. A vista é impecável. Você não tem uma visão
como esta sem pagar uma pequena fortuna. O

apartamento tem vista para o centro de Tampa até as águas mais azuis do
oceano. Cam para na minha frente e cruza os braços, fazendo os músculos
enrijecer. O merdinha é quase tão construído como eu agora. Acho que
ambos nos exercitamos como uma fuga.

— Por falar em tempo, você sabe o que é semana que vem, certo?

Meus dedos apertam a garrafa. O som da trituração do plástico soa enquanto


meus dedos ficam brancos. Na próxima semana fará oficialmente dois anos.
O aniversário da morte dele. — Eu sei que porra é na próxima semana. —
Tomo o resto da minha bebida e jogo a garrafa vazia no lixo. Eu me volto
para Cam, que parece taciturno. Meu humor muda rapidamente, e a culpa
assenta. Eu posso ter odiado meu pai, mas Cam não. Ele sente falta dele. Ele
ainda fala sobre ele como se fosse um grande homem. Bom pai. Ele era muito
jovem para entender que tipo de homem Eric Pearson realmente era.

Não ajuda que no mesmo dia em que ele perdeu o pai, soube onde estava a
puta da sua mãe nos últimos oito anos. Esse choque nos atingiu mais do que
ver nosso pai morrer diante de nossos olhos. Oito anos, todos nos
convencemos de que ela não nos amava e partiu. Nós não éramos
bons o suficiente para ela. E ela estava morta o tempo todo. A poucos metros
da nossa casa.

— Bem, eu só queria lembrá-lo porque sei que você está lidando com muita
coisa ultimamente. Eu contatei Nixon, mas ele não retornou meu texto. O
mesmo com Brock. Eu achei que ele já estaria em casa para as férias de
verão. Você não acha que eles esqueceriam, não é?

Quem gostaria de lembrar? Mesmo se tentassem, ninguém poderia apagar o


cenário fodido que todos nós testemunhamos. Rowan, papai -

Wheeler atirando em ambos. Os restos do esqueleto da nossa mãe flutuando


na chuva forte. O tempo não parece tornar a memória mais distante. E a cada
ano, quando temos que revivê-la, isso nos deixa no limite.

— Eles não vão esquecer. Pare de se preocupar com isso. Concentre-se na


escola. Dê o fora daqui, como você sempre planejou.

— Antes de voltar ao meu quarto, paro ao lado dele e descanso a palma da


mão em seu ombro. O pequeno gesto, mas rápido, permite que ele saiba que
estou ao seu lado. Não pedi para estar onde estou, mas Deus sabe que não
vou deixar meu irmão ser arrastado por causa da bagunça do nosso pai.

Saio e pulo no meu Bugatti Chiron, ligando-o em um ronronar rápido. É uma


viagem rápida através da cidade, do apartamento até ao escritório, que é
como eu gosto. Em pouco tempo, entro no estacionamento subterrâneo
privado da Four Fathers Freight. O estranho sentimento nunca desaparece. A
sensação intensa dentro do meu intestino me lembrando que tenho todo o
poder. Pode haver outros três parceiros, mas com o passar dos anos, eu
entendo melhor o quão poderoso meu pai realmente era. Porque esse poder
está em minhas
mãos. Nada nesta companhia acontece a menos que eu diga que pode
acontecer. Eu tomo as decisões finais e dou todas as ordens.

Desde o momento em que sentei na cadeira do meu pai, fui atraído, recebi
propostas e docemente convencido a vender minhas ações. Levi foi o pior.
Aquele babaca foi o primeiro a bater na minha porta. Oferecendo um negócio
de boceta. Dizendo que eu poderia ter tudo, e ele me mostraria como, bastava
passar algumas ações para ele e minha vida seria cercada pelas melhores
bocetas do mundo. Mal sabia o idiota, que tenho mais boceta do que ele já
teve. Além disso, parece que suas cartas do baralho foram revogadas há
muito tempo desde que ele se casou e tem um filho a caminho. Realmente
matou seu jogo. Ultimamente, tudo o que ele faz é se gabar dos boquetes
mensais de sua esposa mal humorada.

Mateo nunca insistiu. Ele pode ter dado algumas dicas de que estava
interessado se eu oferecesse, mas fora isso, ele tem sido legal comigo. Nunca
tentou muito me convencer a vender. Ele passou mais tempo oferecendo
conselhos sobre como administrar o negócio. Eu o respeitei por isso.

Mas Trevor, eu não poderia estar em uma sala por mais de cinco minutos sem
querer esmurrar o rosto dele. Ele deveria ser o melhor amigo do meu pai - o
único cara em quem meu pai confiava. Eu nem acho que ele confiava em seus
próprios filhos. Merda, ele até amou Trevor mais que nós. Quando Nixon
sugeriu que Trevor era seu pai, eu esclareci essa história. Eu tinha visto os
arquivos que nosso pai tinha em seu testamento, e os resultados da
paternidade estavam claros: éramos filhos de Eric Pearson -incluindo Nixon.

Muito para surpresa de Nixon, e se eu fosse honesto, para a minha também.


Trevor até pareceu aliviado naquele dia no hospital. Porque você teria que ser
cego para não ver as semelhanças em suas características, e Nixon tem a
mesma personalidade obsessiva que Trevor. Se eu não tivesse visto os
resultados, teria questionado também. Fiquei contente em saber que ele não
era – até a porra daquela noite, quatro meses atrás, quando descobri que
Trevor era um boceta mentiroso. Acontece que ele fodeu a puta da minha
mãe. Eu sabia. E agora eu precisava expor o pedaço de merda que ele é.

Quatro meses atrás…

Estou passando através de um monte de caixas que foram armazenadas no


sótão por muitos anos até mesmo para lembrar. Eu nem sei por que estou
aqui em cima. Esta não é a primeira vez que me embriago e subo aqui,
vasculhando o lugar. Porquê? Eu não tenho nenhuma ideia. Eu sei que
quando nos livrarmos deste lugar, teremos que fazer algo com toda essa
merda. Vejo caixas com o meu nome e dos meus irmãos nelas. Roupas de
bebê. Brinquedos. Roupa de cama para crianças. Pena que não há uma
rotulada com ervas e pílulas. Eu realmente poderia usá-las para aumentar
esta embriaguês como ninguém.

Chuto uma caixa, derrubando algumas camisas velhas, quando me deparo


com um baú de madeira. Tem uma fechadura sem chave e as letras JB, as
iniciais de minha mãe antes dela se casar, esculpidas na madeira.

Estou confuso sobre por que meu pai guardou isso. Ele tinha jogado,
queimado, cortado... Merda, ele fez tudo ao seu alcance para se livrar de
tudo o que o lembrava dela.
Foi a única coisa que encontrei aqui dela.

Passando a mão sobre a madeira lisa, debato se devo ou não abri-la. A


curiosidade leva a melhor sobre mim e procuro através de uma caixa de
ferramentas por uma chave de fendas.

Algumas das coisas pessoais da minha mãe estavam lá dentro. Sua certidão
de nascimento, algumas cartas antigas que meu pai escreveu para ela.
Algumas fotos nossas quando bebês. Vasculho mais e encontro uma pequena
pistola. Estou tentado a pegá-la, voltar para a piscina e atirar na bunda de
Brock. Desde que meu pai morreu, ele acha que pode fazer o que quiser.

Empurro-a para o lado e procuro ainda mais, até que algo me chama a
atenção. Uma carta. Não é do meu pai, mas a caligrafia é familiar. Eu tiro
do envelope e uma foto cai do lado de dentro. Esse é Trevor? Por que mamãe
teria uma foto de Trevor em sua caixa? Ele deve ter vinte e poucos anos. A
fotografia é antiga. Pelo desgaste, ela foi amassada e manuseada mais de
uma dúzia de vezes. É difícil realmente reconhecer o rosto, mas parece
similar a Trevor. Viro a foto e leio o nome escrito à mão no verso – a letra de
Trevor. Jameson Vincent. Quem diabos é Jameson Vincent? Eu dou mais
uma olhada firme para o homem, e a certeza dentro do meu intestino começa
a juntar as peças. Sua constituição, cor de cabelo... Tem que ser Trevor.
Trevor teria sido um antigo caso da minha mãe antes de conhecer meu pai?

Eu abro a carta e meu estomago despenca.

Trevor, você tem que fazer isso desaparecer por mim. Você
prometeu.
As palavras rabiscadas em caneta preta com a letra da minha mãe sobre um
teste de DNA – uma cópia dos que estão no testamento de nosso
pai. Esse é o de Nixon, e os resultados dizem que ele não combina com Eric.
Que porra é essa?

Virando o papel, encontro um post-it preso a ele.

Ele nunca poderá saber que fui eu!

Filho da puta! Esse é Trevor escrevendo novamente. Então ele é o pai de


Nixon? Quem diabos é Jameson? Um pseudônimo?

Minhas mãos começam a tremer quando a raiva chega. Todos esses anos.
Ele está agindo como uma figura paterna para Nixon, e agora faz sentido o
porquê. Minha mãe se foi há anos, mas ainda me lembro do jeito que ela
olhava para ele - flertava com ele.

Amasso a foto em minhas mãos.

O desejo de encontrar Trevor e socá-lo até que ele esteja implorando por sua
vida ferve dentro de mim. Pego a foto e viro de novo.

Jameson Vincent.

Por que ele mudaria seu nome?

Eu me lembro das histórias dele ser um sem-teto. Sua vida de lutas passando
por casas, até que ele conheceu meu pai na faculdade. Será que meu pai
sabia que Trevor Blackstone era seu nome verdadeiro?

Pensamentos e conspirações começam a girar dentro da minha cabeça


fodida. Trevo é Vincent? Minha mãe o conheceu antes do meu pai? Eles
estavam tendo um caso esse tempo todo?

Ele não vai se safar disso. Ele pode ter enganado toda a minha família, mas
não vai me enganar. Eu coloco a foto no bolso de trás e pego meu telefone.
Percorrendo meus contatos, acho o nome que estou procurando e pressiono
a tecla.

— Evans...
— Chip, é Hayden Pearson.
— Oh, sim, Hayden? Lamento o que aconteceu com o seu velho. Merda
fodida, cara.

A única coisa fodida é que não aconteceu anos atrás. — Sim. Preciso da tua
ajuda. Preciso do contato do investigador particular que você disse que
conhecia. Aquele que cavaria nos buracos mais sujos para fazer o trabalho...

Já faz quatro meses e nada. Brandon Wyatt, meu investigador particular,


provou que Trevor Blackstone existia nos registros do hospital, mas não fez
nada para aliviar minhas suspeitas. Qualquer um poderia conseguir essa
merda hoje em dia. A dark web é profunda e um recurso incrível quando você
precisa de algo ilegal.

Demorou quase um mês para Jameson Vincent aparecer no radar. Um


homem, que se encaixava na descrição, morava no Alabama, mas a idade
estava errada por doze anos. Um após o outro, becos sem saída, endereços e
informações falsas. Todas as pistas me dizendo que Trevor não era quem ele
dizia ser. Ele estava apenas um passo à minha frente todas as vezes.

Mas não hoje.

Hoje recebi uma ligação do meu cara. Ele o encontrou. E por uma taxa bônus,
ele me daria às respostas pelas quais passei os últimos quatro meses
obcecado. Uma vez que acabar essa maldita reunião de parceiros, vou me
aproximar de Trevor. Ele não tem ideia do que está chegando para ele. Ele
nem vai ver a destruição antes de eu arruiná-lo.
Capítulo Dois

Hayden

— Então, eu a deixei me chupar com aquela boca sexy pra caralho até que fiz
uma bagunça em seu rosto. Eu juro, minha garota sabe como me fazer gozar
com aqueles doces lábios.

Eu ouço Mateo rir do comentário patético de Levi sobre sua esposa. Ela
provavelmente engasga em seu pau sujo todas as vezes.

A cadeira de todos se vira para a porta quando entro na grande sala de


conferências da Four Fathers. — Oh, uau, o menino de ouro nos agracia com
a sua presença, — diz Levi, tentando me atrair enquanto passo por ele. Eu
não perco meu tempo alimentando seus golpes e permito que meu dedo do
meio fale por mim. Sento-me à cabeceira da mesa, exatamente como meu pai
faria, e jogo minhas pernas em cima. — Bom dia, cavalheiros. Lamento
deixar vocês esperando. Na verdade… não lamento.

— Eu não dou a mínima se eles tiverem que esperar por mim. Eu me viro
para Trevor, que tem aquele tique nele. Ele está prestes a me dizer o quanto
estou atrasado em nano segundos.

Lanço a pasta com os números mais recentes deste trimestre e clientes em


potencial e a vejo deslizar pela mesa, parando na frente de Mateo. — Aqui
está a lista dos números deste trimestre. Eles estão vinte e sete por cento
acima do último trimestre. A direção que segui, conseguindo todas aquelas
companhias de transporte marítimo familiares em Cleveland, foi um sucesso.
Uma pequena persuasão e algumas ameaças. Todos vocês podem me
congratular por isso. — Eu posso ter sido jogado nesse papel, mas no
momento em que me sentei na cadeira
de couro do meu pai, certifiquei-me de fazer jus ao título que herdei. Porque
fodido ou não, não deixaria que eles provassem que eu não aguento a pressão.
Meu pai pode ter tirado a minha escolha, mas agora que eu estava aqui,
dominaria tudo. Dois anos depois, a empresa está ainda melhor do que
quando meu pai estava vivo.

— Como sempre, bom trabalho, Hayden, — diz Mateo, pegando o arquivo


para folhear os documentos. — Eu pensei que algumas das empresas de
Cleveland haviam se recusado a vender?

— Dinheiro fala mais alto. Com um pouco de persuasão, eles se dobraram


como um terno barato.

Batidas vêm do extremo da mesa onde Trevor se senta. Isso coloca um


sorriso no meu rosto, saber o quanto ele desaprova meus modos. Bem, tal pai,
tal filho, ele continuará lidando com isso.

— Enfim, isso encerra esta reunião. Até à próxima vez, seus fósseis.

— Rindo, eu tiro minhas pernas de cima da mesa e me levanto. Mateo


sempre ignora meus insultos, ao contrário de Levi, que se ofende em ser
chamado de velho, mesmo que ele seja.

— Me chame de fóssil de novo, garoto. Não estou velho demais para chutar o
seu traseiro.

— Eu te desafio a tentar, meu velho, — eu ameaço, então saio. É

assim que tem sido nos últimos dois anos. Ninguém pode negar que fiz essa
empresa render bilhões. Nos últimos dois anos, a Four Fathers passou da
terceira maior para a segunda maior operadora de transportes nos EUA, e o
patrimônio líquido aumentou em dois bilhões. Posso ter afundado meu pau
em cada professora gostosa que tive, mas o pouco tempo que estive na
faculdade, prestei atenção. Eu entendia de negócios como a palma da minha
mão. Meu pai não só fez um favor à Four Fathers
ao ter sua cabeça estourada, mas também a seus parceiros por me permitir
assumir o controle.

Volto para a recepção para que possa flertar com a loirinha gostosa, antes que
eu tenha que encontrar meu cara.

— Hayden, espere.

Eu me encolho ao som da voz de Trevor. Paro apenas porque esta pode ser a
última vez que o vejo na Four Fathers. Assim que eu tiver a informação que
preciso, ele estará fora daqui.

Eu me viro para encará-lo. — O que posso fazer por você, Trevor?

— Só queria ver como você está, filho.

— Não me chame de filho. Eu não sou seu filho. — Eu o vejo recuar


imediatamente. Uma e outra vez, ele insiste em me agradar, como se ele se
importasse comigo e com minha família. Nenhum homem dorme com a
esposa do melhor amigo, concebe um filho e se considera um amigo leal.

— Entendido. Eu só queria saber como você está. Sei que semana que vem é
o aniversário. Queria saber se você...

— Eu não preciso de nada de você, cara. Quando você vai colocar isso na sua
cabeça?

— Nunca. Você pode agir como um idiota o quanto quiser, mas pelo seu pai,
eu nunca vou parar de cuidar de vocês quatro. Ele era minha família também.

— Oh, me dê um tempo, porra. Sério? Você vai puxar essa merda comigo de
novo? Por que você não desiste do ato? Você nunca se importou com o meu
pai.

As sobrancelhas de Trevor se franzem. Eu sei que essa afirmação sempre


atinge um nervo dele. Eu sei que eles passaram por muito quando
estavam juntos na faculdade. Como meu pai o salvou. — Você não tem ideia
do que seu pai significou para mim.

Com isso, soltei uma risada cínica. — Me dê um tempo, velho. Você pode ter
enganado todo mundo, mas você não me engana. E logo todos saberão a
verdade.

— Que verdade é essa, filho?

Esse filho da puta. Provocar-me não é interessante para ele.

— Você quer dizer Nixon? Porque você e eu sabemos quem é seu verdadeiro
filho. Melhor colocar seus assuntos em ordem. Sua pequena vida perfeita está
prestes a explodir.

Os olhos de Trevor se arregalam. Eu o peguei desprevenido. Droga, eu sei a


verdade, idiota. Ele dá um passo controlado na minha direção quando seu
telefone toca aquele tom familiar. Lucy. Ele não ousaria deixar que ela caísse
no correio de voz. Faz uma pausa e eu o vejo começar a contar. Ele chega a
cinco, dá um passo para trás e tira o celular do bolso do terno.

— Baby, tudo bem? — Ele responde, nunca tirando os olhos de mim. —


Quando? Pensei que ela chegasse amanhã! OK. Não, minha reunião está
terminada. Eu vou buscá-la. Diga a Katie para me procurar em vez de você.
OK. Amo você também.

Katie

Katie

Katie

PORRA.

O nome dissipa qualquer raiva que sinto por Trevor.

Katie.

Katie
Minha Katie

— Eu não sei o que diabos você está fazendo, mas você está errado. E não
terminamos aqui — ele diz antes de passar por mim. Assim que chega ao
elevador e a porta se abre, ele entra e se vira para fechar os olhos comigo. —
E nem sequer pense isso. — E as portas se fecharam.

***

Um ano e meio atrás...

Eu estou sentado na sala de espera por mais de seis horas. Ao meu lado está
Camden, que de alguma forma conseguiu dormir mesmo com tudo
acontecendo. Nixon não voltou, e eu não tenho ideia do que diabos está
acontecendo. Ele me implorou para ficar e proteger Rowan, mas eu nem sei
de quê. Pouco depois de Nixon sair correndo, uma ambulância trouxe uma
Lucy inconsciente. Não vi Trevor desde que eles a trouxeram, mas ele não
parecia bem em tudo.

Levanto-me de novo e checo para ver se a enfermeira pode me dar alguma


informação sobre Lucy. Claro, a boceta não pode, já que eu não sou da
família. Trevor não voltou para a sala de espera, então não temos ideia do
que está acontecendo. A enfermeira chutou Cam e eu para fora do quarto de
Rowan algumas horas atrás, porque o horário de visitas tinha acabado.
Mesmo depois que eu a ameacei, quase sendo expulso do hospital, e Cam
trabalhando seu charme, ela ainda não nos deixou ficar. Mantive meus olhos
trancados na entrada por quaisquer sinais de alerta.

As portas se abrem e uma mulher vem correndo para a recepção. Seu cabelo
está despenteado, os olhos inchados. Suponho que ela esteja chorando.
— Minha melhor amiga. Ela foi trazida para cá horas atrás. Ela…

preciso… vê-la. Agora!

A garota fica histérica, batendo as palmas das mãos no balcão, exigindo um


número de quarto. A enfermeira não parece feliz.

— Sou sua melhor amiga! Ela é família! Lucy Marshall, em que merda de
quarto ela está, cadela!

Lucy.

Eu movo a cabeça de Cam do meu ombro e ando em direção ao balcão da


recepção. — Senhorita, se você não se acalmar, eu vou ter que chamar...

— Vadia, você vai ter que chamar a segurança para me tirar de cima de você
se não me disser em que quarto ela está...

— Lucy? Lucy de Trevor Blackstone? — Eu digo, e ela se vira, olhando para


mim. Seus olhos cor de esmeralda estão cheios de lágrimas e suas bochechas
estão manchadas pela umidade. Seus lábios também estão inchados. Eu
imagino que seja dela mastigá-los.

— Sim! Você a conhece? Você é filho de Trevor? Ela está bem? Você pode
me levar até ela? — Pergunta após pergunta, ela cospe. A enfermeira tem o
receptor na mão, pronto e esperando para ver o próximo movimento da
garota.

— Sim, eu a conheço. Eu sou o Hayden Pearson. Meu pai é ou era o melhor


amigo de Trevor.

Ela parece acalmar um pouco, me acolhendo.

— Sim, sim, eu ouvi falar de vocês. Você pode, por favor, me levar até Lucy?
Trevor disse que ela não estava consciente. Não parecia bem. Oh Deus, ela
ainda está viva? Eles não me deram nenhuma atualização pelo telefone e
essa cadela nem vai me dizer o número do quarto dela.
Ela começa a chorar.

Agarrando-a, eu a puxo para o meu abraço e caminho até onde Cam ainda
está dormindo. — Aqui, apenas sente-se. Eles não vão deixar você entrar já
que você não é da família. É por isso que estamos todos aqui fora.

Ela olha em volta, seus olhos pousando em Cam.

— Esse é meu irmão, Camden. Aqui, sente-se. Eles não vão te dizer nada,
não importa quão chateada você fique. Confie em mim, estive no seu lugar
há algumas horas.

Ela debate alguns segundos antes de ceder e cair na cadeira. Sento-me ao


lado dela e ficamos quietos enquanto olhamos para as portas do hospital,
esperando que elas se abram. Uma hora se passa e ainda não há notícias.
Suas mãos estão inquietas, então eu estendo a mão e passo meus dedos pelos
dela. É estranho, já que ela é uma completa desconhecida, mas parece
natural confortá-la. Ela olha para mim e acena, me oferecendo um
agradecimento silencioso e leva os olhos de volta para a porta.

Eu me encontro escovando meu polegar na parte de cima da sua mão. Sua


pele é lisa e pálida, me dizendo que ela não mora em qualquer lugar com sol
constante como Tampa. Há um cheiro doce no ar, um que não estava aqui
antes dela. Quero levantar sua mão e cheirar sua pele. Talvez passar minha
língua e prová-la. Justamente quando minha mente escurece, imaginando
como ela cheira lá embaixo, as portas se abrem e Trevor passa por elas.
Seus olhos estão vermelhos e frenéticos enquanto ele procura pela sala de
espera. Ele me vê, depois a garota ao meu lado.
— Katie, — ele chama, sua voz cheia de angústia. Meu estômago cai
instantaneamente. Um soluço irrompe ao meu lado, e sou forçado a jogar
minhas mãos ao redor dela para impedi-la de desmoronar.

— Não! NÃO! — Ela geme e Trevor corre para ela.

— Ela está viva. Ela foi envenenada. Aquele filho da puta a envenenou.

Nós dois olhamos para Trevor em confusão. — Quem? — Eu pergunto


primeiro.

— O fodido Wheeler. Ele a drogou. Ele estava dizendo alguma merda


estranha sobre ela lhe pertencer e a libertar. Não sei, porra. Ele não fazia
sentido. Por que faria isso com ela? E depois nos daria os meios para salvá-
la?

Eu me esforço para entender algumas de suas explicações, porque ele está


murmurando sob suas palavras. Nunca o vi chorar, mas fico sentado em
estado de choque enquanto observo lágrimas pesadas correrem pelo seu
rosto. Katie, eu descobri que é seu nome, salta da cadeira, envolve seus
braços em volta dele e, juntos, eles choram.

Em algum momento, Cam acorda, sentando-se ao meu lado. Não posso tirar
meus olhos dos dois na minha frente, no entanto. Eu não sei o que fazer. É
quase errado continuar olhando esse momento tão intimo deles, mas por
alguma razão fodida, não consigo parar de sentir a forte necessidade de
confortá-la.

Katie.

Ela não é ninguém para mim, mas eu quero arrancá-la dos braços de Trevor
e segurá-la. Beijar suas lágrimas e dizer que tudo ficará bem.

— Sr. Blackstone?

Todos nos viramos em direção à voz, encontrando o médico parado.


— Sim, ela...?

— Ela parece estar reagindo à dose. Ela está começando a acordar.

Trevor se afasta de Katie, mas pega sua mão, e eu fico lá e vejo ambos
correrem pelas portas do hospital. Pouco antes de fecharem completamente,
Katie se vira e seus olhos encontram os meus. Vejo quando ela murmura, —
Obrigada, — antes que as portas se fechem.

***

Verifico meu relógio novamente, imaginando onde diabos meu cara está.
Odeio esperar. Cada segundo que ele se atrasa, vou descontar do seu
pagamento. Se não parecesse que ele tem uma informação sólida, eu já teria
ido embora. Eu sou um Pearson. Eu não espero por ninguém.

Estou sentado em um antigo restaurante perto da Rota 127. Ele paira sobre o
oceano, dando aos turistas uma excelente vista da água enquanto se entregam
à comida gordurosa. Peixe frito em específico, o que significa que vou sair
daqui cheirando como um maldito poço de graxa. Nem mesmo a melhor
lavanderia a seco poderá tirar o cheiro de peixe deste terno. Começo a puxar
o colarinho da minha camisa. A temperatura hoje está mais quente que o
normal. Eu deveria ter usado um blazer. Onde diabos está esse cara? Q uero
acabar logo com isso. Quero que todos saibam a verdade e que Trevor vá
embora. Olho para a praia enquanto o cheiro de peixe e lembranças me levam
de volta por um caminho que luto para ir.

— Então, você é o grande, mau, selvagem filho Pearson, hein? — Eu olho


para longe da piscina, um lugar que costumava sempre ser preenchido com
amigos e familiares, mas agora está vazio, para ver Katie ocupando a
cadeira de jardim ao meu lado. Ela finalmente sabe quem eu sou - quem eu
realmente sou - e eu desejo poder ter permanecido o
misterioso homem que a ajudou naquele dia na sala de espera. Não o
monstro grande e mau como tenho certeza que todos me pintaram.

Não a vejo desde o hospital há duas semanas. No lugar de sua tristeza e


rosto inchado está um sorriso leve que faz meu pau agitar.

Nunca vi alguém com olhos verdes tão poderosos.

Será que ela pensaria que sou um verme se erguer a mão para acariciar seu
rosto?

Estou curioso do motivo para ela estar aqui. Provavelmente está aqui com
Lucy já que Trevor convocou uma reunião de família para ajudar a
descobrir o que fazer sobre a porra da casa, uma vez que faz mais de sete
meses que papai morreu. Eu só quero queimar a porra do lugar. Mas então o
pensamento de riscar esse fósforo me lembra porque não consigo esquecer.
Parece que ontem mesmo este lugar estava vivo com a família e amigos,
nadando e fazendo churrasco. Todos estavam felizes. Inferno, mesmo depois
que meu pai morreu, eu tentei manter a tradição viva com minhas festas
selvagens, mas nenhuma delas parecia real.

Trago meus olhos de volta para a piscina em grande necessidade de uma


limpeza.

faz

algumas

semanas

desde

que

toda

essa merda fodida aconteceu com Jax, o bebê e Lucy. Se Jax não tivesse
mudado de ideia, Lucy teria morrido.

Tudo foi tão confuso. Brock escapou com Ethan para algum festival de
música como se nada tivesse acontecido. Tentei falar com ele e fazê-lo me
dizer o que está acontecendo dentro de sua cabeça, mas ele sempre me
ignora. Ele tem Ethan e eles compartilham um vínculo que eu talvez nunca
entenda. Penso em Nixon. Como ele se aproximou de Rowan. Qualquer coisa
que eu já senti parecia juvenil. Ela estava certa
quando disse que eu só queria o que não poderia ter. Eu não a reivindiquei
anos atrás porque eu sabia que não seriamos bons juntos. Ela precisa de
alguém como Nix, que vai dedicar tudo a ela. Ela o merece. Eu era todo
sobre a parte carnal, e nós poderíamos ter fodido, mas depois, eu teria
ficado entediado e quebrado seu coração assim como fiz com sua melhor
amiga.

Porra, eu sou um idiota.

— Você não fala muito, não é?

Volto a olhar para ela. Deus, ela é linda. Eu sei que preciso dizer algo em
breve ou meu olhar parecerá assustador. — Eu só não tenho nada a dizer. —
Volto a olhar para a piscina e tento me concentrar em outra coisa que não os
lábios dela. Meus sonhos, desde aquele dia no hospital, quando não são
pesadelos, estão cheios dela e esses lábios em volta do meu pau.

— Isso é estranho. Todo mundo aqui diz que você é um garanhão. Nunca
para de falar sobre como você é ótimo. Você é ótimo, Hayden Pearson?

Eu viro, encontrando seus olhos verdes cheios de malícia. Ela está muito
diferente da última vez que a vi. Seu sorriso não estava lá antes, como agora,
iluminando seu rosto. Quase me permite esquecer a nova vida fodida em que
estou preso. — Você gostaria de descobrir quão bom eu sou, senhorita...?

Seu rubor repentino é fofo. — É Fairchild, mas você pode me chamar de


Katie.

Não posso deixar de me juntar ao seu sorriso. Há algo nela que me faz
esquecer - me faz querer ser alguém melhor. — Tudo bem, então. Você
gostaria de experimentar a grandeza de Hayden Pearson, Katie? — Eu
digo o nome dela baixo, intencionalmente. Suas bochechas rosadas indicam
que ela sabe exatamente onde estou querendo chegar.

Ela se vira, sentada de lado e apoia a cabeça na cadeira. — Sabe, Hayden


Pearson, vou ser realmente sincera com você. Tenho a sensação de que você
não é tão grande, malvado e selvagem como dizem que é.

— Achei que eles tivessem dito que eu era ótimo.

— Bem, sim. Em ser grande, ruim e selvagem. Eu apenas achei melhor


deixar essa parte de lado para ser educada. Mas, por algum motivo, sinto
que é apenas uma capa. Acho que por trás desses olhos azuis, você é
realmente ótimo.

Ela me deixa mudo. Eu falho em um retorno rápido e espirituoso. Não tenho


resposta para mantê-la no meu jogo. Em vez de agradecer-lhe por dizer algo
gentil - uma gentileza que não me foi mostrada há algum tempo -jogo minhas
costas na cadeira e concentro meus olhos na piscina novamente. — Sim...
Bem, cuidado, meu latido realmente é tão grande quanto a minha mordida.

Em vez de assustá-la, ela ri. O som ecoa pelo quintal, quase devolvendo a
vida ao lugar. — Bem, antes de você me morder, ao que eu não estou dizendo
não, eu queria agradecer. Por estar lá por mim. Eu não teria conseguido
passar aquelas horas sem você. — Ela pega minha mão e aperta. Isso me
assusta a princípio, o carinho - algo com o qual eu não estou acostumado -
então me viro para ela, e seus olhos bondosos olham de volta para mim.

Estive com inúmeras mulheres. Mesmo em uma idade tão jovem. Mas
nenhuma delas tornou minha pele tão quente quanto ela está fazendo agora.
A coisa mais fodida é: eu não estou nem pensando em
fodê-la. Estou pensando no que ela faria se eu a agarrasse, puxasse para o
meu colo e a segurasse contra mim.

— Lá vai você de novo.

— Vou para onde? — Eu pergunto.

— Para sua cabeça. Quer falar sobre isso?

Eu imediatamente desligo. Meus olhos voltam para a piscina como se fosse


minha zona de segurança.

— Tudo bem. Que tal eu fazer o que alguém fez por mim uma vez? Realmente
salvou minha vida.

— Oh? E o que foi isso? — Respondo, um pouco menos amigável.

Ela ergue nossas mãos ainda conectadas. — Isso. — Ela baixa nossas mãos,
se recosta na cadeira, e se junta a mim olhando para a piscina.

Afasto a memória, embora pareça mais um sonho já que foi há muito tempo.
Uma época em que eu não era tão frio e duro em relação à vida. Mas tanto
aconteceu desde aquele dia na piscina. Eu não sou o mesmo. Tenho certeza
que ela também não é. Consulto o horário e percebo que estou sentado aqui
há quase quarenta e cinco minutos. Eu me levanto e saio da lanchonete. Tiro
meu paletó e o jogo no lixo antes de entrar no meu carro e correr de volta
para o centro de Tampa.
Capítulo Três

Katie

— Tio Trevor! — Eu grito, sabendo que ele odeia quando faço piadas sobre
sua idade. Ele é tecnicamente velho o suficiente para ser meu pai, mas meu
pai com certeza não parece tão bem e em forma como ele está. Eu pulo nele,
forçando-o a se atrapalhar com seu telefone e me pegar.

— Jesus, mulher, — ele zomba, fingindo que não está feliz em me ver. Ele
tenta resistir, mas depois cede e me abraça com força.

— Esta é uma boa surpresa! Eu estava esperando Luce e minha afilhada


favorita. — Lucy pode ter o coração de Trevor, mas sua filha, Eva, é a dona
de seu pai.

Cerca de um ano e meio atrás, Lucy quase morreu. Foi o momento mais
assustador da minha vida. De Trevor, ainda mais. Ele não desperdiçou nem
mais um segundo. Prometendo sempre protegê-la, ele colocou o maior anel
em seu dedo e casou com ela. Eu teria feito um escândalo maior por ele não
esperar para planejarmos o casamento mais legal conhecido pelo homem,
mas fiquei grata por estar lá testemunhando um momento tão incrível.

Pouco depois veio o anúncio sobre Eva, e nove meses depois, ela deu à luz a
menininha mais doce e adorável, que eles batizaram como a vovó de Lucy.

— Primeiro, eu já disse para você parar de me chamar de tio. Eu não sou tão
velho, droga, — Trevor resmunga e me põe no chão. Ele pega a alça da bolsa
caindo do meu ombro. — Lucy ficou presa no trabalho. Ela
me pediu para vir buscá-la para que ninguém tentasse sequestrá-la e mantê-la
para si. Palavras dela. — Eu rio desse argumento. Totalmente algo que Lucy
diria.

— Bem, obrigada! E cadê minha ursinha? Ela já está indo a encontros? —


Pergunto sobre a filha de três meses.

Outro olhar estressante de Trevor. — Não, ela está em casa com a babá. E
não vamos mencionar encontros. Eu já a inscrevi para o convento.

Awww, pobre Trevor. Já que ele teve um filho com sua esposa anterior, ele
não tinha ideia sobre a verdade assustadora de ter uma menina. Ele jura que a
mandará para o convento assim que ela tiver idade o suficiente, então
nenhum garoto ousará olhar em sua direção. —

Entendi. Irmã Eva. Então, você trouxe o Maserati ou o Porsche? Eu estava


realmente ansiosa para andar no Maserati rosa. — Ele balança a cabeça com a
menção do carro rosa de Lucy, como se estivesse irritado por sua escolha de
cores. A garota poderia ter qualquer coisa, e ela escolhe rosa. Só Lucy
mesmo.

Ele gesticula em direção à saída e nos leva para fora do aeroporto. — Eu vim
com o Porsche. Lucy levou o Maserati para o trabalho achando que viria te
pegar. — Com isso, nós dois olhamos um para o outro e rimos. Vou ter que
remarcar o passeio no carro rosa.

Quando saímos para a auto-estrada, observo o que me rodeia. Toda vez que
volto para Tampa, esqueço o quanto sinto falta. O cheiro da água salgada no
ar, o som das ondas batendo, o sol, e sim... O sol. Em casa, em Minnesota,
nós vemos o sol, mas não é tão bonito quanto aqui. Quase pacífico. Nós
também não temos praias, caras de praia gostosos, ou menus de bebidas de
verão extravagantes em todas as nossas barracas de praia.
— Então, como vai o trabalho? Ainda fazendo bilhões, fazendo chover? —
Eu faço o movimento — de fazer chover, — espalhando todas as minhas
notas de dólar imaginárias pelo carro. Eu realmente ganho uma risada de
Trevor, o que me faz merecer um tapinha nas costas.

— Se é assim que você quer chamar, sim. Four Fathers está


excepcionalmente bem. Mesmo com todas as dores de cabeça.

— Awww, isso não é legal! Ninguém deixa meu tio Trevor com beicinho!
Quem está te dando dor de cabeça?

— Hayden fodido, como sempre.

Eu instantaneamente congelo no nome. Trevor percebe. — Sinto muito. Eu


não deveria ter... Eu não deveria ter mencionado o nome dele.

— Oh, ah… não, tudo bem. Isso é tudo história. Nenhum dano feito.

— Mas o sorriso que deixou meu rosto conta outra história.

— Katie...

— Não, está tudo bem. Eu não posso fingir que ele não existe. — Eu coloco
um sorriso falso de volta no meu rosto. — Mas de verdade. Estou bem. O que
quer que tenha existido entre nós acabou. Posso ouvir o nome dele.
Provavelmente posso vê-lo na rua e acenar. — Provavelmente a maior
mentira de todas. — Não se detenha por minha causa. Estou aqui por você e
Lucy. Vai ser ótimo. — Eu sei que Trevor quer dizer mais. Ele testemunhou
mais do que um punhado das lutas entre eu e Hayden. O

número incontável de vezes até ao final, onde ele foi forçado a assistir
enquanto eu chorava nos braços de Lucy sobre meu coração partido. Deus,
como ele pode não querer dizer mais?

Eu me inclino para a frente e brinco com o rádio, encontrando uma música e


aumentando o volume, tornando impossível Trevor mencionar
mais alguma coisa. Ofereço-lhe outro sorriso gentil e levo meus olhos e
pensamentos para o oceano.

Quinze meses atrás...

— Ok, se eu ganhar, você entra na piscina sem camisa.

— O quê! De jeito nenhum. E se eu ganhar? O que você faz?

Hayden pisca para mim, causando aquela pequena agitação na minha


barriga novamente. — Se eu perder, farei seus sonhos mais loucos se tornar
realidade e tirarei meus calções de banho. Mas você tem que se comportar.
Ser legal com ele. Ele está querendo te cumprimentar a manhã toda, e se
você olhar para ele do jeito que está olhando para mim agora, já vou
avisando, ele vai querer que você o acaricie.

Minha boca se abre quando ele me pega desprevenida. Antes que eu possa
reagir, ele me aborda e nos joga na piscina. Eu rapidamente sugo o ar assim
que afundamos. Nossos olhos parecem abrir ao mesmo tempo. Talvez seja
porque estou acostumada com isso - ele me levando para baixo da água onde
é tranquilo, onde os sons da vida e da loucura não são ouvidos. Acho que ele
faz isso para parecer como se não tivesse um peso de um bilhão de quilos em
seus ombros. Onde não há ninguém exigindo coisas dele. Nossos olhos se
conectam como sempre, e mesmo debaixo d'água, sinto a força. De alguma
forma, um completo estranho me convenceu a transformar minha estada de
duas semanas em três meses. Mas o tempo acabou e eu tenho que voltar.

O engraçado é que Hayden Pearson está longe de ser um estranho agora.


Ele pode ser simplesmente tudo. Ele olha para mim debaixo d'água como se
ninguém pudesse nos tocar. Se pudéssemos ficar aqui para
sempre, acho que ele ficaria. Lucy e Trevor me avisaram para não chegar
perto dele. Ele é um Pearson, e eles tendem a não ser o que uma garota legal
como eu está procurando. Mas o que os faz pensar que sou uma garota
legal?

Olho em seus olhos. Ele parece quase em paz, sua tenra idade de vinte e um
aparecendo. Posso ser cinco anos mais velha, aos vinte e sete anos, mas
tenho minha vida organizada tanto quanto uma adolescente de quinze anos.
Como eu sempre gosto de me lembrar, a idade não importa. Olhe para Lucy
e Trevor. Eles parecem funcionar.

O olhar de tristeza marca seu rosto quando ele sabe que nossos pulmões
precisam ser recarregados com ar e nosso momento de silêncio acabou. Com
as mãos ainda em volta da minha cintura, ele nos impulsiona para cima e
rompe a superfície.

— Hayden Pearson, eu não queria molhar meu cabelo.

Ele nada até à beirada, empurra minhas costas contra a parede da piscina e
se pressiona em mim. Toda vez que ele faz isso, me leva um pouco mais ao
limite. Abaixando a cabeça, ele para logo antes de nossos lábios se tocarem.

— E eu não queria me apaixonar por uma garota de Minnesota, mas merda


acontece. Agora me beije e me diga que você ficará aqui comigo para
sempre.

A luta para manter as lágrimas à distância é quase impossível. Toda vez que
estamos sozinhos assim, ele abre meu coração cada vez mais. Suas palavras
amáveis. Suas carícias gentis. Os momentos em que o filho Pearson frio e
intocável, não existe.

— Eu lhe disse que tinha que voltar para casa algum dia. Eu tenho um
emprego. Um apartamento. Eu não posso deixar meu irmão para
sempre. Venha para casa comigo. Deixe Trevor e os outros parceiros
administrarem Four Fathers.

A tensão está de volta em suas sobrancelhas. Ele se afasta, passando as mãos


pelo cabelo selvagem. — Se eu pudesse fazer isso, eu já teria feito. Apenas
esqueça que pedi. Está ficando tarde e eu sei que você tem que fazer as
malas. Nós devemos sair. — Ele começa a nadar para longe enquanto chamo
por ele. Minha voz está cheia de tristeza. Eu faria qualquer coisa para ficar
aqui com ele na pequena bolha que criamos, mas há algo profundo, muito
profundo que me diz que Hayden não está pronto. Ele pode me amar como eu
o amo. Ele pode sentir que precisa de mim, o consolo que eu lhe trago. Mas
eu não posso ser seu bode expiatório na vida, e agora, sinto que é isso que
sou para ele.

Faz apenas três meses, e meu coração sabe o que quer, mas também sabe
que se eu ficar, não duraremos.

Ele não para ou se vira. Ele continua saindo da piscina e vai embora.

Acabei ficando mais um ano.

— Chegamos.

Afasto minhas lembranças para perceber que estamos na entrada da casa de


Lucy e Trevor. — Oh merda, desculpe. Minha mente estava em outro lugar,
eu acho. — Ele balança a cabeça como se entendesse, e nós dois saímos do
carro dele. A porta da frente se abre e Lucy vem correndo na minha direção.

— Meu amor! — Eu grito, abordando-a. Nós fazemos nosso ritual e pulamos


para cima e para baixo enquanto gritamos como garotinhas da escola. —
Deus, garota, senti sua falta. — Eu me espanto de quão linda ela parece.
— Também senti sua falta. Cara, eu esqueci como você é pálida, —

ela brinca, esquecendo que ela era muito pálida há três anos.

— Eu sei. É por isso que nem trouxe um maiô. Preciso me bronzear inteira!
— Nós duas rimos enquanto Trevor passa por nós bufando e resmungando.
— O que foi, tio Trev? Darlene me disse que as linhas de bronzeado estão
fora de moda.

Lucy ri e me dá um tapinha no ombro. — Shhh... Nenhuma menção sobre


Darlene. Ela pode ter me feito beber muitas limonadas de vodca no fim de
semana passado e me fez mergulhar nua no oceano novamente.

Eu rio alto, e Trevor resmunga mais alto ainda. A ex de Trevor é um motim.


Eu a conheci na minha primeira vez aqui e nos demos bem logo de cara. Eu
acho legal como todos eles se dão bem. No começo, achei super estranho,
mas cinco minutos na presença de Darlene, e tudo clicou.

— Senhoras, as reservas para o jantar são as nove no Flemings. E

Katie? Desta vez não convença minha esposa a não usar roupas íntimas. Se
ela tentar salvar as lagostas novamente e eu tiver que carregá-

la, apreciaria que o restaurante inteiro não tivesse uma visão do que é meu.
Eu não quero ter que matar ninguém. — Com isso, Trevor entra em sua
mansão gigantesca.

— Seu marido é super quente quando é mandão, — eu digo, pegando minha


bolsa e seguindo-a para sua casa.

Lucy se vira para mim e, com um sorriso tão grande quanto alguém que
acabou de ganhar na loteria, ela diz: — Eu sei.
Capítulo Quatro

Hayden

— E você tem certeza desta vez?

— Todos os pontos se conectam. Tenho certeza.

Estou sentado à mesa do meu apartamento, olhando para as informações que


Wyatt Brandon acabou de me dar. E, claro, minhas suspeitas estavam certas.
— E isso confirma que Jameson Vincent é de fato Trevor Blackstone?

Wyatt acena com a cabeça, mas parece inseguro. Droga. — É ou não?

— A trilha de registros dos recursos financeiros leva ao Sr.

Blackstone. Esse cara, Jameson Vincent, é como um fantasma, se esse é o


nome verdadeiro dele, mas ele não está nos registros. Se eu tivesse que fazer
uma suposição profissional, não acho que esse é o seu cara, mas eles estão
conectados de alguma forma.

Uma suposição profissional? Uma suposição profissional!

— Eu passei os últimos quatro meses procurando a verdade e você está me


entregando uma suposição? — Batendo meus punhos na mesa, empurro
minha cadeira para trás, caminho até à janela de parede a parede com vista
para a cidade, e passo a mão pelo meu cabelo.

— Hayden...

— É Sr. Pearson para você. Eu te pago dinheiro suficiente, você respeitará


quem eu sou.

— Sim, claro, Sr. Pearson. Nós já passamos por isso muitas vezes. E

cada vez volto com a mesma informação. Trevor Blackstone tem enviado
dinheiro para uma conta em nome de Jameson Vincent. A única peça do
quebra-cabeça era como ele estava ligado a Jameson Vincent. Os locais em
que Jameson foi visto não combinam com as viagens de negócios de Trevor.
Estou confiante de que eles não são a mesma pessoa. Mas a trilha do dinheiro
me leva a concluir que eles se conhecem.

Eu aperto meu cabelo com tanta força que vai causar dor de cabeça. Que
porra você estava fazendo, mãe? Uma pergunta que nunca mais terei a
resposta. Eu pensei que o tinha. Eu ia finalmente arruinar sua vida do jeito
que ele arruinou a nossa família.

— Saia.

— E quanto ao meu dinheiro?

— Saia! — Eu grito, observando a partir do reflexo da noite escura quando o


Sr. Brandon pula de seu assento, pega seu casaco e sai correndo pela minha
porta.

— Foda-se! — Eu grito. Esse não deveria ser o resultado. Tudo que eu fiz.
Era para fazê-lo ir embora e finalmente sair da vida de meus irmãos. Não vou
deixar que perder tudo - perdê- la - seja em vão.

Três meses atrás…

— Hayden, você tem que deixar isso pra lá. Isso não é saudável.

Eu tomo um gole da garrafa do meu uísque Macallan envelhecido de dezoito


anos. O favorito do meu querido papai. — Você sabe o que não é saudável?
Minha namorada não estar do meu lado. Estar do lado dele.

— Outro gole. Eu tropeço, quase caindo na piscina. Katie grita de medo, mas
eu me equilibro e me jogo na cadeira de jardim.
— Você tem que parar. Eu não posso ficar por perto e ver você cada vez
mais obcecado com essa teoria ridícula.

Meu braço sobe e a garrafa de uísque voa pelo ar, estilhaçando contra a
parede de pedra. Muito perto dela. Ela grita novamente, o som se misturando
com seus gritos.

Eu me encolho pensando que poderia tê-la machucado, mas minha raiva não
diminui. — Eu não estou errado. Aquele filho da puta está mentindo. Todo
mundo acha que ele é um maldito santo. Ele não é. É um maldito vigarista
acabando com nosso dinheiro, e ele é o pai de Nixon. Eu sei isso. Eu posso
provar.

Não preciso que ela fale para saber como ela está decepcionada comigo.
Está escrito por todo o seu rosto. Ela cansou de mim. Posso sentir isso. Suas
mãos voam no ar, ficando tão agitadas quanto eu.

— Me dê um tempo, Hay. Ele tem sua própria fortuna, por que ele precisaria
da sua? E por que ele ser o pai de Nixon seria tão ruim? Trevor é um ótimo
homem. Ele não fez nada além de cuidar de Nixon. Mostrou-lhe amor,
apoio...

— PARE! Porra, pare! Cale a boca. — Minha voz a assusta, mas por que ela
não entende? A única pessoa que eu amo neste maldito mundo e ela duvida
de mim.

Eu levanto e avanço em sua direção. Eu nunca a machucaria, mas ela não


parece saber disso. Ela se esquiva quando me aproximo e isso me deixa
ainda mais agitado.

— Você precisa ver alguém, Hay. Você está obcecado. Isso é porque Nixon
pode sentir o que é ter um pai? Uma figura paterna que o ama?

— Cale-se.
— Você está com raiva porque seu pai nunca lhe mostrou esse tipo de amor?

— Cala a boca, Katie.

— Não! Veja o que você se tornou por causa disso! Você está com tanta
raiva. Bebendo. E agora? O que você vai fazer? Bater em mim? Eu cansei,
Hay. Deus, eu fiquei aqui. Eu fiquei por você. Deixei tudo porque você jurou
que me amava. Mas isso... — Ela levanta as mãos para a casa. Casa de Eric.
— Você está escolhendo continuar vivendo neste inferno. Olhe à sua volta.
Todos os outros saíram do passado. Seus irmãos seguiram em frente. Mas
você? Você ainda está preso em um mundo onde Eric Pearson governa você.
Ele era um pai horrível, eu entendo, mas você precisa seguir em frente. Por
que você ainda mora nessa casa? Hã? Não traz nada além de miséria.
Memória ruim depois de memória ruim.

— Eu fico por causa do meu irmão.

— Qual irmão? Nixon não quer nada com esse lugar. Nem Brock. Eles não
vão julgar se você vender. E Camden está aqui aqui por sua causa. Porque
você é seu guardião. Ninguém está te segurando aqui. Deixe ir. Deixe seu
ódio pelo seu pai ir. Deixe o ódio por Trevor ir. Siga em frente...

— Eu não posso seguir em frente! Eu não posso. E sabe de uma coisa? Sim,
eu desprezo Trevor. Talvez até uma parte de mim se sinta da mesma maneira
sobre Nixon. Eu era o mais velho. Eu aguentei muito mais da besteira que
meu pai nos fez passar. E tudo que alguém pode fazer é fingir que Eric
Pearson não existiu e Trevor é o padrasto do ano.

Katie dá um passo calculado em minha direção. — Eu te amo. Trevor te ama.


Deixe que ele te ajude.
Tenho vergonha da minha reação, mas a bebida assume. Minhas mãos se
erguem e envolvem os ombros de Katie mais forte do que deveriam. Começo
a sacudi-la. Eu preciso que ela pare de falar mentiras. Preciso que ela
entenda. Preciso que ela saiba como me sinto por dentro. O buraco. A raiva.

— Hayden, pare, você está me machucando!

Oh Deus, o que estou fazendo? Eu cruzei a linha. Como ela vai me perdoar
por isso? Meus olhos começam a arder. A culpa angustiante se instala
quando seus soluços rompem. Antes de sair da minha névoa, minhas mãos
são arrancadas dela e sou jogado na piscina. Eu caio, esperando nunca mais
subir. Eu só quero ficar na quietude da água até que não haja mais ar nos
meus pulmões.

As mãos chegam ao redor da minha cintura e sou trazido à tona. Começo a


ofegar por ar, mas luto contra a pessoa que me segura por me trazer de volta
à superfície do inferno que estou vivendo.

— Sai de cima de mim! — Eu rosno.

— Não até você se acalmar. — Camden. Porra. Eu não quero que ele me
veja assim.

Meus olhos selvagens vasculham o convés, pousando em Katie. Deus, minha


linda Katie. O que eu fiz? Quero pular e ir até ela. Dizer-lhe que sinto muito.
Implorar que ela me perdoe. Que não me deixe. Mas sei que ela vai embora.
Eu vi as malas feitas hoje cedo.

Então meus olhos vagam para a pessoa que a consola. Trevor. Minha raiva
retorna e fico cego, incapaz de me conter.

— Você sabe o quê? Tudo bem. Você não quer estar aqui, então vá embora.
Saia porra. Por que você não pede a Trevor para te levar pra casa? Talvez
ele também possa te foder.
A dor imediata em seus olhos me despedaça, mas a bebida dentro de mim
não me deixa parar.

— Hayden, calma, cara, — diz Camden, ainda tentando me segurar. Trevor


envolve o braço em torno de Katie e eu entro em erupção. Eu jogo minha
cabeça para trás, batendo no nariz de Camden com um crack. Ele me solta e
nem me dou ao trabalho de ver se ele está bem. Eu pulo para fora da piscina
e corro para Trevor.

— Dê o fora da minha propriedade. E a leve com você.

Não digo mais nada porque Trevor se vira e me soca. Minha cabeça voa
para trás e eu tropeço, quase caindo na piscina.

— Você vai se arrepender disso, filho. Eu sugiro que você cale essa sua
boca.

Eu me volto, dando um giro, mas ele bloqueia e dá outro golpe no meu


estômago. — Trevor, pare! — Katie soluça por trás dele.

— Trevor, sua namorada quer que você pare...

Outro golpe nas costelas. Desta vez, eu me inclino para a frente, tentando
recuperar o fôlego.

— Você quer dizer sua namorada, seu idiota de merda. Você não quer minha
ajuda, tudo bem. Mas eu te avisei sobre machucá-la. Agora você está
acabado. O arrependimento é uma carga pesada para suportar, filho. Espero
que você perceba isso e encontre uma saída de qualquer escuridão onde
esteja preso. E quando você fizer isso, espero que você ainda tenha pessoas
ao seu redor para apoiá-lo, porque isso vai doer.

— SAIA! Dê o fora da minha propriedade! — Eu grito e amaldiçoo e


rosno.Pego cadeiras e atiro-as com todas as minhas forças. Trevor embala
minha namorada soluçando - a única pessoa que realmente me amou -
sob o braço dele e a leva para fora da minha propriedade e para fora da
minha vida.

Acordei na manhã seguinte sozinho, com o nariz ferido e a caixa torácica


machucada. Katie se foi. Demorei algum tempo para juntar as peças.
Lembrar-me das coisas que disse. Fiz um esforço para chegar até ela, mas ela
não quis. Ela voltou para casa e foi isso. A única vez em toda a minha vida
que me senti vivo, amado, desapareceu.

Essa foi a última vez que falei com Katie. Ela fez um ótimo trabalho me
evitando. Parecia que Cam mantinha contato com ela, no entanto. Foi assim
que eu soube que Lucy foi visitá-la logo depois, em vez dela voltar aqui. Eu
percebi que tinha algo a ver com isso já que sabia que Katie amava a praia e o
sol.

Eu perdi tudo porque não podia esquecer algo que não tinha nada a ver
comigo. Foi então que eu soube que não tinha mais nada a perder. Então,
desliguei e dei a todos o Hayden que eles esperavam. Assim como Katie uma
vez me descreveu: o grande, mau e selvagem filho Pearson.

Passei os últimos três meses administrando a Four Fathers assim como meu
pai, o grande lobo mau. Andei com grupos mais velhos que eu. Perdi-me em
drogas e festas. Gastei mais dinheiro em coisas materiais das quais nem
mesmo abri as caixas, do que algumas pessoas gastam em sua vida. Eu
simplesmente não dava a mínima.

Porque era isso que eu era.

É quem eu sou.
Capítulo Cinco

Katie

— Oh meu Deus, sim! Eu lembro! E você estava tentando sair com Jimmy
Wallace, mas acabou ficando doente e vomitando em todo o seu Camaro. —
Lucy e eu começamos a rir das lembranças da faculdade. Lucy estava no
segundo ano e eu era caloura. Nós nos conhecemos em uma das festas da
faculdade e imediatamente nos demos bem.

— Oh, então vomitar na limusine no nosso casamento não foi a primeira vez
que você destruiu um carro? — Trevor cutuca, e Lucy ri mais forte.

— Ei! Pedi desculpas por isso um milhão de vezes! Não é minha culpa que
seus convidados saibam como se divertir e me tenham dado muita bebida.

Eu sei que tenho um sorriso no rosto, porque era verdade. Aqueles garotos
Pearson sabiam como festejar. Mas é para um Pearson em particular que
minha mente vai de repente.

— Concede-me esta dança?

Eu me viro para ver Hayden, parecendo tão bonito em seu terno. Ele é uma
visão. Eu deveria estar acostumada a vê-lo de terno agora, mas esta noite,
ele me tira o fôlego. — Eu acredito que posso lhe conceder uma dança.

Ele pega minha mão e me leva para a pista de dança pequena e iluminada.
Trevor e Lucy transformaram a praia privada em uma bela cena de Sonhos
De Uma Noite De Verão. A lua cheia brilha no céu noturno
perfeito, junto com as luzes em ondas acima de nós. O quarteto toca uma
melodia lenta enquanto Hayden me faz girar no meio do salão.

— Isso seremos nós um dia, você sabe, — diz ele, unindo nossos corpos. Suas
palavras me surpreendem. Faz apenas algumas semanas e sei que estamos
nos movendo rápido. O jeito que me sinto por ele me assusta. É tão
poderoso, que às vezes quando olho para ele, temo que não seja real. Não há
dúvida de que ele sente o mesmo. As palavras que ele confessa tem forte
significado, eu luto para não chorar. Ele é incrivelmente intenso. Como uma
força da qual não tenho chance de fugir, mesmo que tente. Estou apaixonada
por ele e é tão profundo que quase dói. — Você vai dizer alguma coisa ou me
deixar sofrer?

— O que faz você pensar que quer se casar com uma garota como eu? — Eu
tento camuflar minha resposta, esperando que ele não sinta a batida errática
do meu coração.

Ele me gira novamente, e eu rio quando ele me faz mergulhar, colocando um


beijo nos meus lábios. Ele me levanta e responde: — Porque é apenas o meu
destino. Você é a única. Você sabe disso, eu sei disso. Meu coração está em
casa com você.

Ele sorri para mim enquanto enxuga a lágrima que rola por minha
bochecha.

— Eu te amo, Katie. Você é meu anjo. Minha vida. E gostando ou não, um


dia, você será minha...

— Que merda, chega de dançar! — O irmão de Hayden interrompe o nosso


momento. Antes de terminar sua sentença, nos voltamos para Brock. — Cara,
vamos lá. É hora dos shots. Muitos shots1...

1 Shot – bebida muito alcoólica servida em pouca quantidade num pequeno


copo, que geralmente se bebe de uma vez só.
— Bem, se eu soubesse que as esculturas de gelo iriam se transformar em
cenários de shots, eu poderia ter pensado duas vezes antes de encomendá-las,
— Trevor entra, trazendo-me de volta ao presente. Eu nunca respondi à
pergunta de Hayden naquela noite. Nós fomos de fato puxados para fora da
pista de dança e a competição de shots começou. Eu nem tenho certeza do
motivo porque fui a única acusada por vomitar quando sei que Brock
vomitou em toda a mesa de presentes e culpou o filho de Trevor.

— Eu prometo não fazer disso um hábito. Seu Maserati está a salvo de mim
esta noite. — Eu pisco e tomo um grande gole, terminando meu quarto
martini. — Então, o que está agendado enquanto estou aqui? Sem sexo
bizarro. Eu posso dizer quando vocês dois ficam pervertidos. Luce aqui anda
engraçado.

— Katie! — Lucy ri, me batendo com o guardanapo.

— O quê? É verdade! E então vocês dois passam o dia todo com suas
piadinhas internas. Papai isso, babá aquilo... De verdade...

Trevor ergue sua mão para chamar o garçom enquanto Lucy e eu rimos ainda
mais. — Ok, eu vou parar. Não nos faça ir para casa. Nós seremos boas. Eu
prometo, — eu imploro bêbada.

Trevor olha para a esposa, tentando sondá-la. Ele tem sido assim desde o
incidente. O que Jaxson Wheeler fez não só prejudicou Lucy, mas Trevor
também. A depressão dela piorou. A contagem dele quase os destruiu. Mas
acho que o amor simplesmente tem uma maneira de unir até que esteja tudo
bem. Ughhh amor. Eu odeio essa palavra. Eu odeio ouvir isso. Pensar nisso.
Ainda sentir isso.

— Você está bem aí?

Eu olho para Trevor. — Sim claro. Por que eu não estaria?


— Você só parecia estar em algum outro lugar de novo.

Eu não quero admitir isso, mas minhas feridas ainda sangram com o coração
partido que Hayden me deixou. Algumas vezes ainda me vejo em lágrimas
pela maneira como terminamos as coisas. Como ele não se importou o
suficiente para lutar por nós. Ele me deixou partir. Mas no final, a culpa foi
toda minha. Eu sabia desde o começo que não deveria ter ficado. Mas fiquei.
E ele acabou nos arruinando como eu previa.

— Não, tudo bem. Uma parada. Vamos ao Clybourne dançar um pouco,


então você pode levar sua esposa para casa e fazer coisas desagradáveis com
ela enquanto eu ataco sua geladeira e assisto a um dos seus três mil canais de
filmes.

Trevor sorri e olha para sua esposa. — Por favor, papai? Eu não vou quebrar
o toque de recolher… — Lucy se inclina mais perto e abaixa a voz, mas já
que está bêbada, ela ainda fala alto o suficiente para metade do restaurante
ouvir. — Ou talvez eu quebre, e você terá que me espancar.

A velha atrás de nós arfa de horror enquanto engasgo com meu gole de água.
Trevor tira sua carteira e joga um impressionante maço de dinheiro na mesa
sem sequer ver a conta. Ele abruptamente se levanta, puxando Lucy com ele.
— Uma dança, então essa bunda é minha, — diz ele, batendo no traseiro de
Lucy. Ela grita de prazer e agarra minha mão para caminhar em direção à
saída do restaurante.

— Trevor, mais uma vez, obrigada. Aquela refeição foi incrível.

— Qualquer coisa para minhas meninas.

O riso desagradável chama a nossa atenção para o casal entrando.

— Eu posso comer você.

Eu ouço as palavras, e elas se registram antes da voz. Eu olho para cima e


meus olhos colidem com os dele.
— Deus, você é linda. Eu sinto que não digo o suficiente. — Mordida depois
de mordida. Lambida depois de lambida, Hayden beija cada parte da minha
pele. Minhas costas arqueiam em seu edredom macio quando sua boca
quente cobre meu seio. — Eu simplesmente não consigo parar. Eu vou comer
toda você.

Eu começo a rir. — Eu não sabia que você gostava desse tipo de merda
perversa, Sr. Pearson. Sexo, escravidão e canibalismo?

Seus dentes envolvem meu mamilo, e ele morde, enviando minha cabeça para
trás. — Eu gostaria se isso significasse estar mais perto de você. Isso é o
quanto eu preciso de você. Você é minha, você sabe disso, certo? Cada porra
de parte sua. — Ele chupa forte, então me libera e vai para o meu outro seio.
— Qualquer outra pessoa que pensar em ter o que é meu, vou matá-los.

Eu ri de novo com suas palavras ferozes. Hayden adora parecer assustador,


mas por dentro, ele é apenas um grande urso fofinho. — Eu acho que posso
lidar com isso.

— Bom. Agora, vou precisar te foder forte. Depois doce. Então duro pra
caralho de novo. Segure firme, baby...

Ele ainda está olhando para mim quando volto do passado. Seus olhos são
escuros e intensos. Lucy coloca o braço em volta de mim por conforto
enquanto Trevor avança, tornando-se um bloqueio entre nós.

— Bem, olhe quem o gato trouxe de volta, — diz Hayden, o braço em torno
de uma loira alta, falsa da cabeça aos dedos dos pés.

— Hayden, — Trevor se dirige a ele, mas não diz mais nada. Eu sei que ele
está em alerta por minha causa.

Hayden o encara, e se olhar pudesse matar... Isso me diz que nada mudou nos
últimos três meses. Meu coração dói por saber que ele não
deixou ir. É evidente em sua postura rígida, e o jeito que ele está começando
a agarrar sua namorada prostituta com muita força.

— Trevor, não demorou para te aceitar como participante, mas quanto mais,
melhor, eu suponho.

Lucy dá um passo em direção a ele. — Dane-se, Hayden, — ela atira, mas


Trevor estica o braço para pará-la.

Ele apenas ri de volta. — Situação difícil, Luce. Eu não gosto de


compartilhamento de grupo, ao contrário de seu marido, eu vejo. — Ele
arrasta os olhos dela para mim. Eles são afiados e frios. Inalo uma respiração
profunda pelo jeito que ele está me olhando. Meu corpo reage à sua
proximidade. Como se o tempo não tivesse passado. Eu o odeio e o amo do
mesmo jeito. O álcool não é o culpado pela temperatura crescente no meu
corpo. Os arrepios de lembrar suas mãos em mim. Sua boca - uma vez tão
doce e amorosa, agora tentando e conseguindo ser prejudicial.

— Katie, — ele diz meu nome, mas não é doce ou cativante. Não há nenhum
sentimento de saudade em seu tom. Suas intenções são cruéis. Eu não
respondo a ele. Porque não posso. Minha garganta está trancada. Tentei me
preparar para este dia. Quando nos víssemos novamente. Sonhei que ele
cairia de joelhos, implorando por perdão, e eu aceitaria. Toda a dor e mágoa
se dissipariam e teríamos a vida que ele nos prometeu.

É o que ele está fazendo agora o que eu mais temia. Rejeição. Mas parte de
mim esperava isso. É quem ele é - quem ele quer que o mundo veja. Não
deveria esperar que ele me tratasse de forma diferente, porque eu não sou
diferente para ele. Ele provou isso três meses atrás, quando me jogou fora.
— Nós estávamos saindo. Tenha uma boa refeição, — Trevor diz,
surpreendentemente calmo. Ele levanta o braço para nós senhoras passarmos
por ele. Lucy se conforma e começa a andar, agarrando minha mão e me
puxando com ela. Eu sou grata, porque minhas pernas não se moveriam de
outra maneira. Nós passamos, e os deuses universais não agiriam de outra
forma. Nossos ombros roçam um no outro, e a sensação é tão leve que o calor
corre para os meus pés, fazendo cócegas em todas as terminações nervosas do
meu corpo. Minhas pernas ameaçam ceder, mas duas mãos fortes me
envolvem.

— Tire suas mãos dela, idiota, — Lucy sussurra.

Minha cabeça levanta bem a tempo de pegar o brilho ardente de seus olhos
azuis aço. Ele não precisa dizer nada. Ele pode ver que ainda tem esse
controle sobre mim. Ele sempre teve. Desde o primeiro dia que nos
conhecemos. Nosso primeiro beijo. A primeira vez que fizemos amor.
Quando ele me disse que me amava e me implorou para nunca deixá-lo.

Nossa conexão é rapidamente quebrada quando Lucy me afasta. Infelizmente,


ele me deixa ir. Eu ouço Trevor dizer boa noite, e saímos do restaurante.

Dou dois passos, viro à minha direita e me inclino, vomitando minha


refeição. Quando levanto a cabeça para um conjunto de olhos preocupados,
abro meu sorriso falso e digo: — Pelo menos não foi no Maserati.
Capítulo Seis

Hayden

Eu nem sinto mais meus pés. Eu sei que eles estão batendo no asfalto, mas
tenho corrido por tanto tempo que minhas pernas ficaram completamente
dormentes. Sei que deveria parar, mas meu cérebro não deixa. Eu preciso
continuar até tirar a imagem dela da minha cabeça.

Ela parecia impecável. Perfeita. Triste. Não é mais minha.

Minhas pernas trabalham mais rápido, fazendo a curva no parque para o


caminho à beira-mar. O sol está a horas de nascer, mas conheço o caminho
como a palma da minha mão. Eu poderia correr por aqui de olhos vendados.

Vê-la com Trevor me cortou. Um lembrete de quem ela escolheu. Não fui eu.
Ela escolheu defendê-lo e partir. Ela saiu com ele. Eu posso ter exagerado,
mas ela deveria ter ficado do meu lado. Ela era minha garota. Minha vida.
Repasso as coisas que ela me disse na noite em que a expulsei. Todas as
coisas dolorosas, mas verdadeiras, sobre meu pai. Ela estava certa. Sobre
tudo. E talvez eu simplesmente não quisesse aceitá-los.

Talvez, no fundo, odiasse Nixon por ter algo que eu gostaria de ter. Ele tinha
alguém em sua vida que realmente se importava com ele, enquanto eu tive
um homem cuja única preocupação era preparar-me para ser seu sucessor. Eu
não planejei administrar a Four Fathers. Eu queria sair de Tampa e nunca
mais olhar para trás. Ele sabia disso. Então ele garantiu que mesmo após a
morte ainda tivesse total controle sobre mim.
Se ele soubesse o amigo traidor que Trevor era, me pergunto se ele gostaria
que suas ações fossem para ele. Conhecendo meu pai, seu único lema seria
destruir. Ninguém passaria o grande Eric Pearson para trás. Talvez seja esse o
motivo. É o sangue Pearson que corre em mim, que se recusa a deixar isso
morrer.

Eu deveria ter exposto Trevor ontem à noite no restaurante.

Humilhá-lo em um dos restaurantes chiques de Tampa. Tenho certeza de que


metade da clientela eram clientes ou colegas de algum tipo. Mas eu não
esperava vê-la.

Minha.

Cavo meus pés na areia e me esforço mais do que nunca. O orvalho da manhã
me permite cavar fundo e empurrar com força cada passo acelerado. Eu já
posso dizer que vai ser quente, com a espessura matinal no ar.

O jeito que ela me olhou não foi menos doloroso do que uma faca sendo
empurrada no fundo do meu peito. Zangada, triste. Eu queria agarrá-la e
puxá-la em meus braços. Mas o rápido vislumbre que ela deu a uma qualquer
no meu braço estragou tudo. Ela se fechou e aquele olhar que secretamente
me pediu para tornar tudo melhor desapareceu.

Nós nunca nos sentamos para jantar.

Fui ao bar e pedi duas doses de uísque. Entreguei um para o meu encontro e
um para mim, depois a coloquei num táxi e saí. Dirigi até minha antiga casa,
que ainda está vazia porque não consigo aceitar uma oferta e me matei um
pouco mais, sentando-me à beira da piscina, relembrando todas as coisas boas
e ruins.

Uma parte de mim sempre pensou que Katie voltaria. Ela prometeu que
nunca me deixaria. E ela era uma mulher que cumpria suas
promessas. Mas o tempo passou e, sem contato, a dureza em mim aumentou.
Ela mentiu. Porque ela com certeza me deixou.

A raiva, como se fosse ontem, começa a se reconstruir. Um após o outro,


meus pés batem na areia úmida, até que eu não posso mais seguir em frente.
Minhas pernas se dobram e meus joelhos se chocam com o chão. Foda-se ela.
Foda-se Trevor. Foda-se todo mundo. Acabou. Vou derrubá-lo agora.

***

Quatro dias depois...

Um problema com os transportes de Cleveland me atrasa do escritório por


quatro dias. Uma empresa decidiu no último minuto que não estavam prontos
para vender, o que exigiu minha presença em Ohio para convencê-los de que
estavam prontos para isso.

Eu finalmente entro na Four Fathers como em uma missão. —

Blackstone está aqui? — Pergunto à recepcionista.

— Ele com certeza está, Hayden. Ele está em seu escritório.

Eu corro, mas paro, voltando até ela. — É Sr. Pearson. Saiba para quem você
trabalha… e tire essa porcaria vermelha de seus lábios ou vá embora. Aqui
não é uma casa de prostituição. — Eu me viro, sem me incomodar com a
reação dela, meus pés ecoando pelo corredor quando chego ao escritório de
Trevor, abrindo sua porta.

— Vejo que bater não é algo que se aplica a você, — diz Trevor. Ele não está
sozinho no escritório. Sentada em sua mesa está Lucy, e à direita está Katie.

— Saiam da sala. Eu preciso falar com seu mestre.


Os olhos de Trevor se iluminam. Ele começa a se levantar, preparando sua
defesa. — Sugiro que você observe o seu tom. Esta ainda é a minha
companhia, e não vou ficar aqui e aceitar uma merda de um maldito idiota
como você.

— Foda-se você, Blackstone. Você está acabado aqui.

Seus punhos batem em sua mesa. — Eu acabei de aguentar você. Seu pai
pode ter sido meu melhor amigo, mas já tive o bastante de você.

Foda-se ele. — Bom, porque este é o fim da estrada para você, idiota.

Katie desliza para fora da mesa. — Jesus, Hayden, pare com isso!

— Cala a boca e cuide do seu próprio negócio. Isso não tem nada a ver com
você, — eu digo, meus olhos atirando punhais de traição nela. Eu os afasto e
os tranco de volta no meu inimigo.

— Cuspa o que você quer e dê o fora daqui.

Eu jogo o arquivo em sua mesa. — Eu quero falar sobre Jameson Vincent. —


Os olhos de Trevor se arregalam. Foda-se, imbecil. Seu corpo endurece com
o nome e sei que ganhei. Lucy parece confusa e se vira para o marido.

— Quem é Jameson Vincent? — Ela pergunta. Ela está prestes a descobrir.

— Eu preciso de um momento com Hayden. Sozinho, — Trevor diz, seu tom


vazio. Lucy parece querer discutir, mas pensa duas vezes. Ela acena para
Katie, com quem me recuso a fazer contato visual, e elas saem do escritório.

— Você pode agradecer a minha mãe e seu apreço em guardar memórias por
arruinar seu plano perfeito. — Eu atiro a foto antiga em sua
mesa. Ele pega e olha, frente e depois verso. — Como dizem, uma imagem
vale mais que mil palavras. Aquele dia no hospital, quando mencionei o teste
de paternidade para Nixon, você parecia chocado, mas foi você quem
manipulou essa porra. Eu descobri a verdade, filho da puta.

Trevor deixa a foto e senta na cadeira. — O que você sabe?

Ele está brincando comigo agora? Ele nem vai negar isso? — Eu sei tudo, seu
filho da puta. Eu sei todas as mentiras, a identidade falsa, as transferências de
dinheiro. Eu sei que você é, na verdade, o pai de Nixon.

Duas vezes agora, eu o pego em um olhar chocado. — É sobre isso que você
tem estado obcecado? Todos esses meses? Desperdiçando sua vida,
arruinando tudo? Por isso? — Ele empurra os papéis sobre a mesa e eles
caem da borda na frente dos meus pés.

— Arruinando? Estou expondo a verdade. Suas mentiras. Como isso


começou? Você e minha mãe se conheceram na faculdade? Nas ruas? Você
evocou essa fraude para fazer amizade com meu pai com o plano de
eventualmente pegar o que era seu por direito?

— Você entendeu tudo errado, filho.

Corro para a frente e bato as palmas das mãos na mesa dele, fazendo-o saltar.
— Eu não sou seu filho porra! Mas isso prova que Nixon é.

— Você está errado, — repete Trevor, e vermelho escurece minha visão.

— Não, idiota, isso é uma coisa em que estou certo. Você está acabado,
Blackstone. Eu quero você fora daqui hoje. Vou te dar algumas horas para
arrumar sua merda e se esconder antes que eu diga ao mundo inteiro e sua
família que você é um traidor.
Eu viro as costas e vou para a porta quando suas palavras me atingem.

— Você está certo. Aquele homem na foto é o pai de Nixon. Essa é a única
coisa que você acertou.

Eu paro e viro, embora não saiba por que estou até mesmo lhe dando tempo
de me convencer disso. — Seu pai foi zeloso ao iniciar esta empresa. Ele
queria ter certeza que nada no meu passado iria estragar um pingo do que
estávamos criando, então ele contratou um investigador para vasculhar meu
passado.

— E? — Eu rosno.

— E ele não achou muito, além de um tio doze anos mais velho que eu. Ele
tinha acabado de sair da prisão por algum DUI2 na época. Ele é um jogador,
e não alguém que eu queria na minha vida ou ao redor da minha família –
vocês - mas sua mãe encontrou as informações anos mais tarde, em arquivos
do seu pai e não podia deixar isso de lado. Ela sentiu pena de eu estar
sozinho, então o procurou.

— Eu não acredito em você. Eu costumava observar a maneira como minha


mãe olhava para você. Flertava com você.

— Hayden, sua mãe tinha problemas, todos nós sabemos disso. Ela flertava
com qualquer um que lhe desse alguma atenção. E isso não é problema meu.
Apesar do que você pensa de mim, eu não iria dormir com a esposa de outro
homem - especialmente o meu melhor amigo do caralho.

2 Dirigir sob a influência (DUI) n. comumente chamado de "dirigir


embriagado", refere-se a operar um veículo a motor, enquanto o teor de
álcool no sangue de uma pessoa está acima do limite legal estabelecido pela
lei, que supostamente é o nível em que uma pessoa não pode dirigir com
segurança.
Passo as mãos pelo meu cabelo, minha agitação crescendo. Ele está
mentindo. Ele está mentindo. — Você não vai me convencer dessa merda. Eu
sei do dinheiro! Eu tenho a prova do caralho!

— Prova de quê? Que eu mando dinheiro para ele? Então, e daí? Eu faço isso
para proteger Nixon e, antes que ele morresse, protegia seu pai. Sua mãe me
procurou sobre Nixon quando ela estava preocupada com Eric fazendo testes
de paternidade para apólices de seguro. Ela entrou em pânico, e eu disse que
iria ajudá-la, mas Eric nunca poderia saber que fui eu que a ajudei se
descobrisse algo.

— Então, por que você está enviando dinheiro para ele?

— Ele veio aqui… quando sua mãe foi embora - ou devo dizer desapareceu?
Ele viu o anúncio do seu desaparecimento e viu Nixon. Só de olhar, ele sabia
que era dele. Ele também sabia o quão rico Eric era. Ele apareceu aqui e eu o
interceptei por acidente. Consegui convencê-lo a ir embora. Uma pequena
taxa a cada mês para evitar que seu pai soubesse sobre Nixon e para evitar
que Nixon entrasse em parafuso. Isso vai acabar com ele, Hayden.

— E o nome da foto? Por que dar a ela uma foto com o nome dele?

— Porque ele mudou seu nome. Ele gira entre cinco pseudônimos. Ele tem
dívidas e alguns mandados por crimes violentos, então muda de nome. Esse
era o seu verdadeiro para o qual sempre voltou.

— Foi por isso que meu investigador não encontrou nada sobre ele,

— eu amaldiçoo.

— Na verdade, seu investigador me encontrou. E eu o convenci a não contar


a você. Presumi que você tivesse encontrado a imagem e
estava curioso sobre quem era. Não suspeitei que você tivesse esse cenário
fodido que era eu.

— Foda-se o quê!

— Parece que o dinheiro pode convencer qualquer um a mudar de lado, pelo


que vejo, — diz ele, jogando-se de volta em sua cadeira. —

Hayden… eu escondi isso de vocês porque era a coisa certa a fazer. Se você
achar o contrário, faça o que acha certo. Mas saiba que essa informação não
consertará nada para você. Não trará seu pai de volta. Isso não justificará
nada para você.

Suas palavras são verdadeiras apesar de não querer acreditar nelas. Contar a
Nixon não fará nada além de machucá-lo e ressuscitar o passado. Ele está o
mais feliz que já o vi, e isso poderia ameaçar tudo. E

sem Rowan e Erica, não sei onde ele estaria. Sua escuridão excede em muito
a minha. Isso me assusta na maioria das vezes.

— Seu pai amava você.

— Ele não amava ninguém, — eu cuspo. — Ele só amava você. —

Tio Trevor. Foi para quem ele mostrou mais carinho. Ele pode ter agido de
forma dura e coletiva, mas Trevor era seu melhor amigo. Seu irmão, seu
parceiro. Quando minha mãe foi embora, ele foi sua rocha. Ele não se apoiou
em seus filhos que adorariam apoiá-lo. Não, ele o tinha.

— Eu sei que você só enxerga de um jeito. Mas você não tem ideia do quanto
ele amava todos vocês.

Eu não posso mais ficar aqui. Minhas mãos estão trémulas e minha garganta
está começando a se fechar. As emoções que me recuso a reconhecer estão
começando a ferver e preciso de ar. — Estou farto. —

Virando, eu abro a porta, passo pelas duas mulheres e vou direto para o meu
escritório. Bato a porta com tanta força que alguns quadros caem dos
suportes e batem no chão. Sinto como se tivesse corrido uma maratona de
dezesseis quilômetros e não pudesse recuperar o fôlego. Meus olhos estão
ardendo. Não consigo organizar minhas emoções. — Foda-se ele. Foda-se
ele...

— Hayden, você está bem?

Eu me viro para ver Katie em pé no meu escritório.

— Que porra você quer? Regozijar-se? Não há necessidade. Saia. —

Eu volto a encarar as janelas, precisando controlar esses sentimentos


desconhecidos.

— Eu só quero saber se você está bem. Ainda me preocupo com você.

Suas palavras desencadeiam uma profunda emoção que enterrei até agora,
libera uma escuridão que tento manter enjaulada. Eu me viro e corro,
bloqueando-a entre o meu corpo e a estante. — Você está preocupada
comigo? Como assim? Você está tão preocupada quanto deveria quando foi
embora? Deixou-me quando prometeu que não faria?

Seu corpo treme sob a força das minhas palavras.

— Você me mandou embora, você sabe disso.

— E você saiu assim que ficou difícil. — Ela tenta me afastar, mas eu só
elimino o espaço deixado entre nós. Seus seios estão pressionados contra o
meu peito e a maneira como eles sobem e descem enquanto respira
pesadamente faz meu pau endurecer.

— Eu saí porque você estava fora de controle. Você estava obcecado por uma
teoria que não existia.

Levanto minha mão rapidamente e a surpreendo. Ela acha que vou machucá-
la. Sua reação me deixa excitado, mas me emociona ao mesmo tempo. Eu
gentilmente envolvo minha mão em volta de seu pescoço,
depois abaixo minha cabeça até que ela possa sentir minha respiração quente
batendo em sua bochecha corada. — A única coisa pela qual eu estava
obcecado era você. — Deslizo meus dedos pelo seu pescoço, entre seus seios.
— Você era a única coisa que eu queria. Necessitava. Pensei ter deixado isso
claro a cada momento que estivemos juntos quando eu derramava meu
coração para você como um maldito boceta chicoteado.

— Ela inala rapidamente com as minhas palavras. Espero que ela pare a
viagem da minha mão, mas ela não o faz. Passo por sua barriga tensa, por seu
umbigo e sua saia muito curta, até que minha mão está massageando a parte
interna da sua coxa. — Desde quando você usa saias? Pensei que minha
garota só usasse shorts.

— Desde que deixei de ser sua garota, — ela sussurra, e seus olhos se fecham
enquanto minha mão desliza e entra em sua calcinha. Foda-se. Encharcada.
Como sempre. Eu sempre a deixei assim. Eu deveria parar. Vai apenas me
foder senti-la um pouco. Mas eu nunca fui bom em manter minhas mãos
longe dela.

— Hayden...

Meu nome é um sussurro suave em seus lábios, seguido por um doce gemido
quando puxo sua calcinha para o lado e insiro um dedo dentro dela. Eu quase
perco a cabeça no momento em que meu dedo atinge profundamente sua
boceta. O calor. O aperto. Eu posso sentir o cheiro dela. Minha mente está
embaçada e não consigo parar. Puxo para fora e substituo um dedo por dois.
Ela se contorce no meu aperto. Eu amo o quanto seu corpo sucumbe ao meu
toque. Sempre tive esse controle sobre ela. Era como uma porra de droga que
eu não conseguia o suficiente. Puxo para fora e começo a fodê-la com os
dedos contra a estante. Não há condescendência nos meus impulsos. Não
posso parar. Eu
preciso disso. Seus gemidos suaves enchem meu escritório, e pode ser preciso
um exército para me forçar a não virá-la e fodê-la com força e violência sobre
a minha mesa.

— Hayden... — Meu nome novamente me deixa louco.

— É isso que você queria, Kitty Kat? Você queria que eu fizesse você
ronronar meu nome enquanto faço o que quero com sua boceta? Uma boceta
sempre. Ainda é minha? Ou você tem deixado outros homens tocarem o que
me pertence?

Seu corpo congela. Ela levanta as mãos para me afastar, mas eu só meto com
mais força dentro dela. — Você pensa em mim quando outros homens te
tocam assim? — Dentro e fora, dentro e fora.

— Hayden, pare. — Ela empurra novamente, mas eu sei o que ela quer. Eu
sempre soube. O jeito que ela está montando minha mão me diz que é a
última coisa que ela quer que eu faça. Graças a Deus, porque não posso parar.
Eu perdi o senso de certo e errado e não posso parar até que a faça gozar e ela
lembre a quem pertence.

— Hayden. — Seu apelo finalmente para quando ela aperta em volta dos
meus dedos, gozando. A percepção me atinge, e eu praticamente a deixo cair
quando me afasto e me jogo a poucos metros de distância dela. Nós dois
estamos respirando pesadamente. Eu devo parecer um louco. Cometi o erro
de olhar para ela. Seus olhos estão brilhantes, o rescaldo de seu orgasmo
misturado com lágrimas não derramadas.

— Apenas me deixe em paz. Não volte aqui. Nunca.

Ela não diz uma palavra. Pela segunda vez, ela se vira e se afasta de mim.
Capítulo Sete

Katie

Uma semana depois...

O sol em Tampa não é brincadeira. A temperatura não perturba Lucy, mas


como não estou acostumada, continuo tendo que fazer intervalos e beber um
galão de água para não desidratar e enrugar. Entro para encontrar Trevor na
cozinha. — Ei, você não deveria estar no trabalho? — Eu pergunto, abrindo a
geladeira e pegando uma garrafa de água.

— Sim, mas esta semana e a próxima tendem a ser calmas no escritório. É o


aniversário da morte de Eric, então todos lidam com isso do jeito deles.

— Oh sim, sinto muito. Eu deveria saber. — Eu sabia que o aniversário


estava próximo. Principalmente por isso escolhi esta época para visitar.
Parece ser difícil para Trevor, o que torna difícil para Lucy, então eu quero
fazer o que puder para aliviar o momento.

— Não precisa se desculpar. É um momento difícil para muitas pessoas. Mas


conseguimos passar por isso. — Ele termina de assinar alguns documentos e
começa a limpar a mesa.

— Ei, Trev, posso te perguntar uma coisa?

— Pergunte. Mas sem mais conversa de servidão. Minha ex é uma mentirosa


e precisa parar de encher suas cabeças com essa merda estranha.

Eu ri. — Essa era realmente a minha segunda pergunta. Mas... Como está
Hayden ultimamente?
Ele levanta a cabeça para me observar, não feliz por eu estar perguntando
sobre ele. — Não sei. Ele não apareceu na semana passada.

O quê? Isso me surpreende. — Por que não? Achei que ele amava se jogar de
corpo e alma no trabalho?

Trevor fecha sua pasta e a coloca na borda do balcão. — Hayden tem uma
fase complicada durante este tempo. Não estou surpreso que ele tenha ido
embora. Você o viu em seu pior momento. Ele não lida bem com certas
situações. Esta é uma delas. Eric morrer foi uma bênção e uma maldição ao
mesmo tempo para ele. Ele queria odiar seu pai por toda a falta que ele fez
como um. Ele pode dizer que está feliz por ele ter partido, mas no fundo, o
odeia mais ainda por ter ido embora e deixá-lo com a empresa que ele nunca
quis administrar e responsável por seus três irmãos... Embora dois sejam
maiores de idade. Sendo o mais velho, foi deixada muita bagagem para ele
lidar. Então, é uma luta para ele.

Tudo o que Trevor diz é verdade. Hayden nunca foi bom em expressar seus
sentimentos por alguém além de mim. Parecia que eu era a única pessoa com
quem ele era capaz de se abrir. Mas quando se tratava de seus problemas com
a família, ele desligava - ia para aquele lugar escuro do qual falava apenas
quando bebia demais. Ele estava perturbado e perdido. Mas queria
desesperadamente ser salvo.

Sempre achei que foi por isso que fiquei. Em vez de saber que ele precisava
salvar a si mesmo, eu era a única a tirá-lo de seu lugar escuro. Mas no final,
isso apenas fez uma diferença maior entre nós. Uma parte de mim esperava
que indo embora o ajudasse a resolver seus problemas. Mas voltar aqui só
provou que ele ainda está quebrado e sozinho.
— Não tenho certeza se gosto da expressão em seu rosto agora. Não faça
nada estúpido. Katie, ele não te merece. Ele provou isso uma e outra vez.

Eu não vou negar isso. Ele não me merece. Mas ele merece ser amado e
compreendido. Ele merece ser feliz e se sentir em paz. E eu sei que em um
ponto de sua vida ofereci isso a ele. — Eu sei. É só que... Todos nós
merecemos algo mais, sabe? Ele não pode continuar sendo tão rancoroso, e
dói ver alguém ser tão duro consigo mesmo. Podemos não ser certos um para
o outro, e o que ele fez, não vou esquecer, mas o amor não se apaga apenas
por causa de nossas ações erradas, sabe?

Ele olha para mim por algum tempo, depois sem mais nada a dizer, ele
concorda. Ele entende. E ele pode não concordar, mas aceita minha decisão.
Suas últimas palavras são para eu ter cuidado enquanto volta para sua esposa,
que terá que explicar por que está tomando banho de sol na praia sem top.

Evitando esse show de merda, coloco um lindo vestido de verão e mando


uma mensagem para Camden, pedindo seu novo endereço. Cam e eu
mantivemos contato mesmo depois que Hayden e eu nos separamos. Seu
amor pela política me interessou como nenhum outro, e ele me prometeu um
passeio pela Casa Branca quando chegasse lá um dia. Ele responde com o
endereço, depois segue em frente, pedindo conselhos.

Cam: este relógio? Ou esse aqui?

Ambas as fotos parecem detestavelmente caras.

Eu: O primeiro. Eu ouso perguntar o quanto isso custa?

Cam: Demais, mas definitivamente vale a pena.

Eu: ocasião especial?


Cam: Mimar-me é sempre uma ocasião especial.

Eu: Você é ridículo.

Cam: Você me ama. Boa sorte. Eu não vou estar lá para interferir, mas
me ligue se precisar chutar a bunda dele.

Eu silenciosamente lhe agradeço sabendo que vou precisar.

***

Passo trinta minutos conversando comigo mesma sobre esse plano antes de
finalmente entrar e dar meu nome ao porteiro. Se ele não quiser me receber, é
isso. Um simples ele não está ou não quer sua presenç a de seu mordomo
chique bastará e irei embora.

Quando o porteiro diz meu nome pelo telefone, fico surpresa que Hayden me
permita acesso. Tinha certeza de que ele diria que eu era uma intrusa e me
chutaria do local. Agradeço ao homem e aperto o botão do vigésimo terceiro
andar. Cada andar que chega mais perto do meu destino me deixa em pânico.
Isto é uma má ideia?

Eu deveria tê-lo deixado quieto? Eu deveria ter recebido a dica quando ele
me deu o melhor orgasmo que tive nos últimos três meses antes de me
insultar e me jogar para fora de seu escritório?

A porta do elevador se abre para a cobertura. Existe apenas um pequeno


corredor e porta me separando do que pode vir a ser uma decisão muito ruim.
Com uma respiração profunda e uma conversa silenciosa para ir em frente,
saio do elevador e levanto a mão para bater.

A porta se abre antes da minha mão alcançá-la, mas não há ninguém. Não me
deixa outra escolha senão empurrá-la o resto do caminho e entrar.

— Suponho que você está perdida? — A voz de Hayden vem da esquerda, e


eu me viro para vê-lo entrando em sua sala de estar. Minha
respiração fica suspensa. Ele está sem camisa. Sua pele é bronzeada e
musculosa. Estes últimos meses, provam isso. Está claramente frequentando
o ginásio. Mais músculo. O cabelo dele está mais comprido, mas ele ainda o
mantém selvagem e impetuoso.

— Eu... Não, lugar certo, — eu digo, andando pelo ambiente. Cara, é legal.
Para alguém da idade dele, ele certamente vive a vida. — Seu apartamento é
incrível, — eu digo, incerta de como começar, já que ele nem está me dando
a sua atenção.

— Cam gosta, — afirma, como se não estivesse aqui por ele, mas pelo irmão.
Quando ele finalmente se vira para mim, meu estômago cai.

— Hayden, — eu sussurro seu nome, sem esconder a angústia na minha voz.


Ele parece horrível. Seus olhos estão escuros, com olheiras. Ele deve ter
pulado todas as refeições esta semana. Eu olho em volta e vejo garrafas de
cerveja espalhadas pela mesa de café.

Ele passa as mãos pelos cabelos, fazendo com que pareça ainda mais
selvagem e desleixado. Passa os olhos pelo que estou vendo. — Bem-vinda à
minha vida. Se você tem uma opinião, então dê o fora. — Desta vez, suas
palavras dolorosas não me perturbam. Eu sei que ele está machucado. Ando
devagar pela sala de estar até estar perto o suficiente para sentir o cheiro da
bebida no seu hálito.

Não tenho certeza se ele vai me deixar, mas eu tento mesmo assim. Levanto
minha mão e espalmo sua bochecha. Sua pele está pegajosa. Meu coração
incha quando ele não me afasta e se inclina na minha mão. — Hayden, você
tem que parar de fazer isso para si mesmo.

— Não consigo impedir as lágrimas que começam a cair. Ele parece tão
machucado. Muito perdido. — Você não está cuidando de si mesmo. — Eu
levanto a minha mão livre para acariciar o outro lado do seu rosto, assim que
ele levanta a sua para limpar a minha bochecha molhada.

— Faz dois anos amanhã, — diz ele, como se não tivesse ouvido uma única
palavra que acabei de falar.

— Eu sei, — eu respondo.

— Se ele estivesse aqui, provavelmente estaria planejando um enorme


churrasco. Preparando seus malditos hambúrgueres e convidando mais da
metade da cidade só para mostrar qualquer novo brinquedo que tivesse
acabado de comprar.

— Aposto que ele faria.

— Por que você está chorando? — Ele pergunta, como se eu fosse a única
precisando de cuidados.

— Porque você está se torturando e dói tanto ficar parada e ver você se
perder. — As lágrimas começam a cair pelo meu rosto. — Me desculpe por
ter partido. Se eu tivesse enfrentado você e me mantido firme, talvez você
não estivesse tão quebrado.

Hayden agarra meu rosto e levanta meu queixo, então não tenho escolha a
não ser olhar profundamente em seus olhos. — Você deveria ter me deixado
muito antes. Eu nunca fui bom para você.

— Sim, você era...

— Não, eu não era. Eu deveria ter amado você. Em vez disso, eu joguei todos
os meus problemas fodidos em você. — Ele se abaixa, tocando sua testa na
minha. — Nunca deveria ter forçado você a ficar. Eu estava sendo egoísta
com você. Queria você só para mim. Mesmo sabendo que não estava no
melhor lugar. Estava longe de poder te dar o que você realmente queria. E
passei o ano inteiro me aproveitando de você.
Ele me puxa para seus braços, e eu envolvo os meus ao redor dele, agarrando
com unhas e dentes. Começo a soluçar, pensando em todo o arrependimento
e escolhas erradas que ambos fizemos. Certa vez estivemos tão apaixonados.
Não houve um momento naquela época em que não passassemos nosso
tempo juntos. Nossos pensamentos estavam um no outro. Nós tivemos nossas
brigas como qualquer outro casal, mas as nossas eram diferentes.
Compartilhamos um vínculo que muitos casais nunca compartilharam. Ele
tinha seus demônios. Eu sabia disso. Não entrei cega em nosso
relacionamento. Mas minhas lágrimas são por deixá-

los ficar entre nós.

— Pare de chorar, — ele sussurra no meu cabelo, mas isso só me faz chorar
mais. É quando sinto meus pés sendo levantados e estou em seus braços. Ele
me carrega até ao sofá e senta-se comigo no colo dele, permitindo-me chorar
por nós dois. Eu sei que ele está sofrendo. Sinto isso pela maneira que ele
está me segurando tão perto. A cada respiração, ele inala o cheiro do meu
cabelo, minha pele. — Eu senti tanto a sua falta.

— As palavras são tão suaves que mal consigo ouvir. Eu não digo nada,
então ele continua. — Pensei que muitas coisas na minha vida me
quebrariam. Meu pai morrendo. Minha mãe. Toda a merda fodida que eu tive
que suportar. Mas nada equivale à dor e culpa que senti na noite em que a
perdi. O jeito que eu lidei com você. Falei com você.

Eu levanto minha cabeça de seu peito e olho profundamente em seus olhos.


— Eu te perdoei, você sabe. Eu te perdoei há muito tempo atrás.

Sua mão afasta uma mecha de cabelo da minha bochecha. — Você não
deveria ter perdoado. Eu não mereço o seu perdão.
— Você merece ser feliz, Hayden. Você merece viver a sua vida, livre de
todos os demônios te assombrando.

— Eu não sei viver essa vida. Não sou uma boa pessoa. Não reajo com
gentileza. Ajo por vingança. A maneira como eu trato as pessoas...

Você - eu não mereço essa vida feliz. Eu mereço exatamente o que estou
recebendo.

— Veja, é aí que você está errado. — Eu puxo seu rosto para o meu e
pressiono meus lábios nos dele. Espero para ver se ele se afasta, mas ele faz o
oposto. Suas mãos seguram o lado da minha cabeça, aumentando a pressão
do nosso beijo. Minha barriga entra em erupção com borboletas quando ele
avança e separa meus lábios, empurrando sua língua para dançar ao redor da
minha. Houve tantas noites que sonhei em ter sua boca de volta na minha.
Apesar de todos os seus problemas, Hayden era meu lugar seguro. Seu beijo,
seu toque, o jeito que ele falava comigo -

tudo me fazia sentir completa. Fazia tudo certo no mundo.

Quando isso acabou, comecei a questionar minha sanidade. Fui para casa e
lutei comigo mesma. Eu o amava. Meu coração precisava dele. Mas ele não
estava bem. No entanto, quem realmente está bem neste mundo? Os sonhos
bons eram quando ele vinha até mim e fazíamos amor, e sua boca tocava cada
parte minha. Os maus me deixavam fora do eixo por dias - aquele repetindo
nossa última noite juntos, suas palavras de ódio e rejeição. Eles vinham
repetidamente, abrindo velhas feridas.

Mas estar em seus braços novamente, eu sei que é o certo. — Eu te amo.


Nunca deixei de te amar. Eu preciso que você saiba disso, — digo através do
nosso beijo apaixonado.
Com um rápido impulso, ele levanta comigo em seus braços, levando-nos por
um longo corredor até um quarto. Deitando-me na cama imaculada que
parece que nunca foi usada, ele rasteja em cima de mim.

— Se havia qualquer coisa faltando na minha vida. Um buraco, uma


escuridão. Você sempre foi a única a preenchê-lo. Fazendo-me sentir inteiro.
— Ele se abaixa, colocando a boca sobre a minha. Nós nos beijamos e
saboreamos cada emoção, sentimento, neste momento, como se não fossemos
ter outro, até que nossos pulmões cedem e ele se afasta. — Você é real? Você
vai desaparecer como você sempre faz nos meus sonhos? Eu vou acordar
desse lindo pesadelo com você?

Meu coração dói com a sua pergunta. Eu sinto o mesmo. Tê-lo sobre mim.
Seus lábios nos meus. O medo de que isso seja muito parecido com os meus
próprios sonhos. Levanto minhas mãos e as envolvo em volta do seu pescoço.
— Sou real. Isso é real. Nós. Tudo é real.

Demora algum tempo para as minhas palavras se registrarem completamente.


Para ele acreditar que não vou desaparecer nas sombras de sua consciência.
Quando isso acontece, assisto quando o fogo que eu costumava criar nele
ilumina suas íris azuis, enviando uma onda de sensações aos meus dedos do
pé. — Deus, Katie, eu senti sua falta. — Ele puxa a alça fina do meu vestido
de verão, revelando meu peito nu. Sua língua está na minha carne, sugando
meu mamilo com força em sua boca. — Eu senti falta de tocar em você,
saborear você, ouvir sua voz, cheirar cada perfume que você irradia. — Ele
morde com força o meu mamilo, e minhas costas se curvam do colchão. —
Passei os últimos meses imaginando se algum dia a veria de novo… se algum
dia te tocaria, se você teria o mesmo gosto, sentiria o mesmo. Se sua boceta
ainda saberia quem é o dono dela. — Seus dedos deslizam pela minha
cintura, puxando
a bainha do meu vestido. Ele encontra minha calcinha fina e empurra-a para o
lado, respondendo a sua própria pergunta. — Foda-se, sempre tão molhada.
Você foi feita para mim. — Ele entra em mim, empurrando seu dedo tão
fundo, suas juntas o impedem de ir mais longe. Ele retira e entra novamente,
depois acrescenta outro dedo, sempre sabendo o que eu gosto.

— Ainda um pouco travessa pelo que vejo. — Ele ri e se move para o meu
outro seio, trabalhando com a boca e o dedo, até que eu sinto o aperto na
minha barriga. Sabendo que estou no limite, ele tira a boca do mamilo com
um estalo e desliza pelo meu corpo. Levantando meu vestido, ele puxa minha
calcinha, rasgando-as. Sua boca está em mim, se fechando em meu sexo
enquanto seus dedos entram e saem de dentro de mim.

— Hayden, — eu ronrono, passando meus dedos pelo seu cabelo rebelde.


Aperto e puxo a cada lambida e mordida. Ele tira, em seguida, mete três
dedos grossos para dentro. Faz tanto tempo desde que alguém esteve dentro
de mim. Antes da nossa conexão em seu escritório, três meses para ser exata.
Não há ninguém desde Hayden. Ele morde o meu clitóris e eu explodo,
pontos brancos cintilando no meu lobo frontal. Antes de eu descer, ele
levanta e tira o short.

Eu gostaria de poder congelar o tempo para admirar o quão bonito ele é. De


todas as maneiras. Ele volta, coloca a ponta do seu pênis no meu centro,
então olha para mim, pedindo aprovação. Mas ele não precisa. Eu pertenço a
ele. Sempre pertenci.

Com um impulso rápido, ele empurra dentro de mim. Nós gememos em


uníssono com o sentimento familiar, nossos corpos encaixando
perfeitamente.
— Porra, eu não posso ir devagar com você. Eu quero. Você merece lento e
maravilhoso, mas não posso. Preciso te foder. E possuir você. E te mostrar o
quanto eu preciso de você.

— Tanto quanto eu preciso de você. Me possua. Eu sempre fui sua,

— eu digo, sabendo que isso vai acalmar suas preocupações. E isso acontece.
Ele puxa para fora e bate em mim com o poder de um touro. Mais e mais, ele
me fode com fúria enquanto eu monto as ondas de êxtase.

***

O sol atravessando as janelas me força a abrir os olhos. Eu não queria


adormecer. Já passava das duas da manhã quando finalmente caímos na
cama, acenando nossas bandeiras brancas. Eu só queria descansar meus
olhos, depois pegar um uber de volta para Lucy.

Uma onda de ansiedade me atinge. Eu não deveria ter ficado. Levanto a


cabeça e me viro para verificar a hora, observando Hayden deitado ao meu
lado. Olhos abertos. — Oh... uh... oi.

— Bom dia.

— Sinto muito. Eu não queria adormecer.

— Estou feliz que você fez. Esqueci como é incrível acordar ao seu lado.

Meu coração dá um salto triplo neste comentário. Eu sei que minhas


bochechas estão começando a corar como uma colegial estúpida porque seu
sorriso travesso entrega.

— Você quer que eu...?

— Vá? Nunca. Eu manteria você para sempre, se pudesse. — Seu comentário


é doce e amargo ao mesmo tempo. Uma frase que ele dizia
para mim o tempo todo no passado. — Merda, sinto muito. Eu não quis dizer
isso. Eu só quis dizer… quero que você fique. Preciso que você fique.

Deixo o comentário desaparecer no fundo da minha mente e rolo para ficar de


frente para ele. — Estamos bem? — Eu pergunto. O que aconteceu ontem à
noite foi incrível. A conexão que compartilhamos, não há palavras, mas isso
nos deixa bem?

— Eu quero que a gente fique bem. Quero que muitas coisas estejam bem.
Quero que esses últimos meses nunca tenham acontecido. Eu quero um
recomeço com você. Com meus irmãos. Com Trevor.

— E seu pai? — Eu pergunto, sabendo que hoje é o dia - o segundo


aniversário da morte de Eric.

— Eu só quero estar em paz com ele. Ele era quem era. Alguns de nós
escolhemos amá-lo por isso e outros não. Eu deveria proteger Camden de
todo o ódio, e fui eu quem liderou o desfile até à nossa porta da frente.

— Você e Trevor estão bem? — Eu tenho que perguntar. Lucy só foi capaz
de me dar fragmentos do embate. Eu sei que Hayden se sentiu derrotado após
a discussão deles. Ele passou meses com essa teoria, deixando-o doente, só
para descobrir que a verdade está além do que ele poderia imaginar.

— Eu simplesmente não sei o que fazer com essa informação. Não sei se
devo contar a Nixon. Ele tem o direito de saber. Ele quase pareceu
desapontado quando confirmei que Trevor não era seu pai. Como se eu
tirasse algo dele. Agora, expor todas essas velhas emoções, estaria fazendo
mais mal do que bem?
Se alguém é merecedor de amor mais que Hayden, é Nix. E eu tenho que
concordar. Que bom seria contar a ele que um trapaceiro é seu verdadeiro
pai?

Hayden pega a minha mão, puxando-a para o coração dele. — Você vem
comigo hoje... Conosco para o cemitério e a reunião depois?

Eu dou a ele um olhar que ele conhece bem. O olhar que eu dei no passado
quando ele precisava de tranquilidade.

— Eu estarei ao seu lado o caminho todo.


Capítulo Oito

Hayden

— Louco, faz dois anos. Às vezes parece que foi ontem, — diz Nixon,
entregando a Erica uma rosa e encorajando-a a colocá-la na lápide. Rowan
funga e sorri para Nixon enquanto aperta seu braço em busca de apoio.

Eu mal me lembro de enterrá-lo.

Eu me lembro do clima, no entanto.

Estava ensolarado, nenhuma nuvem no céu. Tenho certeza que ele teve um
ataque de fúria lá em cima mandando em todos ao redor sobre como ele
queria que fosse o seu enterro. Ele nunca aceitou merda de ninguém. Exceto,
talvez, Trevor. Houve rumores circulando de que Trevor quebrou o nariz de
papai por ele ter interferido no relacionamento dele com Lucy. Trevor e Lucy
não confirmaram nossas suspeitas, mas todos nós achamos que meu pai, pela
primeira vez, teve sua bunda chutada.

— Você acha que ele cuida de nós? Como todos dizem que pessoas mortas
fazem quando morrem? — Nós cinco olhamos para Brock, sem saber se ele
está zoando com a gente ou não. — O quê? Só por curiosidade. Eu tenho
assistido a esses programas mediúnicos na escola, onde eles falam com os
mortos e são todos assombrados por seus parentes e merda. — Ele encolhe os
ombros e joga suas flores.

Se ele cuidasse, eu me pergunto o que ele diria? Ele teria orgulho de seus
filhos? Ele aprovaria a dedicação de Nixon à filha dele? Ele diria que está
orgulhoso de como eu estou administrando a Four Fathers? Será que ele
mimaria Camden e o interrogaria noite após noite, sobre seu conhecimento da
política e do comércio exterior, como eu faço agora?
Ele nos diria que foi feliz por ter quatro filhos?

— Acho que ele fez o melhor que pôde com a gente. Ele tinha seus próprios
demônios, todos nós temos. Acho que, no final, ele morreu exatamente como
queria - arrasando. — A declaração de Camden é mais verdadeira do que
qualquer um de nós poderia ter colocado em nossas próprias palavras. Ele
joga sua flor no túmulo e envolve seus braços ao redor de Rowan, que está
chorando em silêncio.

Eu penso sobre o que diria ao meu pai se ele estivesse na minha frente hoje.
Em um ponto, eu teria dito a ele o quanto eu o odiava, desprezava-o por
como ele me fazia sentir. A maneira que ele sempre fez questão de mostrar
que tinha controle sobre todos nós. Mas hoje, de pé aqui, o sol batendo em
mim, olhando para sua lápide, eu diria obrigado. Por me mostrar como
sobreviver. Prosperar quando os tempos estão difíceis. E aprender a lutar
durante os momentos precários sabendo que há uma recompensa na
resistência. Eu diria: aqui deixemos para trás.

A mão de Katie envolve a minha enquanto levanto minha outra mão e jogo
minha flor em seu túmulo.

— Agora que já tratamos disso, vamos celebrar o dia, ao estilo de Eric


Pearson, com uma festa na piscina? — Brock diz, e com a tristeza gravada
por trás do sorriso de todos, vamos para o lugar onde tudo começou para
celebrar onde tudo chegou ao fim.

***

Ethan pula na piscina com Brock na sua cola. Rowan grita quando fica
chapinhada e começa a gritar profanidades por ter molhado Erica. Vejo
quando Nixon mergulha na piscina para vingar sua garota e os três lutam até
que Ethan agita a bandeira branca.
Eu olho para ver Trevor ainda manuseando a churrasqueira rindo. Lucy,
embalando uma Eva adormecida, está na sua bunda por comprar caudas de
lagosta. Não sei que porra é essa, mas ela parece chateada. Eu me viro para
ver minha garota sentada ao meu lado, parecendo contente e feliz.

A minha menina.

Ela é minha menina?

Nós

fodemos,

conversamos

fodemos

até

sol

nascer. Conversamos sobre nosso passado e questões que eu deveria ter


colocado na mesa meses atrás. Eu disse a ela coisas que já deveria ter dito,
em vez de deixá-la sair da minha casa meses atrás. Que eu a amava. Que ela
era minha rocha. Que ela era tudo para mim no segundo em que a vi passar
pelas portas do hospital. E mesmo ela me tendo dito o mesmo, não houve
menção ao futuro.

O déjà vu criou um turbilhão de ansiedade dentro de mim. Eu pedindo para


ela ficar novamente, e mesmo que ela tenha que ir, ela ficar. E se a mesma
merda acontecer? Ela não merece isso. Mas eu não sei se posso deixá-la partir
novamente.

— É estranho estar de volta aqui? — Katie pergunta, quebrando meus


pensamentos.
— Sim e não. É estranho saber que eles não demoliram o cemitério pessoal
do psicopata ao lado? Sim. Mas aqui? Não importa o que aconteceu de ruim,
coisas boas aconteceram também. Sempre será um lar.

— Foi por isso que você não vendeu ainda?

Eu dou de ombros. — Talvez. Agora que estou pensando mais claramente...


— Eu me viro para ela e pisco, — talvez seja hora de deixar
para trás. Vender. Seguir em frente. Nixon mencionou algumas ideias para o
terreno. Talvez eu simplesmente entregue isso a ele.

Ela aperta minha mão e leva os olhos de volta para a piscina. Todo mundo
parece feliz. Satisfeitos. Talvez nosso velho pai esteja olhando por nós. Eu
ouço a campainha da porta tocando pelos alto-falantes externos, indicando
que alguém está na porta da frente.

— Eu já volto, — digo a Katie, beijando o topo de sua mão e atravessando a


casa. Abrindo a porta, eu encontro um rosto que nunca pensei que veria.

— Bem, bem... Parece que há uma festa acontecendo e seu querido e velho
padrasto não foi convidado.

Jameson Vincent.

O mesmo cara da foto, apesar de parecer que passou por algumas guerras e
voltou.

— Que porra você quer, idiota?

— Uau, isso é maneira de falar com um familiar?

Eu dou um passo ameaçador em direção a ele. Há algo em seu olhar vazio


que, porra, grita Nixon e é perturbador. — Você não é da família, seu merda.
Saia da porra da minha casa antes que eu atire em você por invasão de
propriedade.

Eu vou bater a porta, mas ele coloca o pé no caminho para pará-

la. — Acho que não, filho. Nós não terminamos de conversar.

Eu olho para o seu pé, desejando que meu olhar ardente colocasse seu sapato
em chamas. — Já terminamos aqui. Remova seu pé ou perca-o.

— Não antes de eu ser pago.

Ele está louco se acha que vai ganhar mais um centavo de nós. Vou contar a
Nixon se preciso antes de lhe dar mais dinheiro. — Boa sorte. O
pagamento acabou para você, imbecil. — Eu chuto seu pé para fora da porta
e começo a fechá-la quando suas palavras abafadas atravessam a fresta.

— Oh, eu acho que o dia do pagamento é agora. — Ele levanta o telefone na


janela fechada enquanto um vídeo passa na tela.

A cor desaparece do meu rosto. Que porra é essa?

— Isso mesmo. Agora, abra e me ofereça um hambúrguer, certo?

— Onde diabos você conseguiu isso?

— Bem, eu ia visitar meu sobrinho. Você vê, ele ficou desleixado ao colocar
dinheiro na minha conta, e assim que cheguei, quem eu vejo em um pequeno
carro rosa? Um menino com os olhos do papai.

Eu fico lá em choque, sem saber o que fazer. Não suporto mais assistir ao
vídeo, então desisto e abro a porta. Eu não digo outra palavra, e ele me segue
pela casa até os fundos. Eu ergo minha mão, dizendo ao filho da puta para
esperar enquanto abro a porta e grito para os meus irmãos e Trevor virem
para a porra da cozinha.

Assim que Trevor atravessa as portas de vidro deslizantes, seus olhos pousam
em Jameson. — Que porra você está fazendo aqui? — Ele grita, pronto para
lutar. Eu ergo minha mão para detê-lo.

— Nós temos um problema, — eu digo.

— Não, nós não temos, — Trevor rosna, voltando-se para Jameson.

— Nós temos. Ele tem um vídeo de Nixon matando Jaxson Wheeler.


Capítulo Nove

Hayden

— Vamos matá-lo.

— Não. — Trevor dá um passo à frente, colocando um fim à sugestão de


Brock. Jameson já se foi há muito tempo e nós quatro e Trevor estamos de pé
na cozinha, deixando as meninas do lado de fora, para que não percebam o
que está acontecendo.

— Por que diabos não? Ninguém sentiria falta dele.

— Porque matar não é a resposta, — responde Trevor.

— Mas está tudo bem a porra do Nixon matar pessoas?

— Cala a boca, Brock, — eu atiro.

Brock avança, desafiando-me. — Me faça calar, mano. — Elimino o espaço


entre nós. Cansei da sua atitude imbecil. Nossos peitos se chocam e Brock
ergue os punhos fechados. Meu tempo de reação é mais rápido e minhas duas
mãos estão levantadas, empurrando-o para trás. — Foda-se você, Hay. Você
acha que só porque é o mais velho controla a todos nós? Foda-se você.

Eu o empurro de novo, e suas costas batem no balcão. — Oh, você acha que
eu gosto do papel em que papai me colocou? Ter que crescer e tomar conta
de vocês três? — Eu lamento as palavras no segundo em que elas saem da
minha boca. Eu imediatamente me volto para Camden. — Eu não quis dizer
isso. — Ele balança a cabeça, espero que em compreensão. Voltando para
Brock, eu digo: — Eu não pedi nada disso também. Você quer viver
livremente, faça isso. Cansei de tentar te manter longe de problemas.
Brock zomba. — Problemas? Você está brincando comigo? Vindo do cara
que passou os últimos três meses sendo nada além de problemas. Grande,
mau Hayden Pearson. Tão intocável. Você é provavelmente o mais fodido de
todos nós. Mas, novamente, nosso irmão aqui pode levar o prêmio por ter
assassinado...

Eu o derrubo.

Nós dois caímos no chão e meu braço bate de volta, socando-o direto no
queixo. Ele dá um soco rápido nas minhas costelas. Eu perco meu controle e
ele me vira, erguendo o punho e dando um bom soco no meu nariz. Antes que
eu tenha a chance de revidar, Trevor o arranca de mim.

Estou fora do chão e pronto para a segunda rodada, mas ele segura firme em
meus ombros, me restringindo. Atiro meus ombros para trás. —

Me solte porra, — eu rosno, e limpo o sangue escorrendo do meu nariz.


Trevor obedece, me liberando.

— Você precisa relaxar, — diz Nixon, e eu me viro para ele e explodo.

— Você algum dia nos contaria? A mim? Alguém? Você simplesmente


matou alguém e seguiu a porra do seu caminho feliz?

Ele encolhe os ombros, como se eu tivesse lhe perguntado o que ele queria
em sua pizza e não se importasse. — Ele teve que morrer. Ele ia machucar
Lucy novamente. Eu não podia arriscar que ele viesse atrás de Rowan... De
Erica. Eu fiz o que nenhum de vocês teria sido capaz de fazer. Então cale a
boca e dê o fora daqui.

Eu arrasto minhas mãos sobre o meu couro cabeludo e puxo com tanta força
que temo arrancar meu cabelo. — Sim, então você chama a porra dos
policiais! Ele tem um vídeo seu. Você entende o que isso
significa? Você poderia ir para a cadeia. Ele tem um VÍDEO! — Eu grito.
Aperto bem os olhos, mas quando os reabro, Nixon não está mais na minha
frente. Eu me viro bem a tempo de ver a porta de correr de vidro se fechar e
ver Nixon se aproximar de uma preocupada Rowan.

— Ele não vai contar a ela. Não se preocupe.

Olho para Camden e depois para Nixon, que agora está segurando Erica em
seus braços. — O quê?

— Ele não contará a Rowan sobre o pai dela. Isso a mataria. Ele não faria
nada para machucá-la.

Sacudo minha cabeça. Ferir os sentimentos de Rowan é a última coisa na


minha cabeça agora. Eu tenho que descobrir como consertar isso. Não posso
deixar meu irmão ir para a cadeia.

Todos esses anos, e ele manteve esse segredo para si mesmo. —

Precisamos pegar esses vídeos, — eu digo para a sala.

— Sim, mas para consegui-los, temos que pagar. Muito, — diz Camden.
Jameson exigiu quinhentos mil dólares. Tecnicamente, isso é trocados para
nós, mas ele exigiu isso uma vez por mês para ficar quieto ou ele enviará o
vídeo para os policiais. Ele nos deu vinte e quatro horas para decidir qual
seria o destino do futuro de nosso irmão e partiu com um sorriso no rosto,
sabendo que nos tinha nas mãos. Ele também garantiu que soubéssemos que
ele tinha uma cópia, se tentássemos roubá-lo e eliminá-lo.

— Mesmo se pagarmos, não temos ideia do que ele fará com o vídeo. Não
temos ideia de quantas cópias ele fez. — Ele poderia ter mais do que as duas
que afirma.

— O que você precisa que eu faça? — Camden pergunta, e eu viro meus


olhos para ele.
— Nada. Você fica fora disso. Eu não te quero perto disso. Você tem muito a
perder. Eu vou lidar com isso. — Não tem como permitir que ele estrague seu
futuro.

— Eu concordo com Hayden sobre isso, — Brock se aproxima. — Ele e eu


lidaremos com isso.

Eu me volto para o meu irmão. — Não, você não vai fazer nada também.
Você vai ficar tão longe disso quanto Cam.

Brock joga as mãos para cima. — A sério? Você nunca pode não ter controle
total? Você sabe o quê? Foda-se. Você ganhou. Eu estou fora daqui. — Ele
sai pela porta da frente, e minutos depois, nós o ouvimos sair da garagem.

Ninguém fala até que a tensão silenciosa é quebrada pela abertura da porta de
vidro e Lucy aparece através dela. — Tudo bem aqui? —

Trevor caminha até ela e puxa-a em seu peito.

Não, nada está bem.

Estamos fodidos.

Não há outra maneira de contornar isso.

***

No segundo em que a porta do meu apartamento se fecha, estou nela. — Eu


preciso foder você, — eu digo a ela, sem desculpas no meu tom. Eu preciso
estar dentro dela e transar duro e forte. Agarro seus ombros e a empurro
contra a porta. Seus olhos se iluminam. Ela sempre amou isto áspero. Tenho
o prazer de ver que ela ainda faz. Rasgo a frente de seu maiô sem um cuidado
e desço até à cintura, em seguida, arranco, até que ela esteja completamente
nua diante de mim. — Como é possível que você fique mais e mais perfeita,
— eu a elogio, apertando sua bunda na minha mão.
— É difícil, mas parece que consigo, — ela ri, terminando em um gemido
quando belisco o mamilo entre meus dedos. — Hayden...

O som do meu nome nos lábios dela é como o céu. Nunca pensei que a teria
de volta em minha vida. — Sim, baby? — Eu ergo meu joelho e abro suas
pernas, para que possa chegar onde desejo estar. — Você já está molhada por
mim? — Eu já sei que ela está. Só quero que ela admita o quanto fica
excitada por mim.

— Encharcada, — ela ronrona, fazendo meu pau endurecer como pedra.


Minhas mãos encontram sua boceta e, assim como eu pensei, ela está
encharcada.

— Garota safada. Eu vou me divertir com essa boceta. — Ela nem consegue
esconder a emoção do meu comentário. Meu pau pulsa com a imagem mental
de todas as maneiras que eu planejo fodê-la. Abro os lábios e enfio dois
dedos dentro dela. Seus gemidos ficam abafados quando eu bato minha boca
na dela.

Impulso.

Impulso.

Impulso.

Bombeio meus dedos no fundo, fodendo-a com a minha mão, até sentir seu
aperto de morte em torno de mim. — Jesus, — eu rosno, arrancando meus
dedos. Eu tiro minha bermuda. — Vire-se, — eu rosno, em seguida, agarro
sua cintura, girando-a. Suas mãos se apoiam contra a porta e eu abro suas
pernas para mim.

— Essa bunda é minha. Só minha, — afirmo.

Minha mente está tão embaçada com luxúria, a vontade de fodê-la e controlá-
la. Eu levo minha mão e a bato em sua pele pálida. Ela pula no ataque, mas
não há como esconder o pequeno gemido que se segue. —
Você é minha. Você ouviu? — Ela demora muito para responder, então eu
bato com a palma da mão aberta sobre a bochecha agora rosada.

— Sim, eu sou sua. — Deus, ela é sexy pra caralho. Sua voz baixa e
gotejando de desejo.

— Bom. — Eu pego meu pau duro e enfio nela por trás. Eu a fodo e fodo e
fodo até um rugido profundo subir pela minha garganta. Minhas bolas
apertam e meu orgasmo me atravessa, quase me derrubando.

Não passa despercebido que acabei de gozar dentro dela. Não é a primeira
vez, e foda-se, não será a última. Estou me sentindo tão territorial sobre ela,
que estou tentado a espalhar meu esperma por toda ela para que todos saibam
a quem pertence. O pensamento só me faz duro novamente e já bombeando
dentro dela.

— Outra rodada? Eu devo ser uma garota de sorte, — ela brinca.

— Oh, baby, espero que você goste disso, porque eu vou te foder por tanto
tempo e duro, que você não será capaz de andar - só para ter certeza que você
nunca irá embora.

***

— Você quer falar sobre isso?

São duas da manhã e finalmente estamos caindo na cama, completamente


gastos e saciados. Eu segui o exemplo de Brock e dei o fora daquela casa. Eu
disse a todos que se acalmassem e que conversaríamos depois. Trevor me fez
prometer não fazer nada irracional. Eu concordei, sabendo que estava
mentindo. Ele não pode tomar as decisões por essa família. Este é o meu
fardo para suportar.

— Eu não posso agora. Não quero esconder nada de você, mas é apenas uma
merda de família que tenho que resolver. — Ela parece preocupada, então
alivio suas preocupações. — Não se preocupe, eu
resolvi todas as besteiras com Trevor - algo que eu deveria ter feito há muito
tempo.

Ela se aconchega mais perto de mim e a aperto com força em meus braços.

— Hayden, posso fazer uma pergunta?

— Qualquer coisa, linda. — Eu beijo o topo de sua cabeça.

— Você acha que vai vender a casa?

— Porquê, você está interessada em comprar? — Eu provoco, dando a seu


corpo uma sacudida brincalhona.

— Não, apenas curiosa. Apenas me perguntando por que você ainda a


mantém. Se você vai ficar aqui uma vez que Cam for para faculdade.

— Eu imaginei que viveríamos aqui até Cam sair, então podemos procurar
um lugar nosso mais perto da praia.

— Espere... — Katie puxa do meu abraço e se senta. — Hayden, eu não vou


ficar.

A confusão me atinge. Eu sacudo minha cabeça. — O que você quer dizer


com não vai ficar? Claro que você vai. Você disse que é minha.

— Eu sou, mas isso não significa...

Esses olhos. Ela sempre foi uma pessoa que revela muito só de olhar para ela.
Ela vai embora de novo. Como antes. Por que eu acharia que ela iria querer
ficar e estar com um fodido como eu?

Eu me sento. — Foda-se, não, — digo e tiro minhas pernas debaixo do


lençol.

— Hayden... Só... Vamos falar sobre isso.

— Não, foda-se isso. Pensei que estávamos bem. Eu te amo. E sei que você
me ama. Então, o que há para conversar?
— A história se repete.
É como se ela tivesse me esbofeteado. Suas palavras ardem.

— Por favor, entenda o que estou querendo dizer. Eu amo você, mas...

— Besteira que você ama! — Eu grito e saio da cama.

— O quê? Como você pode questionar isso? — Ela chora.

— Você está falando sério? Você acabou de me dizer que não tem nenhuma
intenção de estar comigo. — Andando até à minha cômoda, eu abro a gaveta
de cima e pego uma boxer.

— Não, eu disse que não ia ficar. Isso é diferente.

— Bem, bom, obrigado por me contar seus planos. — Eu pego uma camiseta
e jogo sobre minha cabeça. — Da próxima vez que você estiver na cidade,
não deixe de me avisar. Eu amo uma boa foda de fim de semana.

Minhas palavras a cortaram ainda mais. — Não faça isso de novo.

— Fazer o quê? Certificar-me em saber da próxima vez que sou apenas uma
foda para você?

— Não, tentar degradar o que nós temos.

— Nós temos? — Eu retruco. — O que nós temos é que você está brincando
comigo, me fazendo pensar que estávamos juntos novamente e, em seguida,
me informando que entendi tudo errado.

— Hayden, eu nunca esperei isso, e quando tudo aconteceu, aconteceu tão


rápido… como antes. Eu preciso ser cautelosa sobre minhas decisões desta
vez.

Isso me abala.

Eu paro, minha voz estranhamente calma. — Você precisa ser cautelosa


comigo?

— Não foi isso o que eu disse.


— É por causa daquela noite? Você está com medo que eu o quê? Machuque
você ou alguma merda?

— Não, Hayden...

— Foda-se, eu não preciso de mais detalhes. Entendi.

— Hayden, por favor! — Ela implora para eu ouvir, mas não posso. Enfio
minhas pernas no jeans e saio do meu quarto.

— Hayden! — Ela grita meu nome de novo, sem resposta. Pego meu telefone
do balcão e noto um texto de um número aleatório.

1-652-555-6552: Encontre-me no 1421 Timber Drive. Traga meu


dinheiro.
Clico para abrir um anexo e meu estômago gira quando o vídeo começa a
passar. A bile sobe pela minha garganta enquanto vejo Nixon passar um laço
no pescoço de Jax Wheeler.

Imagens aleatórias de Nixon feliz quando criança passam pela minha mente.
Ele sorrindo. Brincando com os irmãos mais velhos. Hoje, segurando Erica.

Ele não merece isso.

Ele merece uma vida feliz.

O sentimento que ressoa dentro de mim é objetivo. Como uma calma antes da
tempestade. Eu sei o que preciso fazer.

Volto para o meu quarto e vasculho através do meu armário. Eu encontro o


que estou procurando e pego a caixa de madeira. Dou uma rápida olhada nas
iniciais da minha mãe antes de abrir a caixa.

— O que você está fazendo?

Ignoro a pergunta de Katie, pego a arma e coloco na parte de trás do meu


jeans.

— Jesus, Hayden, o que você está fazendo!


Eu me levanto e saio. Katie me segue rapidamente. — Hayden, você está me
assustando. Vou chamar Trevor!

Chego à porta antes de me virar para ela. — Bom. Pelo menos você está
finalmente sendo honesta comigo. Tenha um voo seguro para casa.

— Abrindo a porta, saio, batendo-a atrás de mim.


Capítulo Dez

Hayden

Paro no endereço que Jameson me mandou por mensagem, mas não há uma
luz acesa na casa em estado precário. Eu esperava que fosse mais legal,
considerando todo o dinheiro que ele roubou de Trevor nos últimos oito anos.

Saio do meu carro e caminho até à porta da frente. A grama está alta com
flores silvestres ao longo da passarela. Eu me pergunto se ele esteve aqui o
tempo todo. Sabendo que Wyatt Brandon tem me enganado por meses, eu me
pergunto se ele se incomodou em procurar por ele.

Levo um punho fechado na porta e bato três vezes, deixando-o saber que
estou aqui. A arma parece pesar um milhão de quilos na parte de trás do meu
jeans. Meu telefone continuou a tocar durante todo o caminho com o número
de Katie aparecendo, então eu desliguei. Preciso me concentrar. Não posso
pensar na dor que logo chegará, sabendo que ela vai embora de novo.

Eu preciso me concentrar na minha família. Nos meus irmãos.

Isso é o que a família faz, uns pelos outros.

Eles se sacrificam.

Minha impaciência está aumentando, então eu bato de novo, desta vez ainda
mais forte. A porta range e se abre. — Que porra? — Eu empurro o restante e
entro. Meus olhos precisam se ajustar à escuridão. Mesmo com o sol
começando a aparecer, é difícil enxergar. —

Onde diabos você está, Vincent? Vamos acabar com isso.


Avanço mais para dentro da casa, mas ainda assim, nada. Se ele não estiver
aqui, vou perder a cabeça. Ligo um interruptor de luz, mas nada acontece. O
lugar quase parece ter sido saqueado.

Minha intuição está começando a me dizer que isso é uma má ideia. Eu


deveria voltar à noite. Como vou atirar em um homem à luz do dia? Como
vou matar um homem que nem está aqui? — Jameson! — Eu chamo de novo,
mas nada. — Foda-se! — Eu chuto uma caixa no chão e uma luz vermelha
piscando aparece. Eu me inclino para investigar, percebendo que é um
gravador.

Ele ia nos gravar.

Eu clico em parar e retroceder até o início.

— Por que você demorou tanto?

Oomph... — Que porra, idiota!

— Bem, isso não é maneira de falar com seu filho, é?

Nixon.

— Você deveria aprender algumas maneiras de como tratar os mais velhos...

Oomph... — Porra, garoto!

— Levante-se. Vamos dar um passeio.

— Eu não vou a lugar nenhum. Tenho planos com o seu outro irmão
psicótico...

Oomph... — Jesus, abaixe o bastão.

— Levante-se. Eu não vou pedir novamente.

— Onde diabos estamos indo?

— Para o meu lugar favorito. Com uma vista de cartão postal.


Sons de arrastos e a batida da porta é a última coisa que ouço antes de a
gravação se transformar em estática. Maldito Nixon. Que foi que ele
fez? Eu ouço a fita mais uma vez, tentando descobrir para onde ele está indo.

Com uma vista de cartão postal.

— Pense, porra, pense…

Cartão postal…

O chalé na praia que papai comprou para ele e Rowan. Nixon sempre ria do
quão fofo Rowan achava que era e brincou sobre como tinha uma visão de
cartão postal.

Porra!

Corro para a porta e acelero, esperando que não seja tarde demais.

***

Estaciono na casa e, com certeza, o carro de Nixon está estacionado na


entrada da garagem. Salto do carro e corro para a porta da frente, explodindo
através dela. — Nixon! — Eu grito seu nome, mas não preciso procurar
muito para localizá-lo - ou Jameson. — Nixon, não, — eu digo, meus olhos
grudados na arma que ele aponta para a cabeça de Jameson, que está
amarrado a uma cadeira.

— Vá para casa, Hayden. Isso não envolve você.

— Sim, envolve, cara. Você é meu irmão. Eu lhe disse para me deixar lidar
com isso. — Dou um passo mais lento, não querendo assustá-

lo.

— Ele ia arruinar a vida de Rowan. Se ela descobrisse o que eu fiz, ela não
seria capaz de lidar com isso. Ela me deixaria.

Eu dou outro passo. — Não, ela não faria. Ela ama você. — Eu olho para
Jameson para avaliar a condição em que ele está. Ele está sangrando pela
boca e nariz, um olho está inchado, e ele cheira como um balde de mijo.
— Ela não amaria se descobrisse o que eu fiz. Ele era muito perigoso para
sair vivo. Eu não poderia colocá-la em risco. Ele precisava morrer.

Jameson está se mexendo de um lado para o outro, tentando soltar suas


amarras. Estou preocupado que ele avance e faça com que Nixon
acidentalmente puxe o gatilho. Um passo mais perto. — Nixon, me dê a
arma. Esta não é a resposta. Por favor. Deixa eu cuidar disso.

Ele se vira para mim. — Oh, não é? E qual você acha que é a resposta? Cam
me ligou. Disse que ele falou com uma Katie histérica. Parece que você saiu
com uma arma. O que você planejou fazer com isso, irmão?

Porra.

— Exatamente. Não me diga que isso não é a coisa certa. Nós dois sabemos
que ele precisa morrer. É a única maneira de continuarmos. —

Ele traz seu foco de volta para Jameson.

— Nixon, — eu imploro.

— Vá para casa, Hayden. Eric confiou em você para fazer grandes coisas. Eu
era o fodido. Ele sabia disso. Nós todos sabemos disso. Eu não sou certo.
Nunca serei.

— Nixon, isso não é verdade. Quem dá a mínima para o que o pai queria?
Não é mais sobre ele. É sobre nós. E nós vivendo nossas próprias vidas agora.
Rowan precisa de você. Erica precisa de você. Eu preciso de você. Eu te amo
cara.

Meu último comentário o abala. Ele se vira para mim quando Jameson pula
da cadeira e joga Nixon no chão, tentando tirar a arma das suas mãos. Eu
puxo a arma da parte de trás do meu jeans e aponto para o chão. Eles estão se
movendo muito rápido, e eu não consigo ter uma boa mira. Meu dedo
comprime no gatilho, mas estou com muito medo de
acertar em Nixon. Meu coração dispara e minhas mãos ficam escorregadias
de suor. Preciso fazer algo rápido.

Porra!

Corro para ajudar Nixon quando a arma dispara, o som ecoando por todo o
pequeno chalé. Os olhos de Nixon se arregalam. — Hayden, —

Nixon diz meu nome. Sua voz parece vazia. Distante quase.

O tempo desacelera.

Não consigo afastar meus olhos dos de Nixon.

Eles gritam medo.

Uma sensação repentina de queimação no meu intestino faz com que eu olhe
para baixo. O sangue se expande pelo meu estômago, um ponto vermelho
crescendo como uma mancha de tinta. O tempo acelera quando trago minhas
mãos para o meu abdômen. Vermelho cobre minhas palmas.

— Hayden! — Nixon grita, vindo em minha direção, mas ele está muito
longe. Eu caio no chão, não consigo mais me segurar. A dor é excruciante.
Como uma bola de fogo explodindo dentro do meu estômago. Nixon se
inclina sobre mim, colocando as mãos na minha ferida para parar o
sangramento. — Hayden, foda-se. Não morra, por favor, PORRA!

Há mais comoção. A porta se abre. Mais vozes.

Trevor.

— Ligue para o 911!

Nixon desaparece da minha visão, substituído por Trevor. — Fica conosco,


filho. Você vai ficar bem. — Eu me consolo com suas palavras. De repente
me sinto cansado, então fecho meus olhos. — Fique acordado. Hayden, você
tem que manter os olhos abertos, ok? — Eu
quero. Estou tentando, mas estou tão cansado. Meu braço parece que pesa
uma tonelada, mas consigo levantá-lo e envolver meus dedos ao redor do
pulso de Trevor que está sobre o meu ferimento aberto.

— Sinto muito, — eu coacho, as palavras difíceis de falar. Começo a


engasgar. Estou lutando para colocar ar nos meus pulmões.

— Não faça isso. Não faça isso, porra! — Ele grita para mim.

— Sinto muito, — eu repito, porque eu sinto. Por muitas coisas. Se há uma


coisa que eu quero que eles saibam, é que sinto muito pelo modo como os
tratei. A maneira odiosa como agi com Trevor. Minha tentativa fracassada de
ser guardião de Camden. Talvez se eu tivesse sido um irmão melhor para
Nixon, ele não fosse tão fodido. Talvez se eu aceitasse Brock por quem ele é,
não teríamos nos distanciado nos últimos dois anos.

De repente, meus outros irmãos estão ao meu lado. — Cale a boca, mano.
Você não vai morrer. — Brock.

— Sim, eu preciso que você assine a merda da minha faculdade. Vou precisar
de você para viver, ok, cara? — Camden. Eu posso ouvir em sua voz. Ele está
chorando.

Os sons fracos das sirenes soam ao fundo. Espero que esteja tudo bem agora
em fechar meus olhos, então eu fecho. Os gritos e choros murmurados se
misturam.

Estou tão cansado.

Preto.
Capítulo Onze

Katie

Corro através das portas do pronto-socorro e passo por uma multidão parada
em frente ao posto da enfermeira. — Com licença, um homem foi trazido.
Baleado. Hayd...

— Katie.

Eu chicoteio para a esquerda para ver Camden.

— Onde ele está?

Ele caminha até mim e pega minha mão. — Ele está em cirurgia, —

diz ele e me leva para a área de estar, onde vejo Brock e Nixon. Oh Deus.
Nixon está coberto de sangue.

— Cirurgia? Porquê cirurgia? O que aconteceu? — olho para cada irmão.


Ninguém responde. — O que diabos aconteceu! — Eu grito em histeria.
Estava com a Lucy quando recebemos a ligação. Trevor disse a ela que
Hayden havia sido baleado.

— Mantenha a voz baixa, — Nixon finalmente fala.

— Então fale comigo. Alguém, por favor. — Eu começo a chorar de novo.

Brock se levanta e sai enfurecido. Eu olho para Camden por algumas


respostas, depois para Nixon. — O que você está escondendo? — Nixon olha
para o outro lado. — Nixon, o que você...?

— Nixon? — A voz de Trevor corta. Eu me viro para ele, e o cavalheiro


uniformizado de pé com ele. — Desculpe, mas este oficial precisa fazer
algumas perguntas.
Nixon olha para Trevor e eu juro que eles trocam uma mensagem silenciosa.
— Sim, tanto faz.

— Sr. Pearson, meu nome é Dexter Forbes. Eu sou do Departamento de


Policia de Tampa Bay. Você se importaria de me dar um resumo do que
aconteceu esta manhã?

— Meu irmão e eu fomos nos encontrar no meu chalé na Lincoln Bay. Ele
disse que tinha brigado com a namorada e precisava conversar. Deparamo-
nos com um intruso tentando roubar o lugar. Ele tinha uma arma. Eu o
abordei. Enquanto estávamos lutando, a arma disparou. Meu irmão foi
baleado.

— Oh Deus. — Eu cubro minha boca. Meu estômago revira e caio, lutando


para colocar ar nos meus pulmões.

— Sr. Pearson, você reconheceu o intruso? Você sabe o que aconteceu com
ele?

— Não. Corri para o meu irmão e ele fugiu. Tudo aconteceu tão rápido que
não prestei muita atenção nele ou dei uma boa olhada.

— Você saberia ou teria alguma razão para alguém mirar a casa? Talvez
um...

— É o bastante. O irmão dele está lutando por sua vida agora. Isso tudo pode
esperar, — Trevor interrompe, parando qualquer questionamento.

O oficial assente. — Compreendo. Meus pensamentos estão com todos vocês.


Se você lembrar mais alguma coisa, por favor, nos ligue. Temos patrulhas
procurando pela área. Avisaremos sobre qualquer atualização. — Ele entrega
a Nixon um cartão de visita e sai.

O irmão dele está lutando por sua vida.

Não consigo respirar.


— Onde ele foi baleado? — Por favor, diga no braço ou na perna.

O rosto de Nixon está taciturno enquanto responde. — No estômago.

— Não, — eu suspiro, perdendo minhas forças. Minhas pernas cedem e eu


desmorono. Trevor está em cima de mim, levantando-me um pouco antes de
eu bater no chão. — Ele está vivo? — Não sei como tenho coragem de fazer
uma pergunta para a qual não quero a resposta.

— Ele estava quando o trouxeram, — diz Camden severamente.

Não. Ele não pode morrer.

O olhar sombrio de Camden me diz que ele não pode garantir que não
aconteça.

***

— Diga-me, ou eu vou arrancar suas extensões de cabelo barato e enfiar na


sua bunda! — Eu grito. Um conjunto de mãos envolve-me, afastando-me do
posto de enfermagem. — Me deixe ir! Eu preciso de uma atualização! Eles
precisam nos dar uma porra de ATUALIZAÇÃO! —

Camden não me solta até estarmos sentados novamente na sala de espera do


inferno. Estamos aqui há quase seis horas e tudo o que nos disseram é que
Hayden ainda está em cirurgia. Isso foi há três horas. Nós não sabemos se ele
está vivo. Se ele está morto. Oh Deus. Eu começo a soluçar de novo. Não
posso olhar para Nixon. Ele ainda está usando a camisa suja.

— Vai ficar tudo bem. — Camden tenta me consolar, mas ele não sabe disso.
Uma coisa tão idiota que as pessoas dizem.

— Você não sabe disso.

— Não, mas eu sei que Hayden é um lutador. — Ele aperta minha mão, seu
relógio chique brilhando sob as luzes de halogênio maçantes acima de nós.
Por um momento, eu me fixo no modo como o ponteiro dos
segundos avança, tic-tac, tic-tac, girando em círculos. Seu polegar bate nas
costas da minha mão no ritmo dos segundos, e serve para me acalmar um
pouco.

— Por que você ama tanto relógios? — Eu pergunto abruptamente -

qualquer coisa que afaste minha mente do que está acontecendo na sala de
cirurgia.

As feições de Camden ficam sombrias. A máscara do jovem sempre


sorridente e feliz que ele veste desapareceu. Ele pisca várias vezes antes de
dizer: — Eu apenas amo.

Um gemido de emoção me escapa. Ele parece tanto com Hayden, que dói. —
Oh Deus.

— Ei, — diz ele suavemente, retornando ao seu comportamento normal. —


Grande, mau e selvagem, lembra? Ele não iria nos deixar tão facilmente.

O apelido que seus irmãos lhe deram quando eram mais jovens gera tantas
lembranças, começando com nosso segundo encontro.

— Lá vai você de novo, — eu digo a ele. Ele parece continuar se perdendo


em seus pensamentos.

— Ir para onde? — Pergunta ele.

— Para sua cabeça. Quer falar sobre isso? — Duvido que ele queira
confessar todos os seus problemas a uma estranha, mas eu me sinto longe
disso com ele. É esquisito. Eu sei que o conheço há pouco tempo, mas parece
desde sempre. — Tudo bem. Que tal eu fazer o que alguém fez por mim uma
vez? Realmente salvou minha vida.

— Oh? E o que foi isso? — Ele pergunta.

Eu nem acho que ele perceba que nossas mãos ainda estão conectadas. Eu as
levanto e digo: — Isso. — Ele olha atentamente para
nossas mãos unidas. Eu me pergunto se ele pode sentir o pequeno zumbido
entre nós. Eu sigo seu exemplo e olho para a água, ficando bem com o
silêncio.

— Katie?

— Sim? — Eu me viro para dar-lhe a minha atenção.

— Você acredita em destino? Coisas na vida que estão predestinadas a


acontecer?

Eu me pergunto o que desencadeia essa questão. Foi tudo o que aconteceu


em sua vida? Foi por ter me encontrando? Oh Deus, não seja boba, Katie.
Ele mal conhece você. — Acredito, — eu respondo a ele honestamente.

— Você acredita em anjos da guarda?

Eu rio, em seguida, giro todo o meu corpo, dando-lhe toda a minha atenção.
— Ok, você me pegou. O que há com as perguntas aleatórias?

Ele volta a olhar para a água. Ele demora tanto para responder, que quase
acho que não vai. Então ele se vira para mim. É a primeira vez que o vejo
sorrir e isso muda algo em mim. — Bom. Porque eu tenho um pressentimento
que um dia, em breve, você vai se apaixonar por mim. Eu sou irresistível,
então não será difícil. E quando você fizer isso, vou pedir para você ficar e
viver o resto dos nossos dias juntos como fazem naqueles extravagantes, mas
tão comoventes contos de fadas.

Três meses depois, liguei e pedi uma licença do meu trabalho, mandei o meu
irmão arrumar a maioria das minhas coisas e enviá-las para mim,

negociei

uma sublocação

de seis
meses no

meu

apartamento. Levou menos de uma semana para me apaixonar perdidamente


por Hayden Pearson. Ele sempre me culpou, dizendo que
demorei muito para me apaixonar por ele alegando que se apaixonou por
mim naquele dia na piscina.

— Ele vai me deixar. Ele vai me deixar. — Eu choro no ombro de Cam com
o pensamento de Hayden nunca me dar a chance de provar a ele o quanto eu
o amo. O destino não nos uniu, não uma, mas duas vezes, para que ele me
deixasse.

— Pare, tenha fé nele. — Ele me abraça. — Você sabe, ele nunca parou de te
amar. Ele estava sendo tão duro consigo mesmo pelo que aconteceu entre
vocês dois. Eu acho que foi por isso que ele esteve tão frio nos últimos
meses. Ele nunca mostrou seus sentimentos sobre o que aconteceu, mas era
evidente que estava sofrendo. Nunca me confidenciou nada, mas uma vez, ele
estava muito bêbado falando merda sobre o pai e você foi citada. — Ele
relembra.

— Você acha que o papai teria feito o que fez, sabendo que teria sua cabeça
estourada?

Hayden começa a rir e engole o resto de sua cerveja. — Porra, cara, um


pouco mórbido, você não acha?

— Como assim? Foi o que aconteceu, não foi? Ele tinha tudo e perdeu tudo
por ela. Eu simplesmente não sei o que é tão bom que você arriscaria perder
toda a sua vida.

Hayden fica quieto.

— O quê? Você sacrificaria sua vida por alguém?

— Katie. Eu o faria por Katie.

— Ele não disse mais nada depois disso. Desligou. Mas o pequeno vislumbre
de si mesmo que ele me deu... Acho que me mostrou o que eu já sabia. Ele
ama você como nenhum outro.
Encharquei a camisa dele. Minhas lágrimas estão jorrando dos meus olhos.
Não consigo respirar. — Eu o amo tanto. Ele me acusou de não amá-lo. Se
ele morrer, vai morrer pensando que eu não o amava.

— Shhh... — Ele dá um tapinha nas minhas costas. — Não vamos ficar


dramáticos. Hayden provavelmente está lá atrás rindo de todos nós, comendo
gelatina verde. Cabeça erguida, criança.

Ergo minha cabeça e dou a ele um olhar maluco por me chamar de criança.
— Você sabe que eu sou dez anos mais velha que você, certo?

— Sim, mas eu sou o que você chama de uma alma antiga. Um dia, quando
estiver sentado no meu escritório oval, você se lembrará desse momento e
pensará, cara, Camden Pearson era um homem sábio.

Não achei que fosse possível em um momento como este, mas eu sorrio. —
Obrigada.

Ele encolhe os ombros, agindo calmamente por nós dois. Como se seu
próprio irmão não estivesse lutando por sua vida. As portas da sala de
emergência se abrem e nós dois olhamos para ver Brock invadir.

— Alguma novidade? — Pergunta ele enquanto se aproxima de nós.

— Nada. Não desde a última vez que eu mandei uma mensagem. Está feito?
— Camden pergunta.

Brock acena com a cabeça. — Está feito.

***

Estamos chegando a nove horas.

As nove das mais longas horas da minha vida.

Todo mundo está aqui. Lucy tem Eva dormindo em seus braços. Trevor,
Brock e Camden. Nixon saiu para levar Rowan e Erica para casa e colocar
Erica na cama, mas há muito que voltou, mudou de roupa e tomou banho. De
vez em quando, olho para Trevor. Ele está
péssimo. Mesmo o toque calmante de Lucy não está resolvendo. Não tenho
estado por perto para testemunhar suas explosões, mas agora, eu percebo.
Está sendo duro para ele.

Movo minha atenção para Brock e Camden, que estão em uma conversa
acalorada no canto.

Algo está acontecendo com esses dois. Perguntei um bilhão de vezes qual é a
verdadeira história. Eu sei que eles estão mentindo. Todo mundo está. Até
mesmo Trevor. Não aguento mais. Pulo e vou em direção a eles. Eu vou
forçá-los a me dizer o que realmente aconteceu.

— Apenas responda à minha maldita pergunta. Alguém viu você? —

Camden cospe para Brock, que balança a cabeça.

— Quem viu o quê? — Eu pergunto, e ambos pulam. — Algo está errado. Eu


não sou burra. Diga-me o que realmente aconteceu. Não acredito nem por um
segundo que foi...

— Família Pearson?

Eu viro minha atenção para o médico. Ele está tirando a touca de sua

cabeça

passando os

dedos

pelos

cabelos. Parece

cansado. Derrotado.

Não…
Todo mundo corre para ele, pergunta após pergunta sendo jogada nele.

Ele está vivo?

Como foi a cirurgia?

Podemos vê-lo?

Eu quero as mesmas respostas, mas minhas pernas se recusam a se mover.


Não consigo ouvi-lo dizer essas palavras. Não posso ouvi-lo explicar que ele
fez o que pôde e que sente muito pela nossa perda.
— Katie. — Eu ouço meu nome sendo chamado. Saio da névoa para ver Cam
me chamando. Caminho entorpecida para ouvir o médico começar a falar.

— A cirurgia correu tão bem quanto era esperado. Ele perdeu muito sangue.
A bala penetrou no abdômen. Não perfurou nenhum órgão interno
surpreendentemente. Ele tem muita sorte de estar vivo. — Ele está vivo. Ele
está vivo. — Ele está estável no momento, mas as próximas vinte e quatro a
setenta e duas horas realmente determinarão.

— Podemos vê-lo? — Trevor pergunta.

O médico hesita antes de responder. — Sim, mas por um curto período de


tempo. Vou avisá-los, tivemos que colocá-lo em coma induzido. É só uma
precaução. Para deixar seu corpo curar.

Todos pedem para entrar primeiro. — Por favor, apenas um ou dois no


momento. E apenas a família agora.

Nixon estende a mão e agarra a minha, me puxando para frente. —

Ela é noiva dele. — Meus olhos se arregalam. Olho para Cam e Brock. Eles
deveriam ir primeiro.

Cam descansa a mão no meu ombro. — Está tudo bem. Ele precisa mais de
você do que de nós agora.

Com um agradecimento silencioso, continuo segurando a mão de Nixon e


seguindo o médico pelas largas portas do hospital.

***

Nunca há qualquer preparação sobre como lidar ao ver alguém que você ama
deitado em uma cama de hospital, conectado por tubos e monitores. Ele não
se parece com ele mesmo. Pálido, inchado. O médico nos avisou antes de
entrar em seu quarto. O líquido que eles estão bombeando está fazendo com
que ele pareça inchado. Outra precaução
que eles estão tomando. Ouço um som ao meu lado e percebo que Nixon está
rangendo os dentes.

— Oh, Nixon. — Eu envolvo meus braços ao redor dele.

— Isso é tudo minha culpa. Eu fiz isso.

— Não, você não fez. Você não atirou nele.

— Eu poderia muito bem ter atirado. — Seus ombros ficam tensos enquanto
tento oferecer-lhe conforto. Eu não acho que já vi Nixon mostrar tanta
emoção antes. Não posso deixar de me sentir oprimida por sua dor e raiva.
Começo a chorar nele e ele deixa.

Ficamos assim por algum tempo, até que Nixon finalmente se afasta dos
meus braços. — Não posso ficar aqui. Eu vou te dar um momento. —

E ele se vai.

A sala está estranhamente silenciosa, além do sinal sonoro da máquina e do


ventilador. Puxo uma cadeira até à cabeceira e me sento. Ele está tão quieto, a
subida e descida de seu peito é o único movimento. Sua mão está fria quando
eu a toco. Tenho medo de fazer qualquer outra coisa, preocupada que vou
machucá-lo.

— Você lembra quando eu te disse que levei sete dias para me apaixonar por
você? Toda a merda que você me deu, porque você sabia logo de cara que eu
era seu anjo enviado para salvá-lo de si mesmo? Bem... Eu menti. Eu me
apaixonei no dia em que você deslizou sua mão na minha. Eu senti. O
zumbido entre nós. Meu coração aumentou naquele dia porque precisava de
mais espaço para todo o amor que eu sentia. Você me perguntou se eu
acreditava no destino. Eu disse sim, mas nunca lhe disse o porquê. — Limpo
uma lágrima da minha bochecha. —

Você sempre me disse que eu te salvei. Mas sinceramente, você me salvou


primeiro. Minha vida antes de você era tão solitária. Eu estava
caindo no meu próprio buraco depressivo. Nunca compartilhei isso porque
não queria te sobrecarregar quando você já estava lidando com tanto. Eu me
esforcei para encontrar propósito para mim. Quando Lucy partiu, ela carregou
toda a felicidade e paz com ela. Ela era minha melhor amiga. E

quando ela saiu eu estava sozinha.

— Nunca contei isso a ninguém, mas passei algumas semanas em uma


clínica. Eu disse a Lucy que estava fora em uma viagem de trabalho, mas me
internei. Eu tive uma noite difícil e tentei cometer suicídio. Falhei,
felizmente, e no dia seguinte, me internei em uma clínica. Eu precisava de
ajuda de um jeito ruim, mas não queria que a solução fosse a morte. Alguns
dias depois que voltei para casa foi quando recebi a ligação sobre Lucy. Eu
corri para a Flórida, e então... Eu te conheci. Era como se você fosse meu
anjo. Você me deu um propósito. Você me deu algo que eu temia nunca
experimentar - um amor tão profundo, que não existe uma palavra real para
descrevê-lo.

Tenho que parar para recuperar o fôlego. As lágrimas estão dificultando a


visão.

— Quando te deixei, quase me matou de novo. Eu não queria nada além de


ajudá-lo. Guiar você através de sua escuridão, assim como você secretamente
fez na minha. Eu não conseguia ver a vida sem você, mas não sabia se estava
te ajudando ou te machucando. Então, fiquei longe. —

Meu choro se transforma em soluços. — Eu fiquei longe porque queria que


você melhorasse. Mas nenhum de nós ficou melhor. Voltar aqui me fez
perceber isso. Nós somos quem somos. Mas nosso amor é o que sempre nos
guiará. Me desculpe ter partido. Eu deveria ter ficado. Não deveria ter
deixado você me afastar. E agora, agora você pode me deixar, e eu não serei
capaz de sobreviver a isso. Não vou aguentar se você me
deixar. Nossa história ainda não acabou. Por favor, por favor, não me deixe.

Eu soluço, segurando sua mão, implorando que ele se cure e volte para mim.
Dizer que me perdoa. Que ele me ama. Que vamos ficar bem. Mas ele não faz
nada disso. Ele apenas fica lá, como se estivesse dormindo, mas na realidade,
ele está lutando por sua vida.
Capítulo Doze

Hayden

Eu ouço todos eles.

Cada um que entra no meu quarto.

Eu os ouço.

É um sentimento surreal. Eu quero ser capaz de responder, e na minha mente,


eu o faço, mas eles não respondem a nada do que eu digo. Imploro a Katie
para ficar, mas meus pedidos não são ouvidos. Logo, a voz dela fica distante,
e então ela se foi.

O tempo não existe onde estou. Não sei quanto tempo faz. Eu me pergunto
quando Katie voltará e falará comigo. Tenho muito a dizer de volta. A voz de
Camden me traz de volta à superfície. Sua voz soa estranha. Ele parece
chateado e não sei por quê. Eu me sinto bem. Eu vou ficar bem.

— Eu tenho planos. Você vai ver. Grande escritório. Grandes jogadas. Você
se exibe administrando a Four Fathers, só espere até que seja a minha vez de
me exibir. Vocês todos estarão implorando por um pedaço do mais novo
Pearson.

Eu nunca esperei nada menos, irmãozinho.

— Eu sei que você duvida de si mesmo. Mas você tem sido um grande irmão.

Não fui. Eu deveria ter sido melhor para você.

— … E eu não gostaria da nossa vida de outra maneira. Talvez a cabeça do


papai não fosse arrancada, — ele ri.
Eu rio com ele. Mas então ele não está mais rindo. Por que ele está chorando?
Não chore por mim, Cam. Eu não valho a pena.

***

A cada voz que ouço, começo a me perguntar se morri. Eu estou preso em


uma vida após a morte? Por que eu posso ouvi-los, mas eles não podem me
ouvir? Todo mundo parece tão triste.

— Você não merecia isso. As dificuldades que seu pai te fez passar.

Trevor.

— Eu sei que você está zangado comigo. Você teve uma vida difícil. Mas eu
nunca quis nada além do melhor para você. Para todos os seus irmãos. Eu te
amo como se fosse meu. Isso nunca mudou.

Por que ele está ficando tão chateado? Ele parece estar chorando. Sua voz
entra e sai até que eu não o ouço mais. Deve ter ido embora. Onde está indo
todo mundo?

— Sinto muito por ser um irmão de merda. Eu sabia que você estava fazendo
o melhor que podia. Apenas não nos deixe, cara. Você é a rocha para todos
nós. Você não pode nos deixar.

Brock.

Por que eu deixaria? Eu possuo esta cidade do caralho. Brock, por que eu iria
embora? Mais uma vez, sua voz desaparece e estou preso no silêncio. Não sei
se já se passaram segundos ou dias quando os sons abafados chegam até
mim.

— Eu sempre soube que Eric não era meu pai, mas não passou um dia em
que não te considerei meu irmão. Nós ainda temos o mesmo sangue
circulando por nós. Eu sinto muito por isso. Sinto muito por não ser normal.
Por ser tão errado da cabeça. Eu simplesmente não podia ver você cometer
um erro que cometi. Não me arrependo do que fiz. E isso é o que
me faz tão errado. Eu faria tudo de novo se tivesse a chance. Mas isso, eu
nunca pediria isso. Se você morrer, eu não vou durar. Eu preciso de você.
Preciso que você me lembre de que vou ficar bem. E eu vou te dizer que você
não tem que suportar o fardo de todos nós. Estamos juntos. Todos os quatro.
Nós somos Pearson. Nós não deixamos o outro cair. Então, porra, acorde.
Diga-me que vai ficar bem. Porque se você morrer. Que não aconteça, eu
não sei o que acontecerá a partir daí.

Por que Nixon parece tão triste? Eu estou bem aqui, irmão. Não sinta o meu
fardo. Eu sou o único que nos mantém unidos. Não estou indo a lugar
nenhum. Eu tenho um império para administrar. Uma garota para casar. Uma
fraternidade. Por que todo mundo está tão triste pra caralho?

Os sons de bipes ficam mais altos. Eu gostaria que eles calassem a boca,
porque eu não posso mais ouvir Nixon. Grito seu nome, mas ele não
responde. O sinal sonoro fica mais alto, e então ouço muitas vozes.

— Eu preciso de um médico!

— O que diabos está acontecendo?

— Precisamos de um desfibrilador! Código azul!

— Hayden, NÃO!

***

Parece diferente agora.

Não há mais sons ou vozes.

Eu estou morto?

Posso ver as cores. Eu não era capaz antes. Porra, acho que estou morto.

Não! Isso não é o que eu quero. Eu preciso voltar.

— Você parece um gatinho perdido. Eu pensei que tivesse te criado melhor


do que isso.
Eu me viro, uma figura aparecendo diante de mim. — Pai? — Oh, foda-se.
— Eu estou morto?

— Bem, espero que não, porra. Não tive minha cabeça explodida e deixei
meu legado só para você me seguir.

— Então, como você está aqui? Onde estou?

— Você está em um lugar para onde as pessoas fracas vão. Pessoas que não
lutam o bastante pelo que querem.

Acho isso engraçado. — Diz o homem que teve sua cabeça explodida por
causa da nossa vizinha menor de idade.

— Quem sabia que aquele babaca acabaria sendo um psicopata safado. Eu


acho que não é uma surpresa. Ele com certeza me enganou. Talvez a casa de
bonecas deveria ter me dado pistas. Mas minha semente deixou sua marca.
Ele nunca vai se livrar de mim. Então, no final, eu venci. Xeque-mate.
Mesmo assim, parece que ele não durou muito mais tempo na terra.

— Você está aqui para me guiar para o céu ou alguma merda?

— Foda-se não, filho. Estou aqui para te dizer para deixar de ser um
bocetinha. Eu te criei para ser durão. Você pode pensar que a maneira que
lidei com você foi uma merda, mas olhe para o homem que você é hoje. Um
Pearson forte. Não prove que agi errado. Esta não é a sua hora. Volte e lute.
Tome o que é seu por direito. Deixe-me orgulhoso.

Sinto-me estranho.

Posso chorar onde estou?

Meu pai parece jovem. Como quando éramos crianças. Isso me faz perceber
o quanto sinto falta dele. Quero abraçá-lo e dizer-lhe isso, mas ele começa a
desaparecer. — Espere. Não vá.

Ele não parece me ouvir.


— Papai! — Eu grito, mas nada sai da minha boca.

O maldito apito soa novamente. Eu grito para o meu pai voltar, mas o sinal
sonoro é tão alto. E de repente, sinto como se o peso de toneladas fosse
empurrado para o meu peito.
Capítulo Treze

Katie

Quatro dias depois...

— Você vai voltar para casa e ter uma boa noite de sono?

Levanto a cabeça para ver Nixon caminhando segurando dois cafés. — Sim,
quando o levarmos para casa.

Estamos no quarto dia.

Hayden tem entrado e saído. Os dois primeiros dias foram os mais


assustadores de todas as nossas vidas.

Ele morreu duas vezes.

Eles foram capazes de estabilizá-lo, e nós estamos navegando desde então. O


médico tirou-o do coma induzido ontem, então agora é apenas um jogo de
espera. Eles disseram que seu corpo vai saber quando for a hora e para
sermos pacientes. Vou esperar para sempre, desde que isso signifique que ele
vai acordar.

Pego o café e trago aos meus lábios. — Obrigada. O café do hospital é uma
merda.

— É provavelmente o que está colocando as pessoas no hospital.

Volto para Hayden. Ele parece melhor. Sua cor está retornando e ele não está
tão inchado. Eles o tiraram do IV esta manhã.

— Alguma mudança? — Pergunta ele, puxando uma cadeira para o outro


lado da cama.

— Não. Juro que ele apertou minha mão no meio da noite, mas quando
chamei uma enfermeira, ela disse que provavelmente são apenas espasmos
musculares.
Nixon acena com a cabeça, absorvendo seu irmão. Todo mundo está aqui
todos os dias. Nixon mais. O Oficial Forbes passou por aqui, na esperança de
conseguir uma declaração, mas tem sido uma viagem desperdiçada.

— Falando em cuidar de nós mesmos, você comeu alguma coisa


ultimamente? Você está um pouco magro hoje em dia.

Ele rosna e toma um grande gole de café. — Você soa como Rowan. Eu
estou comendo. Érica me alimenta daqueles desagradáveis cheddars o dia
todo.

Eu ri. — Eu quero dizer comida de verdade. Você não está fazendo bem a
ninguém ficando debilitado.

— Olha quem está falando, — diz ele. — Por que você não aceita deixar este
quarto e eu vou comer alguma coisa e nós vamos até o...

— Katie...

Nós dois pulamos.

Meus olhos correm para os dele. — Hayden?

Nixon está de pé e fora de sua cadeira, correndo e gritando por uma


enfermeira.

— Oh Deus, você está acordado! — Lágrimas instantaneamente enchem


meus olhos.

— Katie, — diz ele novamente, forçando sua garganta.

— Shhh, não fale. Você estava com um tubo de respiração. Eles o tiraram,
mas você vai ficar dolorido. — Eu me levanto e me inclino sobre ele. Sua
mão está tentando levantar, mas ele está lutando. — O quê? O

que é isso?

— Minha, — ele murmura.


Eu engasgo com meus próprios soluços. — Sim, sou sua. Sempre sua.

***

Hayden

Dois dias depois...

— Estou bem. Eu não preciso disso, — eu rosno para a enfermeira tentando


me drogar. Elas me derrubam e eu preciso estar alerta. Focado. Eu me
preocupo que, se cair no sono, não vou acordar.

— Sr. Pearson, você foi baleado. A medicação só vai ajudá-lo a ficar


confortável.

— Não se preocupe. Tire essa merda de perto de mim.

— Ele está lhe dando problemas de novo? — Ela está de volta, graças a
Deus. Eu fico ansioso sempre que ela sai. Seu sorriso é a única droga que
preciso.

— Ele não quer tomar os analgésicos. Eu continuo dizendo a ele que tentar
aguentar um tiro não é a definição de bravura.

Katie ri e eu juro que já me sinto melhor. — Um homem tão grande e mau.


— Isso é certo porra. Antes dela ir buscar café, eu pedi que chamasse todos
os meus irmãos. Eu precisava saber o que realmente aconteceu. Nixon me
contou a história que eu teria que contar aos policiais, assim que estivesse
coerente o suficiente para entender. Isso também significava que Katie foi
deixada no escuro.

Nixon foi curto ao explicar que ninguém sabia a verdade. Mas chegou a hora.
Sem mais segredos.
Assim que Katie se sentou ao lado da minha cama, a porta se abriu e todos se
juntam, incluindo Trevor. Quando a porta está fechada, não perco tempo em
começar.

— Eu quero saber o que aconteceu. E eu quero saber tudo. — Não me lembro


de levar um tiro. Lembro-me de entrar no chalé e tentar conversar com
Nixon. Eles caíram e então as coisas ficaram sombrias para mim.

Todos olham em volta sobre quem deve falar quando Nixon avança.

— No dia em que saí da casa de Eric, fui embora. Levei Rowan e Erica para
casa, e fiz algumas escavações. Eu sabia que Eric tinha câmeras por toda a
parte externa por segurança. Não sabendo se elas ainda estavam funcionando,
voltei mais tarde para descobrir que estavam. Parece que tinham detectores de
movimento. Elas ligam sempre que há movimento. Uma vez que estivemos
lá, elas estavam funcionando. Isso me permitiu pegar a placa de Jameson, que
mais tarde me levou até sua casa.

Lembro-me de ir até à casa dele e da gravação.

— Ele parecia estar pronto e esperando. Mas eu não percebi que ele estava
esperando por você. Ele ficou tão surpreso ao me ver quanto eu quando ele
mencionou você. Eu sabia que você ia tentar fazer algo idiota. Então, acabei
fazendo antes. Eu o levei ao chalé, sabendo que era o último lugar que
alguém suspeitaria. Ninguém realmente sabia sobre o lugar. Eu ia fazer o meu
problema desaparecer. Mas então você apareceu.

— O que aconteceu com Jameson, — eu pergunto calmamente. Eu não posso


ter outra morte nas mãos do meu irmão.

— Eu cuidei dele, — Trevor se adianta.

Choque me atinge. — Você o matou?


— Não. Eu te disse, matar não era a resposta. Mas nos certificamos de que
ele nunca chantageará ninguém novamente.

Estou confuso. — Explique, agora, — eu digo.

Desta vez, é Brock quem fala. — Nós nos certificamos de nos livrar do vídeo
antes de qualquer coisa. Ele tinha uma cópia escondida na casa e outra em
seu telefone. Ambas foram destruídas.

— Jesus, o que você fez?

Um sorriso aparece em seu rosto. Ele dá uma rápida olhada para Nixon,
depois Cam, que usam sorrisos correspondentes. — Bem, nós queimamos o
barraco dele. Fácil. Era velho e eles concluíram que foi causado por fiação
ruim.

— Jesus, — suspiro. O que eles estavam pensando? Incêndio criminoso é tão


grande quanto um assassinato. — E o telefone dele? O

que você fez para ter certeza de que ele não iria à polícia ou tentaria nos
explorar?

Os três começam a rir. — Vamos apenas dizer que Ethan tem um amigo que
está com problemas e estava disposto a nos ajudar. Por um pequeno preço,
fizemos uma pequena chantagem. Se Jameson Vincent tentar retornar a
Tampa, nos chantagear ou até pensar em falar, certo vídeo dele, um cavalo e
alguns caras aparecerão. Ele estava bem em aceitar o acordo.

Não posso fazer nada além de balançar a cabeça. Então eu me junto a eles
rindo. Malditos Pearsons. Todos começam a se acalmar e Nixon pega seu
telefone da mesa.

— Vou deixar você descansar um pouco. Vamos ver você quando for
libertado amanhã.
Estendo a mão e agarro seu antebraço. Ele para e nossos olhos colidem.

— Estamos juntos. Todos os quatro. Nós somos Pearson.

Há reconhecimento em seus olhos. Ele não esconde a lágrima que cai. Ele
balança a cabeça, sabendo que todos nós vamos ficar bem.

— Agora, todos vocês podem dar o fora para que eu possa falar sobre sexo
no hospital.
Epílogo

Hayden

Dois meses depois…

— Bola de canhão! — Brock grita e pula na piscina, enviando uma onda de


água para Rowan e Erica. Eu rio de Trevor, que parece furioso por acordar
uma Eva adormecida aninhada em seu transportador na sombra.

Tomando outro gole da minha cerveja, meus olhos se fecham na porta de


vidro por onde Lucy e Katie desapareceram. Katie saiu do apartamento
apressada esta manhã, dizendo que tinha que realizar uma tarefa rápida. Ela
está agindo de maneira estranha a manhã toda, e estou preocupado que seja
algo que fiz.

Já faz dois meses desde que eu bati na porta da Morte e disse para ela se
foder. As conversas que ouvi ainda estão pesadas em minha mente.

Principalmente aquela com meu pai. Até hoje, eu me pergunto se foi real ou
apenas um sonho.

No dia em que fui liberado, prometi a mim mesmo fazer muitas mudanças. A
vida não me devia nada, e depois de quase perder a minha, percebi que tinha
muito o que viver. Meus irmãos, Katie, ver através do legado da companhia
do meu pai. Prometi definir a porra toda. Ser mais responsável no trabalho.
Ser menos idiota. Basicamente, me desfazer do peso da minha revolta.

Cheguei a um acordo com as responsabilidades da minha vida. Sou mais


grato pelo meu sistema de apoio. Não estou zangado pelo peso que tenho de
tentar manter a nossa família unida. Eu sou grato por isso. Apesar de como
todos nos sentimos sobre o nosso pai e mãe, eles
nos deram uns aos outros. Nós sempre teremos uns aos outros. Mesmo que
algum de nós não consiga concordar às vezes.

Um fato sempre permanecerá. Nós somos Pearson.

Eu não a mereço, mas Katie ficou. Eu me preocupei dela ter tomado sua
decisão por causa do que aconteceu. Não vou negar que tive alguns dias ruins
em que voltei ao meu antigo eu. Mas desta vez, ela fez o que jurou que não
deixaria acontecer uma segunda vez e não permitiu que eu a afastasse.

Ser baleado e quase morto muda uma pessoa. Nas primeiras duas semanas,
uma nuvem de depressão se instalou. Eu queria me culpar por tudo. Fiquei
com raiva de como deixei as coisas tão fora de controle. Mas Katie. Deus,
minha Katie estava ao meu lado a cada passo do caminho. Ela sabia como
lidar comigo. E ela fez isso. Ela desligou toda a minha loucura. Ela falou
comigo. Ela me segurou em alguns momentos baixos. E

no final, saí mais forte. Nós saímos mais fortes.

A última coisa que eu queria era que ela ficasse pelos motivos errados.

Ela me disse que ficou porque o destino não age três vezes. Eu concordei.

— Tudo certo?

Rompendo meus pensamentos, viro à minha direita e percebo que Trevor


ocupou a cadeira ao meu lado. — Por que você pergunta isso?

— Muitas mudanças estão por vir. Sem mencionar que você está olhando
para aquela porta pelos últimos vinte minutos.

Eu afasto meus olhos da porta e tomo outro gole da minha cerveja. — Não,
está tudo bem. Chegou a hora. — E é isso. Eu finalmente tomei uma decisão
sobre a casa. Estou assinando a favor de Nixon. Ele
quer que a nossa casa e a de Wheeler sejam demolidas, e algo seja construído
aqui para substituí-las. Eu sou a favor da sua decisão. Eu não podia imaginar
outra família morando nesta casa com todas as lembranças - boas e ruins.

Eles saberiam a escuridão que existia aqui? E na porta ao lado?

Quero que todos nós sigamos em frente. Todos nós merecemos. E

parece impossível com todas as memórias que residem dentro dessas paredes.
Nixon tem um plano. Um que eu apoio. Isso vai tornar possível que todos nós
sigamos em frente. Curar.

Mais salpicos e gritos, desta vez de Nixon enquanto protege Erica.

— Vocês dois resolveram sua merda?

Ele está falando sobre o Brock. Ele sai amanhã para voltar para a escola.

Outro gole. — Sim. Eu não posso forçá-lo a trabalhar na Four Fathers. Só não
quero vê-lo foder sua vida. — Estou cansado de lutar com ele. Ele está tão
decidido a se rebelar contra qualquer coisa que eu diga. Ele seria uma ótima
adição para a empresa, mas ele quer me ignorar. Argumentos contínuos.
Superei isso. É hora de aceitá-lo por quem ele é e deixá-lo encontrar seu
próprio caminho.

Outro olhar para a porta.

Não posso me livrar desse sentimento. Não acho que fiz nada de errado, mas
quando ela saiu, parecia preocupada.

Ela não me abandonaria. Ela me ama.

— O que você acha que essas mulheres estão fazendo?

Eu bebo o resto da minha cerveja e deixo cair a garrafa vazia. —

Estou prestes a descobrir. — Levanto-me e começo a entrar. Estou cansado


de me preocupar com o que está acontecendo com ela.
Não as vejo imediatamente, mas ouço suas vozes sussurradas vindo do
banheiro dos fundos. Meus pés batem no chão de mármore, alcanço a porta
do banheiro e a abro. Duas mulheres assustadas pulam e se voltam para mim.

— Jesus, Hayden, você nos assustou até à morte! — Katie grita.

— Que porra vocês estão fazendo? — Eu pergunto, zangado. Elas parecem


culpadas. Meus olhos se afastam de Katie para o item que ela está segurando
em suas mãos.

Mas o que…?

— O que...?

— Não é o que você pensa! — Ela grita, assim que eu pego o objeto em sua
mão. — Hayden... — Eu olho para ela.

Eu não sou burro. Eu sei o que duas linhas azuis significam.

— Hay...

— Porra, não diga mais nada. — Eu a agarro em meus braços e a trago com
força contra o meu peito. Tantas emoções me percorrem, luto com as palavras
certas para dizer. Ela está grávida. Do meu bebê. Nós vamos ter um...

— Hayden, — ela diz meu nome novamente.

Eu beijo o topo de sua cabeça e a puxo para longe e seguro seu rosto. — Eu
te amo. Não se preocupe. Este pode não ter sido o nosso plano agora, mas o
pensamento de você carregando meu filho... porra. —

Dou-lhe um beijo rápido e a puxo de volta para o meu peito. — Eu vou amar
esse bebê tanto quanto eu amo você. Nós vamos nos casar, eu vou comprar
uma casa grande pra gente. O maior parque infantil do mundo. A
infraestrutura. — Meu coração está se enchendo. Eu não posso acreditar.
Ela...
— Hayden!

— Sim, baby?

— O teste é da Lucy.

O quê?

Eu me afasto e pego seus olhos brilhando de humor. — Isso não é seu?

— Não. — Ela balança a cabeça e sorri. — É da Lucy. Ela está grávida de


novo.

Eu afasto meus olhos dela e encaro Lucy. Ela sorri e encolhe os ombros.

Eu olho de volta para Katie. Deus, o sorriso dela faz coisas para mim. — Eu
achei que era seu, — eu digo, escovando alguns cabelos soltos atrás das
orelhas. — Posso ficar um pouco sozinho com Katie? — Eu pergunto, nunca
tirando os olhos da minha mulher.

Lucy já está entrando em ação. — Sim! Entendi. Eu só vou comer alguns


hambúrgueres suculentos antes de dar a notícia para Trevor e ele me arrastar
para casa. — Ela para em Katie para lhe dar um abraço. Então ela se vira para
mim. — Eu vou... uh, pegar isso. — Ela pega o teste que eu esqueci que
ainda estava segurando. — E desculpe pelo acidente, Hay. Sem dever de
fralda para você ainda. — Lucy ri e me dá um tapinha no ombro antes de sair
pela porta.

Uma vez que a porta se fecha, Katie fala. — Você parece quase decepcionado
que não sou eu, — diz ela, como se estivesse lendo minha mente.

— Eu estou e não estou. Se você estivesse grávida, eu ficaria em êxtase pra


caralho. Mas isso significa mais tempo para nós antes de trazermos crianças
para este mundo. — Eu me inclino e a beijo. — Porque
estamos apenas começando. Um dia, você será minha esposa, terá uma
tonelada de filhos meus e sempre será minha rocha. Isso não está em
discussão.

Em vez de tentar lutar contra minhas ordens, ela sorri. Ela sabe. Ela pertence
a mim. Mas não é diferente para ela. Ela sabe com todo o seu ser que é minha
dona.

— Então, o que você está dizendo é que você tem planos para nós?

Eu tenho tantos planos para nós, não sei por onde começar. Uma vida de
felicidade é a primeira coisa na nossa lista. Depois de um longo tempo de
negação, finalmente vou aceitar isso.

Eu prometi isso no dia em que ela oficialmente me aceitou de volta.

Eu nunca a decepcionaria. E planejo manter essa promessa. Começando com


a luxúria se enchendo naqueles lindos olhos.

A minha menina.

Sempre pronta para mim.

Passo minhas mãos pelo seu estômago sexy e vou direto para o lugar que
desejo estar. Meus dedos desaparecem no céu enquanto um doce gemido cai
de seus lábios.

— Você não tem ideia.

***

Lucy

— Quem está fodendo como adolescentes no banheiro? — Ethan pergunta


enquanto anda segurando uma garrafa de algo que provavelmente custa mais
do que todos os meus órgãos se eu os vender no mercado negro.
— Hayden e Katie. Eles estão fazendo as pazes, — eu respondo, dando outra
grande mordida no meu hambúrguer. Essa coisa está prestes a me dar um
orgasmo, é tão bom. Duas fatias de queijo e o dobro de picles e estou no puro
céu.

— Porque eles estavam brigando? — Trevor pergunta ao meu lado.

Eu dou de ombros, dando outra mordida completa. — Teste de gravidez que


Katie estava segurando.

— Merda, ela está grávida?

Mais uma mordida — Não, eu estou.

Eu vou dar outra mordida orgástica quando o meu hambúrguer é tirado das
minhas mãos. — Ei! Esse é o melhor hambúrguer já feito! Tinha tudo duplo.

— Quer repetir o que você acabou de dizer? — Os olhos de Trevor estão


arregalados. Provavelmente combinando com os meus enquanto olho para o
pobre hambúrguer morrendo lentamente no chão. Quanto tempo dura a regra
dos cinco segundos hoje em dia? — Luce...

Oh sim. — Oh, sim, era meu. Totalmente grávida. Eu te disse que estava
ovulando aquela vez no chuveiro. Você não escutou.

Ainda me encarando.

Ele poderia pelo menos me oferecer um novo hambúrguer. Eu decido que não
estou muito preocupada com o que está no chão. As pessoas comiam coisas
piores antigamente. Eu me inclino para pegar meu hambur...

— Whoa! — Eu grito quando Trevor me aborda e fica em pé, carregando-me


em seus braços. — Cara, eu preciso terminar isso! É meu dever cívico! Está
praticamente chamando meu nome! — Cara, desejos de gravidez não perdem
tempo para chutar.
— A carne vermelha é ruim para a gravidez, — ele resmunga e caminha pelo
pátio. — Nix, cuide de Eva um pouco, certo? Eu tenho que ter um momento
privado com minha esposa.

Eu começo a rir em seus braços. — Porquê privado? Haverá comida lá?


Possivelmente hambúrguer?

Ele pega minha mão e, em vez de bater na minha bunda, dá um aperto forte.
— Porque eu tenho que foder minha esposa e agradecê-la por me fazer, mais
uma vez, o homem mais feliz do mundo.

FIM

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