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Comprado pela ORC Herdeira

Trilogia Três irmão comprados por noivas ORCS

Raphaela Sousa
Copyright © 2023 Raphaela Sousa

Capa: Raphaela Sousa


Diagramação: Raphaela Sousa
Revisão: Raphaela Sousa

Raphaela Sousa
Comprado pela ORC Herdeira
São Paulo, 2023

Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens, lugares e acontecimentos descritos são
produtos da imaginação do autor qualquer semelhança com acontecimentos reais é mera
coincidência.
Todos os direitos desta edição reservados pela autora.
Contents

Title Page
Copyright
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Epílogo
Agradecimentos e um recadinho
Outros livros da autora
Como Aprendi a Amar (Duologia Amar Livro 1)
Como Encontrei o Amor (Duologia Amar Livro 2)
Uma nova chance de recomeçar
Companheiro Inusitado (Vol. 1.0)
Companheiro Revelado (Vol. 2.0)
Companheiro Despertado (Vol. 2.1)
Companheiro Involuntário 3.0
A noiva humana do Orc vaidoso (Seleção ORC)
Comprado pela ORC Graciosa (Seleção ORC)
Comprado pela ORC Determinada (Seleção ORC)
Desafiando a Maldição (Vol. 1) (Irmãs Russo)
Presos na Maldição (Vol. 2) (Irmãs Russo)
Capítulo 1
Lidith

-Filha, você está cometendo um erro! - Meu pai rosna ao meu lado
com seu peito estufado e seus dentes à mostra, principalmente as
presas, algo que deixaria qualquer um com medo. Exceto por mim e
minha mãe.
-Pai, eu já me decidi - Declarei ao cruzar os braços e avançar
para sair da caverna que ele e seus conselheiros, administradores e
engenheiros do nosso clã trabalham, para manter nosso povo e
nossas minas funcionando perfeitamente - Estou passando aqui
apenas para me despedir, estarei de volta amanhã.
-Vamos tentar outro macho! - Meu pai fala com tom de comando,
fazendo as janelas vibram com sua intensidade - Kaell era o macho
errado, vou encontrar um macho digno de estar com você!
-Kaell é quem ele é e está muito bem acasalado agora,
provavelmente é melhor assim - Respondo sem arrependimento ou
raiva do macho que acasalou com a minha prima na noite do nosso
noivado - Essa página está virada, o que você não se dá conta é
que isso sempre acontece. Não importa o quanto o macho seja
honrado, minha prima ou a irmã dela, ou até uma amiga dela.
Tentam roubá-lo em troca de me humilhar, não tenho mais paciência
para essa situação. Da próxima vez que acontecer vou acabar
cometendo um crime e antes que isso aconteça vou resolver as
coisas do meu jeito.
-Filha, você não precisa encontrar um noivo entre os machos
humanos, eles não são dignos de você! - Meu pai explode mais uma
vez e dessa vez até a porta maciça de madeira treme nas
dobradiças - Podemos encontrar um macho orc que não cederia e
….
-Pai machos orcs podem lidar com muita coisa, mas aceitar que
a companheira será sua líder não é uma delas, além de terem que
lidar com tantas fêmeas querendo enganá-los para acasalar com
ele, como sempre acontece com o macho que você encontra para
mim não vai dar certo! - Grito perdendo a cabeça completamente, a
única coisa que me impede de ser mais agressiva é que esse
macho na minha frente é o meu pai e eu o respeito.
-Isso porque você insiste em ser minha sucessora você poderia
aceitar que seu companheiro trabalhe em pé de igualdade com
você… - Meu pai declara com menos intensidade enquanto coloca
as mãos de cada lado do quadril - Eu também sei que não é justo
você ter que lidar com a inveja e a relação complicada que você tem
com os membros da nossa família, mas isso não quer dizer que
você precisa fazer isso. Vamos tomar mais algum tempo para
pensar, tem machos que aceitariam sua proposta ou talvez você se
apaixone por alguém nesse meio tempo…
-Pai estou decidida - Respondo tomando a frente para sair da
sala dele - Preciso de filhos e preciso fazer o meu trabalho, mas
ainda preciso ter um macho ao meu lado. Não preciso confiar nele,
só preciso garantir que ele vai aceitar seu lugar e não importa o
preço que eu tenha que pagar.
-Podemos encontrar um macho do nosso povo que aceite o
acordo então! - Meu pai tenta novamente.
Sua pele cinza escura só o torna mais ameaçador, em contraste
com os músculos e peito de barril largo, ele é um dos machos mais
altos do nosso clã e graças a sua força física e de liderança
conseguiu tirar nosso povo das mãos de um capitão corrupto. Meu
pai se tornou conhecido pela honra e por ter se casado com a filha
do seu inimigo, algo que diminuiu as reclamações daqueles que
achavam injusto ele estar no cargo. Infelizmente não foi suficiente
para que a família do antigo capitão, meu avô, aceitasse a mim e ao
meu pai.
Sempre acabamos lidando com alguma situação graças às
tramoias deles, algo que mesmo aqueles que eram a favor de que
outro assumisse a liderança do clã, já não aceitam mais. Depois de
sessenta anos como um bom líder meu pai mostrou seu valor o
povo o ama, os negócios maiores do centro do clã estão em
crescimento e se expandido cada vez mais.
Algo que eu me orgulho de fazer parte, comecei a trabalhar com
ele a muito tempo e desde que posso me lembrar eu sempre sonhei
em ser tão boa líder quanto ele, sonho que eu vou realizar. Não
importa quantos noivos eu precise conseguir até finalmente ter um
acasalamento que me permita ter mais responsabilidade, por mais
que nosso povo caminhe para o progresso ainda estamos presos a
leis antigas.
Principalmente pelo que aconteceu com o clã Kerminn, a fêmea
que assumiu a 300 anos atrás sem um companheiro, criou um
sistema onde não existe igualdade entre machos e fêmeas, ela criou
um clã matriarcal onde os machos são submissos às mulheres.
Muitos foram exilados ao longo dos anos, recentemente até o filho
da Capitã foi exilado e vive em Wraog. Depois disso, para evitar que
acontecesse com os outros clãs, os líderes criaram uma condição
para que um capitão ou capitã assumisse a liderança do clã.
Qualquer um que se qualifica por direito de sucessão ou por
conquistar o cargo quando não existem herdeiros, deve estar
acasalado.
Ou seja, eu preciso de um noivo, um acasalamento estável antes
de assumir o posto do meu pai quando ele decidir se aposentar, ele
já falou por diversas vezes como gostaria de poder viver sua vida
tranquilamente com a minha mãe no campo. Ele nunca fez pausas
ou tirou férias, ele nunca se afastou do trabalho e sempre lutou pelo
povo, meu pai precisa de um descanso.
Duvido até que ele tenha uma relação sadia com a minha mãe,
eles quase nunca conseguem se ver e verdade seja dita eu não
tenho irmãos, o que em uma família orc quer dizer alguma coisa
importante. Eu me preocupo com eles e com o nosso povo, o que
mais uma vez me motiva a continuar com a decisão que eu tomei.
-Pai, você sabe que um macho orc não aceitaria isso por muito
tempo… - Respondo calmamente - Um macho humano pode não
aceitar também, mas tem uma carta na manga ainda maior para
escolher um noivo. Eu só preciso que ele fique por alguns anos, que
eu tenha alguns filhos quem sabe. Mas o mais importante, minhas
primas não se interessariam nele, um macho humano não é
considerado atraente na maioria dos casos e pelos boatos que
espalharam até agora só vai diminuir as tentativas delas.
-Esse plano é insano filha! - Meu pai tenta mais uma vez - Você
espera se casar com alguém que nem ao menos acha atraente!
Quando foi que você enlouqueceu de vez?
-Foi quando perdi meu décimo noivo por ele não pensar com a
cabeça de cima, só com a cabeça do pau! - Grito cansada da
conversa - Já estou farta e estou de saída, o portal será aberto em
breve para a montanha. Te amo pai, amanhã estarei de volta.
Capítulo 2
Lidith

Emilie e Kaell me receberam quando atravessei o portal ontem,


hoje vieram me desejar boa sorte com a escolha. Não é a primeira
vez que eu os vejo e eu gosto do acasalamento deles, a primeira
vez que vi Kaell depois do fim do noivado estava irritada com ele por
ter sido fraco ao ceder aos encantos da minha prima. Ele poderia ter
se acasalado com qualquer outra fêmea, mas se ele fez com
alguém da minha família já seria munição suficiente para que eles
me provocassem para o resto da vida.
Por isso terminei o noivado com ele e graças a isso o pai dele
obrigou ele a participar da primeira edição para acasalamento com
os humanos, hoje ele está em um relacionamento saudável com
Emilie e tangível a diferença de como ele era antes de estar com
ela. O que só reforça a perspectiva de que ele não era para ser meu
companheiro e que talvez não seja tão ruim assim o caminho que
estou seguindo.
Estou a algum tempo sentada na plateia do lado daqueles que
vão poder escolher uma noiva ou um noivo, primeiro estão fazendo
a seleção das noivas e agora preciso esperar que os homens
entrem. Nenhuma das fêmeas que estão aqui são do meu clã, algo
que eu já previa e só ressalta as vantagens de estar aqui. Até
mesmo os machos nenhum deles é do meu clã e isso é um grande
ponto de como meu noivo vai ter que trabalhar muito se quiser ser
respeitado, mas caso ele queira ir embora depois do tempo mínimo
do contrato talvez ele não ache importante ser respeitado. Tudo o
que posso fazer é especular até escolher o macho e conhecê-lo.
Finalmente o apresentador lê, naquela tela que passa o texto
que ele precisa falar, que os machos vão entrar para a seleção.
Assim que eles entram, as fêmeas se agitam e as interessadas
acenam com a cabeça na posição na fila de quem estão
interessadas, percebo que quatro acenaram, ou seja, duas teriam
que resolver depois, contudo um rosnado baixo começa a soar da
parte da frente. Olho rapidamente e vejo que Anamme está fazendo
o som, a outra fêmea que queria o mesmo macho que ela se
encolhe e recua, eu também recuaria. Anamme é uma lenda como
guerreira, mesmo no meu clã ela é conhecida, ninguém iria querer
uma briga com ela principalmente por conta de um macho.
Um macho que particularmente não é tão bonito, mas tem um
corpo bem construído, mas ainda mais magro, o que deixa ele mais
perto da forma física de um orc, talvez por isso Anamme tenha
escolhido ele. Ela e as outras duas fêmeas se levantam, fazem o
ritual que todos já decoraram de responder qual o seu nome e
depois qual o nome do macho que está escolhendo. Cada casal sai
do palco e eu aguardo pela próxima fila de machos, não quero
escolher um macho que seja cobiçado, quero escolher o macho que
menos parecer receber olhares de interesse, então eu não olho para
os machos.
Enquanto olhei para as fêmeas em volta, duas parecem ter se
interessado pelo mesmo macho, o primeiro ele tem cabelos escuros
e uma figura normal para um macho, mas seu rosto tem traços
fortes ele tem um físico mais atlético e magro. O segundo macho
lembra um pouco do primeiro e se houve tanto interesse nele, talvez
cause interesse quando chegasse no meu clã.
Contudo o terceiro é o mais diferente dos três, ele tem traços
mais suaves, quase feminino com o cabelo loiro claro assim como
as sobrancelhas indicando ele deve ser naturalmente assim e sua
pele também é clara, não branca como a de um elfo, mas um
branco quase rosado. Ele tem um corpo razoável, parece ser mais
preenchido que os outros machos, mas a forma como as fêmeas
olham para ele faz ele ser o candidato perfeito e rapidamente eu
aceno três vezes. Não recebo nenhum outro aceno para ele e
quanto o apresentador se aproxima pedindo que as fêmeas que
querem fazer uma escolha fiquem em pé eu assim o faço e coloco
meu melhor sorriso para o apresentador quando ele se aproxima de
mim, depois da primeira fêmea ter saído do palco com seu noivo.
-Diga-me, qual o seu nome? - O apresentador canta para mim,
em seguida apontando o microfone para mim.
-Lidith Tracth - Respondo prontamente.
-E qual desses homens é o seu noivo escolhido? - O
apresentador continua e eu respondo sorrindo com educação.
-Jonas Castro - Respondo prontamente e em seguida o
apresentador indica que posso ir encontrar meu noivo no palco para
sairmos juntos.
Enquanto caminho na direção dela vejo um sorriso brilhante com
covinhas, não tinha reparado nelas antes. Ele tem o cabelo um
pouco comprido, mas não o suficiente para fazer tranças, algo que é
muito apreciado pelos orcs, mais um ponto positivo para mim nele.
Tudo nele grita feminino, até para fêmeas humanas isso deve ver
um exagero e o pensamento de que ele pode se interessar por
machos brilha na minha mente, isso seria ainda melhor. Não preciso
de filhos se isso indicar que ele nunca vai me trair, posso lidar com
uma vida sem acasalamento, já cuido das minhas coisas a muito
tempo para me importar com a falta de uma genitália de um macho.
Pego sua mão e o toque é tão macio que comparada a minha
com calos de trabalhar só me faz ficar ainda mais feliz, meu sorriso
só cresce com o quanto ele é apto para o que eu preciso e
provavelmente a câmera está pegando o sorriso de uma mulher
apaixonada, eles só não sabem que a minha motivação não é a
paixão física e sim pela possibilidade de finalmente dar um passo
adiante para conquistar meu sonho.
Quando alcançamos os bastidores solto a mão dele tão rápido
quanto ele parece querer soltar a minha também, ignoro o fato do
seu sorriso ter sumido, não estou interessada nele por qualquer
atributo físico dele de qualquer forma.
-Precisamos conversar em uma sala privada - Anunciei ao
continuar caminhando com ele ao meu lado.
O macho acena com a cabeça e me segue, pelo menos ele não
é tão baixo percebo agora, estava tão focada nos seus atributos não
atrativos que não percebi que sua altura é decente para um macho,
mas não é um problema seria estranho estar com um companheiro
muito mais baixo do que eu então tudo bem que ele tenha a minha
altura ou quase isso.
Caminhamos até chegar em uma sala com a placa de privado,
bato antes de entrar para ter certeza de que está vazia. Tomo a
frente ao entrar, tomo um lugar no sofá e relaxei, espero ele se
acomodar e começo a explicar o que preciso esclarecer antes de
assinar qualquer contrato.
Capítulo 3
Jonas

Estou frustrado com a situação, eu já sabia que seria escolhido,


entre os meus irmãos eu sempre fui o mais bonito. Sem modéstia,
não preciso disso, é apenas um fato estabelecido pela quantidade
de atenção feminina que eu recebo. Quando nosso pai nos
convenceu a entrar nesse programa de seleção de noivas e noivos
tributo, fui um dos que mais lutou para não aceitar, porque eu tinha
certeza de que seria escolhido. Estranhei que meus irmãos também
tenham sido escolhidos, mas diante dos outros homens nós três
ganhamos com folga no quesito boa aparência.
O que não quer dizer que eu queria isso, mas ao que parece ser
o único em casa que consegue levantar um dinheiro real, não é
suficiente. Aparentemente você precisa receber uma bolada para
finalmente conseguir algum tempo sem toda essa pressão, para
sustentar uma casa cheia de inúteis. Talvez o André seja o único
que não é tão inútil assim, afinal ele sempre consegue ajudar
quando as coisas apertavam e Jonas até tenta dar aulas
particulares, mas recebe uma mixaria que para sustentar nosso
estilo de vida não serve nem para fazer as compras no mercado.
Meu pai é alguém que prefiro não pensar muito sobre ele, depois
que nossa mãe morreu ele se tornou uma sombra patética que
perdeu completamente o rumo. Algo que iria acontecer cedo ou
tarde com ele, a relação dele com a nossa mãe não era saudável e
claramente não existia amor.
Não sei se meus irmãos sabem da história real de como eles
acabaram juntos, não sei nem se meu pai se lembra de ter me
contado a história. Ele estava tão bêbado quando falou e eu era tão
pequeno, que ele deve pensar que eu me esqueceria. Mas quando
você escuta aos oito anos que a história de amor dos seus pais é
uma história de terror, não importa quanto tempo passe você
sempre vai se lembrar e saber disso é a única coisa que me
mantém em casa.
Eu poderia ter me virado a muito tempo e continuado com a
minha vida sozinho sem precisar entrar em esquemas, em ter que
criar softwares sozinho ou entrar em projetos de programação que
não me interessa apenas para levantar mais dinheiro para eles.
Principalmente para o meu pai, ele sempre tenta algum esquema
novo, mas nunca consegue garantir o lucro final, o que torna a vida
dele ainda mais triste.
Depois da última tentativa dele eu estava disposto a não ajudar
mais, estava disposto a cuidar da parte financeira dele, mesmo que
para isso precisasse de uma procuração que testasse a falta de
sanidade dele. Já que um homem que gasta milhões em um projeto
que nem mesmo tinha informações sólidas só pode ser alguém que
não está em seu juízo perfeito. Qualquer um teria visto que aquilo
seria um golpe e essa foi a gota d'água, para que eu e meus irmãos,
não acreditássemos mais nele e na capacidade dele de cuidar do
nosso dinheiro.
Então enquanto ele tentava convencer a gente a entrar como
noivos pelo dinheiro que recebemos no final do prazo, Elias teve a
ideia de obrigá-lo a colocar em contas particulares para cada um de
nós três uma parte do dinheiro que ele receberia pelos nossos
casamentos, caso fossemos escolhidos. Foi triste fazê-lo assinar
algo assim, mas era necessário ou então ele sumiria com tudo antes
mesmo de completar o tempo mínimo do casamento de acordo com
o contrato.
A mulher orc que me escolheu não é exatamente o que eu
chamaria de bonita, mas como uma mulher pode ser bonita se a
pele é cinza claro. Se sua forma é mais redonda do que musculosa,
como vi que outras mulheres orc eram, seu cabelo está trançado de
forma simples também e suas presas são um pouco maiores que
das outras mulheres, elas saem um pouco da sua boca fazendo ela
parecer estranha.
Ela também está usando um macacão de couro, algo que não
tinha visto nenhum orc usar, eles parecem gostar apenas de calças
de couro e tiras também de couro atravessando seus peitos. As
mulheres orc ainda usam tiras de couro como um corset ou apenas
para amarrar os seios, a que me escolheu além do macacão
também está usando uma bata de lã por baixo macacão.
Ela parece ainda mais gorda e meu estômago se contorce,
nunca fui religioso ou de acreditar em alguma coisa, mas se existe
alguma divindade que ela me escute e impeça que essa mulher orc
queira alguma atividade na cama comigo.
Não sei se seria capaz de ir em frente e se quer ficar duro com
ela, talvez exista algum estimulante onde ela mora, mas mesmo a
ideia de me deitar com ela com o uso de drogas não parece que vai
ser o suficiente. Estranhamente quando ela pega na minha mão
sinto ela alisar os dedos com calos contra meus dedos e um tremor
de nojo passa por mim. Definitivamente vou precisar daqueles
estimulantes.
Seu sorriso só parece aumentar a cada momento que ela está
ao meu lado e meu peito afunda ainda mais consciente de que não
vou conseguir me livrar do sexo com ela. Até que alcançamos os
bastidores e ela solta minha mão rapidamente, algo que eu aprecio
imensamente. Sua expressão também endurece e ela anuncia, sem
esperar por uma resposta minha. que precisa conversar antes de
assinar o contrato.
Eu a sigo em silêncio, ela marcha com passos largos até
alcançar uma porta com a placa de privado e bate antes de entrar.
Ela se senta no meio do sofá de dois lugares, com os braços sobre
o assento e relaxada, não deixa espaço para eu me sente e antes
que ela ofereça algo bizarro eu corro para puxar uma das cadeiras
alinhadas à mesa, que está em um dos cantos.
-Vamos ser práticos tudo bem para você? - Ela começou a falar
e eu aceno, por algum motivo minha voz sumiu e eu me sinto
nervoso, se ela quiser um teste drive antes de assinar o contrato
estarei ferrado, mas então suas palavras depois disso me deixam
confuso e foco minha atenção ao que ela está explicando.
-Espera, não entendi você pode explicar do começo. Por favor? -
Pergunto rapidamente antes que ela continue, porque minha mente
não imaginou que ela teria algo assim em mente e pelo pouco que
assimilei ela só poderia estar brincando comigo.
-Eu disse que escolhi você, por ser o macho menos atraente dos
que tinham aparecido até então… - Ela realmente tinha dito isso, só
pode ser brincadeira, onde estão as câmeras da pegadinha?
-Como assim o menos atraente? - Pergunto quase gaguejando
com a confusão que se formou na minha mente - Eu definitivamente
era o homem mais atraente daquela maldita seleção, você sabe
quantas mulheres eu dispenso apenas por caminhar na rua ou em
algum restaurante? Eu só namorei modelos e mulheres
deslumbrantes, como pode achar que eu não sou atraente?
-Você pode ser atraente para fêmeas humanas, mas para uma
fêmea orc você é feminino demais… - Ela continua dando de
ombros - Mas o ponto principal é que te escolhi porque seria menos
propenso a tentarem te seduzir… sabe eu tenho tido alguns
problemas com meus noivos anteriores, eles parecem não resistir
quando uma fêmea se oferece para levar seu pau. Eu não teria
problemas com isso se as fêmeas não fossem da minha família e
estivessem tramando contra mim. O que eu preciso é de um macho
que não ceda às tentativas de acasalamento delas e que
permaneça ao meu lado como um consorte, eu sou a futura capitã
do clã Vrikin preciso de um macho que aceite que sua companheira
tem o cargo de capitã e não ele. Além disso, estou disposta a pagar
o mesmo valor que o seu governo paga a cada cinco anos para
renovar o contrato e a minha ajuda de custo mensal deve ser
equivalente a um terço desse valor a cada trimestre. O que acha?
-Acho que você precisa de uma família nova… - Respondo
pesadamente agradecido de já estar sentado ou então teria caído
no chão com o que ela disse sobre mim. Eu não sou feminino, eu
sou sim vaidoso e gosto de cuidar de mim mesmo, porque é errado
para esses orcs que um homem goste de se cuidar? Além disso, eu
sou um programador, não preciso ter um físico atraente ou ser tão
musculoso e é por isso que eu malho o suficiente para manter meu
corpo mais atlético, eu tenho a droga de um corpo de nadador! Toda
mulher adora isso, ombros largos e até aquele músculo no quadril é
definido. Uma mulher com quem sai por um tempo chamava esses
músculos de o ‘caminho da felicidade’.
-Concordo, mas não posso fazer isso e preciso de um macho
para assumir mais responsabilidades, graças a uma lei criada
depois de um incidente - Ela explica enquanto fica em pé - Se for
mais fácil para que você assimile tudo podemos assinar o contrato
de acasalamento padrão, você fica cinco anos e se conseguir
passar esse tempo sem acasalar com outra fêmea eu vou até pagar
uma gratificação. Quando quiser assinar o outro contrato com a
proposta de receber a cada cinco anos a mesma quantia que agora,
você só precisa me dizer e vamos fazer isso.
-Preciso pensar sobre esse segundo contrato… - Respondo
pausadamente tentando não surtar, ainda com o assunto da minha
aparência.
-Pense e eu posso ser muito generosa se você fizer bem seu
papel - Ela declara e antes de abrir a porta ela faz uma pausa e me
olha por instante antes de continuar - Aliás se você quiser acasalar
com um macho nosso acordo também acaba, não sei das suas
preferências e não me importo quais são. Mas preciso que
mantenha em mente que o mais importante desse acordo é que
você não ceda a instintos básicos ou tente alguma coisa contra mim.
Acredite eu não sou alguém de quem você vai querer se tornar
inimigo.
-Você acha que eu sou gay? - Pergunto me sentindo
completamente ofendido, nunca ninguém me acusou disso. Sim, eu
chamo a atenção de alguns caras, mas nunca foi porque parecia
feminino como ela me acusou. Estou completamente confuso com
tudo o que essa mulher fala para mim sobre como ela me vê.
Ela não responde, apenas dá de ombros mais uma vez e sai
caminhando para a sala onde os contratos são assinados. Enquanto
eu a sigo em silêncio e totalmente perdido com o que ela falou sobre
mim. Onde diabos eu tinha me metido?
Capítulo 4
Jonas

Enquanto vou pegar minhas coisas depois de assinar o contrato


inicial de cinco anos, vejo no celular a mensagem do meu pai,
resolvi pegar as malas depois e caminho sozinho pelo corredor para
ir até o quarto que meu irmão ficou hospedado. Nosso pai avisou
que estaria lá com o André no quarto dele e estou indo para lá.
-Finalmente! - Falo ao ver Elias saindo do elevador, preciso falar
com alguém antes que eu exploda e ele é o primeiro que vejo - O
pai está esperando no quarto do André, vamos de uma vez antes
que eu fuja e mude de ideia.
-É tão ruim assim? - Elias pergunta com a testa franzida.
-Ruim para dizer no mínimo… - Comecei a falar rapidamente,
sentindo um peso estranho em revelar isso para alguém -Descobri
que a orc que me escolheu só fez porque não sou atraente o
suficiente para as outras, aparentemente ela teve alguns incidentes
que envolveram sua prima e outras mulheres do seu clã sempre se
interessando em seus pretendentes, ela decidiu encontrar um entre
os humanos e que não chamaria a atenção das outras orcs.
-Ui isso não deve ter sido fácil para você descobrir… - Elias
responde em solidariedade, nunca imaginei que teria uma conversa
assim com ele e ao ver que ele parece realmente intrigado eu
continuo.
-Fica pior… - Resmunguei baixo - Ela parece ser uma orc
importante e ter um homem pode ir embora no final do contrato não
seria visto com bons olhos, ela está disposta a pagar o valor que o
governo paga a cada cinco anos para que eu continue com ela.
-A mesma quantia? - Ele arfou uma resposta surpreso, todos nós
sabemos que é absurdo alguém pagar isso do próprio bolso.
Eu apenas aceno sem saber o que falar agora e é quando nós
alcançamos o quarto do André e ouvimos uma discussão.
-Isso é passar dos limites até para você! - André grita revoltado
andando de um lado para o outro no quarto.
-O que está acontecendo? - Perguntei ao atravessar o quarto
para procurar alguma bebida forte no frigobar.
-A orc que me escolheu -André explicar esfregando a cabeça
quase careca, algo que ele faz quando está muito frustrado - Ela
quer pagar para que eu lhe dê filhos, ela não quer nem mesmo que
eu conviva com ela.
-Isso não parece ruim… - Resmunguei sem levantar os olhos
para eles- A minha quer pagar para que eu nunca termine com o
casamento…
-Vocês não veem a oportunidade? - Nosso pai fala parecendo
um pouco fora da casinha, seus olhos estão a ponto de saltar da
cabeça - Depois que juntamos um dinheiro bom vocês poderão
quebrar o contrato, agora só precisamos juntar o máximo possível!
-Eu não vou ter filhos com uma orc! - André grita novamente - Já
assinei os papéis do casamento e vou cumprir os cinco anos, mas
não vou ter os filhos dessa orc e se ela quiser cancelar o contrato
que assim seja.
-Você não precisa, basta tomar uma injeção de anticoncepcional
masculino, ouvi dizer que vale por três anos - Meu pai sugere e meu
corpo treme com a frieza do que ele fala - Depois disso é só esperar
o contrato acabar ou que ela cancele por não ter o que queria!
-Essa injeção é nas minhas bolas! - André grita indignado e eu
aceno confirmando - Eu não vou tomar uma injeção no meu saco!
-E você Elias, a sua não exigiu nada estranho? - Perguntei ao
me levantar com as garrafinhas e bebe-las de uma vez, Elias parece
tão relaxado perto de nós dois que eu estranho a reação dele.
-Na verdade ela fez, ao que parece ela conhece a Emilie e ela
me reconheceu de quando fui na montanha - Elias começa a falar
parecendo culpado, ele nem mesmo está olhando para nós - Então
ela pediu que eu assumisse um papel mais importante na ONG e
que vivesse na cidade ao invés da montanha, ela também parece
ter ouvido alguma coisa da Emilie sobre nós, porque ela pediu uma
cláusula especial. Vocês não podem interferir na minha relação com
ela, pelo tempo que durar. Se ela achar que vocês estão tentando
algo será suficiente para que todo o dinheiro seja devolvido e o
contrato encerrado.
-Como essa garota pode continuar interferindo em nossas vidas?
- Meu pai grita ao socar a parede, ele está frustrado porque vai ter
que engolir o acordo. Pode não fazer diferença no final o que a
Emilie pediu, mas como não partiu dele e ainda impede que ele
tente alguma coisa só o faz ficar com mais raiva.
-Você aceitou? - André perguntou ignorando a reação do nosso
pai - Esse acordo não parece tão ruim, tenho certeza de que você
aceitou…
-Sim eu aceitei e ela vai morar na nossa casa até encontrar
algum lugar que ela goste - Elias responde rapidamente - Vocês vão
viver na montanha e o pai vai ficar sozinho, por um tempo pode ser
bom.
-Eu não vou aceitar o segundo contrato - André avisa - Mas com
Jonas saindo vai ter mais espaço…
-Vocês podem ficar com a casa da piscina, tem uma cozinha
pequena, sala e dois quartos - Meu pai explode novamente e sua
postura está totalmente agressiva, quase como se ele estivesse fora
de si - Vai dar certo para vocês. E você vai aceitar o acordo André,
ou não recebe nada.
-O que quer dizer? - André pergunta furioso, ele parece pronto
para atacar nosso pai. Eu fico em alerta para o que ele pode tentar,
André nunca foi agressivo, mas o que meu pai está exigindo de nós
é capaz de fazer qualquer um perder a cabeça.
-Ou você aceita ou sai de casa - Meu pai declara sem se
intimidar - Sem direito a nada.
André olha para ele por mais alguns instantes friamente e não
responde, apenas sai do quarto.
-Acho que o mesmo vale para mim… - Resmungo antes de
beber mais algumas garrinhas deixando o álcool queimar minha
garganta -Pelo menos tenho cinco anos antes de assinar outro
contrato, talvez dessa vez o dinheiro não acabe tão facilmente…
Não fico para ouvir o que ele vai dizer e vou direto para meu
quarto pegar minhas malas, deixando o peso do que aconteceu no
quarto afundar no meu peito. Nosso pai definitivamente não está
bem, ele atingiu o limite da sua sanidade e isso fica cada vez mais
evidente.
Se ao menos eu pudesse escolher onde morar com a mulher orc
poderia ficar de olho nele, agora preciso que Elias faça isso. O que
não me deixa em paz, meu irmão não é conhecido por ser atento
aos assuntos da família a não ser que envolva tirá-lo da sua zona de
conforto. Vou precisar manter algum tipo de comunicação com ele,
não sei como, mas vou dar um jeito nisso.
Capítulo 5
Lidith

O macho saiu do elevador com mais bagagem que qualquer outro


que eu tenha visto até agora, é necessário que eu compre o
carrinho do hotel para poder atravessar o portal com todas as coisas
dele. Ele não fala nada, o macho parece chateado com alguma
coisa, mas eu não pergunto. Percebi que ele mudou de roupa, da
calça de couro e a camisa suave que a maioria dos machos usavam
no programa, agora ele está usando uma calça azul que se aperta
nas suas pernas, mas ainda parece menos rústica que o couro, mas
mais grossa e ele está com uma camisa de botões que está aberta
até a altura do peito dele mostrando alguma pele e uma jaqueta lisa.
O macho está usando um sapato estranho bicudo que é marrom da
mesma cor que a jaqueta, quando ele se aproximou percebi que ele
usa perfume adocicado e isso tem mascarado bem o cheiro dele.
Não sei como os humanos conseguem conviver com essas
fragrâncias tão fortes, afetam o olfato a ponto de causar uma
irritação na minha pele, vou ter que pedir que ele pare de usar isso.
Posso não achar ele bonito, mas ainda cheirar essa coisa estranha
toda vez que ele se aproximar vai me dar coceira também.
Quando o portal se abre atravessamos com o carrinho, somos
uns dos primeiros a aparecer na montanha e logo fomos recebidos
por Kaell e Emilie. Ela corre para nós e seus olhos crescem
enormes quando grudam no macho que escolhi, olho para ele e
uma carranca ainda maior cresce no seu rosto.
-Estou perdendo alguma coisa aqui?- Perguntei rapidamente, se
ele for algum macho ruim preciso saber antes de levá-lo para casa.
-Jonas é o meu primo - Emilie responde e cruza os braços - Ele
pode ser bem irritante, não sei se sua escolha foi das melhores
Lidith…
-É bom vê-la também querida prima - O macho resmunga irritado
com a resposta da Emilie.
-Ele é apenas irritante ou tem algo mais aí? - Pergunto ignorando
o macho.
-Bom, Jonas não é a minha pessoa favorita - Emilie responde e
depois respira fundo parecendo conformada - Dos três é o que eu
menos gosto, mas isso não deve ser importante. Apenas fique de
olho e nunca assine nada que ele lhe der sem ler antes, no que
precisar você pode me chamar.
-Como você ousa falar assim de mim Emilie? - Jonas fala
exaltado e Kaell dá um passo para frente de forma ameaçadora.
-Você é um macho baixo que não deveria ter sido permitido estar
na seleção, então mantenha em mente que agora você está no
nosso mundo - Kaell declara entre os dentes - Aqui você vai
respeitar minha fêmea e vai respeitar a fêmea que te escolheu.
-Eu nunca desrespeitei uma mulher e não vou começar agora -
Jonas responde duramente.
-Zombar também é considerado desrespeito - Emilie fala rolando
os olhos - Olha Jonas você tem a chance de ser alguém melhor
aqui, só não faça algo idiota e não traga os assuntos do seu pai
para cá. Se não fosse por ele, você e seus irmãos talvez fossem
diferentes. Saber disso foi a única coisa que não me fez cortar
vocês da lista de inscritos, você ainda é família, eu quero o melhor
para você e seus irmãos.
O olhar do macho suaviza um pouco antes de endurecer
novamente e sua expressão se fecha, espero que ele responda,
mas ele não faz. Sua cabeça continua alta, mas ele parece
envergonhado de certa forma e eu tomo isso como uma deixa para
irmos.
-Se ele não é perigoso já é suficiente para mim, posso lidar com
o resto - Declarei rapidamente - Vamos para o meu clã agora
mesmo, preciso organizar a festa de casamento para começa-la
ainda essa noite.
-Boa viagem e se precisar de alguma coisa basta chamar -
Emilie termina e acena quando nos afastamos.
-Acho que não é apenas a minha família que é complicada… -
Falo baixo ao lado dele enquanto ele empurra o carrinho na sua
frente.
-Assim como você não posso simplesmente me livrar deles -
Jonas responde duramente - Aliás que fique claro que eu nunca
tentaria prejudicar você, o dinheiro que você garantiu é mais do que
suficiente e eu posso lidar com meu pai para que ele não tente
nada.
-Seu pai parece ser um macho interessante… - Comento ao me
lembrar da história que a Emilie contou a respeito do motivo que a
fez se inscrever como noiva na primeira seleção, pelo que me
lembro foi porque o tio e os primos tinham direito a algo e ela
precisaria pagar para que ele abrisse mão dos direitos deles.
Agora entendo a hostilidade entre eles de agora pouco e
entendo que o pai dele parece ser muito parecido com o meu avô, o
que não é algo de se gabar. Deixo o assunto morrer quando ele não
fala mais sobre o pai e atravessamos o portal, assim que
atravessamos vejo meu pai com as mãos presas às costas, com seu
peito cheio em sua postura total para parecer ameaçador. Quando
ele olha para Jonas vejo seus dentes rangerem, ele está rosnando
cada vez mais alto e Jonas para ao meu lado provavelmente
assustado com a ameaça do meu pai.
-Chega pai, ele já entendeu que você é o orc malvado - Falo
rapidamente, enquanto puxo meu pai para um abraço, isso sempre
ajuda a suavizar sua raiva - Deixe-me apresentá-lo Jonas esse é o
meu pai, capitão Muzgonk. Pai, esse é o Jonas, o macho com quem
me acasalei.
-Esse é o seu pai? - Jonas fala baixo, a voz dele é quase um
sussurro agudo. Antes seu tom até era agradável de se ouvir, agora
estou em dúvida se pelo menos a voz dele me agradava.
-Sim eu sou o pai dela - Meu pai declarou alto o suficiente para
chamar a atenção, algo que já estamos fazendo. Todos do clã
sabem quem eu sou e quem meu pai é e agora todos sabem que eu
escolhi um macho humano como companheiro, em pouco tempo a
história vai chegar nos quatro cantos do nosso território e além disso
também.
-Por que não continuamos isso na sua caverna? - Falo enquanto
mantenho uma mão no braço do meu pai para evitar que ele avance
e sem querer esmague a cabeça do macho.
Meu pai acena e Jonas limpa a garganta enquanto acena de
volta, meu pai olha para o carrinho com a bagagem e faz uma
careta mostrando os dentes, antes de marchar e deixar o carrinho
para que Jonas empurre.
Capítulo 6
Jonas

Empurrei o carrinho com a bagagem pelas ruas que parecem


asfaltadas, mas não como no meu mundo. É quase como se fossem
placas de vidro, talvez seja algum tipo de pedra não sei, o que eu
sei é que é fascinante assim como tudo o que eu vi até agora do
mundo dos orcs. Ainda estou processando o pouco que vi na
montanha quando atravessamos o primeiro portal, o chão era de
paralelepípedo e todo o resto era uma mistura graciosa de pedra,
madeira e natureza. Acho até que vi algumas coisas mais
tecnológicas, mas não saberia dizer se era isso ou magia.
Agora estou aqui em outro clã, depois de atravessar outro portal
e agora estou ainda mais impressionado. Nunca achei que veria
algo assim, estou chocado e para todo o lado que olho fico ainda
mais impressionado. Talvez seja o orc gigante que descobri que é o
meu atual sogro e que parece não gostar nada da minha presença,
ou talvez seja a forma como as construções daqui são diferentes.
Meu sogro é um orc impressionante claro, ele tem muito mais
que dois metros de altura e seu peito largo é marcado com
tatuagens intrincadas com cicatrizes, ele é assustador com as
tranças e as maiores presas que já vi em um orc, o que faz um
quadro ainda mais assustador com a pele cinza do tipo assustador,
como se ele fosse uma sombra que poderia matar e pela forma
como ele me observa, ele com certeza quer me matar.
Eu estaria em pânico se eu não estivesse tentando assimilar
tudo o que estou vendo desse lugar. Como esse lugar pode ter tanta
tecnologia? Estou tentado a perguntar como as coisas funcionam,
mas ainda estou assimilando o que posso e não posso falar perto
desses orcs. Lidith é uma coisa, eu sei o que ela quer comigo e ela
é até familiar agora, mas os outros a história é diferente.
As construções são de um tipo de alvenaria, não sei dizer se são
de pedra ou algum tipo de tijolo, mas vejo madeira em muitos
lugares e paredes inteiras de painéis escuros como os do chão que
sobem do chão ao telhado com uma curva suave. Seriam painéis
solares? Provavelmente é o que parece, mas como eles possuem
esse tipo de tecnologia?
Minha curiosidade e paixão por tecnologia estão gritando agora,
posso sentir meus dedos formigarem para tocar essas coisas, quase
esqueço que estou no mundo dos orcs. O quase é a palavra-chave,
já que o olhar mortal do meu sogro continua me alcançando.
Então continuo a observar o meu entorno, aliás o chão parece
ser desse tipo de painel também, mas qual seria o motivo? Quando
um carro com um vagão aberto passa mais à frente eu faço uma
análise rápida enquanto voam ideias de como seria possível, mas
conforme o veículo se aproxima percebo que o veículo também tem
painéis por todo ele. O carro funciona com energia solar?
Estou prestes a perguntar quando alcançamos um
estacionamento com muitos outros veículos parados e meus olhos
brilham com certeza, os carros são movidos a energia solar!
Muzgonk caminha marchando sem perder o ritmo até um dos
veículos mais distantes, todos eles são imensos para caber pelo
menos seis orcs grandes já que o veículo é comprido e alto. Já os
que estavam carregando o vagão parecia pequeno, talvez para
poder transitar mais rápido graças ao peso.
Chegamos a um veículo que abre a lateral completamente com
alguma coisa que o meu sogro fez quando estava próximo e eu
estava distraído demais para ver o que era, minha língua coça para
perguntar o que ele fez, mas contenho à vontade quando ele me
olha com raiva e sem nenhum esforço levanta o carrinho e o deita
para colocar com as malas no carro.
Meu peito afunda quando as malas caem de lado estragando a
forma cuidadosa que eu as coloquei no carrinho, as menores até
caem no chão ao passar pelo vão do carrinho. Lidith rapidamente
pegou algumas e eu faço o mesmo, tento ser cuidadoso, mas o
olhar furioso do orc me faz jogar por cima de todas as malas que eu
peguei, sentindo o pesar de ter alguma coisa quebrada do processo.
-Você pode se sentar na frente com meu pai - Lidith sugere com
um sorriso, enquanto o pai dela me olha já sentado no banco do
motorista com um olhar mortal.
-É mais cômodo lá, vou aqui atrás com as minhas malas - Digo
tentando manter minha postura -Afinal de contas eu sou o único a
trazer tanta bagagem.
-Tudo bem - Ela acena e entra para sentar no banco da frente
enquanto eu me espremi com minhas malas à trás.
O caminho segue em um silêncio mortal, a tensão é tanta que
minhas mãos estão suando. Tento prestar atenção no percurso, aqui
não tem uma montanha e sim um vale com as montanhas mais ao
longe. Vejo alguns carros andarem pelas montanhas e me pergunto
se são casas que existem naquela região.
Passamos por mais construções incríveis com prédios de quatro
a cinco andares, tão largos que devem ocupar muitos orcs ou talvez
tenham outro propósito. Contudo, quanto mais distantes ficamos do
centro de onde saímos, mais as construções ficam longe umas das
outras e mais rústicas elas se tornam. Com mais pedras e
vegetação invadindo as construções, vejo animais pastarem e
outros que parecem de estimação, mas são maiores do que
qualquer cachorro que eu já tenha visto.
Quando alcançamos uma casa diferente das outras e paramos,
tomo meu tempo antes de descer, já que tenho que esperar que
abram a porta, para observar. A casa é antiga e parece ter sido
aumentada com estilos diferentes, mas com certa fluidez a casa do
meio que parece ser mais antiga é toda de madeira, a sessão
aumentada de cada lado parece ter pedras e madeiras e depois
apenas pedra. É estranho como parece até ser intencional, talvez
seja, não tenho conhecimento da arquitetura delas.
Muzgonk dá a volta pelo carro sem que eu tenha percebido, a
porta se abre e ele puxa o carrinho para fora pelo outro lado. Lidith
faz a porta do nosso lado se levantar e quando eu pulo para fora
pego as malas que ficaram para trás do carrinho, dou a volta para
colocá-las no carrinho e vejo que ele está um pouco amassado
graças ao cuidado do meu sogro.
Tremo no lugar quando a rodinha range, mas aguento firme
enquanto empurro ele seguindo Muzgonk e Lidith para a casa.
Grama verde com flores bonitas estão dos dois lados do caminho
que estamos atravessando, aqui o caminho é de pedra tipo
paralelepípedo e estampado com desenhos coloridos parecendo
esmaltados. Antes de alcançarmos as portas duplas da entrada elas
são abertas por uma orc muito parecida com Lidith e ela tem um
sorriso brilhante aos nos ver, ela até parece ser menor do que
qualquer orc que eu tenha visto até agora e seus cabelos são cheios
de mechas brancas entre as tranças com algumas rugas ao redor
dos seus olhos.
-Nana! - Lidith grita e corre para abraçar a mulher.
-Menina você está tão forte quanto seu pai! - A senhora fala
sorrindo enquanto abraça Lidith, ela é ainda mais robusta que a
minha noiva.
-Mãe, achei que não viria… - Muzgonk resmunga enquanto a
mulher se afasta de Lidith e o pega pela orelha, na verdade, ela
puxa a barba dele para fazê-lo se abaixar e alcançar sua orelha.
-Não perderia a festa de união da minha neta! - Ela fala depois
de torcer a orelha e se afastar com as mãos na cintura - Eu te
ensinei melhor do que isso, garoto. Então esse é o macho!
-Vovó esse é o Jonas, - Lidith fala rapidamente para me
apresentar - Jonas, essa é a minha avó Sadinah, mãe do meu pai.
Esqueci de mencionar, mas é comum ter uma festa em família para
comemorar um novo acasalamento e toda a minha família deve
aparecer para nos dar os parabéns.
-Também é costume ter uma reunião de noivado antes… -
Muzgonk resmunga e recebe um olhar duro da mãe dele que o faz
se calar. Já gostei dessa senhora, com ela por perto posso ter um
pouco de paz talvez.
-É costume não roubar sua companheira antes dela aceitar
acasalar e isso não te impediu! - Sadinah responde ao filho com um
olhar afiado.
-Os tempos eram outros e Delammia já havia aceitado minha
reivindicação… -Muzgonk fala colocando as mãos nas costas
enquanto se defende - O sequestro foi necessário para evitar que
ela se unisse a outro macho…
-Que seja, foi o que você fez - Sadinah continua.
-Podemos continuar essa conversa depois. O que acham? -
Lidith declara ao meu lado - Jonas precisa organizar as coisas dele
enquanto terminamos de organizar as coisas da festa.
-Certo, vamos entrar - Sadinah fala alegremente e olha para
minha bagagem enquanto entramos - Você fez compras enquanto
estava no mundo humano querida?
-É tudo do macho… - Muzgonk responde e a senhora me dá um
olhar intrigado antes de liderar o caminho.
-Nana, cadê a minha mãe? - Lidith perguntou ignorando a
questão da bagagem.
-Ela está com suas primas querida - Sadinah respondeu e vejo a
postura de Lidith endurecer.
Devem ser as primas das quais ela falou e antes de que mais
coisas sejam ditas logo que passamos por um portal com a madeira
clara vemos um grupo de mulheres se aproximarem. Mulheres orcs
e todas elas parecem prontas para correr em nossa direção, segurei
minha vontade de correr de volta para o veículo e respiro fundo.
Lembrando que para elas eu não sou do tipo atraente e graças a
esse pensamento até consigo respirar um pouco melhor. Estampo
um sorriso amigável e sustento ele enquanto luto para não correr
com a aproximação delas.
Capítulo 7
Jonas

Sinto que caí em uma armadilha, a história bíblica de Jonas e a


baleia rodeia a minha mente e me pergunto se foi assim que o
Jonas antigo se sentiu depois de ser cuspido pela baleia na praia.
Com cuidado mantenho a postura enquanto as mulheres orcs se
aproximam quase que em câmera lenta para mim.
Consigo ver cinco delas segurando umas nas outras, como um
grupo de garotas humanas, talvez o grupo de garotas más do
mundo orc não seja tão diferente do mundo humano. Uma é ainda
mais robusta que a Lidith com a pele verde e as tranças caindo em
cascata, outra tem a pele verde musgo e parece mais forte, ela é a
mais alta também. A do meio parece ser uma mistura entre as duas
primeiras, mas com a pele cinza esverdeada e as outras duas são
idênticas. As duas têm a pele cinza claro, são as mais magras até
agora, mas ainda assim são grandes. Todos orcs são e todas as
mulheres orcs também são.
Um frio percorreu minha espinha de terror quando elas me
encararam com sorrisos brilhantes com suas presas curtas, Lidith
está congelada ao meu lado lançando olhares para elas e para mim.
Lembro do motivo que me trouxe até aqui e resolvo fazer o papel de
noivo apaixonado, quem sabe assim ganho pontos com o meu
sogro para que ele não tente me matar no final das contas.
Até porque entre essas mulheres e a minha noiva, Lidith é com
folga a mais atraente. Ela pode não ter o corpo das mulheres que
estou acostumado a sair, mas ela com certeza tem o rosto, apesar
das presas um pouco maiores para uma mulher orc e a pele cinza
claro ela com certeza parece mais atraente quanto mais olho para
ela, apesar de ela ser uma mulher orc.
Coloco minha mão sobre o ombro dela e me aproximo com
cuidado do seu corpo, mantendo uma mão no meu carrinho com a
minha bagagem. O gesto não passa despercebido por nenhum dos
orcs no cômodo, incluindo Muzgonk que mostra suas presas, mas
recebe um puxão duro da mãe dele e faz o orc suavizar. Com
certeza vou gostar dessa senhora.
-Esperem, quero ver o companheiro da minha filha primeiro! -
Uma voz atrás do grupo reclama alto e faz com que elas se afastem,
revelando uma mulher orc com a pele verde claro com tranças
presas na cabeça e sem presas aparente como a Lidith.
-Mãe! -Lidith grita animada e corre para abraçar a mulher orc,
que empurrou as outras para chegar até nós - Mãe esse é o Jonas,
Jonas essa é a minha mãe Delammia!
Se ela não se agrada com a minha aparência não revela nada
com sua expressão, na verdade ninguém demonstra abertamente
aversão sobre como eu pareço ser e me pergunto se o que Lidith é
verdade no final das contas. Muzgonk não gostou de mim, mas isso
pode ser muito mais porque sou humano do que pela forma que
pareço.
-Você é encantador! - Delammia canta enquanto solta a filha e
com os braços abertos me puxa para um abraço de urso. Estranho,
me sinto genuinamente acolhido e eu a abraço de volta com um
sorriso real nos meus lábios.
-A senhora também é - Respondi sentindo a necessidade de ser
validado por ela, quando ela se afasta ainda não me solta
completamente. Seus olhos vagueiam por mim e coloca as mãos no
meu rosto com carinho, vejo todo o tipo de emoção viajar pelo seu
olhar e meu peito se aquece de um jeito que nunca senti antes.
Quase que com saudade, até que ela se afasta e eu me sinto
estranho.
-Olá somos primas da Lidith! - A mulher orc que estava no meio
do grupo fala animada e eu me recomponho, ela ergue a mão para
me cumprimentar e olho por um tempo considerável pensando se
devo ou não pegar na mão dela - Achei que fosse um cumprimento
normal entre os humanos… - Ela fala ainda sorrindo e eu resolvo
apertar a mão rapidamente, infelizmente ela segura e eu preciso
forçar um puxão sem muita classe.
-Jonas... - Lidith fala entre os dentes ao se aproximar de mim e
colocando um braço ao redor do meu - Essas são Alissai, Rhondra,
Fragona, Bailah e Prinm. Todas são minhas primas, Alissai e
Fragona são filhas do primo da minha mãe. Rhondra é filha do tio da
minha mãe e Bailah e Prinm são filhas do outro tio da minha mãe.
-Nós praticamente crescemos juntas, estamos mais para irmãs! -
Fragona canta animada.
-Bom, acho melhor deixar Jonas desempacotar as coisas dele -
Delammia fala rapidamente enquanto olha para a minha bagagem,
Lidith está rígida ao meu lado e decido tomar a frente.
-Por que não me mostra o quarto Lidith? - Pergunto enquanto
coloco minha mão livre em seu braço, que está segurando o meu,
com um carinho suave que faz os olhos das primas delas voarem
para o gesto.
-C-certo vamos - Lidith respondeu e me ajudou com o carrinho
em silêncio.
Todos abrem caminho e ela puxa o carrinho guiando para direita,
passamos por uma sala ampla com móveis cobertos com peles e
tecidos coloridos, tudo muito acolhedor e aconchegante.
Atravessamos um corredor com portas dos dois lados e fazemos
uma curva para a esquerda no final dele, essa parte da casa não é
possível de se ver da vista da frente.
Me pergunto o quão grande é esse lugar até que chegamos a
um conjunto de portas duplas e uma ala completa como uma casa
nova aparece, uma sala com uma pequena cozinha está na parte
principal com uma janela gigante que mostra uma floresta, não sei
onde é isso, mas é impressionante e espessa. No fundo tem um
corredor que ela atravessa com algumas portas e ela abre a última
revelando um quarto com a maior cama que eu já vi na vida, mas
ela não é alta apenas grande.
-Vamos dividir o quarto, não quero dar qualquer sinal de isso não
é real… - Lidith fala ao atravessar com o carrinho para uma área
sem porta com muitas prateleiras dos dois lados, um lado está vazio
e o outro com coisas que imagino que sejam dela.
-Tudo bem, eu sei fazer o meu papel - Declaro enquanto começo
a tirar as malas rezando para não ter quebrado nada - Suas primas
são realmente interessantes….
-A claro de qual gostou mais? - Lidith pergunta com os braços
cruzados parecendo irritada agora - Ou de quais? Quer saber não
importa, se você acasalar com qualquer uma delas o acordo acaba
e você fica sem nada.
-Primeiro não achei nenhuma delas atraente, assim como não
sou atraente para vocês eu acho difícil gostar de alguém como
elas… - Respondo enquanto tiro as malas e organizo elas no chão
começando com as maiores e deixando as pequenas e médias para
abrir depois - Segundo não costumo quebrar contratos isso
resultaria em perdas que não estou disposto a sofrer com tais
danos.
-Você não acha fêmeas orcs atraentes e mesmo assim se
inscreveu para casar com uma? - Lidith perguntou parecendo muito
surpresa com a minha revelação, ela se abaixou para me ajudar
sem me olhar.
-Você se casou com um homem humano que acha menos
atraente pelos seus motivos e eu tenho os meus para ter me
inscrito… - Respondi vagamente não querendo entrar com detalhes
sobre a minha vida.
-Você tem um grande ponto… - Ela suspira enquanto me ajuda a
abrir as malas, trabalhamos em silêncio por um tempo e é fácil cair
em um ritmo, ela não tenta jogar minhas coisas nas prateleiras, mas
espera que eu sinalize onde gostaria que ficasse - Como fazem
tecidos assim no seu mundo? Sempre gostei da variedade de
roupas, tecidos, formas texturas…
-Você curiosa com as roupas e eu estou curioso com as placas
que estão por toda parte - Respondi aproveitando a deixa dela -
Vocês captam energia do sol para tudo?
-Bom tudo não, também temos energia gerada pelos ventos e
dependendo do clã sei que também usam a força da água - Lidith
explica sentindo a textura de um dos meus moletons mais felpudos -
Um dos universos que conhecemos pelos portais nos ensinou o
caminho enquanto fornecemos a eles outras coisas, como
ensinamento para treinarem suas tropas ou no nosso caso
mineração. Cada clã tem seus pontos fortes que os tornam únicos e
o nosso é a mineração, as montanhas que você viu ao longe são
onde fazemos as minerações. Agora é a sua vez, sobre os tecidos,
você ainda não respondeu.
-Nós aperfeiçoamos a fabricação tanto dos tecidos de origem
animal quanto de outras coisas, por exemplo o poliéster - Respondo
tentando ser o mais simples possível, por mais que os orcs
possuam tecnologia não sei se são tão evoluídos nesse sentido
dado o fato de que ainda usam couro e pele de origem animal - O
poliéster é derivado do petróleo.
-Vocês não usam isso como combustível? - Ela pergunta
parecendo confusa.
-Usamos para muita coisa, tudo depende, nós descobrimos
muitos usos para ele - Respondo prontamente e faço uma lista do
que eu lembro que é feito com o petróleo - Usamos em cosméticos,
em remédios, produtos de limpeza… enfim, quase tudo.
-Vocês usam material inflamável nas roupas, cosméticos e todo
o resto? - Ela pergunta parecendo ainda mais surpresa e vejo que
ela começa a soltar minhas roupas como se fossem pegar fogo a
qualquer momento.
-Não é assim que acontece, tudo depende da formulação
química para fazer cada uma dessas coisas - Respondi segurando
meu riso - Claro que existe algum risco, mas não é como você está
imaginando. Além disso, eu não sou do tipo adepto a usar derivados
do petróleo porque tenho alergia, a maioria das coisas que uso são
de origem natural e por isso são mais caras de se conseguir.
-Ainda assim é estranho que as pessoas usem sem se
importar… - Ela resmungou voltando a organizar minhas roupas, ela
está de joelhos no chão quando levanta um bolo de cuecas box - E
para que servem esses?
-São cuecas, roupa íntima - Respondi rapidamente e depois me
senti curioso - Como é a roupa íntima dos orcs?
-Não temos roupas íntimas - Ela responde enquanto levanta uma
das cuecas examinando elas e depois fitando minha virilha, nunca
fui tímido e menos ainda me senti mal pelo meu corpo, mas com o
olhar dela de agora me pergunto se ela está me comparando a um
homem orc e mais uma vez me sinto sendo inferiorizado por
questões que nunca precisei me preocupar antes.
-Vocês deveriam ter… - Falei rapidamente tentando pensar em
alguma coisa para tirar a atenção desse assunto, até me lembrar de
outra coisa. Ela não está usando uma agora e as mulheres orcs que
acabei de ver estavam de vestido ou saia, provavelmente não estão
também. Essa imagem na minha mente me choca e me faz me
contorcer com a ideia, eles possuem tanta tecnologia e ainda vivem
de forma tão primitiva - Pode deixar que eu vou terminar de
organizar tudo sozinho, você parecia interessada em ajudar na
organização da tal festa. Eu vou ficar bem sozinho.
-Posso te ajudar, não estou interessada em passar mais tempo
com as minhas primas e provavelmente nada do que eu quero vai
ser feito no final das contas… - Lidith declara baixo enquanto volta a
tirar minhas coisas das malas.
-Essa é a sua festa, porque não vai ser do jeito que você quer? -
Falo sentindo que fui enganado por Lidith, onde está aquela mulher
orc que falou comigo como se fosse superior e fosse capaz de fazer
todos a sua volta atenderem as suas ordens? Essa mulher que está
na minha frente parece indefesa e inocente, tudo isso é reflexo de
como as primas a tratam ou teria mais alguma coisa nisso? Na
verdade, tudo isso não é da minha conta. Ela poderia ser a mulher
orc mais feia desse mundo e eu ainda estaria aqui pelo que ela está
me pagando, então mantenho a conversa neutra retirando minha
pergunta - Se você não quer ir até lá deveria se refrescar, tomar um
banho e trocar de roupa, pelo menos sua roupa pode ser a que você
deseja usar, não é?
-Talvez… -Lidith resmunga depois respira fundo fazendo um bico
antes de enrugar a boca, estranhamente a expressão dela é fofa.
Fofa? Estou tão ferrado… Como posso achar ela fofa?
-Você deve fazer isso e eu vou terminar aqui e depois tomar um
banho e me trocar também - Falei rapidamente para tirar os
pensamentos que surgiram da minha cabeça, talvez passar um
tempo sozinho me faça ter pensamento normais novamente.
-Tudo bem - Ela declara enquanto se levanta e sai para o
cômodo do lado, ela havia me mostrado antes rapidamente tem uma
banheira no chão com uma cascata que sai da parede,
aparentemente aquele é o chuveiro. Tem um vaso sanitário que não
é como os que estou acostumado, mas é intuitivo e tem uma porta
só para ele o resto do banheiro é aberto para o quarto.
Quando fico sozinho posso enfim pensar em coisas mais
importantes, talvez eles tenham como se comunicar com o nosso
mundo no final das contas e eu possa explorar isso enquanto estiver
aqui. Seria incrível se eu pudesse ligar meu Playstation também e
matar o tempo com jogos, faço uma lista do que eu vou perguntar
da próxima vez e foco na minha tarefa de organizar as coisas,
mesmo que minha mente vagueie para a forma estranha como ela
olhou para a minha virilha e as palavras dela sobre minha aparência
viagem pelos meus pensamentos.
Fazendo eu duvidar de algo que eu sempre fui tão certo além da
minha inteligência, nunca precisei me questionar sobre minha
aparência, mas se eu analisar melhor estamos falando de mulheres
orcs e não mulheres normais. Se Lidith fosse uma mulher humana
eu nunca me sentiria assim e ela nunca diria que não me acha
atraente, preciso me lembrar disso porque o mesmo se aplica para
mim. Não acho mulheres orcs atraentes, na verdade sinto até
vontade de correr para longe.
Começo a me sentir melhor comigo mesmo novamente, quando
Lidith aparece um pouco molhada e completamente nua. Ela
começa a escolher entre suas roupas e minha boca se abre
involuntariamente, ao mesmo tempo que meu corpo reage como eu
nunca achei que faria com uma mulher orc e ainda assim é inegável
a reação do meu pau.
Lidith é uma mulher orc com curvas pela jardineira grande que
ela usava e a bata era óbvio isso, mas a cintura mais estreita faz
seu corpo parecer uma ampulheta com os seios fartos e seus
mamilos grandes, empinados orgulhosamente assim como toda ela.
A pele cinza claro dela está brilhando com algumas gotas que estão
escorrendo e seu cabelo está solto das tranças caindo em cascata
pelas suas costas, até alcançar a curva grande e redonda do seu
traseiro.
Como uma mulher orc pode parecer tão bonita sendo grande?
Ela não é delicada, não é pequena, não veste PP e ainda assim faz
meu pau contrair. Desespero corre pela minha pele e eu me levanto
resmungando alguma coisa sobre usar o banheiro.
Capítulo 8
Lidith

Sai do banho depois de me secar e fui para o quarto de vestir,


Jonas ainda está guardando sua coisa quando entrei e de uma hora
para outra ele correu do quarto dizendo que precisava usar o
banheiro. Não entendi a urgência dele e também não dei atenção,
porque enquanto olhava minhas coisas vi que minha mãe já havia
colocado um vestido de cerimônia de união entre as minhas coisas.
Um vestido que eu não quero usar, mas que no final se eu não
parecer com ele sei de todo o drama que vou causar.
Esse vestido tem o estilo do athneun, a raça que nos ensinou a
conciliar tecnologia com o ambiente, assim não afetaria o nosso
estilo de vida e ainda estaríamos ligados à nossa magia. Alguns
deles ainda trabalham conosco para melhorar a eficiência nas minas
e graças a essa aproximação algumas coisas da cultura deles estão
presentes em nosso clã agora, como as roupas usadas nas minas
para a segurança do nosso povo e algumas peças do nosso
cotidiano também.
Minha mãe provavelmente achou que seria uma tendência a ser
explorada que eu usasse um vestido de união deles e não um que o
nosso povo usaria, um simples de algodão com um corset de couro
e um manto de pele, com as tranças ornamentadas com anéis de
ouro. Algo que eu adoraria usar se essa união fosse com alguém
que eu amo, o que não é o caso e que por isso usar algo de outro
universo, não seja uma ideia tão ruim.
Levo um tempo para entender como preciso colocá-lo, escuto as
águas do banho se moverem, provavelmente Jonas decidiu tomar
um banho. As coisas dele estão quase todas no lugar, imagino que
ele vai deixar o que faltar para outro dia, já que ele trouxe tanta
coisa que seria difícil guardar tudo e ainda termos tempo para a
festa de união.
Voltei minha atenção para o vestido novamente até conseguir
vesti-lo, quando terminei sai do quarto de vestir para me olhar no
espelho, não é um vestido simples como achei que seria ele tem
uma tira firme com bordados coloridos e brilhantes no decote que
deixa meus ombros expostos, o tecido depois dessa faixa é suave e
azul escuro, com a segunda faixa mais grossa que sustenta meus
seios e chega aos meus quadris cheios de bordados brilhantes que
combinam com o azul do tecido predominante.
É um vestido cerimonial usado desde o tempo dos seus
antepassados, algo que descobri quando fui em uma cerimônia de
união no universo deles a alguns anos. Minha mãe estava ao meu
lado e deve ter visto meu interesse… Deuses eu não sei mais o que
pensar sobre tudo isso, sinceramente até chegar na caverna eu
estava feliz com a minha decisão e agora estou começando a me
perguntar se fiz o correto graças a um vestido.
Um vestido que tem mais significado do que nossa própria roupa
para uma união, os athneuns acreditam que a união é para sempre
e que por isso as roupas para uma cerimônia assim foram
preservadas apesar dos avanços dele, porque uma união a forma
como se unem não pode ser alterada. O que é certo e bonito não
deve ser alterado, por isso eles nos deram a tecnologia sem afetar o
meio ambiente ou a magia.
Eu poderia voltar atrás e reconsiderar, mas então escuto as
vozes das minhas primas na minha sala particular e meu sangue
ferve. Dane-se o amor eu preciso fazer isso, eu tenho um plano e
vou segui-lo.
-O que fazem aqui? - Pergunto quando corro para fora do quarto,
não quero que elas entrem e vejam Jonas tomando banho, isso
seria totalmente inapropriado, aliás elas estarem aqui já é
inapropriado. Algo que eu deveria falar e impedir que elas voltassem
a entrar sem minha permissão, mas isso levaria a choro e
discussão, que fariam minha mãe tentar e acalmar as coisas sem
perceber que está caindo na armadilha delas.
-Vocês estavam demorando então viemos perguntar se precisam
de ajuda para desempacotar tudo - Rhondra fala animada enquanto
se senta no meu sofá com os pés descalços sob o material limpo e
claro. Ela sabe que odeio sujeira e que meu sofá é um móvel
precioso que trouxe de Athnerin, o que quer dizer que ela está
fazendo para me provocar.
-Estou terminando de me arrumar e Jonas também, não
precisamos de ajuda - Falei rapidamente, quando minha mãe estava
por perto eu mantive minha postura mais mansa, agora que somos
apenas eu e elas a coisa muda de figura. Não vou atacar ou fazê-las
criar uma cena, mas vou ser firme. A porta do meu quarto está
fechada, mas ainda preciso manter um olho nelas.
-Posso fazer suas tranças, o que acha? - Prinm canta animada e
tenta se aproximar.
-Não precisa, vou usar o cabelo como os athneuns usam em sua
cerimônia de união, vai combinar com o vestido - Declaro me
afastando para a porta do quarto de costas, mantendo um olho em
todas elas.
-E o macho humano? - Alissai pergunta parecendo entediada,
mas eu a conheço muito bem, ela está prestes a atacar com algum
comentário maldoso - Ele trouxe tantas coisas para um macho…
tem certeza de que ele não é uma fêmea humana?
-Por que os machos e as fêmeas humanas são tão parecidos? -
Rhondra pergunta de forma exagerada e ri alto - Claro que estamos
apenas brincando Lidith seu companheiro humano não é de todo
ruim…
-Se Kaell não tivesse seduzido nossa Bailah as coisas seriam
diferentes agora e você teria um macho de verdade ao seu lado… -
Fragona fala como se sentisse muito pelo que aconteceu com meu
último noivo orc.
-Todos os machos são iguais no final… - Bailah fala e suspira
alto.
-Se é que esse seja um macho! - Prinm comenta com
gargalhadas acompanhadas das outras e a minha paciência se
esvai com esse último comentário cheio de veneno e eu estava
prestes a responder, quando a porta do meu quarto se abre.
Jonas aparece com o pano de secar pendurado em seu quadril,
seu cabelo está úmido jogado para trás e uma mecha cai para
frente, mas não fica por muito tempo ele ergue a mão para colocar o
cabelo no lugar e eu sinto minha boca secar. Por algum motivo não
imaginei que ele seria bonito de se olhar sem roupa e agora mesmo
seu rosto não parece feminino, ele tem ombros largos e quadris
mais estreitos, algo que achei que o fazia parecer estranho por não
ser largo como um macho orc.
Contudo o quadro não é estranho, não chega nem perto disso é
como se ele fosse desenhado para revelar cada músculo com a
proporção certa e sem exagero. Ele continua tendo a pele mais
rosada, mas agora que algumas gotas de água escorrem de seu
peito só consigo imaginar o gosto que teria se eu lambesse até
aquele caminho que está coberto pela toalha e que tem uma trilha
de pelos claros que levam para baixo.
-Lidith? - Jonas me chama e eu percebo que demorei mais do
que deveria observando-o, olho em volta e vejo que ele teve seu
efeito nas minhas primas também.
Queria xingá-lo por aparecer assim e porque agora vai fazê-las
desejar tê-lo em suas camas, mas então me lembro dos
comentários delas e decidi jogar o jogo.
-Sim, desculpe o que você perguntou? - Falo sorrindo e me
aproximando dele, deixo minha mão em seu ombro e tento cobrir ele
da visão delas pelo menos.
Normalmente nós orcs não temos problema com a nudez alheia,
mas ter Jonas assim é outra história porque ele é diferente e de
alguma forma eu deveria ter pensado que a curiosidade em ver um
humano e talvez até tocar pudesse aguçar suas cabecinhas
diabólicas.
-Onde posso encontrar mais dessas toalhas? - Ele pergunta sem
tirar os olhos de mim com um sorriso educado -Eu não queria
apenas sair mexendo nas suas coisas, lamento ter interrompido sua
conversa com suas convidadas para a cerimônia.
-Você não está interrompendo nada, elas já estavam de saída -
Declaro me virando para olhá-las por cima do ombro - Mais uma vez
obrigada pela oferta de ajuda, mas estamos bem. Muito bem a
propósito.
-Jonas todos os machos no seu mundo são como você? - Prinm
pergunta ignorando o que eu falei.
-Se você quer saber se eles se parecem com as mulheres então
não - Jonas responde deixando claro que ouvi a conversa anterior e
fazendo com que elas recuassem claramente desconfortáveis por
terem sido pegas -Nós humanos somos feitos de várias formas e
tamanhos, talvez você encontre algum outro homem que se pareça
com uma mulher ou uma mulher que se pareça com um homem se
a questão do gênero for tão importante para você. Agora se o que
você quer saber é quanto à personalidade preciso deixar claro que
vocês nunca verão um outro homem como eu, sua pergunta foi
respondida?
Prinm acena com um sorriso amarelo, enquanto elas se
despedem com uma corrida para fora da minha ala privada,
rapidamente eu vou até a porta e a selo com um mantra para evitar
mais interrupções até que estejamos prontos.
-Acho que elas não se importam muito agora que eu não seja o
tipo delas… - Jonas declara quando me viro para voltar para o
quarto.
-Não, elas não se importam… - Respondi rapidamente sem
saber para onde olhar que não seja seu corpo, até que eu olho sem
querer e vejo que o pano de secar não faz um trabalho muito bom
em esconder a silhueta dele. Será que elas viram isso também?
-Você ainda quer seguir com isso, Lidith? - Jonas pergunta e eu
paro de pensar no contorno que o pano está fazendo e me atento no
que ele perguntou.
-O que quer dizer com isso? - Perguntei me sentindo confusa.
-Você me escolheu por não me achar atraente, você acabou de
ver que isso não vai ser o suficiente para manter elas longe - Ele
explica com cuidado ainda me observando e dá de ombros - O que
quer dizer que você pode escolher um homem que pelo menos você
se agrade.
-Se eu terminar o contrato agora você iria atrás de uma fêmea
que você se agradasse com ela ou estivesse apaixonado? - Devolvo
seu argumento, com o mesmo tipo de comentário que ele fez mais
cedo e ele acena em compreensão.
-Você tem um ponto… - Ele declara e se volta para entrar no
quarto - Acho que preciso escolher uma roupa que combine com
seu vestido…
Eu aceno, mesmo que ele não esteja vendo porque meus olhos
estão pregados na sua bunda redondinha que está delineada no
pano de secar e enquanto caminho atrás dele começo a balançar a
cabeça para tirar a imagem da minha mente e focar em fazer o
maldito penteado athneun.
Capítulo 9
Jonas

Quando sai do banho escutei toda a conversa delas e meu ego não
me deixou ignorar aquela conversa humilhante sobre mim, Lidith
estava certa quando disse que elas me achariam feminino e por
mais que isso não seja importante vindo de mulheres orcs, ainda
mexeu com meu ego e eu decidi ensinar um pouco a elas sobre
anatomia humana e a diferença de um homem para uma mulher.
Começando com um tipo que sabe como causar um efeito, na
verdade não achei que seria tão efetivo a minha cena toda de
aparecer com a toalha baixa e ainda molhado, queria apenas
mostrar que não sou uma mulher como elas fizeram questão de
sugestionar. Contudo o efeito foi ainda melhor quando elas reagiram
como qualquer mulher humana também reagiria e meu ego se
sentiu melhor depois disso.
Tanto que resolvi alfineta-las quando tentaram me elogiar para
provocar Lidith, ainda não entendi essa relação delas e não é algo
que me interesse, mas vê-las a desrespeitando abertamente depois
de terem tentado me diminuir como homem, fez com que eu
reagisse e deixando claro que sei jogar esse jogo.
Depois que elas saíram senti a pressão que a presença delas se
dissipar, consegui relaxar e processar as coisas a ponto de
perguntar para Lidith se ela iria querer continuar com o contrato,
algo que eu não ofereceria já que posso diminuir meus ganhos, mas
ela parecia querer desistir e eu me senti tocado pela situação dela.
Uma mulher que escolhe um homem que não a atrai para um
propósito e depois percebe que nem isso ajudaria, é tão triste
quanto a minha situação de estar casado com uma mulher orc.
Talvez possa ter me visto na pele dela tenha feito meu coração
amolecer, mas não o suficiente para insistir, porque se ela aceitasse
finalizar o contrato eu teria que encontrar outra esposa orc e não
estou disposto a me colocar nesse papel novamente, mesmo que
isso seja a cartada final para que eu me afaste da minha família.
Contudo Lidith não pediu o fim do contrato e por mais que eu
queira, não posso fingir que isso não me trouxe satisfação, por
algum motivo eu gosto da ideia de ela querer que eu continue como
seu marido de contrato. Gosto mais ainda porque também vi seu
olhar de apreciação, algo que indica que ela com certeza vê algum
atrativo em mim e isso massageou ainda mais meu ego ferido, mais
do que mostrar as primas malucas que eu sou um homem de
verdade.
Enquanto ela se ocupa com o cabelo vou para o closet, ele não
tem portas e imagino que depois que ela simplesmente saiu
completamente nua do banho não faria sentido eu tentar me cobrir,
nudez não parece ser um problema para os orcs e para mim não era
um problema também, até descobrir que não são tão atraentes
assim e que provavelmente vou ser comparado com a forma e
tamanho de um orc em todos os sentidos. Será que Lidith já esteve
com algum homem orc? Provavelmente sim, ouvi falar que os orcs
são muito ativos nesse quesito e apenas orcs casados não se
relacionam com outros orcs nesse sentido.
Preciso focar na minha tarefa, disse que iria me vestir com algo
que combinasse com seu vestido e eu sei que coloquei em alguma
dessas malas um paletó cor de off-White que combinaria
perfeitamente com o brilho colorido do vestido dela, com uma
camisa de botões de linho e uma calça de alfaiataria de azul
petróleo que vai ficar quase que no mesmo tom do azul do vestido
dela. Lidith está parecendo uma camponesa moderna, da realeza eu
diria e combina perfeitamente com sua pele cinza claro.
Encontro cada peça que estava procurando, incluindo os sapatos
e começo a procurar os produtos de cabelo. Acabo encontrando
entre alguns anéis e brincos que eu trouxe uma das joias da minha
mãe, uma gargantilha dourada que ela ganhou do pai dela no dia
em que eu nasci. A única coisa que guardei dela, porque
representava a alegria do meu nascimento, provavelmente foi a
única vez que celebraram isso e por isso me sinto apegado à essa
coisa.
-Jonas você pode me ajudar… - Lidith fala enquanto entra no
closet segurando seu cabelo em um ângulo estranho com as duas
mãos - Preciso prender todo o meu cabelo no topo da cabeça e
fazer isso sem as tranças é mais complicado do que estou
acostumada…
-Você quer fazer um rabo de cavalo? - Pergunto tentando
entender o que ela quer, porque posso acabar piorando a situação
dela.
-O que seria um rabo de cavalo? - Ela pergunta de volta e eu uso
meu cabelo para simular e expliquei como seria com o cabelo dela.
Isso parece ser suficiente e ela acena antes de responder - Exato!
Preciso de um rabo de cavalo, mas meu cabelo é muito pesado para
ficar no lugar enquanto tento prendê-lo.
Ajudei segurando o cabelo com as duas mãos enquanto ela
prende uma tira de couro muito firme para manter tudo no lugar, ela
definitivamente tem muito cabelo e é muito comprido, agora que ela
conseguiu prender eu lembro de um penteado que vi em uma
revista e tento explicar como acho que é feito e ela faz, puxou uma
mecha de baixo e faz uma trança simples para enrolar em volta da
tira de couro.
Ficou encantador, Lidith com certeza é uma orc atraente e
quando dei um passo para trás fiquei encantado com sua beleza
agora, ela tem uma postura de confiança que exala força e
sensualidade do jeito certo. Algo que eu admiro em uma mulher
humana e pelo jeito em mulheres orcs também, lembro do colar e
não penso duas vezes em colocá-lo nela.
-O que é isso? - Ela pergunta enquanto estou atrás dela
fechando a gargantilha.
-Um presente - Respondo rapidamente sem dar muitos detalhes.
-Como estou? - Ela pergunta sorrindo e percebo que seus olhos
estão pintados com algum esfumado escuro realçando seu olhar
com suavidade, tudo nela exala sofisticação e mais uma vez sinto
meu corpo reagir a essa mulher orc.
-Deslumbrante… - Respondi com a voz mais grave do que
pretendia, mas é impossível manter a compostura. Lidith está de
fato deslumbrante.
Seu sorriso aumenta brilhantemente e ela cheira o ar
significativamente parecendo confusa de repente, seus olhos me
varrem dos pés à cabeça e sinto que estou sendo analisada.
-E eu estou à sua altura Lidith? - Perguntei tentando tirar sua
atenção do meu pau, ela com certeza deu mais que uma olhada
para minha virilha e a ideia de que ela pode perceber minha
excitação faz meu membro pulsar ansiosamente na calça - Ou ainda
estou feminino demais para parecer um homem?
-Você está perfeito para um macho Jonas - Ela responde
suavemente mordendo suavemente o lábio, me olhando do mesmo
jeito que ela fez quando eu apareci de toalha fazendo meu pau
pulsar mais e ficar a meio caminho de uma ereção.
-Filha! - Uma batida alta na porta de fora e o grito da mãe dela
nos tira dessa tensão quente e sensual que surgiu entre nós tão
rápido quanto começou.
-Estou indo! -Lidith fala rapidamente enquanto foge do closet
com passos rápidos eu fico para trás tentando recuperar minha
sanidade.
Só passei um dia com essa mulher orc o que diabos está
acontecendo comigo?
Esse pensamento me persegue pelo resto da noite e enquanto
sua família continua a chegar, conheço outras primas e primos. Sou
apresentado aos tios e tias todos orcs e alguns são de uma raça
chamada de athneun, que aparentemente foram os que ensinaram
os orcs a usarem a tecnologia.
A festa foi organizada ao ar livre com mesas cheias de comida,
com crianças orcs correndo entre elas e volta e meia algumas delas
fazendo perguntas sobre mim. Pacientemente eu respondi a todas,
estranhamente estar perto das crianças é mais reconfortante do que
estar com os adultos seja qual for a raça ou espécie crianças
sempre são os únicos que agem como desejam e não escondem o
que pensam.
Em algum momento acabei brincando com eles em um jogo que
poderia ser pega-pega, se não fosse pela luta que acontecia sempre
um encontrava o outro. Também acabei em uma conversa com um
athneun chamado Jharno e ele esclareceu algumas perguntas que
eu tinha sobre a tecnologia deles. A conversa correu tão bem que
ele me convidou para conhecer seu mundo e se eu quisesse
poderia estudar a fundo a área que eu quisesse quando estivesse
por lá. Entramos em vários outros assuntos até mais crianças
chegarem e eu brincar novamente, em algum momento não sabia
mais quanto tempo tinha passado e nem me importou.
Estranhamente nunca me senti tão bem em meio a criaturas que
são tão diferentes e ainda assim estão me acolhendo, desde que eu
conheci Lidith hoje de manhã a minha visão dos orcs tem mudado a
cada momento e eu me pergunto o quanto eu estava sendo injusto
no meu julgamento.
Eu até cheguei a esquecer das primas diabólicas da minha noiva
orc, mas infelizmente quando a noite estava parecendo que
chegaria ao fim percebo uma das primas dela se aproximar de mim
enquanto estou com as crianças e como uma jogada bem colocada
antes que ela tente alguma coisa a faço entrar na brincadeira no
meu lugar enquanto eu caminho para procurar minha noiva. Passei
quase que a noite toda longe dela e pelo andar da carruagem, tenho
o pressentimento de que ficar perto dela agora seria mais seguro.
Capítulo 10
Lidith

Observo enquanto Jonas interage com os machos, fêmeas e até as


crianças da minha família sem parecer fora do lugar. Ele conversa
com todos e é amigável até quando perguntam algo estranho sobre
os humanos, Jonas tem sido encantador e isso não passou
despercebido pelos meus parentes.
Enquanto muitos são legais do lado da família do meu pai, pelo
lado da minha mãe são todos nagas rastejantes. Meu pai não tem
irmãos, apenas irmãs e todas as minhas tias ficaram felizes em
conhecer meu noivo humano, enquanto pelo lado da minha mãe
ouvi todo o tipo de alfinetada sobre ele e sei que ele ouviu alguns
comentários.
Jonas não se defendeu ou atacou ninguém e em algum
momento até ouvi meu pai defendê-lo de um comentário maldoso do
meu tio, eu e meu pai sempre mantemos a postura de mediadores
nessas reuniões de família. Minha mãe se diverte e adora quando
estão todos reunidos assim, mas até ela não parece gostar quando
a família do meu pai está por perto e as coisas tendem a sair do
controle quando eu e meu pai não fazemos o gerenciamento de
danos.
Quando comecei a relaxar com o final da festa Jonas veio ao
meu encontro, algo que eu particularmente evitei a noite toda. Tenho
observado ele a distância e mantido nosso contato mínimo porque
ainda não sei bem como reagir depois da conexão que senti no
quarto de guardar roupas, eu senti o cheiro da excitação dele era
sutil no começo e eu percebi que senti quando entrei para me vestir
mais cedo, pouco antes dele fugir para o banheiro e saber que ele
de alguma forma se sentiu atraído por mim mexeu comigo.
-Acho melhor passar o resto da festa com você… - Ele sussurra
no meu ouvido tão baixo que mesmo eu tendo uma audição mais
sensível que a humana, quase não ouvi, mas eu com certeza senti o
arrepio que sua respiração causou na minha pele me fazendo
consciente da presença dele.
Jonas pega meu copo da minha mão e toma um pouco da minha
bebida, olhei surpresa para ele, mas assim que o encaro vejo ele
assinalar com o olhar quase escondido pelo copo onde é possível
ver minha prima Rhondra observando. Vasculho melhor o jardim
onde a festa foi organizada e vejo que Prinm está perto, as outras
três devem estar se preparando para alguma coisa também e eu
entendo porque ele se aproximou.
-Porque não vamos dormir mais cedo? - Pergunto a ele
casualmente sabendo que estamos sendo ouvidos - As festas de
união dos orcs costumam durar dias e alguns já se retiraram para
dormir, não seria errado que os noivos fizessem o mesmo…
-Claro, eu adoraria dormir depois de ter acordado tão cedo para
o programa de seleção - Jonas declara enquanto caminhamos para
avisar aos meus pais que estamos indo nos retirar à noite. Meu pai
acena e minha mãe me abraça, depois abraça Jonas e soluça
parecendo meio alta de hidromel.
Enquanto entramos na caverna escutei alguns comentários
divertidos dos meus tios legais sobre o cheiro de acasalamento e
outras coisas para provocar, uma brincadeira que é comum nas
festas de acasalamento, mas que também me fez lembrar de um
pequeno detalhe.
-O que eles querem dizer com cheiro de acasalamento? - Jonas
pergunta quando chegamos na minha ala e enquanto eu tranco a
porta com um feitiço minha pele esquenta, como vou explicar isso
agora?
-Eles se referiram ao cheiro um do outro depois de acasalar… -
Respondo calmamente tentando não parecer nervosa com a ideia -
Vocês humanos não percebem, mas nosso olfato é muito mais
sensível e é fácil identificar alguém que seja acasalado pelo cheiro
que ela vai levar do companheiro depois de acasalar…
-Eu sei que a audição de vocês é melhor do que a nossa e você
está me dizendo que o olfato também? - Ele pergunta rapidamente e
estranhamente um tom mais vermelho começa subir pelo seu
pescoço.
-Sim…
-E eles esperam que a gente esteja com cheiro de sexo
amanhã? - Ele fala chegando na conclusão na mesma conclusão
que eu tive quando ouvi meus tios brincarem enquanto entrávamos.
-Pelo menos que tenhamos o cheiro um do outro… - Respondo
sem olhar para ele - Mas sim… olha a gente não falou disso no
contrato, mas podemos fazer um acordo agora verbal e eu vou
cumpri-lo. Basta fazer a proposta.
-Você quer pagar para que eu transe com você? - Jonas
pergunta parecendo mais chocado do que eu teria imaginado, o
vermelho que antes era suave agora está por todo seu rosto e ele
parece estar com raiva.
-Por que a surpresa? - Pergunto sem entender essa reação dele
- Desde o começo eu deixei claro que poderia pagar e qualquer
coisa que estivesse além do contrato de acasalamento de cinco
anos deveria ser negociado entre nós.
-Você está certa - Ele declara enquanto se aproxima - Nesse
caso Lidith vou deixar que você decida quanto vale o meu serviço
depois de feito.
-O-o que… - Começo a perguntar, mas as minhas palavras
morreram quando ele fecha a distância entre nós e me beija. Sua
mão corre pela minha cintura enquanto a outra me prende pela
cabeça, sua língua corre pela costura da minha boca e quando arfo
de surpresa ele invade saqueando minha língua de volta.
Jonas está dominando meu corpo, mantendo o controle
enquanto sua língua varre a minha boca sem me deixar respirar
direito, ele está tomando tudo e me deixando desnorteada com sua
ferocidade. A mão dele se fecha na base onde meu cabelo está
preso, no que ele chamou de rabo de cavalo e me guia puxando
para trás enquanto sua boca desce para o meu pescoço com beijos
de boca aberta e mordidas.
-Jo-jonas… - Eu chamo tentando chamar sua atenção, mas ele
me ignora.
Sua boca continua na minha pele e quando ele alcança o topo
do meu decote sua boca se fecha e chupa com força dando golpes
com a língua. É quase punitivo, mas ainda assim me faz arfar
enquanto meu núcleo se aperta e a umidade se constrói na minha
fenda. A mão dele na minha cintura desceu e ele enche a mão
apertando meu traseiro por cima do vestido, pressionando o seu pau
contra mim desavergonhadamente.
-Jo-jonas… - Eu tento novamente quase choramingando quando
ele solta minha pele e dessa vez ele me dá atenção.
-Você disse que pagaria Lidith… - Ele declara enquanto se
afasta minimamente, seus dedos correm pela linha do meu decote e
eu vejo que ele deixou um grande hematoma na minha pele
enquanto chupava, qualquer um veria isso se eu usar uma roupa
sem mangas. Jonas me marcou e de algum jeito isso me deixou
ainda mais molhada, um orc marcaria com os dentes e ele fez do
seu jeito mesmo sem saber que esse é um costume do meu povo.
Sua mão se fecha na tira que sustenta o vestido no meu colo e a
puxa fazendo o tecido ceder atrás, não é o suficiente para rasgar
completamente, mas ele fica mais largo e Jonas não tenta puxar de
novo ele o abaixa expondo meus seios sem cuidado nenhum
enquanto me segura pela cintura voltando a me beijar.
As palavras dele flutuam na minha mente e eu sinto que preciso
esclarecer as coisas, mas o cheiro dele, a boca dele sobre a minha
devorando e raspando nas minhas presas, seu corpo contra o meu,
suas mãos sobre mim… é tão selvagem e sem reservas que faz
meu núcleo se apertar como nunca senti antes se ele pudesse
sentiria o cheiro da minha excitação se misturando com a dele e
estaria ainda mais alto agora. Se é que é possível, Jonas está me
arrastando, quase me carregando para o quarto e eu me pergunto
se ele teria força para me levantar.
Eu não faço a pergunta, apenas penso e quando ele me joga
contra a cama eu esqueço dessa e qualquer outra pergunta que eu
faria, ele fica sob mim com um joelha entre as minhas pernas
enquanto tira seu casaco, desabotoa a camisa e a joga longe. Seu
torço está nu e bonito diante de mim, suas mãos alcançam o couro
que ele prendeu na calça e o solta. Jonas não vacila e abre a calça,
rapidamente ele se levanta para chutar a peça junto com a roupa
íntima que ele usava e enquanto volta para se ajoelhar na minha
frente sua mão está ordenhando seu pau.
Seus olhos nunca deixam os meus enquanto ele se acaricia,
sinto a urgência em tocá-lo, minha boca seca e minhas mãos
formigam em expectativa. Minha fenda está escorrendo de
antecipação e tudo o que eu consigo pensar é em todos os lugares
que eu poderia levá-lo, seu pau não é de um orc é um pouco mais
escuro que sua pele rosada, mas não de um jeito estranho seu
membro é grosso e tem uma cabeça gorda que definitivamente faria
um ajuste perfeito dentro de mim.
-Você pode terminar de tirar o vestido ou continuar com ele, eu
não me importo - Jonas declara enquanto levanta ele o tirando do
caminho, expondo minhas pernas até minha boceta estar a mostra
para ele.
Minha boca seca novamente e eu aceno, não quero pensar no
vestido, quero ver o que ele está fazendo. Sua mão solta seu pau e
esfrega minha panturrilha, subindo pela parte interna da minha coxa
e alcança minhas dobras encharcadas. O vestido está no caminho
impedindo minha visão e eu faço o meu melhor para tirá-lo,
enquanto seus dedos tocavam na minha boceta explorando e
quando ele enfia seu dedo no meu núcleo eu choramingo e sinto
meu centro se apertar contra seu dedo.
Jonas coloca outro dígito e mais um me abrindo fazendo meu
corpo contrair involuntariamente, antes que eu perceba estou
sentando na mão dele em busca de algum atrito que nunca vem.
Quando ele tira os dedos de mim eu faço o melhor para terminar de
passar o vestido pela minha cabeça bem a tempo de vê-lo se
posicionar com seu pau nas minhas dobras, ele esfrega com
suavidade molhando seu membro com meus sulcos até que
finalmente sinto a cabeça gorda empurrar contra mim para entrar.
Estou gritando antes mesmo de perceber, eu nunca estive com
um macho antes e a realização disso bateu contra mim eu sabia que
não seria confortável, mas me assustei quando ele empurrou todo o
caminho até alcançar um ponto que eu nunca alcancei enquanto me
tocava, o susto não dura muito tempo e assim que ele sai para
entrar novamente estou preparada, sinto ele bater lá novamente,
agora eu sei o que vai acontecer e começo a desejar que ele
encontre esse ponto sensível.
-Jonas! - Eu choramingo quando ele alcança um ritmo de entrar
e sair que está fazendo meu corpo derreter com a necessidade, não
sei o que pedir a ele. Eu quero mais atrito e também quero mais
com mais força… quero que ele faça alguma coisa com a tensão
que está se construindo dentro de mim - Jonas!
Eu continuo chamando-o sem saber o pedir, ele está sob mim
me segurando com uma mão de cada lado meu, minhas pernas
estão presas atrás das suas costas e ele está de joelhos na cama
com a cabeça jogada para trás e a boca aberta soltando pequenos
gemidos.
-Jonas! - Eu grito novamente desesperada que ele faça alguma
coisa, quando ele me solta e coloca uma mão ao lado da minha
cabeça antes de cair em cima de mim capturando minha boca. Ele
chupa minha língua com força enquanto bate cada vez mais rápido
dentro de mim, meu centro parece prestes a explodir e eu não sei o
que preciso fazer para que ele me ajude.
Estou choramingando contra sua boca e remexendo meu corpo
em busca de um alívio que não vem até que ele coloca uma mão
entre nossos corpos suados, que continuam a bater um contra o
outro e alcança meu sensível broto. Sim! Eu quero gritar, mas tudo o
que consigo é um gemido estrangulado quando meu corpo se
contraiu apertando seu pau como um punho fechado ordenhando-o
como nunca imaginei que seria possível. Ondas de prazer percorreu
meu corpo como se uma descarga elétrica houvesse me atingido,
me sinto manca e mole embaixo.
Sua boca me abandona e ele enterra seu rosto no meu pescoço,
enquanto sinto seus jatos me encherem, quente e forte enchendo
meu núcleo. Ele vem com várias batidas dentro de mim antes de
cair sobre mim com a respiração ofegante e cortada.
Estamos os dois ofegantes, eu me sinto nadando como se minha
mente e meu corpo estivessem vagamente conscientes do que está
ao redor, se não fosse pelo corpo quente dele sobre o meu eu
poderia jurar estar sonhando.
Quando ele finalmente se move, acabo sentindo saudade do seu
calor, suas mãos estão cada uma de um lado meu enquanto ele me
olha.
-Espero que isso valha um bom dinheiro - Ele fala enquanto puxa
respirações pesadas e engole duramente - Eu prometo que da
próxima vez vou fazer um trabalho melhor, já fazia um tempo para
mim…
-Não precisa se preocupar, não tenho com o que comparar…
sinceramente não foi nada mal, para a primeira vez de uma fêmea…
- Resmunguei tentando assimilar o que ele falou e de repente a
expressão no seu rosto muda de um sorriso fácil para preocupado.
-Você nunca esteve com alguém antes? - Ele pergunta enquanto
se afasta saindo de dentro de mim rapidamente.
-Por que isso parece ser tão chocante para você? - Pergunto
enquanto me apoio nos meus braços para me sentar,
estranhamente me sinto vazia. Vejo sua semente escorrer da minha
entrada, seu pau também está coberto com nossos sulcos e uma
vontade louca de lambe-lo faz minha boca secar em expectativa.
-Não é - Jonas responde e sua expressão muda novamente, ele
se levanta e se afasta enquanto vai para o banheiro e escuto ele
entrar nas águas de banho.
Penso em ir atrás dele, mas me seguro. Agora que a razão está
voltando a minha mente estou me dando conta do quanto foi banal o
que acabamos de fazer, nada além de um acordo com um
pagamento a ser feito pelo serviço. Não deveria me sentir
emocionada, por isso eu ignoro a sensação do meu peito que
parece afundar e tiro as roupas da cama. Ao contrário dele, não
tento tirar o cheiro do nosso acasalamento de cima de mim, resolvo
deitar e tentar dormir antes que ele volte. Quando sinto o sono me
reivindicar também sinto algumas lágrimas teimosas escorrerem
pelo meu rosto.
Capítulo 11
Jonas

A festa durou cinco dias e quase me levou a loucura, passei esse


tempo quase todo fugindo das primas malucas ao mesmo tempo
que fugia de conversas constrangedoras com a Lidith e todas as
noites durante a festa nós não conversamos, saímos com a
desculpa de ir dormir para os convidados e fodemos como coelhos.
Já a desculpa para que eu continuasse transando com ela era
porque precisava deixar meu cheiro nela, mas claramente era uma
desculpa e todas as vezes que eu a fodia fazia questão de enfatizar
que seria pago depois.
Estive me comportando como uma puta cara e eu sei que isso
machucou-a, desde a primeira vez eu vi as lágrimas no rosto dela
quando voltei e ela estava dormindo. Como o babaca que eu sou,
deitei com ela depois e adormeci com a mão enrolada em seu corpo
macio, delicioso e divino... Não comentei das lágrimas,
provavelmente eu tinha feito um trabalho de merda e acabei
machucando ela, afinal das contas havia sido a primeira vez dela e
isso deve ter machucado, apesar do orgasmo que ela teve deve ter
machucado e eu ignorei o fato.
Ainda consigo me lembrar e até sentir o gosto da boca dela só
de fechar os olhos, porque desde que a festa acabou a dois meses
eu nunca mais toquei nela. Uma coisa que entendi sobre nosso
acordo é que todos podem achar que somos uma farsa, mas não
sua família. Especificamente a família da mãe dela, porque isso
poderia fazer com que eles tentassem invalidar a sucessão dela ao
cargo de futura Capitã.
Então depois que eles se foram também acabaram as rodadas
de sexo e até mesmo a chance de dormir com ela, fui promovido
para o quarto ao lado. Minhas coisas continuam no quarto dela, mas
quando durmo sempre vou sozinho para a cama de orc solteiro, que
também é gigante, mas que fica na porta ao lado.
As únicas vezes que falo ou a vejo é quando ela chega em casa
depois de sair cedo para a cidade e voltar à noite na maioria das
vezes sozinha ou com o pai, a mãe dela também não fica em casa.
Estou praticamente sozinho a maior parte do tempo e as únicas
coisas que posso fazer é ler os livros da biblioteca, andar pela casa
explorando e usar a central de dados que fica em uma sala
específica para isso.
Já aprendi a cozinhar com os aparelhos deles e costumo fazer
as minhas refeições sozinhas, aprendi a mandar mensagens e
descobri os contatos das orcs com quem meus irmãos se casaram.
Até para minha prima mandei mensagem, pedindo alguma
atualização sobre a minha família. Por mais que estar longe deles é
tudo o que eu possa querer, ainda me sinto responsável pelo que
possa acontecer com eles, principalmente com o meu pai.
Meu pai não está bem e isso já tem um bom tempo, me
preocupo que ele tenha chegado ao limite novamente com tanto
dinheiro na conta. Não faço ideia de como ele consegue perder
tanto dinheiro tão fácil, é triste vê-lo afundar assim, se bem que ele
nunca passou muito tempo bem.
Minha mãe o levou para o fundo do poço quando morreu, um
poço que ela cavou quando ainda estava viva. Minha preocupação
só aumenta quando chego mais uma vez à mesa e não tenho
nenhuma mensagem nova da Emilie, exceto por uma da mulher orc
que casou com André.
Estava a ponto passar a caixa de mensagens dela quando recebi
a notificação, provavelmente ela respondeu agora. André foi quem
respondeu com a conta da mulher orc que ele casou, ele disse que
cumpriu com a parte dele no acordo e que em breve vai voltar para
casa. Eu lembro da conversa sobre os acordos, a mulher orc que
casou com ele queria que André a engravidasse e em troca pagaria
a mais uma quantia exorbitante, pelo jeito ele fez o combinado e vai
voltar para casa agora. Ele não deixou claro quando seria, mas
imagino que não deva levar muito tempo para que ele retorne.
Ainda estou processando a informação quando Lidith chega,
mais cedo do que o normal. Sei que ela chegou pelo barulho do
motor do carro, mas então percebi que o motor desligou antes do
que normalmente ela faz e um frio percorreu minha espinha, não foi
ela quem chegou. Corro para ver quem é pela janela do escritório e
vejo três das primas dela descerem do carro, com a mãe dela junto.
Todas estão rindo e parecem animadas em chegar em casa,
decidi manter minha presença oculta no escritório. Aprendi que
quanto mais tempo passo na casa, mais difícil é para eles saberem
qual cômodo exatamente eu estou e eu dificultei ainda mais para
eles, colocando roupas minhas escondidas para confundir o olfato
deles. Não é algo que eu gosto de fazer, mas ajuda, li em um dos
livros deles sobre um conto de fadas que o personagem fazia isso
resolvi aderir a ideia e vendo como elas não percebem a minha
presença a coisa deve dar certo.
-O cheiro dele está por toda parte… - Prinm é a primeira a
comentar e eu sorrio, o escritório com a mesa de dados é perto da
porta e posso ouvir a conversa delas, mesmo que baixo.
-O macho nunca sai de casa é claro que o cheiro dele está por
toda parte... - Essa é a voz da Rhondra, é mais grave que as outras.
-Não importa o cheiro dele, você precisa apenas garantir que o
feitiço seja forte o suficiente… - Essa é a voz da Delammia?
Porque ela estaria ajudando essas malucas?
-Sinceramente eu preferiria usar uma poção - Prinm sussurra e
eu quase não escuto tudo o que ela fala - O feitiço que ensinaram
aos humanos de proteção é o mais forte e provavelmente não vai
fazer o nosso ter algum efeito.
-Forte ou não só precisamos que ele fique confuso a ponto de
confundir qual orc está na cama dele - Delammia é quem fala
novamente e eu fico perplexo, por ela fazer parte disso.
Paro de ouvir a conversa, sei que Lidith vai chegar em uma hora
e pelo plano dessas malucas elas vão querer que ela encontre algo
mais interessante que uma casa vazia.
Sem pensar muito, mandei uma mensagem para ela avisando
que suas primas e sua mãe chegaram em casa, não dou os
detalhes e principalmente não falo sobre a mãe dela estar no meio
dessa bagunça. Nunca imaginei que a mulher amorosa que adora
abraçar tentaria algo contra a própria filha. Mas o que eu sei sobre
mães? A minha se casou com meu pai sem amá-lo e lhe deu filhos
que também não amou.
Infelizmente Lidith não sabe que a mãe dela está no meio de
tudo isso e provavelmente não acreditaria em mim, então escolho
omitir essa parte quando ela chegar. Talvez se eu conseguir alguma
prova eu possa tocar no assunto, até lá preciso manter distância
delas e me esgueirar para fora da casa assim que elas se afastarem
da porta para uma longa, uma muito longa caminhada.
Capítulo 12
Lidith

Corri de volta para a caverna quando recebi a mensagem no


terminal, Jonas avisou que minha mãe e minhas primas estavam na
caverna, e que iria sair para uma caminhada sozinho. Nos últimos
dois meses consegui evitar que elas fossem até lá, meu pai
convenceu a minha mãe a ficar na caverna da cunhada, enquanto
ainda era muito recente nossa união e que ele passaria as noites no
centro.
Pelo jeito o tempo máximo para ficar fora dela são dois meses,
das vezes que ela foi até a caverna eu e meu pai estávamos com
ela e mesmo quando alguma prima estava com ela era fácil
gerenciar. Infelizmente com ela indo pessoalmente com elas fica
difícil evitar danos e eu deveria ter previsto isso antes. Tudo o que
posso fazer é correr de volta e orar aos deuses para que não seja
tarde demais, meu nervosismo cresce enquanto eu imagino o que
elas podem tentar enquanto estou fora.
Tenho sorte que Jonas não é um macho comum, ele entende
que precisa ficar em alerta. Ele não menospreza a inteligência dos
outros ou aceita cegamente o que falam, ele parece ter um filtro
quando o assunto é interpretar o inimigo. Me pergunto como ele
adquiriu essa habilidade, talvez eu possa até aprender alguma coisa
com ele nesse sentido, porque eu fui pega de surpresa e ele já tinha
um plano em mente para uma situação dessas.
Aliás ele tem se preparado a algum tempo e mesmo meu pai
teve que ceder em elogiar a inteligência dele, primeiro quando
sentimos o cheiro dele por toda parte e encontrei peças escondidas
em lugares estratégicos achei estranho, mas depois que ele me
explicou o motivo percebi que fazia sentido e ajudaria caso elas
viessem diretamente. Meu pai achou ruim a ideia a princípio porque
o cheiro de outro macho estava por toda parte na caverna dele, mas
então aceitou quando percebeu que era difícil saber onde ele estava
na caverna depois de um tempo.
Cheguei e estacionei o veículo como faria normalmente, respiro
fundo e entro em casa. Chamo o Jonas inocentemente, sabendo
que ele não está na caverna e sou recebida pela minha mãe.
-Filha! - Ela canta com os braços abertos para me abraçar - Até
que enfim! Por que não me disse que a casa estaria vazia hoje?
-Não está vazia mãe, Jonas saiu para caminhar - Respondi
rapidamente, ela não precisa saber que ele só caminha quando
percebe que elas estão por perto - Ele costuma sair para caminhar
de vez em quando.
-Bom quando ele chegar vai poder provar o prato que eu fiz para
a refeição da noite! - Minha mãe continua falando animada e olhou
por cima do meu ombro - Seu pai não veio com você?
-Não sabíamos que você estaria aqui, então hoje ele ia ficar no
centro do clã - Respondo com parte da verdade, por algum motivo
meu pai tem evitado minha mãe e ainda não consegui perguntar a
ele se tem alguma coisa acontecendo entre eles, porque isso daria
abertura para ele perguntar o mesmo sobre as coisas entre mim e o
Jonas.
-Não tem problema, posso vê-lo outro dia - Ela canta me
puxando para dentro da casa - Agora você pode ir relaxar e se
trocar, suas primas estão aqui também e me ajudaram a preparar a
refeição.
-Claro que estão… - Resmungo enquanto entro em casa, espero
que Jonas não tenha ido longe e que ele veja meu veículo
estacionado para saber que pode voltar para casa.
-Não sei porque você continua com essa implicância, minha
filha… - Minha mãe declara ao meu lado enquanto anda comigo até
a minha ala.
-Não é implicância - Respondo rapidamente e suspiro - Mas não
vou falar disso com você, já aprendi que essa conversa só gera
mais brigas. Vou me refrescar e trocar de roupa, depois volto para a
cozinha.
-Sim, não quero discutir com você eu estava com saudades da
minha filha - Ela continua e quando me aproximo da porta ela
enruga o nariz antes de continuar - Por que você colocou um feitiço
na porta da minha filha? Você nunca precisou disso antes, essa é a
sua casa e me sinto que você não confia em mim quando coloca um
feitiço de bloqueio na porta.
-Não vou parar de usar enquanto elas estiverem aqui, porque
não confio nelas - Respondo sem deixar espaço para essa
discussão também - Você pode adorar a companhia delas, mas isso
não se aplica para mim. Principalmente porque elas desconhecem a
palavra limite, agora se me der licença preciso de um banho.
Uso a minha chave e entrei no quarto, quando atravesso não
coloco o feitiço porque Jonas pode chegar a qualquer momento e
acabaria ficando para fora, apenas uso a chave para trancar e
caminho diretamente para o meu quarto.
O quarto que eu tenho usado para dormir sozinha desde a festa
a mais de dois meses atrás, depois de passar cinco noites com ele
na minha cama tendo os maiores picos de prazer que eu poderia
sonhar e assim que minha família se foi eu também o afastei.
É mais seguro assim ou eu poderia acabar confundindo as
coisas, enxergando coisas onde não tem. Como imaginar que Jonas
poderia começar a se apaixonar por mim apenas para ser trocada
depois que o contrato acabar por alguém que ofereça pagar mais ou
se ele apenas se cansar desse acordo. As coisas já ficaram
confusas o suficiente em cinco dias, tendo ele na minha cama, é
melhor mantê-lo longe.
Como um amigo para quem estou oferecendo abrigo temporário,
um amigo que tem a capacidade de me fazer gritar seu nome
enquanto eu tenho ondas de prazer, mas ainda um amigo. Um que
recebe por cada vez que me faz gozar, desde que ele não disse
quanto gostaria de receber, decidi pagar por cada orgasmo assim
faço meu dinheiro valer a pena. Ele não perguntou quanto eu havia
transferido por cada vez que acasalamos, mas o dinheiro foi pago.
Atravesso o quarto enquanto tiro minha roupa, pensando que
provavelmente terei que chamá-lo de volta para minha cama, pelo
menos enquanto minhas primas estão aqui com a minha mãe. Aliás,
parando para pensar, nos últimos anos minha mãe nunca mais ficou
sozinha, sempre tem uma prima minha por perto dela. Será que ela
sente minha falta agora que eu ando trabalhando tanto quanto meu
pai no centro do clã?
Talvez eu tenha que falar com ela sobre isso, começo a entrar no
banheiro e tomo um susto quando vejo que o Jonas está aqui,
tomando banho calmamente sentado na borda da lagoa artificial
enquanto a cascata de água de limpeza corre pelas suas costas.
-O que você está fazendo aqui? - Pergunto sem saber se entro
também ou se espero ele terminar e acabo ficando parada na borda.
-Tomando um banho - Ele responde sorrindo - Eu andei até os
fundos até chegar no jardim que fica por fora da sala e entrei pela
janela depois que elas desistiram de me procurar aqui. Aliás elas
levaram algumas coisas, mas não vi o que era nem se era meu ou
seu…
Jonas termina de falar e joga a cabeça para trás, enquanto usa
as mãos para alisar o cabelo para trás. As pontas estão maiores,
comparado com quando ele chegou, será que ele vai deixar o
cabelo crescer? Consigo vê-lo usando nossas transas e por um
instante a imagem é excitante, talvez até se ele colocasse uma
calça de couro e tentasse alguma luta no estilo orc, com certeza me
faria escorrer excitada vê-lo agir como um orc.
Contudo esse é o Jonas, um macho humano que tem um perfil
elegante e másculo agora eu percebo, não era feminino. Ele sempre
foi másculo, mas de um jeito diferente de um orc que geralmente
exala masculinidade crua e bruta. Jonas é mais sutil e não deixa
seus desejos ou pensamentos superarem a lógica, por isso ele não
perde a compostura ou se deixa levar pelos instintos como um orc
faria.
-Você acha melhor eu sair pela janela e entrar pela porta da
frente, agora que você chegou? - Ele pergunta enquanto se levanta
e caminha pela água como cuidado, Jonas tem o perfil e agilidade
de um predador que age pela sutileza. Como não percebi isso
antes? Um orc é como uma manada que explode e derruba tudo
pelo seu caminho, enquanto Jonas escolhe uma presa e ataca no
tempo certo.
-Não, basta dizer que entrou e veio direto para o quarto -
Respondi rapidamente tentando clarear meus pensamentos para
longe do seu pau que está flácido agora, mas só de lembrar como é
quando ele está duro e… - Você pode falar que não percebeu que
tinha alguém na caverna, como humano isso seria aceitável.
-Você acha que elas vão embora ainda hoje? - Ele pergunta e eu
sei exatamente onde ele quer chegar, minha mente já foi por esse
caminho.
-Elas nunca ficam apenas por algumas horas - Respondo
calmamente, ignorando a batida acelerada do meu peito - Você vai
ter que voltar a dormir comigo hoje.
-Apenas dormir? - Ele pergunta enquanto se aproxima e eu vejo
como seu pau não está tão flácido agora.
-E-eu não sei…- Tento responder, mas a minha cabeça começa
a viajar com as lembranças e meu peito afunda com saudade do
toque dele.
-Você ainda tem meu cheiro em você Lidith? - Ele pergunta e eu
nego, não consigo fingir meu filtro voou pela janela no momento que
ele começou a falar baixo perto de mim. Jonas me capturou como
sua presa e eu sei que ele está prestes a atacar, a ideia deveria me
fazer correr e tentar colocar algum espaço entre nós. Contudo o
efeito é totalmente oposto, só consigo segurar minhas coxas juntas
para evitar que minha necessidade escorra pela minha perna.
-Vamos precisar corrigir isso… - Ele continua e eu aceno
confirmando, seu rosto encontra o meu e vagarosamente ele roçou
sua boca na minha. Tentei avançar e beijá-lo, mas ele ergueu a mão
para segurar meu queixo ainda mantendo a calma - Não precisamos
correr Lidith, sua mãe está nos esperando para servir o jantar.
Vamos comer e depois poderemos corrigir isso…
Eu estava prestes a protestar com essa decisão dele, mas então
ele me beija com suavidade. Tomando seu tempo e me fazendo
empurrar meu corpo contra o dele, a boca dele raspa nas minhas
presas e ele geme contra minha boca. Meu corpo reage e eu tento
me fundir ainda mais contra ele, mas infelizmente suas mãos me
seguram mantendo meu quadril no lugar e ele se afasta com um
sorriso triunfante.
Jonas está brincando comigo, se aproveitando da minha falta de
controle e de conhecimento nessa área. Eu poderia me irritar com
ele e mandá-lo embora, mas então ele faz uma última gracinha
antes de sair que me faz congelar no lugar. Seus dedos correm
rapidamente pelo meu mamilo sensível e ele o belisca arrancando
um gemido estrangulado de mim.
Depois que ele saiu eu me sento de frente para a banheira e
coloco minha mão entre minhas dobras, enquanto acaricio meu
centro e começo a me dar prazer. Manuseio o mesmo mamilo que
ele beliscou deixando um gemido escapar da minha boca, eu queria
acasalar e já que ele não vai fazer vou cuidar da minha necessidade
sozinha. Pelo menos isso é algo que eu sei fazer bem e tenho até
me aperfeiçoado nos últimos dois meses, tudo o que eu preciso
fazer é imaginar como é ter ele dentro de mim e trabalhar nas
minhas dobras até a onda de prazer me fazer ficar tensa e se esvai
do meu corpo.
Estou prestes a sentir a onda atingir meu corpo quando vejo a
silhueta dele na entrada do banheiro assistindo e isso faz meus
movimentos se ampliarem, abri mais minhas pernas e deixo meus
gemidos saírem livremente. Me sinto exposta e ao mesmo tempo
pegando fogo enquanto ele me observa, não sei o que ele está
pensando, mas eu sei o que eu quero mostrar é estranho querer
que ele me veja e ainda assim é delicioso provocar um macho
assim. Eu venho ordenhando meus dedos e respirando duramente,
fecho meus olhos envolvida demais nas sensações e quando abro
novamente ele se foi.
Capítulo 13
Jonas

Saio do quarto antes que eu caísse na tentação de entrar na água e


foder até os miolos daquela mulher orc, Lidith mexe comigo de um
jeito que eu não consigo explicar e ela ser tão receptiva as coisas
que faço com ela só deixa minha mente perturbada com muito mais
ideias de como provocá-la. Contudo eu nunca imaginei que ela
também me provocaria, voltei para o banheiro quando ouvi o gemido
dela achando que ela havia escorregado, apenas para encontrá-la
se tocando.
Lidith fez questão de se mostrar para mim quando percebeu que
eu estava assistindo e todo o meu cérebro virou mingau de aveia
quando ela veio sobre seus dedos porque eu juro por Deus que
senti como se sua boceta ordenhasse meu próprio pau. Por muito
pouco eu não gozei nas minhas calças como um adolescente
excitado, por isso eu sai e praticamente corri para fora do quarto.
Ter uma reação dessas com uma mulher, seja ela orc ou não, é
um perigo para mim.
Minha necessidade de sair do quarto foi tão grande que esqueci
que as primas malucas e a mão estranha estavam na casa, por isso
passei rápido pelo corredor e fui direto para o escritório com a mesa
de dados. Decidi chegar mais uma vez as mensagens e eu vejo que
meu irmão Elias mandou uma mensagem, justo no mesmo dia que
André disse que estava prestes a voltar para casa. Uma
coincidência, mas que não revela muito e mesmo a mensagem de
Jonas não revela muito, mas é o suficiente.
‘Você precisa voltar, temos um problema’
É tudo o que a mensagem diz, o problema é o nosso pai.
Sempre é, não é necessário mais explicações ou detalhes para
saber que o problema é o nosso pai.
Saio do escritório e ignoro a prima que tenta falar comigo quando
me vê saindo do escritório, não me importo quem seja, eu preciso
voltar para casa agora. Caminho diretamente para o quarto e
encontro Lidith se vestindo, seu corpo chama minha atenção por um
segundo até que eu balanço a cabeça e organizo meus
pensamentos.
-Preciso voltar para casa - Falei rapidamente - Agora mesmo,
tenho um problema em casa.
-O que quer dizer com problema? - Ela perguntou parecendo
genuinamente preocupada, na verdade eu a conheço bem o
suficiente para saber que ela realmente se preocupa e por isso eu
decidi falar a verdade.
-Recebi uma mensagem do meu irmão, ele disse que tem um
problema em casa e eu sei que deve ser alguma coisa com o meu
pai - Respondo sem medir as palavras ou tomar meu tempo para
ser cuidadoso com o que revelar a ela - Sendo sincero eu já
esperava que algo fosse acontecer cedo ou tarde e se meu irmão
mandou mensagem é porque a coisa é séria.
-Tudo bem - Ela fala rapidamente e olha em volta pensando -
Você precisa de alguma coisa antes de ir?
-Não, eu acredito que não vou ficar muito tempo fora - Respondo
honestamente.
-Nesse caso eu posso ir com você, meu pai e os anciãos podem
lidar com o trabalho por alguns dias - Ela fala enquanto caminha
comigo para fora - Você parece tão aflito, não sei se é bom que você
fique sozinho agora…
-E-eu gostaria - Falo sentindo a surpresa dela por eu ter aceitado
e a minha própria surpresa em ter aceitado, eu sei que não deveria.
Eu sei que ela está oferecendo educação e ainda assim eu quero
que ela vá comigo.
-Então vamos, vou avisar minha mãe e podemos sair - Lidith fala
depois de acenar, eu aviso que vou encontrá-la no carro. Acabei
lembrando que preciso pegar pelo menos a mochila com a minha
carteira e meu celular, quando chego no quarto vejo Prinm
vasculhando minhas coisas.
-E-e eu e-eu - Ela tenta argumentar, mas estou sem tempo e
sem paciência para ela agora.
-Você fora e devolva as coisas que tiraram antes, eu sei de tudo
o que está faltando - Digo com mais rispidez e demanda do que
pretendia, mas minha paciência se esgotou com essas malucas.
Pego minha mochila que estava no fundo e vasculho para ver se
está tudo lá, já que elas andaram tirando coisas daqui - Se não
devolverem o que tiraram eu vou denunciar como roubo, não me
importo quem vocês sejam eu vi enquanto tiravam e posso dizer até
onde esconderam. Por favor coloque de volta no lugar.
Não deixo que ela responda, não deixo que ninguém interfira.
Minha paciência para esses jogos acabou no momento que eu li a
mensagem do meu irmão, estou pronto para falar poucas e boas
para a mãe de Lidith, mas ela não aparece para se despedir
enquanto saímos com o carro. Talvez seja melhor assim.
-Ameacei denunciar suas primas por roubo - Declaro depois de
estarmos a algum tempo na estrada. Lidith fica tão surpresa que
quase perde o controle do carro - Quando voltei para pegar a minha
mochila, Prinm estava vasculhando sozinha e já tinha algumas
coisas na mão. Disse para que ela devolva as coisas que pegaram
antes, que eu havia visto e sabia onde elas tinham escondido. Essa
parte é mentira, mas parece ter tido algum efeito nela.
-Você enlouquece? - Ela fala com a voz esganiçada de um jeito
que eu nunca ouvi antes.
-Não apenas estou cansado de jogos, de ter que esconder
minhas roupas para encher a casa com meu cheiro e de ter que
criar planos para evitá-las - Respondo sem fazer pausas - Sua
família é complicada e eu entendo bem disso, se você quiser voltar
depois de me deixar na cidade eu vou entender.
-Você fez isso para evitar que eu fosse com você? - Ela pergunta
depois de alguns momentos em silêncio e eu tomo meu tempo para
pensar.
Eu fiz de propósito? Me pergunto antes de respondê-la.
-Sinceramente isso é algo que eu faria, mas nesse caso não. -
Respondi finalmente - Sabe porque eu tenho que voltar para casa?
Meu pai, ele costuma perder dinheiro além do imaginado e nos
últimos anos quase fez com que perdêssemos a casa. Se não fosse
pelo dinheiro que recebemos quando Emilie se casou com Kaell,
teríamos perdido o único bem que ainda nos restava, mas ele
também torrou todo o dinheiro que deveria durar por anos até
conseguir nos reerguermos.
-Lamento por isso… - Ela fala docemente e eu sinto que ela
realmente lamenta.
-Não lamente Lidith, eu não sou um cara legal que tem uma
família ferrada - Digo com uma risada amarga - Eu sou um filho da
mãe também, porque deixo as coisas rolarem. Prefiro me omitir e
ficar na minha até que a situação fique feia e eu tento alguma coisa
para levantar uma grana, a mesma coisa com meus irmãos. Nós
somos três encostados essa é a realidade, gostamos da
comodidade. Eu tenho qualificação e poderia trabalhar em tempo
integral, mas também sei que todo o meu salário seria torrado pela
minha família e nunca seria suficiente para bancar a vida que
gostamos de levar… Emilie estava certa em todas as coisas ruins
que falou sobre mim e sinceramente ela nem sabe de tudo.
-Por que está me contando isso agora? - Ela pergunta enquanto
continua mantendo sua atenção na direção, mas eu vejo seus olhos
correrem por mim mais vezes do que deveria enquanto dirige.
-Porque quando eu chegar em casa provavelmente você vai ser
a única em quem eu vou poder confiar e para isso eu preciso dizer
exatamente que tipo de pessoa eu sou, até mesmo o motivo que faz
confiar em você… afinal eu sei exatamente que tipo de relação
temos, isso me dá algum senso de confiança em você - Declaro
honestamente - Já com meus irmãos, que cresceram comigo e eu
os conheço desde sempre, mas também não consigo confiar neles
completamente. Sei que posso contar com eles assim como eles
podem contar comigo, mas confiar é algo que nenhum de nós
consegue fazer um pelo outro. Enquanto meu pai é um caso
totalmente à parte, não sei nem por onde começar. Por isso, se você
quiser ficar eu vou entender Lidith.
-Eu vou com você, não importa quantas desculpas você crie -
Ela fala sem tirar os olhos da frente da estrada.
Eu sorrio sem conseguir me conter e mesmo sabendo que vou
encontrar um problema sem fim quando chegar em casa eu também
me sinto relaxado por ter Lidith comigo. É estranho que o meu
conforto venha logo de uma mulher orc…
Uma que é cheia de curvas grandes que enchem a minha mão
quando pego com a mão aberta em sua pele, é como se não
houvesse fim para os vales e montes dela. Como minha cabeça
pode ter mudado tanto nos últimos meses sobre meus gostos em
uma mulher?
Lidith faz um grande contraste comigo e isso é visível
fisicamente quanto à personalidade, talvez por isso me sinta
confortável com ela e até tenha conseguido fazer algo que eu achei
que nunca faria com uma mulher grande como ela. Algo que eu fiz
por cinco dias e tenho sofrido de abstinência desde então…
Quando chegamos no centro do clã ela caminha em direção a
um prédio com três andares e muito imponente, eu sigo atrás dela
com minha mochila e a mala que ela fez. Percebo alguns olhares de
outros homens orcs em direção a ela com grande interesse deles,
que também agem como se eu não estivesse logo atrás dela e
antes que eu perceba estou resmungando sobre a falta de
educação deles.
Lidith rapidamente entra no prédio e eu fico grato por não estar
mais tentado a estrangular os orcs lá fora, ela cumprimenta alguns
orcs que estão dentro do prédio e eles não prestam muita atenção
além de devolver o cumprimento. O maior interesse deles
permanece em mim, provavelmente eu devo ser como uma atração
turística, o marido da futura capitã que nunca sai de casa finalmente
deu as caras na cidade depois do casamento. Será que eles
imaginaram que ela havia me devorado vivo? Esse seria um
pensamento real de onde eu venho, dado o medo que alguns
humanos ainda têm dos orcs e de qualquer outra espécie que
apareça.
-Pai! - Lidith chama fora de uma porta e entra depois de chamar
pelo pai, eu a sigo e como sempre o orc sorri para a filha e faz uma
carranca para mim.
-O que esse macho fez? - Muzgonk pergunta me encarando com
raiva estampada em seu rosto medonho - Ele finalmente cedeu
como você temia que aconteceria? Se for isso, é melhor levá-lo de
uma vez antes que eu mostre a ele como um macho de verdade
luta!
-Não é nada disso pai! - Lidith fala rapidamente entrando na
frente do pai e fazendo-o parar de me olhar ameaçadoramente.
-Eu não traí sua filha ou algo do tipo, preciso voltar para casa -
Declaro tentando conter meu nervosismo pela ameaça do orc -
Estou com problemas em casa, meu irmão entrou em contato
comigo o que quer dizer que a situação é séria.
-Perfeito! - Muzgonk fala rapidamente enchendo o peito - Mande-
o embora de uma vez e pare de fingir que é acasalada com um
macho fraco.
-O senhor pode não gostar de mim, mas alegar que sou fraco
sem me conhecer é no mínimo uma falta de respeito - As palavras
saem da minha boca em minha defesa quando já é tarde demais
para me conter, eu nunca falaria assim com ele, mas hoje depois de
todo o estresse que passei com a esposa dele e as sobrinhas, além
da mensagem do meu irmão depois… Tudo contribuiu para me
deixar mais agressivo e menos reflexivo que o normal - Preciso sim
resolver problemas com a minha família e se sua filha quiser eu vou
retornar para continuar com o nosso casamento, não sou do tipo de
homem que foge de um acordo ou que quebra as regras. O que é
mais do que os orcs que você escolheu para ele fizeram antes.
Quando termino de falar os dois estão me olhando com um ar
estranho rondando na sala, eu sei que falei mais do que deveria,
mas também estava no meu limite e não posso pegar as palavras
de volta e agir como se nunca houvesse dito nada. A única coisa
que eu sei agora é que eu tenho duas alternativas: uma é sair daqui
morto depois de levar um soco desse orc gigante e a outra é
conseguir sair vivo, mas com as pernas moles e provavelmente me
arrastando no chão por perder o movimento do corpo com o medo.
-Pai, Jonas vai voltar para o universo dele e eu vou com ele -
Lidith fala chamando a atenção do pai dela e fazendo as minhas
palavras ficarem sem uma resposta dele o que provavelmente é a
melhor opção - As coisas estão calmas no clã, agora que estou
acasalada e podemos aproveitar a oportunidade para finalmente
negociar a comercialização com os humanos sobre alguns minerais
da seleção inicial… Assim não será um problema eu me afastar por
algum tempo.
-Não parece bom o suficiente para mim… - Muzgonk declara me
ignorando completamente enquanto fala com a filha - Quanto tempo
sua ida até lá duraria? Precisamos ter isso em mente e também
preciso que você me atualize constantemente sobre essa
negociação, o que não será possível enquanto estiver lá.
-Pai já estivemos em diversas negociações juntos e algumas eu
dirigi sozinha enquanto você apenas ouvia - Ela fala com firmeza em
suas palavras e postura, algo que eu não tinha visto ela fazer que
não fosse falando comigo quando quer alguma coisa e está disposta
a negociar todas as pontas do assunto - Além disso você e eu
escrevemos o estatuto para negociação e debatemos mais isso do
que qualquer outro assunto. Você sabe que eu vou fazer um bom
trabalho e fora isso também posso atravessar o portal para mandar
mensagens através de algum terminal sempre que necessário.
-Você não vai mudar de ideia, não é? - Muzgonk pergunta
parecendo menor e quase menos ameaçador enquanto a filha jorra
informações sobre ele que refuta qualquer tentativa dele de fazê-la
mudar de ideia.
Estranhamente me pergunto porque ela não consegue fazer isso
com a mãe… A impressão que eu tenho é que ela nem mesmo
percebe a diferença entre os pais e como eles a tratam de forma tão
distinta. Não é algo que vou comentar ou questionar, mesmo que
minha curiosidade sobre o assunto pareça cada vez maior, ainda
preciso me lembrar que não tenho nada a ver com a relação dela
com os pais.
-Não, eu não vou mudar de ideia - Ela declara altiva e o pai
acena.
-Antes de atravessar o portal da montanha me mande uma
mensagem e informe os dados do terminal que poderei mandar
atualizações e também receber suas atualizações - Muzgonk fala
por fim depois de puxar uma respiração profunda sem tirar os olhos
da filha até que ele finalmente me olha e preciso conter o arrepio de
medo puro que percorre meu corpo. A ponto de me fazer congelar
no lugar.
-Vou fazer isso, obrigada por entender pai - Lidith conclui e me
puxa pelo braço quase me carregando para sair da sala, demora um
pouco para minhas pernas funcionarem normalmente depois disso.
E se não fosse pela situação que me faz voltar para casa eu até
acabaria gostando de ter esse momento longe desse clã, pode ser o
que eu preciso para colocar a cabeça no lugar com relação ao que
eu ando sentindo e alimentando na minha mente sobre a Lidith.
Claro que essa tarefa seria mais fácil se ela não estivesse indo
comigo, mas ao mesmo tempo eu quero que ela vá comigo, o que
só complica ainda mais a forma como as coisas estão confusas na
minha cabeça.
Capítulo 14
Lidith

Quando atravessamos o portal um dos guardas responsáveis pelos


portais se aproximou e questionou o motivo de termos aberto um
portal sem agendamento. Foi aí que expliquei a situação e ele foi
em busca do Kaell, quando o macho o voltou estava acompanhado
não apenas do Kaell, mas também da Emilie e de um outro casal.
Uma fêmea orc e um macho humano, a forma como ele anda me
lembra muito a do próprio Jonas o que só me faz pensar que ele
seja o irmão que mandou a mensagem.
Não apenas o jeito de andar, eles possuem alguns traços
semelhantes, claro que os de Jonas são mais suaves e seu irmão
parece mais duro e angular. Além do cabelo do Jonas ser claro
assim como os olhos, seu irmão também não tem aquelas covinhas
nas bochechas, mas ainda assim com as diferenças entre eles os
dois são parecidos de algum jeito.
Ele está de mãos dadas com a fêmea, agora me lembro dele.
Esse foi o macho que foi escolhido por duas fêmeas e que saiu do
palco com a fêmea que estava mais perto do palco, pelo jeito ele
escolheu a outra fêmea. Interessante eles combinam quando estão
juntos, lembro de achar que ele não parecia fazer um par bonito
com a outra fêmea. Pelo jeito acertei no meu palpite.
A fêmea é bonita e está usando um vestido humano com um tom
escuro de vermelho que se agarra nas suas curvas, nunca imaginei
ver um orc com roupas humanas e agora parece adorável nela. Ela
tem a pele em um tom de verde acinzentado que faz um contraste
bonito com a cor do vestido e seu cabelo está preso no topo da sua
cabeça, em um penteado muito parecido com que Jonas me ajudou
a fazer no dia da nossa festa de acasalamento.
-Não achei que viria tão rápido… - O macho humano fala
nervosamente enquanto Jonas olha para o grupo que chegou
parecendo irritado, quando seus olhos captam as mãos unidas do
irmão com a fêmea sua expressão se fecha ainda mais.
-Você disse que eu precisava voltar, se isso não é motivo para vir
o quanto antes então deveria ter deixado isso claro - Jonas
responde finalmente parecendo indiferente - Vamos conversar aqui
ou prefere fazer isso em um local mais privado?
-Podemos falar na minha caverna, é longe o suficiente do
mercado e depois disso podemos voltar para a cidade… - A fêmea
orc oferece animada, mas começa a ficar menos animada quando
os olhos de Jonas parecem queimar nela. Ele não está nem um
pouco feliz com a presença da fêmea e eu não entendo o porquê.
-É perfeito -Ofereço rapidamente para amenizar os ânimos,
enquanto Emilie lança um olhar furioso para Jonas que a ignora e
Kaell solta um rosnado baixo e vicioso para Jonas - A propósito eu
me chamo Lidith, sou do clã Vrikin e filha do capitão Muzgonk. É um
prazer conhecê-los, apropriadamente.
-Eu me chamo Elias e essa é a minha esposa Shiara - O macho
finalmente se apresenta depois de se recompor erguendo a mão
para me cumprimentar e eu a pego com educação antes de soltá-lo.
-Podemos seguir para a caverna que vamos conversar? - Jonas
fala irritado, chamando a atenção de volta para ele.
-Claro, vamos para lá - Elias declara enquanto puxa a
companheira dele pela mão, eu começo a marchar atrás deles sem
olhar se Jonas está seguindo. Quando alcançamos a entrada todos
fazemos menção de entrar, mas a voz de Jonas chega alta antes
que a fêmea possa abrir a porta.
-Elias, esse é um assunto de família? - É tudo o que o Jonas
pergunta quando olhei para Emilie ela está revirando os olhos.
-Elias, se precisar de mim ou do Kaell basta avisar - Emilie
declara sem esperar por uma resposta e Kaell a segue rosnando
irritado com Jonas provavelmente.
-Você não precisava agir assim com ela… - Elias fala depois que
entramos na caverna da fêmea - Ela quer ajudar e Emilie também
faz parte da nossa família, você gostando disso ou não.
O lugar é agradável, apesar do cheiro de acasalamento estar
forte no ar, o que para mim só deixa claro que ao contrário de mim e
do Jonas, o acasalamento deles deve ser real. Apesar de que eu
acasalei com Jonas mesmo apenas para ter o cheiro dele em mim…
-Desde quando você se importa com isso? - Jonas pergunta com
tom de desafio enquanto cruza os braços e meus pensamentos
sobre nosso acasalamento ficam para trás, minha atenção volta
para conversa e decidi me sentar ponderando sobre esse bate papo
entre eles que está longe do amigável - Você está querendo
impressionar sua esposa orc com a pose de bom homem?
-E você quer mostrar o quanto você pode ser babaca para a sua
esposa? - Elias devolve com raiva queimando em seus olhos irritado
com o comentário do irmão.
-Eu não preciso, pelo menos ela sabe que o contrato é a única
coisa que temos de real nessa relação - Jonas fala com tom de
provocação para o irmão e eu decidi intervir nessa criancice entre
eles.
-Já perdemos tempo suficiente com essa discussão infantil. -
Lidith declarei sem paciência - Elias, por favor conte o motivo de ter
chamado seu irmão com tanta urgência e você Jonas, porque não
se senta enquanto seu irmão fala? Se for preciso eu também posso
pagar por isso.
Jonas não responde, mas me olha com raiva enquanto se senta
próximo a mim. Ele pode estar irritado porque joguei meu dinheiro
na cara dele novamente, mas como ele mesmo falou nossa relação
é apenas um contrato e isso é justamente o que ele alegou ser
essencial para conseguir confiar em mim.
-Acredito que é melhor começar com a Shiara contando sobre a
conversa que ela ouviu no jardim entre Luiz e Gustavo - Elias
começa a falar e olha para Shiara enquanto os dois se sentam em
um sofá embaixo da janela que dá para a rua.
-Bom a algumas semanas eu estava sozinha na casa da piscina
e queria fazer uma pergunta para o Luiz - Shiara começa a explicar
enquanto olha para Elias de vez em quando - Senti o cheiro dele
quando estava procurando por ele e a voz dele chegou antes que eu
estive mais próxima, como a audição orc é mais apurada não foi
difícil ouvir com clareza mesmo que estando a uma certa distância
deles. Luiz estava perguntando ao Gustavo se ele tinha certeza de
que o Roger acreditava que estava investindo em algo real… disse
que ele não poderia ter nenhuma dúvida sobre o esquema, porque
isso colocaria tudo a perder e eles queriam estar com todo o
dinheiro antes de sumirem de vez…
-Eles disseram que alguém chamada de Rita poderia convencer
o nosso pai a entregar o restante do dinheiro não foi? - Elias fala
incentivando a Shiara a dar mais detalhes da conversa e ela acena
confirmando.
-Sim! - Shiara confirma enquanto dá mais detalhes - Luiz disse
que a Rita poderia convencer o Roger, porque ela é alguém de
finanças… Nesse momento o Gustavo questionou o motivo de ainda
estarem tentando tirar ainda mais dinheiro do Roger e disse que a
conta do seu pai estava praticamente zerada…
-Foi aí que o Luiz disse que ainda tinham as contas que
obrigamos o nosso pai a abrir para impedir que ele gastasse tudo
como da última vez - Elias fala parecendo informar que aquele era o
final da tal conversa que a Shiara ouviu.
Shiara ainda olhou para ele de forma sugestiva e o macho
acenou rapidamente, Jonas não viu o gesto rápido porque está
concentrado olhando para o chão com as mãos entrelaçadas e
apoiadas nas coxas. Contudo o sinal não passou despercebido por
mim e me faz questionar se tem mais alguma coisa que a fêmea
ouviu e eles não querem dividir agora.
Jonas está tenso, sua expressão está fechada com o cenho
franzido, ele começou a bater o pé enquanto puxa respirações
profundas completamente envolvido em seus próprios
pensamentos.
-Você está dizendo que toda a prova concreta que você tem, se
baseia no que ela ouviu - Jonas finalmente fala e Elias acena
confirmando.
-Se você está pensando que a Shiara inventaria algo assim, é
melhor você pensar muito bem nas suas próximas palavras Jonas -
Elias devolve rapidamente com a voz quase aguda demais para seu
tom - Não vou aceitar que você diga que ela está mentindo. Além
disso, você conhece o nosso pai, sabe que tudo isso é possível.
-Não estou acusando ninguém - É o que o Jonas fala e depois
me olha rapidamente, como se estivesse pensando nas palavras
que eu deveria ou poderia ouvir dele e a minha própria postura se
estica. Ele está escondendo algo agora? - Vamos ver as contas
quando voltarmos e depois se realmente houver um desfalque sem
sentido… somente nesse caso eu vou ajudar, mas acho melhor
manter segredo que eu voltei.
-Claro, já havia chegado nessa conclusão, eles não podem saber
que você voltou - Elias completa - Tem um lugar que você pode ficar
quando estiver na cidade e ninguém vai desconfiar, além de já ter
um carro à disposição se você precisar.
-Onde seria? - Jonas pergunta contrariado.
-A casa da Emilie, ela havia me oferecido para morar lá com a
Shiara depois que nos casamos, mas preferi ficar com o nosso pai -
Elias responde explicando o motivo do local ser esse - Se eu
explicar a situação eu sei que ela não vai se incomodar que você
fique lá por um tempo.
-Ela não vai aceitar isso, se fosse o André talvez, mas sendo eu
o possível hóspede a coisa muda de figura… - Jonas fala tentando
negar a oferta, claramente ele está desconfortável com a ideia de
ficar na casa da prima, mas para mim provavelmente é a melhor
opção - Talvez um hotel seja melhor, não preciso sair, um
computador com acesso à internet é tudo o que eu preciso.
Sei que foram colocados guardas na casa da Emilie depois de
um incidente a alguns meses e por isso outros orcs, mesmo que não
sejam do meu clã, estarão por perto e isso deve me deixar mais
confortável em estar longe de casa.
-Vamos ficar com a casa da Emilie, vou conversar com ela
pessoalmente - Declaro enquanto me coloco em pé e começo a
caminhar para a saída da caverna, decidida em fazer as coisas
começarem a dar certo apesar da tensão entre os irmãos e ao
sentimento estranho de que Jonas está deixando algo de fora -
Acredito que descobrir se existe o desfalque nas contas seja o
primeiro passo então vamos começar por aí de uma vez e enquanto
você faz isso eu vou aproveitar para agendar aquelas reuniões.
Eu não espero uma resposta enquanto caminho liderando até a
caverna do capitão Belrror, que é onde todos devem estar, o guarda
que foi avisá-los da nossa chegava havia comentado que eles
estavam em um jantar na caverna do capitão naquele momento.
Duvido que tenham se dispersado sabendo que estávamos na
caverna da fêmea conversando sobre algo tão sério da família.
-Emilie! - Chamo enquanto me aproximo, esperando que alguém
escute antes de alcançar a entrada da caverna.
Belrror é quem abre a porta e nos convida para entrar, Emilie
está amamentando seu filho em um amontoado de almofadas em
um canto do salão do primeiro andar com outros machos e fêmeas
conversando ao redor. Caminho diretamente para ela, sorrindo um
pouco para os pequenos punhos do bebê que apertam o peito da
mãe enquanto suga com fome seu alimento com os olhos
sonolentos. O pequeno Mikell é adorável, uma pequena versão do
pai, mas com um tufo de cabelo encaracolado como o da mãe, mas
completamente preto como de um orc.
-Desculpe não ter ido atender a porta, mas esse garoto parece
estar sempre com fome! - Emilie fala com tom falso de indignação
enquanto sorri para seu filho voraz - A conversa correu bem? Você
precisa que eu faça alguma coisa? Eu não posso ajudar muito, mas
Kaell pode providenciar qualquer coisa que precisem…
-Na verdade, tem algo que você pode fazer sim - Começo sem
perder muito tempo com toda a parte de jogar conversa fora - Elias
disse que sua casa está vazia no momento e acredito que ficar
hospedada lá enquanto estiver na cidade seria muito mais seguro
para mim e para que Jonas e Elias tenham um lugar para falar sobre
a situação da família deles, sem correrem o risco do pai deles
descobrir tudo…
-Claro, você é bem vinda na minha casa! - Emilie fala com um
sorriso amigável.
-Espero que esse convite possa se estender ao Jonas também,
ele vai precisar ficar comigo na casa. - Declaro antes que ela fique
muito animada - Jonas e Elias acreditam que a melhor coisa no
momento é esconder do pai dele e dos outros envolvidos que o
Jonas está na cidade.
-Entendo… - Emilie fala depois de algum tempo, ela está
pensativa, provavelmente contrária em ceder a esse pedido. O que
só me faz ficar ainda mais curiosa sobre o tipo de relação que Jonas
tem com a família.
Tento argumentar mais um pouco e Elias aparece ao meu lado
incentivando-o com entusiasmo que ela aceite o meu pedido, até
que a fêmea finalmente cede e dá algumas instruções ao macho de
onde o irmão poderia ficar. Kaell apoia a decisão da companheira e
como um gesto de incentivo me dá uma pedra para abrir portais,
caso eu precise voltar rapidamente.
Jonas aproveitou para fazer perguntas sobre a conexão na casa
da Emilie, mas ela não soube responder o que ele queria e isso o
frustrou um pouco. Algo que ele deixou claro, mas foi silenciado com
outro rosnado do Kaell direcionado para ele. Mais alguma conversa
acontece até que finalmente conseguimos sair de lá e voltar para o
mercado e atravessamos um portal.
Capítulo 15
Jonas

Estou irritado desde que atravessei o portal e acredito que isso não
é apenas por estar aflito com a situação do meu pai, escutei meu
irmão e sua esposa orc que estava usando um vestido muito
humano… é ridículo que um orc use roupas assim… ridículo e ainda
assim me perguntei como seria se Lidith estivesse usando um
vestido assim, como o vestido que ela usou na festa do nosso
casamento.
Estou rangendo meus dentes novamente, com esse
pensamento. Estamos no carro a caminho do shopping e estou
mantendo minha boca fechada, enquanto Lidith e a orc Shiara
conversam animadamente sobre a vida na cidade. Meu irmão
parece ter entrado de cabeça nessa coisa de estar casado com uma
mulher orc, afinal de nós três ele foi o que pegou o melhor contrato
e ainda por cima continua vivendo a vida do jeito que bem entender.
Elias parece bem e feliz, apesar da situação com o nosso pai,
ele e a esposa orc sempre estão se olhando com carinho enquanto
se tocam o tempo todo. É muito irritante. Ele é burro o suficiente
para agir como se tudo isso fosse durar… Ele não sabe que nossa
familia ferrada vai acabar destruindo essa ideia de relacionamento
feliz que ele tem agora?
Além disso, como ele pode estar feliz com essa mulher orc? Eu
estou morando a dois meses com uma delas e não é como se fosse
a melhor experiência da minha vida. Passo a maior parte do meu
tempo jogado e procurando o que fazer. O que não é tão diferente
do meu dia-a-dia em casa…
-Eu realmente preciso ver essa loja com roupas íntimas! - Lidith
fala animada entre risos com a Shiara e meu humor azeda ainda
mais.
Ela não precisa ir a uma loja assim… Mulheres orcs não usam
roupa íntima de qualquer forma, seria ridículo que ela tentasse usar
uma calcinha ou um sutiã! Seus seios são grandes demais e seu
traseiro também acabariam espremidos contra o material delicado
da roupa íntima… Seus mamilos acabariam ficando enrugados de
se esfregar contra um material desses. Só seria um incômodo para
ela e para quem acabasse vendo, que nesse caso provavelmente
seria eu… E eu não quero vê-la assim! Deus me livre da visão…
Tudo isso é o que eu penso para forçar minha mente a voltar ao
normal, mas o que eu imagino é outra história. A imagem que se
formou na minha cabeça envolve Lidith usando tiras de renda para
segurar sem sucesso suas curvas cheias fazendo todas as partes
certas dela ficarem expostas para mim… E o pensamento dela estar
assim só para mim faz coisas comigo que não deveria acontecer!
Inferno!
Respiro fundo e abro a janela do carro, não quero que ela venha
com aquela coisa de cheirar e acabe percebendo que estou
rapidamente crescendo duro. Não apenas porque é errado pensar
essas coisas sobre ela, mas também porque eu não quero pensar
assim. Ela é uma mulher orc com muitas curvas, orelhas pontudas e
a pele cinza claro… Exceto pelos seus mamilos que são grandes
redondos, de um cinza mais profundo e que fica perfeito na minha
boca quando eu chupo com força…
-Chegamos! - Elias declara ao desligar o carro no
estacionamento do shopping.
Não espero por ninguém ao descer do carro com a minha
carteira no bolso, caminho para a loja que preciso comprar algumas
coisas, começando por aparelhos que possam ser usados para ser
um clone do aparelho original do meu pai e de mais alguém
envolvido nessa merda. Preciso de um notebook para acesso
remoto e também uma CPU para manter as gravações e códigos
fora da rede. Preciso de cabos, nobreak e mais centenas de coisas
que vão ser pagas da minha conta reserva.
Imagino que se eu movimentar o dinheiro da minha conta
principal meu pai será alertado e isso é a última coisa que preciso
agora, manter minha chegada na cidade como um segredo é
imprescindível. Até mesmo meu celular convencional continua
desligado, preciso manter o foco. Lidith começa a rir novamente
com Shiara que entram juntas em uma loja deixando Elias comigo.
-Shiara tem meu número, vou mandar o nome da loja quando
chegarmos lá - Elias comenta com um sorriso bobo enquanto
assiste as mulheres orcs entrarem na loja. Eu por outro lado assisto
o olhar de nojo de outras pessoas ao verem que elas estão
conosco, fazendo meu humor azedar ainda mais. Porque eu
compartilho esse sentimento deles… ou compartilhava até estar
com a mulher orc que ferrou com a minha cabeça em dois meses
estando com ela e sua família.
Inferno! Inferno! Minha irritação é quase palpável e até sinto o
começo de uma dor de cabeça se instalar na minha têmpora e ao
redor do meu crânio, fazendo parecer que alguma coisa está
espremendo meu cérebro.
Ignoro meu irmão e mantenho meu foco no que preciso comprar,
com toda a conversa delas sobre roupas me dei conta de que deixei
tudo no clã da Lidith e não posso voltar para casa para pegar o que
deixei para trás. Então além de comprar o essencial para descobrir
a merda que meu pai fez, dessa vez, também vou precisar comprar
roupas.
Estou esperando que processem o pedido e que o vendedor
traga os produtos do estoque quando elas aparecem com algumas
sacolas. Shiara parece ter convencido Lidith a comprar um aparelho
celular e agora o vendedor correu para atendê-la, por algum motivo
o fato dela ser orc parece incentivar os vendedores a correr atrás
dela para fazer sua venda.
A história que corre desde que os casamentos foram
incentivados pelos governos, é de que os orcs são ricos no nosso
mundo e por isso são grandes clientes. Fico ainda mais irritado
quando o vendedor joga todo o charme falso para fazê-la comprar o
aparelho mais caro da loja, fiquei ainda mais enfurecido quando ela
escolhe uma cor que não tem nessa filial, mas em uma que fica
próxima e ela paga uma taxa extra para trazerem até aqui em pouco
tempo.
Acabo deixando Elias encarregado de retirar meu pedido da loja
e aviso a ele o nome da loja que vou a seguir, preciso comprar
muitos periféricos e itens que na primeira loja não tinham todos.
Quando Elias e as mulheres orcs aparecem estou no caixa pagando
pelas coisas que escolhi, só então seguimos para uma loja na qual
eu possa comprar algumas roupas para mim e Lidith decide
conhecer a loja também.
Ela escolhe várias peças para si e até presenteia Shiara com
outras, essa loja não é barata e com certeza tem um público mais
sofisticado, mas assim como na loja de eletrônicos as vendedoras
voam para fazer com que as mulheres orc comprem mais coisas. Ao
mesmo tempo que lançam olhares desdenhosos quando elas se
viram, pior ainda é o olhar de julgamento que recebo ao se darem
conta de que eu e Elias estamos com elas. Como Elias consegue
conviver com todo esse julgamento acerca de estar com uma
mulher orc?
É óbvio que essas pessoas assistiram a transmissão da nossa
seleção que aconteceu a dois meses, todos sabem quem somos e
que provavelmente aceitamos fazer parte daquilo pelo dinheiro.
Como a maioria das mulheres fizeram na primeira seleção e depois
com os homens também.
Quando finalmente saímos de lá estou a um fio de perder a linha,
decidi focar no motivo de estarmos de volta na cidade e começo a
trabalhar no aparelho que servirá para clonar o celular do meu pai,
ainda vou precisar terminar de configurar ele quando estiver
conectado no computador, mas por enquanto posso limpar e deixa-
lo do jeito que preciso para instalar o que preciso depois.
Converso rapidamente com Elias explicando que provavelmente
nosso pai tem outro aparelho que não seja o que ele usa no dia a
dia, é comum pessoas como ele terem outro celular para separar os
assuntos ou apenas para manter coisas escondidas. No caso do
meu pai imagino que sejam as duas opções.
Elias acabou comentando que descobriu sobre o André ter
engravidado sua esposa orc e isso fez a conversa entre nós morrer,
porque eu não quero conversar com meu irmão sobre o que
aconteceu da última vez que falamos com nosso pai, menos ainda
com as duas orcs no banco de trás. Também não conto que André
entrou em contato avisando que pretende voltar para casa em
breve, por isso digo para Elias fazer o que bem entender sobre o
assunto.
Mesmo elas parecendo alheias à nossa conversa eu sei que
Lidith está mantendo sua atenção em alerta, ela sempre faz isso ao
meu redor e tenho certeza que não é uma conversa casual que a
faria agir de forma diferente.
Quando chegamos na casa da Emilie eu ainda me sinto irritado
por tudo o que aconteceu hoje, é como se o dia nunca fosse
terminar. Começando com a história da mãe da Lidith ter tentado
ajudar as primas a me dar um golpe e terminando com o fato de
estar na casa da minha prima que me odeia desde sempre.
Sei que parte desse ódio é culpa minha, mas ela não ajuda em
nada com a postura de Madre Tereza e salvadora da pátria!
Ninguém é tão santo assim e eu sou o tipo de pessoa que faz
questão de ver o outro lado das pessoas. O lado real.
Elias está fazendo um tour pela casa da Emilie e eu já estou
cansado da voz dele, já estou cansado desse dia. Minha cabeça
está pulsando, eu estou ainda mais irritado e frustrado. Por isso
acabo fazendo o que faço de melhor quando o assunto são meus
irmãos.
-Você conhece muito bem a casa da nossa prima, irmão... -
Comentei pela décima vez, talvez até mais do que isso.
-Jonas, se você quer perguntar alguma coisa - Elias fala depois
de parecer cansado com todos os meus comentários -Pergunte de
uma vez…
Ele sempre foi o mais fácil de se tirar do sério!
-Para alguém que alegava não ser próximo da nossa prima, você
conhece muito bem a casa dela e provavelmente sabe mais da vida
dela do que demonstrou para nós. - Falo com a voz mais exaltada,
deixando claro que Elias é um idiota por ter omitido essa relação
entre eles - Eu sou o único que deveria perguntar se tem algo que
você gostaria de dizer. Irmão!
-Você espera que eu diga que menti sobre ser próximo da
Emilie? - Elias tenta se defender cruzando os braços na defensiva -
Que diferença isso faz agora?
-Agora não faz diferença nenhuma, mas antes teria feito! -
Respondo feliz comigo mesmo, por ter conseguido fazer ele assumir
o que fez e ainda parecer perto de perder a cabeça - O que mais
você esqueceu de nos contar sobre ela? Sabe como as coisas
poderiam ter sido diferentes?
-Diferentes como? - Elias pergunta quase fora de si e eu poderia
sorrir agora, se não fosse o sentimento ainda persistente de que não
é suficiente - A diferença que teria acontecido é que agora a Emilie
estaria sem nada e provavelmente na rua! Porque nenhum de nós
teria ajudado ela depois de sugar até o último centavo do que era
direito dela de receber sozinha!
-Você só está falando isso porque quer se sentir melhor! Você
quer fazer a cena do bom moço para sua esposa orc? - Agora estou
gritando assim como Elias, sentindo meu sangue ferver e toda a
frustração do dia e dos últimos meses explodir de mim direcionado a
ele - Não finja que não quis o dinheiro e que não quer agora! Não
finja que é superior a nós Elias! Porque você não é! Você é tão
mesquinho e egoísta quanto qualquer um de nós quatro!
Sinceramente você deve ser ainda pior que o nosso pai!
Meu irmão tem feito toda essa cena de bom moço na frente das
mulheres orcs e dos orcs na montanha, mas ele não é tão diferente
assim de mim! Eu não acredito nessa cena e até mesmo essa
tentativa de fazer nosso pai sair desse buraco, essa atitude de bom
samaritano tem data de validade para acabar e essa máscara cair!
Porque é assim que nós somos! É assim que fomos criados e é
assim que vivemos!
Elias não é melhor do que eu e com certeza não merece coisas
boas acontecendo com ele, assim como eu não mereço. Nenhum de
nós merece!
Estou vendo pontos pretos de tanta raiva que estou sentindo
agora, por isso quando Elias acerta meu rosto eu não reajo a tempo
para desviar. Recebo o golpe com força e cambaleio para trás com
o impacto, ao me dar conta do que acabou de acontecer eu avanço
para frente finalmente feliz em extravasar esses sentimentos
conflitantes que estão em ebulição dentro de mim.
Tenho certeza de que estou sorrindo quando avanço, mas
infelizmente não consigo atacar de volta. Lidith me arrasta para
longe, tento me soltar dela, mas seu aperto é tão firme que no final
deixo ela me levar sem tirar os olhos de onde meu irmão ficou
parado me olhando, com um sorriso no rosto.
Capítulo 16
Jonas

-O que você tem na cabeça? - Lidith grita comigo quando


chegamos na cozinha, ela deu a volta por fora da casa para chegar
até aqui comigo e eu reviro os olhos. Claro que meu olho dói no
processo, mas a dor parece deliciosa agora e apesar da careta eu
forço mais um pouco até fisgar a ponto de eu ranger os dentes.
-Não é da sua conta - Respondo quando ela tenta ver melhor
meu olho e o estrago que meu irmão fez - Aposto que pareço mais
másculo agora com um olho roxo. O que acha?
-Acho que se você fosse uma fêmea não seria tão idiota! - Lidith
declara irritada enquanto caminha para longe de mim - Porque
provocou seu irmão daquele jeito? O que tem de errado com você?
-Eu disse antes de vir até aqui. Eu sou um idiota egoísta -
Respondo sentindo meu olho latejar cada vez mais, decido procurar
por gelo na geladeira. Quando encontro tiro a camisa e enrolo
alguns cubos para colocar no meu olho.
-Disso eu me lembro, você só esqueceu de dizer que você age
assim de propósito! - Lidith grita novamente, enquanto anda de um
lado para o outro.
-Que outro jeito existe de ser um idiota se não for de propósito,
querida esposa? - Pergunto com um sorriso torto e cheio de dor do
rosto.
-Jonas porque você falou com seu irmão daquele jeito? - Ela
pergunta sem responder minha provocação.
-Que diferença faz, esposa? - Devolvo a pergunta com outro
sorriso - Você está aqui porque confio no nosso contrato, não
porque quero ser reconfortado por você. Que aliás deveria estar
descansando, para agendar aquelas reuniões amanhã.
-Você quer que eu ofereça dinheiro para que você fale? - Ela
questiona parando na minha frente e tirando o gelo da minha mão,
afastando o pano que já está pingando para ver o estrago no meu
rosto - Eu até posso pagar para que você fale e aja como uma
pessoa normal. O que acha disso? Receber uma bolada para deixar
de ser um idiota. Você acha que conseguiria?
-Ferrado como eu sou é melhor você continuar me pagando para
foder você, porque nesse quesito nós dois sabemos que eu posso
fazer o trabalho - Respondo com um sorriso sedutor me
aproximando dela, consigo ver com meu olho bom sua expressão
mudar de fechada para suave inesperadamente.
-Só para registrar, sua provocação não vai funcionar comigo. -
Ela declara enquanto coloca o gelo no meu olho novamente com um
suspiro audível - Minhas primas já me ferraram nesse quesito. Se
quiser me provocar, vai precisar ser melhor do que isso.
Estava prestes a responder quando ouvimos uma porta se abrir
nos fundos, olho virando o corpo para ver quem é o intruso quando
um orc de pele verde escuro e barbado entra na cozinha com uma
expressão azeda.
-Está tudo bem fêmea? - O orc pergunta me ignorando
completamente -Kaell esteve aqui a algumas horas e pediu que
ficássemos em alerta com relação a esse macho.
-Está tudo bem, eu posso lidar com a situação - Lidith responde
também me ignorando - Eu me chamo Lidith a propósito e esse é o
Jonas, qual o seu nome macho?
-Eu me chamo Reunh e os outros dois machos se chamam
Kuhlar e Igonh - O tal Reunh responde - Nós três estamos fazendo a
segurança no local pelo próximo trimestre. Se precisar de nós basta
chamar, estaremos sempre por perto.
-Obrigada pela consideração, mas como falei eu posso lidar com
a situação agora e futuramente - Lidith continua e dispensa o orc
com um aceno.
-É incrível como todos continuam me ignorando quando você
está por perto… - Deixo o comentário sair sem perceber quase
baixo demais para alguém ouvir, mas infelizmente Lidith é orc e sua
audição é malditamente boa.
-Se ser ignorado é um problema para você, porque não aproveita
e muda essa sua atitude? - Ela fala enquanto coloca o gelo no meu
colo - Talvez assim as pessoas olhem para você como alguém que
merece respeito…
Lidith começa a se afastar depois de falar indo em direção ao
corredor, mas para e dá meia volta com um olhar frio direcionado
para mim.
-Para que fique registrado, respeito também é algo que eu não
tenho mais por você depois do que vi hoje, te dei a chance de me
explicar e você parece determinado a me tirar do sério também. Por
isso espero que esteja satisfeito em ser tão bom em ser um idiota -
Ela faz uma pausa puxando uma respiração profunda e terminando
de falar de costas para mim - Boa noite Jonas, quando eu precisar
de algo de você vou ter certeza de estar com o bolso cheio de
dinheiro para garantir seu pagamento depois.
Não sei qual parte do discurso dela me faz segui-la, o que eu sei
é que eu a alcanço no corredor e a segurei pelo braço. Lidith fica
parada esperando que eu fale alguma coisa, mas eu não sei o que
falar que não sejam mais provocações.
-Se você não tem nada a falar é melhor me soltar, você mesmo
disse que eu preciso cuidar dos meus assuntos, enquanto estou na
cidade e é isso que eu vou fazer Jonas - Lidith fala duramente e eu
mordo a língua para não devolver à altura. Leva tudo de mim para
manter a calma e deixá-la ir sem falar nada.
Como eu vou responder uma coisa que nem eu mesmo sei
porque fiz?
Tudo o que eu sei é que estourei com Elias, porque pareceu ser
a coisa certa a se fazer para extravasar toda a minha merda para
fora. Sempre foi assim. Quando estou ferrado demais para entender
o que eu sinto Elias ou André são as opções mais fáceis de alcançar
isso, mas por algum motivo não converso com eles, eu explico com
ofensas e palavras desconexas. Algo que eles também fazem
comigo.
Não é uma novidade ter levado um soco do meu irmão, só é algo
que não acontecia a um bom tempo. Quando éramos jovens brigar e
gritar era o caminho certo para deixar nossa merda sair, quando
ficamos mais velhos as palavras idiotas e um pouco de socos tomou
lugar. Depois com nossas cabeças um pouco mais maduras ficaram
apenas as palavras que machucavam, com comentários maldosos,
insinuações e provocações, sem ir aos finalmentes de um mano a
mano como antes.
É natural reagir assim para nós, mesmo para o Elias que é de
longe o mais equilibrado de nós três. Infelizmente entender porque
somos assim não é algo que eu possa explicar, eu também não
entendo. Eu só precisava explodir e isso sempre me acalmou antes,
me ajudava a passar um bom tempo sem sentir.
Contudo dessa vez eu não estou leve, não estou melhor e nem
mesmo a dor do soco está me deixando em paz novamente. Tudo o
que eu consigo pensar é que preciso me justificar para Lidith e na
expressão de dor do meu irmão quando o comparei com nosso pai,
algo no qual eu nunca o havia acusado de ser antes.
Frustrado, tento achar algo forte para beber, ando pela casa
procurando alguma garrafa até encontrar um mini bar em um
escritório fechado onde as garrafas estão até empoeiradas. Emilie
pode surtar depois por eu ter pegado algo da casa dela sem avisá-la
antes, ela pode cobrar o valor depois ou deixar aquele marido orc
que a segue como uma sombra arrancar meu couro fora. Qualquer
uma das opções é válida desde que eu consiga algum álcool agora.
-Você não deveria estar aqui macho - Escuto alguém falar pouco
antes de tirar a garrafa da prateleira.
-Eu definitivamente não deveria estar aqui e ainda assim olha
onde estamos… - Resmungo deixando minha mão cair, olho para
meu novo visitante e esse não é o mesmo orc de antes - Imagino
que você seja uma das babás que Emilie mandou para me vigiar de
perto dentro da casa dela…
-Eu me chamo Kuhlar e não sou sua babá - Ele responde com os
braços grandes de orc cheio de cicatrizes e uma carranca com suas
presas grandes e tortas - Sou um guerreiro que está trabalhando na
proteção da casa, mas se precisar de uma babá Igonh é a melhor
opção. O macho tem três filhos e duas filhas, vai saber como lidar
com um macho que age como uma criança mimada…
-Parece que todos tem uma ideia formada sobre a minha bunda
idiota… - Retruco deixando de lado o bom senso e voltando a pegar
a garrafa. Se ele vai me bater, que seja enquanto eu estiver
embriagado.
-Não precisa ser muito inteligente para perceber que sua bunda
é idiota macho - Kuhlar devolve tirando a garrafa da minha mão -
Você anda como um idiota, cheira como um idiota e fala como um
idiota. Mas se quer um motivo para levar um soco, não vai ser
porque é um idiota.
-Porque não seria? - Pergunto intrigado com o orc estranho que
está falando mais do que qualquer orc que eu tenha conhecido até
agora.
-Por que você macho idiota precisa de uma boa luta - Ele declara
como se fosse obvio enquanto coloca a garrafa de volta na estante.
-Eu tentei, ganhei um soco e ainda não me sinto melhor… -
Respondo tentando pegar outra garrafa.
-Você levou um soco, isso não é nada. Lutar é lutar. - Ele fala
como se fosse óbvio - Vamos, se você vai ter uma boa luta de
verdade.
Fico parado no lugar sem entender direito como meu dia acabou
dessa forma, mas no final se não vou conseguir beber até cair,
talvez eu apanhe até desmaiar.
Capítulo 17
Lidith

Macho idiota! Como fui burra de ter me acasalado com alguém


como ele? Estar no clã, mantendo-o dentro da caverna da minha
família enquanto eu trabalhava no centro como futura capitã não me
permitiu conhecer ele adequadamente. Na verdade, eu quase não o
vi ou falei com ele além do essencial nos últimos dois meses e
agora em um dia pude ver mais de quem ele realmente é, um
grande macho idiota!
Jonas pode ser alguém que não acabaria acasalando com uma
das minhas primas ou fazendo alguma burrada que iria destruir
minha reputação, mas ele é totalmente capaz de ser o macho que
vai ofender e prejudicar qualquer um mesmo que sem um motivo
aparente. Talvez não qualquer um, é provável que para receber
suas ofensas só seja necessário ser da família. Qualquer outro
indivíduo ele trata menos do que merda, pelo menos foi o que ele
fez parecer.
É o que ele quer fazer parecer, porque quando ele achou que
ninguém estava olhando vi ele fazer coisas como carregar minha
mala sem reclamar em nenhum momento por toda a montanha e
todo o caminho até o carro depois que saímos do portal. Jonas
impediu que a vendedora colocasse mais peças do que as que eu
escolhi, em uma das lojas que fui com ele. Vi ele olhar com raiva
para as vendedoras que só queriam empurrar produtos para mim e
depois murmuravam coisas impertinentes, achando que eu não
ouviria.
Eu ouvi e vi tudo isso, assim que entrei na primeira loja sozinha
com a Shiara ela me contou um pouco da parte ruim que vivenciou
nas lojas, ela me incentivou a não dar atenção para os comentários
e a ficar atenta ao que passava no caixa de cada loja, para não ser
enganada. Foi o que eu fiz enquanto estava apenas com ela, mas
quando Jonas e Elias se juntaram a nós percebi que Jonas ficou em
um nível totalmente novo de transe ao nosso redor. Elias parecia
mais relaxado, mas também tomou conta da situação com mais
sutileza e educação.
Os dois são como opostos completos e ainda assim, não sei
dizer direito, mas é impossível negar que eles são parecidos.
Também vi Jonas segurar com cuidado as sacolas com as joias,
sem que eu pedisse por isso. Ele retirou com cuidado as minhas
coisas antes de tirar as dele do carro e ainda fez questão de levar
até o quarto que eu vou ficar deixando tudo organizado sobre a
cama, talvez seja o problema que ele tem em precisar organizar
tudo com algum tipo de coerência que só existe na cabeça dele,
como ele fez com as roupas no meu armário na caverna ou em
como ele empilha as coisas por tamanho e cores. O que eu sei é
que ele não teve o mesmo cuidado com as próprias coisas que
comprou e depois disso passou a alfinetar o irmão até que Elias
explodisse com um soco no rosto dele.
Não passou despercebido para mim também a conversa que ele
teve no carro com Elias sobre o irmão mais novo deles,
aparentemente a companheira dele está grávida, mas a reação dos
dois a essa notícia me fez perceber que tem algo mais nesse
assunto e a forma como Jonas endureceu só me fez ficar mais
atenta ao que eles falavam. Shiara também percebeu, mas deixou
rolar e continuou me explicando como usar o aparelho celular novo.
Nesse momento estou tentada a ligar para Shiara e saber como
Elias está, o macho parecia desconcertado com o que Jonas falou,
contudo isso não é algo que eu deveria fazer e sim Jonas. Ele é
quem precisa se desculpar com o irmão, mas duvido muito que isso
aconteça quando ele não consegue sequer falar sobre o que
motivou a provocação.
É como se ele quisesse ser o vilão da história, ou talvez eu
queria ver alguém melhor onde não há espaço para isso… Puxo
uma respiração profunda cheia de pesar, com mais centenas de
questões rondando a minha mente sobre o macho com quem
acasalei. Decido tomar um banho para relaxar e tentar dormir um
pouco, demorei um pouco para lembrar das instruções de como
usar o chuveiro e todo o resto, mas no final consegui tomar um
banho quente. Senti saudade do meu banheiro com a fonte de
imersão, mas por enquanto posso lidar com banhos mais simples.
Quando saio escuto sons de uma luta, franzindo a testa faço o
caminho até a janela para ver quais dos machos que estão na
caverna da Emilie estão lutando na parte lateral da casa, é longe o
suficiente para que eu escute, mas não com clareza total.
Infelizmente quando vejo quem são percebo que um dos machos
não é um orc e sim Jonas que está apanhando do outro orc! Estou
pensando em como chegar lá em baixo rápido o suficiente para que
o macho não acabe matando Jonas mesmo que sem querer,
quando escuto o macho dar ordens de como Jonas deveria se
posicionar.
Só então eu percebo que apesar de estar cansado, suado e
ofegante por receber alguns golpes, Jonas também está corrigindo a
postura de acordo com o que o macho oferece. Assim como muda a
posição das pernas, quando ele tenta um golpe o macho desvia ou
recebe o golpe com um bloqueio e mostra onde Jonas errou
acertando-o de volta como Jonas deveria ter feito.
Continuo assistindo encantada com a evolução rápida de Jonas
em receber instruções, ele nunca derrubaria um macho orc treinado
desde a infância, mas ele pode muito bem tentar fazer o mesmo
com um humano maior e conseguir derrubá-lo. Eles passam horas
desde o momento que comecei a assistir, fazendo movimentos
alguns simples e outros mais complicados. Uns mais rápidos e
outros mais cuidadosos, até que Jonas cambaleia pingando de suor
e finalmente atingindo seu máximo de exaustão.
O macho se aproxima dele e fala algo baixo, isso o faz levantar a
cabeça na minha direção e depois abaixar de novo. Por algum
motivo me sinto envergonhada de ter passado tanto tempo
observando e finalmente entrei para o quarto fechando as janelas.
Meu coração estava palpitando um pouco e até meu corpo
parecia de alguma forma afetado pelo desempenho de Jonas, não é
como se eu nunca tivesse visto ele sem camisa e suado de algum
exercício. Cuidar do corpo é uma das coisas que ele mais fez nos
últimos dois meses, pela falta do que fazer na caverna da minha
família. O macho até ganhou alguma massa, mas sem exagero. A
questão é que a luta para um orc sempre foi e sempre vai ser algo
mais visceral de vivenciar ou assistir, não é à toa que todos
aprendemos a lutar antes mesmo de iniciar o estudo da escrita ou
conhecimento geral.
Eu até poderia ter me sentido assim antes quando Elias partiu
para cima do Jonas, mas não era algo justo e bonito de se ver, ali
era sobre provocação. Jonas treinando com o macho até a exaustão
foi sobre liberação, algo que todo orc aprende a fazer para manter a
mente e o corpo sadios, quando mais nada é suficiente e pelo jeito
finalmente eu percebi, depois de tudo o que ele fez hoje de forma
tão contraditória, que para Jonas mais nada seria suficiente para
que ele encontrasse o equilíbrio novamente.
Seja lá qual for o equilíbrio para ele.
Capítulo 18
Jonas

Acordei completamente dolorido, eu não sinto nada e ao mesmo


tempo sinto tudo. É como se meu corpo fosse uma massa de dor
sem forma, nem mesmo a cama macia embaixo de mim parece
reconfortante. Bom.
Tento me arrastar para fora da cama, mas tudo o que consigo
fazer é bater com a bunda no chão e a dor irradiar ainda mais
através do meu corpo. Ontem à noite foi no mínimo estranho ter um
homem orc que não queria apenas me socar, se Kuhlar tivesse
apenas me socado e me derrubado eu provavelmente teria apenas
alguns hematomas agora e uma possível concussão, que eu ainda
estaria em melhor condição que agora. Ser levado à exaustão por
treinar e ter recebido alguns golpes, não era bem o que eu queria,
mas foi o que eu recebi de qualquer maneira.
-Ainda está respirando. Bom - Escuto alguém falar, mas não sei
dizer qual dos orcs seria, não consigo mover minha cabeça para
olhar - Sua companheira saiu com Reunh. Vou te levar para a lagoa
no quintal.
O orc não esperou uma resposta minha já que tudo o que eu
conseguiria fazer era grunhir, meu corpo todo vibrou de dor quando
ele me arrastou para ficar em pé o orc jogou meu braço sob seus
ombros e atravessou um braço na minha cintura. Meus pés mal
tocavam o chão enquanto ele se movia, seria humilhante ser
carregado assim se o cara não fosse quase que o dobro do meu
tamanho e cheio de músculos.
- Kuhlar só fez um treinamento básico com você, como pode ter
ficado tão mal assim? - O orc fala e pelo jeito é o tal do Igonh - De
qualquer forma a lagoa vai ajudar, ainda bem que a fêmea Emilie
deixou que adaptarem a lagoa para algo mais útil do que uma poça
de água de pedra. As plantas ao redor possuem propriedades
curadoras, você vai ficar bem em breve…
O orc falou durante todo o caminho, me comparando com seu
filho mais novo e mais rebelde pelo que entendi da falação dele.
Depois fez comentários sobre o motivo dele estar lá com os outros
guardas, aparentemente Emilie e a Larissa sofreram um ataque de
elfos que queriam matar a minha prima, mas graças a Kaell e os
outros orcs que apareceram no último minuto a situação acabou
com um massacre de elfos. Nenhum orc morreu, mas sofreu alguns
ferimentos graves na época e que agora passado alguns meses
estão recuperados.
Quando ele finalmente me colocou na água eu ainda não
conseguia falar, mas suspirei de alívio quando a água morna e com
um cheiro reconfortante me preencheram. Não me importei com a
textura de musgo que a piscina tem agora, ou com as plantas que
tocaram meus pés no fundo. Se essa coisa toda vai me fazer
melhorar então não será um problema passar por isso agora.
-Onde você disse que Lidith havia ido? - Pergunto depois de
conseguir formular palavras e sentir meu corpo mil por cento melhor.
-Eu não disse e se já está bem para falar pode se virar para sair
daí depois - O orc não espera uma resposta e sai marchando seja lá
para onde ele tem que ir. Agora que reparei que Igonh tem mechas
brancas entre as tranças conforme ele anda para longe, ele pode
ser velho, mas não é mais fraco ou menor por isso.
Enquanto Kuhlar parece ser um pouco mais velho que Kaell,
mas muito mais medonho e menos musculoso ou alinhado, aquele
orc faz justiça à imagem de orc ameaçadores dos filmes. Já o tal
Reunh não parece grande coisa, é um orc de aparência normal,
altura normal para um orc parecendo um orc mediano. Só que ainda
é maior do que eu e mais musculoso também.
Meu corpo começa a melhorar e a minha mente a clarear
enquanto deixo minha mente correr pelos últimos acontecimentos e
informações que recebi. Ontem Kuhlar comentou que Igonh tinha
filhos, mas não falou se ele ou Reunh tinham família também.
Reunh é o mesmo orc que apareceu ontem e falou com a Lidith
como se eu não estivesse no mesmo lugar que ela, Lidith alegou
que ele fez isso por não me respeitar graças as minhas ações, mas
qualquer um teria ao menos acenando com a cabeça ou me lançado
um olhar. O cara não fez nada disso e saber que ele saiu com Lidith
hoje só me faz pensar que ele pode ter se oferecido… Ele estaria
interessado nela?
O pensamento me irrita profundamente, estou rangendo os
dentes e só percebo quando meu maxilar começa a doer, o estrondo
baixo de um rosnado também se instala no meu peito com um ritmo
baixo e essa reação me faz balançar a cabeça com força para
obrigar minha mente a clarear e a entrar nos eixos.
Lidith e eu temos apenas um contrato de casamento, não temos
um relacionamento real e se ela quer que eu seja completamente
fiel a isso, imagino que ela também tenha isso em mente quanto ao
lado dela no contrato. Eu assim espero… enruguei a testa com esse
pensamento, porque estou preocupado que ela acabe com outro
orc?
Na minha atual situação isso seria ainda melhor, ela poderia
acabar com o contrato e eu ficaria com o dinheiro. Eu poderia voltar
para casa e esquecer que um dia vivi em uma caverna no mundo
orc, vou poder esquecer da mulher orc cheia de curvas com quem
estive algumas poucas vezes, que tão receptiva ao que eu fazia
com ela não importa o quão duro eu a levasse como uma virgem
fascinada com seu primeiro amante. Inferno! Ela era virgem…
Me lembro o quanto essa informação fez meu corpo vibrar vivo
para outra rodada naquela primeira noite, eu estava tão envolvido
naquela explosão de adrenalina e tesão que estava pronto para
lamber meu caminho através do seu corpo voluptuoso para mostrar
o quanto eu a queria pronta para mim novamente. Felizmente eu
consegui me conter, consegui manter o último fio da minha sanidade
ligada e consegui sair da cama.
Lidith nunca esteve com outro cara, essa mulher orc que é
durona e mandona para todos, mas quando está na cama embaixo
de mim choraminga e implora como uma gata manhosa. É delicioso
lembrar dos seus gemidos e do seu núcleo apertando meu pau,
ordenhando seu prazer e o meu… Droga!
Eu preciso parar de pensar assim! Um dos motivos de querer
voltar para casa era para conseguir clarear minha mente, naquela
caverna orc tudo girava em torno da rotina dela e da família dela.
Preciso mudar isso aqui e lembrar como é viver para mim e por
mim. Isso vai me ajudar a manter minha mente no lugar certo.
Ao contrato do meu irmão que se jogou de cabeça nessa merda
toda… Como Elias consegue fingir que esse relacionamento vai
durar? Mesmo que nosso pai esteja realmente caindo em golpes e
tenha perdido sua parte do dinheiro que recebeu, não quer dizer que
alguma coisa vá mudar. Eu sei e provavelmente André também
sabe que não importa quanto esforço seja colocado nisso, Roger
sempre faz seu caminho para conseguir o que quer.
Não duvido nada que ele tenha um plano B caso a gente tente
alegar que ele não tem sanidade para lidar com seus próprios bens
ou que pior ainda tenha algo contra nós. Algo que possa manter
nossas bocas fechadas e nossas carteiras abertas para ele…
A única carta na manga que Elias realmente tem contra nosso
pai é a palavra da Shiara sobre o que ouviu, mas isso não é
suficiente… Claro que eu estar aqui sem que ninguém saiba é um
grande trunfo e talvez eu possa conseguir algo enquanto estou
escondido. Alguma coisa grande o suficiente que finalmente possa
nos libertar…
Isso parece um sonho de conto de fadas! Sinceramente duvido
que eu possa achar alguma coisa e se tem uma coisa na qual eu
não acredito é em contos de fadas e seus finais felizes ‘para
sempre’.
-Levanta. Vá tirar essa roupa molhada, estarei esperando você
na parte lateral da casa. - Kuhlar declara ao se aproximar em
silêncio fazendo eu me assustar com sua presença.
-A proposta de apanhar mais um pouco é tentadora, mas preciso
começar a trabalhar em algo - Respondo e depois mergulho
completamente por alguns instantes, quando volto o orc ainda está
lá parado me encarando - Escuta, não preciso cair exausto
novamente, tenho algo importante para fazer agora.
-Não estou perguntando se você quer, a partir de hoje enquanto
estiver aqui e enquanto eu estiver aqui, você vai levantar e treinar
comigo pela manhã - Kuhlar declara como se fosse uma ordem.
Quem ele pensa que é para mandar em mim?
-Eu vou fazer o que eu quiser fazer e quando eu quiser fazer,
quer me socar? Então faça isso, mas não estarei treinando com
você novamente. Eu não vim aqui para isso! - Digo com
determinação enquanto saio da água, meu corpo parece totalmente
recuperado e apesar de me sentir um pouco cambaleante consigo
chegar na borda sem cair.
-Você vai treinar comigo, porque você precisa disso. Não eu -
Kuhlar fala como se fosse óbvio e apesar de estar encharcado de
ter sido colocado na piscina com a mesma roupa que coloquei
ontem quando saí do clã com a Lidith, com a qual também treinei e
acabei dormindo com ela quando não tive forças para tirar antes de
apagar. Apesar disso, eu paro para perguntar como ele chegou a
essa conclusão sobre mim.
-Então me ilumine orc - Falo com sarcasmo escorrendo pelas
minhas palavras - Por que eu preciso disso?
-Você pode não ser um orc, mas tem tanta raiva e violência
dentro de você como se fosse um orc - Kuhlar responde enquanto
me analisava - Posso não saber porque você tem isso dentro de
você, mas sei o que acumular essas coisas faz com alguém.
Guerreiros orcs treinam porque gostamos de queimar energia, mas
também para manter a mente e o corpo sãos. Você macho, não está
de acordo com a sua cabeça e o seu corpo. Pense sobre isso e se
quiser treinar comigo podemos fazer isso todas as manhãs
enquanto estiver aqui, se quiser treinar com os outros aconselho
que escolha Reunh. O velho Igonh é traiçoeiro e não vai pegar leve
com você.
-Por que você acha que eu não estou bem? - Pergunto me
sentindo confuso com a observação que ele fez sobre mim.
-Porque guerreiros com fantasmas em seu passado agem e
reagem como você fez ontem, já vi acontecer na montanha e posso
não ser especialista em humanos, mas sei que algumas coisas
entre orcs e humanos são a mesma merda… - Kuhlar explica e
depois me dá as costas enquanto se afasta.
-Amanhã! - Grito para o orc quando ele já está a uma certa
distância, ele não olha para trás e nem mesmo para, mas ergue
uma mão sinalizando que me ouviu.
Balanço a cabeça enquanto caminho todo molhado para a casa,
lembro de tirar as roupas antes de entrar e ensopar a casa toda da
minha prima. Quero evitar receber algum sermão depois, por não
ser cuidadoso, fico apenas de cueca e deixo as roupas molhadas do
lado de fora. Subo, vou direto para um banho no chuveiro e
enquanto tomo um banho rápido faço uma lista do que preciso fazer
hoje começando com montar o equipamento que comprei ontem,
passando por mandar uma mensagem para Elias, na qual ainda não
sei o que dizer e preciso falar com Lidith, mas também não sei o que
falar com ela.
Da minha lista a única coisa que posso fazer sem pensar em
todas as questões que isso pode levantar depois é a montagem do
equipamento, então assim que saio do banho desço para comer
alguma coisa e depois volto para começar a montar tudo.
Capítulo 19
Lidith

Saí pela manhã depois de passar no quarto do Jonas e vê-lo


completamente apagado e com a mesma roupa de ontem, pedi aos
machos que o ajudassem a tomar um banho na fonte curadora que
montaram nos fundos da casa e Reunh se ofereceu para dirigir para
mim enquanto eu estiver na cidade, algo que eu aceitei já que
infelizmente não estou acostumada com os veículos humanos.
Entrei em contato com algumas das empresas que adquiri
algumas joias ontem por eles estarem ligados diretamente ao
público e também falei com a secretaria da prefeitura sobre
empresas maiores que trabalham com importação global no mundo
humano. Enquanto conversava com a Shiara ontem também tive a
ideia de falar com a diretoria da própria ONG, porque muitos dos
doadores são grandes empreendedores e se estão ligados a causas
nobres como a ONG da Emilie então vale a pena negociar com eles
também.
Outros contatos vieram diretamente da pasta da embaixada orc
aqui no Brasil, que recebeu várias propostas para trabalhar em
diferentes áreas conosco. Tudo isso e eu preciso analisar cada
empresa e cada proposta a fundo, por isso aproveitei que a Shiara
me deu o contato da Larissa e decidi agendar uma reunião com ela
e o pai, para contratar a empresa deles de advocacia para me
ajudarem em toda a parte legal que eu não entendo do mundo
humano.
Larissa se encantou com a minha ligação e insistiu que eu fosse
jantar na casa dela hoje e que levasse a Shiara e Elias comigo,
como ela não citou o nome do Jonas imaginei que seria melhor
deixá-lo de fora. Não apenas porque o convite não se estendeu a
ele como também porque não sei como Elias vai reagir ao ver o
irmão ou como o próprio Jonas vai reagir.
Então depois de viagens para o centro da cidade, para o hotel de
volta à montanha para mandar uma mensagem para o meu pai e
depois para a ONG, finalmente o dia está acabando e estou a
caminho da casa da Larissa. Conheci Laucan, o macho que é irmão
da Shiara e ele convidou a mim e ao meu companheiro (que ele
achou ser o Reunh que estava ao meu lado) para também jantar na
casa dele e para apresentar sua companheira que está prestes a
dar à luz.
Shiara também me apresentou algumas fêmeas e machos
humanos com quem ela fez amizade e me explicou um pouco como
funcionava a ONG, que na verdade parece mais um lugar para que
os humanos estudem. Um dos cursos me chamou a atenção e
graças a isso tive outra ideia, contratar alguém que esteja no final do
curso de secretariado para trabalhar me auxiliando aqui. Na
verdade, estou considerando abrir uma base empresarial própria do
nosso clã. Seria inédito e uma grande empreitada que
provavelmente colocaria muitos pontos a meu favor como sucessora
do meu pai. Desde que tudo corra bem…
-Estamos chegando no endereço da fêmea - Reunh anuncia
quando começa a direcionar o veículo para o um portão imponente
escuro ladeado com muros altos cheio de uma vegetação cobrindo
todo ele até se perder de vista.
-Obrigada - Agradeço o aviso enquanto assisto a paisagem da
casa da Larissa, sei que ela e a Emilie vivem em uma região
privilegiada da cidade e que por isso suas casas são consideradas
extravagantes para a maioria da população humana, mas enquanto
a casa da Emilie é gigante e com muita vegetação que se espalha
pelo terreno a casa da Larissa é ligeiramente menor, com um ar
mais confortável. A vegetação é bem cuidada e baixa quando
atravessamos os muros, grandes áreas com gramado baixo correm
ao redor da casa até se perder de vista.
-Posso esperar no veículo… -Reunh começa mais uma vez e eu
reviro os olhos, ele passou o dia todo se oferecendo para ficar no
veículo enquanto eu saia para resolver algum assunto.
-Pela última vez, não precisa ficar no carro. Você pode ir comigo,
além disso é um jantar então terá comida - Digo com autoridade
enquanto saio do veículo. Shiara e Elias estão saindo do veículo
deles também e começamos a caminhar em direção a casa quando
escutamos um som alto.
-Isso foi um tiro? - Elias é quem pergunta, eu olho sem entender
de onde vem o som e se ele é realmente de alguma arma de fogo
quando escutamos novamente.
-Desculpem por isso! - Larissa grita ao sair correndo da casa em
nossa direção - Meu pai começou a treinar tiro ao alvo a algumas
semanas e o instrutor só pode vir duas vezes na semana…
-Seu pai ainda não desistiu de atirar no pai da Ariana? - Shiara é
quem pergunta ao se aproximar da fêmea para abraçá-la.
-Sinceramente eu nem sei mais o que meu pai tem na cabeça -
Larissa declara parecendo cansada - Ele está enfurecido com o
Nicolas porque descobriu que ele se inscreveu para participar da
próxima seleção dos orcs e está chateado que ele não quer se
casar comigo. Enfim, eu não estava interessada no cara, então não
fez diferença para mim como fez ao meu pai que queria que eu
ficasse com alguém que em suas palavras ‘não partiria meu
coração’.
-Nicolas é um cara legal, ele merece estar com alguém que
queira estar com ele assim como você também merece isso Larissa
- Elias fala ao se aproximar da fêmea e a cumprimentar com um
beijo no rosto.
Ele se afasta depois dando passagem para nós e se mantém em
silêncio, ele ficou assim durante todo o tempo que estive com eles
hoje e Shiara pareceu preocupada com ele. Ela sempre mandava
mensagens e tomava alguns instantes para ir checá-lo
pessoalmente, por um momento invejei a relação deles.
Não é o melhor dos sentimentos, mas me senti injustiçada por
não ter um relacionamento fácil com alguém que gosta de mim.
Assim como a maioria dos casais que se uniram pela seleção, que
parecem felizes juntos, talvez no fundo eu tenha desejado isso para
mim quando entrei no programa. Como não se sentir tentado a fazer
parte de algo que teve uma grande taxa de sucesso? Mas com a
minha sorte acerca de todos os meus noivos as coisas não foram
diferentes para mim, mesmo na seleção.
-Olha para você! - Larissa canta animada com os braços abertos
na minha direção, ela me viu apenas uma vez antes, mas age como
se fosse uma amiga de longa data e por mais que isso seja
estranho, vindo dela eu sei que não é. Por isso a abraço de volta.
-Como vai Larissa? - Pergunto com genuína consideração por
ela, seria bom ter uma prima ou amiga que realmente fica feliz em
me ver como ela faz. Shiara tem se tornado rapidamente essa
amizade para mim, mas sei que ainda temos um longo caminho a
tomar graças aos machos que estão ao nosso redor.
-Vou bem para quem virou uma vaca leiteira! - Ela fala com um
tom humorado e um sorriso no rosto - E você minha querida, não
precisa nem falar, você ainda tem um longo caminho para percorrer.
O máximo que posso fazer é ajudar com o que meu pai faz de
melhor que é o acompanhamento jurídico… Ele não é bom atirador.
Graças a Deus a isso!
-Filha entra de uma vez com os convidados! - Uma mulher mais
velha grita da porta segurando uma pequena menininha orc em
seus braços que está jogando os bracinhos gordinhos para o ar
conforme a mulher fala.
-Já estamos entrando mãe! - Larissa grita de volta rapidamente -
Essa é a minha mãe Ludmila e a pequena bola de fofura com ela é
a minha pequena Ariana. Aliás você é acasalado?
-N-não, não exatamente - Larissa olha para Reunh depois que
ele fica desconcertado com a pergunta dela, o macho parece se
encolher um pouco diante do olhar analítico dela para ele.
-Estranho… - Ela fala finalmente depois de olhar para eles com
os olhos semicerrados - Isso vai ser interessante… Bom vamos
entrar? Minha mãe fez um assado de costela que está de lamber os
dedos!
Depois do jantar de conversar com o Carlos sobre negócios,
finalmente voltamos para a casa da Emilie. Estava tarde e meu
corpo pedia por um banho e um bom sono! Elias e Shiara
prometeram voltar na casa da Emilie no dia seguinte, eles querem
tentar novamente uma conversa com Jonas para conversarem
sobre a situação do pai deles. Por isso minha tarefa quando chegar
é convence-lo a não agir como um idiota quando o irmão aparecer.
Reunh apenas desceu do veículo quando chegamos, depois que
estaciona e se despede com um aceno de cabeça. Larissa o puxou
em algum momento para falar com ele a sós e depois disso o
macho ficou ainda mais calado, seja lá o que ela falou, mexeu muito
com ele.
Caminho direto para meu quarto pronta para tomar um banho e
depois falar com Jonas, mas acabo encontrando-o deitado na minha
cama com um aparelho no colo, ele havia chamado de notebook é
como uma central de comunicação, mas móvel e com mais funções
que o aparelho celular.
-Finalmente - Ele fala ao me ver entrar no quarto - Já são quase
onze horas, ninguém na cidade passa tanto tempo fora sem avisar,
aqui não é o seu clã e mesmo que você seja orc, coisas ruins ainda
podem acontecer com você…
-Achei que o seu quarto fosse o outro - Digo sem me dar ao
trabalho de olhá-lo por mais tempo, o macho está com o peito livre e
conhecendo ele, imagino que esteja com uma calça solta com
aquele tecido leve que ele adorava usar na caverna quando
estávamos no clã.
-E eu achei que fossemos casados, mas aí está você andando
para cima e para baixo com outro cara… - Jonas resmunga essa
resposta baixo demais e pela forma como ele me olhou, acho que
ele não queria que eu ouvisse ou não acredita que as palavras
saíram da sua boca. Afinal, somos acasalados apenas porque
temos um contrato e como ele mesmo sempre fez questão de
ressaltar é tudo o que temos de real nesse relacionamento - E-eu só
acho que você poderia ter avisado que iria chegar tarde isso é tudo.
Bom eu peguei um dos chips que comprei ontem e coloquei no meu
antigo celular, assim não corre o risco de alguém me ligar naquele
número e acabar tocando… Eu anotei aqui.
Jonas continua falando enquanto se levanta da cama e aponta
para um pedaço de papel com o número escrito lá, ele faz menção
de caminhar até a porta, mas antes vem na minha direção e me olha
com cuidado. De repente ele inala profundamente, mas não fala
nada e continua seu caminho para a porta.
Jonas acabou de me cheirar?
Capítulo 20
Jonas

Eu cheirei a Lidith! Por que eu iria querer comprovar se ela estava


com o cheiro de outro cara? Principalmente quando meu olfato não
é grande coisa como o de um orc? Foi a coisa mais desesperada
que já fiz ao redor de uma mulher e olha que eu já namorei muito.
Muito. Muito mesmo. Mas nunca tentei cheirar nenhuma delas
desse jeito…
Que merda eu estou fazendo? Passei o dia preocupado com a
Lidith e não ajudou que ela chegou tão tarde, acompanhada do orc
Reunh. Assim que ouvi o portão se abrindo e o carro entrando
assisti toda a cena dela sair do carro até entrar, o orc saiu
rapidamente pela lateral da casa como se estivesse fugindo dela e
por algum motivo aquilo me intrigou.
Quando dei por mim estava no quarto dela fazendo uma cena
esperando até ela entrar com o notebook no colo, fingindo
casualidade ao comentar sobre a segurança dela enquanto mais
ladainha saia da minha boca. Contudo o cúmulo foi a necessidade
de ter certeza de que ela não esteve tão próxima daquele orc e
antes que eu pudesse pensar com coerência eu estava lá perto dela
cheirando o ar ao redor dela, para ter certeza de que ela não cheira
a outro cara.
O que tem de errado comigo?
Deixei-a sozinha rezando para que ela fingisse ignorância sobre
minha atitude, mesmo sabendo que não passou despercebido dela
pelo olhar que ela me lançou. Eu praticamente saí correndo pelo
corredor até o escritório que instalei minhas coisas e passei a tarde
trabalhando, fiz um levantamento detalhado de muita coisa sobre as
últimas transações do meu pai. O banco principal que ele usa foi
fácil de acessar, e de fato os depósitos que ele recebeu foram
transferidos para outras cinco contas. Uma minha, outra do Elias e
uma do André, enquanto as duas últimas são de pessoa jurídica.
Tentei localizar qual a razão social delas, mas não consegui ir
tão longe, preciso ter acesso ao aparelho celular do meu pai,
imagino que uma dessas contas esteja nesse aparelho enquanto a
outra conta deva ser de uma corretora de investimentos falsa.
Também fiz um dossiê com tudo o que encontrei sobre o Luiz
baseado no currículo dele e do Gustavo, mas foi muito superficial,
preciso de mais informações sobre ele como um número de
documento para conseguir ir mais longe. Quando a tal mulher que a
Shiara citou é impossível achá-la até ter certeza de quem está no
círculo social dos dois supostos golpistas.
O único alívio que tive hoje foi ver que as contas que meu pai
abriu depois que assinou o contrato para enviar uma parte do
dinheiro da seleção para lá, está com o dinheiro devido. Ele não
mexeu depois de cada transferência que ele fez nos últimos dois
meses e espero que continue assim, pelo menos até termos tudo
em pratos limpos.
-Ei humano! - Reunh apareceu na porta do escritório e eu franzi
a testa acenando para que ele fale de uma vez - Kuhlar pediu que
avisasse, amanhã nós três estaremos na montanha durante todo o
dia. Ele não poderá treinar com você.
-Por que ele mesmo não veio avisar? - Perguntei intrigado,
Reunh pareceu tão interessado em mim quanto em uma porta. Não
imagino ele se dando ao trabalho de vir falar comigo de boa
vontade.
-Porque ele está ocupado e pediu que eu oferecesse treinar com
você agora, antes de sairmos - Reunh responde olhando sobre o
ombro como se o outro orc estivesse lá e ele estivesse sendo
vigiado para obedecer a ordem que foi dada.
Minha primeira reação é o desejo de negar a oferta, mas então a
lembrança dele me ignorando ontem, de ver ele saindo do carro
apressado e dele ter passado o dia com a Lidith fazem uma
comichão começar dentro de mim e rapidamente me levanto com
um sorriso perverso no rosto.
-Vamos fazer isso - Declarei, enquanto me dirigia a porta. Isso
trouxe um olhar de surpresa dele, mas Reunh não falou nada,
apenas apertou o passo e caminhou em direção a lateral da casa.
Deve ser onde eles costumam treinar, já que Kuhlar me fez vir para
cá ontem para a mesma finalidade.
Assim que alcancei o passo do orc ele se vira com uma
velocidade mediana e tenta acertar um chute em mim, mais por
reflexo do que por lembrar do que treinei ontem eu desvio com um
salto para trás.
-Até que você não é tão inútil. Vamos ver o que aprendeu com
Kuhlar ontem - Reunh fala enquanto se estica na sua altura máxima,
o orc sorri e esse é todo o aviso que tenho antes que ele avance
novamente.
Dessa vez eu estou preparado e tentei um contra golpe, não
para derrubá-lo porque sei que não tenho habilidade para isso, mas
para retardar seu próximo movimento. Kuhlar foi detalhado nas suas
explicações ontem e se tem uma coisa que eu sou bom de fazer é
seguir instruções, é como se pudesse ouvi-lo ao meu lado dando
ordens de como executar o que ele me ensinou ontem.
Eu estava indo bem, até que Reunh avança de um jeito diferente
e mais rápido do que eu poderia imaginar e não fico surpreso
quando meu corpo sacode com o impacto de um soco na costela
que me fez cair de cara no chão.
-Não tão inútil, mas ainda é inútil… - O orc fala enquanto olha
para a cima em direção a casa e eu não preciso olhar para saber o
que ele está vendo. Lidith em sua janela ontem, naquela direção
assistindo-me treinar com Kuhlar.
-Se está querendo se exibir para ela, sinto em te informar que
ela já é casada - Falei enquanto me levanto, me negando a olhar
naquela direção. Mesmo sem me virar é como se pudesse sentir os
olhos dela em mim agora e isso além da atitude dele está fazendo
meu sangue ferver mais uma vez. Só que dessa vez eu sei o
motivo, mesmo que eu não vá admitir qual seja.
-Um acasalamento que começa com pagamento e um contrato
não é acasalamento - Ele fala dando de ombros e pela primeira vez
eu avanço antes dele, o que parece pegar ele de surpresa. Tento
manter minha mente limpa e lembrar do que aprendi ontem. Eu não
posso derrubá-lo, mas posso impedi-lo até que ele caia.
-É acasalamento quando os dois concordam que seja -
Respondo quando a bunda dele bate no chão, não deixo ele
devolver o golpe desvio quando ele tenta me derrubar com as
pernas.
-Engraçado, porque hoje durante todo o dia acharam que ela era
minha companheira… - Reunh fala com casualidade e avança
novamente, ele faz com mais ímpeto. Minha vantagem agora é a de
tentar desviar e saltar fora do seu alcance, mas então ele gira e me
pega por trás tocando exatamente o mesmo lugar de antes só que
pelas costas - Eu mal passei o dia com ela e meu cheiro ficou nela,
mas você não teria como saber disso, não é? Com seu olfato duvido
até que saberia se sua fêmea estivesse coberta com a semente de
outro macho…
-Seu… - É tudo o que sai da minha boca antes que eu avance
enquanto cambaleio com uma das mãos na cintura. Eu não vejo
nada só avanço e jogo sujo passando direto por ele e aproveitando
sua confusão para acertar o cotovelo do meu braço livre em seu
maxilar por baixo, ele cambaleia com o impacto e aproveito para
acertar um chute no seu joelho chutando para fora fazendo ele cair
no chão.
-Até que você sabe uma coisa ou outra sobre se defender -
Kuhlar fala ao se aproximar e ele mesmo segura Reunh que tenta
avançar em mim novamente.
-Eu nunca disse que não sabia nada sobre defesa ou luta… -
Falei ao orc com um sorriso arrogante e com a respiração pesada
saindo dos meus pulmões - Mas não é nada demais comparado
com o que vocês sabem. Se me derem licença, vou tomar um
daqueles banhos na piscina enquanto ainda consigo andar…
Enquanto me virava, olhei de soslaio para cima e vi Lidith
entrando, se afastando da janela. Meu sangue ferve mais uma vez,
mas a dor que irradia da lateral do meu corpo, faz seu trabalho me
distraindo e continuar andando até a piscina.
Até alcançar a borda com vegetação baixa e musgo eu não paro
de andar, quase arrastando meu corpo. Dessa vez consigo tirar a
roupa antes de entrar e deixo a calça por perto entrando de cueca,
sentindo os vapores da piscina fazer maravilhas entorpecendo um
pouco da dor.
Respiro profundamente e tento me acalmar, mas as palavras do
orc estão martelando na minha cabeça assim como meu sangue
que ainda está martelando alto na minha cabeça. Pulsando…
-Como você se sente? - Lidith pergunta atrás de mim, eu abro os
olhos assustado que ela esteja ali. Não a ouvi se aproximar, como
orcs tão grandes podem andar por aí sem fazer barulho algum?
-Como alguém que levou um soco - Respondo falando o óbvio
olhando para frente - Mas isso você já sabia, já que assistiu tudo.
Aposto que está satisfeita em me ver levando um chute na bunda
por dois dias seguidos…
-Não vou negar, você bem que mereceu - Ela fala enquanto se
senta próximo a mim na borda da piscina onde o musgo é macio e
seco, só consigo ver seus pés nus que estão esticados perto de
mim.
-Como ele pode saber que eu tentei cheirar você antes? -
Pergunto sem me importar com o que isso possa parecer, no
momento estou com dor, frustrado e confuso. Não é como se a
minha mente estivesse bem para funcionar como deveria e por
algum motivo é mais fácil ouvir e falar se eu não a olhar
diretamente.
-Sinceramente acho que foi um chute dele, machos orcs fazem
muito essa coisa de cheirar é importante na nossa sociedade - Ela
responde sem rodeios com um suspiro audível.
-Você também ouviu tudo o que ele falou? - Pergunto enquanto
brinco com o musgo que está tocando meus pés no fundo de onde
estou sentado, ignorando o formigamento que começou do meu
lado do corpo onde eu recebi os golpes.
-Ouvi… - Ela responde simplesmente.
-Realmente acharam que ele era seu marido? - Perguntei depois
do silêncio incômodo que pareceu durar horas, mas que não deve
ter passado de um par de segundos.
-Foi apenas um macho que é irmão da Shiara, ele não pareceu
ser do tipo muito atento - Ela responde depois de outra eternidade
de segundos se passarem - Além dele ninguém se importou se ele
era meu companheiro ou apenas meu motorista. Humanos não
ligam muito para isso, estão mais preocupados com quanto ouro eu
tenho…
-De fato, humanos como eu só se importam com o dinheiro… -
Falo sem perder seu comentário.
Talvez ela nem tenha percebido que ao falar assim também me
incluía, já que sou humano e eu estou com ela porque recebi por
isso (uma grande quantia para isso), mas isso não impede que eu
sinta a alfinetada do comentário me atravessar.
-Falei com seu irmão e a Shiara hoje - Lidith fala mudando de
assunto.
-O que eles disseram? - Pergunto depois um suspiro audível.
-Que vão vir aqui amanhã… - Ela responde a minha pergunta e
faz uma pausa antes de continuar - Vocês precisam se organizar e
não adianta adiar as coisas… O quanto antes fizerem isso, mais
rápido vocês vão descobrir o que está acontecendo…
-Não se preocupe eu vou me comportar - Declaro
interrompendo-a sabendo muito bem onde ela quer chegar com
essa conversa - Passei o dia procurando informações e até achei
algumas coisas interessantes, mas nada que ligue as atividades do
meu pai com ele ter caído em um golpe… pelo menos não ainda…
-Com a ajuda do seu irmão acredito que você vai conseguir o
que precisa para saber a verdade - Lidith fala brincando com os pés
na borda da água, muito próximo ao meu rosto. Talvez ela não tenha
percebido, mas eu percebi e também notei que ela tem pés
bonitos… Como uma mulher orc pode ter pés bonitos?
-Você acha que apenas fêmeas humanas gostam de cuidar do
próprio corpo? - Lidith perguntou parecendo ofendida e só então me
dei conta de que perguntei em voz alta. O que tem de errado
comigo?
-N-não é nada disso… E-eu só fiquei surpreso, não achei que
existissem profissionais que cuidam dos pés no mundo orc -
Respondo tentando amenizar o que eu falei.
-E não tem - Ela responde se aproximando e colocando os pés
completamente na água - Mas temos cremes, pastas e cada um tem
uma função diferente. Como essa água, ela tem propriedades de
cura… De relaxamento… Dependendo da combinação da
vegetação que colocam pode até ser alucinógeno…
-Vocês ficam altos em piscinas com alucinógenos? - Pergunto
curioso, são tantas coisas que existem no mundo deles de diferente
e curioso. É quase impossível para mim não tentar sugar mais
informações sobre o que existe de diferente com o meu mundo.
-Você nem imagina! - Lidith ri alto quando responde e eu me viro
para vê-la rir. Ela nunca riu assim comigo ou para mim - Posso me
lembrar de uma festa ou duas que acabaram muito mal quando eu
ainda era jovem e imatura! Tudo o que vou dizer sobre essas festas
é que por muito pouco não participei de uma orgia em uma dessas
festas!
Lidith continuou rindo enquanto falava e eu por algum motivo
continuo olhando, me sinto hipnotizado. A luz da casa está longe,
mas a da luz da lua está alcançando-a e deixando sua pele cinza
com um brilho da noite que só a deixa mais bonita. Por que essa
mulher orc tinha que ser tão bonita? Das suas orelhas pontudas até
a ponta dos dedos do pé, tudo nela é harmônico e tão Lidith que a
torna simplesmente perfeita do jeito que ela é…
-Você é linda Lidith… - Declaro ainda hipnotizado e isso faz sua
risada morrer, ela me olha com desconfiança, meu peito se aperta
por ter tirado aquele sorriso dela e colocado essa expressão de
dúvida em seu rosto.
-Acho melhor entrar, está ficando tarde - Ela fala enquanto fica
em pé e eu aceno confirmando.
Tento ficar em pé no mesmo ritmo que ela, mas acabei vacilando
um pouco por levantar rápido demais da parte rasa e Lidith por
instinto me puxa contra ela para me manter em pé. Ela termina de
me ajudar a sair da margem sem tropeçar me segurando pelo braço,
não falamos enquanto ela me ajuda. Lidith me solta para pegar
minha calça e me ajuda a vesti-la, estranhamente não me sinto mal
por receber ajuda dela só consigo olhar para ela.
No fundo da minha mente estou me perguntando se tem algo a
mais nessa água que esteja mexendo com a minha cabeça, mas
mesmo se esse for o caso é tão ruim assim ter minha cabeça virada
desse jeito? Não é como se não estivesse me sentindo estranho a
algum tempo com relação a ela ou a todo o resto…
Talvez seja por isso que quando Lidith se levanta e volta a me
ajudar sendo meu apoio eu faça algo que nunca imaginei fazer se
não fosse pelo acordo, se não fosse por obrigação. Lidith está tão
focada em me ajudar que não percebe que eu parei na sua frente
até que ela ergue a cabeça confusa e eu aproveitei sua confusão
para beijá-la.
Minha boca recebe a dela com uma saudade calorosa, estou
gemendo com o menor contato entre nossos lábios. Parece tão
certo e tão malditamente bom! Sua boca é macia contra a minha,
suave e receptiva. Beijo de boca aberta cada lábio dela apreciando
o sabor que é só dela. Sua mão em meu braço cai e ela se apoia
em meu peito, eu aproveito para segurá-la com minha mão em seu
pescoço mantendo-a no lugar que eu quero. Beijando-a como eu
quero e porque eu quero.
Lidith está gemendo contra minha boca fazendo meu corpo
vibrar, minha língua varre a costura da dela e sou agraciado com ela
sugando minha língua de volta rapidamente. Dane-se essa mulher
orc é malditamente perfeita! Eu senti como se ela estivesse sugando
meu próprio pau e a imagem dela de joelhos me levando em sua
boca doce me faz ficar ainda mais urgente para aumentar o contato
entre nossos corpos.
-E-espera… - Lidith fala enquanto ainda estamos nos beijando,
acabei enterrando meu rosto na curva do seu pescoço sem
conseguir evitar continuar com a minha boca nela - Por-por que
você está fazendo isso?
Eu continuo beijando e lambendo seu pescoço delicioso sem
conseguir me conter, suas palavras parecem longe enquanto estou
focado na minha tarefa de lamber cada curva da sua pele suave.
-Jonas e-eu preciso saber… - Ela pede com um suspiro tão
delicioso e macio que eu faço um esforço para responder com
palavras.
-Por que eu quero muito enterrar meu pau em você e fazê-la
gritar meu nome enquanto vem derramando seu mel na minha
boca… - Respondo enquanto mordiscava sua orelha e amando o
som sufocado que ela faz com a surpresa misturado com gemidos
estrangulados. Que delícia de mulher! - Isso responde sua
pergunta?
-Hokk! Sim! - Ela arfa me puxando para beijá-la novamente com
um sorriso pecaminoso contra a minha boca.
Capítulo 21
Lidith

Pelos Deuses! Estou nos braços do meu companheiro e estou


adorando isso! Jonas sempre foi intenso quando estivemos juntos,
mas hoje é como se estivéssemos tendo nossa primeira vez de
verdade.
Ele tem agido estranho desde que cheguei com Reunh depois de
passar o dia fazendo o que eu precisava fazer, mas de alguma
forma ele pareceu enciumado por eu ter feito isso com outro macho.
Claro que Jonas não usou palavras para demonstrar seu ciúme, ele
falou como se estivesse incomodado e depois a expressão no rosto
dele quando me cheirou foi de quem também estava surpreso por
ter feito aquilo, a fuga dele foi apenas o ápice de um indicativo
disso.
Maior foi a minha surpresa quando assisti aos dois machos
treinando novamente naquela parte do jardim, ontem Jonas treinou
ali com Kuhlar e hoje com Reunh, mas percebi que a conversa deles
não era sobre treino. Reunh estava provocando Jonas falando sobre
nosso acasalamento e isso deixou meu companheiro mais irritado
do que imaginei que ficaria, afinal nossa união é um contrato.
Algo que Reunh fez questão de enfatizar é que Jonas alegou
que mesmo sendo por contrato é um acasalamento se os dois
concordarem que seja, o que me fez pensar sobre o que temos.
Porque apesar de estarmos unidos por um contrato muito restritivo,
eu ainda sinto que ele é meu companheiro e não tenho nenhuma
vontade de acasalar com outro macho. Agora constatar que Jonas
pensa assim também, parece ter tirado algum tipo de peso invisível
das minhas costas.
Jonas ficou ainda mais agressivo com os golpes quando Reunh
falou sobre a questão dos cheiros para os orcs e menosprezou o
olfato menos apurado dos humanos. Foi como se ele soubesse que
Jonas me farejou mais cedo, algo que tenho certeza que ele não
saberia, não havia nenhum dos machos por perto quando Jonas
estava no meu quarto. Eu saberia se estivesse.
Além disso, durante todo o dia Reunh não falou ou fez qualquer
coisa para tentar se aproximar de mim com um intuito mais
romântico em busca de um acasalamento, se tem algo que ele fez
foi ser um guarda competente e nada mais. O único momento do dia
em que ele agiu de forma estranha, foi depois que a Larissa o puxou
para cochichar algo em seu ouvido e ele voltar me olhando de
soslaio, mas ele continuou sem falar disso e ainda fugiu de mim
assim que chegamos na cada da Emilie, até aparecer depois
treinando com Jonas.
Eu ainda estava intrigada com Jonas pela forma como ele agiu e
pelo que ele falou ao macho, por isso depois de ver Kuhlar separar
a luta entre Jonas e Reunh eu terminei de me trocar e desci para ver
se Jonas estava bem. Meu companheiro pode ter tido sorte em cima
da luta com Reunh, mas não quer dizer que ele tenha saído menos
machucado, eu vi a força que Reunh usou em Jonas nos dois
golpes que ele acertou. Um humano menos preparado teria
desmaiado com a dor.
Encontrei ele na margem do lago com propriedades de cura, não
é tão natural como as que temos no nosso mundo, mas é bom o
suficiente para ajudar no processo de cura. Reconheço a maioria
das plantas escolhidas para compor esse ambiente curador, sei que
algumas também ajudam a relaxar e foi assim que encontrei Jonas,
ele estava visivelmente relaxado apesar da dor que deveria estar
sentindo.
Acabamos tendo uma conversa tranquila, apesar do teor das
perguntas dele. Jonas estava sendo tão sincero que foi fácil
esquecer o mundo ao nosso redor e apreciar o momento. Até Jonas
elogiar meus pés e depois dizer que eu sou linda, não foi algo que
imaginei saindo da boca dele.
Eu estou acasalada com ele, mas não sou ingênua quanto ao
que ele acha sobre os orcs e sua aparência. Eu vi como ele olhou
para nós no clã, a forma como ele fala também é um indício e por
mim tanto faz se ele não vê os orcs como atraentes. Estava bem
para mim não ser elogiada por ele, mas quando ele falou
diretamente para mim dizendo que sou linda… foi estranho. Tão
estranho que fez meu coração dar um pulo com o ritmo acelerado
que ele começou a pulsar forte de repente.
Até me vi fugindo com a estranheza da situação, estou
acostumada com muitas das reações e falas do Jonas, mas não
estou acostumada com ele sendo doce e gentil. Jonas até parecia
vulnerável por estar sendo tão aberto comigo, fazendo tantas coisas
acontecerem na mente e no meu corpo. É impossível não me sentir
balançada e reagir a isso, mais impossível ainda quando ele me
surpreende com um beijo. Não um beijo desenfreado de quem quer
acasalar com fome e rapidez, mas um beijo de quem deseja sentir,
aproveitar cada segundo daquilo como se fosse a última vez e sua
vida dependesse disso.
Minha mente virou geleia quando senti sua boca tão macia, tão
receptiva a minha com suas mãos me prendendo no lugar apesar de
ele estar meio mole pelo efeito anestésico do lago, eu sei que é um
efeito passageiro e costuma passar rápido.
-E-espera… - Eu consigo dizer quando o pensamento do motivo
dele ter tido essa motivação de me beijar como está fazendo agora,
porque se as coisas continuarem assim eu mesma vou tomar a
oportunidade para levar isso até a minha cama- Por-por que você
está fazendo isso?
-Jonas e-eu preciso saber… - Eu falo quase implorando quando
ele me ignora e continua distribuindo beijos pela minha pele de
forma tão quente! É como se ele deixasse um rastro de fogo por
onde passa que envia ondas de tremor por todo meu corpo.
-Por que eu quero muito enterrar meu pau em você e fazê-la
gritar meu nome enquanto vem derramando seu mel na minha
boca… - Jonas responde finalmente com uma voz quente e macia
no meu ouvido sem deixar de raspar seus dentes sem ponta,
fazendo minha pele arrepiar - Isso responde sua pergunta?
-Hokk! - Eu arfo quase desesperada pela resposta dele tão crua
e cheia de necessidade -Sim!
-Então, vamos fazer isso ou quer que pare? - Jonas perguntou,
afastando-se por um instante por completo de mim, com os olhos
presos no meu.
-Você quer parar? - Pergunto de volta e Jonas sorri como um
predador antes de responder enquanto cola seu corpo no meu, mas
sem colocar suas mãos em mim, fazendo minha respiração engatar
com expectativa.
-Doçura estou salivando para lamber cada pedaço de você agora
mesmo… - Ele responde levantando a mão para tirar minhas
tranças do caminho e colocando para trás nas minhas costas - A
única coisa que me segura agora é saber se você quer isso ou não,
porque apesar de eu ser um idiota completo eu tenho algum caráter
nas minhas veias que me faz ser um cavalheiro nesse sentido… Por
isso preciso saber, você quer que eu pare Lidith?
-Hokk! Não! - Respondo finalmente com a respiração
entrecortada, desesperada para que ele faça exatamente o que tem
em mente comigo.
-Graças a Deus… - Jonas sussurra antes de me beijar
novamente, envolvendo sua mão aberta contra minha cabeça me
dominando completamente. Enquanto ele espalma sua outra mão
nas minhas costas e a desce até a curva do meu traseiro, ele enche
a mão antes de apertar e empurrar a parte inferior do seu corpo
contra mim. Jonas esfrega contra mim sua ereção deliciosamente
marcada contra o material leve da roupa molhada dele, acabo
gemendo contra ele de saudade das coisas que eu sei que ele pode
fazer com seu membro.
Minha mão corre entre nós e eu seguro seu comprimento pelo
tecido, sorrindo largamente quando ele se perde em suas próprias
ações. Eu continuo esfregando-o amando que ele pareça tão
perdido, eu teria continuado se ele não tivesse puxado minha mão
para longe do seu alcance.
-Vamos subir ou eu vou acabar me derramando aqui mesmo
doçura… - Ele fala rapidamente enquanto me puxa pela mão a
caminho da casa a passos largos - E quando eu vier vai ser com a
sua doce boceta me ordenhando e nem um segundo antes…
Felizmente não encontramos ninguém no caminho até o quarto e
Jonas nos fez entrar no quarto que estou dormindo, ele não perde
tempo quando entramos e fecha a porta atrás de si rapidamente.
Jonas me guia até a cama e me faz sentar nela, ele se aproxima
enquanto tira a roupa molhada jogando-a no chão, me dando uma
visão gloriosa do seu pau bonito grosso e pulsante que me deixa
ainda mais molhada. Estou encharcada e tão pronta para ele que
não estou preocupada com a parte que ele disse sobre querer me
lamber toda, eu só quero que ele esteja dentro de mim empurrando
com força e batendo em todos os lugares certos dentro e fora de
mim.
Infelizmente… Ou felizmente? Não sei dizer, o que eu sei é que
Jonas apoiou suas duas mãos nas minhas coxas e subiu o vestido
que eu estou usando, que eu comprei em uma das lojas humanas e
que serve para dormir tem um tecido suave e escorregadio em um
tom vivo de azul. Jonas abaixa e beija minhas coxas de boca aberta,
mas não sobe ele desce seus beijos até ter meu pé em sua mão e o
beija suavemente na parte de cima até fazer o caminho de volta
pelas minhas pernas com lambidas largas e sugando minha pele
com adoração.
Estou me sentindo fraca com a excitação crescente em mim e
com o cheiro cada vez mais forte no quarto de nós dois se
misturando, o cheiro tão malditamente delicioso que Jonas tem o
que é dele. Sem perfume ou qualquer coisa humana que ele
coloque sob a pele me faz desejar lamber ele também… Quem sabe
ele me deixe fazer isso depois… Céus estou salivando só de
pensar!
Estou gemendo baixo, mordendo meu lábio para não deixar o
som sair mais alto, mas quando ele alcança a parte interna das
minhas coxas com uma mordida dura seguida de outra lambida, eu
acabo rosnando um gemido que me faz morder a língua. Jonas ri da
minha reação e faz novamente só que muito mais perto das minhas
dobras e sua lambida acaba sendo na minha fenda, eu arfo
gemendo alto e completamente enquanto ele continua a me lamber
lá explorando todas as minhas dobras.
Jonas explora toda a minha boceta com sua boca, ele usa as
mãos para abrir minhas pernas ainda mais sem tirar sua boca de
mim, lambendo e chupando. Testando tudo e as minhas reações,
até começar a brincar com meu botão lambendo e dando batidas
com a língua, estou alta, gemendo e tentando empurrar minha
boceta na sua cara quando ele suga meu broto sensível e logo
depois coloca seus dedos dentro de mim fazendo eu explodir na sua
cara com força.
Eu venho com espasmos que parecem ondas de uma corrente
elétrica que atravessou meu corpo brincando com todo meu sistema
nervoso, Jonas toma seu tempo lambendo mais um pouco e dá um
beijo de ficar em pé, ele me puxa para sentar e se coloca entre
minhas pernas.
-Você é tão doce… - Jonas declara enquanto lambe os dedos
que estavam dentro de mim e depois puxando meu rosto para ficar
próximo do seu - Quero que você sente minha cara e depois no meu
pau Doçura… Você consegue fazer isso para mim?
Jonas pergunta ao tira as mãos do meu rosto e desce para a
barra do vestido, brincando com tecido ali e me olhando com
intensidade. Minha resposta são vários acenos rápidos, como uma
fêmea pode responder a isso com palavras?
Ele sorri maliciosamente e rapidamente me beija antes de pular
na cama, ele lambe os lábios com fome me olhando e eu tomo um
segundo ou dois para entender que ele está esperando que eu faça
o que prometi fazer. Montar na cara dele, para depois montar seu
pau como quem cavalga em um dvalo, mas acredito que cavalgar
no Jonas será muito mais interessante…
-Venha doçura eu ainda estou louco para provar mais de você -
Ele pede com impaciência e eu finalmente faço. o vestido de alças
finas se amontoar ao redor da minha cintura, minhas coxas ficam
uma de cada lado da sua cabeça e suas mãos voaram para as
bochechas do meu traseiro.
Sem perder tempo ele vai direto para meu clitóris chupando
implacavelmente e me segurando no lugar com as mãos fortes na
minha bunda, Jonas me faz chegar rápido no meu ápice e sem
perceber estou rebolando e choramingando contra seu rosto, eu
venho novamente e ele não para suas investidas. Me sinto manca
com meu corpo mole e mesmo assim ele continua chupando sem
perder tempo, construindo meu prazer rapidamente de novo até eu
vir novamente e dessa vez fazendo um esforço para sair do seu
aperto.
Não é até que eu esteja implorando que ele pare e finalmente
me deixando ir, mas me guiando diretamente para baixo. Eu desço
com uma das mãos dele entrando e saindo do meu buraco
totalmente molhado, ele só para o movimento quando meu traseiro
bate na cabeça do seu membro que pulsa contra mim.
Jonas tira suas mãos do caminho, voltando a lamber a mão que
estava dentro de mim e assistindo enquanto eu faço o trabalho de
guiar seu pau para dentro de mim, sentando nele e sentindo meu
núcleo sugar seu comprimento. O movimento torturante é muito
bom. Eu posso sentir ele encontrando todas as terminações
nervosas de dentro de mim até ele empurrar o quadril para cima de
encontro ao meu e fazer as sensações aumentarem.
Suas mãos me seguram novamente e ele me incentiva a subir o
traseiro, quando desço ele bate de encontro a mim novamente. O
movimento se repete até que eu caia para frente apoiando as mãos
ao redor da sua cabeça, sentando no seu membro com força e cada
vez mais rápido, mesmo sem o incentivo das mãos dele.
Estou montando-o completamente e sem reservas, o vestido
está completamente amontoado ao redor da minha cintura enquanto
as alças caíram a ponto do meu seio saltar para fora. Não imagino
que isso devesse acontecer com alguém menor, com uma humana
com corpo e seios menores, mas eu sou uma fêmea orc. Essa coisa
não vai funcionar como deve e assistindo como Jonas parece
hipnotizado pelo movimento dos meus seios, talvez seja até melhor
assim.
Jonas me segura no lugar me agarrando com os dois braços na
minha cintura, ele me para completamente e sem mais nem menos
sua boca envolve meu seio que saltou livre lambendo e chupando
meu mamilo com força, ele ainda está enterrado em mim a cada
puxão da sua boca do meu mamilo faz meu corpo rebolar contra ele
involuntariamente com impaciência.
É um doce tortura que só fica pior quando ele faz a mesma coisa
no meu seio coberto, chupando e lambendo por cima do tecido. Até
que ele morde e eu grito desesperada.
-Hokk! - Eu xingo alto antes de implorar completamente
desesperada por mais - Pelos deuses Jonas! Por favor…
Estou implorando enquanto ele brinca com meu corpo e quando
me sinto ainda mais compelida a ter o que eu quero, puxei seu rosto
para longe dos meus seios pelo seu cabelo macio afastando um
pouco, para beijá-lo antes de exigir que ele faça o que eu quero
mais uma vez.
-Isso doçura! - Ele rosna contra minha boca e finalmente.
Finalmente faz alguma coisa.
Jonas empurra seu quadril com agilidade e se agarra ao meu
corpo para nos fazer virar na cama, sem perder tempo ele ajusta a
posição entre as minhas pernas e começa a trabalhar dentro de
mim. Estou tão perto novamente que não precisa que ele se esforce
muito para eu estar gritando seu nome com meu núcleo ordenhando
seu pau, mas ele parece ter uma resistência de ferro e continua
martelando dentro de mim com ímpeto e rosnados curtos sem
perder o ritmo. Eu venho uma última vez totalmente desossada e
finalmente ele derrama sua semente quando meu núcleo ordenha
ele novamente, mas dessa vez com um aperto delicioso que faz os
dois sentirmos plenamente quando seu jato explode dentro de mim
quente e forte.
-Tão doce… - Jonas resmunga sobre mim, depois ter se
abaixando e lambendo o suor da curva do meu pescoço antes de
me beijar suavemente - Sempre muito doce…
Tudo o que eu consigo fazer é resmungar sem coerência,
enquanto um sorriso bobo está gravado no meu rosto junto com um
olhar cansado e sonhador de uma fêmea que foi tomada
completamente pelo seu companheiro.
Mesmo ele sendo o maior dos idiotas, mas um idiota que é todo
meu…
Capítulo 22
Jonas

Acordei para encontrar minha esposa orc abocanhando meu pau


como quem toma um sorvete de picolé, chupando todo o
comprimento antes de lamber a ponta. Quase não tive tempo de
reagir antes de explodir meu jato em sua boca, assisti com os olhos
ainda grogue de sono enquanto ela bebia de mim e lambeu o que
escorreu pelo caminho.
-Lidith fique à vontade para me acordar assim sempre… -
Resmungo enquanto esfrego os olhos e me sento na cama, Lidith se
senta sobre os joelhos terminando de lamber os dedos e mesmo
depois de ter gozado meu pau vibra.
Essa mulher é naturalmente sensual… Ela me olha com um
sorriso travesso terminando de lamber os lábios e as presas
pequenas que ela tem. Tão deliciosamente sensual…
-Preciso do meu café da manhã… - Resmungo ao me aproximar
dela, encaixando meu rosto na curva do seu pescoço e respirando
seu cheiro e deixando impregnar seu aroma no meu sistema - Deita
para mim… vou lamber o seu mel doce…
Lidith solta uma risada gostosa e faz o que eu pedi, quando
finalmente saímos da cama ela está atrasada para alguma reunião.
Quando Jonas e Shiara chegaram, ela saiu com Lidith para ajudá-la
com seus compromissos e eu fiquei com meu irmão. A primeira
coisa que fiz foi me desculpar com ele, pegando-o de surpresa.
-Você está mesmo se desculpando? - Foi o que ele perguntou e
eu dei de ombros, admitir meu erro foi difícil, admitir duas vezes não
estava na minha lista por isso mudei de assunto para explicar o que
tenho em mente para conseguir reunir informações.
Colocamos mais câmeras na casa, um rastreador no carro do
nosso pai e quando finalmente Elias encontrou o local onde nosso
pai escondia o segundo celular e nós o colocamos foi que
chegamos em algum lugar, consegui acessar algumas contas dele e
muitas conversas sobre a Rita e com a tal Rita. Ela realmente
parece entender de finanças e usa muitos termos técnicos para
justificar a falta de retorno dos últimos rendimentos, ela chegou a
mandar algumas matérias reais com explicações complexas e
gráficos, com projeções futuras.
Ela entrou na mente do meu pai com facilidade e eu sei como ela
conseguiu, Rita colocou dois olheiros na casa da minha família, eles
passaram a analisar a rotina e quando entrava dinheiro. Fez eles
criarem situações que indicavam sinais de sorte e que fazem uma
pessoa desavisada a acreditar que uma coisa simples, na verdade,
é um grande achado. Tudo isso junto com a incapacidade do meu
pai de acreditar que possa cair em algum golpe, por se achar
superior às outras pessoas e o fato da Rita ser mulher e meu pai
menosprezar a capacidade feminina, faz o quadro perfeito para
fazê-lo cair de cabeça e perder tudo o que tem.
Passei a investigá-la, mas não consegui achar nada de forma
legal. Mesmo a conexão dela com seus comparsas eu não poderia
ter encontrado se não estivesse rastreando os celulares deles e
diante de um juiz ou júri não vai ser visto com bons olhos, além de
eu poder ser preso por ter feito tudo isso sem autorização de uma
autoridade legal.
Passei as duas últimas semanas trabalhando quase que sem
pausas, Shiara e Lidith me fizeram sair para comer, tomar banho e
dormir. Já os outros orcs que estão na casa me fizeram fazer
pausas para treinar com eles, algo que eu não queria fazer no
começo, mas depois de algumas sessões me dei conta de que
ficava com a mente mais leve e conseguia ter boas ideias, por isso
mantive a atividade.
Reunh não falou ou implicou novamente o que me fez estranhar
a atitude dele naquele dia, mas também não tive muito tempo para
pensar sobre isso. Já nos últimos três dias entrei em um beco sem
saída desde que Lidith saiu para voltar ao seu clã, ela disse que
voltaria no dia seguinte, mas já é o terceiro dia que ela não aparece.
Eu não consegui me concentrar em mais nada, por isso acabei
pedindo ao Reunh e os outros que treinassem mais comigo. Eu
quase não dormi durante esses dois dias que ela ficou fora, é a
primeira vez que ela fica longe de mim por tanto tempo desde que
casamos. Não dormimos muito no mesmo quarto, mas ela sempre
voltava para a caverna que morava e aqui na cidade desde que
dormimos juntos naquela noite, depois que saímos da piscina, nós
acabamos dormindo juntos todas as noites.
Dormindo e transando… não, nós não transamos, nós fizemos
amor. Depois daquela noite eu não pude mais negar a atração que
sentia por ela e cedi completamente aos encantos da minha esposa,
eu aceitei que ela me deixa louco de tesão e além disso ela me faz
questionar.
Nós não dissemos que nós nos amamos ou revelamos qualquer
sentimento que não seja pela união dos nossos corpos, mas a cada
dia que passa eu tenho mais certeza de que estou apaixonado por
ela. Infelizmente essa coisa de romance nunca foi o meu forte, o
máximo que sei fazer é seduzir para conseguir o que eu quero. Todo
o resto sobre estar em um relacionamento é um grande vazio na
minha mente que me faz duvidar da minha própria capacidade de
fazer as coisas do jeito certo.
Eu assisti ao Elias e a Shiara nas últimas semanas, que estão
vivendo uma relação saudável, apesar do problema com o nosso
pai, eles fizeram dar certo e vão fazer o que for preciso para
permanecerem unidos. Não do jeito bizarro e distorcido que eu e
meus irmãos achamos que precisávamos nos unir, eles fazem
porque sentem amor mutuamente e se apoiam. Eu até zombei disso
quando cheguei pensando que meu irmão era fraco por se permitir
viver nesse relacionamento como se fosse duradouro, mas agora eu
quero isso e vou correr atrás disso com minha esposa orc.
Lidith não é como nenhuma mulher com quem eu já estive
começando com o fato dela ser orc. Até mesmo a aversão que eu
sentia por ela e pelo seu povo eu percebi que era infundada, uma
opinião tão rasa vinda diretamente do que eu aprendi com meu pai.
Não posso jogar toda a culpa de pensar assim em cima dele, eu
sou um homem adulto e poderia tirar minhas próprias conclusões,
mas preferi viver aceitando o que ele fazia e dizia porque eu
concordava com aquela ideologia, eu me achava superior aos
outros assim como ele, mas agora… Depois de tudo o que
aconteceu e do que o orc Kuhlar falou naquele dia, sobre meu corpo
e minha mente não estarem em harmonia, no final acho que ele
estava certo.
Quando eu cheguei na cidade a minha prioridade era impedir
que meu pai se afundasse novamente, simplesmente porque não
queria mais ter que lidar com os problemas dele e a ideia do Elias
de intervir com um mandado de bloqueio para que nosso pai não
tenha mais acesso ao próprio dinheiro livremente, pareceu ser o
plano perfeito.
Agora eu quero resolver esse assunto do meu pai, em um nível
que vai além do problema com o dinheiro por isso decidi a algumas
semanas que devo contar para meus irmãos o que eu sei sobre o
nosso pai e a nossa mãe, não é um segredo que eu deva manter
para mim já que é algo que diz respeito a eles também.
Só não sei qual é o melhor momento para isso, já que o André
ainda não voltou da montanha, eu estou torcendo para que ele
tenha encontrado o mesmo que eu e Elias conseguimos ter com as
nossas esposas, mas conhecendo meu irmão mais novo sei que vai
ser difícil que ele se permita viver algo assim. Não porque ele tem
os preconceitos que eu tinha antes de casar com Lidith, mas porque
ele não baixar a guarda nunca. Para ninguém…
-Jonas? - Escuto a voz da Lidith e eu não penso duas vezes,
saio do escritório correndo para vê-la e encontro ela no corredor.
Recebo um sorriso lindo que faz meu corpo vibrar em direção a ela.
-Doçura… - Eu digo contra sua garganta ao alcançá-la e
envolver meus braços em sua cintura, descendo minhas mãos para
seu traseiro deliciosamente cheio que transborda pelos meus dedos.
Eu amo isso - Você me deixou sem meu prato favorito, você tem
muito o que compensar querida…
-Você dormiu alguma coisa ou ficou enfiado no escritório todo
esse tempo? - Lidith perguntou com preocupação em sua voz, mas
eu estou em abstinência dessa mulher orc tudo o que eu quero é
continuar sentindo seu cheiro e lambendo seu corpo delicioso…
Doce… sensual… quente e perfeito para mim…
-Jonas? - Ela pergunta depois que eu não respondo e eu me
esforço para erguer meu rosto, mas assim que faço isso capto sua
boca cheia é como beber o néctar divino - Hokk! Jonas… Você
parece cansado…
-Eu não estou cansado, estou em abstinência doçura… - Falo
contra sua boca, lambendo meu caminho até seu decote. Seus
seios estão presos em tiras de couro que facilitam o acesso aos
belos montes que ela tem, seu corpo doce reage ao meu conforme
aumento minhas carinhas e o meu próprio corpo também reage,
meu membro contraindo até endurecer e minha pele arrepiando a
cada gemido gostoso que ela solta.
Me afasto dela por um instante, para levá-la até meu escritório, o
quarto está longe demais e eu preciso provar a minha mulher agora.
Encosto seu traseiro bonito na minha mesa e antes de me
ajoelhar diante dela lembro de afastar o notebook, antes de fazer
minha mulher sentar na superfície da mesa. Logo em seguida
minhas mãos vão para a bainha da sua saia de couro e a levanto
enquanto a faço sentar, estou salivando quando vejo suas dobras
lisas e molhadas para mim.
-Tão doce… - Sussurrei antes de atacar sua boceta macia, varri
minha língua por toda a sua fenda gemendo alto de contentamento
meu pau já está a ponto de explodir na minha calça, mas eu
mantenho meu controle. Lidith abre mais as pernas para mim e
segura meu cabelo quando eu alcanço seu broto sensível para
chupar do jeito que eu sei que a faz gritar de contentamento.
-Jonas! - Ela arfou alto quando eu coloco dois dedos dentro do
seu núcleo para fazê-la vir o quanto antes - Hokk! Você precisa ir
com calma! Pelos Deuses eu estou vindo!
Lidith tenta falar, mas acaba gemendo as palavras até escorrer
seu mel direto pelos meus dedos e na minha boca. Uso minha
língua para limpar todo o caminho que ela escorreu para mim,
bebendo dos seus fluidos e amando os gemidos desconexos que
ela solta de contentamento.
-De bruços na mesa doçura… - Eu peço depois de me levantar e
puxar sua boca para um beijo rápido, não pude evitar ela estava
arfando ainda grogue pelo orgasmo.
-Não… - Ela fala com a respiração pesada - Eu quero olhar para
você querido… quero ver você me comendo…
-Hokk! - Eu xingo na língua dela arrancando uma gargalhada
gostosa dela que faz meu pau pulsar com urgência, preciso da
minha mulher agora!
Lidith me ajuda a abrir minha calça e a libertar meu pau, seus
olhos se ampliam conforme eu massageio suavemente meu
membro. Ela parece ávida por mim e eu não posso negar o quanto
vê-la assim me faz sentir presunçoso, mais ainda quando ela abre
mais as pernas para me dar acesso. Suas pernas se enrolam no
meu quadril me puxando para ela, minha mulher sabe o que quer e
eu amo isso nela.
Guio meu pau para sua entrada aos poucos, torturando nós dois
com a demora em me enterrar nela completamente. Quando eu
finalmente chego lá ela me xinga por levar tudo com tanta calma.
Com impaciência ela rebola contra meu pau e usa uma das
mãos para abaixar o top de couro para fazer seus seios saltarem
livres para mim. Ela sabe que eu amo vê-los balançarem e seu
sorriso travesso me diz que ela fez de propósito. Eu ainda nem
comecei a me mover dentro dela e já sinto minhas bolas apertarem,
Lidith me enche de tesão com coisas simples que nem sempre
envolvem o ritmo de entrar e sair do seu corpo delicioso. Ela toda,
me faz querer derramar pela sua sensualidade natural. Lidith é
como uma deusa que me hipnotiza a ponto de me ter enrolado nos
seus dedos…
Quando começo a me mover seus seios saltam na mesma
intensidade e antes mesmo que eu possa pensar no que estou
fazendo eu acelero o ritmo batendo nela profundamente com
estocadas fortes e rápidas. Lidith grita meu nome e envolve seus
braços para se segurar no meu pescoço o que faz seus mamilos
gordos esfregar na minha camiseta, por um momento fico irritado
comigo mesmo por não ter tirado a peça, mas Lidith parece ter a
mesma aversão com a peça e minha mulher rasga o tecido para
expor meu peito. Como ela diria em um momento assim: HOKK!
Seus mamilos agora estão em contato com a minha pele
fazendo eu sentir os seus montes endurecerem com a fricção
constante, eu gostaria de colocar um deles na minha boca, mas eu
não consigo alcançar agora e estou fora de mim para continuar no
ritmo até estar derramando meu jato na minha mulher. A ideia de
mamar do seu seio faz imagens pecaminosas e deliciosas
encherem a minha mente, assim como os gemidos que ela solta a
cada batida do meu pau dentro dela.
O som dos nossos corpos se contorcendo de prazer enche o
ambiente, assim como a tensão crescente do nosso orgasmo
iminente. Lidith está se contorcendo e rebolando no meu pau
tornando difícil segurá-la no lugar, minha mulher está selvagem e
tão perto de vir de novo, mas eu estou muito mais perto. Por isso
coloco a mão entre nossos corpos e encontro seu clitóris para fazê-
la vir mais uma vez antes que eu ceda.
Não preciso de muito mais para fazê-la explodir contra meu pau,
seu núcleo pulsa ao redor do meu membro ordenhando-o com a
força de um punho apertado e logo eu estou me derramando dentro
dela com um jato forte e intenso do meu orgasmo.
Continuo batendo nela, mas com estocadas mais curtas e
aproveito para saciar minha vontade de abocanhar seu mamilo e
mamar dela com força, batendo minha língua para provocá-la e
arrancando gritinhos deliciosos dela.
Hokk! Como eu amo vê-la assim…
-Acho que vou ficar longe mais vezes se eu acabar sendo
recebida assim… - Lidith brinca depois que voltamos para o nosso
quarto, ela foi tomar um banho e eu fiquei na porta assistindo. Ela
parecia cansada e se eu entrasse com ela acabaria com minha boca
em todos os lugares certos dela…
-Não ouse me deixar assim novamente doçura - Digo
rapidamente, não gostando nada da ideia dela - Eu sou um homem
viciado em você, fazer um viciado ficar sem sua droga é muito
errado…
-Achei que todo viciado precisasse passar por uma
desintoxicação… - Ela brinca com um sorriso travesso em seus
lábios, mas eu quase não presto atenção no que ela fala, estou
ocupado demais assistindo ela fazer seu ritual pós banho. Lidith se
seca e depois usa alguns produtos do seu povo para cuidar da pele
e dos cabelos - Você não está ouvindo uma palavra do que estou
falando, não é?
-Claro que estou ouvindo doçura… - Respondo com um sorriso
inocente estampado na cara, enquanto falo essa mentira. Como eu
posso prestar atenção no que ela fala quando ela se abaixa com o
traseiro glorioso virado para mim enquanto seca os dedos dos pés…
Que aliás esses dedos estão me fazendo criar um tesão estranho de
lamber e chupar cada um deles, quando eu nunca fui um desses
caras ligados em pés…, mas o pé da minha mulher é simplesmente
adorável e sexy!
-Jonas eu estou falando com você… - Lidith tenta novamente
ficando de pé e colocando as mãos na cintura. Eu estou
encrencado?
-Lamento doçura, mas estou com dificuldade para me
concentrar… - Respondo com honestidade ao me aproximar dela,
incapaz de conseguir me manter distante - Você não pode me dar a
visão do seu traseiro e achar que eu vou conseguir pensar
claramente enquanto assisto você o balançar de um lado para o
outro.
-Eu disse que seria muito sexy se você deixasse a barba
crescer… - Ela fala enquanto se aproxima de mim envolvendo um
braço no meu ombro e mantendo a outra mão segurando o nó da
toalha sob os seios, meu pau pulsa entre nós e ela se esfrega
sutilmente enquanto fala.
-Nunca deixei a barba crescer… - Respondi pensativo enquanto
esfregava meu queixo liso -Eu aparo ela praticamente todos os dias
para impedir que ela cresça.
-Você pode tentar deixar para ver como fica o que acha? - Lidith
pergunta com um tom sedutor, enquanto solta a toalha que
escorrega um pouco para alisar os dedos pelo por toda a lateral do
meu maxilar fazendo minha mente patinar e antes que eu perceba
eu respondo feito um idiota.
-Vou deixar a barba crescer…
Capítulo 23
Jonas

Elias está a caminho daqui com André, nosso irmão mais novo
voltou para a cidade hoje. Ainda não sei o que motivou ele a voltar e
dado as condições do casamento dele, acredito que ele tenha
voltado sozinho e estranhamente me sinto mal por isso. De nós três
ele é o que mais se fechou enquanto crescia, ele sempre foi uma
criança quieta e não mudou durante os anos, o tempo que ele
pareceu mais como uma criança normal foi quando ele ficou com
nosso avô.
Eu e Elias não tínhamos interesse em brincar com ele, ou um
com o outro. Sempre fazíamos nossas coisas separadas, eu não
tinha paciência para lidar com as reclamações dele e ele não tinha
paciência para lidar com as minhas explosões. Juntando isso, nosso
pai também não estava por perto por muito tempo para ser um pai,
os empregados da casa cuidavam para que a gente não acabasse
morto de fome e de resto poderíamos fazer o que quiséssemos.
André ficou muito irritado com a ameaça do nosso pai para fazê-
lo aceitar a demanda da sua noiva orc e eu sei que ela ficou grávida,
mas me pergunto o que isso custou ao meu irmão mais novo… Ele
não deve ter ficado ileso de sentir alguma coisa. Inferno! Eu mesmo
não fiquei imune a minha própria esposa e eu tentei evitar sentir,
mas como posso dizer que não sinto quando ando atrás dela como
um cachorrinho em uma coleira e para piorar adoro a ideia de ser o
cachorrinho dela!
Elias é outro que cedeu ainda mais rápido para sua esposa orc e
os dois parecem como um casal de adolescente, que roubam
carícias um do outro quando acham que ninguém está vendo. Eu
até cheguei a pensar na possibilidade de estar sob algum tipo de
feitiço, mas porque Lidith faria isso se no início ela não me achava
atraente o suficiente?
Aliás esse tópico ainda é sensível para mim e a mulher sabe
disso, sempre me provocando dizendo que minha beleza é em ser
um idiota todo dela. Ranjo os dentes irritado com a lembrança da
provocação dela, mas deixo passar rapidamente, porque isso é
apenas uma provocação e Lidith adora me provocar, minha linda
mulher orc solta gargalhadas altas sempre que fala alguma gracinha
que me faz ficar cheio de tesão para fazê-la rir o tempo todo.
Sinceramente eu estou sempre fazendo o que ela quer, basta ela
pedir e eu faço, a mulher até me fez deixar a barba crescer. Nunca
em toda a minha vida eu deixei que a minha barba cresceu tanto
como agora, é estranho e nos primeiros dias coçava até me deixar
irritado e quando eu ameaçava parar ela fazia um bom trabalho para
me distrair do incômodo, além disso eu percebi que ela se arrepia
inteira quando minha nova penugem na cara arranhar sua pele
macia que a faz dar gritinhos deliciosos para meu próprio deleite.
-Você está aqui! - Lidith canta animada ao chegar em casa, ela
tem estado muito ocupada fazendo entrevistas nos últimos dias e
hoje ela voltou mais cedo para estar aqui quando meu irmão
chegasse com Elias.
-Sempre por aqui doçura… - Resmungo enquanto me levanto da
cadeira para dar lugar a ela, peguei esse costume de sempre ceder
meu lugar para ela depois de ouvir ela comentar que gosta de ficar
onde já tem meu cheiro, faço para agradá-la e porque secretamente
me sinto possessivo dela, por saber que ela está cercada pelo meu
cheiro e não de outro cara qualquer homem ou orc.
-Conseguiu descobrir alguma coisa hoje? - Ela pergunta,
enquanto afunda no assento e eu me apoio na mesa de frente para
ela.
-Não, mas estou pensando em entrar em contato com os
advogados para estudar algumas possibilidades… - Respondo
esperando-a se aconchegar antes de me inclinar para beijá-la -
Senti sua falta doçura… Você saiu antes que eu pudesse provar
você…
-Macho insaciável! Você precisa me dar alguma pausa ou eu vou
começar a andar engraçado durante o dia - Ela responde sorrindo,
mas acaba soltando um suspiro doce e depois rindo quando eu
esfrego minha barba no seu pescoço.
-Você cheira cada vez melhor, sabia? - Comento ao deixar minha
língua se arrastar na sua pele deliciosa.
-Sé-sério? - Ela pergunta gaguejando um pouco - Você acha que
meu cheiro mudou?
-Seu cheiro e seu mel estão a cada dia mais deliciosos para mim
doçura… - Respondo deixando minhas mãos varrerem por sua pele
e seu cabelo com tranças finas - Eu sou viciado em você mulher…
aliás você se lembra de como eu provei você na minha mesa
naquele dia? Vamos fazer isso de novo, o que acha? Fique aí onde
está eu vou me ajoelhar…
-Por mais que eu queira isso… - Ela comenta com a voz
embargada de desejo fazendo meu pau latejar em antecipação - A
sua família acabou de chegar… estou escutando o portão se abrir e
eu conheço o barulho que o motor do veículo do seu irmão faz...
-Eu posso ser rápido, eu só quero provar seu mel doçura… -
Devolvo tentando convencê-la a me deixar colocar meus dedos no
meio das suas pernas, mas ela se levanta e se afasta rapidamente.
Eu suspiro alto antes de segui-la um pouco emburrado e tentando
ajustar o volume da minha calça para não atrapalhar enquanto eu
ando seguindo-a para fora.

Lidith
-Você sentiu não foi? - Perguntei nervosamente para Shiara, ela e
os irmãos do Jonas chegaram.

A fêmea farejou rapidamente a mudança no meu cheiro, ela


quase falou sobre isso quando nos avistou saindo da casa, mas
consegui intervir. Depois disso, caminhei com ela para a cozinha
para deixar os três irmãos conversarem a sós.

-Tem como não sentir? - Ela pergunta com um balanço de


cabeça e uma expressão de interrogação muito humana - Eu vi você
na semana passada porque não senti nada antes?

-Pelo que conversei com o curandeiro da montanha pode


demorar para o cheiro mudar… - Respondo honestamente, porque o
cheiro não mudou até dois dias atrás quando acordei na caverna da
minha família e percebi a mudança.

-Jonas sabe? - Shiara está eufórica enquanto continua


perguntando - Você agiu como se ele ainda não soubesse, mas ele
já está usando a barba…

-Ele não sabe. - Respondo rapidamente antes que ela continue


divagando - Ele está deixando a barba crescer porque eu disse que
deixava ele com a aparência mais masculina e quente… é errado
que eu minta para ele?

-Você mentiu ao dizer isso para ele? - Ela pergunta de volta sem
se importar com meu tom e cruza os braços enquanto parece um
pouco confusa com a minha pergunta - Por acaso você não gosta
que ele use a barba assim? É um costume do nosso povo, não acho
que ele se importe de não usar a barba assim…

-Shiara não é sobre isso que estou falando! - Corto novamente,


irritada que ela tenha focado no assunto errado, mas logo me
arrependo. Shiara não tem culpa e não pode deduzir o que estou
pensando - Desculpe… olha não estava me referindo a isso, Jonas
é um macho diferente dos orcs, todos os humanos são, a barba não
é a questão e sim o fato de que ainda não contei a ele sobre estar
esperando uma prole dele…

-Por que você está escondendo isso dele? - Ela pergunta depois
de sorrir com entendimento para minha pequena cena de irritação.

Enquanto tomo meu tempo para pensar na resposta, é muito


difícil de responder isso agora.

-Tenho medo da reação dele e principalmente, ele está com a


cabeça nos problemas da família deles - Respondo finalmente,
tentando amenizar minha insegurança sem olhá-la diretamente e
mexendo distraidamente no meu cabelo - Não quero deixar a
cabeça dele ainda mais cheia de problemas…

-Um filho não é problema, mas eu entendo bem o que quer dizer
- Shiara comenta com um tom carinhoso para me reconfortar - Se
você não sente que é o momento de dividir isso com ele não tem
problema, você é uma fêmea forte que sabe o que é melhor para
você e sua família. Além disso, eu acredito que Jonas vai entender,
quando você explicar porque não contou antes.

-Seu companheiro pode ser que entenda, já o meu… - Digo


bufando - Esse idiota é como uma bomba relógio…

-Você pode dizer isso, mas se tem uma coisa que eu aprendi
sobre os machos humanos é que eles não são diferentes assim dos
nossos machos - Shiara fala com empolgação e até um certo brilho
travesso no olhar - Quer saber… vamos planejar algo para quando a
hora chegar…

-O que quer dizer com isso? - Pergunto rapidamente, querendo


entender essa súbita onda de animação dela.

-Significa que vamos assistir muitos filmes humanos para ter


algumas ideias! - Ela declara quase dançando com empolgação
pela sua ideia.

-Posso recusar essa oferta? - Lidith pergunta com uma


expressão estranha, ela parece estar com dor e depois faz uma
careta estranha torcendo o nariz. A cena é adorável e eu não
consigo evitar dar risada dela.

-Vai ser divertido! - Ela responde enquanto começa a me arrastar


para a sala com a televisão - Além disso os machos parecem muito
envolvidos para perceberem que não estamos lá com eles e André
não parece ser do tipo que compartilha o que pensa quando tem
muita gente em volta… com pouca gente também, mas talvez seja
apenas porque ele não me conhecia…
Capítulo 24
Jonas

-Vamos entrar, o que você contou a ele? - Pergunto assim que


consigo desviar os olhos do traseiro da minha mulher que andou
mais à frente depois de alcançarmos a porta para falar com Shiara,
eu adoro vê-la andar nesses saltos altos que ela comprou com
Shiara… adoro mais ainda quando ela usa com uma lingerie e
meias calças finas…
-Tudo, mas você pode completar com detalhes sobre o que você
descobriu - Elias guiando o caminho para dentro da casa e eu
resolvo acompanhar deixando minha mulher com minha cunhada,
não posso me distrair agora e ela certamente vai fazer isso, só de
estar por perto.
-Me mostra o que encontrou do pai e dos outros, não sei se vou
ser de grande ajuda. - André pede e eu começo a dar alguns
detalhes sobre questões de valores e também começo a falar sobre
a minha ideia de falar com os advogados, quero iniciar o processo o
quanto antes de forma sigilosa para tentar conseguir uma ordem
judicial que me autorize a quebra de privacidade dele antes que o
nosso pai consiga apagar seus rastros.
Elias contribui fazendo um resumo do que falou para o André,
que está muito calado enquanto escuta, mas isso não é nada
diferente do que ele já faz.
-Você tem a ficha desses três, então me mostra - André pede
depois de algum tempo de conversa totalmente concentrado no que
falávamos e eu faço isso, dou a volta na mesa para me sentar e
abrir as informações que ele quer ver.
-Ela... - André fala e congela por um segundo antes de começar
a andar enfurecido e socar a parede como um animal enjaulado
furioso, eu corro para ficar ao redor dele com receio de que ele faça
novamente. André pode ser muitas coisas, mas ele nunca foi
agressivo por isso essa reação dele me faz ficar em alerta - O nome
Rita é falso. Faça uma busca com o nome Branca Vieira, para
facilitar ela foi uma deputada em uma cidade pequena a vinte anos
atrás se não me engano...
-Como você sabe quem ela é? - Pergunto preocupado, sem tirar
os olhos das suas ações.
-Ela foi amiga do Roger desde quando ele tinha vinte anos e ela
quinze anos, pelo menos é isso o que ela me contou... - André
responde de forma contrariada e azeda, conhecendo ele sei que
meu irmão não quer falar sobre isso, mas ele está se esforçando
para falar por isso sei que é importante - Mas depois de alguns anos
o Roger se casou com a nossa mãe e eles perderam o contato até
que a nossa mãe morreu, depois disso eles voltaram a se falar aos
poucos...
-E como você sabe de tudo isso? - Elias pergunta aflito, ele está
tão perplexo com a reação do André que está quase surtando
também de preocupação.
-Por que eu gostava de ficar na casa do nosso avô, quando era
mais novo, por isso o Roger acabou apresentando-a e a filha porque
elas moravam próximo ao nosso avô no interior - André responde
duramente.
-Mas isso não explica porque ela ficou tão próxima de você e
nem o porquê de o pai nunca ter falado dela para nós? - Perguntei
franzindo a testa, querendo fazer as perguntas certas para evitar
que a situação se complique ainda mais.
-Eu fiquei próximo da filha dela, a Luna, ela era mais nova do
que eu, mas era divertido passar o tempo com ela… - André
responde de forma pausada e tomando seu tempo para pensar na
resposta - A Luna e a Branca não se davam bem, ela era filha do
marido da Branca do primeiro casamento dela e depois que ele
morreu a guarda dela ficou com a Branca…
-Por que a Luna não ficou com a mãe biológica? - Elias
perguntou com impaciência, depois que André simplesmente parou
de falar por algum tempo.
-A mãe dela morreu quando ela nasceu... - André respondeu e
eu entendi um pouco do motivo dele ter se aproximado da menina,
eles tinham uma história de vida parecida já que nossa mãe também
morreu pouco depois que ele nasceu - Além disso nós nos dávamos
bem, porque fazíamos a mesma coisa para receber atenção dos
nossos pais... De alguma forma a nossa desgraça era a mesma em
muitos sentidos…
-O que você quer dizer com isso André? - Eu pergunto
rapidamente depois de processar o que ele falou no final, mas pelo
tom dele eu sinto um peso no meu peito que acreditei nunca ser
capaz de sentir novamente. Controlo minha reação e aguardo sua
resposta com uma ansiedade crescente, mas que eu consigo
disfarçar.
-Eu ajudava o Roger e Luna costumava ajudar a Branca, aliás
um dos motivos que fez a Branca conseguir se candidatar na cidade
anos atrás, foi porque eu e a Luna ajudamos... - André responde,
ele está sendo enigmático provavelmente esperando ser julgado por
nós percebo…
-O Roger e ela venderam vocês não foi? - Elias foi quem
perguntou sem rodeios, meu irmão mais velho está desesperado
com essa revelação, provavelmente porque ele nunca esperou que
nosso pai fosse capaz de persuadir um filho a fazer algo assim -
Shiara ouviu Luiz e o Gustavo falarem sobre o nosso pai já ter
vendido os filhos antes, ela falou que eles disseram de um jeito que
deixou claro que o pai seria o tipo de homem que faria isso... Eu não
toquei no assunto porque não queria que fosse verdade, mas é, não
é? Não aconteceu comigo, mas aconteceu...
-Aconteceu comigo, é verdade, mas não foi tão ruim assim eu
poderia dizer não, mas vocês sabem como Roger pode ser
persuasivo… - André fala na defensiva, justificando o que ele
passou e amenizando a coisa toda - Luna por outro lado não tinha
opção... Enfim alguns anos depois o Roger brigou com a Branca e
foi difícil manter contato com a Luna, mas ela fez. Luna até me
procurou a quatro anos e me pediu ajuda para montar um dossiê
contra a Branca, eu ajudei e eu achei que ela havia sido presa...,
mas pelo jeito ela só deu um jeito de mudar de identidade... Inferno!
Eu preciso saber se a Luna está bem, se a Branca mudou de nome
pode ter ido atrás da Luna...
-Agora eu consigo entender o motivo dela não ter dado as caras
ainda e tentando convencer pessoalmente o nosso pai a entregar o
resto do dinheiro - Digo rapidamente querendo tirar a atenção da
conversa desse tema. -Mas porque ela mudaria de identidade e
depois entraria em um esquema para enganar o nosso pai?
André revelou uma parte importante da vida dele e não foi
porque queria, mas porque precisava e isso quer dizer que talvez
ele não estivesse pronto para isso ainda e pela expressão do Elias
as coisas podem piorar rapidamente.
Elias sempre foi conhecido como o irmão calmo e equilibrado
que não se envolve, que tenta amenizar as coisas a ponto de ser
chato de tão certinho, mas desde que ele conheceu Shiara ele
parece disposto a descobrir a verdade e não apenas aceitar as
coisas, principalmente porque ele nunca pensou que o nosso pai
seria capaz de persuadir alguém assim. Infelizmente essa verdade
está tendo um peso alto na sua sanidade.
-A Branca brigou com o Roger, ele havia desviado dinheiro da
campanha eleitoral dela. Na época eles tinham feito o caixa dois
juntos, mas ele conseguiu pegar a parte dela também - André
responde até respirando com mais facilidade - Talvez ela esteja
atrás dele por isso, ela pode estar atrás de uma reparação por ter
sido enganada por ele antes...
-A Luna, você ainda tem o contato dela? - Pergunto enquanto
volto para a mesa ao ter certeza de que meu irmão mais novo não
iria explodir novamente, Elias pode ser o próximo a surtar, mas
agora preciso trabalhar e ele tem sua esposa para ajudá-lo caso
tenha um piripaque assim como Lidith também me ajudou antes.
-Tenho, mas não sei se ela ainda usa o mesmo Email e o mesmo
número de telefone... - André responde se juntando a mim sem dar
muita atenção para Elias.
-Porque vocês estão agindo tão normalmente depois do que
você falou? - Elias pergunta desnorteado e aumentando o volume
da sua voz até estar gritando - André! Por que você nunca disse que
o Roger fez isso com você? Ele também te convenceu a fazer isso
Jonas? O cara vendeu o filho e vocês estão agindo como se isso
não fosse um crime! Além da história do desvio de verba nessa tal
campanha..., mas que inferno! Como ele pode se envolver com
tanta merda errada? Pior ainda porque isso não incomoda vocês?
-Você está incomodado porque nosso pai fez tudo isso ou
porque você nunca se importou em perceber o que acontecia à sua
volta? Eu não gosto de saber que André se submeteu a isso tão
novo, mas isso não muda o fato de já ter acontecido - Eu respondo
depois de respirar fundo e tentando manter a calma, a revelação
que André fez foi difícil de digerir, mas não me surpreendeu.
Assim como André eu conheço o nosso pai e eu mesmo já tive
que fazer essa escolha antes, mas eu não era tão jovem e depois
de pensar por um instante deixo as palavras saírem sobre a minha
própria verdade.
- Você quer saber se eu já fiz isso? - Pergunto sem esperar por
uma resposta - Sim eu fiz, mas eu não era tão jovem e
precisávamos pagar as contas, eu tinha acabado de terminar meu
curso e não tinha muito trabalho para um novato na área, já você
não ganhava muito dando aulas particulares. O jeito mais rápido foi
esse, também não foi nenhum sacrifício eu escolhi a mulher com
quem queria estar e depois não foi mais necessário.
-Você faz parecer que foi minha culpa tudo isso ter acontecido! -
Elias grita indignado e não me surpreende que ele tenha visto as
coisas desse jeito, ele tem se culpado por ter sido omisso durante
os anos, mas não há nada que eu possa fazer quanto a isso. Ele
precisa se perdoar, não do nosso perdão.
-Eu não culpei ninguém, você está se sentindo culpado. O que é
diferente - Respondi voltando a prestar atenção ao que estava
procurando no Google sobre a Branca antes de começar a busca
mais a fundo.
-Lamento que vocês tenham passado por isso e lamento mais
ainda não ter sido alguém que vocês pudessem contar... - Elias fala
nervosamente parecendo lutar para se acalmar.
-Elias você precisa parar de ver as coisas assim, você não é
culpado assim como o Jonas não é e nem eu mesmo - André fala
para apaziguar o temperamento do Elias, não é normal André tentar
consolar alguém, mas até ele deve ter percebido o quanto Elias está
fora de si agora - Filhos não deveriam crescer como nós crescemos,
mas aconteceu e não adianta voltar atrás. O tempo não volta, por
isso temos que olhar para frente. Você acha que eu me arrependo
do que aconteceu no meu passado? Adivinha, eu não faço!
Olho de soslaio para eles e vejo que as palavras do André
parecem ter algum efeito no Elias, que está olhando atentamente
para nosso irmão mais novo com mais controle do que antes. Bom.
- Graças a isso eu acabei podendo bancar a vida que eu queria
depois de voltar para a cidade. Sim eu continuei fazendo essas
coisas, mas foi uma escolha minha porque eu entendi que na vida
ou você caça ou é caçado e eu prefiro caçar, nos meus termos e
nas minhas condições. -André explica revelando mais sobre a sua
realidade, mais do que eu imaginei que ele seria capaz de revelar
para nós. Por isso eu apenas escuto para deixá-lo à vontade em
continuar falando - Cada um de nós aprendeu a sobreviver como
podia e isso é tudo, por isso eu perguntei o que vocês tinham em
mente sobre o que fazer depois que tudo isso vier à tona. Eu
conheço o Roger bem o suficiente para saber que ele não vai
aceitar as coisas tão facilmente, mesmo que a justiça o obrigue a
isso...
-Podemos colocá-lo na prisão... - Elias fala baixo e isso me faz
reagir rangendo os dentes.
-Não vamos colocar o nosso pai na prisão - Digo com cuidado
para não deixar as coisas esquentarem novamente - Ele pode ser o
pior pai do mundo, mas ele também é vítima...
-Como alguém como ele pode ser vítima? Depois do que ele fez
com vocês? - Elias fala voltando a ficar irritado e eu respiro fundo
antes de falar novamente.
-Você só está vendo o seu lado da história Elias, o nosso pai
também é vítima... - Eu digo com cuidado, mas Elias não está
disposto a me ouvir e sai batendo a porta do escritório.
Que saudade do Elias calmo e manso. Essa versão explosiva é
muito irritante…
-O que aconteceu? - Shiara pergunta momentos depois ao
aparecer junto com Lidith, as duas se afastaram enquanto vínhamos
para o escritório.
O que elas estavam fazendo?
-Elias precisa de um tempo - Respondo calmamente olhando
para Lidith que está se aproximando da mesa enquanto Shiara sai
atrás do meu irmão, depois de ouvir a minha resposta.
-O que aconteceu para ele sair daquele jeito? - Lidith perguntou
enquanto eu fico em pé - Aliás me desculpe, acabei esquecendo de
me apresentar, eu me chamo Lidith. é um prazer conhecê-lo.
-André Lidith é a minha esposa caso não tenha notado ainda -
Digo para apresentá-la ao meu irmão, algo que eu deveria ter feito
antes e ao mesmo tempo faço minha esposa sentar na minha
cadeira - Lidith esse é o meu irmão mais novo, mas não o mais
bonito.
-Tem certeza? - Lidith pergunta com tom zombeteiro com um
sorriso travesso em seus lábios.
-Vamos resolver isso depois… - Retruco deixando claro que ela
vai pagar pela gracinha, mas como meu irmão está por perto decidi
falar do pouco que consegui durante essa curta reunião com meus
irmãos, curta e problemática - Vê a foto dessa mulher? André sabe
o nome real dela, agora temos uma nova pista e também vou
procurar a filha dela…
-Isso é bom, mas não esqueça que precisa de provas por meios
legais para abrir o processo - Lidith fala enquanto me debruçava
sobre a mesa para usar o teclado do notebook.
-Eu sei por isso precisamos da Luna… - Falei enquanto digitava -
André aquele telefone que você passou ainda está ativo, você pode
ligar para ela?
-C-claro vou fazer isso - André responde gaguejando e eu
finalmente olho para ele, meu irmão parece confuso com a interação
entre mim e minha esposa. Eu não posso culpá-lo, antes dele partir
eu estava disposto a largar tudo e a família para não ser obrigado a
me casar com uma mulher orc e agora estou babando como um
cachorrinho atrás dela para ter um pouco da sua atenção.
Eu poderia rir da expressão assustada dele, se a situação não
fosse tão séria agora.
Capítulo 25
Lidith

Shiara assim como os outros orcs macho que estão fazendo a


guarda na casa da Emilie, perceberam meu cheiro novo, a mudança
é sutil e ainda assim está lá. Estou esperando por uma criança, uma
criança que foi gerada com Jonas, meu companheiro humano que
não percebeu a mudança.
Na verdade, ele parece ter percebido, mas não sabe o motivo.
Jonas tem se tornado um maníaco por cheiros e gostos nas últimas
semanas, quase como se ele estivesse sentindo seus sentidos mais
apurados, o que não faz o menor sentido de acontecer sem algum
estímulo de magia, mas é o que parece acontecer com ele.
Já que hoje ele alegou sentir meu cheiro diferente e o meu
gosto, algo que não achei que ele poderia perceber por ser humano,
mas ele fez. Tentei não criar alarde com isso e mudei de assunto
depois desse comentário dele, já que ainda não me sinto pronta
para dar a notícia a ele. Pelo menos não enquanto essa história da
sua família está ocupando tanto do seu tempo e até um pouco da
sua sanidade.
Jonas tem estado tão compenetrado que poucas coisas o fazem
sair do foco que está, em buscar um jeito de resolver essa história
de uma vez por todas. Então a notícia do bebê precisa esperar,
assim como as coisas que descobri sobre a minha família, dou um
suspiro sem perceber enquanto Shiara tem sua atenção totalmente
voltada para o filme de romance que ela me fez assistir.
Por algum motivo ela acha que eu posso ter alguma ideia de
como dar a notícia ao Jonas sobre a gravides, de uma forma criativa
pela demora em compartilhar a novidade com ele. A princípio eu
queria negar, mas ela estava tão empolgada que eu acabei
aceitando e também seria uma boa distração para o turbilhão de
coisas que estão se passando na minha mente.
Viajei de volta para o clã depois de receber uma mensagem
enigmática do meu pai, o vi alguns dias depois de ter apresentado a
proposta de negócio que fiz com os humanos e queria mostrar a ele
o que foi acordado no final. Para poder apresentar para o nosso clã
o projeto e depois para os outros clãs, afinal um projeto tão grande
precisa ser notificado para todos os clãs estarem cientes e aqueles
que se interessarem poderem participar também.
Foi assim que decidiram que todos os clãs participaram da
seleção de noivas e noivos entre os humanos, exceto claro pelo clã
Kerminn que ainda precisa entrar em um acordo com os capitães
dos outros clãs. De qualquer forma eu o vi e ele aparentemente
estava muito bem, mas a mensagem dizia que eu precisava voltar o
quanto antes.
Por isso mandei uma mensagem para o Jonas e depois
atravessei o portal, encontrei a fêmea que contratei para verificar a
chegada de novas mensagens direcionadas para mim e ela disse
que meu pai havia acabado de mandar outra mensagem no terminal
de comunicação. Quando verifiquei a mensagem fiquei ainda mais
confusa, ele disse que estaria na caverna da mãe dele e que eu
deveria abrir um portal direto para lá.
Minha preocupação só aumentou, por isso fiz a solicitação
rapidamente usando meus privilégios de herdeira e pouco tempo
depois eu estava na casa da minha avó.
-Nana! - Grito assim que fecho o portal, com a pedra provisória
que recebi.
-Lidith entre de uma vez! - Meu pai grita, sua voz parece com o
som de um trovão grave e quase rosnando cada palavra. Ele deve
estar muito fora de si, o que no mundo faria meu pai ficar tão
enfurecido assim?
-Não grite com a menina assim, ela não tem culpa do que está
acontecendo… - Escuto minha avó falar ao entrar, acabo assistindo-
a bater com uma colher de madeira nas costas dele o mais alto que
ela consegue alcançar agora.
–Pai, o que está acontecendo? - Pergunto preocupada não
apenas com a situação, mas porque meu pai parece estar destruído.
Sua postura está caída, seu cabelo está solto sem as tranças no
estilo de guerra que ele costuma usar e sua barba está… Onde está
a barba dele?
-O que houve? - Perguntei com preocupação óbvia, enquanto
minha avó se afasta, provavelmente querendo que o filho explique -
Onde está a minha mãe?
-Sua mãe pediu o fim do nosso acasalamento… - Meu pai
responde duramente, engolindo com força como se as palavras
fossem ásperas em sua boca.
-O que? - Pergunto em completo choque, meu corpo e minha
mente parecem fora de sintonia enquanto falo e tento pensar em
como as coisas chegaram a esse nível - Por que? Quando?
-Se eu soubesse o motivo eu lhe diria filha… - Meu pai responde
enquanto se senta no chão junto às almofadas, minha avó nunca
gostou de móveis ela prefere viver como os antigos e sua mobília é
mínima exceto pelas muitas almofadas e tecidos espalhados pela
casa.
-Mas estava tudo bem quando eu saí… - Falei ao me juntar a ele
no chão, meu pai parecia desolado. Não sei se o abraço ou deixo
que ele fique distante, porque eu também me sinto afetada pela
notícia e no momento não sei o que fazer por mim, o que dirá pelo
meu pai.
-Ela tirou as minhas coisas da caverna - Ele fala enquanto seu
olhar fica perdido em algum ponto na sua frente - Ela queria que
você também tirasse a suas coisas já que antes de sair você
enfeitiçou a sua área privada…
-Por que ela iria tirar as minhas coisas também? - Pergunto
confusa, o que no mundo está acontecendo com a minha mãe?
-Não sei filha, eu tinha passado a noite na nossa casa e de
manhã. Pouco depois de ter chegado aqui hoje, recebi as minhas
coisas - Meu pai explica depois de puxar uma respiração profunda -
Um veículo de carga guiado por um dos tios parou na porta
enquanto outro veículo veio atrás para levar o macho embora.
-E foi isso? Foi assim que ela fez parecer que não queria mais
estar acasalada com você? - Perguntei com esperança de que
talvez tudo não tenha sido um mal entendido.
-Ela estava no outro veículo e fez o anúncio diante dos parentes
que estavam no segundo veículo - Meu pai responde enquanto olha
para a porta, provavelmente se lembrando da cena que deve ter
sido essa situação toda. Principalmente porque minha avó mora
perto do centro do clã, então muitos devem ter assistido o que
minha mãe fez.
-Depois disso, usou uma faca para cortar as tranças da barba do
seu pai… - Minha avó conclui enquanto coloca uma xícara de chá
no chão em frente ao meu pai e outra na minha frente - Ela
humilhou seu pai diante do clã….
-Mãe! - Meu pai rosna em desaprovação pela forma como a mãe
dele falou.
-O que os administradores do clã falaram? -Pergunto
preocupada com os danos que isso pode causar, além da clara
dissolução da nossa família.
-Eles não se deram ao trabalho de aparecer ainda, convence seu
pai a mandar uma mensagem para eles do meu terminal de
comunicação e isso parece ter mantido as coisas calmas por
enquanto - Minha avó responde e meu pai pega a xícara para beber
do chá.
-Agradeço que tenha me avisado tão rápido… - Digo sem
certeza do que falar.
-Você precisa manter as coisas na linha, com seu companheiro e
nos negócios que está fazendo. - Meu pai fala com firmeza
enquanto endireita suas costas voltando a sua postura total, ele
respira fundo tomando seu tempo para continuar - Não sei o que
sua mãe e a família dela tem em mente, mas garanto que não é
coisa boa. Fique atenta e agora, mais do que nunca, você precisa
manter seu acasalamento. Pelo menos até que as coisas se
acalmem no clã. A minha integridade e até mesmo minha posição
será questionada agora, o que quer dizer que tudo o que nós
fizermos irá impactar na nossa posição.
-E-eu ainda não acredito que isso esteja acontecendo… - Falo
com cuidado tentando organizar meus pensamentos diante dessa
situação turbulenta.
-Lamento que você tenha que passar por isso agora filha, tentei
protelar essa situação, mas algo que eu não previ deve ter mudado
o peso do meu poder. Eu só não sei o que é ainda. - Meu pai - Mas
eu vou descobrir e até lá fique atenta ao que eu disse. Vou
providenciar uma caverna para você possa residir com seu
companheiro, eu vou ficar no centro do clã e as minhas coisas vão
ficar aqui…
-Você já tem o lugar para eles Muzgonk - A Nana declara e os
dois começam a discutir sobre a mudança para uma propriedade
que foi comprada antes da união dele com a minha mãe, mas que
ele nunca chegou a morar lá.
-Pai o que você quis dizer com ‘tentou protelar’ o que você não
está me falando? - Perguntei interrompendo a conversa deles.
-Você sabe que eu te amo filha, você e o clã sempre foram tudo
para mim… - Meu pai começa a responder, tentando suavizar
falando com palavras gentis.
Eu conheço meu pai e isso significa que ele tem algo a dizer que
vai me magoar muito. Por isso eu acabo ampliando minha postura e
puxando uma respiração profunda para não sentir tanto o golpe que
ele está prestes a dar.
-Mas… - Ele continua. Eu sabia, lá vem a parte ruim - Eu menti
para você, quando disse que sua mãe acasalou comigo de bom
grado… Ela só fez isso porque o pai dela mandou, quando ele
percebeu que não tinha mais o apoio do povo ele a fez aceitar essa
união. Ela não queria aceitar e me desafiou a sequestrá-la, se eu
conseguisse ela aceitaria acasalar comigo. Caso eu falhasse
deixaria ela livre dessa união. Naquela época pareceu ser uma boa
ideia, eu precisava acasalar e se fosse com ela eu teria o apoio do
restante do clã que ainda não queriam aceitar minha reivindicação
como novo líder. Eu acabei sequestrando sua mãe, os guardas e o
próprio pai dela não foram eficientes em mantê-la escondida.
-A mãe não sabia que você conseguia fazer isso com facilidade?
- Pergunto sem entender porque minha mãe teria proposto um plano
tão fraco assim para evitar um acasalamento.
-Ela sabia, eu fui o único ingênuo porque essa história poderia
ter acabado de um jeito bem diferente… - Meu pai continua depois
de me responder - Depois disso a família dela estava pronta para
me acusar de ter agido como um macho sem honra por ter
sequestrado uma fêmea da caverna da sua família e forçado o
acasalamento… pelo menos foi o que ela gritou para mim no
esconderijo que eu fiz para nós…
Meu pai faz uma pausa para tomar o chá que a essa altura
estava frio, ele provavelmente fez isso para tomar um tempo em
revelar algo tão triste do seu passado.
-Eu estava devastado quando voltei com ela para o clã, porque
acreditei que eu tinha perdido tudo o que havia lutado para
conquistar por ter aceitado um desafio tão tolo… - Ele continuou a
falar com os ombros caídos, voltando para aquela postura derrotada
de quando cheguei na caverna - Contudo quando chegamos, o pai
dela havia morrido o povo o havia decapitado por terem pegado ele
em flagrante tentando desviar mais verbas no tempo que fiquei fora,
com a sua mãe e para evitar que a situação ficasse ainda pior para
a família dela, seus tios a fizeram aceitar o acasalamento. Eles
fizeram o povo acreditar que havíamos fugido porque nos
amávamos.
-E você aceitou isso? - Perguntei incrédula com essa história
totalmente diferente da que ouvi enquanto crescia.
-Eu estava apaixonado e queria estar com... Com a sua mãe -
Meu pai responde com a voz perdendo a força no meio do caminho
e ele limpa a garganta antes de continuar - Sua mãe também mudou
depois daquilo e se tornou amorosa eu achei que teríamos um
futuro mesmo depois da forma turbulenta como começou, mas isso
só durou até ela ter você e depois voltar a ser fria… Fiquei com
medo que ela fosse acabar com o acasalamento, mas ela não fez e
para mim estava bom o suficiente porque eu tinha você e o clã para
governar.
-Você deveria ter me contado essa história antes pai… - Digo
com o peito apertado pela dor de saber a verdade sobre a minha
família e mais dor ainda por saber o que meu pai passou em
segredo. Isso explica a relutância dele em aceitar o acasalamento
por contrato com o Jonas.
-Como eu poderia fazer isso com você? - Meu pai perguntou
sem conseguir me olhar - Você sempre foi minha filha preciosa, eu
achei que era feliz por ter me tornado Capitão, mas essa alegria não
chega nem perto de quando coloquei você nos meus braços pela
primeira vez…
-Ainda assim, eu queria que as coisas tivessem sido diferentes
para você… - Digo ao apoiar a mão em cima da mão dele, que está
segurando a xícara como se fosse algo precioso entre seus dedos.
-Eu não faria nada diferente se isso significasse não ter você
como filha - Ele declara com mais força - Agora vamos fazer o for
preciso para que você tenha seu caminho para se tornar Capitã sem
impedimentos, se sua mãe e a família agiram depois de tantos anos
é porque eles têm algum plano para colocar em ação. Você precisa
ficar atenta às mensagens do terminal, vou mantê-la atualizada do
que eu descobrir. Tenho muitos aliados que vão querer derrubar
qualquer tentativa de me tirarem do poder… São machos e fêmeas
que ainda se lembram de como eram os tempos antigos…
-Tudo bem, eu vou ficar atenta e também fazer com que o
projeto com os humanos aconteça o quanto antes - Declarei com
firmeza - Agora vamos conhecer essa tal caverna que a Nana falou,
depois que você tomar um banho e terminar de tirar a barba
completamente. Vamos mostrar que você não está derrotado e
mostrar ao nosso povo que seu líder é e continua sendo o macho
honrado que sempre foi!
-Vamos fazer isso... - Meu pai declara ruidosamente enquanto se
levantava - Vamos fazer isso.
Foi assim que fiquei no clã por dois dias e no terceiro sai cedo,
atravessei o portal para a montanha e quando fui cumprimentar a
fêmea Kaaylah, que é a mãe do Kaell, ela questionou meu cheiro
diferente não só isso como ela começou a me abraçar dando-me os
parabéns e foi só nesse momento que percebi a mudança. Eu
estava grávida, ela me levou até um curandeiro que confirmou a
gravides e me passou várias informações sobre a gestação.
Tudo isso em pouco mais de duas horas desde que eu havia
saído da caverna nova do meu pai.
Capítulo 26
Lidith

Estávamos na metade do filme, pelo menos eu acho que era a


metade eu não faço ideia do que aconteceu até aqui. Estava tão
imersa em pensamentos e nos problemas, que quase não percebi o
susto que a Shiara tomou quando ouviu a porta bater em algum
lugar da casa. Ela se adiantou correndo para ver o que estava
acontecendo e eu a segui quase que sem perceber.
-O que aconteceu? - Shiara ao abrir a porta do escritório onde
eles estavam
-Elias precisa de um tempo - Jonas responde para ela e eu
caminho faço meu caminho até a mesa.
-O que aconteceu para ele sair daquele jeito? - Pergunto
enquanto Jonas fica em pé para me fazer sentar no lugar dele, meu
companheiro insiste em fazer isso porque uma vez disse que
gostava de estar cercada pelo seu cheiro. Agora ele sempre faz
questão de me dar seu lugar ou me dar suas camisas para me
deixar dormir com elas, entre outras coisas… - Aliás me desculpe,
acabei esquecendo de me apresentar, eu me chamo Lidith. É um
prazer conhecê-lo.
Me apresento para André antes de perder meu controle perto do
meu companheiro que a cada dia está ainda mais atencioso, não
apenas isso ele tem me surpreendido tanto com seu cuidado… O
contraste de como ele era quando acasalamos para agora é
gigantesca.
-André, Lidith é a minha esposa caso não tenha notado ainda -
Jonas fala fazendo as apresentações do seu jeito brusco - Lidith
esse é o meu irmão mais novo, mas não o mais bonito.
-Tem certeza? - Pergunto para irritar meu companheiro, meu
sorriso travesso entrega minha intenção e ele devolve a brincadeira.
-Vamos resolver isso depois… - Ele rebate de uma forma
sugestiva que só quer dizer uma coisa, ele vai me fazer pagar pela
gracinha, provavelmente com algo pecaminoso enquanto
acasalamos que vai me fazer implorar e pedir desculpas… (Pelos
deuses! Apenas o pensamento me faz querer babar de desejo)
- Vê a foto dessa mulher? André sabe o nome real dela, agora
temos uma nova pista e também vou procurar a filha dela… - Jonas
fala fazendo minha atenção voltar para o lugar certo.
-Isso é bom, mas não esqueça que precisa de provas por meios
legais para abrir o processo - Digo de forma analítica, lembrando
dos empecilhos que Jonas disse ter até agora, já que as provas que
ele encontrou foram conseguidas de forma ilegal.
Ainda me surpreendo com a capacidade do meu companheiro de
entrar e sair de sistemas complexos, eu não entendo muito bem
como funciona o que ele faz. Jonas tentou me explicar usando um
exemplo que eu poderia entender envolvendo uma loja de joias e
alguém que queira roubá-la, mas não pelas joias, mas sim em busca
das informações.
Basicamente os responsáveis pela segurança ficam tão focados
em proteger o patrimônio que esquecem de proteger o restante das
coisas. Jonas disse que é ainda mais fácil burlar o sistema quando
se é apenas um observador como ele e que por isso ele conseguiu
muitas informações, mas que infelizmente no caso do que ele
descobriu sobre o pai e os golpistas não podem ser usadas porque
ele não recebeu autorização prévia para fazer isso legalmente.
-Eu sei por isso precisamos da Luna… - Jonas explica enquanto
puxa o notebook para digitar alguma coisa nele - André aquele
telefone que você passou ainda está ativo, você pode ligar para ela?
-C-claro vou fazer isso - André responde gaguejando, olhei para
o macho e ele parece desconcertado.
-Por que ele parecia assustado? - Perguntei depois que André
saiu para fazer a tal ligação.
-André não deve estar entendo essa dinâmica… - Jonas
responde, apontando para mim e depois para ele mesmo - Eu sei
que eu me assustei quando vi o Elias e Shiara juntos da primeira
vez, imagina o André vendo seus dois irmãos babando por suas
esposas… Ele deve estar completamente confuso…
-Vocês são machos interessantes… - Resmungo pensativa.
Jonas deixou claro que sua família é complicada, algo que eu
compartilho com ele já que a minha própria família está um caos
agora, mas ainda tenho dificuldade de entender essa relação entre
eles. Os três pensam tão pouco um do outro, além de se atacar sem
motivo e depois recuarem como se nada houvesse acontecido. Se
já é confuso para quem é espectador, imagino como não deve ser
confuso para eles.
Depois que André volta eles iniciam uma conversa sobre o
contato da polícia que a fêmea chamada Luna passou para eles,
depois disso Jonas pediu que eu fosse procurar seu irmão.
Encontrei Elias e Shiara conversando perto do limite do terreno, o
macho não parecia bem. Dos três ele parece ser o mais sensível e é
o que mais demonstra isso, já o Jonas é do tipo que explode quando
não aguenta mais segurar seja bom ou mal e pelo pouco que pude
ver do André ele não explode, também não demonstra nada
provavelmente é o que mais sente e não sabe como demonstrar
nada.
Quando volto para dentro da casa, Shiara me puxa para
continuar assistindo o filme de antes enquanto minha cabeça volta a
pensar nos problemas da minha família e agora na família do Jonas.
Me pergunto se Shiara também tem uma história complicada assim,
porque duvido que alguém com a vida resolvida e sem dramas
entraria em um programa para acasalar sem conhecer seu
companheiro antes.
Me pergunto se assim como eu ela também fez algum acordo
além do contrato, talvez André também tenha assinado um contrato
assim e agora a companheira dele está grávida. Eu também estou
grávida… e confusa de como fazer dar certo uma história que já
começou errado, assim como a dos meus pais.
Shiara coloca outro filme e fica um pouco decepcionada quando
não digo quais partes eu gostei mais, por isso quando ela coloca um
segundo eu tento prestar o mínimo de atenção no filme, caso Shiara
faça alguma pergunta ‘Dez coisas que eu odeio em você’ é um
nome grande para um título de filme. Pela qualidade vejo que ela
escolheu um muito antigo, esse filme já era antigo mesmo antes da
guerra! Por que ela iria querer ver um filme desses?
Uma hora e trinta e sete minutos depois o filme termina e eu
estou em prantos, não porque o filme seja triste ou porque o final
seja ruim, mas porque mesmo algo que começou errado teve uma
reviravolta porque eles se permitiram tornar algo que teve um início
falso para tornar real…
-Eu sabia que você iria gostar desse, mas não achei que ficaria
assim… - Shiara fala preocupada.
-Não se preocupe. Pode colocar outro - Digo para acalmá-la -
Devem ser os hormônios, o curandeiro na montanha avisou que
coisas assim poderiam acontecer. Na verdade, ele disse que com
certeza eu sentiria grandes mudanças de humor e desejos
estranhos na alimentação.
-Ainda é muito cedo para você começar a ter esses sintomas,
mas como o filme é bom vou deduzir que vale as lágrimas! - Shiara
fala sorrindo enquanto escolhe outro filme na lista da programação.

Jonas

Desde que a policial Laura veio nos encontrar já se passaram cinco


dias, conversamos com ela por quase cinco horas esclarecendo
todo o assunto. Depois disso ela entendeu os nossos métodos,
mesmo que não estivesse de acordo com eles e chamou sua equipe
para garantir que o que descobrimos pudesse ser descoberto do
jeito certo. Carlos e o tal Nicolas vieram a pedido do Elias, no dia
seguinte dando início a papelada legal para intervenção financeira
do nosso pai.
Passei dois dias sem tirar os olhos das telas, enquanto ajudava a
equipe de investigação, durante esses dias Lidith me fez parar para
comer e tomar banho. Já no terceiro ela me fez parar para dormir,
na verdade ela precisou me ameaçar dizendo que faria Reunh e
Kuhlar me carregar para o quarto.
No quarto dia, tínhamos um plano sólido e meus irmãos estavam
prontos para saírem no dia seguinte. Elias disse ao nosso pai que
estava viajando para a montanha dos orcs, por isso ele pode ficar
conosco até a finalização do plano. André por outro lado não
precisava avisar ninguém, mas contaria que chegou na cidade e que
quando falou com Elias, soube que ele também estava voltando da
montanha.
Um plano que obviamente parece uma mentira, mas que vai
funcionar para que eles ganhem tempo, a intimação judicial vai
chegar amanhã à tarde e vai ser preciso que eles estejam em casa
para suprimir um pouco da fúria do nosso pai. Nunca ousamos fazer
algo dessa magnitude com ele e sei que é possível que ele parta
para cima deles, Elias não revidaria e aceitaria o golpe, mas André
pode ser capaz de contê-lo.
Eu vou aparecer no dia seguinte a isso, não porque quero evitar
a fúria dele, mas para evitar que ele desconfie da presença dos três
filhos juntos logo depois que Elias saiu para uma suposta viagem
para a montanha.
Nesse meio tempo que estivemos fora, nosso pai fez exatamente
o que queríamos que ele fizesse. Um outro motivo para levarmos
alguns dias para ter um plano foi que Laura deu a ideia de fazer
nosso pai mostrar que realmente não está apto para guiar suas
finanças, que ele precisa de supervisão. Ela disse que assim que
ele ficasse sozinho sem nenhum dos filhos por perto, seria onde ele
finalmente iria esbanjar desde que Elias começou a morar com ele e
a Shiara.
É óbvio que nosso pai andava fazendo algumas jogadas
menores, mas nada significativo e quando ele ficou sozinho depois
da mensagem do Elias, a primeira coisa que ele fez foi pegar um
voo para Las Vegas. A cidade que mesmo com a guerra conseguiu
continuar em pé e mantendo sua maior fonte de lucro com apostas e
casamentos. Por algum motivo muitas pessoas fugiram para casar
durante a guerra, até mesmo em outros países do mundo a situação
inusitada obrigou muitos governos a diminuir a burocracia para
realizar casamentos.
De qualquer forma, assim que nosso pai chegou em Vegas, ele
torrou muito dinheiro. Na verdade, ele usou dinheiro de outra conta
que ele mantinha escondida, uma que nem nós descobrimos antes,
mas quando ele começou a movimentar a equipe da polícia
conseguiu rastreá-la e graças a essa investigação da polícia vamos
ter provas que finalmente poderemos usar.
-Fêmea não fuja… - Escuto alguém falar enquanto caminho pelo
jardim a procura da minha esposa, olhei em volta procurando a
origem da voz e vejo Reunh marchando atrás da Laura - Eu sinto
seu cheiro… Eu vejo como me olha… estamos destinados fêmea…
-Vá a merda orc! Estou trabalhando, seja lá o que você acha que
sentiu, viu ou imaginou não está rolando! - Laura gritou depois de
parar e dar meia volta para apontar o dedo no peito do orc que tem
quase o dobro do tamanho dela, mas que se encolheu com as
palavras duras da mulher.
-Larissa me disse para ter paciência com você, mas isso já é um
absurdo! - Reunh esbravejou e depois se aproximou e jogou a
mulher por cima do ombro - Orcs não são pacientes. Orcs tomam o
que querem e você fêmea também me quer, se mentir para mim vou
surrar seu traseiro enquanto você chora pelo meu pau!
-Por que você tem que ser tão! Tão! Explícito! - Laura grita e eu
estou prestes a intervir quando vejo que ela não está lutando para
se livrar dele, na verdade ela gemeu alto e muito satisfeita quando
ele deu um tapa na sua bunda como advertência. Foi aí que eu
decidi me afastar, ciente de que as coisas não estavam indo para o
lado errado e provavelmente eles vão se resolver rapidamente.
Eles se afastaram com uma Laura gemendo e gritando,
enquanto Reunh resmungava e rosnava algo que eu não entendi.
-Isso explica a mensagem que recebi da Larissa… - Lidith fala ao
se aproximar, quase me matando de susto eu poderia fingir que não
pulei e quase gritei, mas pela expressão dela vou receber um
comentário sobre isso depois - Ela pediu que eu convidasse a
equipe da Laura a dormir na casa ao invés de ficarem nos trailers e
disse que eu poderia dar um quarto com vista para o jardim para a
Laura…
-E o que isso tem a ver com eles estarem juntos? - Perguntei
confuso.
-Laura assistiu Reunh treinando nas últimas noites com Kuhlar e
Igonh - Lidith respondeu cruzando os braços - E uma fêmea pode
até fingir que não gosta de ver machos lutando, mas toda fêmea de
qualquer espécie vai sentir seu corpo se excitar… Além disso eles
acabaram conversando sobre a segurança da casa e depois disso
Reunh agiu. O macho não a deixou longe da vista dele nem por um
segundo!
-Você está assistindo eles treinarem? - Resmunguei irritado,
Lidith sempre assistiu aos treinos quando eu participava, mas nos
últimos dias não tive tempo para fazer.
-Eu até queria, mas não tenho tempo para assistir, estou
ajudando Shiara a manter as coisas organizadas na casa, além de
ter saído para algumas reuniões… - Ela responde com um suspiro
entediado, mas o brilho de diversão por perceber meu ciúme está lá
também. Minha esposa inteligente… - Estive tão atarefada que
morreria para tirar algum tempo apenas para assistir alguns machos
lutando e derrubando uns aos outros… suando e exalando
virilidade…
-Kuhlar! - Eu grito dando meia volta.
-Por que você está procurando por ele? - Lidith perguntou me
seguindo de perto e quando olho para ela minha esposa está com
um sorriso presunçoso no rosto. Mulher atrevida!
-Acho que preciso treinar um pouco antes de ir dormir hoje… -
Resmungo enquanto marcho pela casa procurando por um dos orcs
que não esteja ocupado.
Lidith gargalhou muito alto enquanto continuava me seguindo e
quando eu finalmente encontrei alguém para treinar comigo seu
sorriso enquanto assistia prometia tantas coisas que eu acabei
treinando mais do que deveria e depois dormi na piscina de cura.
Quando acordei estava na minha cama e o sol estava alto no céu,
não lembro de ter voltado para cama o que sugere que alguém me
trouxe até aqui.
Antes eu teria ficado insultado, mas hoje eu me sinto feliz de ter
com quem contar para momentos assim. Sei que mesmo se não
fosse um dos orcs, um dos meus irmãos ou até um dos policiais
com quem fiz uma relativa amizade teriam ajudado. Willian e
Samuel gostaram do meu tom ácido para conversar, por isso se
tornou fácil interagir com eles e trocamos ideias de como executar
algumas programações entre outras coisas.
Uma hora depois disso, Elias saiu com Shiara e André a
caminho da casa do nosso pai. Lidith estava tão preocupada com
eles que preferiu ficar em casa e organizar suas coisas
remotamente, o que me deixou aliviado também. Sinceramente eu
sempre me preocupo com ela quando não está comigo e hoje eu
ficaria enlouquecido se tivesse que me preocupar com meus irmãos
e com ela também.
Estamos monitorando a casa e até agora não houve alteração
nas imagens, nosso pai entrou no quarto e não saiu de lá desde que
voltou e só saiu para comer alguma coisa.
-Jonas! - Lidith grita ao entrar na sala principal onde montamos
os equipamentos da polícia - Jonas! Acabei de receber uma
mensagem da Shiara, ela disse que seu pai está com Anamme na
casa. Vocês não viram ela chegar lá?
-O que quer dizer? Nas câmeras não mostra nada disso… -
Respondo enquanto corro para a mesa com o software das câmeras
e começo a procurar pelo meu pai e pela Anamme - Tem alguma
coisa errada…
-Willian vem aqui ajudar! - Laura grita atrás de mim enquanto eu
tento entender porque isso não está aparecendo nas câmeras.
-Samuel procura por alguma invasão no nosso sistema, vasculha
tudo o que a gente mexeu que pode ter sido burlado! - Laura
continua latindo ordens enquanto eu continuo procurando e
pensando.
-Laura, se tem alguma coisa errada você deveria mandar uma
equipe até lá - Lidith fala ao meu lado, minha esposa parece ansiosa
e eu consigo entender a reação dela, estou sentindo meus dedos
formigarem e suor escorrer pela minha testa. Algo me diz que algo
não está certo, mas o que será?
-Quero uma equipe de seis em rota imediatamente, quando
chegarem no local avaliem e esperem por novas ordens! - Laura fala
em um rádio enquanto sua equipe se movimenta, outros membros
da equipe na parte de software também se movimentam e eu
finalmente encontro o problema nas gravações.
-Merda! - Falo irritado quando entendo que as imagens são de
fato gravações e não imagens em tempo real! A quanto tempo isso
está rodando com uma gravação e quem fez essa alteração?
Capítulo 27
Jonas

-Laura! As imagens foram trocadas, são uma gravação! - Eu aviso


assim que me recupero do susto, essa situação pode afetar todo o
planejamento e principalmente colocá-los em perigo.
Meu pai nunca faria algo assim, ele pode ser golpista, mas ele
também é barulhento se ele estivesse desconfiando de nós teria
dado um jeito de sondar cada um de nós separadamente e só
depois faria uma grande revelação barulhenta sobre ter descoberto
tudo. Além disso, ele não se liga em tecnologia e para alguém ter
feito isso bem debaixo dos nossos narizes não deve ser alguém que
trabalhe para ele.
-Por isso pedi para o restante da equipe vasculhar alguma
brecha… - Laura responde assistindo por cima do meu ombro as
gravações - Você sabe dizer de quantos dias atrás isso é? Podemos
afunilar a busca se soubermos o que foi acessado no dia que as
imagens foram gravadas. Quem gravou esperou a hora certa para
usar e ainda foi minucioso para não usar nada tão recente ou
teríamos percebido…
-A equipe de campo está na rádio… - Alguém fala ao se
aproximar dela com o rádio - Eles fizeram leituras de assinaturas de
calor, parece ter uma multidão de pessoas na casa…
-Droga! - Laura resmungou irritada enquanto pega o rádio -
Fernanda! Vem, preciso que ajude o Jonas e o Willian a recuperar o
acesso às câmeras sem chamar atenção de quem entrou no nosso
sistema!
-Sim senhora! - A moça responde enquanto corre para o nosso
lado com um notebook na mão.
-Atenção! Quero um time da central na comunidade, cerque
todas as entradas de forma sutil. Usem veículos à paisana e
mantenham os blindados próximos, mas sem chamar a atenção -
Laura fala enquanto começa a se mover pela sala entre as mesas e
o pessoal trabalhando - Quero ser avisada se houver alguma
movimentação suspeita. Também quero o Oliver na frente e ele vai
ser o responsável pela operação!
Laura solta o rádio novamente enquanto caminha pela sala
avaliando a situação e o que conseguimos. Eu mantenho meu foco
em procurar o dia da gravação e finalmente descobri do dia que o
André chegou, ou seja, a invasão é recente…
-Laura! - Chamo rapidamente para não perder a minha linha de
pensamento - Essa gravação é de cinco dias atrás, quando
conversamos com você pela primeira vez. É possível que você
esteja grampeada?
-Tahila! - Laura grita depois de pensar por um momento - Quero
você vasculhando meu aparelho, veja que ele foi comprometido.
Meus e-mails e tudo o que for meu pessoal e do trabalho. Jonas
você falou com mais alguém além de mim naquele dia, sobre esse
assunto?
-André falou com a Luna… - Respondi pensativo e rapidamente
meus olhos se arregalaram com a percepção. Ela ainda usava o
mesmo telefone da época que Branca foi a julgamento por causa
dela - Ela usava o mesmo número de quando ela ajudou você a
investigar a Branca!
-Felipe! - Ela grita olhando em volta até achar o rapaz - Vai em
cima disso, se precisar rastreia a localização da Luna! Quero saber
tudo sobre ela até o que ela comprou, desde que você descubra se
ela estava grampeada. Pegue duas pessoas para fazer isso com
você! O resto de vocês que não estão com tarefas definidas eu
quero todos se movendo! Vamos sair em dez minutos!
Laura começa a latir mais ordens, incluindo no rádio para falar
com mais equipes de campo para fazê-los se dividir entre ir para a
comunidade e irem para a casa do nosso pai.
-Eu vou com vocês! - Declaro enquanto me levanto da minha
cadeira.
-Eu também! - Lidith fala ao se aproximar de mim, fiquei tão
envolvido desde que ela avisou da mensagem que acabei
esquecendo que ela ainda estava aqui.
-Não, você vai ficar aqui em segurança… - Digo rapidamente
tentando evitar que ela faça algo perigoso, já basta o resto da minha
família estar nessa situação. Eu vou perder a cabeça se ela estiver
lá também.
-Jonas você tentar discutir agora, mas eu estou indo com ou sem
você. Na verdade, enquanto vocês trabalhavam, eu também fiz
algum trabalho - Ela declara fazendo sua postura de mulher de
negócios, a mesma que Lidith usa quando tem um argumento
infalível que vai fazer todos se moverem no ritmo que ela mandar -
Vocês já atravessaram veículos por portais?
-Sinceramente eu nunca atravessei um portal e nunca ouvi sobre
atravessar eles com carros inteiros… - Laura respondeu pensativa.
-Bom, a resposta é sim, nós trouxemos nossos veículos
personalizados por eles, vamos fazer o caminho pelos portais até a
casa do Roger e se você precisar posso abrir outro para a tal
comunidade - Lidith fala rapidamente, minha esposa está no modo
negócios e me deixando perdido entre ficar ligado e continuar
preocupado com a situação atual. O quão ferrado eu estou para
estar com esse dilema, quando tudo o que ela fez foi falar?
Lidith está usando um conjunto de calça social azul marinho e
uma camisa de botões azul claro e ela tem joias com tons de azul
em suas orelhas, pescoço, pulsos e dedos de um conjunto que ela
comprou recentemente. Todas as peças do conjunto são
extremamente delicadas e minimalistas, fazendo ela parecer uma
mulher de negócios muito importante. Algo que ela realmente é,
mas como sua postura e autoridade ela poderia estar nua e ainda
teria esse efeito. Droga eu preciso fazer ela me dar um discurso
desses depois completamente nua… ou talvez apenas com as joias
e os sapatos de salto branco e aquela lingerie também branca…
-Então vamos fazer isso? - Lidith termina de falar e eu percebo
que perdi boa parte do seu discurso e agora estão todos acenando
para ela, o que só me faz acenar também. Mesmo sem ter a menor
ideia do que ela falou.
Sem dúvidas eu estou muito ferrado para a minha esposa e a
coisa mais maluca sobre isso é que eu não me importo nem um
pouco com isso. Até acho que eu gosto…
-Eu vou separar meu pessoal em equipes para passar por esse
portal - Laura fala respondendo ao que Lidith falou, seja lá o que
seja - Quando você voltar com a pedra maior vou ter isso pronto.
Lidith acenou com a cabeça, ela me olhou rapidamente e deu
outro aceno que eu devolvi ainda sem saber para onde ela estava
indo, mas imagino que seja para buscar a tal pedra, Emilie deu uma
a ela para emergências, mas imagino que seja necessária uma
pedra maior para atravessar coisas maiores como um carro. Assim
que ela se afasta, Igonh a segue para acompanhá-la.
-Jonas - Laura fala sem perder o ritmo - Felipe achou alguma
coisa, você lembra se esse é o número que o André ligou para
contatá-la…
Laura pergunta enquanto aponta para a tela do Felipe e eu
aceno com a cabeça, esse definitivamente é o número dela.
-Esse número não era usado a muito tempo, talvez seja por isso
que a Branca conseguiu fugir da primeira vez… - Laura declara de
forma pensativa - Eu deveria ter checado isso naquela época…
-Laura! - Alguém grita correndo na nossa direção com o rádio
mais uma vez na mão - A equipe que está lá disse que estão vendo
uma movimentação para a frente da casa, eles não conseguem ver
ou ouvir o que está acontecendo na casa, mas pelas assinaturas de
calor o grande número de pessoas que estavam no fundo da casa
estão se movendo para a frente. Talvez eles tentem sair logo.
-Merda… - Laura fala mais para si mesma do que para os outros
- Preparem os carros e fala pra equipe que está lá se dividir, três
vão ficar na casa e os outros três vão seguir caso eles saiam de lá
antes que a gente consiga chegar! Cadê as imagens das câmeras
de segurança? Ninguém conseguiu colocar no ar de novo? E a
droga dos microfones? Nenhum deles está funcionando naquele
lugar? Se necessário tentem usar os microfones dos celulares
deles! Tentem qualquer coisa, não me importo que levante suspeitas
agora, temos civis envolvidos na situação e precisamos mantê-los
seguros de alguma forma! Como está a situação na comunidade?
Quero uma atualização do Oliver!
Laura saiu latindo mais ordens enquanto todos corriam de um
lado para o outro e eu tentei me fazer útil apesar de estar me
sentindo até fora de mim agora, é como se eu estivesse assistindo
tudo como um observador e não estivesse fazendo parte de nada
disso. O medo pelos meus irmãos, pelas suas esposas e até pela tal
Luna que eu nem conheço está me deixando ansioso e a prestes a
explodir como a algum tempo eu não fazia. Por isso manter minha
mente e corpo ocupados pode ajudar de alguma forma, exceto que
quando consigo acessar o microfone do celular clonado do meu pai
acabo ouvindo tiros e depois silêncio completo.
-O portal está aberto! - Laura fala com Lidith correndo ao seu
lado - Lá fora quero que atravessem agora!
Laura não precisa pedir novamente, eu corro para o lado da
minha esposa e sou segurada por ela antes de tentar atravessar
também.
-Vamos deixar os oficiais da lei irem primeiro, um grupo de
guerreiros já atravessou enquanto vínhamos chamar o resto do
pessoal - Lidith fala enquanto me segura - Você não tem preparação
para lidar com a situação se as coisas ficarem complicadas e além
disso você está pálido como a neve, seja lá o que você tem não vai
ajudar agora…
-E consegui acessar o microfone do celular do meu pai e- e eu
ouvi tiros… - Respondo sentindo minha boca secar e minhas mãos
formigarem mais uma vez.
-Então eles vão lidar com isso e depois que todos passarem será
a nossa vez! - Lidith fala me puxando pela mão e me virando para
encará-la diretamente para ter certeza de que estou prestando
atenção nela - Eu te prometo isso!
Eu aceno confirmando sem conseguir pensar direito, talvez eu
apenas tenha reagido repetindo o gesto dela, já que ela está
acenando com a cabeça também para me incentivar a concordar
com ela e enquanto esperamos todos passarem eu sei que não
deve ter levado mais do que um minuto ou dois os carros iriam
depois para evitar levantar suspeitas, mas para mim foi como se
uma eternidade houvesse passado até que ela finalmente me guiou
diretamente para a entrada do portão da garagem.
Quando chegamos escutei os gritos do Elias e de outras
pessoas, mas a dele era de longe a mais alta e no instante seguinte
a gritaria parou, as vozes dos policiais das equipes da Laura chegou
como um sussurro e ao mesmo o portão foi tirado do caminho por
orcs que o derrubaram no chão.
-Esse é um belo jeito de receber gente em casa… - Resmungo
enquanto assisto de longe a cena do meu pai e meus irmãos na
rampa que leva para a garagem contidos por homens de preto
encapuzados, com a polícia cercando-os. Sentindo meu peito
prestes a pular para fora ao mesmo tempo que sinto o peso da mão
da Lidith na minha, me apoiando sem dizer nenhuma palavra e
ainda assim fazendo eu me sentir bem por ela não estar naquela
situação. Sim, sou egoísta por me sentir aliviado com isso, mas eu
estaria destruído por dentro e por fora se ela estivesse daquele jeito
ou passando por algo ainda pior.
-Vamos, eles deram o sinal. Podemos descer - Lidith fala e eu
aceno apertando ainda mais sua mão antes de finalmente começar
a andar até a minha familia, me sentindo mais como eu mesmo.
Capítulo 28
Lidith

Quando começamos a atravessar o jardim da frente encontro


Anamme parada perto da porta, ela está com a barriga evidente na
metade da gestação pelo tempo que André disse que ela está
gerando, mas como são dois bebês ela parece estar prestes a
entrar na fase final da gravides. Ela está usando calça de couro com
botas pesadas e um top, suas mãos estão cobertas de sangue e ela
tem seu manto todo sujo e aberto frouxamente sobre um dos
ombros.
Ela parece assustadora e ainda adorável, quando me aproximo
eu me apresento e depois que ela parece alheia ao que eu falo
depois disso. Imagino que ela esteja preocupada com o seu
companheiro, já que seus olhos seguem o Jonas que se esgueirou
pelos policiais humanos para descer a rampa da garagem.
-Anamme - Falo ao tocar seu braço para chamar a atenção dela
completamente - Você pode descer para vê-lo.
-Os guerreiros humanos pediram que eu esperasse, vou fazer
isso. - Ela responde sem me olhar.
-Nesse caso, porque não tira seu manto? - Ofereço sem tocá-la
novamente - Ele está coberto com sangue assim como as suas
mãos, isso pode preocupar o André quando ele aparecer…
Falar do André parece chamar a atenção dela para o que eu
falei, mas ela não responde. Anamme tira o manto e com uma faca
que ela retirou da bota, assisto ela corta uma tira da parte limpa
fazendo um cinto improvisado para colocar a faca que ela tem na
mão e uma outra que ela tira da outra bota parecendo muito menor.
Depois ela limpa as mãos na parte felpuda do manto e lança o que
sobrou do manto em um arbusto atrás de nós.
Quando ela termina escutei a voz do Elias gritando ficando cada
vez mais alta, o macho é seguido pelo Jonas e o André. Ao que
parece Shiara desapareceu depois que foi levada desacordada, os
ânimos voltam a ficar tensos enquanto Elias corre para os fundos
procurando pela Shiara junto com outros humanos, mas ninguém
consegue localizá-la. Eu poderia pedir a ajuda dos orcs, mas o
olfato ou audição não ajudaria muito agora com tantas vozes e
cheiros misturados. Mesmo um rastreador teria problemas para
pegar qualquer rastro, depois de tantas pegadas que invalidaram o
rastro durante a invasão para impedir a fuga do Luiz e dos seus
homens.
Elias voltou sem encontrar a Shiara e Laura pergunta se eles
nunca ouviram falar do buraco, já que eles moravam na casa. Seria
estranho não ver algo assim morando no lugar, foi aí que Jonas
chamou pelo pai e correu até ele. O macho estava sendo guiado por
um dos policiais até um dos veículos que saíram pelo portal, Roger
finge não ouvir meu companheiro chamando-o, mas quando Jonas o
alcança o macho não deixa que ele fale atacando com palavras.
-Vocês esconderam de mim que estavam me roubando! - Roger
grita com ódio na cara do filho e depois aponta o dedo para os
outros que chegaram e ficaram um de cada lado do Jonas - Olha a
merda que aconteceu por terem feito isso? Vocês estavam
ajudando-o não estavam?
-Não, nós não o ajudamos. Estávamos tentando ajudar você pai!
- Jonas fala com um tom calmo - Nós não queríamos que você
descobrisse desse jeito que foi enganado.
-Eu perdi meu dinheiro porque vocês não foram honestos
comigo. A culpa é de vocês por terem agido pelas minhas costas… -
Roger sussurra, provavelmente sem saber que os orcs próximos a
ele podem ouvir claramente o que ele fala - Vocês querem saber
onde é o buraco? Então se virem. Do mesmo jeito que vocês
viraram as costas para mim.
Ouvir o macho falar assim me faz entender a aversão do Elias ao
macho, depois da conversa difícil que eles tiveram com André
sempre que o nome do pai deles era citado Elias parecia ficar tenso
e irritado. Não perguntei ao Jonas, porque isso seria uma distração,
mas confesso que fiquei um tanto quanto curiosa sobre o motivo e
agora eu consigo entender melhor. O macho não apenas perdeu o
dinheiro e fez os filhos lidarem com seus erros como também
colocou a culpa neles e agora se nega a ajudar a salvar a vida de
alguém por puro egoísmo.
-Posso recuperar o seu dinheiro, você sabe disso - Jonas fala
totalmente no controle das suas emoções, mas eu o conheço
melhor hoje em dia sei que ele está tenso. A veia em seu pescoço
está pulsando fortemente, como no dia que ele provocou o Elias e
recebeu um soco - Cada centavo volta para a sua conta, mas para
isso preciso que fale exatamente o que sabe sobre o buraco. Como
encontrá-lo, como abri-lo se tem algum segredo envolvendo isso.
Roger parece ter sido convencido com esse argumento do filho,
já que ele pensou por um instante antes de responder finalmente
com a localização do buraco e como acessá-lo. Aparentemente
trata-se de uma passagem secreta, que poderia ser utilizada
durante a guerra para que os humanos que estivessem nessa casa
pudessem usá-lo para chegar a um local seguro. Elias corre assim
que escuta as coordenadas que o macho dá e eu espero que Jonas
faça o mesmo, mas ele se aproxima do pai com a postura muito
rígida e sua expressão em um branco total. Como se ele tivesse
alcançado um novo nível de raiva nesse momento.
-Depois que recuperarmos seu dinheiro, você não vai usar
nenhum centavo dele. Tudo volta para a sua conta, mas tudo será
bloqueado. A ação judicial já está em movimento e você não pode
fazer nada para pará-la - Jonas declara friamente falando quase
com um tom de sussurro sem qualquer emoção na voz - Cada
maldito centavo dessa conta e todas as outras que sabemos que
você tem. Sim, sabemos de tudo o que você tem até do que você
escondeu de nós.
Sem esperar por uma resposta Jonas faz sua saída deixando
seu pai parecendo enfurecido e ao mesmo tempo confuso, ele deve
estar processando o que acabou de ser revelado a ele e pela
expressão que ele lança para os filhos que se afastaram dele o
macho não vai aceitar facilmente essa situação porque esse é o
mesmo olhar que eu recebi da minha mãe diversas vezes, quando
achei que estava tudo bem e não estava.
Ver esse macho agir com tanto egoísmo tentando parecer
inocente e soar com coerência, só me faz lembrar de todas as vezes
que minha agiu assim e eu não percebi, principalmente porque ela
nunca precisou ir além da acusação comigo. Eu recuava e me
sentia culpada até aceitar o que ela falava… Como eu perdi isso?
Meu peito aperta e minha mão quase voa para a curva da minha
barriga que ainda não está crescendo, mas em breve será tão
grande quanto a da Anamme, só que ao contrário da Anamme meu
companheiro ainda não sabe que estou gerando e não sabe da
notícia que eu recebi nos três dias que fiquei fora.
As palavras do meu pai voltaram para mim, claras como no dia
que ele me contou que minha mãe o havia deixado. Sua expressão
quando contou que na verdade o acasalamento deles nunca foi real
e o quanto ele tentou me proteger da verdade… Seu rosto sem a
barba como um sinal da desonra de ter falhado com sua família com
sua companheira e filha. Se eu estivesse lá nunca teria permitido
que minha mãe tirasse a barba dele! Se alguém agiu com desonra
foi ela e eu sei disso agora. Assim como o macho diante de mim que
olha para os filhos com ódio está agindo.
-Lidith, preciso da sua ajuda - Laura fala perto de mim e eu vejo
que todos se foram, exceto por ela e pelo Roger que ainda está
olhando para os filhos, mas começou a falar para o policial humano
que está sentindo sua pressão cair. Mentiroso.
-O que você quer de mim? - Pergunto voltando minha atenção
totalmente para ela agora.
-Preciso que faça os orcs levantarem o portão e que um portal
menor seja aberto aqui dentro, meus superiores foram informados
da situação atual e que existem orcs que foram colocados em
perigo, o que quer dizer que a montanha orc vai auxiliar a partir de
agora em toda a operação diretamente e não apenas com alguns
guerreiros emprestados - Laura explica enquanto caminha me
forçando a segui-la - A impressa está caminho e a coisa toda pode
sair do controle rapidamente. Preciso da sua ajuda para coordenar
os orcs que chegarem da montanha e que você os utilize.
-Por que a imprensa humana estaria a caminho? - Pergunto com
curiosidade.
-Porque eles descobriram sobre invasão na comunidade e que o
atentado que aconteceu aqui hoje está relacionado - Laura fala sem
perder o fôlego - É comum informações assim vazarem, essa parte
faz parte do trabalho. O importante é mantê-los do lado de fora e
depois eu vou mandar alguém falar oficialmente com eles. Eu
preciso conferir como estão as buscas pela Shiara e depois que
tudo estiver organizado por aqui vou precisar que você abra outro
portal para as proximidades da comunidade onde minha equipe está
aguardando para começar a invasão.
-Certo vou te ajudar - Respondo e começo a trabalhar, feliz de
poder estar com mente e corpo ocupados agora.
Capítulo 29
Jonas

Depois de falar com o meu pai me afasto por um momento antes de


procurar a Lidith, eu me sinto prestes a explodir. Roger sempre foi
egoísta e ver isso hoje, principalmente com a vida de alguém em
risco tirou o melhor de mim e eu precisei me afastar ou acabaria
surtando. Respiro fundo e tomo algumas decisões, sendo a primeira
delas a de minar o meu pai com duas alternativas sobre o dinheiro.
André estava certo ao dizer que o nosso pai nunca aceitaria
perder o controle sobre o dinheiro que ele acredita ser dele por
direito. Por isso, levo alguns minutos para aceitar que preciso jogar
o jogo do meu pai se quiser ter paz no futuro para mim os meus
irmãos.
Nos últimos dias, tínhamos chegado à conclusão que iríamos
seguir com a ideia inicial que o Elias havia criado com os
advogados, no qual o dinheiro seria gerenciado por uma empresa e
ele receberia uma determinada quantia por mês para cobrir seus
gastos mensais. Já o André havia sugerido que ele fosse mandado
para um clã como noivo, nesse lugar as mulheres orcs que tem um
estilo de vida bem extremo e ele seria dado como noivo a uma
dessas mulheres. Contudo fazer isso seria como fazê-lo pagar na
mesma moeda do que ele já fez e por mais que seja tentador,
vingança também não é o caminho.
Para jogar o jogo do Roger vamos precisar fazê-lo acreditar que
tem alternativas e principalmente deixar claro que se ele tentar algo
para burlar as opções terá que lidar com consequências ainda
piores. Foi aí que a realização do que fazer brilha na minha mente e
eu sorrio, me sentindo aliviado porque se ele escolher o que eu
imagino que ele vai, pelo menos não vou me sentir culpado, assim
como meus irmãos também não.
Comecei a caminhar para a entrada da casa novamente, eu
caminhei até chegar ao muro lateral e ficar parado olhando para ele.
No caminho vejo meu pai respondendo às perguntas dos policiais e
rapidamente ele perde a paciência quando me vê saindo do meio
dos arbustos. Ele começa a gritar que vai chamar seu advogado e
que quer que todos saiam da propriedade ou ele irá processar todo
mundo que ousou entrar em um local privado.
-Como eles descobriram que estávamos atrás deles? - Escuto
Shiara perguntar quando estou perto o suficiente dela e dos outros,
do outro lado da casa perto de onde um portal menor foi aberto e
agora orcs estavam indo e vindo por ele. Por um momento me senti
culpado por não ter ido atrás delas com meu irmão, mas eu não
seria uma boa companhia a alguns minutos atrás.
-A Luna estava grampeada… - Respondo rapidamente, antes de
perguntar - Vocês estão bem?
-Estamos e o pai? - Elias pergunta ao olhar ao redor
provavelmente procurando pelo Roger.
-Ele está dando o depoimento dele e eu também contei da
procuração. Ele está gritando que quer um advogado e querendo
que todos saiam da propriedade dele antes que ele entre com um
processo contra todos nós… - Respondo porque sei que nem todos
aqui ouviram quando contei ao Roger sobre a procuração e faço um
esforço para continuar puxando uma respiração pesada enquanto
me aproximo da minha esposa para me cercar do seu calor, cheiro e
sentir o toque da sua pele perto de mim - Ele disse que se soubesse
que nós três estávamos agindo contra as costas dele teria ajudado
Rita a dar um golpe em nós três…
Essa parte ele gritou quando dei as costas pra ele, para chegar
aos meus irmãos e quando eu o ouvi acabei estremecendo
involuntariamente, porque eu sei que ele seria capaz disso, o que só
cimentou o que decidi sobre as opções dele.
-Isso é a cara dele de falar… - Elias fala chateado parando de
procurar pelo Roger e voltando sua atenção para sua esposa, que
está segurando sua mão e afagando seu ombro que pareceu mais
caído agora.
-Pelo menos ele disse onde era a passagem do túnel, ou então
ainda estaríamos procurando pela Shiara… - Lidith fala e eu sei que
ela está tentando amenizar as coisas - Com toda essa gente e
cheiros misturados, seria difícil rastrear esse lugar sem ajuda.
-Ele só falou depois que garantimos que sabíamos como
recuperar o dinheiro dele - Elias responde duramente, expondo o
que aconteceu - Não foi pela bondade do seu coração…
-Mas que festa e tanto vocês fizeram aqui… - Emilie fala me
surpreendendo ao atravessar o portal com seu marido, o orc Kaell
seguindo-a como sempre, pairando sobre ela.
-Olá Emilie. Kaell… - Lidith fala amigavelmente e o resto de nós
acenamos com a cabeça. Na verdade, André e Anamme estão
muito envolvidos na conversa com um orc que só posso imaginar
que seja um dos seus curandeiros.
-Vocês estão bem? - Emilie perguntou de forma abrangente,
olhando ao redor avaliando com cuidado como devemos parecer
nesse momento.
Cansados e derrotados, apesar de termos impedido que o pior
acontecesse. É a resposta que passa pela minha cabeça, mas eu
permaneço em silêncio enquanto Elias elabora uma resposta mais
curta.
-Agora estamos… - Elias tem um sorriso educado que parece
congelado no seu rosto e eu aceno para incentivá-lo.
-Se vocês tivessem dito que precisavam de ajuda nós
teríamos… - Emilie começa a falar com um olhar de pena e eu não
consigo evitar responder agora, por isso levanto a mão antes de
cortá-la completamente para responder.
-Eu sei o que você faria Emilie, mas nesse caso precisávamos
resolver sozinhos - Começo a falar e faço uma careta contrariado
porque estou prestes a fazer um comentário com humor, algo que
dificilmente aconteceria antes - Pelo menos o mais sozinhos
possível, porque essa coisa de atirar e socar não faz parte do nosso
repertório! Meu negócio é computador para qualquer coisa além
disso eu sou um grande imprestável…
-Meu primo acabou de fazer um comentário zombeteiro
direcionado a ele mesmo e não a outra pessoa? - Emilie questiona
me olhando de forma engraçada, faz até valer a vergonha de ter
feito o comentário tão fora do meu normal - Se eu soubesse que
tudo o que ele precisava era de um casamento teria feito a inscrição
dele pessoalmente…
-Não um casamento qualquer, só a orc certa… - Falo sorrindo
para Lidith que parece louca para falar alguma gracinha, mas ela
apenas rola os olhos fazendo a cena ser mais divertida do que se
ela tivesse feito um comentário humorado.
-Meu Deus como ele é meloso eca! - Emilie fala rapidamente
com humor na voz, mas fazendo cara de enjoada para provocar.
-Foi ela! - Roger grita com sua voz ecoando enquanto se
aproxima de nós - Ela convenceu meus filhos a tirarem tudo de mim!
Você foi a serpente do mau que se colocou entre mim e meu filhos!
-Entende por que tínhamos que fazer isso sozinhos? - Elias
comenta para Emilie que acena suavemente.
Kaell começa a rosnar para o nosso pai que faz o Roger parar no
lugar por um instante antes de continuar se aproximando.
-Está cheio de policiais aqui e você ainda vai deixar esse
monstro me ameaçar? - Nosso pai fala com a voz quase falhando,
provavelmente de tanto gritar ele já deve estar quase sem voz, mas
enquanto ele ainda a tem Roger prefere continuar sendo
inconveniente.
-Pai, a Emilie não tem nada a ver com o que fizemos - Elias tenta
explicar caminhando para ficar de frente para ele - Você é o único
culpado de tudo isso.
-Eu sou a vítima! - Roger grita tentando chamar a atenção,
provavelmente tentando usar isso para convencer alguém a ser uma
testemunha futuramente.
-Porque você se colocou nessa posição - Declaro ao me
aproximar do meu irmão para mostrar que estamos unidos nesse
propósito - Sinceramente, deveríamos ter bloqueado você a muito
tempo, mas você soube nos deixar na corda bamba. Isso acaba
agora, você não vai mais controlar seus bens e não precisa se
preocupar porque não seremos nós que vamos gerenciar a coisa
toda…
-Vocês estão malucos? - Roger gritando com a voz aguda -
Ninguém vai controlar o meu dinheiro além de mim!
-Que dinheiro pai? - André pergunta quase gritando enquanto
também se aproxima, mas com passos curtos e quase curvado. Ele
precisa muito ver um médico agora. - Você torrou quase tudo! Você
sempre faz isso e nenhum de nós vai continuar te bancando assim!
Estamos colocando um basta nisso você querendo ou não!
-Eu vou recorrer a essa decisão na justiça! - Roger grita olhando
entre nós três, provavelmente tentando adivinhar qual de nós ele
pode tentar manipular ou atacar se nada der certo.
-Você pode tentar, mas tem uma coisa curiosa que você vai
querer saber antes… - Abaixo meu tom de voz quando ele faz a
ameaça, até me aproximo mais dele para que ele entenda bem o
que vai acontecer com ele. Primeiro passo para mostrar a ele que
nesse jogo ele só terá as opções que a gente determinar - Eles
sabem dos golpes que você aplicou, se tentar dar as caras em um
tribunal eu mesmo vou investigar toda a sua vida e entregar as
provas… Por isso você pode escolher aceitar uma mesada que
cobre todos os seus gastos e até regalias ou ir preso em alguns
meses… Você decide pai…
-Deve ter outra alternativa… - Roger resmunga e eu posso ver
as engrenagens girando na sua cabeça, quase como se eu pudesse
ler o código que ele está executando para procurar soluções e é
exatamente o que eu quero que ele faça antes de falar quais serão
as opções e os critérios de cada uma.
-Na verdade tem sim… - André fala provavelmente querendo
assustar nosso pai e isso ajuda, eu ainda não falei para ele e para o
Elias da ideia que eu tive, mas sei que eles vão gostar - Mas alguns
detalhes precisam ser acertados ainda…
-O rapaz isso vai ser interessante! - Emilie resmunga baixo atrás
de nós e por mais que eu não me importo que ela assista meu pai
sendo colocado contra a parede, preciso ser frio e meticuloso.
Porque se meu pai achar que está sendo envergonhado por
expor sua fraqueza no momento pode fazer com que ele faça algo
idiota, como se entregar para a polícia, apenas para não parecer
que cedeu.
-André o quão ruim você está? - Pergunto ao meu irmão antes
de fazer qualquer coisa, ele precisa de atendimento, mas ele
também precisa estar lá quando eu falar para o nosso pai as opções
que ele tem.
-Ele vai ser atendido agora mesmo. - Anamme fala por ele e o
puxa de volta para o curandeiro, ele não fala nada e eu vejo a
sombra de um sorriso no rosto dele quando se afasta.
-Não deve durar muito tempo, desde que ele não tenha nenhum
osso quebrado - Lidith fala ao se aproximar de mim dessa vez.
-Lidith você pode pedir a um dos orc para ficar de olho no meu
pai, enquanto André é atendido e quem mais precisar. Por favor -
Falei olhando para o Roger e seus olhos se estreitam para mim -
Sim, você vai ter uma babá, você pode usar seu celular e ligar para
quem quiser, mas você não vai ter a chance de fugir. Você acha que
estamos sendo cruéis e até que estamos sendo desumanos, mas
isso é o melhor que podemos fazer para você. Mesmo que você não
veja pai…
-Eu vou ficar com ele. - Kaell fala com um rosnando e eu fiquei
tentado a negar a oferta, mas se tem alguém que não vai tirar os
olhos do meu pai ou cair na conversa dele é o Kaell. Por isso eu
aceno agradecendo e me afasto novamente, precisando de um
momento mais uma vez, mas dessa vez com a minha esposa.
Capítulo 30
Jonas

Deixei que André fosse atendido, assim como Jonas e Shiara foram
atendidos por outro orc. Os policiais estavam ao redor recolhendo
provas e tirando fotos. Assim como as equipes de televisão
continuam criando um alvoroço do lado de fora, fiquei fora do
caminho assistindo tudo desenrolar como se assistisse há
programação de um programa policial sobrenatural, com portais
abertos, orcs andando de lado para o outro, pessoas sendo presas.
Resumindo um dos episódios bons de qualquer série e que nesse
caso era tudo muito real.
-Por que você está se escondendo aqui? - Lidith pergunta ao se
aproximar sorrateiramente de mim, ou talvez ela tenha feito barulho
e eu não ouvi por estar muito distraído.
-Tentando não atrapalhar enquanto espero meus irmãos -
Respondo ao me virar para ela. Cacete, eu tenho uma esposa linda!
-O que acha de conhecer meu quarto? Essa é a casa que passei a
maior parte da minha vida, mesmo quando meu pai quase a perdeu
em uma aposta mal feita…
-Eu adoraria conhecer seu quarto - Lidith fala rapidamente, me
impedindo de continuar divagando.
-Você não precisa ajudá-los a se organizar? - Pergunto antes de
guiá-la pela casa - Você estava fazendo um bom trabalho antes e
parece que você continua sendo útil agora…
-Eles podem se virar sem mim, estou mais interessada em ficar
em um quarto sozinha com meu companheiro… - Lidith respondeu
baixo fazendo vibrações de ansiedade dançarem na minha barriga
enquanto minha mente viaja com imagens do que podemos fazer
sozinhos.
No meu quarto e antes que eu perceba estou correndo pela
escada puxando Lidith pela mão, ela está logo atrás de mim
acompanhando meu passo dando risadas fofas e tão malditamente
sexy que quando chego na porta do quarto estou mais do que
pronto para ter alguma atividade na cama e em todo maldito lugar.
-Quanto tempo demora para um curandeiro orc examinar
alguém? - Pergunto antes de ceder ao desejo de puxá-la contra meu
peito e beijar sua boca deliciosa e macia… tão macia quanto sua
pele e suas curvas…
Minhas mãos estão varrendo sua silhueta, percorrendo seu
corpo esperando sua resposta ansiosamente, Lidith arfa antes de
responder deixando minha mente a um fio de atacá-la e esquecer o
que está acontecendo porta a fora desse quarto.
-O suficiente para você fazer o que tem em mente… - Ela
responde com um sorriso e eu finalmente a beijo sem deixar que ela
termine o que estava falando.
-O que eu tenho em mente envolve nós dois em um lugar muito
longe de tudo, por dias a fio com nada além de uma geladeira cheia
e uma cama resistente… - Resmungo contra sua pele ao arrastar
beijos molhados pela sua pele até alcançar o topo dos seus seios,
deixando minha mão vagar pelo broto sensível do seu mamilo por
cima do tecido das suas roupas, por um momento senti saudade de
quando ela usava apenas um top que era facilmente removido do
seu corpo bonito.
Lidith resmunga um gemido abafado, fazendo seus dedos
mágicos trabalharem dentro da minha calça deixando minha
atenção vagar me deixando sem reação.
-Nesse caso eu vou fazer o que eu tenho em mente… - Lidith
fala com um sorriso provocante e delicioso em seus lábios macios,
tento segurá-la com a minha mão indo para sua nuca, mas ela me
impede - Sente-se…
Seus dedinhos sorrateiros me guiam para sentar na cama atrás
de mim, ela não ordenou exatamente e eu ainda estou obedecendo.
Seu sorriso aumenta e eu me sinto louco para obedecer a ela
completamente me perguntando como seria se ela realmente
ordenasse. Droga eu deveria ter trazido aquele chicote e as
algemas…
-O que você tem em mente doçura? - Pergunto tentando soar
coerente, quando na minha mente tudo o que consigo assimilar são
seus dedos percorrendo meu peito enquanto ela se ajoelha na
minha frente lambendo os lábios em sinal de antecipação, inferno eu
sei o que ela quer fazer, mas eu ainda quero ouvir ela falar.
-Nesse momento quero prová-lo… - Ela responde com sua mão
na minha braguilha desabotoando o botão e baixando o zíper com
uma lentidão me faz sentir arrepios de antecipação varrerem meu
corpo com o simples roçar dos seus dedos no pouco que eu sinto do
seu contato com a minha pele - Você cheira tão bem que estou
desejando tomar sua semente na minha boca para provar você
completamente…
-Cacete, como eu posso pensar direito quando você fala assim?
- Pergunto com a voz grave e tão baixa que eu mesmo quase não
escuto.
-Você pode não o macho mais bonito, mas com certeza tem o
pau mais bonito… - Ela fala brincando e antes que eu pudesse
responder sua provocação sua língua atrevida percorre a fenda na
cabeça do meu membro que faz eu contrair todo o corpo para me
conter de lançar mais rápido do que eu teria imaginado.
Lidith é tão malditamente sexy em cada pequena coisa que faz
que me deixa muito consciente dela e do que ela faz,
consequentemente o esforço para não me derramar como um
adolescente, não importa quantas vezes eu esteja com ela eu
sempre sinto que é como se fosse a primeira vez, mesmo sabendo
que não é. Aliás a cada vez fica ainda melhor, por isso tanta
ansiedade da minha parte.
Quando ela abre sua boca para levar tudo em sua boca eu
engulo com força e tento respirar pela boca, mas é quase
impossível não me sentir impactado pelo calor da sua boca, sua
língua brincando para explorar como se estivesse tentando
entrelaçar meu pau e inferno até mesmo as presas dela raspando
levemente provoca arrepios na minha pele. Todo o aviso que tenho
dela antes de sentir sua boca sugar meu pau enquanto ela retira sua
cabeça, chupando muito. Muito. Muito devagar é o olhar de triunfo
que ela me lança.
Sem quebrar o contato visual ela repete a ação até me deixar
ofegante e com as bolas apertadas para lançar, mas ela parou para
e lambe meu comprimento, minhas bolas e chupando uma de cada
vez antes de voltar para meu pau. A essa altura eu já estou com a
mão na sua nuca segurando um punhado do seu cabelo com mais
força do que eu deveria, para guiá-la.
A única coisa que me segura é o olhar satisfeito dela e o sorriso
travesso que ela tem de satisfação de me ver à mercê dela, até que
ela mergulha meu pau na sua boca mais uma vez e eu cedi ao
desejo, movendo sua cabeça de encontro com a base do meu pau.
Ela geme uma reclamação por eu ter ido tão fundo e eu quase me
senti culpado, mas quase é a palavra. Lidith repetiu o movimento
por vontade própria, me levando muito profundamente antes de sair,
aumentando o ritmo gradativamente, até que minha mão em seu
cabelo estava praticamente solta. Acariciei seu couro cabeludo
enquanto ela se movia me ordenhando e gemendo, ela parece estar
tão alta em seu prazer por me levar que eu fico ainda mais excitado
por ter uma mulher tão ansiosa para me fazer gozar na sua boca.
-Eu. Estou. Muito. Perto! - Tento articular as palavras, mas tudo o
que consigo falar sai cortado, eu perco totalmente a linha quando
ela suga. Minhas bolas se apertarem. Meu corpo tencionou e o jato
explosivo derramou na sua boca.
-Vem cá deixa eu cuidar de você doçura… - Falo ansiosamente,
depois de assistir ela lamber todo o meu sêmen até meu pau estar
limpo. Tão limpo que é difícil não reagir quando ela continua
lambendo, mas eu ainda preciso de um minuto ou dois para me
recuperar, por isso tentei arrastá-la para fazer o mesmo com ela. Na
verdade, estou ansioso para fazer o mesmo por ela. Eu amo provar
seu mel, lambendo toda a sua doçura, eu sou viciado em levar ela
na minha boca. Não apenas pela forma como ela vem rebolando na
minha cara, mas também pelo manjar que ela derrama quando
chega em seu ápice. Uma boceta não deveria ser tão saborosa! Em
todos os sentidos o sentido da palavra.
-Por mais que eu queira isso, acho que nosso tempo acabou -
Ela declara ao se levantar, mas ainda me provocando lambendo os
dedos.
-Eu não me importo - Eu rosno uma resposta ao ficar em pé
rapidamente e puxá-la pela cintura contra meu peito desesperado
por continuar.
-Estou ouvindo seu irmão, o Elias, chamar por você no andar de
baixo - Ela fala com um sorriso divertido pela minha reação.
-Tudo bem, vamos descer. - Respondo entre os dentes frustrado
pela interrupção - Mas vamos terminar isso depois, em um lugar no
meio do nada, com uma cama resistente, uma geladeira cheia e um
banheiro com aquela água curadora.
-Por que a água tem que ser curadora? - Lidith perguntou com
curiosidade.
-Porque eu só vou de deixar longe das minhas mãos, quando
estiver dolorida e mesmo esses momentos quero que sejam
mínimos… - Expliquei sem tirar minhas mãos dos seus quadris
quando ela se vira para sair do quarto - Preciso de pelo menos três
dias com você longe de tudo, vai ser a lua de mel que nunca
tivemos.
-Quem te ouvisse agora, diria que você está apaixonado por mim
Jonas. - Lidith fala e posso ouvir o humor em sua voz.
-Talvez eu esteja esposa… - Respondo me sentindo realmente
feliz, até perceber que ela ficou em silêncio sobre isso e eu estava
pronto para questioná-la, mas a batida na porta me impediu e ela
logo respondeu. Me deixando sem tempo para entender se o que eu
percebi foi coisa da minha cabeça ou não.
Capítulo 31
Jonas

-Pai você entendeu suas opções? - Pergunto depois de explicar ao


Roger quais as opções estamos dando a ele.
A conversa com meus irmãos foi rápida, logo consegui o apoio
deles, afinal o plano não mudou muito desde a ideia original, eu
apenas aperfeiçoei. Lidith, Anamme e Shiara também se
propuseram a ajudar com a parte burocrática do plano, já que seria
necessário criar um novo acordo com o clã Kerminn com relação
aos noivos tributos. Um acordo que não existia, já que esse clã foi o
único deixado de fora quando fecharam acordo com os humanos.
Sugeri para o nosso pai que ele aceitasse ter seus bens
controlados por uma empresa de finanças, ele poderia seguir com a
vida dele recebendo uma mesada ou algo do tipo que cobrisse seus
gastos. Aliás esse sempre foi o plano desde o início, mas
acrescentei que ele ainda poderia manter contato conosco, seus
filhos.
Já a segunda opções envolvia tornar a ideia de mandá-lo para o
clã Kerminn como noivo, mas como uma opção, se ele escolher se
tornar um noivo ele terá que manter o contrato de casamento por
cinco anos e depois disso ele poderá cuidar do dinheiro como bem
entender. Além disso, ele não poderá contar com a nossa ajuda,
nenhum de nós, seus filhos, poderá ser procurado depois disso.
Claro que a ideia não é ser tão cruel com ele, mas ganhar tempo.
Para nós e para ele, já que com alguma esperança é possível que
ele consiga se adaptar ao clã ou criar juízo quanto a administração
dos seus bens.
-Eu fico com a opção dois. - Roger responde duramente olhando
para fora pela janela sem olhar para nós, eu não estou nenhum
pouco chocado com sua escolha. Por isso aceno antes de
responder.
-Pai eu imaginei que você fosse escolher essa opção e respeito
sua decisão - Digo com cuidado, para evitar que ele se rebele sem
motivo agora que aceitou a proposta que fizemos.
-Não estamos buscando vingança, nem que você seja feito de
escravo, essa opção vale para que você realmente tente uma vida
nova - Elias fala duramente como se estivesse convencendo a si
mesmo e ao nosso pai - Nós não estamos dando as costas para
você, mas estamos nos dando uma oportunidade de viver sem a
pressão de sermos uma família tão ferrada… Olha o que aconteceu
aqui hoje pai, as coisas iriam ser muito piores se a tal mulher, a
Branca tivesse colocado as mãos em você.
-Exatamente - André completa dando sua própria observação
sobre o assunto - Você pode acreditar que estamos minando você,
mas estamos te dando duas opções. A primeira pode te dar uma
vida segura também, tão segura quanto a que você tem agora, tudo
pode ser negociado com empresa de finanças e eles vão gerenciar
seus gastos mesmo que supérfluos. O que eles não vão permitir são
gastos exorbitantes com propostas que claramente não são
legítimas.
-Do meu dinheiro cuido eu. - Roger responde a ele com o
mesmo tom duro que respondeu antes, ainda sem olhar para nós -
Mesmo que ele fique parado por cinco anos, ainda vai ser melhor do
que essa merda de ideia. Tirar o controle do que é meu… nunca
ouvi coisa mais idiota saindo da boca de vocês!
-Você pode dizer que é idiota, mas você nunca soube cuidar do
que você acha ser seu. - André rebate com o tom frio e cortante de
amargura que faz nosso pai reagir finalmente olhando para nós.
-Não me arrependo de nada do que eu fiz - Roger fala sem tirar
os olhos do André que acena mais uma vez e pela sua reação
ansiosa ele está se segurando.
-Nesse caso espero que você tenha uma vida boa a partir de
agora Roger, você pode não acreditar, mas eu desejo o melhor para
você - É o que André responde dando outro aceno, olhando
profundamente para o nosso pai antes de sair sem dizer mais nada.
-Você deveria se arrepender de nunca ter sido pai de verdade,
você deveria ter se arrependido de ter usado seu filho, você deveria
ter se arrependido de ter colocado nós três em uma vida de
serventia a você. - Elias fala com raiva depois de ver como Roger
falou com André.
Afinal ele ainda não tinha engolido completamente tudo o que
descobriu nos últimos dias, seria estranho ele não explodir em
algum momento. Por isso, por mais que eu queira impedir que ele
continue, eu deixo que ele extravase tudo o que sente.
-Você teve uma vida difícil e ao invés de ter tentado fazer
diferente acabou sendo ainda pior que o seu pai e todo o resto. -
Elias continua com amargura revelando o que contei a ele sobre a
história do Roger, como ele acabou sendo como é hoje - Você
vendeu a nós três assim como sua família vendeu você para um
casamento sem amor. Você tem vendido a nós três por muito tempo!
Cada um de um jeito diferente e sórdido! Fico feliz que tenha
escolhido se casar e ficar longe de nós! Finalmente vamos ter a
chance de viver sem sermos sufocados por você!
Elias não espera por uma resposta do nosso pai, ele saiu
marchando com raiva do quarto enquanto Roger está com os olhos
muito abertos olhando para a porta. Como se estivesse em choque.
-Sim nós sabemos - Declaro ao entender sua reação - Na
verdade eu sei desde criança, os outros só souberam a alguns dias
quando conte a eles.
-Como você sabe? - Roger perguntou me olhando com um misto
de vergonha e vulnerabilidade.
-Você me contou pouco tempo depois que a mamãe morreu. -
Respondi rapidamente - Você estava caindo de bêbado e me fez
servir mais bebidas, eu fiz porque estava com medo de ser
repreendido e depois fiquei lá parado com medo que você
desmaiasse ou morresse como a mamãe tinha morrido. Enquanto
eu esperava, você falou. Contou como seu pai obrigou você a se
casar com a nossa mãe aos dezessete anos, que era sete anos
mais velha que você, porque a nossa família e a dela tinham um
acordo de casamento. Ela deveria se casar com seu irmão mais
velho, Elias, que morreu em um dos últimos conflitos da guerra, já
que ele era militar…
-Eu contei tudo isso? - Roger pergunta perplexo por não se
lembrar de ter falado tanto para mim quando eu ainda era tão novo,
o que não me admira em nada, ele estava muito bêbado para se
lembrar de qualquer coisa que aconteceu.
-Contou… - Respondo antes de continuar contando tudo o que
ouvi naquele dia - Contou que a nossa mãe não deixou que você
tocasse nela por pelo menos seis anos, desde o casamento. Que
ela nunca conseguiu esquecer o nosso tio e quando finalmente teve
o primeiro filho pediu que o chamasse de Elias em homenagem ao
amado falecido. Você contou que odiou a criança desde aquele dia,
principalmente porque ele parecia com seu irmão e com você caso
não tenha notado…
-E-eu eu… - Roger tenta falar, mas não sai nada coerente por
um bom tempo.
-Contou que nunca conseguiu concluir nenhum curso porque
vivia para impedir que a nossa mãe tentasse se matar, que você a
vigiava o tempo todo e no dia que ela morreu foi o único em doze
anos que você não pode fazer isso. - Continuo falando até ele ouvir
exatamente cada maldita coisa que ele me disse naquele dia - Afinal
André tinha acabado de nascer e precisou ficar internado. Você
contou que deixou ela comigo e com o Elias achando que ela não
tentaria nada se fosse a responsável enquanto você ia ao hospital,
mas quando voltou ela havia dado um jeito de se livrar da
responsabilidade e da própria vida. Você até contou que culpava a
fragilidade do bebê que tinha acabado de nascer pela morte dela…
-Eu não… - Roger tenta mais uma vez e dessa vez eu não o
corto, porque eu finalmente tinha acabado - E-eu não imaginava…
-Não imaginava que você tenha dito toda a sua merda para seu
filho pequeno ou que você não se lembre de nada, porque como
você disse antes eu sei que não se arrepende de nada. - Falo sem
deixar que ele continue tentando encontrar as palavras que eu não
estou interessado em ouvir, já que não será um pedido de
desculpas. Talvez uma tentativa de justificativa, mas não desculpas.
-Eu amava a Ana… - Roger fala desviando os olhos para o chão.
-Fico feliz em saber que você conseguiu amar alguém na vida
pai, mas ela se foi e nós ficamos. - Corto-o mais uma vez sem me
deixar abalar pelas suas palavras - Você poderia ter dado o seu
amor para nós e teríamos retribuído, porque somos seus filhos e
ainda podemos, mas não para quem você é agora. Não sei se você
vai mudar algum dia, mas no dia que isso acontecer pode ter
certeza que nós estaremos prontos para finalmente amar você de
volta. Até lá tenha uma boa vida.
E assim como meus irmãos, não espero por uma resposta dele,
saindo do quarto e chamando pelo Kaell ou qualquer orc que possa
lidar com a tarefa de vigia-lo, até ter certeza de que tudo estará
arranjado para que ele se case com uma noiva orc.
Capítulo 32
Lidith

-Você está bem? - Pergunto ao Jonas, depois que chegamos na


casa da Emilie, depois do dia de hoje a impressão que tenho é que
se passou semanas desde que atravessamos o portal pela manhã.
Laura e sua equipe saíram a pouco tempo com o equipamento
que ainda estava aqui na casa, enquanto os outros orcs voltaram
para a montanha através do portal. Kaell também levou Roger com
ele para evitar que o macho fugisse se permanecesse nesse
mundo, enquanto Shiara e Anamme ficaram com seus
companheiros na casa de Roger.
-Só estou pensando - Jonas responde com um sorriso doce -
Hoje foi um dia que caso virasse um livro seriam necessários vários
volumes para explicar toda essa confusão…
-Compactuando com sua perspectiva - Comento ao me sentar ao
seu lado na cama, puxando uma respiração profunda. Afinal, agora
que as coisas por aqui parecem ter chegado a um final, ainda tem
coisa a ser feita do outro lado.
-Obrigado mais uma vez, por tudo o que você fez hoje… - Jonas
fala ao se inclinar para mim, colocando um braço ao redor da minha
cintura e colocando um beijo amoroso no meu queixo - Espero que
não tenha atrapalhado tanto a sua agenda e posso ajudá-la a partir
de amanhã com o que precisar, hoje tudo o que eu quero é tomar
um banho longo e demorado com a minha esposa antes de cair na
cama para dormir…
Esse plano parece perfeito para mim também… - Respondo
preguiçosamente e com a voz baixa, pelo arrepio que percorreu
meu corpo, quando ele deu um beijo de boca aberta no meu maxilar
com uma mordida mínima acompanhada - Mas se você continuar
com o que está fazendo, duvido que vamos dormir depois do
banho…
-Eu estou tentando me levantar para tomar banho… - Jonas
resmunga contra minha pele cheirando e lambendo meu pescoço
com um carinho quase devocional - Mas seu cheiro e o sabor da
sua pele… Eu poderia jurar que parece ainda mais delicioso do que
antes…
-Antes do que? - Perguntei nervosamente, já que eu ainda não
contei a ele sobre o bebê, apesar de todos os orcs ao meu redor já
terem percebido. Mesmo o Kaell me parabenizou o que causou uma
reação emocionada da Emilie, felizmente consegui conter os ânimos
da situação quando revelei que o Jonas ainda não sabia e com isso
todos entenderam que os parabéns ficariam para um outro
momento.
-Não sei dizer, mas eu já te falei a alguns dias seu cheiro parece
diferente e seu mel com certeza está mais doce… - Ele responde
casualmente continuando sua exploração, tornando muito difícil
manter meus pensamentos coerentes.
-Como você pode dizer que meu cheiro e gosto mudaram? -
Pergunto tentando manter a ansiedade longe da minha voz - Você
não tem os sentidos de um… De um orc… Nossa essa coisa que
você fez no meu ouvido…
-Lambi e depois assoprei… - Ele fala com a voz animada pela
minha reação, eu senti como se uma corrente elétrica atravessa
meu corpo quando o hálito gelado bateu na minha orelha, até
esperei que ele repetisse, mas ele continuou sua exploração com
calma ao continuar falando - E como você disse eu não tenho os
sentidos apurados de um orc, mas os sentidos de um humano não
são tão ruins assim… aliás existem pessoas que podem ver…
ouvir… provar… cheirar… tão bem quanto orcs, eles apenas são a
minoria. O que eu sei doçura, é que você definitivamente está cada
dia mais deliciosa…
-E se houvesse um motivo para eu parecer diferente, nesse
sentido que você citou? - Digo com cuidado avaliando sua reação a
minha pergunta e quando minha pergunta parece penetrar na sua
mente ele se afasta para me olhar com cuidado.
-O que quer dizer com isso? - Ele pergunta preocupado - Tem
algo que você precisa me dizer?
‘Tem muita coisa que eu preciso te dizer’ É o que eu penso.
-Eu tenho uma notícia, mas não sei como você vai reagir a
isso… - É o que eu respondo.
-Que notícia? - Ele pergunta parecendo ainda mais ansioso -
Você não vai acabar com o nosso casamento, vai? Eu sei que
minha família se mostrou ser um grande desafio, mas as coisas vão
ficar mais fáceis daqui para frente… sinceramente eu não imaginei
que as coisas fossem chegar no que chegou hoje e entendo se
estiver repensando o nosso casamento, mas você pode pelo menos
pensar em dar uma chance real para nós? Não sei quanto a você,
mas eu não quero que as coisas entre nós acabem doçura… Você é
tudo para mim… não sei se você percebeu isso, mas eu não sou o
mesmo de antes e eu sei que se isso não for o suficiente para você
eu ainda posso…
-Jonas vai com calma! - Falo rapidamente, cortando-o quando
ele começa a falar sem parar - Eu não quero acabar com o nosso
acasalamento, eu estou grávida macho!
-Grávida? - Ele pergunta rapidamente e deixo que ele processe a
informação porque depois que ele perguntou seus olhos se
ampliaram tanto que pareceu que pulariam para fora da órbita -
Como assim?
-Jonas você realmente achou que tanto acasalamento não daria
em nada? - Pergunto sem me sentir divertida com sua reação, o
macho está tão desnorteado que chega a ser hilário, tento manter
um sorriso neutro o máximo possível para não o distrair do assunto
principal.
-Quando-quan-do você descobriu? - Ele pergunta nervosamente,
agora com um franzir da sua testa e com os olhos fitando o nada
como frestas. Ele está usando o máximo da sua capacidade mental
para juntar as peças desse enigma que nem é tão difícil assim de
entender.
- Descobri quando voltei para o meu clã, quando fiquei lá por três
dias… - Respondo e espero pela sua reação - Meu cheiro mudou e
eu ainda estava lá quando aconteceu, meu pai ainda não sabe,
estava resolvendo algumas coisas com ele e que preciso contar
essas coisas para você depois…
-Espera isso já tem alguns dias, porque você não me contou
antes? - Jonas perguntou rapidamente, sem perder o que eu disse
primeiro.
-Olha como as coisas estavam a alguns dias… Seu irmão tinha
acabado de chegar e depois o caos. - Respondo com um encolher
de ombros - Não pareceu certo distrair sua mente, quando você já
estava em um momento complicado…
-Lidith você está grávida deveria ter me contato assim que
descobriu! - Jonas fala um pouco mais exaltado com raiva óbvia
pela minha omissão, depois ele respira fundo e esfrega o rosto
antes de soltar o ar com uma lufada alta - Eu posso lidar com mais
coisas do que imagina…
-Eu queria te dizer, mas realmente não sabia como. Não depois
de ver o quanto você estava dedicado a resolver as coisas com seu
pai - Respondo com honestidade e ele acena antes de se levantar.
Jonas anda de um lado para o outro em silêncio por um
momento que parece durar minutos, mas não passou de segundos
curtos.
-Na verdade, eu também estou guardando uma coisa de você…
- Jonas fala ao se ajoelhar na minha frente e pegando minhas mãos
evitando me olhar nos olhos, mas sem deixar de falar -
Sinceramente eu tinha me esquecido disso, já que se passou um
bom tempo e como você disse as coisas estavam complicadas por
aqui. O outro motivo que me fez ficar quieto sobre esse assunto é
porque não sabia se você acreditaria em mim na época, eu
esperava contar quando tivesse alguma prova que não fosse
apenas a minha palavra…
-Jonas você está me assustando. - Corto-o quando percebo que
ele está divagando, perdendo o foco do que importa nesse momento
- O que você precisa me contar?
-Bom… - Ele começa ainda sem me olhar e eu ergo sua cabeça
para força-lo a me encarar com uma expressão resignada para ele,
Jonas torce a boca com uma expressão contrariado até que ele
acena e continua, agora me olhando - No dia que saímos do seu
clã, eu havia chamado você quando ouvi suas primas chegando
com a sua mãe. Lembra-se disso?
-Sim, eu lembro. - Respondo duramente ao lembrar da minha
mãe e da situação que ela colocou meu pai recentemente, aliás
também preciso falar com o Jonas sobre isso… Quando as coisas
vão realmente se resolver? - Você me chamou porque minha mãe e
minhas primas apareceram de surpresa e você fugiu delas para
evitar cair em algum plano maluco das minhas primas.
-Exatamente - Jonas responde ao acenar duramente e ficar em
pé antes de voltar a se sentar ao meu lado mais uma vez - Naquele
dia ouvi a conversa delas, sem que elas percebessem e estava mais
do que claro que sua mãe fazia parte dos planos das suas primas.
Ela queria me enfeitiçar ou algo assim, para me deixar confuso
enquanto uma das suas primas ia para cama comigo e eu sei que
você pode não acreditar mesmo agora, mas…
-Eu acredito - Digo firmemente atraindo um olhar confuso dele,
que me faz soltar o ar ruidosamente antes de continuar - Eu
acredito, porque quando voltei para o clã descobri como meus pais
acabaram acasalados e ao contrário do que pensei durante toda a
minha vida. Não foi por amor e ela acabou com o acasalamento
deles na frente de todo o clã.
-Eu não entendo… - Jonas fala com um franzir de sobrancelhas
deixando sua expressão de confusão ainda mais acentuada.
-No dia que fui para o clã, meu pai me enviou uma mensagem
solicitando que eu voltasse o quanto antes. - Comecei a explicar
dando detalhes daqueles dias que passei no clã da minha família -
Quando cheguei lá encontrei meu pai devastado, minha mãe
apareceu na caverna da minha avó e na frente de todo o clã, assim
como da família dela que estavam assistindo tudo, ela fez o anúncio
para todos ouvir que o acasalamento deles havia acabado… E para
tentar colocar meu pai na posição de um macho sem honra ela
cortou a barba do meu pai com uma faca logo em seguida. Todo o
clã assistiu.
-Como seu pai está? - Jonas pergunta preocupado, a reação
dela me surpreende já que ele nunca mostrou interesse no meu pai,
mas não tanto, já que ele tem mostrado um novo lado sobre se
interessar por quem está ao seu redor que é muito caloroso. - Você
deveria ter ficado no clã para ajudá-lo… podemos voltar amanhã
mesmo…
-Jonas, meu pai está bem agora - Respondo antes que ele
continue divagando - Eu fiquei alguns dias lá para ajudá-lo a
reorganizar sua vida e principalmente mostrar que ele não foi
abalado, afinal ele é um líder que continuou tendo o apoio da filha,
isso tem peso para um clã. Eles entendem que o acasalamento
deles pode ter acabado por problemas que não afetam e não irão
refletir no clã.
-Esse é um problema e tanto para lidar agora… - Jonas fala
pensativo colocando o braço ao meu redor esfregando meu braço
com carinho - Queria que você tivesse me contado antes, mas eu
entendo. Tanto que fiz a mesma coisa…
-Somos um par e tanto, não é? - Pergunto com um sorriso
tentando aliviar a tensão entre nós.
-Sim, nós somos… - Jonas responde rapidamente antes de fazer
uma pausa - Talvez seja por isso que apesar das probabilidades
nossa relação tenha evoluído do jeito que aconteceu, é como se
nossos problemas ajudassem a entender e talvez até aceitar melhor
um ao outro…
-Além de tentarmos proteger um ao outro, mesmo quando
deveríamos falar a verdade completa… - Resmungo um pouco
irritada por ele não ter contato antes o que ouviu da minha mãe,
talvez eu acabasse me sentindo menos surpresa quando meu pai
contou a verdade sobre eles, mas também sei que se Jonas tivesse
me dito isso antes eu não teria acreditado e com a forma como eu
era protetora com a minha mãe, teria acabado com o nosso contrato
de acasalamento naquele mesmo momento e saber que ele esteve
certo em guarda essa informação é o que me ajuda a não ficar tão
irritada com ele.
-Podemos fazer um acordo agora, o que acha? - Jonas fala ao
se mover para sentar de frente para mim na cama, com uma perna
dobrada sobre ela - Vamos prometer não esconder algo assim um
do outro novamente, seja da sua família ou da minha. Seja uma
notícia importante ou até irrelevante, vamos fazer o nosso melhor
para sermos sinceros, o que acha?
-Eu acho que você se tornou um macho e tanto Jonas… -
Respondo ao me aproximar dele para beijar sua boca enquanto
continuava falando, aproveitando seu momento de confusão com a
minha resposta para explorar com carinho a suavidade dos seus
lábios macios - Nunca imaginei que você fosse esse tipo de macho,
que se importa e é cuidadoso com o próximo…
-Lidith… - Jonas sussurra com a voz rouca, mas sem se mover
ou tentar me interromper de verdade, ele parece adoravelmente
surpreso com as minhas palavras.
-Quando eu te escolhi fiz vários comentários para diminuir meu
próprio interesse em você, porque era mais seguro. Manter distância
era essencial para que eu não me machucasse e acredito que para
você também funcionava assim… - Continuo apreciando o toque da
sua mão subir pelo meu pescoço para manter meu rosto próximo ao
dele, com nossas bocas coladas enquanto eu falo - Era inegável a
atração física… Nossos corpos juntos é pura magia! Aos poucos se
tornou difícil manter meu coração longe dessa bagunça que é estar
em um relacionamento real. Porque é assim que me sinto sobre
nós, sei que ainda não falamos sobre isso diretamente, mas eu sinto
que somos reais. Que nosso acasalamento é real e que tanto o meu
coração como o seu estão nessa relação…
-Agora é você que está divagando amor… - Jonas fala com um
sorriso contra minha boca e me dando um beijo profundo a seguir,
que me deixa desnorteada por um instante. Tão desnorteada que
não registro minha mão possessivamente emaranhada em seu
cabelo para impedir que ele termine o beijo, até que eu cedo e ele
se afasta com um sorriso convencido no rosto.
-Eu estou abrindo meu coração e você acabou de dizer que eu
falo demais, um beijo não vai resolver isso macho… Trate de se
desculpar do jeito apropriado… - Resmungo com o coração batendo
forte contra meu peito e com a respiração entrecortada, com a
excitação fazendo meu sangue correr muito mais rápido.
-Doçura eu vou me redimir com prazer… - Ele fala ao nivelar
nossos rostos mais uma vez, mas dessa vez para conectar nossos
olhares - Mas antes preciso abrir meu coração também, você não
pode ser a única a falar tão bonito e me deixar com tesão porque
caso você não saiba eu fico excitado com tudo o que você faz e fala
amor… Você é doce de todos os jeitos imagináveis…
-Então para você abrir seu coração é falar do quanto eu te deixo
excitado? - Pergunto com diversão e mordendo o lábio contendo
meu próprio prazer, afinal um macho que fala tudo isso com os
olhos cheios de desejo com a voz grave mantendo as mãos fortes
segurando seu como com dominância… é totalmente capaz de fazer
meu corpo reagir com minha fenda encharcando para ele.
-Para começar sim, é difícil manter a cabeça no lugar quando
você rebola assim sem que eu esteja estimulando seu corpo
delicioso… - Ele responde e desce seu rosto para lamber minha
clavícula, mordendo no final antes de voltar a nivelar nossos olhares
para continuar falando - Tão doce… Tão perfeita e totalmente
minha… Porque é isso que você é Lidith, você é minha para
degustar como um vinho caro, é minha para amar, é minha para
cuidar… E eu sou seu para fazer tudo o que você desejar, eu sou
um humilde servo que vai fazer o possível e o impossível para fazer
você feliz, porque a sua felicidade é a minha…
-Jonas porque você está falando assim agora eu quero chorar e
hokk eu quero sentar em você ao mesmo tempo! - Resmungo
sentindo meu peito encher, minha pele formigar e todo o meu corpo
se tornar em um mar de sensações controversas.
-Você pode fazer os dois, vou contar como um elogio tirar
lágrimas de você enquanto goza é algo grande para um homem
conseguir! - Jonas responde com diversão me puxando para um
abraço caloroso apoiando seu queixo em cima da minha cabeça -
Mas eu também acho que por hoje, podemos aproveitar aquele
banho, talvez na piscina e depois dormir… Você precisa descansar,
eu não sei muito sobre gestação, mas eu sei que mulheres grávidas
não podem se estressar tanto ou ter um dia tão cheio como o de
hoje sem fazer pausas, então vamos descansar por hoje…
-Só por hoje? - Pergunto ao levantar a cabeça contraindo minha
boca com uma expressão de descontentamento com essa ideia -
Porque caso você não tenha percebido eu sou orc, posso aguentar
muito mais coisas que uma fêmea humana…
-Eu sei que você é muito mais forte, mas esse bebê é metade
humano, então vamos pecar pelo excesso…, mas só hoje - Jonas
responde beijando minha testa com um sorriso bobo no rosto, antes
de mudar sua expressão para uma provocadora - Amanhã eu vou
aceitar a oferta de ter você sentando em mim… talvez no meu rosto
derramando seu mel na minha boca… O que acha?
-Eu acho que se você continuar falando assim, vamos acabar
fazendo tudo… menos descansar… - Respondo com um beijo
carinhoso em seu pescoço com uma mordida rápida no final,
arrancando um gemido estrangulado dele.
-Doçura… - Ele resmunga enquanto se afasta ficando em pé -
Vamos tomar aquele banho, depois a gente pode ver o que faz…
-Você não pode mudar de ideia tão fácil assim macho, onde está
sua determinação? - Pergunto brincando enquanto também me
levanto.
-Eu sou um homem determinado! - Ele responde indignado
-Palavras… Palavras… - Digo brincando quando me afasto um
pouco para provocá-lo - Você diz isso, mas se eu disser que estou
completamente molhada na minha fenda? Talvez eu até esteja
escorrendo…
-Quando o assunto é você eu não me importo de parecer
molenga… - Ele declara ao fazer uma corrida mínima para me
alcançar e me prender em seus braços - Todo homem tem limites, o
meu limite começa e termina com o que você quer e eu não me
importo em como isso me faz parecer.
Capítulo 33
Lidith

Meu sorriso enquanto fazia compras com Shiara e Anamme, era


assustadoramente grande, minhas presas pareciam até maiores e
fizeram alguns humanos recuarem. Contudo eu não poderia me
conter depois da conversa com Jonas e da noite que tivemos…
Hokk que noite!
-O que você está fazendo? - Perguntei quando ele me puxou
para dentro do banheiro do quarto.
-Eu sou um molenga que não se aguenta perto de você - Jonas
respondeu ao retirar as roupas e puxar as minhas para fora em
seguida - Vamos tomar aquele banho e eu vou lamber seu mel…
-Esse é o seu jeito de ser determinado? - Perguntei com
diversão soltando uma gargalhada alta.
-Esse é o meu jeito de ter meu caminho com você amor, a
determinação serve para homens que não estão dispostos a se
doarem completamente as suas mulheres! - Ele respondeu
descendo beijos molhados pelo meu pescoço até alcançar o topo
dos meus seios - Ou um homem que não tem uma visão dessas…
Cacete Lidith você é tão perfeita…
As palavras ainda rodam na minha cabeça, meu companheiro
fez questão de percorrer meu corpo com adoração dando ênfase
para o cuidado de como ele falou e acariciou minha barriga, que
agora carrega nossa prole.
-Você pequeno sorrateiro ajudou sua mãe a esconder que estava
aí, não é? - Jonas falou depois que deitamos na cama, ainda sem
roupa depois do banho.
Banho esse em que fui ensaboada, beijada, lambida, chupada e
depois ensaboada novamente até estar cansada demais para
permanecer em pé com meu companheiro no chuveiro.
-Pelo menos agora você pode crescer tanto quanto precisar
pequeno, estou mais do que pronto para ver sua mãe carregando
você enquanto você cresce na sua barriga… - Jonas continuou
falando totalmente conectado com o bebê, ele acariciava minha
barriga de olhos fechados com a cabeça apoiada nela como se
pudesse sentir a criança ainda em formação.
Foi o momento mais lindo da minha vida até agora e foi vivido da
forma mais simples, apenas os sentimentos importam, as palavras e
o toque, com tantas emoções bonitas nos cercando que me fez ter
fé que mesmo em meio aos problemas ainda teremos amor um pelo
outro para nos ajudar a passar por qualquer dificuldade.
-Você quer dizer que a sua mãe além de ter tentado humilhar
seu pai diante do clã ela também tentou manipular o Jonas para
também humilhar você? - Shiara pergunta com surpresa e raiva
borbulhando através dela, a revolta da fêmea pelo que minha mãe
fez é quase tangível e mesmo Anamme que se manteve mais quieta
enquanto anda ao nosso lado parece tensionar os músculos com
cada coisa que contei.
-É exatamente isso, graças aos deuses que Jonas não é o tipo
de macho que cai em armadilhas desse tipo, se fosse outro macho
eu teria acabado com o acasalamento e teria que enfrentar outros
problemas além do fim do acasalamento dos meus pais… -
Respondo sentindo como se meu peito não estivesse tão apertado
como antes.
Poder compartilhar meus problemas com mais alguém além do
Jonas ou meu pai era exatamente o que eu precisava e eu não tinha
percebido isso até agora. Por isso mesmo com o sentimento de
frustração com a minha família também sinto aquele fiozinho de
alegria se tornar algo ainda maior, junto com a confiança de
finalmente perceber que posso confiar em mais alguém além do
meu pai e do meu companheiro.
-Hokk! Sua mãe pode ser ainda pior que o Roger! - Shiara latiu
rosnando com raiva e eu sustentei um sorriso amigável segurando
as lágrimas por ter alguém, que mesmo sem um laço direto comigo,
é capaz de sentir tanto por mim.
-Minha mãe errou e tem errado por muito tempo… - Respondo
depois de puxar uma respiração profunda para controlar a onda de
sentimentos - E assim como os nossos companheiros, eu me fiz
cega para a situação por muito tempo… sinceramente os sinais
estavam lá.
-Mesmo o guerreiro mais preparado para o campo de batalha,
não pode lidar com a manipulação quando ela exerce influência na
sua criação… - Anamme fala sem olhar para nós, tornando suas
palavras ainda mais duras e profundas - Já vi machos treinados
matarem uma legião de inimigos, mas também esse mesmo macho
se ajoelhar e parecer um menino quando seu pai disse que estava
desapontado com ele… Nada do que ele faria deixaria seu pai
orgulhoso e isso o corroía de dentro para fora. O fato de você
reconhecer isso e querer resolver é mais do que muitos podem ou
conseguem fazer. Você é uma fêmea forte Lidith, você não vai se
curvar para o que sua mãe fez.
Depois disso, não consegui emitir mais nenhum comentário
sobre o assunto, apenas acenei com a cabeça e voltamos nossa
atenção para as compras. Com meu peito cheio de calor e
felicidade, pelo que essas duas fêmeas me deram, para elas pode
ter sido pouco, mas para mim foi o mundo. No final do dia, acabei
enchendo-as de presentes, não sei como demonstrar muito a minha
gratidão e não pareceu que palavras bastariam.
Senti ainda mais alegria quando cheguei na casa da Emilie e
encontrei Jonas cercado por livros que ele comprou sobre
paternidade, maternidade, sobre cuidados de bebês, métodos de
desenvolvimento infantil e tantas outras coisas que eu finalmente
deixei as lágrimas contidas durante todo o dia se derramarem.
-São muitos livros? - Ele perguntou enquanto me abraçava
desesperado por me ver chorando - Eu deveria ter falado com você
antes, mas eu me empolguei, fiz o pedido de madrugada enquanto
você dormia e pedi entrega expressa… Eu comecei a fazer um
carrinho de compras em um site com outras coisas para bebês, mas
achei melhor ver com você as coisas que escolhi, não sei que cor
você vai gostar e…
-Hokk! Jonas por favor pare de falar e apenas me beije. Tudo
bem? - Falo com um sorriso bobo e com as minhas lágrimas
banhando nós dois.
-Mas… - Ele tenta mais uma vez e eu aceno para cortá-lo
segurando minhas emoções para
conseguir falar claramente com ele.
-Eu estou feliz macho, isso é tudo… - Consegui dizer com
soluços e lágrimas, mas um grande sorriso bobo.
-Meu amor você me assustou, mas deve ser os hormônios… não
achei que você seria afetada por ser orc, mas talvez afete de
alguma forma. Eu li superficialmente alguma coisa sobre, talvez um
curandeiro do clã possa ter mais informações… - Jonas volta a falar
perdido em dividir o que sabe e eu o puxo para um beijo pouco
romântico, com muitas lágrimas envolvidas, mas que o faz se
acalmar o suficiente.
-Vamos organizar nossas coisas e vamos voltar para o clã…
tudo bem? - Digo com mais tranquilidade e sentindo minhas
emoções voltarem ao normal, ou o mais perto disso.
-Você não quer ficar mais um tempo? - Jonas perguntou
enquanto secava minhas lágrimas com carinho - Achei que você
teria mais assuntos para resolver do clã aqui na cidade.
-Eu tenho, mas posso fazer tudo isso de casa e já passou da
hora de confrontar a minha mãe e anunciar ao nosso clã a chegada
de um novo membro… - Respondo rapidamente puxando
respirações profundas que me ajudam a controlar meu
temperamento.
-Certo, nesse caso eu vou organizar nossas coisas, você pode
fazer o seu trabalho e se encontrar algo que eu possa ajudar no seu
projeto, basta me dizer e será feito! - Ele declara me dando um beijo
doce e um tanto quanto provocante antes de se afastar com um
rosnado divertido - Se você quiser voltar para a cama e deixar o
trabalho para depois, também é um bom plano para mim doçura…
-Seu plano é muito melhor, mas infelizmente precisamos nos
mover então diversão depois! - Respondo cruzando os braços com
uma expressão quase triste, quase porque estou segurando o riso
pela reação boba dele.
Hoje realmente foi um dia muito feliz.
Capítulo 34
Jonas

-Como assim eu vou ser avô e você só me conta isso agora? - Meu
sogro perguntou para Lidith depois de chegarmos na caverna que
ele está morando, viemos diretamente para cá e Lidith não perdeu
tempo para contar a novidade.
Eu vou ser pai! Eu vou ser pai… Eu vou ser pai? Inferno, eu?
Pai?
Eu apenas acenei confirmando cada palavra que Lidith dizia
enquanto minha cabeça continuava rodando com a informação, ela
me contou ontem à noite e desde então eu não consigo tirar essa
informação da cabeça. Afinal tudo o que eu conheço de paternidade
é um grande nada e meu exemplo não foi dos melhores.
Acabei comprando mais livros do que deveria, comprei até
coisas que não sei para que servem e mesmo tendo dito para Lidith
que não finalizei as compras do carrinho que em um site, eu com
certeza finalizei a compra de um outro site que tinha um grande
aparato de coisas para facilitar a vida da mãe e do bebê, como
carrinhos, cestos, trocadores, cantinho para o desenvolvimento e a
lista é quase sem fim.
Por que eu preciso me preparar! Eu vou ser pai! Cacete, eu vou
ser pai! Eu? Meu Deus, eu vou ser pai!
Respira Jonas! Eu digo para mim mesmo toda vez que a notícia
começa a nublar minha mente, acho que nunca fiquei tão
preocupado e esperançoso por uma coisa como agora e não
consigo parar de surtar!
-Pai eu fiz um relatório de tudo o que aconteceu na cidade,
incluindo as reuniões e a conversa com a representante do clã
Kerminn e tudo o que você se prendeu foi nisso? - Lidith perguntou
com uma respiração pesada e um olhar consternado para o pai,
mas eu entendo o homem. Ela fez a mesma coisa comigo.
Contou várias coisas ao mesmo tempo que me dava a notícia!
Como no mundo ela acha que qualquer outra notícia é mais
importante do que essa?
-Você vai me dar um neto e acha que qualquer outra notícia é
mais importante do que essa? - Muzgonk pergunta para a filha ainda
mais consternada do que ela e eu aceno para concordar com o ele,
mas Lidith me olha de forma atravessada e eu começo a negar até
ela lançar seu olhar de volta para o pai.
-Tanto faz, agora você pode nos atualizar do que aconteceu aqui
nos últimos dias - Lidith pediu com um rolar de olhos franzindo o
cenho. Tão adorável… Pena que se eu disser isso agora ela pode
não gostar e seu pai muito menos, o orc ainda não vai com a minha
cara.
-Tudo bem! - Muzgonk declara depois de fitar os olhos da filha,
os dois se encararam por um longo minuto antes de ele ceder e
acenar para a filha - Sua mãe e a família dela sumiram, não
apareceram desde… enfim, é estranho e também não encontramos
nenhuma maldita coisa que possa explicar o que eles têm em
mente.
-E sobre a caverna da família? - Lidith perguntou preocupada -
Eles não foram para lá?
-Pedi que alguns guerreiros de confiança fizessem a guarda do
lugar, com a desculpa de querer preservar a segurança deles agora
que eu não moro mais lá, mas nenhum deles reportou qualquer
visita a caverna - Muzgonk responde rapidamente me olhando
quando fala sobre a situação que o fez ficar em a barba, que agora
que ele mantém seu rosto limpo é como se ele fosse um irmão mais
velho da minha companheira e não o seu pai.
-As nossas coisas ainda estão lá, então vamos buscá-las e ver o
que acontece - Lidith fala pensativa sem se importar com o olhar
irritado do pai que transitava da barriga dela e depois para mim.
-Lidith porque você não fala com a assistente e pede algum
veículo de carga e talvez alguma ajuda extra para ajudar na sua
mudança - Muzgonk pede casualmente e Lidith está focada demais
no que precisa fazer para perceber a intenção do pai dela - A
caverna que você comprou está pronta e a sua avó prometeu não
mexer na decoração além de colocar os móveis essenciais que você
pediu antes de ir.
-Eu vou esperar aqui se não se importa, quero terminar aquele
capítulo do livro sobre o parto - Completo olhando para meu sogro,
enquanto Lidith acena e sai sem perceber o que havíamos feito para
que ela saísse.
-Livro sobre parto? - Meu sogro pergunta antes de se sentar
atrás da sua mesa -Não importa, eu estou feliz que minha filha me
dará um neto, mas você. Sinceramente não gosto da ideia de você
como pai do meu neto, principalmente com seu histórico familiar…
-Muz… - Tento dizer para impedir que ele me insulte e torne as
coisas piores, mas ele se levanta e ergue a mão para me impedir.
-Deixe-me terminar garoto - Muzgonk fala rapidamente e em um
tom duro - Com seu histórico a ideia só me faz ficar ainda mais
preocupado. Contudo com o que você e seus irmãos fizeram para
corrigir as coisas, me faz acreditar que você não é um arranjo tão
ruim assim. Principalmente quando você não se deixa levar pelos
instintos como um macho orc faria, estranhamente acredito que
você é o macho certo para minha filha.
-Obrigado senhor. - Respondo ainda mais duramente do que o
tom dele, porque meu corpo parece congelado no lugar com a
sensação estranha que tomou conta de mim. Tão estranha…
Foi a primeira vez na minha vida que senti a profundeza de algo,
como a necessidade de ser reconhecido por outra pessoa. As
palavras do meu sogro atingiram meu núcleo do jeito que me fez
engolir com força pensando em como teria sido se em algum
momento da minha vida meu pai fosse mais como ele. O homem
diante de mim me teria me feito ser um homem melhor?
Provavelmente, mas isso não vai fazer diferença agora. Porque
enquanto olho para ele agora tenho exatamente o tipo de exemplo
do pai que eu quero ser para o meu filho que está por nascer e
próximos que virão.
-Não agradeça, se você sair da linha vou dilacerar você e minha
filha nunca irá saber - Muzgonk responde com um sorriso predatório
e eu sorrio de volta, por algum motivo a ameaça não me faz ter
medo, apenas me enche de certeza do quão feroz um pai precisa
ser para cuidar dos seus filhos.
-Eu não espero menos que isso do senhor - Respondo com um
aceno e o orc sorri de volta para mim.
Capítulo 35
Lidith

Eu saí do escritório do meu pai na caverna que ele está morando


agora, quando percebi que os dois machos precisavam conversar
sem a minha presença. Primeiro me senti insultada por acharem
que eu não perceberia tal artimanha deles, mas depois percebi que
eu sempre poderia ouvir a conversa deles depois e quando eu ouvi
entendi porque eles precisavam dessa conversa.
Não foi difícil deixá-los a sós depois, para fazer o que meu pai
disse e depois que tudo estava organizado partimos para a caverna
que cresci, o lugar que em outro momento chamei de lar.
Nhaay a assistente, dois guerreiros e Jonas estão seguindo
minhas ordens para organizar tudo o que vou tirar da caverna.
Jonas começou organizando as coisas dele que estavam dispostas
no organizador e logo ele passou a organizar as minhas coisas
também. Nhaay e o guerreiro tiraram livros das prateleiras da sala,
recolheram meus utensílios que uma vez escolhi logo quando me
mudei para essa ala da caverna.
Estou assistindo o desenrolar deles trabalhando sentindo o peso
do que está acontecendo na minha vida, das mudanças que
chegaram de uma vez, as boas e as ruins. Tudo o que caiu sobre
mim e agora parece tão real.
Jonas parece perceber meus sentimentos conflitantes, ele está
me cercando mesmo enquanto trabalha. Seus olhos estão sempre
em mim e às vezes ele pergunta alguma coisa aleatória para me
tirar dos meus pensamentos.
-Acredito que isso é tudo - Digo no final do dia depois que
praticamente todas as minhas coisas foram colocadas nos veículos
de carga. Ao contrário do que meu pai achou, um não foi suficiente.
-Você não tem nada fora dessa ala que queria levar? - Jonas
pergunta com cuidado usando um tom brando ao se aproximar, mas
antes que eu pudesse responder escuto um veículo se aproximar e
pela velocidade escolho esperar.
Sei que não é o meu pai, ele voltou para o centro do clã para
continuar trabalhando, o que quer dizer que quer dizer que essa
visita só pode ser a minha mãe. Quando o veículo para e a porta é
aberta tenho minha confirmação.
-Mãe - Ofereço com um tom neutro, Jonas mantém sua posição
ao meu lado com uma expressão de gelo, de não fosse pelo suave
aperto dele no meu cotovelo ninguém acreditaria que ele estava ali
para me apoiar.
Minha mãe não responde, ao seu lado aparecem outros
membros da sua família, incluindo minhas primas, até que por último
um macho que desconheço se coloca ao lado da minha mãe e
coloca a mão em seu ombro protetoramente. Um macho que não é
orc, mas um macho athneun.
Já conheci muitos machos athneuns e geralmente têm a pele
azulada, com tentáculos semelhantes a tranças grossas em suas
cabeças que costumam ser um tom mais escuro que sua pele
fazendo a harmonia de cores perfeita, de tom sobre tom além dos
tentáculos que são calcificados para declarem uma posição de
poder, criando uma espécie de chifre circular. Mas esse macho tem
a pele azul quase verde com os tentáculos vermelhos e seus
tentáculos calcificados compõem muitos arcos deixando claro uma
alta posição, eu nunca vi um macho athneun assim.
Além de terem um rosto mais liso, a curva do nariz quase não
existe, suas bocas são mais largas com lábios grossos, seus olhos
são quase como fendas e sua estrutura muscular é bem próxima
dos machos e fêmeas humanas, eles não são tão musculosos, na
verdade passam a impressão de serem ossudos, mas são tão altos
quanto um orc. Mas esse macho, mais uma vez não entra nesse
padrão, ele é tão construído quanto um macho orc e é quase da
altura da minha mãe, ou seja, ele não é tão alto quanto um athneun.
-Lidith - Minha mãe fala com um sorriso educado, um que ela
sempre usa quando quer que eu seja uma boa filha - Quero que
conheça Lauz, meu companheiro.
-Você está me dizendo que depois de ter terminado o
acasalamento com meu pai a algumas semanas, você teve tempo
de conhecer e acasalar com um macho novo? - Pergunto sem me
intimidar com sua expressão que não se alterou, exceto pelo leve
tremor em seu lábio e no canto do seu olho, que sempre me fez
voltar atrás.
- Querida, não seja assim. Estamos aqui porque quero que
conheça meu companheiro - Minha mãe insiste dando um passo
para frente e sendo seguida pelo macho.
-Você sabe como ela acabou acasalada com meu pai? -
Pergunto para o macho sem me importar com o que minha mãe
está tentando fazer ou falar.
O macho olhou para minha mãe sem mover o corpo ou o rosto,
apenas seus olhos entregaram sua reação.
-Não é a mesma coisa, eu não o amava, fui obrigada a essa
união e agora eu estou apaixonada! - Minha mãe fala ao tentar se
aproximar de mim, saindo do alcance de seu novo companheiro -
De verdade, minha filha, eu não mentiria para você!
-Se você não mente para mim, porque tentou colocar uma das
suas sobrinhas na cama dele? - Pergunto sem deixar que ela me
toque dando um passo para trás e cruzando os braços - Por que
colocou uma delas na cama de cada um dos noivos que tive antes
disso?
-E-eu eu nunca… - Minha mãe começa a falar parecendo
mortalmente ofendida, fazendo uma grande cena até mesmo com
seus olhos se enchendo de lágrimas.
-Você sim, eu ouvi no dia que saímos de volta para a cidade -
Jonas declara ao se colocar entre nós duas.
-O que esse macho humano está falando é mentira! - Minha mãe
gritando perdendo sua expressão de vítima passou para uma de
fúria, até mesmo as lágrimas se foram.
-Mentira é o que tem sido minha vida até agora, mas não me
importo mais com o que você diz mãe - Digo rapidamente tentando
manter a calma, não quero e nem posso demonstrar o quanto sua
reação me afeta - Você não quer me responder com sinceridade,
para mim não é um problema. Você pode esconder seus motivos,
mas a partir de hoje você pode se limitar a ser minha mãe, não vou
aceitar suas demandas, não vou aceitar suas sugestões, não vou
aceitar qualquer ideia que venha de você a não ser que você me
prove que mudou. Que você prove que não é mais a fêmea que age
de forma dissimulada.
-Como você ousa falar assim comigo? - Minha mãe grita agora
direcionando sua raiva para mim - Eu sou sua mãe! Coloquei você
nesse mundo!
-Você também é a fêmea que fez de tudo para me manipular,
infelizmente eu fui ingênua em acreditar que tudo era amor de mãe,
mas você é ainda pior que o meu sogro - Declaro olhando
rapidamente para o Jonas, para ver sua reação sobre esse
comentário, afinal estou revelando um pouco mais do que deveria
sobre seu pai - Ele ao menos teve a decência de não esconder sua
natureza dos filhos!
-Delammia… - Lauz fala chamando a atenção para ele, o macho
está fitando minha mãe com tanta cautela que sinto meus ossos
tremerem com a intensidade - Qual a sua relação com o que sua
filha contou?
-O-o que quer dizer meu amor? - Minha mãe olha rapidamente
para os parentes que de repente se afastaram para os veículos,
mesmo minhas primas se encolheram e parecem prestes a correr.
-Você sabotou os antigos noivados da sua filha? - O macho
perguntou duramente, sem dar nenhuma reação além do leve
inclinar da sua cabeça e minha mãe parece tremer no lugar.
No que ela se meteu, acasalando com esse macho?
Capítulo 36
Lidith

-Não sei se ela fez com os noivos anteriores, mas todos eles
acabaram na cama das minhas primas, que estão se encolhendo
logo ali atrás - Respondo quando minha mãe continua calada, por
mais tempo que alguém inocente ficaria - E se ela estava por trás
dos planos quando tentou fazer isso com meu companheiro, só
posso acreditar que ela fez isso antes.
-Eu… Eu não fiz isso. Você não tem provas - Minha mãe fala
tentando manter sua postura mais reta tentando remediar sua
reação ao macho.
-Sinceramente não me importo se você fez ou não, porque agora
eu conheço você de verdade mãe e como eu falei antes, não vou
mais dar ouvidos ao que você diz - Digo com firmeza, sem deixar
que ela tente me atacar novamente, deixando claro que sua filha
submissa não existe mais. Decido que também preciso colocar um
ponto final nessa relação bizarra com o lado da família da minha
mãe e termino de falar me dirigindo a eles, e principalmente para as
minhas primas - E vocês é bom que mantenham um bom braço de
distância de mim e da minha família, ou seja, meu companheiro e
qualquer parente de sangue da família do meu pai. A partir desse
momento, estou cortando a minha relação com vocês.
-Delammia… - O macho fala chamando a atenção novamente
para si e eu começo a ficar irritada com sua presença.
-Quanto a você Lauz, não sei que tipo de macho você é e não
sei que tipo de acordo vocês firmaram para estarem acasalados
agora, mas caso não tenha sido informado ainda minha mãe e seus
familiares são conhecidos por criarem planos mirabolantes para
manter a boa vida. Caso você seja um macho honrado aconselho
que se afaste deles - Falei diretamente ao macho, querendo
encerrar essa conversa. Se me der licença, tenho coisas para
fazer…
-Você não vai sair desse lugar menina! - Minha fala ao se afastar
para impedir que eu lhe de as costas - Você não vai me humilhar
assim! Você é minha filha e me deve respeito!
-Ouça sua mãe Lidith… - Escuto um dos tios da minha mãe falar
de longe. Covarde!
-Você vai pedir desculpas ou se explicar? - Pergunto sem me
virar completamente, com meu companheiro ainda pairando sobre
mim com preocupação, seus olhos não saem do macho athneun.
-Você vai me ouvir, porque o que eu tenho para falar é
importante! - Ela fala com mais raiva tentando se impor.
-Vamos ouvi-la… - Jonas fala antes que eu diga que isso não vai
acontecer e eu olharia para ele para tentar repreendê-lo pela
sugestão absurda, mas quando ele apoia a mão nas minhas costas
com um aperto suave na minha cintura, percebi que ele tem algo em
mente e por isso eu aceno positivamente incentivando que ela fale.
-A minha relação com seu pai nunca foi boa, sim começamos
com do jeito errado, mas as coisas poderiam ter sido diferentes se
ele não houvesse sido tão distante e… - Minha mãe começa falando
tentando diminuir meu pai e eu quase a cortei para defender meu
pai, mas a mão de Jonas na minha cintura faz outro aperto suave e
eu respiro fundo para manter meu temperamento no controle - Nós
não éramos certos um para o outro filha e agora eu estou indo atrás
da minha felicidade! Lauz é o macho que eu amo e eu vim até aqui
para apresentá-lo a você… com o coração aberto…
Delammia começa com a encenação de parecer vítima
novamente, ela faz toda uma cena de ficar com os olhos cheios de
lágrimas enquanto se aproxima do macho, mas não a toca. Percebo
que ela olha de relance para ele sob os cílios como se avaliasse a
reação do macho.
-Nós viemos aqui com a melhor das intenções filha, porque meu
companheiro é um macho honrado e desejava conhecê-la… Minha
única filha… - Minha mãe continua fazendo uma pausa para secar
uma única lágrima gorda que escorreu completamente antes que ela
secasse - Ele não tem filhos e depois que contei sobre a filha
maravilhosa que você é ele quis conhecê-la, ele queria vir e
demonstrar apoio a você como sucessora do seu pai…
-O que quer dizer com apoio? - Pergunto sem deixar que ela
continue divagando, ao mesmo tempo que Jonas aperta minha
cintura novamente e acaricia. Será que era isso que ele queria? Que
minha mãe revelasse suas intenções com o falatório sem fim?
-Lauz é um macho athneun que lidera quase metade de seu
povo… Eu o conheci depois de uma excursão ao mundo deles eu
nunca me senti tão extasiada de conhecer alguém como foi com
ele… - Minha mãe responde, mas claramente dando voltas para
serpentear a verdade e eu mantenho minha mente livre para captar
todas as suas palavras até ela revelar o que realmente importa em
seu discurso - Nós apenas conversamos por um longo tempo…
Lauz sempre respeitou meu acasalamento com seu pai e eu
respeitei sua união com, mas a única faleceu a alguns meses e
desde então não pude deixar de pensar que não era justo
permanecer infeliz… amando e sendo amada…
-Mãe, porque Lauz iria me apoiar? - Pergunto antes que ela
continue divagando para enrolar com o assunto.
-Filha, você não vê como seu pai é inapto para ser capitão? -
Minha mãe responde sem rodeios, agora que ela exaltou seu atual
companheiro e a relação deles, durante todo o seu discurso anterior
ela avaliou o macho e agora ela parece satisfeita o suficiente para
tentar manter a postura de superioridade novamente.
-Meu pai não está em pauta nessa conversa - Respondo
tentando manter a calma e lutando contra o desejo de rosnar, pena
que Jonas parece pensar diferente já que um pequeno rosnado
escapa dele, mesmo com sua postura e expressão inalteradas.
-Seu pai colocou todo o peso de ser capitão em seus ombros
cedo demais… -Minha mãe fala com um tom paternalista e
finalmente eu entendo onde ela quer chegar.
Leva quase todo meu autocontrole para evitar respondê-la como
ela merece e Jonas também parece perceber porque sua postura
finalmente muda e ele se coloca ao meu lado apoiando a mão sob
meu ombro calorosamente. Ele até tem um pequeno sorriso
presunçoso no rosto que me faz querer ronronar para ele,
imaginando todas as ideias que ele deve ter agora de como
desmascarar a minha mãe.
-Lauz tem me ensinado tanto durante esses meses e eu também
lidei por muito tempo com toda a burocracia que seu pai se
recusava a lidar… - Minha mãe continua alheia à pequena mudança
no clima ao redor dela - Ele também tem muita influência com os
líderes das minas e do seu próprio povo…
-Então você quer se livrar do seu ex, da sua filha e da sua
família, para ser a nova capitã do clã? - Jonas é quem pergunta com
um tom tão casual que chega a aparecer inocente.
-Não estou me livrando de ninguém! - Minha mãe rebate com
frieza para o Jonas antes de voltar seu olhar de gelo para mim -
Como você pode deixar esse macho falar assim comigo?
-Ele é o meu companheiro, tem tanta voz quanto eu nessa
família e nesse clã - Declarei com firmeza apoiando o Jonas - E
você não respondeu a ele ainda, você pretende se livrar de todos
por poder mãe?
-Eu não estou fazendo nada disso! - Minha mãe tenta novamente
com um ar dócil novamente e a voz quase embargada.
-Lauz, espero que esteja preparado para vivenciar mais
situações como essas, onde a palavra dela não parece ser
verdadeira, mesmo quando seu olhar e voz demonstram o contrário.
- Minhas palavras são tão duras e afiadas que Lauz me olha
profundamente antes de voltar sua atenção apenas com os olhos
para a minha mãe.
-Eu estou tentando ser uma boa mãe, para aliviar sua carga… -
Minha mãe continua tentando e dessa vez Lauz não a olha, ele
respira profundamente finalmente demonstrando algo além da
dureza em sua postura de antes.
-Você e sua família podem permanecer no lar que forneci, mas a
partir desse momento não somos mais nada. Lidith obrigada por
abrir meus olhos, eu sou um macho que valoriza a honra e a
verdade - Lauz fala com a voz cortante olhando para a família da
minha mãe que está se encolhendo contra o veículo - Quando
aceitei ser seu companheiro, deixei claro que não aceitaria nenhum
tipo de artimanha, independentemente do que eu sinto. lamento ter
sido tão leviano ao acabar nessa situação, mas a fraqueza dos
sentimentos são algo que meu povo ainda luta para não interferir em
nossas decisões.
O macho faz uma pausa ao voltar seus olhos para minha mãe
que agora está prestes a entrar na cena de berrar e chorar
copiosamente.
-A história da sua família chegou até mim, mas queria dar uma
chance para vocês, infelizmente vocês falharam. - Lauz conclui
antes de voltar seu olhar para mim - Lidith você tem meu apoio e do
meu povo hoje e sempre, assim como seu pai sempre teve.
-Espero poder encontrá-lo em um momento mais propício - Digo
rapidamente com um aceno, antes de vê-lo abrir um portal quadrado
perfeito com um aceno de sua mão. Os athneuns criaram um
dispositivo de pulso pequeno e simples para abrirem portais rápidos
e o único clã onde são autorizados a usá-lo livremente é o nosso,
por isso não me surpreendo quando ele parte para seu mundo.
-O que você fez! - Minha mãe gritou avançando para mim ao
mesmo tempo que a família sai do estupor do choque e avançam na
minha direção.
-Essa vadia! - Um dos meus tios grita passando ainda mais
rápido pelos outros para avançar e não tenho tempo de desviar da
sua mão erguida para me golpear, já que estou tentando desviar da
minha mãe que pulou com as mãos para apertar meu pescoço.
Fecho os olhos esperando o golpe, mas ele não vem.
-Nunca mais levante a mão para a minha companheira! - Jonas
ruge derrubando meu tio a uma distância considerável depois de se
jogar nele com o peso do corpo.
-O que vocês estão fazendo? - Minha avó gritou pulando de
outro veículo, dessa vez cheio dos parentes do meu pai saltando
para fora com expressões furiosas. Hokk isso não vai acabar bem! -
Você fêmea tentou humilhar meu filho e agora tentou agredir minha
neta!
Minha avó, que é tão velha quanto a origem do clã, avançou
sobre a minha mãe como se fosse um guerreiro jovem no auge da
sua força.
Capítulo 37
Lidith

Foram necessários três desmaios, alguns ossos quebrados e


muitas contusões para a briga generalizada finalmente terminar.
Além da intervenção de outros guerreiros que vieram depois que
mandei Nhaay usar o terminal para pedir ajuda.
No meio de tudo isso ouvi obscenidades de todos os lados, anos
de sentimentos guardados, de coisas que não foram ditas, de
assuntos inacabados entre as famílias, tudo foi jogado na cara
enquanto todos se emaranhavam no calor da briga. Jonas e eu não
fizemos mais do que assistir, além dos empurrões e socos que meu
companheiro fornecia a qualquer um que tentasse se aproximar de
mim para cobrar seja lá pelo que eles queriam.
-O que no mundo aconteceu aqui? - Foi o que meu pai
perguntou quando chegou, mas não se aproximou completamente.
Muitos machos e fêmeas parecem ter ouvido falar da discussão
entre as famílias e vieram assistir (mesmo com a grande distância
que percorreram) o desenrolar da briga, sem ajudarem.
-Minha mãe tentou usar o poder de um macho athneun para
assumir a posição de líder do clã - Respondo sem me preocupar
com quem estava ouvindo, assim todos poderiam ver que Delammia
e sua família continuam sendo tão podres, quanto eram na época
que meu avô estava vivo - Quando ele percebeu que estava sendo
usado foi embora e renegou a união com ela… A Nana chegou logo
em seguida com os outros e depois disso o caos…
-Alguém tocou em você? - Meu pai perguntou com ódio
fervilhando sob sua pele, era quase tangível a raiva que ele estava
sentindo.
-Eu não permiti que isso acontecesse senhor - Jonas foi quem
respondeu, ostentando um olho roxo quase fechado pelo inchaço e
um braço mole.
-Você deslocou o ombro? - Pergunto preocupada antes de olhar
em volta em busca de um curandeiro no meio dessa bagunça.
-Não está doendo tanto quanto meu olho… - Ele responde
parecendo mais preocupado comigo do que com ele mesmo. Macho
tolo! - Como você está? Sua família disse algumas coisas bem
pesadas…
-Eles disseram e também ouviram, a Nana tem uma boca muito
suja… - Respondo com um sorriso polido lembrando com carinho a
forma como a família do meu pai me defendeu, a maioria das coisas
que eles gritaram de volta eram para me defender de tudo o que
viram e ouviram, mas que não fizeram nada porque sabia que isso
me magoaria. O que é verdade, eu sempre amenizava as coisas,
mesmo quando me machucavam nas reuniões de família e ver que
eles se sentiram tão ofendidos por mim só fez meu amor por eles
aumentar.
-Pelo menos agora sabemos porque todos os seus noivados
foram boicotados por eles… - Jonas fala pensativo e eu olho para
ele sem entender.
-Minha mãe se negou a dizer o motivo antes, quando eles
falaram sobre isso? - Perguntei confusa, olhando ao redor do mar
de membros das famílias que agora foram separados.
-Sua prima Prinm levou um soco de acusação de uma das suas
tias e enquanto Alissai tentava tirar ela de cima gritava que o plano
era ideia dos pais delas, porque queriam invalidar sua capacidade
de ser líder usando o fato de que não conseguia se quer manter um
acasalamento - Jonas respondeu com casualidade, como se
estivesse contando uma história comum do dia a dia - Foi nessa
hora que seu tio tentou puxar você e acabou se colocando meu
ombro, eu entrei no meio antes que ele alcançasse você. Ele só
soltou meu braço quando acertou uma joelhada nele… para um
velho orc ele tinha um aperto de garra…
-Pelos Deuses…- Resmungo acenando com a cabeça ao
lembrar da cena, eu não estava ouvindo minhas primas, eu estava
ouvindo minha mãe gritar que deveria ter cortado minha língua e
enfeitiçado minha perna para que eu me tornasse uma inválida, e
logo depois dela dizer isso minha avó puxou as tranças da minha
mãe para trás e segurou sua presa com os dedos para arrancá-la
fora. Assisti o sangue jorrar enquanto minha avó gritava que a única
inválida agora seria ela por todo o mal que fez.
-Vou chamar um curandeiro para ver vocês dois, você fez bem
filho. - Meu pai fala rapidamente com um olhar profundo para nós
antes de começar a dar ordens entrando no modo capitão.
-Ele me chamou de filho? - Jonas perguntou com seu único olho
bom seguindo as costas do meu pai enquanto se afastava e
enquanto ele processava as palavras um sorriso tímido brotou dele
antes dele gemer de dor.
-Você precisa de um curandeiro agora! - Declaro ao arrastá-lo
para o lado da minha avó que estava sendo atendida por um
curandeiro.
-Menina você cheira diferente… - Minha avó fala e todos ao
nosso redor congelam, como se apenas agora se deram conta de
que meu cheiro estava diferente por um motivo.
-Isso se chama estar grávida Nana - Respondo com um sorriso
mal contido com todos eles me olhando, cada expressão em seus
rostos é um deleite completo para o meu humor.
As exclamações de surpresa, junto com uma nova explosão dos
lados da família para começar uma nova briga, com à cacofonia de
sons dos observadores que ainda estavam ao redor assistindo tudo.
Tudo isso é informação demais, tudo isso é complicado demais e eu
poderia ter visto tudo isso como um grande problema, afinal eu
deveria dar uma notícia assim com um grande anúncio e do jeito
certo, mas desse jeito, com tantas coisas acontecendo de alguma
forma foi perfeito.
Com o sorriso doce do Jonas, todo bobo por eu ter falado do
bebê e do seu olhar de admiração do único olho bom, esse é o
momento perfeito, mesmo com o grito de dor que Jonas soltou
quando o curandeiro colocou seu ombro no lugar fazendo ele
desmaiar no processo. Foi perfeito mesmo tendo assistido ele sendo
carregado para uma esteira improvisada para ser cuidado pelo
curandeiro.
Tudo foi perfeito, porque eu finalmente me senti eu mesma ao
redor daqueles que eu amo sem medo do julgamento, sem medo de
estar certa ou errada, sem medo do que minha família faria a
seguir… Eu finalmente me senti liberta de tudo o que minha mãe e a
família dela representavam, tirando um peso dos meus ombros que
eu nem deveria estar carregando e que eu provavelmente já havia
me desprendido a algum tempo, mas não era forte o suficiente para
realmente ‘soltar’ esse fiapo que era nossa relação.
Olhando para a minha avó e minhas tias eu até entendo o motivo
de eu não ter sido completamente sugada pela família da minha
mãe, hoje me dei conta de que mesmo quando eu não podia ver ou
não queria ver elas lutaram por mim como uma família deve fazer de
verdade. Agora eu posso lutar por mim mesma, pela minha família
real e continuar lutando pelo melhor para o meu clã.
-Chega! - Grito com toda a autoridade que me cabe e todos
congelam, até mesmo o meu pai se aprumou para me encarar com
um olhar de orgulho estampado no seu rosto carrancudo - Nhaay e
Celon conversem com o povo que estão assistindo, faço-os
dispersar e diga que vamos fazer um comunicado oficial sobre tudo
o que aconteceu aqui, incluindo as penalizações. Curandeiros,
obrigada pelo serviço de vocês, mas agora vocês podem voltar às
suas obrigações, exceto por você Poulin pode terminar de curar
meu companheiro. Guerreiros se separem em três grupos, um para
escoltar os membros do clã que vieram assistir, um para guardar a
família do meu pai e outro para guardar a família da minha mãe.
-Agora ela acha que manda em tudo? - Uma voz que só posso
imaginar que seja de uma das minhas primas gêmeas, mas como as
duas estão com olhos roxos, cabelos desencarnados e arranhões
por todos os lados, não sei qual é qual agora.
-Sim eu mando, sou a sucessora como líder do clã, então cala a
boca! - Demando com um rosnado baixo, uma das minhas tias
começa a bater palmas incentivando minha resposta e eu a fitei com
um olhar cortante que a faz parar - Escutem, eu sei que o que
aconteceu hoje foi a gota d'água de uma situação que se tornou
insustentável, mas não quero que isso se repita. Mãe você e sua
família serão escoltados para o centro do clã onde serão
investigados um por um!
-Você está nos tratando como criminosos? - O tio da minha mãe
gritou com fúria em seus olhos, ele até ameaçou se levantar, mas
um dos guerreiros o colocou para baixo.
-Vocês são, afinal não é a primeira vez que armam um plano
assim, a diferença é que eu não vou permitir que se repita - Declaro
sem me deixar abalar pela sua reação ou pela tentativa deles de
atacarem novamente, minha mãe é quem chega mais perto de
conseguir avançar, mas meu pai a segurou antes que ela chegue
em mim -Você será investigada e julgada, todos que estiverem
envolvidos nesse seu plano de atrair o macho athneun para ter força
contra nós. Não se esqueça mãe que meu pai ainda é o capitão e o
que você fez hoje para ele e para mim é visto como uma tentativa
de derrubar o governo e se você não tem o apoio do povo sua
tentativa se torna infundada. Resumindo, o que você tentou hoje
pode ser passível a um atentado contra nós, seus líderes e a pena
para isso é a morte ou exílio!
-Você faria isso com a sua mãe? - Delammia pergunta tentando
fazer a cena de fêmea inocente mais uma vez.
-Vou fazer isso com uma fêmea que é culpada e isso vale para
os outros - Termino de falar e aceno para que os guerreiros
comecem a movê-los. Outros veículos chegaram para fazer o
trabalho de locomoção, que não acontece com suavidade, meus tios
tentam se soltar lutando e gritando, minhas primas e tias estão
chorando. Exceto por Rhondra, ouvi quando ela tentou seduzir um
dos guerreiros, mas ela foi totalmente ignorada pelo macho. Se eu
soubesse que esse não cederia poderia ter acasalado com ele, mas
também ele pode não ter ficado impressionado com ela pelo fato
dela estar prestes a ser exilada ou algo do tipo.
-Cacete… - Jonas resmunga ao acordar e eu sorrio para o
macho perfeito que escolhi como companheiro - Eu apaguei?
Cacete!
-Garoto você gritou como uma criança… - A irmã do meu pai
resmunga e as outras acenam confirmando.
-Filha, vá ajudar seu companheiro e tire o resto do dia para
terminar de organizar sua caverna, eu vou aplicar a multa para a
minha família - Meu pai fala ao se aproximar depois de ter colocado
minha mãe em um dos veículos com escolta que levou ela e sua
família para longe.
-Multa? - Minha avó gritou indignada.
-Você sabe da lei mãe, causar um tumulto assim é passível a
multa! - Meu pai fala com um encolher de ombros antes de se
afastar para evitar o cascudo que minha avó ameaçou dar nele.
-Nós estávamos defendendo nossa sobrinha! Irmão ingrato! -
Minha tia gritou rosnando para meu pai.
-Ethani precisamos seguir as regras… - Meu tio, seu
companheiro, fala com carinho ao lado dela.
-Hokk! - Minha tia resmunga.
-Até parece que é a primeira multa que pagamos por isso… -
Minha outra tia fala e logo a conversa se volta para outras situações
em que elas se meteram em problemas e eu as deixei para ver
como meu companheiro forte e bonito está, agora que seu ombro
está no lugar e seu olho menos inchado.
Epílogo
Jonas

-Então você desmaiou? - Elias pergunta assim que me vê, depois


de sair do veículo com sua companheira e as filhas, disparando para
fora em uma corrida para dentro da caverna, Shiara é a última a sair
carregando o membro mais novo da família o pequeno Roucan.
-Elias isso aconteceu há anos e estamos aqui para ver a nossa
irmã mais nova… - Retruco para ele, desde contei para meu irmão
essa é a primeira coisa que ele pergunta sempre que me vê. Meu
irmão parece ser o parente adepto a fazer as piadas ruins, toda
família precisa de um exemplar desses e ele abraçou o cargo com
louvor.
-Pai o vovô disse que eu posso segurar ela primeiro! - Meu filho
Hedohn grita correndo na nossa direção depois de ter entrado
primeiro na caverna que nosso pai está morando com sua
companheira.
-Hedohn você não esqueceu de nada? - Pergunto ao meu
menino que acabou de completar doze anos e acredita que já é um
homem.
-Oi tio Elias, oi tia Shiara - Ele recita como um menino educado,
que está entediado, ele só falta rolar os olhos, mas ele sabe que
isso custaria um castigo no final.
-Olá Jonas, oi Hedohn como você está? - Shiara pergunta com
educação enquanto Elias esfrega as tranças do meu filho fazendo
ele ficar com uma carranca.
-O vovô me deixou pegar a bebê primeiro! - Hedohn responde
como se isso fosse a resposta, afinal como um jovem homem ele
teve a oportunidade de fazer algo primeiro que os outros primos e
agora está se gabando. Meus Deus, como esse menino se parece
comigo!
-Grande coisa eu peguei meu irmão primeiro até que o papai! -
Brinahn se gaba e eu sei que agora os dois vão entrar em um duelo
de quem foi o primeiro ou melhor em alguma coisa, ela é a filha
mais velha do Elias e é tão sabichona quanto o pai na mesma idade,
ela é apenas alguns meses mais nova que Hedohn o que os torna
perfeitos para provocarem um ao outro.
-Lidith não veio? - Shiara pergunta com um sorriso gentil no
rosto, deixando as crianças debaterem seus assuntos em paz.
-Ela veio, mas entrou para tirar um cochilo essa gravides está
cansando mais ela do as outras duas… - Respondo com igual
educação, deixando de lado a parte que ela tem tido crises de
vômito pela manhã e que nenhum alimento parece ser agradável ao
paladar dela - E a Diana ficou com a Nana, ela é muito nova para
atravessar portais então… não vamos ficar por muito tempo.
-Se você tivesse dado uma folga para minha amiga ela teria tido
mais tempo para se recuperar antes de engravidar pouco depois de
ter tido um bebê… - Shiara resmunga, mas não parecendo
realmente irritada, ela está me provocando para aliviar meu estresse
com um senso de humor tão ruim quanto do marido dela.
-E o pai? - Elias pergunta baixo depois que Shiara entra na
caverna para cumprimentar os outros.
-Ele está se esforçando, Vibryin não amolece as coisas para ele
e isso o deixa feliz, por mais estranho que pareça… - Respondo em
um tom ainda mais baixo para não ser ouvido - Tenho feito algumas
visitas a ele algumas vezes por ano e ele se mantém fechado, mas
quando pergunto sobre ele voltar para a cidade ele se nega. Disse
que não tem nada para ele lá e sempre acaba o assunto por aí…
- Vibryin está feliz com o bebê? - Elias pergunta ainda mais baixo
e eu poderia rir, ele nunca conversa diretamente com nosso pai ou a
companheira dele, ele prefere não interferir com medo de falar ou
fazer a coisa errada. Mesmo depois de tantos anos ele ainda tem
receio que as coisas desandem completamente.
-Ela está feliz, porque ela finalmente teve um filho e mais feliz
ainda por ser uma menina - Respondo com um suspiro baixo - As
coisas melhoraram para os homens nesse clã, mas ainda não é um
mar de rosas…
-Ei suas velhas fofoqueiras! - André grita ao aparecer na porta,
ele chegou a algum tempo e estava ajudando a Anamme a trocar a
fralda dos gêmeos que nasceram no ano passado. Ele está
ganhando de lavada essa coisa de fazer bebês, André e Anamme
estão com cinco filhos e pelo sorriso deles ao falar das alegrias da
paternidade não acho que vão parar por aí. Eu e Lidith estamos no
terceiro e eu estou pronto para não fazer isso novamente, mas eu
sei que assim que esse bebê sair Lidith pode ter uma ideia diferente,
ela sempre sentiu a falta de ter crescido sem irmãos e irmãs, e ela
não quer que os nossos filhos passem por isso.
-Não estamos fofocando, só estava me perguntando como uma
fralda pode cheirar tão mal se esses bebês não comem nada além
de tomar leite! - Rebato com a voz em um volume normal fingindo
estar enjoado para enfatizar meu comentário.
-Quem diria que um dia estaríamos conversando sobre fraldas
cheias de coco? - Elias pergunta depois de soltar uma boa risada
para o meu comentário.
-Não me importo com as fraldas, o que me mata são as carinhas
fofas quando tento dar uma bronca… - André rebate soltando o ar
com força - Eu não estou pronto para pré-adolescência das minhas
filhas… Jade tentou fugir na outra noite para montar em dvalos com
o filho do Alehn, quando a peguei antes da fuga ela fez aquele olhar
e dei graças a Deus quando a Anamme cuidou da situação…
-Jade já está gostando de garotos? - Pergunto sentindo um frio
na minha espinha, graças a Deus eu ainda tenho tempo antes que
Diana entre nessa fase e até mesmo Hedohn, tenho certeza de que
ele terá muito trabalho para encontrar alguém que queira estar com
ele por quem ele é não pelo status de sucessor da mãe dele.
-Cacete não! - André quase grita a resposta parecendo prestes a
suar em bicas - Esse garoto do Alehn é que não para de persegui-
la…
-Sei o garoto é o único culpado… - Elias fala, mas para no
caminho quando vê aquela veia pulsando na testa do nosso irmão
mais novo - Graças a Deus Brinahn está mais preocupada em ler e
colecionar coisas nerds, essa menina tentou usar óculos mesmo
sem precisar, porque dava um ar mais intelectual, segundo palavras
dela…
-É assim que começa… - Digo rapidamente antes de fugir do
alcance dos meus irmãos para procurar meu pai e nossa nova irmã.
-Finalmente vocês entraram - Roger resmunga da cozinha, ele
está usando a coleira simples sem a guia, mas não parece se
importar mais com o acessório, ele está terminando de fazer algum
assado para completar a seleção de comida que trouxemos para
fazer um jantar em família - Vibryin está prestes a descer com a
Amalahn…
-Pai eu já a peguei no colo antes da vovó levar ela para mamar! -
Hedohn fala animado e mostrando a língua para Brinahn, ele tentou
esconder o gesto de mim, mas eu vi e agora ele se afastou para se
desculpar com a prima.
-Machos… - Vibryin fala enquanto desce as escadas com o
pequeno pacote nos braços - Conheçam a irmã de vocês…
Amalahn… Que quer dizer amada na língua antiga…
Lidith e Shiara aparecem logo atrás, minha companheira com um
sorriso doce no rosto apesar do cansaço segurando sua barriga que
ainda é pequena, mas que está guardando nosso pequeno tesouro.
Eu aceno para ela antes de colocar os olhos na minha mais nova
irmã, nos braços da mãe. Vibryin tem um pequeno pacote nos
braços com a pele ver como a dela, com as orelhas menos
pontudas que o padrão orc, mas ainda mais adorável e o cabelo não
é tão liso ou tão preto mostrando que esses são traços da nossa
família.
Anamme vem com as filhas e os filhos parando ao lado do André
e dando um dos bebês para que ele segure, Elias pega seu filho
mais novo dos braços da companheira antes de apoiar um braço ao
redor dela. Hedohn parou na minha frente e Lidith veio para o meu
lado apoiando a cabeça no meu ombro.
-Ela é linda… - Falo sem direcionar o comentário, só quero
constatar esse fato - Nossa irmã é linda… ainda bem que ela puxou
para você Vibryin…
-Espere ela abrir os olhos… hoje mais cedo ela fez pela primeira
vez e ele não é completamente preto, no nosso mundo é quase
impossível encontrar alguém que não tenha herdado os olhos
pretos… - Vibryin fala animada com a herança genética da filha -
Entre nosso povo é sinal de boa sorte…
-Ela é nossa irmã, com certeza tem sorte de ter irmãos tão
bonitos! - André fala e eu poderia revirar os olhos para ele se não
concordasse com ele.
-Tomara que ela não herde esse ego da família… - Shiara
resmunga com humor.
-Ela é minha filha, ela com certeza herdou esse ego, mas eu
ainda espero que ela herde a beleza da mãe… - Roger fala
deixando a maioria de nós surpresos por ele ter tentado e eu sou o
primeiro a me recuperar para responder.
-Ela já é bonita como a mãe, daqui a alguns anos você estará
tão estressado quanto o André, tentando chutar os garotos para
longe dela! - Comentei divertido fazendo todos rirem, mas a veia
pulsando na testa do meu irmão salta com irritação.
Depois disso acabamos jantando e logo depois da sobremesa
nos despedimos de todos, Lidith está tão ansiosa quanto eu para
voltar e ver nossa menina. Já Hedohn pediu para ir com o Elias para
a cidade para dormir na casa deles, no final acabamos voltando
sozinhos pelo portal para a nossa caverna no clã onde Lidith agora
é a Capitão oficialmente.
-A sua irmã é linda… - Lidith fala com um bocejo adorável depois
de atravessarmos o portal.
-Como o André disse, a beleza é coisa de família - Respondo
com humor dando um beijo em seu pescoço e absorvendo o cheiro
maravilhoso da sua pele.
-Finalmente! - Nana fala ao aparecer na porta - Eu preciso ir sua
tia foi presa no centro por ter brigado com um dos comerciantes…
novamente e o companheiro dela não está no clã, preciso ir pagar a
multa dela! Diana está no ninho, acordou para mamar e depois
dormiu novamente! Nunca vi um bebê tão tranquilo na minha vida!
Hedohn deu tanto trabalho que deve a pequena querer compensar o
trabalho que o irmão deu…
Nana continua falando mesmo enquanto se afasta, para entrar
no veículo que ela faz questão de dirigir, mesmo ela não sendo uma
das melhores motoristas (ela dirige bem, mas tem as próprias regras
para o trânsito no clã)
-Vamos ver nossa filha? - Pergunto ao puxar Lidith para dentro
da casa.
-Hokk! Sim morri de saudade dela desde que saímos e depois eu
vou tirar um cochilo! - Ela fala ao chutar as botas para fora dos pés
e avançar para as escadas, eu a sigo quase como se fosse uma
sombra dela.
-Ela cresceu tanto nos últimos seis meses… - Eu falo quando
paramos ao lado do pequeno ninho, que na verdade é um berço
mais baixo. Seguro a barriga da minha esposa por trás dela
acariciando e sentindo nosso outro bebê - E esse aqui cresceu mais
ainda nos dois meses que guardei ele aqui…
-Na verdade… - Lidith fala ao se virar para mim me abraçando
com os braços ao redor do meu pescoço - O curandeiro me disse
que o motivo de estar crescendo tão rápido e eu estar me sentindo
tão cansada é que pode existir dois bebês guardados aqui…
-Você está esperando gêmeos? - Pergunto depois de congelar
no lugar por mais tempo do que deveria, Lidith até mudou sua
expressão para uma de preocupação.
-Sim, o curandeiro descobriu hoje depois da avaliação, ele disse
que suspeitava, mas ainda era muito cedo para confirmar - Lidith
responde rapidamente me contando o que o curandeiro falou, eu
sabia que deveria ter ido com ela para a consulta, mas eu tinha uma
aula para dar e ela não queria que eu desmarcasse.
-Meu Deus! - Eu a abraço com carinho agora que o choque
passou e a alegria me inundou - Mais dois bebês! Eu tenho uma
mira do cacete! Elias vai ficar irritado com isso!
-Você está empolgado para provocar seu irmão? - Lidith fala com
um tom de reprovação - Não me admira que Hedohn e Brinahn
continuem brigando como se fossem irmãos!
-Eles são como irmãos, desde que eu comecei a dar aulas no clã
e na cidade passamos muito tempo com eles - Respondo mudando
de assunto, antes que eu acabe encrencado com minha esposa
bonita - E depois que a Anamme voltar da licença é provável que as
brigas diminuam, Brinahn está doida para andar atrás das primas
mais velhas e nosso menino adora dar uma de primo mais velho
mandão para cima do Kurahn e do Junior…
-Eu só não quero que essas discussões piorem… Rivalidade
entre primo nunca é uma coisa boa… - Lidith fala ao lembrar da
própria experiência e eu a beijo para tirar sua mente desses
pensamentos agora.
Lidith pode ter superado tudo o que aconteceu com sua família,
mas ela ainda tem medo que algumas coisas se repitam caso ela
não mantenha sua atenção em tudo. A mãe dela foi exilada para o
mundo do athneuns depois que Lauz aceitou mantê-la em uma
região afastada como um tipo de prisão domiciliar, foi a forma do
macho se desculpar pelo problema que causou mesmo sem saber.
Ele mesmo não voltou atrás com o casamento com Delammia, o
cara acabou participando de uma seleção multi-universos feita a
alguns anos e agora está acasalado com uma humana.
-Vai ficar tudo bem, mesmo que eles discutam é como se eles
fossem irmãos, mesmo depois de brigarem eles voltam a se falar e
até se desculpam… Eles são diferentes meu amor, você não precisa
se preocupar… - Digo com cuidado ainda beijando sua pele e
apertando seu corpo delicioso contra meu corpo. Cacete! Como eu
amo essa mulher orc!
-Você tem razão, estou exagerando… Eu só não consigo
evitar… - Ela responde com a voz pesada.
-Eu vou ajudá-la a relaxar… - Falo com carinho contra sua pele
resistindo à tentação de lambe-la porque se eu começar com isso
não vou conseguir parar tão cedo - Vamos aproveitar a paz na
caverna e fazer você relaxar… vou levar você para tomar um longo
banho e eu vou fazer massagem em você. O que acha? Temos um
plano?
-Hokk sim! Essa ideia é maravilhosa… - Ela fala e olha por cima
do ombro para onde nossa menina está dormindo profundamente
totalmente alheia a nós - Ela é tão calma… se não fosse pelo cabelo
mais claro e a pele cinzenta eu diria que não é nossa filha…
-Espere até ela começar a andar… - Brinco ao acariciar o rosto
da minha filha antes de deixá-la descansar em paz até ela
resmungar de fome, o que deve ser daqui algum par de horas -
Tenho a impressão que ela vai aprender a andar sem fralda mais
cedo que o Hedohn fez…
-Lembra dele correndo pelado aos cinco anos pelo mercado
depois de escapar do meu pai? - Lidith perguntou rindo com uma
gargalhada antes de soltar outro bocejo.
-Lembro da fralda cheia de coco que eu achei na mesa do seu
pai… A fralda tinha virado e tinha coco por toda a mesa e cadeira do
seu pai! - Respondo divertido com a lembrança - Eu nunca vi um
homem sorrir para a mesa cheia de coco! Ele parecia orgulhoso do
neto!
-Aquele dia foi divertido… - Lidith fala depois de tirar a roupa e
finalmente entrar na banheira, eu a acompanho depois de tirar as
minhas roupas. Deixando-a se recostar enquanto eu começo a
massagear seu pé, ouvindo seus pequenos gemidos até escutar
seus doces roncos.
-Todos os dias com você são divertidos meu amor… - Falei baixo
para não a acordar enquanto continuo cuidando da minha
companheira orc.
Agradecimentos e um recadinho
‘Comprado pela orc herdeira’ O que falar desse livro!
Vocês devem ter percebido que os três irmãos, desabrocharam
no decorrer de suas histórias e não sei se também sentiram isso,
mas dos três o Jonas foi quem mais mudou ou melhor se revelou.
André tinha a mente formada, ele sempre soube quem ele é,
mas não ousava desejar nada para si mesmo. Ele só precisava
acreditar que ele também merecia ser a melhor versão dele mesmo
e que ele não apenas poderia como também deveria fazer as coisas
nos seus termos. O mais bonito foi ele ter aprendido isso com os
irmãos ao mesmo tempo que a Anamme também abria os olhos
para o que realmente queria.
Já o Elias sempre tentou esconder quem ele era, mas nunca
escondeu para si mesmo quem ele era ou quem ele queria ser, não
foi à toa que ele se jogou na primeira oportunidade que teve mesmo
sendo teimoso demais para admitir que queria mais do que o
contrato indicava e foi quando as coisas ficaram interessantes para
ele e a Shiara.
Enquanto o Jonas... Ele foi todo um caso a parte, se recusando a
aceitar que ele não era o cara frio e preconceituoso que ele
acreditava ser e queria ser. Ele vestia com perfeição essa capa do
cara mal, até estar com alguém que o fez querer tirar essa capa,
que o fez sentir a necessidade de olhar para tudo sem o pesar da
amargura. Pode ter começado quando ele se identificou com a Lidith
e a familia dela que era tão manipuladora quanto o pai dele, ou
simplesmente porque ele se permitiu conhecer alguém mais
profundamente e aprendendo com isso.
No final para cada um deles tudo o que precisava era de uma
pessoa especial e isso vale para elas também, alguém que os
fizesse sair da zona de conforto.
Quando escrevi a história deles eu queria trazer justamente os
personagens que causaram algum desconforto quando foram
apresentados. Que não foram pré-definidos como personagens
bons, porque eu queria trabalhar na evolução deles enquanto
pessoas, com seus traumas e suas personalidades. Mostrar que
nem sempre alguém ruim é de fato ruim, que tudo depende do
observador já que as vezes em um relacionamento nós não
conseguimos ser nós mesmos ou deixar que o outro seja ele mesmo
e isso vale para amizade, familia e amores. Devemos buscar estar
próximos de quem nos ajuda a sermos melhores e aprender com as
relações ruim o que pode ou não ser usado na sua vida.
Enfim chegamos ao final dessa trilogia dentro da saga a ‘Seleção
orc’, outros livros virão e até alguns contos com alguns personagens
apresentados nesses volumes, para quem quiser acompanhar um
pouco do meu trabalho mais de perto e até falar comigo fique a
vontade para mandar uma mensagem pelo meu Instagram de
autora.
Ah! E não esquece de deixar sua avaliação com as estrelas e se
puder deixe um comentário sobre o que achou dessa história, além
de me ajudar a saber o que vocês acharam da história também
mostra para outras pessoas o que esperar do meu trabalho!
Muito obrigada a você que acompanhou esse romance e assim
como eu se apaixonou um pouco pelo idiota da Lidith kkkkk

@ raphaelasousa.autora/ -
https://www.instagram.com/raphaelasousa.autora/
Outros livros da autora
Como Aprendi a Amar (Duologia Amar
Livro 1)
Sinopse: Catarina cansou de ser a gordinha virgem
com quem ninguém quer sexo! Ela está prestes a fazer 30
anos e decidiu tomar uma atitude quanto a isso. Mas será que
uma noite será o suficiente?

https://www.amazon.com.br/gp/product/B084KZ3339/ref=dbs_a_
def_rwt_hsch_vapi_tkin_p1_i6
Como Encontrei o Amor (Duologia Amar
Livro 2)
Sinopse: Na família eles a chamam de Baby, já no
trabalho de megera! Mas seu nome é Walquiria, a filha
mais nova e a mais independente, a que viajou para longe
do ninho e ama a liberdade que tem. Até que uma noite
cheia de confusão e sexo quente faz com que sua vida vire
de cabeça para baixo.
https://www.amazon.com.br/gp/product/B086WR5NZB/ref=dbs_a_d
ef_rwt_hsch_vapi_tkin_p1_i7
Uma nova chance de recomeçar

Sinopse: Viola é uma mulher que em seus 28 anos já


perdeu o grande amor da sua vida logo depois de pouco
tempo de casamento. Ela então se fecha para o mundo,
até anos depois alguém inesperado bater a sua porta em
busca de teto, esse alguém é realmente quente e pode
trazer uma avalanche de problemas nutrir qualquer tipo de
relação que não seja de amizade. Nick é um cara de 21
anos, ele tem suas metas de vida e em nenhuma delas
está em se envolver com a única mulher que não deveria,
mas isso não o impede de deseja-la. Ele não é mais uma
criança e sabe exatamente o que fazer para seguir em
frente, como costuma fazer. Mas será que será suficiente?
Principalmente quando o passado bate na porta e os
problemas do presente só aumentam.
https://www.amazon.com.br/gp/product/B084KM1C9Q/ref=dbs_a_de
f_rwt_hsch_vapi_tkin_p1_i5
Companheiro Inusitado (Vol. 1.0)

Sinopse: Beth passou por todo o tipo de preconceito


enquanto crescia, negra e acima do peso o tipo de mulher que
sabe bem o que a discriminação pode causar, mas sempre teve
o apoio dos pais até que eles faleceram, mas ainda assim
deixaram algo para que ela se erguesse sozinha e continuasse
a lutar por seus sonhos.
Tudo o que ela mais deseja é ver sua pequena empresa sair do
papel e fazer seu negócio dar certo, enquanto o mundo se
prepara para mais um lançamento bombástico e tecnológico!
Que será capaz de mudar a vida de muita gente, incluindo a
própria Beth.
Ela terá um aliado em sua empreitada, mesmo que não tenha
certeza do que ele realmente é...
Um robô que criou consciência talvez? Isso é possível?
A única certeza nessa história é de que nada é o que parece
ser...

Companheiro Inusitado é o primeiro livro de uma saga,


cheia de revelações e romances lindos, cada livro conta com
um casal principal, mas a história principal se desenrola no
decorrer dos outros livros.
https://www.amazon.com.br/gp/product/B0BBPMR2WB/ref=dbs_
a_def_rwt_hsch_vapi_tkin_p1_i1
Companheiro Revelado (Vol. 2.0)

Sinopse: Elisa sempre lutou para não sucumbir e por muito


tempo ela achou que havia encontrado a salvação em alguém
que ainda a fazia sofrer, mas comparado à antes ela se sentia
no céu. Até a realidade bateu em sua cara. Ela enfim aprendeu
que ela mesma deveria tomar uma atitude e começaria
enfrentando seus medos, começando do jeito que sabe e seja
um humano ou regnari...
Nenhum deles tem a menor noção de quem é Elisa Leal!

Enquanto isso todos os planos de uma colonização na Terra


parecem estar indo ladeira a baixo e Elisa pode descobrir se
mais ainda forte do que imaginava ao ajudar nessa empreitada.
*Companheiro Revelado* é a continuação de
*Companheiro Inusitado*, uma história envolvente com o
desenvolver de um novo casal muito quente e cheio de
reviravoltas!
Além disso também foi resgatado alguns personagens queridos
do livro* Uma nova chance de recomeçar*, também da autora.
https://www.amazon.com.br/gp/product/B091BHSSFD/ref=dbs_a
_def_rwt_hsch_vapi_tkin_p1_i2
Companheiro Despertado (Vol. 2.1)
***EXCLUSIVO NA AMAZON***

Sinopse: Camila não vê a hora de explorar a grande nave


espacial, que está estacionada na Órbita da Terra à anos.
Graças a sua tia Viola toda a família tem trabalho com os
regnaris e agora que a oportunidade de viajar até a nave surgiu
ela insiste em ir também, suas melhores amigas Nora e Daisy
também vão, assim como seu pai também, mas isso não vai
impedi-las de explorar.

Ela só não imagino que explorar não seria a coisa mais


emocionante esperando por ela na nave Dhealk.
*Companheiro Despertado 2.1 é uma história paralela a
história principal contada em *Companheiro Inusitado 1.0* e
*Companheiro Revelado 2.0*.
Não interfere na história principal, mas faz parte do primeiro
livro que ilustra a situação na Terra.
https://www.amazon.com.br/gp/product/B0957TLX1X/ref=dbs_a_
def_rwt_hsch_vapi_tkin_p1_i3
Companheiro Involuntário 3.0

Sinopse: Flora tem uma fama na família, mesmo com seus


vinte dois anos eles continuam a tratando como uma criança.
Eles fazem a mesma coisa com a irmã, mas ao contrário dela
Nora não aguenta mais isso e quer tomar providencias sobre
isso.

E o que melhor do que entrar escondida nessa missão


suicida até o planeta inimigo? Ela tem treinado duro e dado o
melhor de si para mostrar seu valor e essa é a oportunidade
perfeita.
Principalmente quando ela enfim encontra o regnari
misterioso, que por um bom tempo ela achou que fosse fruta da
sua imaginação. Contudo ele é tão real quanto ela e está indo
nessa missão o que quer dizer que se antes ela já estava
motivada a isso, agora ela simplesmente não pode deixar a
chance passar. Não importa o que isso custe.

*Companheiro Involuntário 3.0* é continuação de


*Companheiro Inusitado 1.0* e *Companheiro Revelado 2.0*

Além disso também foi resgatado alguns personagens


queridos do livro* Uma nova chance de recomeçar*.
https://www.amazon.com.br/gp/product/B09HN4ZLW3/ref=dbs_a
_def_rwt_hsch_vapi_tkin_p1_i4
A noiva humana do Orc vaidoso (Seleção
ORC)

Sinopse: Emilie precisa salvar a ONG que seus pais


trabalharam tanto para criar, mas para isso terá que abrir mão
de um casamento por amor e ao lado de um homem bom. Algo
que ela já havia aberto mão a muito tempo, por não ter o
padrão de beleza que a faria ter pretendentes reais e que a
vissem como ela realmente é.
Por isso quando sua amiga sugeriu o programa de noivas
tributo ela se inscreveu, porque pelo menos assim ela seria
escolhida por alguém que se agradaria com sua aparência. Não
é?

Kaell não queria estar no programa, ele é um orc orgulhoso


de nunca ter que recorrer a algo assim para encontrar uma
fêmea disposta, mas infelizmente ele cometeu um deslize grave
e seu pai o estava fazendo pagar por isso. O capitão do maior
dos sete clãs não aceitaria que seu filho o fizesse se
envergonhar novamente.
Por isso ele estava no programa e por isso seu pai também
decidiu escolher a fêmea que seria sua companheira.

*Romance adulto com cenas quentes, humor e um novo


mundo para vocês se encantarem*

https://www.amazon.com.br/gp/product/B0BL8BK37Y?
notRedirectToSDP=1&ref_=dbs_mng_calw_0&storeType=ebooks
Comprado pela ORC Graciosa (Seleção
ORC)

Sinopse: Elias é o filho mais velho, que sempre se orgulhou


de não ter cedido completamente as sandices do pai, mas que
também nunca tentou intervir. Ele e seus irmãos vivem para
resolver os problemas da familia, mesmo que com métodos
nada convencionais.
Contudo eles serão sacudidos com a nova ideia do pai para
ganhar mais dinheiro do que jamais imaginaram e tudo começa
com o inicio de mais uma seleção de noivas e agora noivos
para os ORCS.
O único que sente que esse será o começo de algo realmente é
o Elias, que graças a sua prima terá a chance de fazer o acordo
que finalmente permitirá que ele tente viver sua vida como
sempre quis. O problema é que mesmo com acordos perfeitos,
nem sempre as coisas são fáceis de gerenciar.

Shiara é uma fêmea orc que nunca pensou que aceitaria


participar da seleção e escolher um companheiro entre os
machos humanos, mas como tudo nada vida não vem fácil,
para ela estava claro que ter um acasalamento dos sonhos
também não seria.
Depois de ser convencida a participar pela sua amiga humana
que acasalou na primeira seleção com o futuro líder do clã da
montanha, Shiara aceita entrar e se jogar de cabeça. Porque
ela não vai aceitar nada menos do que ela merece, um macho
que queira ela inteiramente e mais ninguém!

Esse é o primeiro livro de uma trilogia linda, cheia de


romances quentes e reviravoltas empolgantes! Com direito a
cenas quentes (muito quentes) trazendo mais da nova saga de
noivas e noivos tributos para os orcs.
https://www.amazon.com.br/gp/product/B0BSG2YP1T/ref=k
u_mi_rw_edp_ku
Comprado pela ORC Determinada
(Seleção ORC)

Sinopse: André é um homem que vive sem complicações,


ele é o mais novo de três irmãos e escolheu ser o mais quieto,
ter a atenção em uma familia como a dele nunca é um bom
sinal. Ele aprendeu isso do jeito difícil, quando ainda era jovem
demais para entender, mas ensinou a ele como fazer seu
caminho o mais isolado possível.
Até que seu pai coloca ele e seus irmãos em um novo tipo de
problema, um que ele achou que se safaria, mas quando ele foi
escolhido na seleção ORC por uma mulher orc alta e com
aparência ameaçadora ele se viu obrigado a continuar jogando
nas condições do pai, ou assim ele achou que seria, afinal sua
noiva orc tinha uma proposta para ele que mudaria tudo.
Começando com seus princípios tão enraizados nele e na sua
familia complicada.

Anamme é uma guerreira, ela é como qualquer orc que luta,


come e acasala. Exceto que ela sente seu relógio biológico falar
mais alto e ela quer abraçar a ideia de ter uma familia, mas sem
o problema que um acasalamento pode ter. Afinal ela só precisa
dos filhos, um companheiro é algo superestimado entre as
fêmeas. Não é?
Ela não conheceu o fracasso em campo e não vai conhecer
agora, ela escolheu o macho que será o pai dos seus filhos e
vai ter esses filhos com ele. Simples assim. A questão é que
com o tempo mesmo alguém tão determinada pode mudar os
planos, não todo ele, talvez certos detalhes... Detalhes que
começam e terminam com manter o macho com as covinhas
mais adoráveis que ela já viu, seja do jeito fácil ou do jeito
difícil.
Afinal ela nunca perdeu uma batalha e não vai começar a
perder agora.
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Desafiando a Maldição (Vol. 1) (Irmãs
Russo)

Sinopse: Bianca Russo acredita que está na cidade por um


motivo, mas se vê diante de situações constrangedoras e
reveladoras com uma pessoa, Luca Rossi ele é mais novo e um
pentelho... Mas faz com que ela sinta coisas, por toda a parte...
Para completar sua irmã louca e depravada está a caminho e
ela sabe que quando Beatriz Russo se envolve os problemas só
aumentam e as risadas também.
Principalmente com a história de que existe uma guerra entre
Rossis e Russos, tão antiga que ninguém sabe o motivo de
tudo ter começado, geração após geração, apenas especulam
os motivos.
O que ninguém realmente consegue entender é como a cada
geração uma nova rixa começa. A fofoca na cidade borbulha e
ninguém consegue se segurar em saber será que a maldição
vai continuar?
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Presos na Maldição (Vol. 2) (Irmãs
Russo)

Sinopse: Russo versus Rossi ou Ferrari versus Rossi? O


que é verdade nessa história de maldição, as irmãs Russo
fizeram grandes descobertas, mas ainda não chegaram nem
perto da verdade. Verdade essa que pode ser esquecida
quando a terceira irmã chega na cidade, carregando mais do
que apenas bagagem e verdades a serem contadas.
O futuro pode ser mudado, o que é real pode ser subjetivo e o
presente nem sempre é conhecido. A maldição pode enfim
mostrar suas garras e revelar que existe, ou tudo vai continuar
como obra do acaso?
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