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Título Original: Aries
Copyright © 2019 por Gemma James
Copyright da tradução © 2020 por Editora Bookmarks.
DEZESSEIS DIAS.
Dezesseis dias agonizantes que, de alguma forma,
passam rápido demais. Passo a maior parte deles escondida
na cobertura, com medo de encontrar alguém que não seja
Liam. Mas não consigo escapar da ironia da situação,
porque Liam está me evitando da mesma forma que tenho
evitado Sebastian.
Mal nos vemos, exceto pelas refeições. Exatamente
como no primeiro dia, só que sem a lingerie ínfima.
E ele não me toca.
Nunca.
Mas sei que ele quer.
— Isso é fantástico — Faye declara, estudando meu
esboço de um vestido de gala. O traje tem as costas nuas
com uma saia tipo sereia e, embora seja feito em carvão,
imagino um tom azul da cor da meia-noite, como a roupa de
cama nos aposentos de Liam.
— Está bom. — Pego um lápis e começo outro esboço.
— A saia poderia ser mais ampla.
— Acho que ficou perfeita. — Faye coloca o desenho em
cima dos outros. — Elise diria a mesma coisa.
Elise está viajando pela ilha com um pretendente, e
Faye e eu estamos deitadas em duas espreguiçadeiras na
sala principal. Só porque Liam se trancou em seus
aposentos, não significa que eu tenha que fazer o mesmo.
E se eu for sincera comigo mesma, talvez esteja
esperando vê-lo desde que uma reunião na sede da
Irmandade do Zodíaco o deteve durante toda a manhã. Ele
está em seu escritório desde que voltou, fiel à distância
crescente entre nós.
— Você é muito crítica consigo mesma — Faye retruca.
— Poderia começar uma linha de roupas com isso.
É um assunto sobre o qual falamos antes. Sem dúvida,
surgirá novamente, porque Faye é leal e solidária. Atrevida
e sempre cheia de opiniões. Enquanto eu me submeto, ela
segue em frente, se recusando a deixar alguém ficar no seu
caminho.
Ela quer que eu faça a mesma coisa, já que é uma das
minhas damas e melhor amiga de anos.
— Ela tem razão — Liam fala, sua voz profunda me
assustando. Largo o lápis e me viro para encontrá-lo em pé
sob o arco que leva à sala de jantar. Ele caminha até a mesa
e pega um desenho. — Você tem talento. Deveria
desenvolvê-lo.
— Eu poderia fazer isso, se vocês não estivessem me
passando de mão em mão.
Faye ofega.
— Novalee...
Ela não está acostumada a me ouvir desrespeitar
ninguém com autoridade. Eu também não estou.
Liam franze o cenho.
— Preciso ver você nos meus aposentos. — Sem outra
palavra, ele se vira e sai.
Eu me levanto da cadeira.
— Continuaremos depois.
— Ele vai te machucar?
— Não.
— Tem certeza? — A dúvida transparece no rosto dela.
Escondo minha própria apreensão, porque não tenho
certeza do que esperar de Liam. Moramos nesta cobertura
nas últimas duas semanas, trocando apenas conversas
breves e educadas. Mas há mais entre nós, e essa
percepção só se intensificou.
Agora que ele exige minha presença em seus
aposentos, não sei se estou animada ou intimidada.
— Está tudo bem, Faye. Aproveite a tarde.
Saio da sala antes que ela possa se opor, mas quando
chego à porta que impede minha entrada em seu quarto,
paro.
Ele vai me castigar por causa do meu atrevimento?
Vai usar o cinto dessa vez?
Este último pensamento dá um no em meu estômago.
Não estou pronta para conhecer o lado mais severo de
Liam.
Não tenho escolha. Tem que haver algo, porque ele não
pode me beijar do jeito que fez e depois me ignorar o
restante do tempo que vou passar em sua casa. Bato na
porta com mais força que pretendia. Ele a abre, e eu entro
em seu domínio íntimo.
— Sabe jogar xadrez?
A pergunta me pega desprevenida e me viro para
encará-lo, com os olhos arregalados em descrença.
— Xadrez? Você quer dizer o jogo de tabuleiro?
Um sorriso surge em seus lábios.
— Sim.
— Achei que você havia me chamado aqui para me
punir.
— Ah, eu ainda tenho essa intenção.
— Não entendo.
— Responda à pergunta. Você joga?
— Sim. — Não muito bem, mas não digo isso. Ele já tem
vantagem suficiente sobre mim.
— Podemos? — Ele gesticula em direção à mesa, que
fica na frente das portas francesas onde um tabuleiro de
xadrez nos espera. Enquanto nos acomodamos em cadeiras
opostas, eu o observo, tentando descobrir qual é o seu
verdadeiro jogo.
Porque não pode ser só xadrez.
Como estou sentada no lado das peças brancas, faço a
primeira jogada, movendo um peão dois quadrados para
frente.
— Sua vez, Chanceler.
Ele leva um peão para a frente.
— Hoje você está desejando minha mão, não é, minha
linda menina?
O pensamento da sua palma quente na minha bunda
nua faz coisas estranhas no meu estômago.
— Não sei do que você está falando. — Movendo um
cavalo, finjo inocência.
— Você sabe exatamente do que estou falando. — Ele
segue minha liderança e seu cavalo pula sobre um dos
peões. — Está sendo impertinente comigo porque está
chateada com a distância que coloquei entre nós.
— Que intuitivo da sua parte. — Movo outro peão.
— Você se sente rejeitada.
— Isso não é verdade.
É a mais pura verdade, e me odeio por essa fraqueza.
Não esperava me sentir assim, mas sinto, e isso está
provocando o caos na minha cabeça. Avançamos vários
peões, perdendo alguns ao longo do caminho, e então mexo
a rainha, sem prestar atenção.
Quando se trata dele, não tenho estratégia.
Sua torre devora a minha rainha.
Ele se recosta no assento, com o queixo apoiado no
punho.
— Não tenha pressa.
Soltando um suspiro de frustração, considero minhas
opções. Eu poderia tomar a rainha dele em dois
movimentos, mas ele só a protegeria. Os segundos passam
enquanto estudo o tabuleiro, procurando um curso de ação
vencedor que ainda não encontrei.
A paciência dele é interminável. Ele se senta na cadeira
como se fosse o dono do mundo, além de ser meu dono
neste jogo. Quando estou prestes a mover o bispo, ele
quebra o silêncio.
— Se você vencer, vou te fazer gozar.
Sua promessa faz meu corpo inteiro formigar,
provocando excitação nas minhas veias e estimulando um
líquido quente no ápice das minhas coxas. Levanto o olhar,
surpresa com o desejo em seus olhos castanhos sensuais.
— Está tentando me distrair?
Ele dá de ombros.
— Só estou dando um incentivo.
A promessa de suas mãos em mim é motivação
suficiente... se eu achasse que tinha alguma chance de
ganhar.
Mas não tenho, e ele sabe disso.
— Você me provoca, Chanceler.
Sua boca se contorce com a falha proposital.
— Vou ganhar de você em duas rodadas.
— Como pode ter tanta certeza?
— Eu sei como jogar, Novalee.
Com certeza, ele sabe. Me trouxe até aqui só para me
provocar. Em vez de mover um bispo, movo o cavalo,
pulando dois quadrados para frente e um para a direita, e,
como prometeu, ele me coloca em xeque. Só existe um
lugar para meu rei seguir.
E depois da minha vez, o jogo acaba, porque ele me
encurralou.
— Esta é a sua ideia de punição? — Levo meu rei à
rendição inevitável. — Me ver perder?
— Ainda não cheguei ao seu castigo. — Liam desliza sua
rainha para a posição. — Xeque-mate.
Seus olhos se enredam nos meus, cheios de calor. Não
consigo respirar, dominada pelo silêncio sedutor entre nós.
— Você ganhou — digo, engolindo em seco.
— Sim. — Ele se levanta, e estende a mão. O anseio é
nítido em seu rosto.
Apoio a na sua, sentindo meu corpo formigar em
antecipação. Estou nervosa e assustada ao mesmo tempo.
Hoje, ele não está tão arrumado, o cabelo está bagunçado,
as abotoaduras foram removidas e as mangas estão
enroladas até o cotovelo. Ele me leva até os três degraus da
cama e ordena que eu me curve contra ela. Enquanto tiro o
edredom, estou ciente de que é onde ele dorme.
Sozinho.
Provavelmente nu.
Ele se dá prazer entre esses lençóis?
Pensa em mim quando faz isso?
— Abra as pernas.
Com os batimentos cardíacos acelerados, separo as
coxas. Ele levanta a parte de trás da minha saia, e eu o
ouço respirar fundo.
Porque não estou usando calcinha.
— Cacete, Novalee.
Quero que ele me toque. De verdade. De forma
obsessiva. Só penso nisso nos últimos dezesseis dias
enquanto ele se afastava de mim.
Protegendo a nós dois, segundo ele.
— Por favor — sussurro, arqueando a coluna.
Ele estende a mão onde minhas nádegas se encontram
e as pontas dos dedos chegam perto de onde os quero.
Muito perto.
Mas ele não se mexe. Sua mão quente e pesada
permanece no meu traseiro, apenas uma provocação. Uma
promessa. Meu batimento cardíaco pulsa em meus ouvidos,
aumentando uma... duas... três vezes.
Então ele dá um tapa na minha bunda.
Não há grito ou choro de dor. Apenas um gemido de
necessidade quando a palma da sua mão se conecta com a
minha pele novamente, de forma suave e deliberada
enquanto aqueles dedos estão muito perto daquela parte
que dói por ele.
Estou pegando fogo e virando cinzas para esse homem.
— Por favor — digo novamente enquanto meus
membros tremem.
— Por que você está implorando?
Por tudo.
Não consigo verbalizar o que quero, pois estou incapaz
de formar as palavras. Elas são um apelo estranho na minha
língua.
Quero gozar.
Ele me bate de novo, e os dedos roçam a umidade entre
as minhas pernas.
Liam sabe o que eu quero e está brincando comigo.
Eu preciso gozar.
Está se formando dentro de mim, tão forte quanto um
tsunami. Tão intenso quanto o próprio mar.
— É isso que você quer, minha linda menina? — Seus
dedos se curvam, deslizando através da minha excitação, e
ele os mantém lá enquanto eu me contorço.
— Mais — eu gemo.
Seu polegar empurra pressiona meu ânus, adicionando
força suficiente para me fazer ficar quieta. Ele está me
segurando, se recusando a me dar mais. Seu torso cobre
minhas costas, e ele me puxa pelos cabelos.
— Como você esquece rápido. Você perdeu o jogo.
— Por favor — imploro, incapaz de respirar fundo.
Não do jeito que meu coração está acelerado.
Não enquanto seus dedos estão no meu clitóris. Uma
provocação implacável.
Digo seu nome em um suspiro, e ele estremece com a
respiração quente e a voz rouca no meu pescoço.
— Você não sabe o nível de controle que estou
precisando invocar agora. — Lentamente, seu polegar
invade meu traseiro, queimando... queimando...
Choramingo de novo, desta vez de dor.
— Você é mais sexy do que qualquer mulher com quem
já estive. Totalmente inocente e muito sensível. Já conheço
a sensação de estar dentro da sua boca, Novalee. — Seu
polegar avança mais um centímetro, e eu grito de agonia. —
Meu pau está morrendo de vontade de saber como é isso
aqui também.
— Pare!
Ele se afasta no mesmo instante. Por vários momentos,
fico apoiada na cama, com o peito arfando, aterrorizada
com o que ele sugeriu enquanto seu polegar violava meu
traseiro. Passos ecoam pelo quarto. Uma cadeira arranha o
chão. Me levanto do colchão e o encaro.
— Alguns dos meus irmãos não vão parar. — Seu olhar
fica sombrio, acompanhado por um vinco de raiva entre as
sobrancelhas. — Eles vão penetrar o seu traseiro, e não há
nada que eu possa fazer para detê-los, Novalee.
Sua declaração me abala profundamente. É dita com
uma verdade dura e uma pitada de frustração impotente, e
eu quase desmorono.
— Não quero te deixar.
Abandonando sua cadeira e diminuindo a distância
entre nós, ele emoldura meu rosto com as mãos quentes.
— Mas você precisa. Nosso tempo juntos está
diminuindo rapidamente. Preciso que você se comporte. O
Heath não vai tolerar sua atitude.
— Vou tentar.
— Você fará mais do que tentar. — Sua voz engrossa,
com o aviso. — Porque da próxima vez que você falar
comigo com tanto desrespeito, não vou te deixar com a
boceta pulsando. Vou deixar marcas na sua bunda. Está
claro?
Meus olhos se enchem de lágrimas, e eu pisco para
contê-las.
— S-sim.
— Pode voltar para seus aposentos. Você deve ficar lá
até o jantar.
08
A AMEAÇA DE LIAM fica na minha cabeça em um looping
estressante. Suas palavras duras atingiram meu coração,
provocando uma melancolia inevitável que só é exacerbada
pela chuva. Tento escapar da minha realidade iminente,
visitando as butiques na parte principal da ilha com minhas
damas de companhia.
O problema da realidade é que ela raramente pode ser
evitada.
Assim como a chuva, que cai torrencialmente. A
precipitação implacável tem sido um incômodo constante
há dias. Voltamos à torre encharcadas e cheias de compras.
O guarda-costas que Liam insistiu que deveria nos
acompanhar — um homem inexpressivo, com braços
musculosos e um pescoço grosso — abre a porta da entrada
principal, e nós entramos, espalhando água por toda parte.
— Hoje não foi o melhor dia para um passeio — Faye
diz, soltando as bolsas que estão em suas mãos.
— É um dia tão bom quanto qualquer outro. — Elise
coloca o resto das compras no chão. — Jerome disse que
aqui chove por pelo menos duzentos e cinquenta dias do
ano.
Jerome é o empresário rico que tem cortejado Elise nas
últimas semanas.
Faye revira os olhos.
— Jerome isso, Jerome aquilo.
Elise faz uma careta para ela.
— Você não precisa ser má comigo por isso.
— Me desculpe — Faye pede, envergonhada. — Vou
tentar me controlar.
Selma aparece.
— O Chanceler gostaria de vê-la na biblioteca — ela me
diz enquanto nos entrega toalhas.
— Sabe por que ele pediu para me ver?
— Não é um pedido. E não sei qual é o motivo.
Seco o cabelo, apalpando a combinação de fios soltos e
tranças, e um formigamento de excitação me atinge. Desde
o jogo de xadrez, as coisas ficaram repletas de inegável
tensão sexual. Ele não havia me procurado.
Até agora.
Me afasto das minhas damas de companhia e sigo pelo
longo corredor. O vestido gruda na minha pele molhada,
mas abandono a ideia de ir à cobertura para me trocar
primeiro, ansiosa demais para ver Liam. Ao passar pelos
retratos dos ancestrais da Irmandade, a pintura de
Evangeline Castle chama minha atenção. Como deveria ser
estar em sua posição, prisioneira e à disposição de doze
homens? Ela se apaixonou por algum deles?
Um?
Dois?
Três ou mais?
Não posso me imaginar apaixonada por dois homens,
mas não posso negar que estou atraída por Liam e
Sebastian.
A atração por Sebastian não faz sentido.
Viro em outro corredor e é aí que percebo que fiz o
caminho errado. Como se meus pensamentos conjurassem
sua presença, o timbre áspero de Sebastian soa no corredor,
vindo de uma porta entreaberta à esquerda.
— Lindo demais, Mona.
Uma voz feminina murmura palavras incompreensíveis
em resposta, e eu diminuo os passos, atenta para o que
está além daquela porta. Todos os ossos do meu corpo me
pedem para continuar, para não olhar para aquela sala e o
encará-lo. Para não dar a ele outra oportunidade de ser
cruel comigo.
Parece que gosto de punição. Prendendo a respiração,
espio pela fresta da porta, e a visão depravada diante dos
meus olhos rouba o ar dos meus pulmões. Expiro com força
e em silêncio.
Uma mulher está se exibindo em um salão, com os
cabelos de um profundo tom de vinho espalhadas sobre
seios nus e salientes. Mas é a pose que me deixa em transe.
Suas pernas estão dobradas e abertas. Sua feminilidade
depilada está em exibição orgulhosa. Ela não tem vergonha
ou pudor, e algo em sua confiança me chama atenção.
Sebastian está de costas para mim enquanto transfere a
imagem para a tela, e não posso deixar de observar a
amplitude dos seus ombros ou a maneira como seus
cabelos loiros escuros estão despenteados.
Ele é o oposto de Liam.
Descarado, enquanto o Chanceler é reservado.
Despreocupado em vez de controlado.
Sua imagem é sexy em comparação com o estilo mais
clássico de Liam.
O jeans baixo rouba minha atenção quando o pincel
atinge a tela com traços confiantes. O homem pinta tão
bem quanto preenche uma calça jeans.
— Bash — a mulher fala e quando volto minha atenção
para ela, encontro seus profundos olhos castanhos em mim.
Ela aponta na minha direção, e Sebastian se vira antes que
eu possa sair pelo corredor.
No instante em que seus olhos azuis encontram os
meus, fico paralisada, pega em flagrante e com as
bochechas quentes de vergonha. Uma vida inteira parece
passar enquanto nos olhamos. Meu pulso acelera. Ele ergue
as sobrancelhas. Passo a ponta da língua pelos lábios e
quando sua atenção se concentra ali, não posso deixar de
mordiscá-lo.
Ele franze a testa, solta o pincel, e é aí que me coloco
em movimento, correndo pelo corredor o mais rápido que
posso.
No entanto, ouço passos atrás de mim, acompanhados
por uma respiração profunda e dura. Uma mão grande e
quente aperta meu braço e me puxa para parar. Me viro
lentamente, sentindo cada batida tortuosa do meu coração
soar nos ouvidos quando encaro a acusação em seu olhar.
— Conseguiu ver bem?
— Eu-eu não quis...
— Não quis me espionar? — ele interrompe, invadindo
meu espaço pessoal. Ele não é tão alto quanto Liam, mas
sua presença é arrogante o suficiente. Enquanto tento me
afastar, seus dedos apertam meu braço, tornando a fuga
impossível.
— Eu não estava espionando.
— Liam sabe que você está aqui embaixo?
— Sim. — Embora eu tenha certeza de que o Chanceler
não ficaria feliz em nos encontrar assim, com a mão dele
segurando meu braço enquanto meu peito se agita contra o
seu.
O sulco entre as sobrancelhas de Sebastian se
aprofunda.
— Estou surpreso que ele tenha deixado sua pequena
companheira andar por aí.
— Ele solicitou minha presença na biblioteca.
— Esta ala está fora dos limites para você. É reservada
para o meu estúdio.
— Sinto muito. Eu não sabia.
— Bem, agora você sabe.
— Isso não vai acontecer novamente.
— Se certifique de que não aconteça. — Ele solta meu
braço e sinto falta do calor do seu toque, o que é uma
loucura, porque ele só me trata com desdém toda vez que
nos encontramos.
Mas não posso negar que estou acesa com a
intensidade em seu olhar, a seriedade em sua expressão e a
maneira como ele está apertando aquelas mãos grandes. Eu
as imagino segurando minhas coxas e coro ainda mais.
O que há de errado comigo?
Não é como se eu tivesse o costume de ficar tão sem
jeito na companhia de um homem.
Mas talvez esse seja o problema: Sebastian não é um
homem comum parado na minha frente. Ele é cem por
cento alfa e pode reivindicar legalmente minha vida.
Ele é o tipo de homem que pinta mulheres nuas por
diversão.
E em quatro meses, ele terá domínio total sobre o meu
corpo.
Um arrepio me percorre, carregado de excitação com o
pensamento intrusivo. Como se sentisse minha reação à sua
proximidade, ele dá um passo à frente novamente,
ocupando meu espaço pessoal. Centímetro por centímetro,
ele me empurra contra a parede. Minha coluna bate na
pedra fria, e eu suspiro quando algo duro pressiona minha
coxa.
Sebastian está ostentando uma ereção e, embora
estivesse pintando uma atraente mulher nua cinco minutos
atrás, estou certa de que o desejo dele é por mim.
— Você pode ser útil, já que interrompeu minha sessão
— ele fala com um murmúrio sexy enquanto enfia as mãos
em minhas mechas loiras.
— O que você quer dizer?
— Me dê um pouco de inspiração. — Seu corpo duro
empurra o meu, tentando minhas curvas suaves a se
moldarem contra o contorno dos seus músculos e as curvas
do abdômen.
Olho para os seus lábios.
— Não vou tirar a roupa para você.
— Você poderia se cobrir com o cabelo. Ele é incrível.
O elogio é inesperado, e eu gaguejo um agradecimento.
— Quis te pintar desde o primeiro momento em que a
vi.
Pisco e naquele milésimo de segundo, me imagino em
exibição na frente dele como a mulher que ele deixou na
outra sala. Sem roupas, com as pernas abertas ao seu olhar
enquanto ele captura como me vê na tela, com pinceladas
ousadas e seguras.
Sem cadeira de exames ou hostilidade.
Sem nenhum outro homem.
Mas ele me veria como menina ou mulher? Algo me diz
que seria como a última opção.
— Está pensando sobre isso, não é? Você abriria as
pernas e me deixaria pintar sua boceta, princesa? — Seus
olhos brilham com curiosidade divertida, mas a vulgaridade
de suas palavras desperta o oposto em mim.
— Me solte — exijo, empurrando seu peito.
A diversão desaparece da sua expressão, e ele se afasta
de mim em um segundo.
Como se eu o queimasse.
— Me perdoe — ele fala. — Por um momento, pensei
que seus seios totalmente formados significavam que você
havia crescido, que não era mais a rainha criança que
conheci há seis anos.
A indignação toma conta de mim. A última coisa que
quero é que ele me veja como criança.
— Tenho dezoito anos agora.
— Como eu disse. Uma criança.
Resisto ao desejo de bater os pés e discutir com ele,
pois tenho certeza de que esse tipo de comportamento só
comprovará sua percepção.
— Você é insuportável. Por que tem que ser tão idiota?
Com um suspiro, ele dá outro passo para longe de mim.
— Está no meu dna, princesa. Você é inocente demais
para ver a verdade.
— Devo lembrá-lo de que sou uma rainha.
Seus lábios se contraem com mais divertimento.
— Não é necessário qualquer lembrete. Tenho pressão
demais da minha família para garantir um casamento com
você.
— Você não parece feliz com isso.
— Eu já aceitei.
— Não sou o que você esperava?
Seu olhar viaja ao longo do meu corpo, me aquecendo
novamente.
— Não, minha rainha. Eu esperava uma menina
recatada e adequada, menos atraente que uma freira. Mas
você é a inocência envolvida no corpo de uma estrela pornô.
Cerro os dentes. Me deixar levar por sua provocação só
aumentará a tensão entre nós, porque Sebastian é fogo e
paixão concentrados em um homem incrivelmente lindo e
instável. Um movimento chama minha atenção, e um olhar
por cima do seu ombro revela a linda modelo parada na
porta do estúdio, com o corpo envolto em um lençol de
cetim preto.
— Você vai voltar, Sebastian?
A essência dela é pecaminosa por si só, e nunca invejei
outra mulher até agora. A atenção dela se desvia e quando
sigo a direção de seu olhar, encontro Liam parado nas
sombras do corredor, com braços cruzados e boca curvada
em sinal de desagrado.
09
O JANTAR É INSUPORTÁVEL. Tenso e silencioso. Apenas o
som dos talheres na porcelana quebra o silêncio. Ele disse
que não está chateado comigo.
Sebastian é o alvo de sua raiva.
Mas, no fundo, não acredito.
— Por que você queria me ver na biblioteca hoje?
Pela primeira vez desde que nos sentamos à mesa, os
olhos de Liam encontram os meus.
— Heath precisa tirar suas medidas para a coroa.
Eu pisco.
— Que coroa?
— É o presente de Heath para você. Haverá uma
coroação após o leilão.
Suas palavras são um lembrete duro e doloroso de que
meus dias com ele estão contados.
— Remarquei a reunião. Ele virá à cobertura amanhã. —
Ele me lança um olhar significativo. — Você deve se
comportar de forma adequada.
— Tudo bem. — Volto a empurrar o canelone pelo prato.
Os segundos que se seguem corroem minha
compostura e bato o salto do sapato no chão. A comida não
tem sabor quando desliza pela minha garganta.
— Não suporto o pensamento deles tocarem em você.
Assustada com a confissão, olho para ele.
— Eu também não.
Com exceção de um.
A tensão na mandíbula de Liam me diz que ele também
sabe disso.
— Você se sente atraída por ele. — Não é uma pergunta,
mas um fato que exibe o ciúmes em seu rosto.
— Prefiro estar aqui com você a qualquer outra pessoa.
— Só diz isso porque meus irmãos são um território
desconhecido. Você tem medo do que não conhece.
Provavelmente é verdade, mas não há como negar
minha atração por Liam, ou a conexão que sinto quando
estou com ele. Está lá desde o começo.
Ainda mais silêncio paira entre nós.
Pesado com as palavras ditas.
E com as coisas que não dissemos.
— Amanhã é o meu aniversário. — O anúncio rompe a
tensão crescente, oferecendo uma mudança de assunto
bem-vinda.
— Quantos anos?
— Vinte e quatro.
— Tem planos para comemorar?
— Todos eles envolvem você e muitas coisas que não
devemos fazer.
— Por que não devemos? — pergunto, mal conseguindo
respirar.
— Eu não sou um homem paciente, Novalee. Você sairá
de minha casa em alguns dias, e não poderei te tocar pelos
próximos onze meses.
— Mas você é o Chanceler.
— Sim, minha palavra detém a maior autoridade em
decisões políticas e de negócios, mas o contrato da
Irmandade a seu respeito está fora desse escopo. Minha
única vantagem é ter você primeiro.
Mordo o lábio, com medo de expressar minha próxima
pergunta.
— O que acontece se você... me tocar... quando eu
estiver sob a autoridade de outra pessoa?
— Tocar em você sem permissão? — Ele passa os dedos
pelos cabelos. — Punição física, na melhor das hipóteses.
— E na pior?
— Meu direito de participar do leilão pode ser revogado.
Meus pensamentos se voltam para o momento em que
Sebastian me colocou contra a parede.
— É por isso que você está furioso com Sebastian?
Porque ele me tocou?
— Ele passou dos limites, mas não se envolveu em um
ato sexual com você. — Ele faz uma pausa, batendo os
dedos na mesa com irritação. — Esse sou eu mostrando
minha propensão ao ciúme.
Gosto que ele esteja se sentindo assim. É uma coisa
vergonhosa de admitir, até para mim mesma.
— O que constitui um ato sexual?
— Caramba — ele murmura, soltando um suspiro. —
Tocar seus seios ou outras áreas íntimas, beijar, usar você
para ter prazer... — Ele olha para o teto como se estivesse
implorando por coragem. — E sexo.
— Liam. — A suavidade do seu nome nos meus lábios
traz seu foco de volta para mim, e sinto meu rosto ficar
vermelho de calor. — Quero essas coisas com você.
É uma confissão descarada, algo que não acredito que
coloquei em palavras.
— Se eu te tocar, se eu realmente te tocar, não sei
como vou manter minhas mãos afastadas até o leilão.
O jantar é esquecido na mesa, frio e sem gosto. A única
coisa que quero provar é ele. Me lembro do seu pau na
minha boca, e o desejo resultante é tão intenso que aperto
as coxas.
— O que está passando pela sua cabeça? — ele
pergunta como se sentisse a direção dos meus
pensamentos.
— Naquele primeiro dia na biblioteca, quando eu estava
de joelhos... — Faço uma pausa, hesitante em continuar. —
Estava pensando em como queria fazer isso de novo.
Murmurando um xingamento, ele se levanta.
— Você não consegue evitar de me provocar. — Ele
pega nossos pratos e se dirige para a cozinha, onde Selma
espera, fora do alcance da nossa voz para nos dar
privacidade. — Tenho trabalho a terminar antes de dormir.
Você deveria dormir um pouco também.
Essa é a última vez que o vejo pelo resto da noite. Tomo
um banho com o mais recente romance de fantasia que
estou lendo, mas nem a leitura sobre dragões e maldições
distrai minha cabeça de Liam Castle.
Estou tentada a deslizar a mão entre as pernas para
encontrar alívio, mas não o faço.
Porque ele me proibiu.
E quero que essa primeira vez seja com ele.
Quero que ele faça para que não seja com os outros.
Também quero que ele vença o leilão para que os outros
não tenham chance de tirar minha virgindade.
Não é fácil dormir. Me mexo e me viro por horas,
atormentada por imagens de doze pares de mãos me
tocando, me punindo, me usando para seu prazer.
A realidade é assustadora e as imagens na minha
cabeça são impossíveis de esquecer. Tenho certeza de que
ficarei acordada a noite toda, pensando em dever e
destino...
Até que algo na cama se mexe, e percebo que cochilei.
No começo, acho que estou presa naquele local estranho
entre sono profundo e parcialmente alerta. O tipo de sono
em que parece que alguém está sentado na cama. É uma
sensação esquisita, pois sei que estou sozinha.
A não ser que... eu não esteja sozinha.
Com um arquejo, sento na cama, e uma mão firme me
coloca deitada no colchão novamente.
— Sabe que horas são? — A voz de Liam paira apenas
alguns centímetros na escuridão, seu tom repleto do toque
lascivo de desejo.
Engulo em seco, pega de surpresa.
— Já é madrugada?
— Já passa da meia-noite.
Suas palavras são baixas, mais lentas que o normal e
sem inibição. Se eu não pudesse perceber por seus gestos,
o cheiro do uísque no ar já seria suficiente.
— Você está bêbado?
— Nunca bebo demais. Estou comemorando.
— Comemorando o quê?
— Meu aniversário.
Olho para a mesa de cabeceira e para o brilho verde dos
números no relógio que está lá. Já passou mesmo da meia
noite.
Observo o contorno do seu rosto no meu quarto escuro.
— Feliz aniversário, Chanceler.
O colchão se mexe novamente quando ele se senta e,
em seguida, ele leva as mãos ao meu peito e os dedos
roçam minhas costelas enquanto ele rasga a camisa do
pijama do peito ao umbigo. Os botões voam pelo ar. Ele me
levanta por tempo suficiente para tirar a blusa arruinada, e
meus mamilos endurecem como se estivesse esperando o
calor do seu olhar.
O calor da sua boca.
O toque dos seus dedos.
Suas mãos flutuam sobre os bicos sensíveis, e não
posso deixar de me arquear contra suas mãos quentes.
— Você se tocou sem a minha permissão, Novalee?
Balanço a cabeça, gemendo algo próximo de um não,
com o corpo implorando por mais. Implorando pelo que ele
se recusou a me dar.
— Se eu fizer você gozar, quero algo seu em troca.
Considere isso um pedido de aniversário.
— Qualquer coisa.
— Depois que você sair da minha casa e pelos próximos
onze meses, quero sua palavra de que você não vai se tocar
quando estiver sozinha.
— E se me ordenarem isso?
— Isso é algo fora do seu controle. Mas o que você faz
quando está sozinha... — Ele se apoia em mim, abaixa a
cabeça e a boca roça na minha orelha. — Isso é com você, e
quero que me prometa que seus dedos não entrarão em
contato com sua linda boceta.
— Você vai me fazer gozar?
— Durante a noite toda, minha linda garota.
Estremeço em seus braços.
— E se eu estiver pensando em você quando me tocar?
— Essas palavras são provocadoras. — Ele geme, e
então sua boca cobre a minha. O peso do seu corpo nos
pressiona contra o colchão enquanto ele captura minha
boca. Enfio os dedos em seus cabelos grossos, puxando os
fios enquanto envolvo as pernas em sua cintura. A posição
nos une de maneira explosiva, sua dureza contra a minha
suavidade.
Se afastando com um gemido doloroso, ele se arrasta
até o final da cama e agarra meus tornozelos. A próxima
coisa que sei é que estou deslizando no colchão. Ele me
levanta por cima do ombro e me carrega para seu quarto. A
porta mal faz barulho quando se fecha, nos levando ano
único lugar que não tenho permissão para ir.
O lugar onde ele dorme.
O lugar onde ele jurou que não me possuiria até depois
de nos casarmos.
Ele empurra a calça do pijama pelas pernas e tira o
resto das roupas. Fico paralisada, olhando seu glorioso
corpo nu. Guiada pelo luar, eu o toco dos braços definidos
às coxas musculosas.
E tudo no meio.
Nossas respirações estão ofegantes, e eu umedeço os
lábios com a ponta da língua. Suas narinas se alargam e um
grunhido baixo escapa da sua garganta. Ele está no seu
estado mais primordial, cru e animalesco, lutando para se
controlar.
— Se não fosse o contrato — ele fala, os punhos
cerrados ao lado do corpo —, eu faria você sangrar por mim.
Só por mim, Novalee.
Mas existe um contrato, e nós dois temos o dever de
respeitá-lo.
Liam se aproxima mais, diminuindo a distância entre
nós e o cheiro do seu perfume atinge meu nariz. Sua
respiração ofegante enche meus ouvidos. Giro o pescoço
para encontrar seus olhos.
— Sou sua... como você me quiser.
— Quero você nua.
Ele emite a ordem com paciência e calma, mas sinto a
sua urgência enquanto tiro a última peça roupa. É a mesma
necessidade desesperada que corre pelas minhas veias,
aquecendo meu sangue ao ponto de ebulição. Assim que
estamos sem roupas ou vergonha, sem reservas e sem
qualquer dúvida, eu fico de joelhos e o levo à boca. Não
penso nisso. Nem questiono.
Tudo o que sei é que desejo prová-lo novamente.
Seus dedos se entrelaçam em meu cabelo e, em vez de
me puxar para mais perto, ele me puxa para longe.
— Ainda não.
— Por quê?
— Quero ver você gozar primeiro. — Ele me puxa para
seus braços e me carrega até sua cama. — Você confia em
mim?
Minha resposta é imediata.
— Sim.
Ele me coloca na beirada da cama, e eu coloco as mãos
para trás, meu foco preso a cada movimento dele. De pé
entre as minhas coxas, ele envolve a mão em seu pau. A
sua imagem, uma silhueta dentro da noite, evoca a
semelhança de Adônis, o deus da beleza e do desejo.
Porque ele detém tanto beleza quanto sedução à
medida que esfrega a cabeça do pau entre minha vagina,
espalhando minha umidade.
O seu troféu.
— Liam — gemo, sentindo minha força se esvair,
tremendo e incapaz de me apoiar em meus braços. Caio no
colchão e agarro a roupa de cama. Minha pele fica quente.
Muito quente.
Estou prestes a entrar em combustão.
— O que você está fazendo comigo?
— Estou mantendo seu corpo puro. Sua cabeça e seu
coração são outra questão.
Com uma mão, ele se apoia sobre mim e aproxima a
boca da minha. O atrito glorioso entre nós se intensifica.
Suor e volúpia encharcam minha pele, e mal consigo formar
um pensamento. Tudo o que posso fazer é gemer seu nome
contra seus lábios várias vezes enquanto seu pau me leva à
loucura.
— Liam! — Seguro o cobertor e a parte superior do meu
corpo se ergue do colchão. Tudo abaixo da cintura é
propriedade dele.
— É isso aí — ele geme. — Goze no meu pau. Vamos lá,
minha linda garota.
Ele não para até que a última onda intensa me liberta.
Estou flutuando em uma nuvem etérea de prazer quando
ele me puxa pelos braços.
— Agora — ele diz com um aceno para baixo.
Destruída demais para ficar de pé, vou para o chão. Fico
de joelhos, e ele se empurra em minha boca, que está em
espera. O gosto de nós é um prazer proibido na minha
língua. Estou delirando quando ele se esforça para gozar,
esmagando a parte de trás da minha cabeça na lateral do
colchão. Apoio as mãos em suas coxas, enfiando as unhas
em sua pele.
Porque estou presa, prensada entre o colchão e a
necessidade furiosa de enfiar o pau dele na minha garganta.
— Droga — ele ofega, seguido por outra série de
palavrões que saem de seus lábios. Um arrepio atinge seus
músculos e as coxas ficam tensas sob minhas mãos.
Então ele se rende. O aperto no meu cabelo é uma
queimação dolorosa enquanto ele atira seu sêmen na minha
garganta.
E nunca pensei que testemunharia o dia em que Liam
Castle gemeria meu nome.
10
CORPOS NUS. Lençóis de cetim. Sinto satisfação quando
abro os olhos e encontro o olhar de Liam em mim. Me
estico, deslizando a perna entre as suas.
— Que horas são?
— Quase hora do almoço.
Não estou surpresa, já que ficamos acordados até de
manhã, descobrindo um ao outro. Agora sei que morder o
lóbulo da sua orelha o deixa duro. Passar a mão pelo
abdômen até o umbigo o faz ofegar. Arrastar um dedo ao
longo do comprimento do seu pênis faz com que ele se
contraia.
Colocá-lo na minha boca o faz perder a cabeça.
Eu o fiz perder a cabeça mais de uma vez.
Ele descobriu coisas sobre mim também. Coisas que
nem eu não sabia. Como quando ele acariciou minha aréola,
e senti cócegas em vez de me excitar. Ou como a
antecipação me fazia estremecer quando ele passava a
língua sobre a minha coxa. O quanto seu cabelo era suave e
sedoso enquanto eu o segurava entre minhas pernas.
Como eu pulsei em sua língua pelo que pareceu uma
eternidade.
Foi uma noite mágica, que eu gostaria que nunca
tivesse terminado, porque o tique-taque fraco do relógio é
um lembrete constante de que o tempo não diminui seu
ritmo para nada.
Me virando de costas, Liam me pressiona no colchão.
— Como vou deixar você ir?
— É só não deixar.
— Você sabe que não tenho escolha.
— Vou conseguir te ver depois que eu for embora? —
Acaricio a curva de seu ombro.
— Vou garantir que sim. — Uma sombra deixa suas
feições sombrias. — Mas não vamos poder nos tocar.
Definitivamente, não podemos fazer isso.
Ele pressiona seus lábios quentes nos meus, a língua
procurando entrada, e eu suspiro em seu beijo.
Como vou ficar onze meses sem ele? Parece uma
eternidade.
Liam interrompe o beijo, e eu faço a pergunta que mais
dói em meu coração.
— E se você não ganhar?
Não consigo pensar nos possíveis resultados. Em
nenhum dos doze.
Como pode ser alguém além dele?
— Não quero que você se preocupe com isso agora. —
Ele me segura pelo queixo. — Muita coisa pode acontecer
nesse período. Você pode se apaixonar por alguém que não
seja eu.
Um olhar azul desdenhoso invade minha cabeça,
indesejado e impertinente.
— É você quem eu quero.
— Você se sente confortável comigo. Mas não teve a
chance de conhecer meus irmãos.
Semicerro os olhos.
— Está repensando sobre vencer o leilão?
— Não. — Seu polegar toca meu lábio inferior. — Mas se
eu não for quem você quer quando o leilão chegar, não vou
competir para vencer.
— Não vale a pena lutar por mim?
— Vale, minha linda menina. — Ele se afasta e se senta
na beira da cama. — Mas sua felicidade vale mais para mim
do que vencer.
Eu me sento, puxando o lençol para cobrir os meus
seios, subitamente insegura e tímida. Ele não tirou minha
virgindade ontem à noite, mas não fazia diferença, pois
havia roubado um pedaço da minha alma que nunca vou
recuperar.
— Quero que seja você, Liam.
— Se você ainda se sentir assim daqui a onze meses,
farei tudo ao meu alcance para garantir que serei eu. — Ele
se levanta e dá um passo à frente, se mantendo de costas
para mim. — Preciso tomar banho e me vestir. Você deveria
fazer o mesmo. Heath estará aqui em uma hora.
Ele desaparece no banheiro e fecha a porta, e é como
se uma parede surgisse entre nós novamente.
11
VESTIDA COM UMA SAIA preta de chiffon e uma blusa
sem mangas, fico sentada na sala de estar principal.
Superficialmente, estou preparada para enfrentar o dia, com
a maquiagem impecável e os cabelos macios. Qualquer
pessoa que lançasse um olhar em minha direção, pensaria
que eu estava pronta para esta reunião com o homem que
reinará sobre mim nas próximas semanas.
Mas não estou.
— Pare de se remexer, linda menina. — Liam
gentilmente me repreende.
Só então percebo o movimento rítmico do meu pé,
cruzando um sobre o outro. Paro com o movimento nervoso
assim que Selma aparece na porta.
— Chanceler, o sr. Bordeaux está aqui para vê-lo.
Liam assente.
— Mande-o entrar.
Ela sai de vista e o homem que me lembro do jantar e
do exame médico toma seu lugar. Ele é mais alto que
Sebastian, e alguns centímetros mais baixo que Liam. Seu
terno preto caro, meticulosamente passado, não tem vincos
visíveis. Há uma seriedade inegável sobre ele, e uma frieza
que me faz tremer.
Seus olhos castanhos se concentram em mim.
— Minha rainha.
Inclino a cabeça.
— Não tenho certeza de como devo me referir a você.
— Sr. Bordeaux servirá. — Ele entra na sala e se senta
ao meu lado.
Liam não se mexe nem um centímetro. Ele está tão
inexpressivo quanto o homem ao meu lado.
— Acredito que o Chanceler tenha te informado o
motivo por trás dessa visita.
— Sim.
— Sim, Sr. Bordeaux — ele corrige, franzindo a boca. —
E espero que me receba de joelhos quando me
cumprimentar no futuro. — Ele lança um olhar irritado para
Liam. — Na verdade, ela deveria estar nessa posição agora.
As palavras dele me deixam arrepiada e antes que eu
tente responder, Liam o interrompe.
— Você não tem esse tipo de autoridade nesta casa.
— Em breve, minha rainha. — Heath pega uma fita
métrica do bolso. — Preciso tirar suas medições.
Ele gesticula para o topo da minha cabeça, e eu
permaneço imóvel enquanto ele passa a fita ao redor do
meu crânio.
Mas estou tremendo internamente e tentando me
segurar. Dentro de alguns dias, Liam não estará por perto
para me proteger desse homem.
— Minha rainha tem algum pedido com relação ao
design? — ele pergunta enquanto marca as medidas em um
portfólio preto.
— Sua rainha não tem. — Não posso evitar, o tom
sarcástico soa na minha voz antes que eu possa me
impedir, e sinto o suspiro de Liam em vez de ouvi-lo. O
arquear descontente das sobrancelhas escuras de Heath me
deixa com medo e corro para aliviar meu tom. — Mas
obrigada por me dar essa opção.
Ele fecha o portfólio com um estalo decisivo.
— Chanceler, acredito que você foi negligente ao lidar
com a senhorita Van Buren.
Liam não sai de sua posição. Sentado à minha direita
com o queixo na mão, ele nos observa de uma forma que
encobre qualquer indício do que está pensando.
— Lidei muito bem com ela.
— A atitude dela é inaceitável.
— Temos opiniões diferentes sobre o que é aceitável.
Heath se levanta, franzindo o cenho.
— Ela precisa de uma sessão de treinamento na
masmorra.
— Isso não acontecerá enquanto ela estiver em minha
casa.
Heath divide sua atenção entre mim e o Chanceler, com
o queixo rígido, frieza e olhos castanhos semicerrados em
frustração.
— Essa será a primeira coisa que ela receberá quando
estiver em minha casa.
Ele sai da sala de estar e quando a porta da frente bate,
eu me assusto.
Liam se levanta.
— Não posso deixar passar esse comportamento.
Inclino a cabeça com vergonha, porque ele havia me
avisado.
— Sinto muito.
— Desculpas não vão te salvar da masmorra. E não vão
te poupar agora. — O som de uma fivela de cinto me faz
erguer a cabeça. Fico triste ao vê-lo deslizar a tira de couro
grossa das presilhas da calça.
— Liam, por favor.
— Tire a saia.
Piscando para conter as lágrimas, levanto e deslizo a
saia até o chão. O tecido leve se acumula ao redor dos
meus pés e saio da poça de chiffon.
— Suba — ele fala, acenando para a cadeira que acabou
de desocupar. Ele coloca o cinto na palma da mão. — Você
pode se apoiar no encosto para obter apoio.
— Por favor — imploro novamente enquanto as lágrimas
escorrem.
— Faça como eu digo!
Seu tom estrondoso de barítono destrói o resto da
minha compostura, e eu sinto lágrimas quando subo na
cadeira. Não é a ameaça de dor que mais me incomoda.
É a traição que me invade, devastando meu coração no
caminho.
Abraço o encosto almofadado enquanto o ouço se
aproximar. Os passos propositais param atrás de mim, e ele
respira fundo. Aguardo, com os músculos tremendo
enquanto o arrepio percorre minhas costas.
Ele havia prometido vergões se eu não me comportasse
novamente.
Ele havia dito que era uma questão de consistência,
então sei que o primeiro golpe está chegando.
Ele é um homem de palavra.
Mais alguns segundos se passam, e eu prendo a
respiração enquanto o sal da sua traição escorre pelas
minhas bochechas.
Ainda assim... o primeiro golpe não vem.
— Merda, Novalee. — Algo bate no chão.
Estou paralisada na minha posição vulnerável, com
medo de acreditar que ele mudou de ideia.
— Desça. — Sua voz é baixa e derrotada.
Um soluço de alívio me escapa. Me viro para encará-lo
com os membros trêmulos, as bochechas banhadas em
lágrimas enquanto envolvo os braços ao meu redor.
— Você não conseguiu.
— Não. — Ele me segura pelo queixo. — O pensamento
de te machucar me deixa doente. — Seu aperto fica mais
firme, incongruente com suas palavras. — O Heath não
sofre do mesmo problema. As regras dele são rígidas,
Novalee. Ele vai te machucar quando você desobedecer.
— Por quê? — A pergunta é pouco mais que um sussurro
rouco. Limpo a garganta. — Por que ele iria querer me
machucar?
— Porque ele é assim. — Ele me solta e dá um passo
para trás, colocando distância entre nós. — E ele não muda
de ideia. Depois que decide algo, não há como escapar. —
Seu olhar arrependido dispara na direção da cadeira atrás
de mim. — Ele não vai mudar de ideia sobre a masmorra.
— Não quero ir.
— Você tem que ir. — Ele está tremendo e em farrapos
enquanto passa a mão pelos cabelos. — E quando for, não
vou poder te proteger.
Continua em Touro...
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