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ALESSANDRA TOROSSIAN
AMANDA C. A. FERNANDES
AMANDA M. DE DOMENICO
ANANDA M. MARCON
DIEGO BONAPARTE
GIOVANA
LISSA RESENDE
PAULA MAEHLER

ESTUDO DAS SOBRECARGAS POSTURAIS EM


ODONTOLOGOS DO BAIRRO IPIRANGA DA CIDADE DE
SÃO PAULO

São Paulo
2010
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ESTUDO DAS SOBRECARGAS POSTURAIS EM


ODONTOLOGOS DO BAIRRO IPIRANGA DA CIDADE DE
SÃO PAULO

Trabalho apresentado à disciplina de Saúde do


Trabalhador do Centro Universitário São
Camilo – Campus Ipiranga – São Paulo, como
requisito parcial para aprovação na disciplina.

São Paulo
2010
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RESUMO

TÍTULO: ESTUDO DAS SOBRECARGAS POSTURAIS ODONTOLOGOS DO


BAIRRO IPIRANGA – SÃO PAULO

As dores e os problemas posturais sempre foram motivos de muitas


reclamações por parte dos cirurgiões-dentistas. Atualmente com os equipamentos
mais ergonômicos muitos dos problemas diminuíram, mas mesmo assim, ainda há
dificuldades de se evitar os problemas posturais. Pretendeu-se nesse estudo
verificar e descrever a prevalência de distúrbios posturais decorrentes da sobrecarga
de atendimento e postura que acometem os profissionais da odontologia, nos dias
atuais após orientações sobre ergonomia e qualidade de vida apresentadas nas
universidades e especializações, bem como verificar as posturas mais
constrangedoras e os procedimentos que causam maior desconforto para o
profissional, observar os locais das dores ou desconfortos físicos referidos, verificar
os hábitos posturais, assim como analisar as possíveis causas das algias referidas.
A pesquisa foi do tipo descritiva de campo e a população constitui-se de 21 de
odontologos que atuam no Bairro Ipiranga da cidade de São Paulo (SP), com pelo
menos, mais de 5 anos no mercado de trabalho. Como instrumento de estudo foi
utilizado um questionário contendo 43 questões abertas e fechadas aplicado
individualmente. Os dados foram tratados por estatística descritiva, com utilização
de tabelas de freqüência e gráficos. Constatou-se através da análise dos resultados
que todos os profissionais que participaram da pesquisa apresentam ou já
apresentaram algum desconforto decorrente da atividade profissional, que as dores
na maioria dos casos aparecem por volta do segundo ano de atuação, sendo que a
coluna cervical é a região corporal mais acometida pelas algias e que a má postura
é a principal causa do desconforto na opinião dos mesmos.

Palavras-chave: postura corporal, sobrecarga postural, procedimentos odontológicos


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1 INTRODUÇÃO

A postura pode ser definida como uma posição ou atitude do corpo, o arranjo
relativo das partes do corpo para uma atividade específica, ou uma maneira
característica de alguém sustentar seu corpo (KISNER; COLBY, 1998).

A boa postura é imprescindível para o bem-estar do indivíduo. A estrutura e


função do corpo proporcionam todas as potencialidades para obter e manter a boa
postura (KENDALL; McCREARY; PROVANCE, 2007).

Os padrões culturais da civilização moderna e os avanços tecnológicos


associados às sobrecargas sobre as estruturas básicas do corpo humano para a
realização de atividades cada vez mais especializadas e limitadas, que incitam a
manutenção de posturas por longos períodos, fazem com que se torne necessárias
influências compensatórias de modo a obter a função ideal sob as condições
impostas por esse estilo de vida (KENDALL; McCREARY; PROVANCE, 2007).

Nesse aspecto, segundo Santos e Barreto (2001) a odontologia tem sido


considerada uma profissão “estressante”, sendo freqüentemente associada a
agravos à saúde, tanto de ordem física como psíquica.

A alta incidência de desconfortos posturais nessa classe profissional


relaciona-se com sua tendência para um padrão de atividade especializado e
repetitivo. Estudos sistemáticos sobre os distúrbios músculo-esqueléticos em
cirurgiões dentistas vêm sendo realizados desde a década de 50, e são
responsáveis pelas primeiras propostas de modificações nos processo de trabalho
dos dentistas, inclusive a mudança do trabalho da posição ortostática para a posição
sentada (SANTOS, 2001).

Entretanto, permanecer sentado durante horas a fio, mesmo em atividades


pouco exaustivas, pode causar fadiga, distúrbios circulatórios e dores físicas. E, com
a atenção voltada ao trabalho e concentração na tarefa realizada, cria-se tensões e,
conseqüentemente, fica fácil assumir, com o passar do tempo, posturas que serão
prejudiciais à saúde (CHAFFIN, ANDERSON; MARTIN, 2001).

A correção dessas condições existentes depende da compreensão das


influências de fundo e da implementação de um programa de medidas educacionais
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positivas e preventivas. Ambas requerem uma compreensão da mecânica do corpo


e sua resposta às sobrecargas e tensões impostas a ele (KENDALL; McCREARY;
PROVANCE, 2007).

As complexas relações funcionais entre as facetas articulares, articulações


intervertebrais, músculos e sistema nervoso no esqueleto axial constituem um
desafio para o terapeuta em termos de avaliação, análise dos problemas e
desenvolvimento de um programa de exercícios terapêuticos que trate dos mesmos
(KISNER; COLBY, 1998).

Por ser a odontologia uma profissão passível de distúrbios osteomusculares e


posturais, tornam-se de grande relevância o estudo e caracterização do perfil
profissional do odontólogo desde os primeiros anos de atuação no mercado de
trabalho, para que se possa orientá-los de maneira a prevenir e/ou minimizar os
distúrbios posturais osteomusculares decorrente do trabalho.
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1.2 PROBLEMA DA PESQUISA

Inicialmente, os cirurgiões-dentistas trabalhavam utilizando a posição em pé,


ao lado da cadeira com o paciente sentado. Os equipamentos utilizados não
permitiam um bom posicionamento. Os equipos eram fixos e ficavam longe forçando
os cirurgiões-dentistas a realizar inclinações e rotações que influenciavam o
posicionamento correto, levando a problemas de coluna e fadiga. O avanço
tecnológico e os estudos ergonômicos tornaram os equipamentos mais adequados
para a atuação desses profissionais. Com o surgimento do mocho (assento com
encosto destinado ao profissional da odontologia) o dentista passou a trabalhar
sentado, porém ainda de forma incorreta devido a falta de adaptações. As cadeiras
odontológicas antigas não baixavam o suficiente, não permitindo ao cirurgião uma
boa visão e acesso à boca do paciente; não lhes era possível posicionar os
membros inferiores embaixo do encosto, para aproximar-se do paciente; os braços
largos obrigavam os odontólogos a flexionar a coluna dorsal e aumentar a protusão
de cabeça para obter uma melhor visualização (FLENK, 1989).

Com as mudanças da filosofia de trabalho, a prática odontológica teve grande


desenvolvimento, e o dentista passou da posição de pé ao lado da cadeira para uma
posição sentada. Com o avanço tecnológico, cadeiras mais apropriadas, o mocho
regulável e os equipos mais móveis e bem posicionados diminuíram os problemas,
no entanto, os cirurgiões-dentistas continuam sendo uma população alvo de muitas
dores articulares e musculares, decorrentes das más posturas (GENOVESE, 1991).

O fato de trabalhar sentado não é suficiente para diminuir o desgaste físico da


prática odontológica, pois os esforços do cirurgião-dentista na posição sentado
podem ser maiores, o que torna seus movimentos mais cansativos (GENOVESE,
1991).

Durante seu trabalho, o dentista utiliza grupamentos musculares específicos


para cada movimento. Com a manutenção da tensão nos mesmos, as repetições no
decorrer do trabalho, associado às posturas inadequadas e estresses emocionais,
ocorre fadiga e isquemia muscular localizada e, conseqüentemente, o recrutamento
de músculos acessórios para auxiliar na realização das tarefas, o que proporciona
um aumento do quadro álgico (OLIVEIRA, 1998).
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Segundo Viel e Esnault (2000) as lombalgias e cervicalgias são conhecidas


pelas pessoas que permanecem longo tempo sentadas. Figlioli e Porto (1986)
referem que as dores nas costas, decorrentes da má postura sentada, são as
queixas de um grande número de cirurgiões-dentistas em todo o mundo. Estudos
sobre a sua incidência têm revelado que um terço dos profissionais em exercício
sofre de dores na região lombar e que um, entre dois dentistas, tem patologias na
coluna lombar relacionados com o trabalho.

Santos e Barreto (2001) referem em seu estudo que os profissionais


odontólogos estão entre os primeiros em afastamentos do trabalho por incapacidade
temporária ou permanente.

Para Figlioli (1987) no trabalho sentado, é fundamental que o dentista


mantenha a postura ergonomicamente correta, ou seja, deve trabalhar com as
costas relativamente retas e apoiadas no encosto do mocho; as coxas paralelas ao
chão e formando um ângulo de 90o (graus) com as pernas; os pés apoiados no
chão; manter os cotovelos junto ao corpo ou apoiados em local que esteja no
mesmo nível; a cabeça ligeiramente inclinada para frente; a distância entre os olhos
do dentista e a boca do paciente deve ser de aproximadamente 30 a 40cm e
posicionar o apoio de cabeça do paciente para baixo, nos trabalhos realizados na
maxila e para cima, na mandíbula.

De acordo com Kapandji (1980) pesquisas ortopédicas têm comprovado a


relação entre a postura sentada e o aumenta a pressão intradiscal, o que imprime
que esta postura está associada a um aumento do desconforto e alterações do disco
e da coluna. Estudos afirmam também que o mocho adequado deve ter um apoio
para as costas na região lombar. Ainda, as posturas corporais viciosas, pois no
exercício de sua profissão, o cirurgião-dentista adota uma mesma posição corporal
durante a maior parte da jornada de trabalho, normalmente a postura sentada, e as
exigências visuais, as posições rígidas das mãos e os esforços repetitivos que
implicam em posições contraídas, acarretam distúrbios posturais na porção superior
do corpo (pescoço, ombros, braços e mãos).

Dados obtidos por Santos (2001) em uma pesquisa realizada em Belo


Horizonte, Minas Gerais, investigando a atividade ocupacional e prevalência de dor
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osteomuscular em Cirurgiões dentistas, constatou a prevalência de 58% de dor no


segmento superior, 22% no braço, 21% na coluna, 20% no pescoço e 17% no
ombro, sendo que 26% relataram dor diária e 40% moderada/forte.

Mesmo com o avanço tecnológico e ergonômico, que vem em socorro da


profissão, o exagero nas horas de trabalho e a predisposição idiopática de cada
indivíduo a certos tipos de degenerações esqueléticas que comprometem a coluna,
colocam esses profissionais em situações que geram desconforto. Por isso, torna-se
imprescindível uma melhor preparação dos mesmos para as sobrecargas físicas
diárias.

1.3 OBJETIVOS

1.3.1 GERAL

Verificar a incidência de sobrecargas posturais em profissionais de


odontologia do Bairro Ipiranga – São Paulo, decorrentes da prática de atividade
clínica durante seus primeiros anos de atuação, passíveis de causar distúrbios
álgicos.

1.3.2 ESPECÍFICOS

 Identificar os procedimentos clínicos de odontologia que produzem


maior incidência de dor.

 Identificar as posturas constrangedoras na atividade prática


odontológica na posição sentada dos profissionais.

 Analisar os eventos posturais de maior freqüência na prática


odontológica que possam estar interferindo nas posturas dos odontologos.
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1.4 JUSTIFICATIVA

Hábitos posturais inadequados, como os impostos pela atividade estática e


prolongada do cirurgião-dentista, agindo sobre o organismo de forma repetitiva, são
capazes de levar a dor e, seus vários mecanismos de defesa, a ações
compensatórias (MUNHOZ, 1995).

Com a permanência numa mesma posição corporal, associada ao trabalho


sedentário, com a utilização exclusiva e sobrecarregada dos membros superiores,
podem gerar alterações significativas no alinhamento corporal, além de apresentar
dor ou desconforto na musculatura mais utilizada. Conseqüentemente há aquisição
de vícios posturais, além de outros problemas que, se não forem prevenidos ou
amenizados, afetam a médio e longo prazo o desempenho do cirurgião-dentista no
dia-a-dia e na saúde (OLIVEIRA, 1998).

Para Genovese e Lopes (1991) e Hamill e Kuntzen (1999) a boa postura


gasta menos energia, proporciona um melhor funcionamento das estruturas e
órgãos, proporcionando um mínimo desgaste das estruturas, seja em ortostatismo
ou sentado. A partir daí, pode-se inferir que estando o corpo, como um todo, em
perfeita harmonia com a força gravitacional, este corpo estará protegido dos
distúrbios que junto venham a prejudicar a sua postura. Conseqüentemente, o
odontólogo terá uma melhor prática da profissão, em virtude de seu bem estar diante
dos equipamentos.

Muitos estudos foram elaborados analisando as posturas e gestos do


profissional durante a realização de procedimentos odontológicos (FIGLIOLI, 1987;
PORTO, 1994). Entretanto, se faz necessário um aprimoramento destes estudos
para uma melhor conscientização preventiva, uma educação precoce dos mesmos
de modo a levá-los a novas condições posturais e melhor desempenho profissional.

Sendo assim, observa-se a importância de se realizar tal estudo, objetivando


verificar os hábitos posturais dos profissionais de odontologia, as causas dos
desconfortos físicos e as regiões corporais mais acometidas.
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1.5 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO

Esta pesquisa delimitou-se em verificar a principais queixas e posturas


constrangedoras ocupacionais que acometem os odontólogos com pelo menos 5
anos no mercado de trabalho.

Utilizou-se um questionário com 43 questões, abertas e fechadas, aplicadas


individualmente. Foram questionados 21 profissionais de odontologia do bairro
Ipiranga da cidade de São Paulo, de ambos os sexos, que atuam nas Clínicas
presentes no bairro, com idade que variam de 28 a 34 anos.

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 POSTURA CORPORAL

Postura é um termo geral definido como uma posição ou atitude do corpo no


espaço, não apenas na posição ereta. É a disposição relativa das partes do corpo
para uma atividade específica, uma maneira característica de sustentar o próprio
corpo (SMITH, WEISS; LEHMKUHL, 1997; MAFFAT; VICKERY, 2002; KISNER;
COLBY, 1998).

É um conceito dinâmico e não estático. Raramente o corpo permanece


parado mais do que alguns momentos e, com freqüência, ele realiza movimento de
grande variedade de extensão e direção. Dessa forma, a posição estática serve para
simplificar e explicar os mecanismos posturais. É considerada correta quando é
utilizada com máxima eficiência e mínimo esforço. Quando uma pessoa apresenta
uma postura não compatível, todo o sistema vertebral e tecidos correlacionados
estarão descompensados, iniciando assim a indução de uma dor e limitação de
movimento (CAILLIET, 1985; GENOVESE; LOPES, 1991).

Portanto, as posturas são usadas para realizar atividades com a menor


quantidade de energia. Assim, postura e movimento são intimamente associados; o
movimento começa em uma postura e pode terminar em outra. Na função normal, os
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“pontos” e ajustes posturais são rápidos e automáticos (SMITH, WEISS; LEHMKUHL


1997).

Elas, ainda, têm importantes implicações na saúde e no bem-estar geral de


grande parte do corpo por determinar a quantidade e a distribuição do esforço sobre
os vários ossos, músculos, tendões, ligamentos e discos. A “boa postura” mantém o
esforço em seu mínimo, distribuindo-o para as estruturas mais aptas a suportá-lo. Já
a “má postura” tem efeito contrário, aumentando o estresse total, distribuindo-o para
estruturas menos capazes de suportá-lo (MAFFAT; VICKERY, 2002).

As costas e a região lombar são extremamente sensíveis a boa ou a má


postura. Qualquer má postura coloca as costas e o pescoço em risco de vários
distúrbios. Alguns tipos de má postura também deslocam a escápula, interferindo
com o livre movimento da articulação do ombro; pode provocar dor de curta duração
em uma ou mais áreas; exacerbar algum problema já existente; ser for continuada
ou repetida pode originar dor crônica e graves danos a longo prazo (MAFFAT;
VICKERY, 2002).

2.1.1 POSTURA SENTADA

A postura sentada, principal utilizada pelos odontólogos atualmente, apesar


de ser adequado, todavia, foi identificada como um fator de risco para a coluna
vertebral e isto incitou certos terapeutas a aconselhar a “viver o ritmo das posições
sentadas”, interpondo períodos de repouso e marcha entre as obrigações do
trabalho sentado (VIEL; ESNAULT, 2000).

De acordo com os mesmos autores, a lombalgia e a cervicalgia, assim como


insônia e as dispepsias são consideradas “pequenos males” para os quais a
medicina não oferece um tratamento convincente. Por essa razão, saber proteger a
coluna é um conhecimento essencial.

A postura na posição sentada requer menor gasto de energia e impõe menor


carga sobre o membro inferior em comparação com a posição em pé. Contudo,
posições sentadas prolongadas podem ter efeitos prejudiciais sobre a coluna
lombar. Sentar sem suporte é similar a ficar em pé, já que ocorre maior atividade na
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região torácica do tronco com poucos níveis de atividade nos músculos abdominais
e psoas (HAMILL; KUNTZEN, 1999).

De acordo com Viel e Esnault (2000) o simples fato de se sentar traz


conseqüências. Sentar-se em uma cadeira tradicional produz uma retificação
acentuada da lordose lombar. Isso provoca uma tensão nos ligamentos da porção
posterior, bem como das fibras posteriores dos discos intervertebrais. Desse modo,
o disco, a nível lombar, é deslocado e submetido à deformação. Já na porção
anterior, os discos se encontram esmagados e essa compressão desencadeia os
efeitos nocivos.

Portanto, a postura sentada correta deve permitir manter as curvaturas das


costas, com a cabeça ereta e o queixo puxado um pouco para trás. Deve-se evitar
uma curva torácica exagerada e queda da cabeça. O encosto deve ser duro,
principalmente se for permanecer por muito tempo nessa posição. Deve-se se
encostar para trás de forma que a região lombar apóie-se no encosto da cadeira. A
altura do assento deve permitir que os pés apóiem-se no solo e que os joelhos
fiquem logo abaixo do nível dos quadris (MAFFAT; VICKERY, 2002).

Ainda de acordo com os mesmos autores, numa visão geral, a postura


sentada poderia ser considerada vantajosa em relação a postura em pé, porque
cansa menos, exige menor gasto energético, diminui os movimentos das pernas,
entre outras vantagens. No entanto, ela sobrecarrega o corpo, principalmente
quando se permanece muito tempo nessa postura e em condições inadequadas.

Vários estudos indicam um aumento do risco de dores lombares e dorsalgias


em indivíduos que trabalham na posição sentada por causa da “fixação postural”, ou
seja, a manutenção da mesma postura por longos períodos de tempo, em que os
movimentos são limitados ou estereotipados (CHAFFIN, ANDERSON; MARTIN,
2001).

Para compreender melhor o que acontece na postura sentada, é preciso


entender o que acontece com a coluna vertebral quando se senta.
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2.2 ASPECTOS BIOMECÂNICOS DA POSTURA

Segundo Barros (1991) e Rio (2000), na posição sentada, os músculos


dorsais e ventrais em maior grau, são os mais requisitados e a superfície de apoio
propriamente dita, são os ísquios, ossos que fazem parte da pelve e se localizam na
região glútea.

A postura correta reduz sensivelmente a carga da coluna vertebral. Discos


intervertebrais, tendões, articulações e músculos das costas descarregam o peso
sobre a coluna vertebral, a qual recupera-se melhor na posição deitada. Nesta
posição, o sistema biológico do disco intervertebral relaxa e absorve líquido
aumentando seu volume e melhorando, assim, a sua função de defesa. Desse
modo, alternâncias entre cargas e descargas sobre os discos é a condição para a
saúde da coluna vertebral (HAMILL; KUNTZEN, 1999).

Em vista lateral, a coluna normal exibe curvaturas fisiológicas de


concavidades anterior (região torácica) e posterior (região cervical e lombar)
(KAPANDJI, 1980).

Na postura sentada, a parte inferior da coluna, a lordose lombar, é reduzida,


sofrendo uma diminuição ou eliminação de sua curvatura fisiológica, tornando-se
reta ou mesmo invertendo-se. Assim, diminui-se o espaço existente na parte da
frente das vértebras e aumenta-se o de trás, forçando o núcleo pulposo, que estava
no centro do disco, para trás (Figura 1) (COURY, 1995).

FIGURA 1 – Lordose lombar na postura sentada e em pé.

FONTE – COURY (1995)


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Nessa postura a pressão dentro do disco aumenta em 35%, ocorre um


alongamento das estruturas posteriores da coluna, ligamentos e nervos,
especialmente o nervo espinhal, que submetido à tração, recebe menos sangue
para a sua nutrição, podendo sofrer alterações na sua função. Esse processo ocorre
quando a pelve é roda posteriormente em torno de 10° e a lordose lombar diminui
em média 38°, principalmente quando sem apoio lombar adequado. Quanto menor
for o ângulo entre o tronco e as coxas, maior tenderá a ser a pressão dentro do
disco (RODGHER, COURY; SANDE, 1996; CHAFFIN, ANDERSON; MARTIN,
2001).

As mensurações realizadas por Schoberth (apud VIEL; ESANULT, 2000, p.5)


demonstram que, quando sentado numa superfície horizontal (90°), não se
consegue obter 90° de flexão dos quadris, mas somente 60° e que os 30° restantes
devem ser realizados pela região lombar baixa, daí a retificação da lordose ou o
aparecimento de uma cifose lombar.

Esses fatores, ocasionados pela postura sentada e a ação de se inclinar para


a frente, aparentemente benigna, associados ao processo de envelhecimento e a
permanência na mesma posição por longos períodos de tempo, tem como
conseqüência a pressão intradiscal que pode levar a alterações do disco, como a
hérnia de disco causada por microtraumatismos repetidos, que levam a um aumento
nos elementos fibrosos do anel e uma diminuição do número relativo de elementos
elásticos (SMITH; WEISS; LEHMKUHL, 1997; VIEL; ESNAULT, 2000).

A hérnia de disco sempre foi uma lesão associada a trabalho pesado,


contudo, alguns estudos recentes têm relatado cada vez mais esse distúrbio em
indivíduos que trabalham na postura sentada (VIEL; ESNAULT, 2000).

Além disso, a permanência prolongada nessa postura tende a reduzir a


circulação de retorno dos membros inferiores, promover desconfortos na região do
pescoço, quando este permanecer estático, e nos membros superiores,
principalmente quando são executados movimentos repetitivos ou associados ao
uso de força (CHAFFIN, ANDERSON; MARTIN, 2001).

Coury (1995) aborda algumas conseqüências da postura sentada sobre as


pernas e membros superiores:
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 Quanto as pernas, o principal problema na postura sentada é a


dificuldade de retorno venoso, que com o passar do tempo leva a uma diminuição da
temperatura nas pernas, sensação de formigamento, dormência, dor e inchaço. Um
indivíduo (sem qualquer problema circulatório) que trabalha 8 horas por dia, fazendo
intervalos normais para almoço e lanche, chega ao final da jornada de trabalho com
um aumento de até 5 a 7% no volume total de suas pernas.

 Quanto aos membros superiores, a postura inadequada, ausência de


descanso, mobília e equipamentos mal projetados, repetição de movimentos, uso de
força excessiva nos movimentos, posturas fixas por longos períodos, são as
principais causas das dores e desconfortos. Quando se trabalha sentado, existem
dois movimentos do braço que ocorrem com freqüência: o deslocamento do braço
para frente e o deslocamento do braço para o lado; esses movimentos são
prejudiciais quando forem amplos e freqüentes.

2.2.1 MEMBROS SUPERIORES NA POSTURA SENTADO

Com relação ao ombro, segundo Coury (1995) a contração muscular estática


prolongada torna os músculos doloridos ou mesmo inflamados, sobrecarregando os
tendões. Se o braço for afastado do corpo, o ligamento córaco-acromial se atrita aos
tendões do ombro que passam entre o osso e o ligamento (Figura 2).

FIGURA 2 – Atrito entre tendão e ligamento pelo afastamento do braço.

FONTE – COURY (1995)

Se o braço for afastado do corpo mais que 60°, num nível acima dos
cotovelos, resulta em abdução dos ombros, com aumento do estresse sobre estas
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articulações, assim como sobre os músculos da região dos braços e pescoço. Esse
atrito facilita o aparecimento de tendinites, que podem acometer posteriormente as
bursas, ligamentos e a própria articulação, se os movimentos não cessarem. Os
nervos e vasos sangüíneos também podem ser afetados, dando a sensação de
formigamento e dor que podem ser sentidos localmente ou de forma referida nas
mãos, punhos e coluna (Figura 3). Recomenda-se um ângulo de abdução dos
ombros de 15° a 20° ou menos para trabalhos prolongados (CHAFFIN, ANDERSON;
MARTIN, 2001; COURY, 1995).

FIGURA 3 - Conseqüências do afastamento do braço maior que 60° .

FONTE – COURY (1995)

Os movimentos do cotovelo e punho, extensão ou flexão, particularmente os


do punho, são perigosos, principalmente quando maiores de 25°, por causar atrito
entre os tendões, ligamentos e ossos, que podem levar a dor, dormência,
formigamento e diminuição de movimento. Estes podem ser desencadeados
também pelos movimentos repetitivos de pinça (CHAFFIN, ANDERSON; MARTIN,
2001; COURY, 1995).

Saquy e Pécora (1996) recomendam como ideal, a inclinação média da


coluna vertebral no sentido anteroposterior, justificando que nesta posição é menor o
grau de exigência dos músculos de sustentação e conseqüentemente há menor
fadiga muscular.

Figlioli e Porto (1987) e Chaffin, Anderson e Martin (2001) recomendam que


os pés permaneçam completamente apoiados sobre o solo, distribuindo o peso
uniformemente, reduzindo a carga sobre as nádegas e sobre a região posterior das
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coxas, além de manter a posição de equilíbrio. Pois, a pressão aplicada na região


poplítea pode levar a edema das pernas e pressão sobre o nervo ciático.

Aconselham, também, que as coxas devem estar paralelas ao chão e o


ângulo formado entre a perna e as coxas deve estar entre 90° e 120°, pois quanto
mais aumenta essa angulação, maior será a compressão da circulação venosa de
retorno, o que causa desconforto e favorece o aparecimento de varizes nos
membros inferiores. Referem, ainda, que a posição da cabeça do dentista deve ser
ligeiramente inclinada para frente e para baixo, evitando a curvatura excessiva do
pescoço, e a distância média recomendada entre os olhos do profissional e a boca
do paciente deve ser de 30 a 40 cm.

2.2.2 SOBRECARGAS POSTURAIS RELACIONADOS AO TRABALHO SENTADO

Por melhor que seja o posicionamento sentado ele impõe carga biomecânica
significativa sobre os discos intervertebrais, principalmente lombares. Se o trabalho
proporciona pouca movimentação, uma carga estática sobre certos segmentos
corporais é produzida e, mesmo não sendo intensa, se for muito prolongada
associada à inércia músculo-ligamentar causa fadiga (BAÚ, 2002).

Para Chaffin, Anderson e Martin (2001) em geral, a postura de um indivíduo


sentado depende não somente do formato da cadeira, mas também dos hábitos
pessoais de postura e da tarefa a ser desenvolvida, pois, sentar-se corretamente
não é uma atitude contemplada pela nossa cultura e, quando um indivíduo
permanece nesta posição por mais de quatro horas diárias, sua postura poderá
afetar pescoço, ombros e costas, bem como membros inferiores. Além disso, a
altura e a inclinação do assento da cadeira, a posição, forma e inclinação do encosto
e a presença de outros tipos de apoio influenciam na postura. É relevante que a
cadeira permita alterações posturais, pois pequenas mudanças nas dimensões e na
organização do ambiente de trabalho podem mudar, consideravelmente, a postura
ideal e, além disso, não há uma única postura ideal e, mesmo uma postura de
repouso não pode ser mantida indefinidamente.

Um posicionamento que seria correto na posição sentada é a seguinte:


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 Pescoço com flexão até no máximo de 30o, sendo ideal o alinhamento


com 10o de flexão, onde a musculatura dos olhos está na posição de menor
exigência, evitando atividade lateralizada da cabeça e torções (ocorre redução do
espaço do forame de conjunção pela postura, no lado da lateralização, provocando
dores musculares e, com o tempo possíveis lesões das articulações intervertebrais);

 Ângulo tronco-coxa em torno de 100° a 110o, preferindo utilizar o


encosto do assento, onde reduz significativamente a sobrecarga dos discos
intervertebrais lombares e a tensão sobre cervical e cintura escapular;

 Ângulo coxa-perna em torno de 90° a 120°;

 Braços na posição vertical, alinhados ao tronco, formando um ângulo


de 90° a 110o com antebraços, sendo para atividades leves de esforço;

 Punho em alinhamento natural com antebraços, evitando flexão ou


extensão extrema, ou seja, variando de 0° a 20o, tanto para flexão como para
extensão – estudos relatam que o ponto neutro do túnel do carpo é de 10o de flexão
(BAÚ, 2002).

2.2.3 DISTÚRBIOS POSTURAIS RELACIONADOS AO TRABALHO

De acordo com Baú (2002) além da predisposição, o hábito de manter


posturas extremas e sua freqüência durante o trabalho levam o indivíduo a
desenvolver certas patologias músculo-esqueléticas, tais como:

 Tendinite do Ombro – manutenção de ombros elevados e/ou abduzidos


acima de 45o, onde entra o esforço do músculo supra-espinhoso;

 Tendinite do Ombro e Síndrome do Desfiladeiro Torácico – braços


mantidos acima do nível;

 Tendinite do Bíceps – antebraços fletidos sobre os braços


acompanhado de posição supina dos antebraços;
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 Compressão do Nervo Mediano do Túnel do Carpo – extensão mantida


de punho;

 Compressão do Nervo Mediano do Túnel do Carpo e Epicondilite


medial – extensão de punho associado à força;

 Doença de DeQuervain – desvio do punho na direção ulnar;

 Fadiga e Dor no Trapézio – braços mantidos em sustentação;

 Tendinite da Face Ventral do Punho – flexão repetitiva dos dedos do


carpo;

 Tendinite da Face Dorsal do Punho – extensão do carpo e dedos;

 Tendinite dos Finos Tendões Flexores dos Dedos e Nódulos –


compressão mecânica na superfície ventral dos dedos ou carpo.

2.2.3.1 DOR

De acordo com Guyton (2003) a dor é um mecanismo protetor do corpo.


Ocorre sempre que qualquer tecido é lesado, e determina uma reação do indivíduo
para remover o estímulo doloroso.

Entretanto, não existem termos específicos que permitam descrever uma dor,
e a vítima de um desconforto sério é obrigada a lançar mão de analogias
freqüentemente descritivas: dor em queimação, picada, torcer, transfixante,
fulgurante, paralisante etc. sendo a descrição imprecisa (VIEL; ESNAULT, 2000).

Na Figura 4, anatomicamente, estão assinaladas as percentagens de


incidência das dores que afligem indivíduos que trabalham na postura sentada.
Nenhuma parte do corpo escapa de uma incidência menor ou maior de dor quando o
assento não proporciona o devido suporte à estrutura óssea e, associado à postura
incorreta, causa pressão indevida sobre os tecidos moles do corpo interferindo na
circulação sangüínea (VOTELLER, 2002).
20

FIGURA 4 – Porcentagem de incidência de dor causada na postura de trabalho sentada.

FONTE – Voteller, 2002

A dor é uma qualidade sensorial complexa, freqüentemente não relacionada


ao grau de lesão tecidual. A interpretação da sensação dolorosa envolve não
apenas os aspectos físico-químicas a nocicepção, mas também os componentes
sócio-culturais dos indivíduos e as particularidades do ambiente onde o fenômeno
nociceptivo é experimentado. Para que ocorra é preciso que haja a transformação
dos estímulos ambientais em potenciais de ação que, das fibras nervosas
periféricas, são transferidos para o SNC (Sistema Nervoso Central) (TEIXEIRA,
1994; RANNEY, 2000).

A dor não é devida a estimulação excessiva de todos os nervos sensitivos


presentes, mas ao estímulo de fibras específicas para a dor (SELKURT, 1986).

Os receptores nociceptivos ou receptores da dor são representados por


terminações nervosas livres presentes nas fibras mielínicas finas A-delta e
amielínicas C. De acordo com Ranney (2000) essas pequenas fibras C
desmielinizadas são sensíveis nos tecidos após trauma. Os nociceptores
relacionados com as fibras C respondem a estimulação mecânica, térmica e/ou
química de forma lenta e, os relacionados as fibras A-delta, a estimulação mecânica
e/ou térmica de forma rápida. A atividade dos receptores nociceptivos é modulada
pela ação de substâncias químicas algogênicas, neurotransmissores, (acetilcolina,
prostaglandinas, histamina, serotonina, bradicinina, substância P, entre outras)
liberadas nos tecidos, em decorrência de processos inflamatórios, traumáticos e/ou
21

isquêmicos. Das substâncias químicas a bradicinina parece ser a mais dolorosa de


todas. Por esta razão, muitos pesquisadores sugeriram que a bradicinina poderia ser
o agente individual mais responsável por provocar o tipo de dor de lesão tecidual
(TEIXEIRA, 1994; RANNEY, 2000).

Ao chegarem a medula espinhal pelas raízes espinhais-dorsais, as fibras de


dor sobem e descem pelo feixe de Lissauer, onde as fibras projetam-se nas
unidades celulares do corno posterior da substância cinzenta na medula. Da medula
espinhal, os sinais de dor seguem por duas vias diferentes até o encéfalo. Pelo feixe
neoespinotalâmico, que conduz as fibras rápidas tipo A-delta, unilateral, mas que
cruza, terminando algumas fibras nas áreas reticulares do tronco cerebral e outras
no tálamo, terminando em sua maior parte no complexo ventrobasal, de aspectos
discriminativos. E, pelo feixe paleoespinotalâmico, que transmite a dor de forma
lenta através das fibras tipo C, trajeto bilateral que distribui amplamente a inflamação
álgica terminando difusamente no tronco cerebral e apenas um décimo das fibras
seguindo até o tálamo, terminando também em múltiplas áreas do bulbo, na ponte e
no mesencéfalo, relaciona-se com aspectos emocionais da dor. Ambos os feixes
cruzam para o lado oposto da medula pela comissura anterior e depois sobem ao
encéfalo pelas colunas ântero-laterais (GUYTON, 2003).

A informação para o cérebro não depende só do estímulo direcionador


aferente, mas também das influências moduladoras de neurotransmissores que
atuam sobre o sistema. Observou-se que o estresse emocional de indivíduos no
momento da lesão altera os sintomas. Registros indicam que durante a guerra ou
em catástrofes, os pacientes gravemente feridos não sentiam nenhuma dor no
momento da lesão, devido ao estresse ou à emoção. Isso indica que os impulsos
neurais descendentes, que se originam do cérebro e atuam sobre as células, na
medula, podem determinar quais os tipos de impulsos ascendentes alcançarão o
cérebro (SELKURT, 1986).

Se a transmissão do impulso nociceptivo pode ser modulada ao nível da


medula espinhal, a transmissão total da dor pode ser bloqueada (p. ex., a
administração intratecal de um anestésico local pode ser efetuada para o bloqueio
de todo impulso sensitivo). Embora os neurotransmissores preferenciais à medula
espinhal não sejam bem conhecidos, é bem sabido que opiáceos exógenos, como a
22

morfina, atuam preferencialmente nas fibras A-delta/C nos receptores de opiáceos, e


atuam no bloqueio da descarga dos impulsos da dor pelas fibras A-delta/C. Hoje já é
sabido que o corpo possui substâncias endógenas próprias denominadas endorfinas
que exercem a mesma ação que os alcalóides opiáceos exógenos no bloqueio da
atividade evocada pelas fibras A-delta/C inibindo seletivamente a dor (O’SULLIVAN;
SCHMITZ, 1993).

2.2.3.2 CERVICALGIA TENSIONAL

É uma desordem orgânica e funcional provocada pelo trabalho repetitivo,


aumentando a carga muscular estática, secundária a postos de trabalho
inadequados (Ex. flexão acentuada cervical ou extensão) ou falta de orientação
postural no trabalho (BAÚ, 2002).

O indivíduo sente dor na região cervical e ombros, cefaléia, fraqueza que é


mais evidente nas fibras superiores do músculo trapézio e fadiga muscular, além de
parestesia e tontura. Apresenta-se com contratura da musculatura cérvico-torácica
com “nódulos” (pontos gatilhos) dor a palpação, limitação da movimentação cervical
e redução da lordose cervical e ombros deprimidos (BAÚ, 2002).

2.2.3.3 LOMBALGIAS

A coluna vertebral é a estrutura que permite o amortecimento de cargas, tanto


aquelas decorrentes de pesos colocados sobre a cabeça ou carregados pelos
próprios membros superiores, como aquelas decorrentes de pancadas. Devido ao
fato dos músculos das costas estarem próximos ao centro de apoio (alavanca) na
hora de elevar um peso do chão com as costas dobradas (sem dobrar os joelhos) os
músculos têm que desenvolver uma força dezessete vezes maior que o peso da
carga que está sendo elevada. Os discos intervertebrais, que são 23, são estruturas
encarregadas de amortecer cargas e pressões ao longo da coluna vertebral, sendo o
mais importante o último disco (entre a quinta lombar e o osso sacro) onde a
sobrecarga é maior na hora do esforço (BAÚ, 2002).
23

Os movimentos mais agressivos para a coluna lombar são:

 Abaixar-se e elevar-se com torção do tronco, isto aumenta imensamente a


pressão dentro do disco intervertebral e exige muito da musculatura,
causando dor;

 Flexionar as costas para apanhar um objeto com os joelhos estendidos, os


joelhos devem ser dobrados na hora de elevar um objeto, para reduzir a
sobrecarga lombar;

 Permanecer muito tempo em uma única posição, tanto sentado quanto em


pé, isto aumenta a produção de ácido lático nos músculos, causando dor;

 Elevar um peso longe do corpo. Todo peso deve ser elevado e transportado o
mais próximo possível do tronco e de maneira simétrica, distribuindo igual,
nunca só de um lado;

 Movimentos amplos, quando o indivíduo apresenta encurtamento muscular,


por exemplo, não consegue alcançar as mãos até o chão com joelhos
estendidos, isto predispõe a distensões musculares por falta de alongamento,
aumentando o esforço nas alavancas da coluna vertebral.

Quando a carga do trabalho ultrapassa a capacidade aeróbica (boa


oxigenação dos tecidos) as pausas se tornam indispensável como forma de
prevenção da fadiga crônica. Quantos mais freqüentes as pausas, mesmo de curta
duração, permite ao indivíduo manter seu ritmo de trabalho por longo tempo com
melhor qualidade física e com uma quantidade total de trabalho bem maior do que
se a atividade fosse desenvolvida de forma contínua (BAÚ, 2002).

Índices demonstram que 80% da população é afetada por lombalgias entre os


30 e 40 anos. Associado a má posturas e manuseios ocupacionais inadequados,
elas aparecem precocemente, com casos de jovens de 20 anos de idade, que à
primeira instância são robusto e suportam um ritmo com maior cadência de trabalho,
porém como qualquer indivíduo, também têm limites e, acabam muito cedo com
danos precoces, como: desgaste intervertebral, levando a artrose, antes mesmo da
24

estabilização estrutural da coluna que ocorre por volta dos 25 anos de idade (BAÚ,
2002).

2.2.4 POSTURAS ADOTADAS NO TRABALHO ODONTOLÓGICO

O objetivo da ergonomia na odontologia é obter meios e sistemas para


prevenir fadiga, oferecer maior conforto e simplificação do trabalho, tanto para o
cirurgião-dentista quanto para o paciente, ou seja, racionalização do trabalho
odontológico, diminuído estresse físico e mental, prevenindo doenças relacionadas
com a prática odontológica (BARROS, 1991; RIO, 2000).

São preconizadas diversas posições e posturas para o cirurgião-dentista ter


melhor acesso e visibilidade. As posições de trabalho podem ser classificadas
numericamente de acordo com o esquema gráfico ISO (Inténacional Standard
Organization) e pela FDI (Fedération Dentaire Internacionale) que descrevem o
espaço físico de um consultório, onde o dentista deve trabalhar.

O esquema consiste no mostrador de um relógio imaginário colocado sobre a


cadeira odontológica, com o número 12 sobre o apoio da cabeça da mesma e o
número 6 sobre a outra extremidade, isto é, no local onde ficam os pés do paciente,
como demonstrado na Figura 5. Conforme o número do mostrador para o qual
estiver voltada a costa do dentista no momento de trabalho, será denominada a
posição de trabalho. Em torno do centro, a partir da boca do paciente na cadeira
odontológica, são traçados três círculos concêntricos de raios 0,5, 1,0 e 1,5 metros.
Assim, o eixo 6-12 horas divide a sala em duas áreas: à direita (área do dentista) e à
esquerda (área do auxiliar) (FLENK, 1989; IIDA, 1990).

De acordo com Iída (1990) a área limitada pelo círculo de 0,5 de raio ou 1,0
metro de diâmetro, corresponde a chamada área de transferência, onde tudo que se
transfere à boca do paciente deve estar situado nesse espaço, como os
instrumentos e as pontas do equipo. Também devem estar aí dois mochos para o
cirurgião e auxiliar. O círculo de 1,0 metro de raio limita a área útil de trabalho
(espaço máximo de pega) que pode ser alcançado com movimentos, com o membro
superior estendido. É onde devem estar localizadas as mesas auxiliares e o corpo
dos equipos. O círculo maior limita a área total do consultório, que não deve,
25

portanto, ter mais de 3 metros de largura para não ser anti-ergonômico, ou seja, com
espaço ocioso que impõe mobilização exagerada do cirurgião durante atendimento.
Nesta área ficam as pias e armários fixos, sendo que as gavetas desde quando
abertas devem cair dentro do segundo círculo (BARROS, 1993; RIO, 2000).

FIGURA 5 – Esquema gráfico ISO/FDI.

FONTE – FLENK, 1989

Vale salientar que o esquema gráfico descrito é válido para o cirurgião-


dentista que trabalha com auxiliar, para aqueles que trabalham sozinhos a área de
trabalho é diferente.

Segundo Saquy (1996) o dentista deve assumir uma posição de 7 a 12 horas,


sendo a posição de 11 horas a mais universal para se trabalhar em muitas áreas da
boca. Dessa forma, as posições de 7 e 9 horas são freqüentemente usadas para
trabalhar no segmento inferior posterior direito. A de 12 horas é usada geralmente
para trabalhar nos segmentos anteriores. Para odontólogos sinistros, a posição de 1
hora corresponde a 11 horas, e assim por diante.

Mondelli (1979) afirma que as posições de trabalho variam de acordo com o


arco dentário e região em que se trabalha. Nas regiões inferiores, trabalha-se com
visão direta, porém, nos dentes superiores trabalha-se com visão indireta nas faces
oclusivas e proximais, na posição de 12 horas.

Para Barros (1991) e Rio (2000), quando o paciente encontra-se totalmente


reclinado na cadeira, o dentista tem visão direta da mandíbula na posição de 9
26

horas. Também pode ser usada para tratamento na maxila reclinando-se o apoio de
cabeça e levando a cabeça do paciente para baixo. Porém, nesta posição a cabeça
do paciente deve sempre estar voltada para o dentista e o auxiliar na posição de 1 a
3 horas.

Em estudo sobre os problemas relacionados com a postura, Figlioli (1987)


verificou que as posições mais vantajosas, na visão ergométrica, para o cirurgião-
dentista são as de 9 e 11 horas, movimentando-se o apoio da cabeça do paciente de
modo a oferecer máximo acesso, visibilidade e conforto para ambos.

Barros (1991) e Rio (2000), referem que a postura sentada dinâmica, a qual
permite alterações contínuas, auxilia na redução da fadiga, oferece estabilidade,
maior equilíbrio além de deixar livre os pés para controle dos pedais.

2.3 CARACTERIZAÇÃO DA ATIVIDADE PROFISSIONAL

De acordo com Bautzer e Bautzer (1987) a profissão odontológica teve um


início modesto, preocupando-se, apenas, com o cuidado com o dente. Decorrido
algum tempo, sobreveio à compreensão de que o paciente é um todo e não apenas
um dente. Isto ampliou o campo de ação de seus profissionais, pois o dente esta
implantado em um osso e aderente à gengiva, relacionado a uma boca, língua e
todos os seus anexos, constitui parte indivisível de um organismo vivo.

Cabe a este profissional, não só o zelo pela saúde do seu paciente, bem
como, manter este nos padrões estéticos adequados socialmente, prevenir
processos patológicos através de orientação educativa, e acima de tudo, fornecer a
orientação referente a higienização bucal adequada, tudo em processos
individualizados, usando para isto técnicas adequadas para cada paciente, seja qual
for a sua especialidade.

Portanto, muitas vezes, o odontólogo constantemente encontra-se envolvido


com problemas que colocam o paciente e o profissional em condições
desconfortáveis e até mesmo dificultando sua atuação.
27

Apesar da evolução da tecnologia, esses profissionais continuam sendo uma


classe que apresenta grandes incidências de afastamento do trabalho. E um dos
motivos é a má postura, associado a repetição e manutenção dos mesmos
(SANTOS; BARRETO, 2001).

3 METODOLOGIA

3.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA

Este trabalho caracteriza-se por ser uma pesquisa de campo de natureza


descritiva, na qual o pesquisador procura conhecer e interpretar a realidade, sem
nela interferir para modificá-la; interessa-se em descobrir e observar fenômenos e
procura descrevê-los, classificá-los e interpretá-los (LAKATOS; MARKONI, 1990).

Foram seguidos os seguintes procedimentos:

 Entrevista com o Profissional da Odontologia, explicando-lhe os


objetivos e finalidades da pesquisa e requerimento de autorização do mesmo (Anexo
1);

 Visita ao serviço da clínica odontológica para análise ambiente;

 Aplicação do questionário individual, com propósito de caracterizar a


população em estudo, conhecer as características do trabalho, sintomas de dor,
relação com o desconforto postural e a vida atual;

 Avaliação dos dados coletados e elaboração do diagnóstico da


situação de trabalho;

3.2 POPULAÇÃO

A população foi composta por indivíduos de ambos os sexos, com idade


variando de 28 a 34 anos, que atuam no Bairro Ipiranga da cidade de São Paulo –
SP.
28

3.3 AMOSTRA

A amostra analisada foi formada por Odontólogos, que atuam no mercado de


trabalho, pelo menos, há 5 anos, na cidade de São Paulo – SP, realizando
atividades de clínica geral e especialidades e que responderam ao questionário.

3.4 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS

Utilizou-se inicialmente para a coleta de dados um questionário do tipo


padronizado, cujas “perguntas são apresentadas a todas as pessoas com as
mesmas palavras e na mesma ordem” (LAKATOS; MARKONI, 1990). Foram
abordados três módulos constituídos por questões abertas, fechadas e mistas
(Anexo 2), já validado na Universidade Estadual do Oeste do Paraná, em 1991) ao
ser submetido à apreciação de cinco fisioterapeutas e cinco profissionais de
fisioterapia da Unioeste, que analisaram-no a partir dos critérios a seguir:

INVÁLIDO POUCO VÁLIDO VÁLIDO

1234 567 8 9 10

Na análise dos dados adotou-se os seguintes critérios: os módulos que


receberam nota de zero a quatro foram excluídos, os com nota entre cinco e sete
reformulados, e os com nota entre oito e dez mantidos com a redação original.

Obteve-se no questionário um índice de clareza e validade de 9,18.

Para avaliar a fidedignidade, o questionário foi entregue a dez odontólogos,


os quais não fizeram parte da amostra do estudo.

3.5 COLETA DE DADOS

A coleta de dados teve seu início com a revisão da literatura que foi realizada
através de revistas especializadas, artigos, dissertações e livros das áreas aqui
tratadas.
29

O questionário foi aplicado pelos autores a cada Odontológo do Bairro


Ipiranga, individualmente. Os dados foram coletados no local de trabalho dos
mesmos durante horário de atendimento.

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1 ANÁLISE E DISCUSSÃO DO QUESTIONÁRIO

De acordo com os resultados obtidos do estudo, no que diz respeito ao


gênero e a idade, constatou-se que 42% dos profissionais de odontologia
questionados eram do sexo masculino e 58% do sexo feminino; sendo a amostra
constituída de 21 Profissionais de Odontologia do bairro Ipiranga. A faixa etária
variou entre 28 e 34 anos de idade, onde a média de idade é de 30 anos. Quanto à
lateralidade, 100% dos profissionais questionados tem dominância destra.

Todos os dentistas questionados atuavam pelo menos 5 anos no mercado de


trabalho. Os mesmos cumpriam uma carga horária de atendimento, na Clínica, em
média de 8,3 horas, onde dois (10%) profissionais realizam 5 horas de atendimento
por dia, dois (10%) realizam 6 horas, quatro (19%) 10 horas, e treze (61%) realizam
8 horas diárias de atendimento (Figura 6); cinco dias por semana com uma média de
10 pacientes por dia. Os atendimentos eram realizados no período da manhã, tarde
e noite.

FIGURA 6 – Horas dispendidas ao atendimento na Clínica

10%
19%
10%

61%
Cinco horas Seis horas Oito horas Dez horas
30

Fonte – Autores

Os profissionais realizam atividades de clínica geral (cirurgia, dentística,


periodontia, e outros) conforme necessidade do paciente. O maior relato de
desconforto é para a atividade de endodontia com 47,6% (dez profissionais) seguida
pela periodontia com 38,1% (oito profissionais) e dentística com 14,3% (três
profissionais) (Figura 7).

Figura 7 – Procedimentos de maior queixa de desconforto

47,60%
38,10%

14,30%

Endodontia Periodontia Dentística

FONTE - Autores

As posturas mais adotadas pelos dentistas pesquisados durante o


atendimento podem ser visualizadas na Figura 8. As posições de maior desconforto
são a manutenção da abdução e elevação do ombro, com flexão de cotovelo e
punho, anteriorização exagerada e rotação de tronco.
31

FIGURA 8 – Posturas adotadas pelos dentistas pesquisados durante atendimento na Clínica

Em P é Sentado
Sentado com Anteriorização Tronco Sentado com Rotação Tronco
com Rotação Cervical Com Abdução Ombro D
Com Abdução Ombro E Com Elevação Ombro D
Com Elevação Ombro E Com Flexão Cotovelo D
Com Flexão CotoveloE Com Flexão P unho D
Com Flexão P unho E

21 21 21
20 20
19
17 17
16 16
15
13

FONTE - Autores

Como pode ser observado, a maioria dos odontólogos pesquisados realizam


as atividades clínicas na postura sentada, com anteriorização de tronco, rotação
cervical, flexão de cotovelo e punho direito e esquerdo, mantidos e repetidos por
longos períodos, preferindo a posição, segundo a classificação ISO/FDI, de nove
horas, para a maioria dos procedimentos, e com o ângulo formado entre a região
posterior da coxa e da panturrilha entre 90° e 115° (Figura 9). Isso pode levar a
desconfortos e distúrbios posturais futuros para essa classe profissional. Os
sintomas que os mesmos já apresentam podem ser vistos na Figura 10, onde o
principal desconforto referido é o cansaço muscular (vinte e um profissionais – 25%)
e dor incaracterístico após período de atendimento (dezoito – 22%).

FIGURA 9 – Posições mais adotadas pelos profissionais durante atendimento segundo


Classificação ISSO/FDI
32

21

10

6
4

Sete horas Nove horas Onze horas Doze horas

FONTE - Autores

FIGURA 10 – Tipos de desconforto referido pelos profissionais de Odontologia após atendimento


na Clínica

19%

8% 25%

10%
8%
22% 8%

Dor incaracterístico Dor emqueimação


Formigamento Cãibras
Cansaço muscular Perda de força MMSS
Limitação de movimento MMSS

FONTE – Autores

O local mais freqüente da dor é a região cervical, com 24% (treze


profissionais) seguida da região dorsal com 19% (dez profissionais) a região lombar
com 17% (nove profissionais) ombros com 13% (sete profissionais) punho e mãos
com 11% (seis profissionais) tornozelos e pés com 9% (cinco profissionais) e, por
último, os joelhos com 7% (cinco profissionais) como demonstrado na Figura 11.
33

FIGURA 11 – Locais de dor e desconforto referido pelos profissionais relacionados às atividades na Clínica

Tornozelos/Pés

5
Joelhos

4
Punhos/Mãos

6
Ombros

7
Lombar

9
Dorsal

10
Cervical

13

FONTE - Autores

Outros sintomas referidos são fadiga física, irritabilidade, nervosismo e


ansiedade, sendo até citada a falta de interesse pela atividade profissional e
depressão (Figura 12).

FIGURA 12 – Outras manifestações relatadas pelos profissionais de Odontologia do Bairro Ipiranga


20

Fadiga Física
Ansiedade
Fadiga Psíquica
Irritabilidade
Insônia
Nervosismo
Perda de interesse pelas atividades acadêmicas
Depressão

FONTE - Autores

Todos os profissionais questionados têm conhecimento dos equipos utilizados


e das vantagens ergonômicas dos mesmos para a postura, como por exemplo, o
uso encosto do mocho, entretanto, 47,6% dos entrevistados não utilizam o encosto
alegando que com a anteriorização do tronco tem-se um melhor acesso e
visibilidade do campo operatório. A Tabela 1 mostra outros motivos da não utilização
34

do encosto, dado pelos profissionais. Somado a isso, o tempo prolongado nesta


postura, sem apoio lombar, muitas vezes com a pelve rodada para frente, faz com
que a região lombo-sacra e os ílios sofram uma deformação, que juntamente com a
imobilidade prolongada, agrava as dores e leva a patologias dessa região (HUET;
MORAES, 2002).

Tabela 1 – Motivo da não utilização do encosto

MOTIVO Freqüência Porcentagem


Esquecimento 2 20%
Falta de Hábito 2 20%
Dificuldade para Visualização 6 60%
TOTAL 10 100%

Quando questionados com relação as prováveis causas de desconfortos,


todos são unânimes em afirmar que as posturas incorretas durante o atendimento,
juntamente com a manutenção por um longo período são as principais “vilãs”.
Entretanto, a grande maioria dos profissionais refere não fazer nada para mudar ou
aliviar sintomas (45%) alguns referem solicitar auxílio de outro profissional ou auxiliar
(18%) ou até mesmo diminuir o tempo de cuidado com o paciente (17%) outros
referem procurar utilizar melhor a mecânica corporal (20%).

Dentre os profissionais questionados, apenas dois, ou seja, 9,5% procuraram


auxílio médico e fisioterapêutico por causa dos sintomas.

O tipo de visão utilizada pelos dentistas pode estar denotando a inter-relação


entre instrumentos de trabalho, modo de realização da atividade e esforço físico. A
visão indireta, isto é, utilizando-se o espelho durante os procedimentos, foi
associado a menores freqüências de dor no pescoço, possivelmente porque o
espelho facilita e ameniza os movimentos para exame da cavidade oral (SANTOS,
2001). Como poucos profissionais utilizam a visão indireta (33%, 8 profissionais)
teve-se nesta pesquisa uma alta incidência de dor cervical (24%). A associação
inversa entre queixa de dor no ombro e altura dos indivíduos pode ser explicada pelo
menor esforço dos profissionais mais altos para o alcance e manuseio dos
instrumentos e do paciente, o que confere com o questionário aplicado aos
35

profissionais, pois os que referiram dor na região do ombro apresentavam uma


média de estatura de 1,70 metros de altura (65%).

5 CONCLUSÕES

Através da análise dos resultados obtidos pela pesquisa e conforme os


objetivos propostos pelo estudo, pode-se concluir que os profissionais de
odontologia, mesmo com pouco tempo de atuação no mercado de trabalho, já
apresentam sintomas de desconfortos ocupacionais que são relatados por diversos
autores para os profissionais da área (BARBOSA, et al, 2004). Isso ocorre devido à
manutenção ou repetição de posturas incorretas durante atividades em clínica, as
quais podem levar a muitos danos na biomecânica corporal e a saúde em geral do
individuo. Por isso é relevante para uma boa saúde e bem estar do corpo, adotar,
sempre que possível, uma boa postura em todas as atividades da vida diária. Isso
não significa evitar esforços e outras atividades vigorosas que, no decorrer da ação,
podem, ocasionalmente, alterar a postura correta. Dentro dos limites, tais
movimentos são até benéficos para o corpo.

Observando-se o trabalho profissional, tem-se a impressão inicial de que a


região mais afetada seja a lombar, devido a postura adotada. Isso poderia contrariar
as incidências descritas por vários autores. Entretanto, as prevalências encontradas
nesta investigação são próximas aos achados da literatura, destacando-se os
sintomas cervical e dorsal. Os fatores associados a queixa de dor também foram
consistentes com aqueles encontrados em outros estudos, fatores ergônomico-
posturais, de produtividade associada à carga horária, características individuais,
como por exemplo, altura e psicossociais.

Estudos epidemiológicos recentes confirmam a relação dos movimentos de


esforço, repetição e sobrecarga estática na origem de muitos problemas músculo-
esqueléticos. Englobando como mecanismos fisiopatológicos as contrações
contínuas e aumento de pressão intramuscular, interrupção do aporte sangüíneo e
compressões de feixes nervosos, levando ao sofrimento muscular crônico.
36

Vale salientar que a maioria dos profissionais, independente da posição


adotada, não faz uso de posturas corretas, não realiza atividade física nem pausas
durante os atendimentos, o que facilita a instalação de distúrbios posturais.

Outrossim, a própria terapêutica odontológica leva o profissional a adotar


posturas, muitas vezes constrangedoras, para poder ter melhor acesso e visibilidade
do campo operatório. Geralmente, colocam-se na posição de 11 e 9 horas (ISO/FDI)
ao lado do paciente o que exige durante o atendimento que o operador faça muitas
acomodações para chegar mais próximo do campo operatório, isso provoca
sobrecargas na coluna vertebral. Muitas vezes, o profissional se coloca numa
postura que mantém altura diferente de ombros, o que leva a maior tensão e
desconforto.

A posição de 9 horas, mais adotada pelos profissionais pesquisados, exige


uma inclinação para frente que, dependendo do grau pode ser fisiologicamente
aceitável, pois os braços podem ser mantidos mais próximos do corpo, porém a
perna direita fica impossibilitada de uma maior aproximação. Já na posição de 11
horas a perna esquerda pode entrar por sob o encosto da cabeça e o dentista tem
acesso visual direto dos dentes inferiores e indireto dos superiores. Com isso,
conclui-se que devem ser feitas orientações aos profissionais dos benefícios dessa
posição em relação a de 9 horas.

Fica evidente, com a pesquisa, que os profissionais necessitam de orientação


e modificações urgentes quanto as posturas adotadas e aos métodos de
relaxamento e preparação corporal para as sobrecargas no trabalho odontológico a
fim de minimizar e/ou evitar as dores e os problemas posturais decorrentes da
profissão, e proporcionar uma melhor qualidade de vida no trabalho.

Orientações propostas:

 Criar trabalhos que esclareçam, conscientizem e orientem os


profissionais, desde o início do curso, quanto aos hábitos posturais
corretos e a importância da ergonomia, para que aprendam a trabalhar
de forma a evitar problemas posturais futuros;
37

 Orientar a importância de pequenas pausas entre os pacientes, os


quais permitem um relaxamento muscular, pois a movimentação e o
alongamento melhoram o aporte sangüíneo para as regiões tensas,
prevenindo desconfortos posturais;

 Incentivar a prática de atividade esportiva, pois a permanência na


postura sentada a maior parte do dia agrava situações estressantes
inerentes a profissão;

 Elaboração de um programa de exercícios e alongamentos que possa


ser executado pelos profissionais e profissionais no ambiente de
trabalho;

 Orientar a intercalação das várias posições de trabalho, de forma a


evitar as mesmas posturas por longos períodos; evitar posturas
estáticas por muito tempo e movimentos repetitivos; apoiar membros
superiores sempre que possível;

 Orientar a utilização correta dos equipos, como o encosto do mocho,


regulação da altura, para uma melhor postura durante trabalho; evitar
rodar o tronco e pescoço e manter por longo período, prevenindo,
assim, os “encurtamentos“ musculares; utilizar rotação do mocho.
38

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Trabalho em Odontologia. São Paulo: Pancast, 1991.

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Ergonomia e Trabalho, 2002. http://www.dipapel.com.br/giroflex/ergonomia.htm.
Acessado em 28/09/02.
41

ANEXO 1
REQUERIMENTO DE AUTORIZAÇÃO

São Paulo, outubro de 2010.

Centro Universitário São Camilo


Av. Nazaré, 1200
Ipiranga – São Paulo – SP
Fone: (011)5062-3154

Prezado Odontólogo

Sou aluno(a) da graduação em Medicina, e atualmente estou desenvolvendo


trabalho de Medicina do Trabalho, cujo tema é “Estudo das sobrecargas posturais
em Profissionais de Odontologia do Bairro Ipiranga da cidade de São Paulo”.
Por esta razão, venho através desta solicitar sua colaboração no sentido de
responder ao questionário em anexo. Outrossim, informo que será garantido
anonimato e sigilo das informações. Contando com a colaboração antecipadamente
agradeço.

Atenciosamente,
________________
42

Aluno Medicina

ANEXO 2
CENTRO UNIVERSITARIO SÃO CAMILO – CUSC
Trabalho da Disciplina de Saúde do Trabalhador

Questionário

A. Dados Pessoais:
1.1 Iniciais do nome:___________________________
1.2 Data de nascimento:___/___/___
1.3 Sexo:( )F ( )M Idade:___ Altura:___ Peso:___
1.4 Lateralidade: ( )Destro ( )Sinistro
1.5 Tempo Atuação: ( )-5 anos ( )5 anos ( )+5 anos, quantos:___
B. Atuação Profissional;
2.1 Período de atividade prática na Clínica de Odontologia:
( )Manhã ( )Tarde ( )Noite
2.2 Quantas vezes por semana:
( )Uma ( )Duas ( )Três ( )Quatro ( )Cinco ( )Seis ( )Sete

2.3 Quantas horas por dia:___________________________

2.4 Qual número de atendimento/dia:__________________


2.5 Que tipo de atividade desenvolve na Clínica Odontológica:______________________
2.6 Qual postura você adota durante esta atividade:
( )Sentada(o) ( )Sentada com rotação do tronco ( )Com rotação Cervical
( )Sentada(o) com inclinação do tronco e região cervical para frente
( )Em pé ( )Elevação lateral do ombro D ( )Elevação lateral do ombro E
( )Com elevação anterior do ombro D ( )Com elevação anterior do ombro E
( )Com flexão do cotovelo D ( )Com flexão do cotovelo E
( )Com flexão do punho D ( )Com flexão do punho E
Outros:_______________________________________________________
2.7 Se você adota postura sentada(o) qual ângulo aproximado formado na articulação
do joelho:
( )Menor que 90o ( )de 90 a 115o
( )Maior que 115o (afastando a perna da cadeira)
2.8 O mocho possui encosto: ( )Sim ( )Não
2.8.1 Você usa o encosto: ( )Sim ( )Não
2.8.2 Se não usa, qual o motivo:_______________________________
2.9 Qual o lado da cadeira odontológica você atua normalmente:
43

( )Direito ( )Esquerdo
2.10 Os equipamentos de manuseio e o mocho ficam a que distância, aproximadamente, da
cadeira odontológica:
( )Menos de um metro ( )Mais de um metro
2.11 Qual a visão adotada durante o atendimento:
( )Direta ( )Indireta
2.12 Realiza intervalos de descanso:( )Não ( )Sim
2.13.1 Qual tempo, freqüência e o que faz durante o intervalo:
_________________________________________________________
2.13 Imaginando um relógio, onde o centro é a boca do paciente, estando o paciente na
horizontal, qual a posição adotada durante o trabalho:
( )Posição de sete horas
( )Posição de nove horas
( )Posição de onze horas
( )Posição de doze horas
( )Outra posição,
qual:_______________________________________
2.14 Realiza alguma atividade física:( )Não ( )Sim
2.14.1 Qual(is) atividade(s):___________________________________
2.14.2 Com que freqüência: 2.14.3 Qual a duração da atividade:
( )1vez por semana ( )Menos de 15 minutos
( )2 vezes por semana ( )15 a 30 minutos
( )3 vezes por semana ( )Mais de 30 minutos
( )Todos os dias ( )Há quanto tempo pratica
C. Quanto à Saúde:
3.1 Sente alguma dor ou desconforto físico:( )Não ( )Sim
3.1.1 Onde:( )Coluna cervical ( )Coluna dorsal ( )Coluna lombar
( )Ombro ( )Cotovelo ( )Punho e mãos
( )Quadril ( )Joelho ( )Tornozelos e pés
( )Outros:______________________________________
3.1.2 Característica da dor:( )Leve ( )Moderada ( )Intensa
3.1.3 Há quanto tempo vem sentindo dor:______________________
3.2 Fatores que pioram a dor:___________________________________
3.3 Fatores que melhoram a dor:_________________________________
3.4 Já apresentou algum(s) dos sintomas a baixo:
( )Dor ( )Cansaço muscular ( )Formigamento
( )Alterações de sensibilidade ( )Queimação ( )Cãibras
( )Perda de força muscular, onde:_________________________________
( )Limitação nos movimentos, quais:_______________________________
Local:________________________________________________________
44

3.4.1 Quando eles se apresentam (sintomas):


( )Todos os dias ( )Meio da semana ( )Final de semana
( )Antes do trabalho( )Após o trabalho ( )Durante o trabalho
( )À noite ( )Contínuos ( )Intermitentes
3.5 Na sua opinião qual(is) a(s) causa(s) deste(s) sintoma(s):

3.6 Consultou algum médico por causa dos sintomas:( )Não ( )Sim
3.7 Se visitou, qual dos seguintes distúrbios foi diagnosticado:
( )Tendinite/Inflamação dos tendões
( )Tenossinovite/Inflamação dos tecidos que revestem os tendões
( )Miosite/Inflamação nos músculos
( )Bursite/Inflamação das bursas
( )Epicondilite/Inflamação das estruturas do cotovelo
( )Cervicobraquialgia/ Dor na região cervical, referindo-se para o braço
( )Ombro doloroso/Compressão de nervos e vasos na região do ombro
( )Síndrome do túnel do carpo/Comprometimento ao nível do punho
( )Outros:____________________________________________________
3.8 Consultou um fisioterapeuta por causa do distúrbio:( )Não ( )Sim
3.9 Precisou parar com a atividade desenvolvida temporariamente por causa do
distúrbio:( )Não ( )Sim, quanto tempo:________________
3.10 Precisou alterar os hábitos de vida:( )Não ( )Sim
3.11 Precisou usar órteses (Talas, bandagens, etc.): ( )Não ( )Sim, qual:
3.12 Ocorrência de outras manifestações durante os sintomas do(s) distúrbio(s):( )Não
( )Sim, qual:
( )Depressão ( )Ansiedade ( )Nervosismo ( )Fadiga física
( )Fadiga psíquica ( )Irritabilidade
( )Insônia ( )Perda de interesse pela atividade profissinal
3.13 Alterações nos hábitos de atendimento:( )Não ( )Sim
3.14 Em caso positivo, o que tem feito para modificar (marque quantas forem
necessárias):
( )Mudança de posição de atendimento freqüente
( )Solicita auxílio de outro profissinal
( )Alteração na jornada de atendimento (redução de tempo de atividade)
( )Pára de atender quando os sintomas se agravam (quantos minutos:___)
( )Diminui o uso de técnicas manuais
( )Faz mais intervalos ou pausas durante a jornada da atividade prática
( )Utiliza melhor a sua mecânica corporal
( )Diminui o tempo de cuidado ao paciente
( )Faz ginástica laboral
( )Outros:____________________________________________________
45

3.15 No tempo livre, que tipo de atividade realiza:


( )Atividades manuais ( )Trabalhos domésticos leves ( )Tv/vídeo
( )Usa computador ( )Trabalhos domésticos pesados
( )Leitura/estudo ( )Outros:___________________________________

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