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Faculdade de Ciências Agrárias

Licenciatura em Engenharia em Desenvolvimento Rural


2º Ano, Iº Semestre
FITOPATOLOGIA E FARMACOLOGIA
Trabalho do 2º Grupo

BACTÉRIAS FITOPATOGÉNICAS

Discentes:
Lívia Carlindo Namireca
Miguel Bruge Amade Atumane
Valdimiro Adriano

Docente:
Prof. Doutor Paulo Guilherme (Ph.D)

Unango, Setembro de 2021


ÍNDICE
I. INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 2
1.1. OBJECTIVOS ........................................................................................................... 2
1.1.1. Geral ....................................................................................................................... 2
1.1.2. Específicos.............................................................................................................. 2
II. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................... 3
2.1. Bactérias como patógenos de plantas ........................................................................ 3
2.2. Morfologia, estruturas e organização celular das bactérias....................................... 3
2.2.1 Dimensões................................................................................................................ 3
2.2.2. Formas .................................................................................................................... 3
2.2.3. Mobilidade .............................................................................................................. 3
2.3. Estrutura e função da célula bacteriana ..................................................................... 4
2.4. Reprodução, variabilidade genética e crescimento populacional .............................. 5
2.4.1. Reprodução............................................................................................................. 5
2.4.2. Variabilidade genética ............................................................................................ 5
2.4.3. Crescimento ............................................................................................................ 5
2.5. Ciclo de relações patógeno – hospedeiro .................................................................. 6
2.5.1. Sobrevivência e disseminação ................................................................................ 6
2.5.2. Penetração, multiplicação e sintomas ..................................................................... 7
2.6. Taxonomia................................................................................................................. 9
2.7. Doenças causadas por fungos e bactérias ................................................................ 10
2.7.1.Damping-off ou tombamento ................................................................................ 10
2.7.1.2. Sintomatologia................................................................................................... 10
2.7.2.3. Etiologia ............................................................................................................ 11
2.7.3.4. Ciclo de relação patógeno – hospedeiro ............................................................ 11
2.7.4.5. Controle ............................................................................................................. 11
2.7.2. Podridões de raiz e colo........................................................................................ 12
2.7.2.1. Sintomatologia................................................................................................... 13
2.7.2.2. Ciclo de relação patógeno – hospedeiro ............................................................ 13
III. PRINCIPAIS CONSTATAÇÕES............................................................................ 15
IV. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 16

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I. INTRODUÇÃO
Mais de 1.600 espécies bacterianas são conhecidas, mas apenas cerca de 100 espécies
causam doenças em plantas. Até a primeira metade do século XIX não se cogitava
seriamente a existência de doenças de plantas causadas por bactérias. Possivelmente, o
primeiro sobre uma enfermidade de plantas causada por uma bactéria é atribuído ao
botânico alemão F.M. Draenert, que em visita ao Recôncavo Baiano, em 1869, teria
aventado pela primeira vez a possibilidade da gomose da cana-de-açúcar ser de etiologia
bacteriana (CHEREFF, 2001).
Entretanto, os primeiros trabalhos, considerados pelos autores contemporâneos como de
real valor científico, foram os do americano Burril, em 1882, sobre a queima da
macieira e da pereira e os do holandês Walker, também em 1882, sobre o
amarelecimento do jacinto. Em 1889, Erwin F. Smith, considerado o pai da
Fitobacteriologia, foi quem realmente demonstrou a natureza bacteriana de cinco
enfermidades de plantas (CHEREFF, 2001).
No início do século XX, já era grande o número de trabalhos científicos comprovando
serem as bactérias importantes patógenos de plantas. Bactérias são importantes
patógenos de plantas, não somente pela alta incidência e severidade em culturas de valor
económico, mas também pela facilidade com que se disseminam e pelas dificuldades
encontradas para o controle das enfermidades por elas incitadas (CHEREFF, 2001).

1.1. OBJECTIVOS
1.1.1. Geral
Abordar sobre bactérias fitopatológicas
1.1.2. Específicos
Descrever as Bactérias como patógenos de plantas;
Retratar o Ciclo de relações patógenos – hospedeiro;
Identificar doenças causadas por bactérias nas plantas.

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II. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1. Bactérias como patógenos de plantas
De acordo com (Vidhyasekaran, 2002) As doenças bacterianas estão entre os principais
problemas fitossanitários, não raro provocando perdas significativas pela destruição
parcial ou total da planta ou do órgão comercializável, que tem seu valor económico
reduzido

Bactérias patogénicas de plantas causam muitas doenças graves em plantas em todo o


mundo (Vidhyasekaran, 2002), mas menos do que fungos ou vírus, e causam
relativamente menos danos e custos económicos (Kennedy & Alcorn, 1980). A maioria
das plantas, tanto económicas quanto silvestres, tem imunidade inata ou resistência a
muitos patógenos. No entanto, muitas plantas podem abrigar patógenos vegetais sem
desenvolvimento de sintomas (assintomáticos).

2.2. Morfologia, estruturas e organização celular das bactérias


De acordo com a morfologia, as bactérias podem ser classificadas como cocos, bacilos,
vibriões, e espirilos. Os cocos podem se agrupar e formarem colónias, nas quais dois
cocos formam um diplococo. Quando enfileirados, formam um estreptococos e, em
cachos, um estafilococo (Yeates et al.,2008).
Em geral, as bactérias possuem um envoltório rígido denominado parede celular, exceto
os micoplasmas, que recobre a membrana plasmática, sendo constituída de uma rede de
peptídeos ou lipídios ligados a polissacarídeos chamados peptidioglicanos ou
lipopolissacarídeos (LPS) (Yeates et al.,2008).

2.2.1 Dimensões

As células bacterianas medem de 1 a 3,5 m de comprimento por 0,5 a 0,7 m de diâmetro


(CHEREFF, 2001)

2.2.2. Formas
As bactérias fitopatogénicas têm comummente a forma de bastonetes ou bacilos, embora
possam apresentar também outras formas. Bactérias filamentosas ou miceliais possuem
micélio rudimentar formado por hifas muito finas, como o gênero Streptomyces.
(CHEREFF, 2001)
2.2.3. Mobilidade

As bactérias podem ser móveis ou imóveis. Seu movimento pode ser ondulatório,

3
rotatório e principalmente através dos flagelos. Estes são filamentos contrácteis, apenas
visíveis ao microscópio ótico com o uso de técnicas especiais de coloração.
Quanto ao número e disposição dos flagelos, as bactérias podem ser classificadas em:
átricas, quando não possuem flagelos; monótricas, quando possuem apenas um
flagelo em posição polar ou lateral; lofótricas, quando possuem um tufo de flagelos;
perítricas, quando possuem flagelos distribuídos por toda sua superfície (CHEREFF,
2001).

Figura 1. Inserção de flagelos em fitobactérias [segundo Romeiro (1996)], citado por


(CHEREFF, 2001)

2.3. Estrutura e função da célula bacteriana


Externamente, a célula pode ser ou não revestida pela cápsula ou camada mucilaginosa,
que tem a função de protecção, facilitando a sobrevivência. Em seguida, existe a parede
celular, que envolve estreitamente a região citoplasmática, a qual é delimitada por uma
membrana fina e delicada, chamada membrana celular ou membrana citoplasmática
(CHEREFF, 2001).
O citoplasma pode apresentar invaginações da membrana citoplasmática, chamadas
mesossomos ou ainda inclusões ou grânulos, contendo substâncias de reserva como
lipídios, glicogénio, amido (CHEREFF, 2001).
Os gêneros Bacillus e Clostridium são os únicos que produzem estruturas de resistência
chamadas endosporos. Como apêndices celulares podemos encontrar: os flagelos,
principais responsáveis pela mobilidade; as fímbrias, responsáveis pela aderência da
bactéria ao substrato; e finalmente os pilus (plural pili), com função no processo de
recombinação genética conhecido como conjugação (CHEREFF, 2001).

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Figura 2. Célula bacteriana típica [segundo Romeiro (1995)] citado por (CHEREFF,
2001).

2.4. Reprodução, variabilidade genética e crescimento populacional


2.4.1. Reprodução
As bactérias fitopatogênicas multiplicam-se principalmente pelo processo assexuado de
fissão binária ou cissiparidade, no qual uma célula-mãe cresce e se divide ao meio
originando duas células filhas completamente iguais. Já as bactérias miceliais
reproduzem-se por esporulação ou segmentação do micélio e formação de conídios ou
esporângios no ápice das hifas (CHEREFF, 2001; Yeates et al.,2008).

2.4.2. Variabilidade genética


Bactérias são capazes de trocar entre si material genético, gerando variabilidade, ainda
que por processos diferentes e mais primitivos que os organismos eucariotas. A
recombinação genética em bactérias ocorre por três processos básicos (transformação,
conjugação e transdução), que serão abordados com maior profundidade no segmento
referente a variabilidade de agentes fitopatogénicos (CHEREFF, 2001; Yeates et
al.,2008).
2.4.3. Crescimento
Conforme (CHEREFF, 2001), A fissão binária origina células em progressão
geométrica. A curva de crescimento de uma bactéria é dividida em quatro fases (Fig. 3):
a) Fase de adaptação ou lag: é a fase de adaptação ao meio, com crescimento
lento.

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b) Fase logarítimica ou exponencial: segunda etapa, onde a população bacteriana
cresce exponencialmente, ou seja, o n úm e r o d e células que cresce é maior do
que o número de células que morre.
c) Fase estacionária: onde o número de células que nasce é igual ao número de
células que morre, e isto ocorre devido à redução de nutrientes no meio e ao
acúmulo de metabólitos tóxicos.
d) Fase de morte ou declínio: onde o número de bactérias que morre é maior que
o número de células que nasce. A taxa de morte cresce até alcançar um máximo
devido a exaustão de nutrientes.

Figura 3. Curva de crescimento bacteriano “in vitro”, sob condições óptimas,


mostrando as fases de adaptação (AB), exponencial ou logarítmica (BC),
estacionária (CD) e de morte (DE) [segundo Romeiro (1995)],citado por
(CHEREFF, 2001).

2.5. Ciclo de relações patógeno – hospedeiro

2.5.1. Sobrevivência e disseminação

Bactérias fitopatogênicas apresentam várias fases durante seu ciclo de vida, algumas
delas associadas à sobrevivência. Nesse sentido, um ciclo de vida típico pode apresentar
as seguintes fases (CHEREFF, 2001).
a) Fase patogénica: a fitobactérias, em estreita e activa associação como o
hospedeiro, infectando e colonizando seus tecidos, está incitando os sintomas
típicos da enfermidade. Para o caso de plantas anuais, essa fase é a fonte de
inoculo para a estação seguinte de plantio.
b) Fase residente: bactérias nesta fase são denominadas populações residentes,

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sendo capazes de se multiplicar nas superfície de plantas sadias (cultura
agronómica ou erva daninha, planta hospedeira ou não hospedeira) sem infectá-
las, sendo fonte de inóculo na ausência de doença. Nutrientes disponíveis, nesse
caso, seriam exsudatos do filoplano ou rizoplano.
c) Fase latente: as bactérias fitopatogênicas encontram-se internamente
posicionadas no tecido susceptível, em baixas populações, tendo sua
multiplicação paralisada, e os sintomas não se evidenciam. Infecção latente
constitui um sério problema em relação à adopção de medidas de controlo,
principalmente quando consideradas a quarentena e a certificação.
d) Fase hipobiótica: embora não esporogênicas, algumas fitobactérias parecem
possuir seus próprios mecanismos que permitem sobreviver por longos períodos
em hipobiose. Células bacterianas nesse estado diferem estrutural e
metabolicamente de células normais, multiplicam-se activamente. Em condições
de hipobiose, a célula bacteriana parece ser formada gradualmente com o
envelhecimento.

Figura 4. Fases do ciclo de vida de uma bactéria fitopatogénica em relação às


possibilidades de sobrevivência [segundo Romeiro (1995) citado por (CHEREFF,
2001).

2.5.2. Penetração, multiplicação e sintomas


As bactérias penetram nas plantas através de aberturas naturais como estomatos,

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lenticelas, hidatódios, aberturas florais etc., e também através de ferimentos. Uma vez
no interior das plantas, elas podem se multiplicar nos espaços intercelulares ou no
tecido vascular. Desta localização vai depender o tipo de sintoma que irão produzir. Se
colonizarem o tecido vascular podem causar murcha, morte dos ponteiros e cancro. Se
colonizarem os espaços intercelulares irão produzir manchas, crestamentos, galhas,
fasciação e podridão mole (CHEREFF, 2001).
Os sintomas incitados em plantas por bactérias podem, em muitos casos, ser
confundidos com aqueles causados por outros fitopatógenos como fungos, nematóides
e vírus. Os principais sintomas causados por bactérias fitopatogénicas são: anasarca ou
encharcamento, mancha, podridão mole, murcha, hipertrofia, cancro, morte das pontas,
talo-ôco e canela preta. Muitas vezes a presença de sinais é evidente, caracterizados
por exsudado, pús bacteriano ou fluxo bacteriano, tanto nas lesões como nas doenças
vasculares, principalmente em condições de alta humidade (CHEREFF, 2001).

Figura 5. Penetração, multiplicação e sintomas causados por fitobactérias [adaptado


de Király et al. (1974) citado por (CHEREFF, 2001).

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2.6. Taxonomia
A taxonômica das bactérias no mundo dos seres vivos foi sempre motivo de polêmica.
Em 1957, na 7ª edição do Bergey's Manual, as bactérias e algas verde-azuis estavam
situadas no Reino Vegetalia, Divisão Protophyta. Em 1974, na 8a. edição do Bergey's
Manual, estes organismos foram incluídos no Reino Procaryotae. A condição
procariota da célula bacteriana pode ser caracterizada pela natureza do genóforo (termo
usado por Ris, em 1961, para designar o nucleoplasma da célula procariota), tipo de
ribossomos (70S ao contrário dos eucariotas, que são 80S) e ausência de membranas
envolvendo organelas citoplasmáticas. Na primeira edição do Bergey's Manual of
Systematic Bacteriology, em 1984, o Reino Procaryotae foi dividido em quatro
grandes divisões, sendo duas envolvendo bactérias de importância fitopatológica:
Gracilicutes e Firmicutes (CHEREFF, 2001).

Em 1980 foi publicada a lista de nomes bacterianos aprovados e também uma Lista de
patovares. O termo patovar, abreviado como pv., foi escolhido como nomenclatura
infra-específica para designar dentro de uma espécie, bactérias que são patogênicas a
um hospedeiro ou grupo de hospedeiros. Por exemplo Xanthomonas campestris pv.
campestris é uma bactéria patogênica às crucíferas, causando a podridão negra
(CHEREFF, 2001).

Reino: Procaryotae
Divisão: Gracilicutes - bactérias Gram-negativas
Classe: Proteobacteria - maioria bactérias unicelulares
Família: Enterobacteriae
Gênero: Erwinia
Família: Pseudomonadaceae
Gêneros: Acidovorax Pseudomonas Ralstonia Xanthomonas
Família: Rhizobiaceae
Gênero: Agrobacterium
Família: sem denominação
Gênero: Xylella
Divisão: Firmicutes - bactérias Gram-positivas
Classe: Firmibacteria - maioria bactérias unicelulares, com endosporo
Gêneros: Bacillus

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Clostridium
Classe: Thallobacteria - maioria bactérias ramificadas, sem endosporo
Gêneros: Clavibacter Curtobacterium Streptomyces.

2.7. Doenças causadas por fungos e bactérias


Sintomatologia é a parte da Fitopatologia que estuda os sintomas e sinais, visando a
diagnose de doenças de plantas. Sintoma é qualquer manifestação das reacções da planta
a um agente nocivo, enquanto sinais são estruturas do patógeno quando exteriorizadas
no tecido doente. A sequência completa dos sintomas que ocorrem durante o
desenvolvimento de uma doença constitui o quadro sintomatológico (CHEREFF, 2001).
Etiologia é uma palavra de origem grega, aetia = causa + logos = estudo. Em
fitopatologia, corresponde à parte que estuda as causas das doenças de plantas e tem
como objectivo o estabelecimento de medidas correctas de controlo. Patógeno é
qualquer organismo capaz de causar doença infecciosa em plantas, ou seja, fungos,
bactérias, vírus, viróides, nematóides e protozoários. Patogenicidade é a capacidade que
um patógeno possui, de associando-se ao hospedeiro, causar doença (CHEREFF, 2001).
2.7.1.Damping-off ou tombamento
O tombamento, danos em plântulas ou "damping off" é uma doença que afeta tecidos
vegetais tenros, suculentos e jovens, ainda dependentes ou recém libertados das reservas
nutricionais acumuladas na semente (BEDENCO, 1995).
A importância desta doença está relacionada com o estabelecimento da cultura no
viveiro ou no campo, pois sempre ocorre nos primeiros estádios de desenvolvimento da
planta. Afecta sementes em germinação na pré emergência, ou no estádio de plântulas
recém emergidas. Pelo fato desta doença ser favorecida por condições de alta humidade
do solo, tem sido denominada pelo termo inglês "damping off" (BEDENCO, 1995).

2.7.1.2. Sintomatologia
A doença decorre da acção de fungos sobre a germinação da semente e o estabelecimento da
plântula, causando a destruição de tecidos tenros. Os sintomas típicos da doença podem ser
observados antes mesmo da emergência da plântula ou após esta emergir na superfície do solo.
No primeiro caso, os tecidos da semente tornam-se escuros, perdendo a rigidez e tendem a
decomposição. Nos primeiros tecidos provenientes da germinação da semente pode-se observar
inicialmente, o aparecimento de manchas encharcadas, que rapidamente aumentam de tamanho
e escurecem. Com a evolução da doença, o fungo toma toda planta jovem, provocando a
destruição de seus tecidos que pode estender-se ao hipocótilo e circundar o caule, necrosando-o

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ao nível do colo. Podem ocorrer também, lesões na parte superior da haste, nos cotilédones e na
gema apical (KRUGNER e AUER, 1997).

2.7.2.3. Etiologia
Vários são os agentes causais do "tombamento ou damping-off"; os fungos são os mais comuns
agentes causais desta doença, especialmente àqueles que podem sobreviver saprofíticamente no
solo ou através das fontes primárias de inóculo, como estruturas de repouso, tais como:
escleródios (Rhizoctonia spp.), microescleródios (Cylindrocladium spp.), clarnidosporos
(Fusarium spp.) e oósporos (Phytophthora spp. e Pythium spp.), além de sementes
contaminadas, água de irrigação e o próprio viveiro (instalações, tubetes, piso, etc). O material
infestado no viveiro torna-se fonte secundária de inóculo. Eventualmente vários outros fungos
podem provocar podridão de sementes e danos em plântulas. Entre os quais citam-se os gêneros:
Colletotrichum, Phoma, Helminthosporium, Cercospora e Botrytis (Hilje et aI., 1991).
(HILJE et al., 1991).

2.7.3.4. Ciclo de relação patógeno – hospedeiro

A disseminação dos propágulos pode ocorrer de forma passiva ou activa. Os zoósporos devido a
presença de flagelos, podem locomover-se na água a curta distância e também pela
movimentação das mudas no viveiro. A disseminação passiva porém, é mais eficiente, sendo
responsável pela distribuição do inóculo a longas distâncias. Neste caso, a disseminação pode
ser feita pela água, tanto na forma de enxurrada (chuva e da água de irrigação por sulco), quanto
na forma de respingos (chuva ou irrigação por aspersão) ou pelo movimento do solo durante as
operações de aração e gradagem, pelo transporte e movimentação de mudas e sementes
contaminadas através do vento e pelos implementos agrícolas (Bedenco, 1995).

Algumas condições favorecem a doença, o "damping off", tem início com a sobrevivência do
inóculo, cujos patógenos são habitantes do solo e apresentam grande capacidade saprofítica,
desenvolvendo-se as custas de nutrientes obtidos a partir da decomposição da matéria orgânica.
A sobrevivência desses fungos fitopatogénicos é garantida através das estruturas de resistência
anteriormente referidas (Bedenco, 1995).

2.7.4.5. Controle

O controlo das doenças deste grupo, envolve medidas que visam diminuir o inóculo do
patógeno, promove o rápido desenvolvimento da plântula e evita a ocorrência de
determinadas condições ambientais que favorecem a actuação do patógeno. A utilização

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dessas medidas é importante para o controle da doença, devido a inexistência de
material genético resistente de essências florestais (Bedenco, 1995).

Inicialmente, deve-se evitar o plantio em áreas naturalmente sujeitas a excessos de


humidade, utilizando-se solos com boa drenagem e água de irrigação livres dos
patógenos, realizando-se irrigações adequadas, sem excessos que possam favorecer o
desenvolvimento de fungos ou outros agentes patogénicos (Bedenco, 1995).

O emprego de sementes sadias e com alto vigor, substrato, cobertura do solo do viveiro
com brita ou material similar; desbaste das plântulas germinadas o mais rápido possível
para evitar a alta densidade de plântulas na sementeira e viveiro; eliminação das plantas
doentes e mortas; fertilização equilibrada das mudas, evitando o excesso de nitrogênio
para que as plântulas cresçam rapidamente e os tecidos jovens passem a ser mais
resistentes; emprego de substrato que permita boa drenagem e controle da frequência da
irrigação (Bedenco, 1995).

2.7.2. Podridões de raiz e colo


Diversos patógenos são descritos como causadores de podridão de raízes em
morangueiro, como: Phytophthora fragariae C. J. Hickman var. fragariae, P. citricola
Sawada, P. cactorum (Lebert & Cohn) J. Schrot, P. nicotianae Breda de Haan,
Rhizoctonia solani Kühn [teleomorfo: Thanatephorus cucumeris (A. B. Frank) Donk],
R. fragariae Husain & W. E. McKeen (teleomofo: Ceratobasidium sp.), Idriella lunata
P. E. Nelson & K. Wilh., Pythium ultimum Trow, P. myriotylum Drechs, P. irregulare
Buisman, P. perniciosum Serbinow, P. sylvaticum W. A. Campbell & J. W. Hendrix,
P. dissotocum Drechs., P. hypogynum Middleton, P. rostratum E. J. Butler, P.
acanthicum Drechs, Cylindrocarpon destructans (Zinssmeister) Scholten, Fusarium spp.
Esses fungos estão presentes na maioria das áreas onde se cultiva o morangueiro.
A monocultura e o manejo inadequado podem selecionar e aumentar a população desses
patógenos (TANAKA et al., 2005). Além dos fungos citados, o nematoide Pratylenchus
penetrans pode ser associado à doença (ZAMBOLIM; COSTA, 2006).

A podridão do colo é causada pelo fungo Sclerotium rolfsii Sacc. [syns. Corticium
rolfsii Curzi e Pellicularia rolfsii (Curzi) West.; teleomorfo: Athelia rolfsii (Curzi) Tu &
Kimbrough]. Essa doença, de ocorrência esporádica, tem sido observada em algumas
lavouras no Estado do Espírito Santo, principalmente em solos muito compactados,

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excessivamente cultivados e com baixo teor de matéria orgânica (ZAMBOLIM; COSTA, 2006).

Figura 6. Podridão de Sclerotinia (Sclerotinia sclerotiorum) em plantas e frutos de


morangueiro, com presença de escleródios escuros no material (ZAMBOLIM; COSTA, 2006).

Figura 7. Podridão negra da raiz (Rhizoctonia fragariae) em morangueiro (ZAMBOLIM;


COSTA, 2006).

2.7.2.1. Sintomatologia
O fungo que causa a podridão do colo ataca qualquer parte da planta, principalmente em
condições de alta humidade. Em plantas infectadas, verifica-se o crescimento de hifas sobre a
superfície de pecíolos mais próximos ao solo, cobrindo a lesão com uma massa de micélio
branca (KWON et al., 2004). Posteriormente, pode atacar e matar a gema apical do
morangueiro. Nas lesões próximas ao solo, há uma formação intensa de micélio branco. Depois,
o fungo produz numerosos escleródios arredondados e pequenos, de tamanho uniforme (1,0
mm a 2,4 mm) (KWON et al., 2004), similares a sementes de crucíferas, que, no início, são
brancos e, depois, ficam marrom-escuros. Com o avanço do fungo na planta, ela pode murchar e
morrer.
Os sintomas da podridão da raiz são variáveis, dependendo do patógeno que estiver presente na
área, mas, em geral, são de subdesenvolvimento das plantas, como: a) clorose, bronzeamento,
crestamento marginal e internerval de folhas; b) pecíolo, estolho e folíolo avermelhados, similar
ao sintoma de deficiência de nitrogênio e outros nutrientes; c) raiz necrosada; e d) murcha e
morte das plantas.

2.7.2.2. Ciclo de relação patógeno – hospedeiro


S. rolfsii é um fungo com ampla gama de hospedeiros, é habitante do solo e é
encontrado em regiões úmidas (MAAS, 1998). Os escleródios são seu principal meio de

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disseminação e sobrevivência. A temperatura ótima para o crescimento micelial
máximo e a formação de escleródios é de 30 °C (KWON et al., 2004).
Os patógenos envolvidos na podridão de raízes são habitantes do solo, com ampla gama
de hospedeiros. Eles podem sobreviver em restos de cultura e no solo, na forma de
micélios, escleródios, esporos de resistência, e também em outros hospedeiros.
A disseminação se dá pela movimentação de solo contaminado, por implementos
agrícolas e água de enxurrada ou irrigação. Mudas contaminadas podem levar o
patógeno para locais isentos da doença. Entre os fatores que contribuem para o
surgimento da doença estão: plantio sucessivo de morangueiro, emprego de mudas
velhas no plantio, mudas fora do padrão ideal de plantio, solos com excesso de
umidade, compactados e mal drenados (ZAMBOLIM; COSTA, 2006).

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III. PRINCIPAIS CONSTATAÇÕES
As doenças bacterianas estão entre os principais problemas fitossanitários, não raro
provocando perdas significativas pela destruição parcial ou total da planta ou do órgão
comercializável, que tem seu valor económico reduzido.

De acordo com a morfologia, as bactérias podem ser classificadas como cocos, bacilos,
vibriões, e espirilos. Os cocos podem se agrupar e formarem colónias, nas quais dois
cocos formam um diplococo. Quando enfileirados, formam um estreptococos e, em
cachos, um estafilococo.
As bactérias fitopatogénicas têm comummente a forma de bastonetes ou bacilos,
embora possam apresentar também outras formas. Bactérias filamentosas ou miceliais
possuem micélio rudimentar formado por hifas muito finas, como o género
Streptomyces.
O tombamento, danos em plântulas ou "damping off" é uma doença que afecta tecidos
vegetais tenros, suculentos e jovens, ainda dependentes ou recém libertados das reservas
nutricionais acumuladas na semente.
A podridão do colo é causada pelo fungo Sclerotium rolfsii Sacc. [syns. Corticium
rolfsii Curzi e Pellicularia rolfsii (Curzi) West.; teleomorfo: Athelia rolfsii (Curzi) Tu &
Kimbrough]. Essa doença, de ocorrência esporádica, tem sido observada em

algumas lavouras no Estado do Espírito Santo, principalmente em solos muito


compactados, excessivamente cultivados e com baixo teor de matéria orgânica.

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IV. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
.
1. BEDENCO, I. D., KIMATI, H., & AMORIM, L. e. (1995). Manual de Fitopatologia.
São Paulo: : Agronômica Ceres.
2. CHEREFF, S. J. (2001). FUNDAMENTOS de Fitopatologia. Recife – PE .
3. HILJE, Q., ARAVA, F., SCORZA, R., & VíQUEZ, C. P. (1991). Plagas e
enfermedades forestales en. Turrialba: CATIE, : (CATIE. Série Técnica.
4. Kennedy, B., & Alcorn, S. ( 1980). Estimativas de perdas de safra dos EUA
para patógenos de plantas procariontes. Plant Dis. 64: 674-676.
5. KRUGNER, T., AUER, C. D., & AMORIM, L. (1997).
6. KWON, J. H., SHEN, S. S., & PARK, C. S. (2004).
7. MAAS, J. L. (1998). Compendium of strawberry diseases. St. Paul:: APS Press.
8. Vidhyasekaran, P. (2002). Resistência a doenças bacterianas em plantas.
Biologia molecular e aplicações biotecnológicas. 452 pp. ,. Binghamton, NY:
The Haworth Press.
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