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Cap6 1914
Cap6 1914
DIANTE DO
ESPELHO E A
RECONSTRUÇÃO
DO VÍNCULO
DO AMOR
C335 O casal diante do espelho e a reconstrução do vínculo do amor
/ organizado por Iara L. Camaratta Anton. – Novo Hamburgo
: Sinopsys, 2020.
16x23cm; 416p.
ISBN 978-85-9501-166-3
CDU 159.922
METÁFORA DO ICEBERG
PRÁTICA CLÍNICA
VINHETAS CLÍNICAS
Joana e Raul
Desde que ele me traiu, nunca mais foi igual.
Eu quis morrer, ele acabou como todos os meus sonhos. Sofri muito.
Mas, depois de um tempo, juro que perdoei, tentei juntar os cacos.
Mas cada vez que ele quer sexo, “aquela mulher” me vem à cabeça,
mesmo depois de tantos anos. Porque eu confiava nele, e ele me tro-
cou por ela...
Aí, muitas vezes, eu sei que ele quer e eu não cedo, pra castigar
mesmo...
É a moeda que eu tenho! Eu fico insegura também, porque ele
pode ir atrás de mulher de novo, não sei se não vai, mas eu sofri
tanto a ponto de querer morrer... Agora, ele que se vire. Vem me fa-
lar de sexo? Me poupe! Ele acabou com qualquer desejo que eu pu-
desse ter, e eu tinha!
Ana e Marcos
Se ele não tá nem aí pra mim, por que eu tenho que me preocupar
com ele?
Se ele quer sexo ou me levar nas reuniões “como esposa”... Eu não
me importo mesmo, eu quero é que ele se dane!
Eu fui um lixo de marido, eu sei, mas ela me agride, me chamando
de bêbado.
Péra lá, são 15 anos que eu estou sem beber... Não sou mais um bêbado.
preparava o café da manhã para a esposa, ao que ela reclamava: “Ele ‘tá’
careca de saber que eu não gosto de margarina! Faz 30 anos que o cara
vive comigo e não me conhece? Acho até que faz de propósito!”
A terapia possibilitou ao casal a percepção do quanto, tanto
Marcos como Ana, se envolviam em uma cadeia de feedbacks que
mantinha o contexto disfuncional que adoecia a ambos. Nesse senti-
do, a violência bidirecional mostra-se um preditor de maior insatisfa-
ção conjugal, quando comparada à violência de um ou de outro côn-
juge (Panuzio & DiLillo, 2010). Estratégias terapêuticas foram ado-
tadas para favorecer o abandono do comportamento acusatório de
ambos em relação ao cônjuge. O caso de Marcos e Ana reflete a pre-
sença de violência psicológica em diferentes situações e com amplo
trânsito entre os parceiros, confirmando a característica de reciproci-
dade da violência psicológica (Dantas- Berger & Giffin, 2005).
Isabel e Alberto
Ele começa a trabalhar meia hora depois de mim. Poderia me dar
uma carona, pra deixar o Pedro na creche. Nem que de lá, eu se-
guisse de ônibus.
Mas, mesmo em dia de chuva, eu saio com o “nosso” filho, bolsa,
mochila, guarda-chuva... Porque o “bonito” não pode sair trinta
minutos antes de casa.
Mas eu tenho que pagar o combustível para ele ir trabalhar.
Se eu peço pra ele nos levar, ele não responde, ou diz que vai pen-
sar. E nossa... Como pensa! Eu fico esperando, no vazio, e ele não se
manifesta. O silêncio me mata!
Aí, acabo saindo pra não me atrasar.
Se insisto, é confusão na certa e ele logo diz que não.
A falta de uma mínima preocupação comigo e, nem mesmo com o
nosso filho, me mata aos poucos...
REFERÊNCIAS
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sal: Da coação psicológica à agressão física. evidence. Geneva: WHO.
Rio de Janeiro: Bertrand Brasil.
Sumário
Prefácio ........................................................................................... 13
Mara Lins
Apresentações ................................................................................ 15
Iara L. Camara a Anton
PARTE I
Casais: diferentes faces em diferentes circunstâncias
1 A magia e os desafios do ciclo vital .......................................... 26
Iara L. Camara a Anton
2 O nascimento de um filho enfermo e seu
impacto na conjugalidade ........................................................ 35
Márcia Camara a Anton
3 Os pais no tratamento de crianças ........................................... 42
Sheyla Maria Borowski
4 O olhar da neurobiologia e a inclusão da
sexualidade: novos recursos na terapia de casal ..................... 56
Marli Kath Sa ler e Helena Centeno Hintz
5 Abordagem da sexualidade do casal em
terapia: um tema delicado? ..................................................... 66
Diego Villas-Bôas da Rocha
x Sumário
PARTE II
O casal diante do espelho terapêu co:
psicoterapia de casal teoria e técnica
12 Crianças e terapia de casal ....................................................... 132
Iara L. Camara a Anton
13 Indicações e restrições à terapia de casal ................................ 149
Iara L. Camara a Anton
14 Contato telefônico para marcação de
consulta no atendimento a casais ............................................ 173
Iara L. Camara a Anton
15 Primeira sessão em terapia de casal ........................................ 192
Iara L. Camara a Anton
16 Contrato terapêu co ................................................................ 207
Iara L. Camara a Anton
Sumário xi
Débora Albé Sartori. Psicóloga pela Universidade de Caxias do Sul. Especialização em Terapia
Familiar pelo Instituto de Desenvolvimento Educacional de Caxias do Sul IDEAU – em parce-
ria com o Centro de Terapia de Casal e Família (Domus). Curso de Formação em Constelação
Familiar pelo RECRIAR – Centro de Estudos Avançados em Medicina e Psicologia, Caxias do
Sul. Trabalha na clínica psicológica, atendimento individual, casal e familiar.
Gabriela Pavan. Médica Psiquiatra pelo Hospital São Lucas (HSL/PUCRS). Especialista em
Psicoterapia de Orientação Analítica pelo CELG. Membro Aspirante da Sociedade Psicanalítica
de Porto Alegre (SPPA). Colaboradora do Ambulatório de Psicossomática do HSL/PUCRS.
Joice Cadore Sonego. Psicóloga pela Universidade Federal de Santa Maria. Especialização
em Atendimento Clínico - Ênfase em Psicanálise, Mestrado, Doutorado e Pós-doutorado em
Psicologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Pesquisadora associada
do Núcleo de Infância e Família da UFRGS. Docente do Centro Universitário da Serra Gaú-
cha (FSG). Membro do Comitê de Ética em Pesquisa do Centro Universitário da FSG. Expe-
riência na área de Psicologia, atuando principalmente nos seguintes temas: Pesquisa em psi-
cologia, psicanálise, desenvolvimento humano e ciclo vital, transição para a parentalidade em
diferentes contextos, interdisciplinaridade.
Madeleine Scop Medeiros. Psiquiatra pela UFRGS. Mestre em Medicina pela PUCRS. Pre-
ceptora da Residência em Psiquiatria da UFCSPA/HMIPV.
Maiton Bernardelli. Doutorando em Saúde Coletiva pela Unisinos. Mestre em Saúde Cole-
tiva pela Unisinos. Bolsista CAPES - PROSUP. Docente no Centro Universitário da Serra
Gaúcha (FSG). Graduado em Psicologia pela Faculdade da Serra Gaúcha, com ênfase em
Saúde e Educação. Especialista em Psicologia Clínica. Especialista em Terapia Sistêmica pelo
CEFI-POA. Experiência como psicólogo clínico em consultório e em instituição de saúde
privada. Atua em projetos de educação em saúde, vulnerabilidades em saúde, bioética, epide-
miologia e indicadores de gestão em saúde.
Mara Lins. Psicóloga. Mestre em Psicologia Social. Doutora em Psicologia Clínica. Especialista
em Terapia de Casal e Família. Docente e Supervisora de cursos de pós-graduação. Diretora do
Autores vii
Patrícia Manozzo Colossi. Psicóloga. Doutora e Mestre em Psicologia Clínica pela Unisi-
nos. Especialista em Psicoterapia Familiar e de Casal pela Unisinos. Editora da Revista Uni-
verso Psi-FACCAT.
Silvia Maria Pedrotti Mazzotti. Pedagoga pela Universidade de Caxias do Sul. Psicóloga
pela Universidade de Caxias do Sul. Especialização em Terapia Familiar pelo Instituto de De-
senvolvimento Educacional de Caxias do Sul - IDEAU-Faculdades IDEAU em parceria com
o Centro de Terapia de Casal e Família (Domus). Docente no Centro Universitário da Serra
Gaúcha (FSG). Supervisora de Prática Clínica Sistêmica no FSG. Coordenadora do Grupo
de Convivência na Melhor Idade no FSG. Atua como Psicóloga Organizacional, e Clínica
Sistêmica, no atendimento individual, casal e família. Desenvolve programas de orientação
vocacional. Coordena grupos de estudos, oficinas e capacitação profissional. Na área social e
comunitária, presta atendimento voluntário, em projetos de desenvolvimento humano. Parti-
cipa de programas na área de comunicação, rádio e televisão, com temáticas voltadas ao indi-
víduo, com enfoque sistêmico relacional.