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Av. Paulista, 1439 - 4º andar – conjs. 43/44


Cerqueira Cesar - SP - CEP: 01311-200
Tel./Fax.: (55 11) 5599-4199
atendimento@mazzotiniadvogados.com.br

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ISIDORO ANTUNES MAZZOTINI, protocolado em 30/03/2017 às 10:55 , sob o número 20567344420178260000.
Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/sg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 2056734-44.2017.8.26.0000 e código 56DEF63.
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR
PRESIDENTE DA SEÇÃO DE DIREITO PRIVADO DO EGRÉGIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO.

Processo n° 1022994-20.2015.8.26.0506
Embargos à Adjudicação

DIRCE STANGER MARTINS, brasileira,


separada judicialmente, aposentada, portadora da Cédula de Identidade / RG nº.
15.831.470 – SSP/SP, inscrita no CPF/MF sob nº. 022.836.248-27, residente e
domiciliada na Rua Oneyda Alvarenga, 89, Apartamento nº. 82, Bosque da Saúde,
São Paulo/SP, CEP: 04146-020, nos autos do processo em epígrafe, que lhe move
OFICINA ORTOPÉDICA CAMPOS ELISEOS, pessoa jurídica de direito
privado, inscrita no CNPJ/MF sob o n.º 45.259.199/0001-05, com sede na Rua
Onze de Agosto, n.º 1.212, Campos Elíseos, Ribeirão Preto/SP, por seus
advogados subscritores, vem, com o devido acato, à presença de Vossa
Excelência, a fim de apresentar o presente

PEDIDO DE TUTELA DE URGÊNCIA,

consubstanciado nas razões aduzidas em anexo, requerendo, após cumpridas as


formalidades legais, sua regular distribuição, com fulcro nos artigos 45, incisos II
e III do Regimento Interno do Tribunal de Justiça de São Paulo e 299, parágrafo
único, do Código de Processo Civil.

Requer, ainda, que o nome do advogado Isidoro


Antunes Mazzotini, inscrito na OAB/SP sob nº 115.188, seja lançado nos autos

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nulidade.

Nestes termos,
Pede deferimento.

OAB/SP - 221.981
OAB/SP - 115.188

OAB/SP - 335.750
Isidoro Antunes Mazzotini
São Paulo, 30 de março de 2017.

Guilherme de Oliveira de Barros


Francisco Duarte Grimauth Filho
e que todas as intimações oficiais sejam publicadas em seu nome, sob pena de

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PEDIDO DE TUTELA DE EVIDÊNCIA

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Requerente: Dirce Stanger Martins;
Requerida: Oficina Ortopédica Campos Elíseos Ltda;
Processo: 1022994-20.2015.8.26.0506; e
Origem: 10ª Vara Cível da Comarca de Ribeirão Preto/SP.

Egrégio Tribunal !
Colenda Turma !
Ínclitos Julgadores !

1. Em que pese o respeito que se devota à Meritíssima


Magistrada judicante perante a 10ª Vara Cível da Comarca de Ribeirão Preto/SP,
data máxima vênia, não se extrai da r. sentença prolatada o costumeiro acerto
observado em sua distinta atuação, conquanto de inquestionável precisão ao julgar
improcedentes os embargos à adjudicação opostos pela Requerida na seara
meritória, equivocou-se ao condicionar a expedição da competente carta de
adjudicação ao seu trânsito em julgado.

2. O presente pedido de tutela de evidência está


calcado em dois pontos principais: (i) na inexistência de efeito suspensivo ope
legis relacionado à apelação interposta em desafio de sentença que julga
improcedentes embargos do devedor, como previsto expressamente no inciso III,
do §1º do artigo 1.012 do Código de Processo Civil de 20151; e (ii) no
reconhecimento pelo Douto Juízo a quo do caráter protelatório da defesa
oferecida, dando ensejo à concessão da tutela de evidência prevista no inciso I do
artigo 311 do mesmo Códex2.

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“Artigo 1.012 - A apelação terá efeito suspensivo. §1º - Além de outras hipóteses previstas em lei, começa a
produzir efeitos imediatamente após a sua publicação a sentença que: (...) III - extingue sem resolução do
mérito ou julga improcedentes os embargos do executado;”
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“Art. 311. A tutela da evidência será concedida, independentemente da demonstração de perigo de dano ou de
risco ao resultado útil do processo, quando: I - ficar caracterizado o abuso do direito de defesa ou o manifesto
propósito protelatório da parte;”
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3. Destaque-se o caráter de urgência da presente


medida, vez que a Peticionária, conquanto tenha respondido ao recurso de

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apelação interposto pela parte adversa em primeira instância, aguarda há
aproximadamente 21 (vinte e um) meses a satisfação de seu crédito, obstado por
manobras sub-reptícias empregadas pela Requerida, cujo caráter protelatório foi,
inclusive, reconhecido pela r. sentença de piso.

4. Considerando, como restará demonstrado, que a r.


sentença adotou providência de cautela incompatível com a má-fé e clara
improcedência da insurgência recursal, opção outra não restou à Peticionária,
senão a de trazer o presente pedido de tutela de evidência diretamente à apreciação
desta Egrégia Corte, nos termos do artigo 299, parágrafo único do Código de
Processo Civil e artigo 45, incisos II e III do Regimento Interno deste Egrégio
Tribunal de Justiça Bandeirante.

I. - BREVE SÍNTESE DO NECESSÁRIO.

5. Trata-se, na origem, de embargos à adjudicação


opostos pela Requerida em face da expropriação ocorrida no âmbito da ação de
execução movida pela Peticionária, conforme exordial e impugnação acostadas à
presente [Doc. 01].

6. O imóvel objeto da referida adjudicação fora dado


em garantia hipotecária pelos sócios da Requerida, Angelo Roberto Zapparoli e
Regina Marta Vieira Polli Zapparoli.

7. Oferecida a competente impugnação, os embargos


foram julgados improcedentes pelo Douto Juízo monocrático, restando a r.
sentença desta forma fundamentada [Doc. 02] –

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“O Poder Judiciário não pode ser utilizado como instrumento para que
prevaleça a má-fé dos devedores. O imóvel residencial foi oferecido

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pelo casal em garantia real hipotecária. A pessoa jurídica é devedora

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principal, cujos únicos sócios são cônjuges. Trata-se, em verdade, de
empresa familiar e a disposição do bem de família se reverteu em
benefício de toda unidade familiar, de modo que o caso se amolda à
hipótese de exceção à regra da impenhorabilidade prevista em lei
(artigo 3º, inc. V, Lei nº 8.009/1990).”

8. Como restou muito bem demonstrado em primeira


instância, a insurgência fundada em suposto bem de família, vez que o imóvel foi
voluntariamente dado em garantia hipotecária, não pode subsistir por configurar
ato de inequívoca má-fé.

9. Imprescindível, ainda, para fins de demonstração


dos pressupostos inerentes à perseguida tutela, esclarecer que os embargos foram
reputados como protelatórios pelo Meritíssimo Julgador a quo –

“Por fim, evidenciada a má-fé dos embargantes, haja vista o nítido


caráter protelatório dos embargos, condeno-os ao pagamento de multa
equivalente a 1% sobre o valor atualizado da causa.”

10. Entretanto, a expedição da competente carta de


adjudicação restou condicionada ao trânsito em julgado da r. sentença, não
obstante a oposição de embargos declaratórios por parte da Peticionária
destinados a ver reconhecida a ilegitimidade ativa da Requerida, pessoa jurídica,
para postular direito de terceiros, os quais foram rejeitados [Doc. 03].

11. Esta, pois, a síntese do necessário.

II. – DA EFICÁCIA IMEDIATA DA R. SENTENÇA.

12. O ponto fulcral do presente pedido de tutela de


urgência se encontra no equívoco jurisdicional inerente à vinculação da eficácia
do r. decisum de piso ao seu eventual trânsito em julgado.

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13. A r. sentença ao condicionar a expedição da carta


de adjudicação ao trânsito do r. decisum, data máxima vênia, ultrapassa a análise
de mérito da questão posta à apreciação do Douto Juízo a quo.

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14. E, ao condicionar a eficácia do decisum ao transito
em julgado, o MM Juízo de origem isto porque, a Novel Legislação processual em
seu Artigo 995, estabelece -

“Artigo 995 - Os recursos não impedem a eficácia da decisão, salvo


disposição legal ou decisão judicial em sentido diverso.

Parágrafo único. A eficácia da decisão recorrida poderá ser suspensa


por decisão do relator, se da imediata produção de seus efeitos houver
risco de dano grave, de difícil ou impossível reparação, e ficar
demonstrada a probabilidade de provimento do recurso.” g.n.

15. Acerca do tema, elucida o Professor José Miguel


Garcia Medina3 -

“A apelação, como sugere o caput do art. 1.012 do CPC/2015, é dotada,


como regra, de efeito suspensivo; os demais recursos (e também a
apelação, no caso do § 1º do art. 1.012 do CPC/2015), diversamente,
podem ser recebidos com efeito suspensivo, se se entender que se
encontram presentes os requisitos indicados no parágrafo único do art.
995 do CPC/2015, isso é, ‘se da imediata produção de seus efeitos
houver risco de dano grave, de difícil ou impossível reparação, e se ficar
demonstrada a probabilidade de provimento do recurso’ (em relação à
apelação, quando esta não tem efeito suspensivo, a ‘probabilidade de
provimento do recurso ou se, sendo relevante a fundamentação, houver
risco de dano grave ou de difícil reparação.”

16. Observe-se que, sendo o incidente original


embargos à adjudicação, a apelação interposta e pendente de remessa a esta
Colenda Corte, não é detentora de efeito suspensivo ope legis -

“Artigo 1.012 - A apelação terá efeito suspensivo.

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MEDINA, José Miguel Garcia. Novo Código de Processo Civil comentado, 4. Ed. São Paulo : Editora Revista
dos Tribunais, 2016. p. 1447.
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§1º - Além de outras hipóteses previstas em lei, começa a produzir


efeitos imediatamente após a sua publicação a sentença que:
(...)

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III - extingue sem resolução do mérito ou julga improcedentes os

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embargos do executado;” g.n.

17. A sapiência do legislador é patente, Meritíssimo


Desembargador, ao vedar afastar o efeito suspensivo ao recurso em comento, vez
que o sobrestamento do feito em razão de apelação que busca ver reconhecida
pretensão notoriamente improcedente se revela contrário à garantia da razoável
duração do processo insculpida no inciso LXXVIII do Artigo 5º da Constituição
da República -

“a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a


razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de
sua tramitação."

18. No mesmo sentido é a previsão do artigo 139,


inciso II do Código de Processo Civil de 2015 -

“Artigo 139 - O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste


Código, incumbindo-lhe:
(...)
II - velar pela duração razoável do processo;”

19. Sopesando-se que a execução primeva se encontra


em curso desde 24/11/2004, e que a penhora recaiu sobre o imóvel objeto dos
embargos à adjudicação em 25/07/2007, condicionar a satisfação do crédito
perseguido ao trânsito em julgado da r. sentença que negou provimento aos
embargos à adjudicação opostos por parte ilegítima impõe ao processo
verdadeiro estado de estase por interromper a regular conclusão do feito, em
virtude da inadmissível tentativa de auferir vantagem ilícita por parte da
Requerida.

20. Se, de um lado, se encontra a Requerida invocando


nulidade inexistente e contrária à lei de regência, de outro, Nobre Julgador, se
encontra o interesse social na adstrição dos litigantes à boa-fé objetiva, claramente
violada pela antijurídica resistência oposta.

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21. Nesta seara, a suspensão do processo acresce ao


dano contínuo imposto à Credora para que se averigue inexistente direito pleiteado

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pela Requerida.

22. Questiona-se, respeitosamente, qual o direito a ser


tutelado no caso concreto? Qual o espírito da lei de regência quanto à
contraposição de interesses pautados pela lei, jurisprudência e boa-fé em face de
frívola insurgência imbuída de notória má-fé e sustentada por subterfúgios?

23. Postula-se, e tem-se por demonstrado, que a


vedação à concessão do efeito suspensivo ao recurso interposto pela Requerida
soluciona a controvérsia: a averiguação do direito do devedor, ausentes elementos
claros capazes de afastar a regra geral, não se sobrepõe ao direito líquido e certo
de sua Credora.

24. Excelentíssimo Desembargador Relator, a cada dia


o dano causado pela r. decisão que sobrestou a satisfação do crédito perseguido
até que solucionada a não-questão da impenhorabilidade de imóvel dado
livremente em garantia de dívida contraída em favor da entidade familiar arguida
por parte manifestamente ilegítima, é majorado.

25. Dia a dia o direito legítimo da Peticionária é


violado em prestígio aos sórdidos devaneios jurídicos da Requerida.

26. Analisando a eficácia da tutela jurisdicional de


primeira instância em contraposição ao impositivo efeito suspensivo inerente aos
recursos dotados de tal qualidade, o que não se observa no caso concreto, Shana
Serrão Fensterseifer4 sustenta a higidez da eficácia imediata das decisões calcadas
na certeza do direito e urgência na entrega do bem da vida –

“A incoerência do sistema processual pátrio em autorizar, de um lado,


que decisões proferidas com base em juízo de probabilidade do direito
surtam imediatamente os seus efeitos e sejam imediatamente
cumpridas, e por outro, obstar que o mesmo se proceda relativamente

4
FENSTERSEIFER, Shana Serrão. A eficácia imediata da sentença no CPC de 2015, - Porto Alegre : Livraria do
Advogado, 2016. p. 65.
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às sentenças procedentes prolatadas com base em juízo de certeza e


liquidez do direito em iminente risco de dano ou perecimento,
indubitavelmente justifica e legitima a necessidade cada vez maior de

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se criar técnicas processuais aptas a dar efetividade a esta categoria de

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sentença que se encontra obstaculizada pela regra do duplo efeito
recursal. Deste contexto exsurge a conclusão de que da liquidez e
certeza da sentença que tutela direito em risco de dano ou perecimento
decorre naturalmente uma mitigação do conflito valorativo entre
efetividade e segurança. É justamente esta mitigação do conflito
valorativo efetividade-segurança partir da fase sentencial e a omissão
do ordenamento processual em conferir tratamento protetivo à situação
concreta em exame que justifica a necessidade de investigar soluções
ao problema da sentença sem eficácia imediata outorgante de direito
que exige satisfação imediata.”

27. A oportuna reflexão aplicada aos casos em que o


duplo grau de jurisdição obsta, por regra geral, a pronta realização da tutela
jurisdicional, apenas ressalta e amplia a necessidade de revogação do “efeito
suspensivo sui generis” concedido em caráter extraordinário, impondo a pecha
de “risco de danos irreversíveis” à legítima satisfação do direito da Peticionária,
mesmo porque tal concessão só poderia se dar por meio de decisão deste Egrégio
Tribunal, nos termos dos parágrafos 3º e 4º do artigo 1.012 do Código de Processo
Civil de 2015 -

“Artigo 1.012 - A apelação terá efeito suspensivo.


(...)
§ 3º - O pedido de concessão de efeito suspensivo nas hipóteses do §
1o poderá ser formulado por requerimento dirigido ao:
I - tribunal, no período compreendido entre a interposição da apelação
e sua distribuição, ficando o relator designado para seu exame prevento
para julgá-la;
II - relator, se já distribuída a apelação.
§ 4o Nas hipóteses do § 1o, a eficácia da sentença poderá ser suspensa
pelo relator se o apelante demonstrar a probabilidade de provimento do
recurso ou se, sendo relevante a fundamentação, houver risco de dano
grave ou de difícil reparação.”

28. Não se olvide que a Requerida claramente busca


induzir toda a estrutura judiciária a erro para desconstituir a legítima garantia
exequenda.
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29. E é por esta razão que se roga a manifestação de


Vossa Excelência acerca da imprópria vinculação da expedição da suscitada carta

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de adjudicação ao trânsito em julgado da bem fundamentada sentença de origem,
em face da patente usurpação de tácita de instância.

30. Em suma, a controvérsia a ser solucionada,


Excelentíssimo Desembargador Relator, cinge-se ao conflito entre a proteção
dada ao abuso de direito postulatório da Autarquia, que se conduz em franco
desacordo com a norma posta e a necessária restauração dos direitos da
universalidade de credores vinculados ao concurso falimentar, especialmente
garantidos pelo princípio constitucional da razoável duração do processo.

31. Do cotejo das normas supramencionadas temos


claro que compete a este Egrégio Tribunal, representado pelo digníssimo
Desembargador Relator que vier a ser sorteado, suspender a eficácia ou não da r.
decisão, se reputar cabível a concessão do extraordinário efeito.

32. Acerca do tema já se pronunciou esta Augusta Casa


de Justiça –

“AGRAVO DE INSTRUMENTO. Execução de título extrajudicial.


Embargos à execução processados sem efeito suspensivo e julgados
improcedentes. Pedido de levantamento dos valores penhorados.
Possibilidade. Apelação que possui apenas efeito devolutivo.
Inteligência do art. 1.012, § 1º, III, do CPC. Execução definitiva.
Recurso parcialmente provido.” (TJ-SP - AI:
20208652020178260000 SP 2020865-20.2017.8.26.0000, Relator:
Milton Carvalho, Data de Julgamento: 23/03/2017, 36ª Câmara de
Direito Privado, Data de Publicação: 23/03/2017)

"TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL AÇÃO ORDINÁRIA


SENTENÇA DE IMPROCEDENCIA QUE REVOGOU A TUTELA
PROVISÓRIA PETIÇÃO PEDIDO DE ATRIBUIÇÃO DE EFEITO
SUSPENSIVO À APELAÇÃO REQUISITOS LEGAIS AUSÊNCIA
DESCABIMENTO. 1. A sentença que confirma, concede ou revoga
tutela provisória tem eficácia e começa a produzir efeitos
imediatamente após a sua publicação (art. 1.012, § 1º, CPC). 2.
Sentença de improcedência, destituída de exequibilidade, uma vez que
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desprovida de carga condenatória, constitutiva ou mandamental, nada


havendo que possa ser suspenso, já que nada de concreto foi
reconhecido ou imposto às partes. Efeito substitutivo. Impossibilidade

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de ultratividade da tutela provisória. 3. Para suspensão da eficácia

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dessa sentença deve a parte demonstrar a probabilidade de provimento
do recurso ou, sendo relevante a fundamentação, a existência de risco
de dano grave ou de difícil reparação (art. 1.012, § 4º, CPC). Ausência
dos requisitos legais. Efeito suspensivo indeferido." (Petição nº
2162322-74.2016.8.26.0000, Rel. Des. Décio Notarangeli, j.
17.8.2016).” (TJ-SP - PET: 21688953120168260000 SP 2168895-
31.2016.8.26.0000, Relator: Israel Góes dos Anjos, Data de
Julgamento: 31/08/2016, 37ª Câmara de Direito Privado, Data de
Publicação: 31/08/2016)

“EXECUÇÃO DE TÍTULO EXECUTIVO EXTRAJUDICIAL –


Nota promissória – Insurgência da exequente contra decisão que
condiciona a expedição de carta de adjudicação do imóvel por ela
arrematado em hasta pública ao trânsito em julgado – Admissibilidade
– Execução com caráter definitivo - Possibilidade de expedição
imediata da carta de adjudicação – Inteligência do artigo 995 do
Código de Processo Civil – Inexistência de recursos pendentes de
julgamento a impedir a imediata imissão da arrematante na posse do
imóvel constrito - Decisão guerreada reformada – RECURSO
PROVIDO.” (TJ-SP - AI: 21905003320168260000 SP 2190500-
33.2016.8.26.0000, Relator: Renato Rangel Desinano, Data de
Julgamento: 05/12/2016, 11ª Câmara de Direito Privado, Data de
Publicação: 05/12/2016)

33. O Meritíssimo Magistrado de origem acabou por


invadir competência deste E. Tribunal, ao limitar a eficácia de sua decisão ao
trânsito em julgado da r. sentença, em frontal negativa de vigência ao quanto
disposto no Diploma de Ritos vigente.

34. Assim, aceitar como válida a r. determinação


causaria insegurança jurídica em grau máximo, uma vez que, vênia máxima,
caracterizaria a usurpação de competência.

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III. – DA MANIFESTA IMPROCEDÊNCIA DO INCIDENTE.

35. Evidenciada a impropriedade do condicionamento

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da eficácia da r. sentença ao trânsito em julgado, o que viola, per se, o disposto
no artigo 1.012, §1º, inciso III do Diploma de Ritos vigente, é de bom alvitre
demonstrar de forma sucinta a amplitude da má-fé com a qual foram imbuídos os
embargos à adjudicação opostos e que obstam a satisfação do crédito perseguido
na origem, evidenciando a inexistência de circunstância que poderia resultar na
concessão, por este Egrégio Tribunal, do efeito suspensivo extraordinário.

III.1. – Da Ilegitimidade Ativa.

36. Permissa vênia, e a despeito da irretocável decisão


de mérito proferida nos autos de origem, a ausência de condições da ação deixou
de ser observada pelo Douto Juízo, bem como pelos litigantes.

37. Contudo, por se tratar de vício constitutivo


proveniente de ausência de condições da ação cognoscível ex officio, sua
arguição e, por consequência, apreciação, poderá se dar em qualquer momento ou
fase do processo, conforme firme posicionamento jurisprudencial –

“APELAÇÃO. DESAPROPRIAÇÃO. ATO JUDICIAL


IMPUGNADO. EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM ANÁLISE DE
MÉRITO POR ILEGITIMIDADE DE PARTE. PRECLUSÃO "PRO
JUDICATO". Inocorrência. Legitimidade ativa. Questão não
enfrentada e não decidida por ato judicial anterior à sentença. Matéria
cognoscível "ex officio". Possibilidade de exame do tema em qualquer
tempo e grau de jurisdição. Não há preclusão para o exame das questões
de admissibilidade, enquanto pendente o processo, mas há preclusão
para o reexame. O ato judicial que determina o impulso da marcha
processual não significa a ocorrência da preclusão para o exame das
questões de admissibilidade. Inocorrência da preclusão "pro judicato".
Inteligência do artigo 471 do CPC. (...)” (TJSP - APL
10239731720148260053 SP 1023973-17.2014.8.26.0053, Relator:
Des. José Maria Câmara Junior, Data de Julgamento: 05/11/2014, 9ª
Câmara de Direito Público, Data de Publicação: DJ 06/11/2014)

12
fls. 13

38. É auto evidente que a pessoa jurídica não poderia


requerer a nulidade da adjudicação em tela com base em direito pessoal de seus
sócios, do qual, como bem apontado pela r. sentença de origem, abriram mão ao

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oferecer o imóvel em garantia do legítimo negócio firmado com o credor original.

39. Neste sentido, é a vedação literal do artigo 6º do


Código de Processo Civil de 1973, vigente à época de oposição dos embargos à
adjudicação –

“Artigo 6º - Ninguém poderá pleitear, em nome próprio, direito alheio,


salvo quando autorizado por lei.”5

40. Vedado, portanto, à Apelante Oficina Ortopédica


Campos Elíseos, pleitear direito alheio, impositiva se torna a extinção do feito
sem análise do mérito, nos termos do artigo 267, inciso VI do Diploma Processual
de 1973 –

“Artigo 267 - Extingue-se o processo, sem resolução de mérito:


(...)
VI - quando não concorrer qualquer das condições da ação, como a
possibilidade jurídica, a legitimidade das partes e o interesse
processual;”

41. Destaque-se que o reconhecimento do vício


apontado e a consequente extinção do feito ex officio foi recepcionado pelo art.
485, inciso VI, §3º do Novo Código de Processo Civil –

“Artigo 485 - O juiz não resolverá o mérito quando:


(...)
VI - verificar ausência de legitimidade ou de interesse processual;
(...)
§ 3º - O juiz conhecerá de ofício da matéria constante dos incisos IV,
V, VI e IX, em qualquer tempo e grau de jurisdição, enquanto não
ocorrer o trânsito em julgado.”

5
Correspondente ao artigo 18 da Lei 13.105/2015 - Art. 18. Ninguém poderá pleitear direito alheio em nome
próprio, salvo quando autorizado pelo ordenamento jurídico.
13
fls. 14

42. Ergo, sendo patente a ausência de legitimidade


ativa da Requerida Oficina Ortopédica Campos Elíseos, a apreciação do recurso
de apelação pendente de processamento resultará na inequívoca extinção do feito.

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III.2. – Da Penhorabilidade do Imóvel.

“Aquele que, sem violar abertamente as leis, procurar iludi-las pela astúcia ou
pela habilidade, ferirá os interesses de todos e tornar-se-á indigno de sua
benevolência e estima”6

43. A controvérsia, na origem, cinge à


penhorabilidade de imóvel dado livremente em garantia hipotecária em favor de
empresa familiar, afastando-se a proteção da Lei n.º 8.009/90.

44. A Requerida construiu sua tese sobre o argumento


de que o bem imóvel situado à Rua Veiga Miranda, 671, Campos Elísios, com a
área de 363m², matrícula nº. 21.668 do 2º CRI de Ribeirão Preto, por servir de
moradia aos seus únicos sócios, ostentaria a qualidade de “bem de família”, sendo,
portanto, impenhorável.

45. Porém, é cediço que a proteção ao imóvel utilizado


como residência pela família não se enquadra no rol de direitos indisponíveis, haja
vista a previsão normativa de sua inaplicabilidade em face de obrigação
hipotecária.

46. A dicção do Artigo 3º da Lei nº. 8.009/90 elenca de


forma clara quais as hipóteses em que não será oponível a impenhorabilidade por
bem de família, sendo certo que o inciso V da referida norma estabelece de
maneira inequívoca que para o caso de ser execução de hipoteca sobre imóvel
oferecido como garantia real não haverá oposição -

“Artigo 3º - A impenhorabilidade é oponível em qualquer processo de


execução civil, fiscal, previdenciária, trabalhista ou de outra natureza,
salvo se movido:
(...)

6
Artigo 7º da Constituição Francesa do Ano III - “Celui qui, sans enfreindre ouvertement les lois, les élude par
ruse ou par adresse, blesse les intérêts de tous : il se rend indigne de leur bienveillance et de leur estime.”
14
fls. 15

V - para execução de hipoteca sobre o imóvel oferecido como


garantia real pelo casal ou pela entidade familiar;” - (g.n.)

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47. Observa-se que a redação normativa advém da
interpretação sistemática do direito pátrio, que exclui a garantia de
impenhorabilidade ante a livre disposição do patrimônio por parte de indivíduos
legalmente capazes.

48. Os Proprietários, por imprópria interposição da


Requerida, buscaram tutelar direito ao qual renunciaram no momento em que foi
constituído o ônus real sobre o imóvel como forma de garantir a operação de
renegociação da dívida contraída pela empresa Oficina Ortopédica Campos
Elíseos.

49. Imperativo ressaltar que, ao contrário do quanto


alegado à exordial, o benefício à entidade familiar é patente, vez que os
proprietários do imóvel são os únicos sócios da Requerida.

50. Mesmo que seja evidente a ilegitimidade ativa da


Requerida e da inconsistência do pleito julgado improcedente na origem, cumpre
frisar que não foi produzida qualquer prova acerca da inexistência de benefício à
entidade familiar.

51. A norma posta infraconstitucional [artigo 3º, inciso


V, da Lei nº. 8009/90] é clara no sentido de afastar a impenhorabilidade pelo
argumento de “bem de família” quando este for “oferecido como garantia real
pelo casal ou pela entidade familiar”.

52. Ademais, é certo que o proveito à família é


presumido quando o bem é onerado com garantia real visando à manutenção dos
negócios da empresa familiar.

53. A Ministra Nancy Andrighi7 é categórica ao


afirmar que “o proveito à família é presumido quando, em razão da atividade

7
STJ - REsp: 1413717 PR 2013/0204788-5, Relator: Ministra Nancy Andrighi, Data de Julgamento: 21/11/2013,
T3 - Terceira Tuma, Data de Publicação: DJe 29/11/2013.
15
fls. 16

exercida por empresa familiar, o imóvel onde reside o casal (únicos sócios
daquela) é onerado com garantia real hipotecária para o bem do negócio
empresarial”.

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54. Nobre Desembargador, os Proprietários, ao darem
o bem imóvel em garantia hipotecária da dívida contraída pela Requerida,
empresa da qual figuram como únicos sócios, renunciaram, de maneira expressa,
à proteção oriunda da Lei nº. 8009/90, posto que, em caso de inadimplemento, o
credor hipotecário tem o direito líquido e certo de ver seu crédito satisfeito pela
alienação do bem gravado com o ônus real.

55. Oportuna é a lição do festejado professor Álvaro


Villaça de Azevedo8, ao explicar com invulgar maestria que -

“Ora se a situação de bem de família não retira de seu titular a


possibilidade de aliená-lo, porque esse imóvel é, somente,
impenhorável, nada impede que o mesmo seja oferecido como garantia
hipotecária. Não seria justo, entretanto, que, favorecendo esse
mesmo titular, devedor hipotecário, não pudesse o credor
satisfazer-se de seu crédito, sobre o objeto da garantia ofertada.
Seja essa hipoteca constituída antes ou depois de transformar-se o
imóvel em moradia permanente do devedor hipotecário, não
importa, pois, por ela, existirá sempre um direito real, oponível
erga omnes.” - (g.n)

56. Como se extrai das razões dos embargos opostos


pela Requerida9, a renegociação da dívida se deu para que fossem promovidas
suas próprias atividades comerciais, onde os frutos que poderiam advir das seriam
percebidos, exclusivamente, por seus únicos sócios, quais sejam, os proprietários
do imóvel adjudicado.

57. Nesse sentido é a jurisprudência do eg. Tribunal da


Cidadania -

8
AZEVEDO, Álvaro Villaça de. Bem de Família - 6ª ed. São Paulo: Atlas, 2002, Pág. 191/192.
9
“A renegociação em questão foi firmada para fomentar as atividades comerciais da empresa executada, e não em
prol da entidade familiar, com a renegociação a parte que tomou proveito foi o exequente.” – Doc. 01, fls. 5.
16
fls. 17

“CIVIL. BEM DE FAMÍLIA. OFERECIMENTO EM GARANTIA


HIPOTECÁRIA. BENEFÍCIO DA ENTIDADE FAMILIAR.
RENÚNCIA À IMPENHORABILIDADE. 1. A exceção do art. 3º,

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inciso V, da Lei nº 8.009/90, que permite a penhora de bem dado

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em hipoteca, limita-se à hipótese de dívida constituída em favor da
entidade familiar. Precedentes. 2. A comunidade formada pelos
pais e seus descendentes se enquadra no conceito legal de entidade
familiar, inclusive para os fins da Lei nº 8.009/90. 3. A boa-fé do
devedor é determinante para que possa se socorrer do favor legal,
reprimindo-se quaisquer atos praticados no intuito de fraudar credores
ou retardar o trâmite dos processos de cobrança. O fato de o imóvel
dado em garantia ser o único bem da família certamente é sopesado
ao oferecê-lo em hipoteca, ciente de que o ato implica renúncia à
impenhorabilidade. Assim, não se mostra razoável que depois, ante
à sua inadimplência, o devedor use esse fato como subterfúgio para
livrar o imóvel da penhora. A atitude contraria a boa-fé ínsita às
relações negociais, pois equivaleria à entrega de uma garantia que
o devedor, desde o início, sabia ser inexequível, esvaziando-a por
completo. 4. Recurso especial a que se nega provimento.” (REsp
1141732/SP, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA
TURMA, julgado em 09/11/2010, DJe 22/11/2010) - (g.n.)

“AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO


ESPECIAL. DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. BEM DADO
EM GARANTIA. PENHORA DO BEM DE FAMÍLIA EM
GARANTIA HIPOTECÁRIA. CONCLUSÃO DO ACÓRDÃO
RECORRIDO DE QUE A DÍVIDA FOI CONTRAÍDA EM
PROVEITO DA FAMÍLIA. REEXAME DE PROVAS. SÚMULA
7/STJ. DECISÃO QUE SE REVELA AJUSTADA À
JURISPRUDÊNCIA DESTA CORTE. SÚMULA N. 83/STJ.
AGRAVO REGIMENTAL IMPROVIDO. 1. Não há ofensa aos arts.
458 e 535 do CPC, pois o Tribunal de origem decidiu a matéria de forma
fundamentada. O julgador não está obrigado a rebater um a um os
argumentos invocados pelas partes, quando tenha encontrado
motivação satisfatória para dirimir o litígio. 2. O entendimento desta
Corte, conforme preceitua o art. 3º, inciso V, da Lei 8.009/90, é de
que é autorizada a penhora do bem de família quando dado, pelo
casal ou entidade familiar, em garantia hipotecária da dívida
exequenda. (...)” (STJ - AgRg no AREsp: 421116 PR 2013/0358070-
9, Relator: Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, Data de
Julgamento: 24/02/2015, T3 - TERCEIRA TURMA, Data de
Publicação: DJe 10/03/2015) - (g.n.)
17
fls. 18

58. Temos, assim, que o oferecimento espontâneo do


imóvel em garantia da dívida adquirida por sua própria empresa, ou seja, em

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benefício da entidade familiar, afasta ipso facto a proteção normativa atribuída ao
“bem de família”.

59. Neste âmbito surge a vedação principiológica do


venire contra factum proprium, definido por Menezes Cordeiro10 com inegável
propriedade -

“Venire contra factum proprium postula dois comportamentos da


mesma pessoa, lícitos em si e diferidos no tempo. O primeiro – factum
proprium – é, porém, contrariado pelo segundo.”

60. O que se pretende vedar é que a parte se beneficie


de sua própria inconsistência, retornando sobre seus passos ao encontrar algum
obstáculo desfavorável a seus interesses.

61. Esta situação, como ressaltado alhures, foi


irretocavelmente delineada pela r. sentença recorrida –

“Ademais, não se mostra razoável que depois, ante à sua inadimplência,


os devedores usem esse fato como subterfúgio para livrar o imóvel da
satisfação do credor.
A atitude contraria a boa-fé ínsita às relações negociais, pois equivaleria
à entrega de uma garantia que os devedores, desde o início, sabiam ser
inexequível, esvaziando-a por completo.
Falta aos devedores, no caso, com um dos deveres de conduta na
execução do contrato, também conhecidos na doutrina como deveres
anexos, deveres instrumentais, deveres laterais, deveres acessórios,
deveres de proteção e deveres de tutela, que correspondem à boa-fé
objetiva com que deve se portar no cumprimento da obrigação.”

62. Deste modo, por todos os ângulos que se observe a


matéria posta a julgamento, mostra-se absolutamente inadmissível o provimento
da pretensão recursal pendente de distribuição, uma vez que desprovida de

10
CORDEIRO, António Manuel da Rocha e Menezes. Da boa-fé no direito civil. 2. ed. Coimbra: Almedina, 2001.
p. 745
18
fls. 19

qualquer amparo na legislação positiva vigente, bem como uniformemente


rejeitada pela jurisprudência pátria.

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63. Admitir hipótese diversa, data máxima vênia,
implicaria em dar guarida jurisdicional à sub-reptícia prática adotada pelos sócios
da Requerida, ao oferecer bem imóvel em garantia hipotecária para, quedando-se
inadimplentes, reclamarem proteção normativa da qual expressamente abriram
mão.

IV. - DA TUTELA DE EVIDÊNCIA.

64. Com o advento da Lei nº. 13.105/2015, Novo


Código de Processo Civil, foi ampliado o escopo da atuação liminar do Relator.
É o que se depreende da redação do Artigo 299, parágrafo único, do suscitado
Códex -

“Art. 299. A tutela provisória será requerida ao juízo da causa e,


quando antecedente, ao juízo competente para conhecer do pedido
principal.

Parágrafo único. Ressalvada disposição especial, na ação de


competência originária de tribunal e nos recursos a tutela provisória
será requerida ao órgão jurisdicional competente para apreciar o
mérito.”

65. In casu, os elementos ensejadores da tutela liminar


pleiteada ultrapassam os requisitos da concessão provisória de urgência11 ou
evidência12, por se tratar, no caso concreto, de ver aplicada a estrita previsão
legal.

66. Se, por um lado, a probabilidade do direito tenha


sido amplamente demonstrada, e o perigo de dano esteja calcado nas próprias

11
“Artigo 300 - A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do
direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.”
12
“Artigo 311 - A tutela da evidência será concedida, independentemente da demonstração de perigo de dano ou
de risco ao resultado útil do processo, quando: I - ficar caracterizado o abuso do direito de defesa ou o manifesto
propósito protelatório da parte;”
19
fls. 20

alegações da Peticionária e documentos colacionados aos autos, especificamente


no âmbito da desnecessária imposição de obstáculos processuais à concessão do
direito líquido e certo da Credora.

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67. De fato, não se vislumbra possibilidade de serem
os próprios embargos à adjudicação recepcionados como nada além de patente
abuso do direito de defesa por parte dos sócios da Requerida, com intuito
manifestamente protelatório, como bem reconhecido pela r. sentença de origem –

“Por fim, evidenciada a má-fé dos embargantes, haja vista o nítido


caráter protelatório dos embargos, condeno-os ao pagamento de multa
equivalente a 1% sobre o valor atualizado da causa.”

68. Conquanto o texto legal não exija a presença da


probabilidade do direito ou risco de dano para a concessão da tutela pretendida,
sua configuração serve para asseverar a imperativa necessidade de deferimento,
o que expressamente requer a Peticionária.

69. O professor Hely Lopes Meirelles13 escreve com


clareza e autoridade que lhe é peculiar a hipótese em que deverá ser deferida a
medida liminar -

“Se é certo que a liminar não deve ser prodigalizada pelo judiciário para
não entravar a atividade normal dos agentes administrativos, também
não deve ser negada, quando se verifiquem os seus pressupostos
legais para não se tornar inútil o pronunciamento final a favor da
Autora. Caso há e que são frequentes – em que o tardio
reconhecimento do direito do postulante enseja o seu total
aniquilamento.” - (g.n.)

70. Como restou indubitavelmente comprovado, não


se mostra razoável impor à Peticionária obstáculos para a concessão da carta de
adjudicação que lhe é assegurada pela lei de regência, e, por conseguinte, a
fruição do bem imóvel que regularmente adquiriu no curso da execução
originária.

13
MEIRELLES, Hely Lopes. Trabalho publicado na Revista de Direito Administrativo. Vol. 73. Pág. 51.
20
fls. 21

71. Insta frisar, outrossim, que a antecipação da tutela


em razão da problemática existente e da necessidade de evitar-se desdobramentos
supérfluos é medida salutar, dado inexistir interesse algum do Estado na

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verificação de prejuízos aos jurisdicionados, havendo, em contrapartida, interesse
principiológico do ente Estatal na prestação de uma tutela real do direito violado,
no âmbito do que se tem denominado na atualidade de um “processo civil de
resultados”, diante da apresentação do presente recurso, há razão para que,
durante o desenvolvimento dos trâmites processuais recursais que se sucederão,
seja deferida a concessão dos efeitos da tutela recursal, decorrendo, daí, bem
como em função da relevância da fundamentação expendida pela ora
Peticionária e da necessidade de evitar-se prejuízos e desdobramentos
desnecessários e atrasos processuais, o fundamento ensejador da concessão
inaudita altera parte da tutela para que seja determinada a imediata expedição da
competente carta de adjudicação em favor da Peticionária, vez que se trata, na
espécie do simples e legítimo exercício de seu direito de ver satisfeito o crédito
perseguido, o que permanece obstado por frívolas aventuras judiciais da
Requerida e seus Sócios.

V. - CONCLUSÃO.

Ergo, e ante tudo quanto foi apresentado acima,


conclui-se que o recurso interposto pela Requerida não se reveste de elementos
que justificariam seu provimento, especialmente quando reconhecida sua
ilegitimidade ativa.

Imperativo, por sua vez, o reconhecimento da


eficácia imediata da r. sentença de origem, por expressa previsão legal e patente
incompatibilidade da concessão de “efeito suspensivo sui generis” à parte que
litiga em notória má-fé.

Oportuno, ainda, remeter à imortal lição de Rui


Barbosa, registrada em sua célebre “Oração aos Moços”14 –

14
BAROSA, Rui. Oração aos Moços, edição popular anotado por Adriano da Gama Kury. 5ª. Ed., Rio de Janeiro:
Fundação Casa de Rui Barbosa, 1997. Pág. 40.
21
fls. 22

“Mas justiça atrasada não é justiça, senão injustiça qualificada e


manifesta. Porque a dilação ilegal nas mãos do julgador contraria o
direito escrito das partes, e, assim, as lesa no patrimônio, honra e

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liberdade.”

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Pugna-se, assim, pela concessão da TUTELA DE
EVIDÊNCIA pretendida, consubstanciada na imediata ordem de expedição da
competente carta de adjudicação em favor da Peticionária, extirpando-se sua
vinculação ao trânsito em julgado da r. sentença de piso.

Nestes termos,
Pede deferimento.
São Paulo 30 de março de 2017.

Isidoro Antunes Mazzotini


OAB/SP - 115.188

Francisco Duarte Grimauth Filho


OAB/SP - 221.981

Guilherme de Oliveira de Barros


OAB/SP - 335.750

22

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