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NOTAS DE AULA

Equações Diferenciais Ordinárias

Ditter Adolfo Yataco Tasayco


Sumário

Aula 09 1
9.1 EDO’s Lineares Homogêneas de Ordem 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
9.2 Wronskiano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
9.3 Funções Linearmente Independentes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8

Aula 10 12
10.1 Método de Redução de Ordem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
10.2 EDO’s Homogêneas com Coeficientes Constantes . . . . . . . . . . . . . 18

Aula 11 23
11.1 EDO de Euler-Cauchy Homogênea . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23

Aula 12 31
12.1 EDO’s Não Homogêneas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
12.2 Método de Variação de Parâmetros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32

ii
Aula 09

9.1 EDO’s Lineares Homogêneas de Ordem 2


Uma EDO LINEAR HOMOG^
ENEA é uma equação da forma

y 00 + p(t)y 0 + q(t)y = 0. (9.1)

Teorema 9.1 (Princı́pio de Superposição). Sejam y1 (t) e y2 (t) duas soluções de (9.1).
Então
y(t) = αy1 (t) + βy2 (t)

também é uma solução de (9.1) quaisquer que sejam α, β ∈ R.

Prova. Temos

y 00 + p(t)y 0 + q(t)y = (αy100 + βy200 ) + p(t) (αy10 + βy20 ) + q(t) (αy1 + βy2 )
= α [y100 + p(t) y10 + q(t) y1 ] +β [y200 + p(t) y20 + q(t) y2 ]
| {z } | {z }
=0 =0

= 0. 

Observação 9.2. Suponhamos que as funções p(t) e q(t) são contı́nuas num intervalo
I ⊆ R e fixemos t̃ ∈ I. Pelo Teorema de Existência e Unicidade, consideramos por
exemplo
 00 0
 y + p(t)y + q(t)y = 0;

y1 (t) a única solução de y(t̃) = 1,

 0
y (t̃) = 0.
 00 0
 y + p(t)y + q(t)y = 0;

y2 (t) a única solução de y(t̃) = 0,

 0
y (t̃) = 1.

Então observe o seguinte:


1◦ : Princı́pio de Superposição implica que αy1 (t) + βy2 (t) é também solução de (9.1).

1
2◦ : Fixemos t0 ∈ I, y0 , y0,1 . Considere y(t) a única solução de
 00 0
 y + p(t)y + q(t)y = 0;

y(t0 ) = y0 , definida em I.

 0
y (t0 ) = y0,1 .

PERGUNTA: Podemos dar condições a y1 (t) e y2 (t) de maneira que existam constantes
c1 , c2 ∈ R tais que
y(t) = c1 y1 (t) + c2 y2 (t) ∀ t ∈ I (9.2)

e que estas constantes sejam únicas?


Para responder a esta questão, observemos o seguinte:
(1) De (9.2) temos
( (
y(t) = c1 y1 (t) + c2 y2 (t) t=t y(t0 ) = c1 y1 (t0 ) + c2 y2 (t0 )
=⇒0 (∗)
y 0 (t) = c1 y10 (t) + c2 y20 (t) y 0 (t0 ) = c1 y10 (t0 ) + c2 y20 (t0 )
" #
y1 (t0 ) y2 (t0 )
Logo, o sistema (∗) tem solução única ⇐⇒ det 6= 0. Neste caso
y10 (t0 ) y20 (t0 )

y
0 y2 (t0 )
y (t ) y
1 0 0
y0,1 y20 (t0 )
0
y1 (t0 ) y0,1
c1 = e c2 = .
y1 (t0 ) y2 (t0 ) y1 (t0 ) y2 (t0 )


0
y1 (t0 ) y20 (t0 )
0
y1 (t0 ) y20 (t0 )

( " #
y(t) = c1 y1 (t) + c2 y2 (t) y1 (t) y2 (t)
(2) Como então det 6= 0. Portanto
y 0 (t) = c1 y10 (t) + c2 y20 (t) y10 (t) y20 (t)


y(t) y2 (t)


y1 (t) y(t)
y 0 (t) y20 (t) y10 (t) y 0 (t)


c1 = e c2 = .
y1 (t) y2 (t) y1 (t) y2 (t)
y10 (t) y20 (t) y10 (t) y20 (t)

Para poder colocar tudo de maneira formal, consideraremos os seguintes resultados:


Lema 9.3. Sejam y1 (t) e y2 (t) duas soluções de (9.1). Então, a função
" #
y1 (t) y2 (t)
F (t) = det
y10 (t) y20 (t)

é uma solução da equação y 0 + p(t) y = 0.

2
Prova. Temos que F = y1 y20 − y10 y2 . Usando a hipótese, temos

F 0 = y10 y20 + y1 y200 − y100 y2 − y10 y20


= y1 [−p(t) y20 − q(t) y2 ] − [−p(t) y10 − q(t) y1 ] y2
= −p(t) y1 y20 − q(t) y1 y2 + p(t) y10 y2 + q(t) y1 y2
= −p(t) [y1 y20 − y10 y2 ]
= −p(t) F.

Portanto F 0 + p(t)F = 0. 

Observação 9.4. Do Lema 9.3, temos F 0 + p(t)F = 0, o qual é uma edo linear
homogênea de primeira ordem. Logo, a solução é dada por
 Z 
F (t) = k exp − p(t) dt .

Em particular

Se ∃ t0 ∈ I tal que F (t0 ) > 0 (F (t0 ) < 0) =⇒ F (t) > 0 ∀ t ∈ I (F (t) < 0 ∀ t ∈ I) .

Teorema 9.5. Sejam y1 (t) e y2 (t) duas soluções não nulas de (9.1), definidas em um
intervalo I ⊆ R, onde p(t) e q(t) são funções contı́nuas. Suponha que em um ponto
t0 ∈ I temos
" #
y1 (t0 ) y2 (t0 )
F (t0 ) = det 6= 0. (e portanto válido ∀ t ∈ I)
y10 (t0 ) y20 (t0 )

Então, para todo par de condições iniciais (y0 , y0,1 ), existem constantes c1 , c2 tais que
a única solução do PVI
 00 0
 y + p(t)y + q(t)y = 0;

y(t0 ) = y0 ,

 0
y (t0 ) = y0,1 .

é da forma
y(t) = c1 y1 (t) + c2 y2 (t) ∀ t ∈ I.

Prova.
1◦ : Consideremos as funções definidas por
" # " #
y(t) y2 (t) y1 (t) y(t)
G(t) = det e H(t) = det .
y 0 (t) y20 (t) y10 (t) y 0 (t)

3
2◦ : Como F (t) 6= 0 para todo t ∈ I, então as funções


y(t) y2 (t)


y1 (t) y(t)

y 0 (t) y20 (t) y10 (t) y 0 (t)

G(t) H(t)
= e =
F (t) y1 (t) y2 (t)
F (t) y1 (t) y2 (t)

y10 (t) y20 (t) y10 (t) y20 (t)

estão bem definidas.


3◦ : Pela hipótese e Lema 9.3, temos

ˆ Como y(t) e y2 (t) são soluções de (9.1), então G0 (t) + p(t)G(t) = 0.

ˆ Como y1 (t) e y2 (t) são soluções de (9.1), então F 0 (t) + p(t)F (t) = 0.

Assim
0
G0 (t) F (t) − G(t) F 0 (t)

G(t)
=
F (t) [F (t)]2
(−p(t)G(t)) F (t) − G(t) · (−p(t)F (t))
=
[F (t)]2
= 0.

Então
G(t) y 0 (t) y(t) − y2 (t) y 0 (t)
= 2 = c1 . (9.3)
F (t) F (t)
4◦ : Pela hipótese e Lema 9.3, temos

ˆ Como y1 (t) e y(t) são soluções de (9.1), então H 0 (t) + p(t)H(t) = 0.

ˆ Como y1 (t) e y2 (t) são soluções de (9.1), então F 0 (t) + p(t)F (t) = 0.

Assim
0
H 0 (t) F (t) − H(t) F 0 (t)

H(t)
=
F (t) [F (t)]2
(−p(t)H(t)) F (t) − H(t) · (−p(t)F (t))
=
[F (t)]2
= 0.

Então
H(t) y1 (t) y 0 (t) − y10 (t) y(t)
= = c2 . (9.4)
F (t) F (t)

4
5◦ : De (9.3) e (9.4), obtemos

y20 y1 y20
         
y2 0 y1 y2

 y− y = c1 
 y− y 0 = c1 y 1
F (t) F (t) F (t) F (t)

 

 0    =⇒  0   
 y1 y1  y1 y2 y2 y1
 − y+ y 0 = c2  − y+ y 0 = c2 y 2

 

F (t) F (t) F (t) F (t)

6◦ : Somando estas duas últimas equações

y1 y20 − y10 y2
 
y = c1 y1 + c2 y2 .
F (t)

E desde que F (t) = y1 y20 − y10 y2 , obtemos y(t) = c1 y1 (t) + c2 y2 (t) 

Exemplo 9.6. Considerando o problema de valor inicial


 00 0 2
 y − 4t y + (4t − 2) y = 0;

(?) y(0) = 1,

 0
y (0) = −1.

Temos
2 2
1◦ : As funções definidas por y1 (t) = et e y2 (t) = t et satisfazem
( 2
( 2
y10 = 2t et y100 = (2 + 4t2 ) et
2 e 2
y20 = (1 + 2t2 ) et y200 = (6t + 4t3 ) et

Assim
2
(
y100 − 4t y10 + (4t2 − 2) y1 = [(2 + 4t2 ) − 4t (2t) + 4t2 − 2] et = 0;
2
y200 − 4t y20 + (4t2 − 2) y2 = [6t + 4t3 − 4t (1 + 2t2 ) + (4t2 − 2) t] et = 0.

Logo y1 (t) e y2 (t) são soluções da edo homogênea associada a (?).


2◦ : Observe que

y y et2 t et
2
1 2 2
 2t2 2 2
F (t) = 0 = 2 = 1 + 2t e − 2t2 e2t = e2t > 0.

0
t2 2 t
y1 y2 2t e (1 + 2t ) e

2 2
Então, pelo Teorema 9.5, a solução de (?) é da forma y(t) = c1 et + c2 t et . Logo
( 2
(
y(t) = [c1 + c2 t] et 1 = y(0) = c1
0 t2
e
y (t) = [2c1 + 2t (c1 + c2 t)] e −1 = y 0 (0) = c2

2 2
3◦ : Portanto a solução de (?) é y(t) = et − t et

5
9.2 Wronskiano
O WRONSKIANO de duas funções diferenciáveis f1 (t) e f2 (t) em t = t0 é definida por
" #
f1 (t0 ) f2 (t0 )
W [f1 , f2 ] (t0 ) = det .
f10 (t0 ) f20 (t0 )

Exemplo 9.7. Calcular W [f1 , f2 ] (t) onde f1 (t) = t + 1 e f2 (t) = et .


Solução:
f1 e f2 são diferenciáveis em R. Assim

f (t) f (t) t + 1 et
1 2
W [f1 , f2 ] (t) = 0 = = (t + 1)et − et = t et .

0
f1 (t) f2 (t) 1 t
e

Exemplo 9.8. Calcular W [f1 , f2 ] (t) onde f1 (t) = t3 e f2 (t) = t2 |t|.


Solução:
1◦ : Note que f1 (t) é diferenciável em R e que f2 (t) é diferenciável em R \ {0}, com

t3
• f10 (t) = 3t2 , t∈R e • f20 (t) = 2t |t| + , t 6= 0.
|t|

2◦ : Além disso, como |t|2 = t2 , temos

2t |t|2 + t3 2t · t2 + t3 3t3
f20 (t) = = = , t 6= 0.
|t| |t| |t|

Assim para t 6= 0, obtemos



f (t) f (t) t3 t2 |t|
1 2
W [f1 , f2 ] (t) = 0 = 2

f1 (t) f20 (t) 3t 3t3 / |t|

3t6 4 3t6 − 3t4 |t|2


= − 3t |t| =
|t| |t|
3t6 − 3t4 · t2
= = 0. (9.5)
|t|

3◦ : Por outro lado, observe que f2 (0) = 0 |0| = 0. Então

f2 (t) − f2 (0) t2 |t|


f20 (0) = lim = lim = lim t |t| = 0.
t→0 t t→0 t t→0

Então

f (0) f (0) 0 0
1 2
W [f1 , f2 ] (0) = 0 = = 0. (9.6)

f1 (0) f20 (0) 0 0

6
Exemplo 9.9. Calcular W [f1 , f2 ] (t) onde f1 (t) = e2t e f2 (t) = e3t .
Solução:
f1 e f2 são diferenciáveis em R. Assim

f (t) f (t) e2t e3t
1 2
W [f1 , f2 ] (t) = 0 = 2t = 3e2t e3t − 2e2t e3t = e5t .

0 3t
f1 (t) f2 (t) 2e 3e

Observação 9.10. Sejam y1 (t) e y2 (t) duas soluções de (9.1) em I. Então, pelo Lema
9.3 e Observação 9.4 temos que:

Se existe t0 ∈ I tal que W [y1 , y2 ] (t0 ) 6= 0 então W [y1 , y2 ] (t) 6= 0 ∀t ∈ I.

Neste caso diremos que: y1 (t) e y2 (t) são SOLUÇ~


OES FUNDAMENTAIS de (9.1).

Logo, o Teorema 9.5 é escrito da forma

Teorema 9.11. Sejam y1 (t) e y2 (t) duas soluções fundamentais de (9.1) num intervalo
I ⊆ R. Então toda solução de (9.1) pode ser escrito da forma

y(t) = c1 y1 (t) + c2 y2 (t) ∀t ∈ I.

onde c1 e c2 são constantes.

Observação 9.12. O Teorema 9.11 nos diz que para encontrar a solução geral do
sistema (9.1) em um intervalo I ⊆ R, precisamos somente encontrar duas soluções
fundamentais de (9.1) em I.

Exemplo 9.13. Seja b 6= 0 e considere o sistema homogêneo

y 00 + b2 y = 0.

1◦ : Afirmo que y1 (t) = cos (b t) e y2 (t) = sen (b t) são soluções fundamentais.


De fato: Note que
( ( (
y10 = −b sen (b t) y100 = −b2 cos (b t) = −b2 y1 y100 + b2 y1 = 0
=⇒ =⇒
y20 = b cos (b t) y200 = −b2 sen (b t) = −b2 y2 y200 + b2 y2 = 0

Logo

y y cos (b t) sen (b t)
1 2
W [y1 , y2 ] = 0 = = b cos2 (b t) + b sen2 (b t) = b 6= 0.

0
y1 y2 −b sen (b t) b cos (b t)

2◦ : Portanto, toda solução geral de y 00 + b2 y = 0 é dado por

y(t) = c1 cos(b t) + c2 sen(b t)

7
9.3 Funções Linearmente Independentes
Definição 9.14. Sejam f1 (t) e f2 (t) duas funções definidas num intervalo I ⊆ R.
Diremos que o conjunto
{f1 (t), f2 (t)}

é LINEARMENTE INDEPENDENTE (L.I) em I (ou simplesmente f1 (t) e f2 (t) são LINEARMENTE


INDEPENDENTES) se acontece o seguinte:
Se temos α e β satisfazendo

α f1 (t) + β f2 (t) = 0 ∀ t ∈ I.

Então devemos ter α = β = 0.


Caso contrário, diremos que o conjunto é LINEARMENTE DEPENDENTE (L.D).

Exemplo 9.15. Consideremos as funções f1 (t) = e2t e f2 (t) = e3t . Vamos a analisar a
dependência linear.
1◦ : Sejam α e β tais que

α e2t + β e3t = 0 para todo t ∈ R. (9.7)

2◦ : Como (9.7) é válido para todo t ∈ R, derivamos em relação a t. Assim

2α e2t + 3β e3t = 0 para todo t ∈ R. (9.8)

3◦ : Para t = 0 em (9.7) e (9.8), temos


( ( (
α + β = 0, 2α + 2β = 0, α = 0,
=⇒ =⇒ (9.9)
2α + 3β = 0. 2α + 3β = 0. β = 0.

Portanto, o conjunto {e2t , e3t } é L.I.

Exemplo 9.16. Consideremos as funções f1 (t) = t + 1 e f2 (t) = et . Vamos a analisar


a dependência linear.
1◦ : Sejam α e β tais que

α (t + 1) + β et = 0 para todo t ∈ R. (9.10)

2◦ : Para t = −1 em (9.10), obtemos

βe=0 =⇒ β=0.

3◦ : Para t = 0 em (9.10), obtemos α = 0 . Portanto, o conjunto {t + 1, et } é L.I.

8
Exemplo 9.17. Consideremos as funções f1 (t) = sen(2t) e f2 (t) = cos t sen t. Vamos
a analisar a dependência linear.
Como sen(2t) = 2 sen t cos t, então temos

1 · sen(2t) − 2 (cos t sen t) = 0.

Portanto {sen(2t), cos t sen t} é L.D.

Exemplo 9.18. Consideremos as funções f1 (t) = t3 e f2 (t) = t2 |t|. Vamos a analisar


a dependência linear.
1◦ : Sejam α e β tais que

α t3 + β t2 |t| = 0 para todo t ∈ R. (9.11)

2◦ : Para t = 1, temos (1)3 = 1 e (1)2 |1| = (1)(1) = 1. Então de (9.11), obtemos

α + β = 0. (9.12)

3◦ : Para t = −1, temos (−1)3 = −1 e (−1)2 |−1| = (1)(1) = 1. Então de (9.11)

−α + β = 0. (9.13)

4◦ : De (9.12) e (9.13), obtemos


(
α + β = 0, soma
=⇒ β = 0, =⇒ α = 0.
−α + β = 0.

Portanto f1 (t) = t3 e f2 (t) = t2 |t| são linearmente independentes.

Temos o seguinte resultado:

Teorema 9.19. Sejam f1 (t) e f2 (t) duas funções diferenciáveis em I. Suponha que
exista t0 ∈ I tal que
W [f1 , f2 ] (t0 ) 6= 0.

Então f1 (t) e f2 (t) são linearmente independentes em I.

Prova.
1◦ : Sejam α e β tais que

α f1 (t) + β f2 (t) = 0, para todo t ∈ I. (9.14)

2◦ : Como (9.14) é válida para todo t ∈ I, derivando em relação a t, temos

α f10 (t) + β f20 (t) = 0, para todo t ∈ I. (9.15)

9
3◦ : De (9.14) e (9.15) obtemos
( (
α f1 (t) + β f2 (t) = 0, t=t α f1 (t0 ) + β f2 (t0 ) = 0,
=⇒0 (∗)
α f10 (t) + β f20 (t) = 0. α f10 (t0 ) + β f20 (t0 ) = 0.

O determinante associado a (∗) é dado por


" #
f1 (t0 ) f2 (t0 )
W [f1 , f2 ] (t0 ) = det 6= 0. (pela hipótese)
f10 (t0 ) f20 (t0 )

Logo (∗) tem solução única, onde



0 f (t ) f (t ) 0
2 0 1 0
0 f20 (t0 )
0
f1 (t0 ) 0
α= =0 e β= = 0.
W [f1 , f2 ] (t0 ) W [f1 , f2 ] (t0 )

4◦ : Portanto f1 (t) e f2 (t) são linearmente independentes. 

Observação 9.20. O recı́proco do Teorema 9.19 é falso. Pois, se considerarmos

f1 (t) = t3 , f2 (t) = t2 |t| , t ∈ R.

Pelo Exemplo 9.18 temos {t3 , t2 |t|} é L.I em R. Mas pelo Exemplo 9.8 temos

W [f1 , f2 ] (t) = 0 para todo t ∈ R.

Com uma hipótese adicional temos o seguinte resultado

Teorema 9.21. Suponha que y1 (t) e y2 (t) são soluções de

y 00 + p(t)y 0 + q(t)y = 0 (9.16)

em um intervalo aberto I ⊆ R em que p(t) e q(t) são contı́nuas. São equivalentes.

(1) W [y1 , y2 ] (t0 ) 6= 0 para algúm t0 ∈ I.


(2) y1 (t) e y2 (t) são linearmente independentes.

Prova.
(1) =⇒ (2) Obvio pelo Teorema 9.19.
(2) =⇒ (1) Pela hipótese y1 (t) e y2 (t) são soluções de (9.16) (isto é (9.1)). Então pelo
Lema 9.3, o Wronskiano W [y1 , y2 ] (t) é uma solução da equação

y 0 + p(t)y = 0. (9.17)

10
E pela Observação 9.4 temos
 Z 
W [y1 , y2 ] (t) = k exp − p(t) dt .

Logo, existe t0 tal que W [y1 , y2 ] (t0 ) 6= 0, se e somente se W [y1 , y2 ] (t) 6= 0, ∀ t ∈ I.


Com isto, vamos provar na verdade que W [y1 , y2 ] (t) 6= 0, ∀ t ∈ I. Para isto, supon-
hamos por contradição que exista t0 ∈ I tal que W [y1 , y2 ] (t0 ) = 0. Isto nos diz que o
sistema
(
α1 y1 (t0 ) + α2 y2 (t0 ) = 0,
(9.18)
α1 y10 (t0 ) + α2 y20 (t0 ) = 0.

tem uma solução não trivial (α1 , α2 ) (α1 6= 0 ou α2 6= 0). Considere a função

Φ(t) = α1 y1 (t) + α2 y2 (t). (9.19)

Então pelo Princı́pio de Superposição e (9.18) temos que Φ(t) satisfaz



00 0
 Φ (t) + Φ (t) p(t) + Φ(t)q(t) = 0,

Φ(t0 ) = α1 y1 (t0 ) + α2 y2 (t0 ) = 0, (9.20)

 0
Φ (t0 ) = α1 y10 (t0 ) + α2 y20 (t0 ) = 0.

Além disso, Ψ(t) = 0 é também uma solução de (9.20). Logo, pelo Teorema de Ex-
istência e Unicidade Φ(t) = Ψ(t) para todo t ∈ I. Isto é

α1 y1 (t) + α2 y2 (t) = 0, para todo t ∈ I. (9.21)

E como y1 (t) e y2 (t) são L.I, devemos ter α1 = α2 = 0, o que é uma contradição. 

Observação 9.22. Um cálculo mostra que as funções y1 (t) = t3 e y2 (t) = t2 |t| ,


satisfazem

• y10 (t) = 3t2 , y100 (t) = 6t.


 3  2
 3t se t 6= 0,  6t se t 6= 0,
0 00
• y2 (t) = |t| , y2 (t) = |t|
0 se t = 0. 0 se t = 0.
 

Usamos isto e a a propriedade x2 = |x2 | para todo x ∈ R para mostra que y1 (t) e y2 (t)
são soluções de
t y 00 − 2 + t2 y 0 + (3t) y = 0, t ∈ R.

(9.22)

que não é uma equação da forma (9.1). Logo o Teorema 9.21 não se aplica nesta caso.

11
Aula 10

10.1 Método de Redução de Ordem


Considere a equação homgênea

y 00 + p(t) y 0 + q(t) y = 0. (10.1)

Suponhamos que (10.1) tem uma solução particular y1 (t) tal que y1 (t) 6= 0 ∀t ∈ I.
O objetivo agora é construir uma solução particular y2 (t) tal que y1 (t) e y2 (t) sejam
soluções fundamentais de (10.1).
Para poder resolver isto faremos o seguinte processo:

1◦ : Vamos supor que y2 (t) = v(t)y1 (t). Assim


(
y20 = v 0 y1 + v y10 ,
(10.2)
y200 = v 00 y1 + 2v 0 y10 + v y100 .

2◦ : Como y2 (t) é uma solução de (10.1), temos

0 = y200 + p(t) y20 + q(t) y2


= v 00 y1 + 2v 0 y10 + v y100 + p(t)v 0 y1 + p(t) v y10 + q(t)vy1
= y1 (t)v 00 + [2y10 (t) + p(t) y1 (t)] v 0 + [y100 (t) + p(t) y10 (t) + q(t) y1 (t)] v
| {z }
=0

E como y1 (t) 6= 0 para todo t ∈ I, obtemos

2y10 (t)
 
00
v + + p(t) v 0 = 0. (10.3)
y1 (t)

3◦ : Fazendo w = v 0 , a equação (10.3) será reduzida a uma EDO linear de primeira


ordem, cujo fator integrante é dado por
Z  0  
y1 (t)
µ(t) = exp 2 + p(t) dt .
y1 (t)

12
Assim
 Z 0 Z 
y1 (t)
w = c1 exp −2 dt − p(t) dt
y1 (t)
 Z 
= c1 exp (−2 ln |y1 (t)|) · exp − p(t) dt
    Z 
1
= c1 exp ln · exp − p(t) dt
y12 (t)
R
c1 e− p(t) dt
= .
y12 (t)

Logo R
e− p(t) dt
Z
v(t) = c1 dt + c2 .
y12 (t)
Escolhendo c1 = 1 e c2 = 0, temos
R
e− p(t) dt
Z  
y2 (t) = y1 (t) dt. (10.4)
y12 (t)

4◦ : Para verificar que y1 (t) e y2 (t) são soluções fundamentais, avaliaremos seu Worskiano.
Para isto, pelo Teorema Fundamental do Cálculo, note que
R R
− p(t) dt
Z  − p(t) dt

e e
y20 (t) = y10 (t) dt + y1 (t) ·
y12 (t) y12 (t)
R
Z  − p(t) dt  R
0 e e− p(t) dt
= y1 (t) dt + .
y12 (t) y1 (t)

Assim

y (t) y (t)
1 2
W [y1 , y2 ] (t) = 0 = y1 (t)y20 (t) − y10 (t)y2 (t)

0
y1 (t) y2 (t)
Z  − R p(t) dt  Z  − R p(t) dt 
e R e
= y1 (t)y10 (t) 2
dt + e− p(t) dt − y10 (t)y1 (t) dt
y1 (t) y12 (t)
R
= e− p(t) dt
> 0.

Portanto y1 (t) e y2 (t) são soluções fundamentais.

Exemplo 10.1. Use o método de redução de ordem para encontrar uma segunda
solução fundamental da equação

y 00 − 4x y 0 + 4x2 − 2 y = 0,

x ∈ R, (10.5)

2
onde y1 (x) = ex .

13
Solução:
1◦ : Observe que (10.5) é da forma (10.1). Logo temos

p(x) = −4x e q(x) = 4x2 − 2.

2
2◦ : y1 (x) = ex > 0 para todo x ∈ R. Logo podemos usar o método de redução.

Primeira Forma: Usando a fórmula (10.4)


Para isto, primeiro temos
 Z   Z 
2
exp − p(x) dx = exp 4 x dx = e2x . (10.6)

Assim
R Z " 2x2 #
e− p(x) dt
Z  
x2 e 2
y2 (x) = y1 (x) 2
dx = e 2x 2 dx = x ex . (10.7)
y1 (x) e
Segunda Forma:
2
Considerando y2 (x) = ex v(x). Então
( 2
y20 (x) = [2x v + v 0 ] ex ,
2
y200 (x) = [v 00 + 4x v 0 + (4x2 + 2) v] ex .

Logo

0 = y200 − 4x y20 + 4x2 − 2 y2



  2
= v 00 + 4x v 0 + 4x2 + 2 v − 4x (2x v + v 0 ) + 4x2 − 2 v ex
 

2
= v 00 ex . (10.8)

2
Assim v 00 (x) = 0. E podemos escolher v(x) = x. Portanto y2 (x) = x ex .

Exemplo 10.2. Use o método de redução de ordem para encontrar uma segunda
solução fundamental da equação

(x − 1) y 00 − x y 0 + y = 0, x > 1, (10.9)

onde y1 (x) = ex .
Solução:
1◦ : Observe que (10.9) não é da forma (10.1). Para resolver isto, note que (10.9) pode
ser escrito da forma
x 0 1
y 00 − y + y = 0, x > 1. (10.10)
x−1 x−1

14
Logo temos
x 1
p(x) = − e q(x) = .
x−1 x−1
2◦ : y1 (x) = ex > 0. Logo usamos o método de redução. Considerando y2 (x) = ex v(x),
temos
(
y20 (x) = (v + v 0 ) ex ,
y200 (x) = (v 00 + 2v 0 + v) ex .

Assim

0 = (x − 1) y200 − x y20 + y2
= [(x − 1) (v 00 + 2v 0 + v) − x (v + v 0 ) + v] ex
= [(x − 1) v 00 + (x − 2) v 0 ] ex (10.11)

3◦ : Como ex > 0 e x > 1, temos


 
0 0 x−2
(v ) + v 0 = 0. (10.12)
x−1

que é reduzida a uma EDO linear homogênea. Assim


 Z   
0 x−2
v (x) = c1 exp − dx
x−1
Z   
1
= c1 exp − 1 dx
x−1
= c1 exp [ln (x − 1) − x]
= c1 (x − 1) e−x . (10.13)

Então Z
v(x) = c1 (x − 1) e−x dx = −c1 x e−x + c2 .

4◦ : Podemos escolher c1 = −1 e c2 = 0. Assim

y2 (x) = x e−x ex = x.

(10.14)

Exemplo 10.3. Use o método de redução de ordem para encontrar uma segunda
solução fundamental da equação. Use isto para encontrar a solução geral

x2 y 00 − 5xy 0 + 9y = 0, x > 0, (10.15)

onde y1 (x) = x3 .

15
Solução:
1◦ : Observe que (10.15) não é da forma (10.1). Para resolver isto, note que (10.15)
pode ser escrito da forma

5 9
y 00 − y 0 + 2 y = 0, x > 0. (10.16)
x x
Logo temos
5 9
p(x) = − e q(x) = .
x x2
2◦ : Observe que y1 (x) = x3 > 0 para todo x > 0. Considerando y2 (x) = x3 v(x), temos

y20 = 3x2 v + x3 v 0 e y200 = x3 v 00 + 6x2 v 0 + 6xv.

Assim

0 = x2 y200 − 5xy20 + 9y2


= x5 v 00 + 6x4 v 0 + 6x3 v − 15x3 v − 5x4 v 0 + 9x3 v
= x4 [xv 00 + v 0 ] . (10.17)

3◦ : Como x > 0, temos

d
0 = xv 00 + v 0 = [xv 0 ] .
dx
1
Assim v 0 (x) = , logo v(x) = ln x (pois x > 0). Então
x

y2 (x) = x3 v(x) = x3 ln x.

4◦ : Portanto, toda solução de (10.15) é da forma

y(x) = c1 x3 + c2 x3 ln x

Exemplo 10.4. Sejam a, b, c ∈ R, com a 6= 0 e b2 − 4ac = 0. Resolva a equação

a y 00 + b y 0 + c y = 0. (10.18)

Solução:
1◦ : (10.18) é escrito da forma

b c
y 00 + y 0 + y = 0. (10.19)
a a
a qual tem a forma (10.1).

16
b
2◦ : Considere a função y1 (t) = e− 2a t . Assim

b2
   
b b b b
a y100 + b y10 + c y1 = a e − 2a
+b − t
e− 2a t + c e− 2a t
4a2 2a
 2 2

b b b
= − + c e− 2a t
4a 2a
(4ac − b2 ) − b t
= e 2a
4a
= 0.

Logo y1 (t) é uma solução de (10.18), com y1 (t) > 0 para todo t ∈ R.
3◦ : Denotando por r = − 2a b
, vamos calcular y2 (t) da forma y2 (t) = v(t)ert . De (10.19)
temos
b c
p(t) = e q(t) = .
a a
Logo
R Z −bt
e− p(t) dt
Z   Z 2r t
rt e a rt e
y2 (t) = y1 (t) 2
dt = e 2r t
dt = e 2r t
dt = t er t .
y1 (t) e e

4◦ : Portanto, toda solução de (10.18) é da forma

y(t) = c1 er t + c2 t er t (10.20)

Observação 10.5. No Exemplo 10.4 temos considerado a 6= 0, com b2 − 4ac = 0 e


a y 00 + b y 0 + c = 0. Temos encontrado soluções fundamentais da forma y1 (t) = er t e
b
y2 (t) = t er t , com r = − .
2a

Vamos considerar a equação de segundo grau

aλ2 + bλ + c = 0.

2 −b ± ∆ b
Como ∆ = b − 4ac = 0, então tem uma única raı́z λ = = − = r.
2a 2a
PERGUNTA: Se considerarmos a edo homogênea

a y 00 + b y 0 + cy = 0, a 6= 0.

1. Esta edo tem uma solução da forma y1 (t) = er t para alguma constante r?

2. No caso afirmativo, como estaria relacionado r com a, b e c?

17
10.2 EDO’s Homogêneas com Coeficientes Constantes
Uma EQUAÇ~
AO HOMOG^
ENEA COM COEFICIENTES CONSTANTES é uma equação da forma

a y 00 + b y 0 + c y = 0. (10.21)

onde a 6= 0.
Suponhamos que existe y1 (t) = er t solução de (10.21). Então

0 = a y100 + b y10 + c y1 = a r2 er t + b r er t + c er t = ar2 + br + c er t




Então ar2 + br + c = 0. Logo y1 (t) = er t é uma solução de (10.21) se, e somente se r é


raı́z da equação
aλ2 + bλ + c = 0,

o qual é chamado de EQUAÇ~


AO CARACTERÍSTICA.

Observação 10.6. Sejam λ1 e λ2 raı́zes da equação caracterı́stica aλ2 + bλ + c = 0.


Logo
b
ˆ Se ∆ = b2 − 4ac = 0, então λ1 = λ2 = − .
2a
ˆ Se ∆ = b2 − 4ac > 0, então λ1 e λ2 são raı́zes reais distintas.

ˆ Se ∆ = b2 − 4ac < 0, então λ1 e λ2 são raı́zes complexas distintas.

PRIMEIRO CASO: ∆ = 0
b
Logo λ1 = λ2 = r = − . Este caso já foi analisado no Exemplo 10.4. Então
2a

y1 (t) = er t e y2 (t) = t er t

são soluções fundamentais. Portanto, toda solução de (10.21) é da forma

y(t) = (c1 + c2 t) er t

Exemplo 10.7. Resolva a equação

4y 00 − 4y 0 + y = 0.

Solução:
Equação Caracterı́stica: 4λ2 − 4λ + 1 = 0. Assim ∆ = 16 − 4(4)(1) = 0. Logo
1
λ1 = λ2 = . Portanto
2
y(t) = (c1 + c2 t) et/2

18
SEGUNDO CASO: ∆ > 0

Logo λ1 e λ2 são raı́zes reais distintas (λ1 6= λ2 ). Logo y1 (t) = eλ1 t e y2 (t) = eλ2 t
são soluções de (10.21). Além disso

e λ1 t eλ2 t
W [y1 , y2 ] = = (λ2 − λ1 ) e(λ1 +λ2 )t 6= 0.

λ1 eλ1 t λ2 eλ2 t

Portanto, toda solução de (10.21) é da forma

y(t) = c1 eλ1 t + c2 eλ2 t

Exemplo 10.8. Resolva a equação

y 00 − y 0 − 6y = 0.

Solução:
Equação Caracterı́stica: 0 = λ2 − λ − 6 = (λ − 3)(λ + 2). Logo λ1 = 3 e λ2 = −2.
Portanto
y(t) = c1 e3t + c2 e−2t

TERCEIRO CASO: ∆ < 0

Logo
√ √   √ 
−b ± ∆ −b + i −∆ −b 4ac − b2
λ= = = ±i = α ± iβ. (β 6= 0)
2a 2a 2a 2a

Usaremos agora a FÓRMULA DE EULER

eiθ = cos θ + i sen θ.

1◦ : Temos que
(
z1 (t) = e(α+iβ t) = eα t [cos (β t) + i sen (β t)] = eα t cos (β t) + i eα t sen (β t)
z2 (t) = e(α−iβ t) = eα t [cos (β t) − i sen (β t)] = eα t cos (β t) − i eα t sen (β t)

são soluções complexas de (10.21). Assim



z (t) + z2 (t)
 y1 (t) = 1
 = eα t cos (β t) ,
2
 y2 (t) = z1 (t) + z2 (t) = eα t sen (β t) .

2i

são soluções reais de (10.21).

19
2◦ : Como

 y10 (t) = α eα t cos (β t) − eα t β sen (β t) = [α cos (β t) − β sen (β t)] eα t ,
 y 0 (t) = α eα t sen (β t) − eα t β cos (β t) = [α sen (β t) + β cos (β t)] eα t .
2

Temos

y y
1 1
W [y1 , y2 ] = 0 = y1 y20 − y10 y2
y1 y20

= e2αt cos (β t) [α sen (β t) + β cos (β t)] − [α cos (β t) − β sen (β t)] e2αt sen (β t)
= α cos (β t) + β cos2 (β t) − α cos (β t) + β sen2 (β t) e2αt
 

= β e2α t 6= 0.

Portanto, toda solução de (10.21) é da forma

y(t) = [c1 cos (βt) + c2 sen (βt)] eαt

Exemplo 10.9. Resolva a equação

2y 00 + y = 0.

Solução:
Equação Carac. 2λ2 + 1 = 0. Logo

1 i
λ2 = − ⇐⇒ λ = ±√ .
2 2

Assim α = 0, β = √1 . Portanto
2

   
t t
y(t) = c1 cos √ + c2 sen √
2 2

Exemplo 10.10. Resolva a equação

y 00 + 3y 0 + 3y = 0.

Solução:
Equação Carac. λ2 + 3λ + 3 = 0. Então
p √
−3 ± 9 − 4(1)(3) 3 3
λ= =− ± i.
2(1) 2 2

20
Portanto " √ ! √ !#
3 3 3
y(t) = c1 cos t + c2 sen t e− 2 t
2 2

Exemplo 10.11. Resolva a equação



4 2y 00 + 4y 0 + y = 0.

Solução:

Equação Carac. 4 2λ2 + 4λ + 1 = 0. Então
q √
−4 ± 16 − 4(1)(4 2)
λ= √
2(4 2)
  p√ !
1 2−1
= − √ ± √ i.
2 2 2 2

Portanto
" p√ ! p√ !#
2−1 2−1 √
y(t) = c1 cos √ t + c2 sen √ t e−t/(2 2)
2 2 2 2

Exemplo 10.12. Encontre a solução geral da equação

y 00 + 2y 0 + α y = 0, (10.22)

para α > 1, α = 1, α < 1. Para quais valores de α, as soluções tendem a zero quando
t tende para o infinito.
Solução:
1◦ : A equação caracterı́stica é dado por

λ2 + 2λ + α = 0,

que tem discriminante ∆ = 4 − 4α = 4 (1 − α). Logo


p
−2 ±
4 (1 − α)
λ=
2

= −1 ± 1 − α. (10.23)

2◦ : Temos então 3 casos para analisar

α>1 ou α=1 ou α < 1. (10.24)

21
Primeiro Caso: α > 1
De (10.23) temos que as raizes são complexas e são dadas por

λ = −1 ± α − 1i.

Portanto, a solução é dada por


√ √
y(t) = c1 cos α − 1 t + c2 sen α − 1 t e−t .
  
(10.25)

E como cos x e sen x são funções limitadas, temos

lim y(t) = 0.
t→+∞

Segundo Caso: α = 1
De (10.23) temos uma única raiz dada por λ = −1. Portanto, a solução é dada por

y(t) = [c1 + c2 t] e−t . (10.26)

E como
t
lim t e−t = lim = 0,
t→+∞ t→+∞ et

temos
lim y(t) = 0.
t→+∞

Terceiro Caso: α < 1


De (10.23) temos raizes reais distinas dadas por
√ √
λ1 = −1 + 1−α e λ2 = −1 − 1−α

Portanto, a solução é dada por


 √    √  
y(t) = c1 exp − 1 − 1 − α t + c2 exp − 1 + 1 − α t . (10.27)

Neste último caso, note que



ˆ Como 1 + 1 − α > 0, temos
 √  
exp − 1 + 1 − α t −→ 0 quando t −→ +∞.

ˆ Temos

1− 1−α>0 ⇐⇒ α > 0.

Neste terceiro caso temos y(t) −→ 0 quando t −→ +∞ sempre que 0 < α < 1.

22
Aula 11

11.1 EDO de Euler-Cauchy Homogênea


Uma equação de EULER-CAUCHY HOMOG^
ENEA de ordem 2 é uma equação da forma

ax2 y 00 + bx y 0 + cy = 0, (11.1)

onde a 6= 0.

Observação 11.1. A equação (11.1) também é chamada de EQUAÇ~AO EQUIDIMENSIONAL,


pois o expoente de cada coeficiente é igual à ordem da derivada.

Para estudar a solução faremos o seguinte processo:

1 Para x 6= 0, a equação (11.1) pode ser escrito da forma

b 0 c
y 00 + y + 2 y = 0, x 6= 0. (11.2)
ax ax
Logo
b c
p(x) = , q(x) = . (11.3)
ax ax2

2 Usamos isto e a Observação 11.1 para considerar uma solução da forma

y1 (x) = |x|r , x 6= 0. (11.4)

Usando o fato de |t|2 = t2 para todo t ∈ R, temos

x x x r |x|r
• y10 = r |x|r−1 = r |x|r 2 = r |x|r 2 = ;
|x| |x| x x
r r |x|r x2 r(r − 1) |x|r
   
00 r r−1 x r r
• y1 = 2 r |x| x − |x| = 2 − |x| = .
x |x| x |x|2 x2

Logo

x y10 (x) = r |x|r e x2 y100 (x) = r(r − 1) |x|r , x 6= 0. (11.5)

23
3 Então y1 (x) é uma solução de (11.1) (para x 6= 0) se, e somente se

0 = ax2 y100 (x) + bx y10 (x) + cy1 (x)


= ar(r − 1) |x|r + br |x|r + c |x|r
= ar2 + (b − a)r + c |x|r
 

E como x 6= 0, então temos se, e somente se r é raiz da equação de segundo grau

aλ2 + (b − a)λ + c = 0 (11.6)

a qual é chamada de EQUAÇ~


AO INDICIAL de (11.1).

Seja ∆ o discriminante da equação indicial, temos então 3 casos:

Primeiro Caso: ∆ = 0
Temos então duas raizes iguais dadas por
 
(b − a) 1 b
r1 = r2 = r = − = 1− .
2a 2 a

1◦ : Temos que y1 (x) = |x|r , x 6= 0 é uma solução de (11.1). Então por (11.3) e usando
o método de redução em (11.2), obtemos
Z " R b
#
exp − dx
ye2 (x) = |x|r 2r
ax
dx
|x|
Z " b
#
r e− a ln|x|
= |x| b dx
|x|1− a
Z " − ab #
|x|
= |x|r b dx
|x|1− a
Z
r dx
= |x|
|x|
Z
dx
= ± |x|r (+ se x > 0, − se x < 0)
x
= ± |x|r ln |x| .

2◦ : Logo escolhemos
y2 (x) = |x|r ln |x| , x 6= 0.

Assim y1 (x) e y2 (s) são soluções fundamentais. Portanto

y(x) = (c1 + c2 ln |x|) |x|r (11.7)

24
Exemplo 11.2. Resolver o seguinte sistema de Euler-Cauchy

4x2 y 00 − 8x y 0 + 9y = 0, x 6= 0. (11.8)

Solução:
Temos a = 4, b = −8, c = 9. Logo a equação indicial é dado por

0 = 4λ2 + (−8 − 4) λ + 9
= 4λ2 − 12λ + 9
= (2λ − 3)2 .

3
que tem uma única raiz dada por r1 = r2 = . Portanto
2
3
y(x) = (c1 + c2 ln |x|) |x| 2 , x 6= 0

Exemplo 11.3. Resolver o seguinte sistema de Euler-Cauchy

1
(2x + 1)2 y 00 − 2(2x + 1) y 0 + 4y = 0, x 6= − . (11.9)
2
Solução:
1◦ : (11.9) não tem a forma da equação (11.1). Para resolver isto, vamos considerar a
mudança de variáveis

t−1
t = 2x + 1 ⇐⇒ x= .
2
Definindo u(t) = y(x) = y(x(t)) temos

y 0 (x)
• u0 (t) = y 0 (x) x0 (t) = =⇒ y 0 (x) = 2u0 (t).
2
1 y 00 (x)
• u00 (t) = y 00 (x) x0 (t) = =⇒ y 00 (x) = 4u00 (t).
2 4

Logo, de (11.9) temos

0 = (2x + 1)2 y 00 (x) − 2(2x + 1) y 0 (x) + 4y(x)


= t2 [4u00 (t)] − 2t [2u0 (t)] + 4u(t)
= 4 t2 u00 − t u0 + u
 

Assim
t2 u00 − t u0 + u = 0, t 6= 0. (11.10)

25
2◦ : Para (11.10) temos a = 1, b = −1 e c = 1. Logo a equação indicial é dada por

0 = λ2 + (−1 − 1)λ + 1
= λ2 − 2λ + 1
= (λ − 1)2

que tem uma única raiz dada por r1 = r2 = 1. Portanto

y(x) = u(t)
= (c1 + c2 ln |t|) |t|
= (c1 + c2 ln |2x + 1|) |2x + 1| .

Segundo Caso: ∆ > 0


1◦ : Temos duas raizes reais distintas r1 6= r2 e

y1 (x) = |x|r1 , y2 (x) = |x|r2

soluções de (11.1).
2◦ Pelo feito em (11.4) temos

|x|r1 |x|r2
y10 (x) = r1 e y20 (x) = r2 .
x x
Então

W [y1 , y2 ] (x) = y1 (x) y20 (x) − y10 (x) y2 (x)


|x|r2 |x|r1
   
r1
= |x| r2 − r1 |x|r2
x x
|x|r1 +r2
= (r2 − r1 )
x
6= 0.

3◦ Assim y1 (x) e y2 (x) são soluções fundamentais. Portanto

y(x) = c1 |x|r1 + c2 |x|r2 , x 6= 0 (11.11)

Exemplo 11.4. Resolver o seguinte sistema de Euler-Cauchy

x2 y 00 + 4x y 0 + 2y = 0, x 6= 0. (11.12)

Solução:

26
Temos a = 1, b = 4 e c = 2. Logo a equação indicial é dada por

0 = λ2 + 3λ + 2 = (λ + 1) (λ + 2)

que tem raizes r1 = −1 e r2 = −2. Portanto, toda solução é dada por

y(x) = c1 |x|−1 + c2 |x|−2

Exemplo 11.5. Resolva a equação

3 0 3
y 00 + y − y = 0, x 6= −2. (11.13)
x+2 (x + 2)2

Solução:
1◦ : A equação (11.13) é da forma

(x + 2)2 y 00 + 3 (x + 2) y 0 − 3y = 0, x 6= −2. (11.14)

Logo fazemos a mudança de variáveis

t=x+2 ⇐⇒ x = t − 2.

Definindo u(t) = y(x) = y(x(t)) temos

• u0 (t) = y 0 (x) x0 (t) = y 0 (x) =⇒ y 0 (x) = u0 (t).


• u00 (t) = y 00 (x) x0 (t) = y 00 (x) =⇒ y 00 (x) = u00 (t).

2◦ : De (11.14) temos

0 = (x + 2)2 y 00 + 3 (x + 2) y 0 − 3y
= t2 u00 + 3t u0 − 3u. (11.15)

3◦ : Temos que a = 1, b = 3 e c = −3. Logo a equação indicial é dada por

0 = λ2 + 2λ − 3
= (λ − 1) (λ + 3)

que tem raizes r1 = 1 e r2 = −3. Portanto toda solução é dada por

y(x) = u(t)
= c1 |t| + c2 |t|−3
= c1 |x + 2| + c2 |x + 2|−3 .

27
Terceiro Caso: ∆ < 0
1◦ : Temos raizes complexas distintas r1 = α + iβ, r2 = α − iβ, com β 6= 0. Logo

u1 (x) = |x|α+iβ = |x|α |x|iβ = |x|α eiβ ln|x| = |x|α [cos (β ln |x|) + i sen (β ln |x|)] ,
u2 (x) = |x|α−iβ = |x|α |x|−iβ = |x|α e−iβ ln|x| = |x|α [cos (β ln |x|) − i sen (β ln |x|)] ,

são soluções complexas de (11.1). Então, pelo Princı́pio de Superposição

u1 (x) + u2 (x)
• y1 (x) = = |x|α cos (β ln |x|) ,
2
u1 (x) − u2 (x)
• y2 (x) = = |x|α sen (β ln |x|) ,
2i
são soluções reais de (11.1).
2◦ : Por outro lado, pelo feito em (11.4) temos

|x|α
   
α β
• y10 (x) = α cos (β ln |x|) + |x| − sen (β ln |x|)
x x
|x|α
=[α cos (β ln |x|) − β sen (β ln |x|)] ,
x
|x|α
   
0 α β
• y2 (x) = α sen (β ln |x|) + |x| cos (β ln |x|)
x x
|x|α
= [α sen (β ln |x|) + β cos (β ln |x|)]
x
Então

W [y1 , y2 ] (x) = y1 (x) y20 (x) − y10 (x) y2 (x)


|x|α
= |x|α cos (β ln |x|) · [α sen (β ln |x|) + β cos (β ln |x|)] −
x
|x|α
[α cos (β ln |x|) − β sen (β ln |x|)] · |x|α sen (β ln |x|)
x
|x|2α 
= α cos (β ln |x|) sen (β ln |x|) + β cos2 (β ln |x|)
x
−α cos (β ln |x|) sen (β ln |x|) + β sen2 (β ln |x|)


|x|2α

x
6 0.
=

3◦ : Logo y1 (x) e y2 (x) são soluções fundamentais de (11.1). Portanto

y(x) = |x|α [c1 cos (β ln |x|) + c2 sen (β ln |x|)] (11.16)

28
Exemplo 11.6. Resolva a equação

x2 y 00 + 4x y 0 + 3y = 0, x 6= 0. (11.17)

Solução:
1◦ : Temos a = 1, b = 4 e c = 3. Logo, a equação indicial é dada por

λ2 + 3λ + 3 = 0

que te discriminante ∆ = 9 − 4(1)(3) = −3 < 0. Assim, as raizes são dadas por


√ √
−3 ± ∆ 3 3
λ= =− ±i .
2 2 2
2◦ : Portanto, toda solução é dada por
" √ ! √ !#
− 32 3 3
y(x) = |x| c1 cos ln |x| + c2 sen ln |x|
2 2

Exemplo 11.7. Resolva a equação


√  √  2
4 2 (3x − 2)2 y 00 + 12 1 + 2 (3x − 2) y 0 + 9y = 0, x 6= . (11.18)
3
Solução:
1◦ : Fazemos a mudança de variaveis

t+2
t = 3x − 2 ⇐⇒ x= .
3
Definindo u(t) = y(x) = y(x(t)), temos

y 0 (x)
• u0 (t) = y 0 (x) x0 (t) = =⇒ y 0 (x) = 3u0 (t).
3
y 00 (x) 0 y 00 (x)
• u00 (t) = x (t) = =⇒ y 00 (x) = 9u00 (t).
3 9

2◦ : De (11.18) temos
√  √ 
0 = 4 2 (3x − 2)2 y 00 + 12 1 + 2 (3x − 2) y 0 + 9y
√ 2  √ 
= 4 2t (9u ) + 12 1 + 2 t (3u0 ) + 9u
00

√  √ 
= 36 2t2 u00 + 36 1 + 2 t u0 + 9u
√ 2 00  √  0 1
 
= 36 2t u + 1 + 2 t u + u
4

29
Assim
√ 2 00
√  0 1
2t u + 1 + 2 t u + u = 0, t 6= 0. (11.19)
4
√ √
3◦ : Para (11.19) temos a = 2, b = 1 + 2, c = 14 . Logo a equação indicial é dada por

√ 1
2λ2 + λ + =0
4
√ 1 √
que tem discriminante ∆ = 1 − 4 2 · = 1 − 2 < 0. Logo
4
p√
1 2−1
λ=− √ ± √ i.
2 2 2 2

4◦ : Portanto toda solução é dada por

y(x) = u(t)
" p√ ! p√ !#
1
− √ 2−1 2−1
= |t| 2 2 c1 cos √ ln |t| + c2 sen √ ln |t|
2 2 2 2
" p√ ! p√ !#
1
− √ 2−1 2−1
= |3x − 2| 2 2 c1 cos √ ln |3x − 2| + c2 sen √ ln |3x − 2| .
2 2 2 2

30
Aula 12

12.1 EDO’s Não Homogêneas


Vamos considerar a equação da forma

y 00 + p(x) y 0 + q(x) y = r(x). (12.1)

Observação 12.1. Queremos resolver o sistema (12.1). Para isto consideraremos o


seguinte raciocinio:
Seja yP (x) uma solução particular de (12.1). Se y(x) é a solução de (12.1), temos
(
y 00 + p(x) y 0 + q(x) y = r(x),
yP00 + p(x) yP0 + q(x) yP = r(x)

Assim yH (x) = y(x) − yP (x) satisfaz

00 0
yH + p(x)yH + q(x)yH = 0.

Isto é: yH (x) é uma solução da equação homogênea associada a (12.1) dado por

y 00 + p(x)y 0 + q(x)y = 0. (12.2)

Portanto
y(x) = yP (x) + yH (x)

Isto é: Toda a solução de (12.1) é a soma de uma SOLUÇ~


AO PARTICULAR DE (12.1) com
a SOLUÇ~ AO GERAL DA EDO HOMOG^ ENEA ASSOCIADA (12.2).

Nas Aulas 09, 10, 11 temos analisado, para alguns casos, resoluções de equações ho-
mogêneas.

Veremos agora um método que consiste em obter uma solução particular para (12.1) a
partir da solução geral do problema homogêneo associado (12.2).

31
12.2 Método de Variação de Parâmetros
O método de variação de parâmetros tem os seguintes passos:

1 Sejam y1 (x) e y2 (x) duas soluções fundamentais de (12.2). Então, toda solução de
(12.2) é da forma
yH (x) = c1 y1 (x) + c2 y2 (x), (12.3)

onde c1 , c2 são constantes.

2 Pela Observação 12.1, para encontrar todas as soluções de (12.1), bastaria encontrar
uma solução particular de (12.1).
Para isto, vamos supor que a solução particular yP é da forma

yP (x) = κ1 (x) y1 (x) + κ2 (x) y2 (x). (12.4)

De modo a calcular κ1 (x) e κ2 (x), vamos supor de maneira conveniente que

yP0 (x) = κ1 (x) y10 (x) + κ2 (x) y20 (x). (12.5)

3 Derivando (12.4) e usando (12.5) temos

yP0 (x) = κ01 (x) y1 (x) + κ1 (x) y10 (x) + κ02 (x) y2 (x) + κ2 (x) y20 (x)
= κ01 (x) y1 (x) + κ02 (x) y2 (x) + κ1 (x) y10 (x) + κ2 (x) y20 (x)
| {z }
0 (x)
yP

Assim
κ01 (x) y1 (x) + κ02 (x) y2 (x) = 0. (12.6)

4 Derivando (12.5) e usando (12.4) e (12.5) temos

yP00 = κ01 (x) y10 (x) + κ02 (x) y20 (x) + κ1 (x) y100 (x) + κ2 (x) y200 (x)
= κ01 (x) y10 (x) + κ02 (x) y20 (x) + κ1 (x) [−p(x) y10 − q(x) y1 ] + κ2 (x) [−p(x) y20 − q(x) y2 ]
= κ01 (x) y10 (x) + κ02 (x) y20 (x) − p(x) [κ1 (x) y10 + κ2 (x) y20 ] − q(x) [κ1 (x) y1 + κ2 (x) y2 ]
= κ01 (x) y10 (x) + κ02 (x) y20 (x) − p(x) yP0 − q(x) yP
= κ01 (x) y10 (x) + κ02 (x) y20 (x) − r(x) + yP00 .

Assim
κ01 (x) y10 (x) + κ02 (x) y20 (x) = r(x). (12.7)

32
5 De (12.6) e (12.7), para calcular κ1 (x) e κ2 (x) devemos resolver o sistema
(
κ01 (x) y1 (x) + κ02 (x) y2 (x) = 0,
(12.8)
κ01 (x) y10 (x) + κ02 (x) y20 (x) = r(x).

que tem determinante W [y1 , y2 ] 6= 0. E portanto uma única solução.

Exemplo 12.2. Calcular a solução da equação

y 00 − 3y 0 + 2y = ex sen x. (12.9)

Solução:
1◦ : Para (12.9) temos r(x) = ex sen x. Consideremos agora o sistema homogêneo

y 00 − 3y 0 + 2y = 0. (12.10)

2◦ : Note que (12.10) é uma equação homogêna com coeficientes constantes. Então
podemos resolvê-lo. Para isto, note que a equação caracterı́stica é dada por

0 = λ2 − 3λ + 2 = (λ − 1) (λ − 2) .

Assim, y1 (x) = ex e y2 (x) = e2x são soluções fundamentais de(12.10). Então

yH (x) = c1 ex + c2 e2x . (12.11)

3◦ : Pelo Método de variação de pamâmetros, e sabendo que

y10 (x) = ex , y20 (x) = e2x ,

procuramos uma solução particular

yP (x) = κ1 (x) ex + κ2 (x) e2x

tal que
(
κ01 (x) ex + κ02 (x) e2x = 0,
(12.12)
κ01 (x) ex + 2κ02 (x) e2x = ex sen x.

4◦ : Da diferença da segunda equação de (12.12) com a primeira temos

κ02 (x) e2x = ex sen x =⇒ κ02 (x) = e−x sen x


ex
=⇒ κ2 (x) = − (sen x + cos x) . (12.13)
2

33
5◦ : De (12.13) e da primeira equação de (12.12) temos

κ01 (x) = −κ02 (x) ex


= −e−x · sen x · ex =⇒ κ1 (x) = cos x. (12.14)
= − sen x.

6◦ : De (12.13) e (12.14) temos

e−x
yP (x) = cos x · ex − (sen x + cos x) · e2x
2
ex
= (cos x − sen x) . (12.15)
2
7◦ : Portanto de (12.11) e (12.15) obtemos

ex
y(x) = (cos x − sen x) + c1 ex + c2 e2x
2

Exemplo 12.3. Calcular a solução da equação


π π
y 00 + y = sec x, − <x< . (12.16)
2 2
Solução:
1◦ : Para (12.16) temos r(x) = sec x. Consideremos agora o sistema homogêneo

y 00 + y = 0. (12.17)

2◦ : Note que (12.17) é uma equação homogêna com coeficientes constantes. Então
podemos resolvê-lo. Para isto, note que a equação caracterı́stica satisfaz

λ2 + 1 = 0 ⇐⇒ λ = ±i

Assim, y1 (x) = cos x e y2 (x) = sen x são soluções fundamentais de (12.17). Então

yH (x) = c1 cos x + c2 sen x. (12.18)

3◦ : Pelo Método de variação de pamâmetros, e sabendo que

y10 (x) = − sen x , y20 (x) = cos x,

procuramos uma solução particular

yP (x) = κ1 (x) cos x + κ2 (x) sen x

34
tal que
(
−κ01 (x) cos x + κ02 (x) sen x = 0,
(12.19)
−κ01 (x) sen x + κ02 (x) cos x = sec x.

4◦ : Usando determinantes para resolver (12.19) temos



0 sen x


sec x cos x sen x sec x sen x
• κ01 (x) = =− =− ,
cos x sen x
1 cos x

− sen x cos x


cos x 0


0
− sen x sec x cos x sec x
• κ2 (x) = = = 1.
cos x sen x
1

− sen x cos x

π π
E como − < x < , temos cos x > 0. Logo, integrando
2 2
κ1 (x) = ln (cos x) e κ2 (x) = x. (12.20)

5◦ : De (12.20) temos
yP (x) = [ln (cos x)] cos x + x sen x. (12.21)

Portanto, de (12.18) e (12.21) obtemos

y(x) = [ln (cos x)] cos x + x sen x + c1 cos x + c2 sen x

Exemplo 12.4. Resolva o sistema

x2 y 00 − 3x y 0 + 4y = x4 , x > 0. (12.22)

Solução:
1◦ : (12.22) pode ser escrito da forma

3 0 4
y 00 − y + 2 y = x2 , x > 0. (12.23)
x x

Logo temos que r(x) = x2 .


2◦ : Note que a equação homogênea associada de (12.22) é

x2 y 00 − 3x y 0 + 4y = 0, x>0 (12.24)

35
que é uma equação de Euler-Cauchy homogênea. Então podemos resolvê-lo. Para isto,
note que a equação indicial é dada por

0 = λ2 − 4λ + 4 = (λ − 2)2 .

E como x > 0, as funções y1 (x) = x2 e y2 (x) = x2 ln x são soluções fundamentais de


(12.24). Então
yH (x) = c1 x2 + c2 x2 ln x, x > 0. (12.25)

3◦ : Pelo Método de variação de pamâmetros, e sabendo que

y10 (x) = 2x , y20 (x) = 2x ln x + x,

procuramos uma solução particular

yP (x) = κ1 (x) x2 + κ2 (x) x2 ln x

tal que
(
2κ01 (x) x2 + κ02 (x) x2 ln x = 0,
(12.26)
2κ01 (x) x2 + κ02 (x) [2x ln x + x] = x2 .

4◦ : Usando determinantes para resolver (12.26) temos




0 x2 ln x

x2 2x ln x + x

0
−x4 ln x x4 ln x
• κ1 (x) = = = − = −x ln x,
x2 x2 ln x 2x3 ln x + x3 − 2x3 ln x x3

2x 2x ln x + x

2

x 0
2x x2

x4 x4
• κ02 (x) = = = = x.
x2 x2 ln x 2x3 ln x + x3 − 2x3 ln x x3

2x 2x ln x + x

1
5◦ : Para calcular κ1 (x) usaremos integração por partes. Como (ln x)0 = , temos
x
0
x2
Z 
κ1 (x) = − ln x dx
2
x2 ln x
Z
x
=− + dx
2 2
x2 ln x x2
=− + . (12.27)
2 4

36
Também temos que
x2
κ2 (x) = . (12.28)
2
6◦ : De (12.27) e (12.28) temos

x2 ln x x2 2 x2 2
 
yP (x) = − + x + · x ln x
2 4 2
x4
= . (12.29)
4
Portanto, de (12.25) e (12.29), obtemos

x4
y(x) = + c1 x2 + c2 x2 ln x, x>0
4

Observação 12.5. O método de variação de parâmetros pode envolver integrais muito


difı́ceis e longas de calcular para achar uma solução particular.
Por exemplo:

Exemplo 12.6. Use o método de variação de parâmetros para calcular a solução de

y 00 − 4y 0 + 6y = 3x. (12.30)

Solução:
1◦ : Para (12.30) temos r(x) = 3x. Consideremos agora o sistema homogêneo

y 00 − 4y 0 + 6y = 0. (12.31)

2◦ : Note que (12.31) é uma equação homogênea com coeficientes constantes. A equação
caracterı́stica satisfaz λ2 − 4λ + 6 = 0. Assim

4 ± 16 − 24
λ=
2

= 2 ± 2 i.
√  √ 
Logo y1 (x) = e2x cos 2x e y2 (x) = e2x sen 2x são soluções fundamentais. Assim
√  √ 
2x 2x
yH (x) = c1 e cos 2x + c2 e sen 2x . (12.32)

3◦ : Pelo Método de variação de pamâmetros, e sabendo que


h √  √ √ i
• y10 (x) = e2x 2 cos 2x − 2 sen 2x ,
h √  √ √ i
0 2x
• y2 (x) = e 2 sen 2x + 2 cos 2x ,

37
procuramos uma solução particular
√  √ 
2x 2x
yP (x) = κ1 (x) e cos 2x + κ2 (x) e sen 2x

tal que
( √  √ 
κ01 e2x cos 2x + κ02 e2x sen 2x = 0,
√  √ √  √  √ √ 
κ01 e2x 2 cos 2x − 2 sen 2x + κ02 e2x 2 sen 2x + 2 cos 2x = 3x.
 

(12.33)

4◦ : Note que o determinante do sistema (12.33) é dado por

W [y1 , y2 ] (x) = y1 (x) y20 (x) − y10 (x) y2 (x)


h √  √  √ √ 
4x 2
= e 2 cos 2x sen 2x + 2 cos 2x
√  √  √ √ i
−2 sen 2x cos 2x + 2 sen2 2x

= 2 e4x . (12.34)

Assim
0 e2x sen √2x




y20 (x)
 √ 
3x −3x e2x sen 2x 3
0
• κ1 (x) = √ = √ = − √ x e−2x sen 2x ,
2e4x 2e4x 2
e2x cos √2x 0


√ 

y10 (x)
√ 
0
3x 3x e2x cos 2x 3
• κ2 (x) = √ = √ = √ x e−2x cos 2x .
2e4x 2e4x 2

5◦ : Para calcular κ1 (x) e κ2 (x), primeiro consideramos o seguinte resultado:

eαx [α cos (βx) + β sen (βx)]


Z
• eαx cos (βx) dx = .
α2 + β 2
(12.35)
eαx [α sen (βx) − β cos (βx)]
Z
• eαx sen (βx) dx = .
α2 + β 2

De (12.35) para α = −2, β = 2. E por integração por partes, temos

3
Z h √ i
κ1 (x) = − √ x e−2x sen 2x dx.
2
1
Z  h √  √ √ i0
−2x
=− √ x e −2 sen 2x − 2 cos 2x dx
2 2
1
Z  h √  √ √ i0
= √ x e−2x 2 sen 2x + 2 cos 2x dx. (12.36)
2 2

38

Então, novamente de (12.35) para α = −2 e β = 2, obtemos
√  √ √  Z " √  √ #
xe−2x 2 sen 2x + 2 cos 2x

sen 2x cos 2x
κ1 (x) = √ − e−2x √ + dx
2 2 2 2
√  √ √  √  √ √ 
xe−2x 2 sen 2x + 2 cos 2x
 
e−2x −2 sen 2x − 2 cos 2x
= √ − √
2 2 2 6
 √  √ √ 
e−2x −2 cos 2x + 2 sen 2x

2 6
√  √ √ i
" √  √ #
xe−2x h sen 2x cos 2x
= √ 2 sen 2x + 2 cos 2x + e−2x √ +
2 2 6 2 3
" √  √ # √  √ !
sen 2x cos 2x sen 2x cos 2x
= e−2x x √ + + √ + . (12.37)
2 2 6 2 3

De maneira análoga, para κ2 (x) temos

3
Z h √ i
−2x
κ2 (x) = √ x e cos 2x dx.
2
1
Z  h √  √ √ i0
= √ x e−2x −2 cos 2x + 2 sen 2x dx
2 2
" √  √ #
xe−2x h√ √  √ i Z sen 2x cos 2x
= √ 2 sen 2x − 2 cos 2x − e−2x − √ dx
2 2 2 2

xe−2x h√ √  √ i e−2x −2 sen √2x − √2 cos √2x


= √ 2 sen 2x − 2 cos 2x −
2 2 2 6
 √  √ √ 
e−2x −2 cos 2x + 2 sen 2x
+ √
2 6
" √  √ #
−2x h√ √ √ sen 2x cos 2x
xe    i
= √ 2 sen 2x − 2 cos 2x + e−2x − √
2 2 3 6 2
" √  √  # √  √  !
−2x sen 2x cos 2x sen 2x cos 2x
=e x − √ + − √ . (12.38)
2 2 3 6 2

6◦ : De (12.37) e (12.38) obtemos


√   √ 
yP (x) = κ1 (x)e2x cos 2x + κ2 (x)e2x sen
  
2x
" √  √ # √  √ ! √ 
sen 2x cos 2x sen 2x cos 2x
= x √ + + √ + cos 2x +
2 2 6 2 3
" √  √ # √  √ ! √ 
sen 2x cos 2x sen 2x cos 2x
x − √ + − √ sen 2x .
2 2 3 6 2

39
Assim
"  √ √  √  √  √  √ #
2x cos 2x
sen cos2 2x sen2 2x cos 2x sen 2x
yP (x) = x √ + + − √
2 2 2 2
√  √  √  √  √  √ 
sen 2x cos 2x cos2 2x sen2 2x cos 2x sen 2x
+ √ + + − √
6 2 3 3 6 2
x 1
= + . (12.39)
2 3
7◦ : De (12.32) e (12.39), obtemos

x 1 h √  √ i
y(x) = + + c1 cos 2x + c2 sen 2x e2x
2 3

40

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