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DIFERENCIAIS
Cristiane da Silva
Classificação e
validação de soluções de
equações diferenciais
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
As equações diferenciais têm vasta aplicação e podem ser abordadas de
maneiras diferentes. Sob o ponto de vista matemático, elas são utilizadas
para descrever situações do mundo real e são um elo de interação da
matemática com outras ciências, como a física, a biologia, a química,
a economia e a engenharia. Algumas das aplicações estão na modela-
gem do crescimento de populações, na descrição de forças sofridas por
corpos, na formulação de modelos acerca do mercado, em economia,
na administração de drogas, em farmacologia, entre outras.
Neste capítulo, você vai compreender a importância das equações
diferenciais, estudando a sua definição e a sua classificação. Você também
vai aprender a reconhecer uma função como solução de uma equação
diferencial. Ao longo do capítulo, você vai verificar ilustrações, exemplos
e notações variadas relacionadas ao tema, além de pontos de atenção,
a fim de facilitar a compreensão sobre o conteúdo.
2 Classificação e validação de soluções de equações diferenciais
1 Equação diferencial
Para compreender as equações diferenciais, pode-se partir do entendimento
de um tema mais abrangente. Zill e Cullen (2009) explicam que, de modo
geral, as expressões “diferencial” e “equação” sugerem algum tipo de equação
que contenha derivadas. Sabe-se que a derivada de uma função y = ϕ(x)
é, por si própria, uma função ϕʹ(x) que foi determinada a partir de uma regra
2
específica. Para ficar mais claro, tome como exemplo a função y = e0,1x , que é
2
diferenciável no intervalo (–∞, ∞), sendo sua derivada dada por = 0,2xe0,1x .
2
Substituindo-se e0,1x pelo símbolo y, obtém-se:
Dito isso, suponha que você tenha em mãos a equação = 0,2xy, mas
desconheça a forma como ela foi construída. Nesse caso, ao ser indagado
sobre qual é a função representada pelo símbolo y, você vai se deparar com
um dos problemas básicos de equações diferenciais: como resolver a equação
para a função incógnita y = ϕ(x)? Podemos encarar esse problema de maneira
semelhante ao problema inverso do cálculo diferencial, em que, dada uma
derivada, pede-se para determinar uma antiderivada (ZILL; CULLEN, 2009).
Assim, uma equação diferencial pode ser entendida como aquela que
contém as derivadas de uma ou mais variáveis dependentes em relação a uma
ou mais variáveis independentes — ou seja, uma equação cuja incógnita é
uma função que aparece na equação sob a forma das respectivas derivadas.
Essas equações têm aplicações não apenas na matemática, mas na física,
na engenharia, na biologia, entre outras áreas do conhecimento.
Classificação e validação de soluções de equações diferenciais 3
Çengel e Palm III (2014) definem equação diferencial como aquela que
envolve as derivadas de uma ou mais funções. De acordo com os autores, uma
equação diferencial expressa a relação entre as funções e as suas derivadas.
Esse tipo de equação vem sendo utilizado há muito tempo por cientistas e
engenheiros, com o propósito de modelar e resolver problemas práticos.
Nem todos os problemas com os quais nos deparamos podem ser solucio-
nados com o uso de equações algébricas. Vários problemas encontrados nas
ciências e na engenharia são originados de equações diferenciais e, portanto,
dependem delas para sua solução (ÇENGEL; PALM, 2014). Veja nos Exemplos a
seguir uma aplicação das equações diferenciais no estudo de fenômenos físicos.
4 Classificação e validação de soluções de equações diferenciais
Problema de física
Identificar
variáveis
importantes
Elaborar
pressuposições
e aproximações
razoáveis
Aplicar
as leis físicas
relevantes
Aplicar
uma técnica Aplicar as
de solução condições iniciais
e de contorno
Solução do problema
No primeiro passo, são identificadas todas as variáveis que afetam o fenômeno e são
elaboradas as pressuposições e aproximações razoáveis sobre ele; ainda, investiga-se a
independência das variáveis. As leis e os princípios relevantes da física são empregados,
e o problema é modelado matematicamente, normalmente na forma de uma equação
diferencial. Essa equação diferencial costuma ser instrutiva e evidencia o grau de
dependência de algumas variáveis em relação a outras e a importância relativa de vários
termos. No segundo passo, a equação diferencial é resolvida por meio de um método
apropriado para sua resolução, e obtém-se uma razão entre a função desconhecida
e as variáveis independentes.
Fonte: Çengel e Palm III (2014, p. 2).
Classificação e validação de soluções de equações diferenciais 5
Solução:
O tempo será denotado por t, e a velocidade do objeto em queda por v. Uma
vez que a velocidade deve variar com o tempo, considere v como função de t,
ou seja, t é a variável independente e v é a variável dependente. O tempo t será
medido em segundos, e a velocidade v em metros por segundo. Além disso,
suponha que a velocidade v é positiva quando o sentido do movimento é para
baixo (quando o objeto está caindo).
A lei física que governa o movimento de objetos é a segunda lei de Newton,
que diz que a massa do objeto multiplicada por sua aceleração é igual à força
total atuando sobre o objeto. Essa lei pode ser expressa pela equação:
F = ma
γv
mg
Por outro lado, quando uma equação envolve derivadas parciais de uma ou
mais variáveis dependentes de duas ou mais variáveis independentes, tem-se
uma equação diferencial parcial. Acompanhe:
Você poderá se deparar com notações diferentes para expressar derivadas ordinárias,
conforme mostrado a seguir.
Notação de Leibniz:
Classificação e validação de soluções de equações diferenciais 9
Notação prima:
Observe que, nessa última notação, as equações podem ser escritas de forma um
pouco mais compacta. Ela é utilizada para indicar apenas as primeiras três derivadas
— da quarta em diante, é escrita como y(4) — ou seja, a derivada de ordem n é expressa
por ou y(n). Cabe destacar que, embora menos compacta, a notação de Leibniz tem
vantagem sobre a de prima, por apresentar de maneira mais clara tanto as variáveis
dependentes quanto as variáveis independentes.
Fonte: Zill e Cullen (2009, p. 18).
Em que F é uma função de valores reais com n + 2 variáveis: x, y, yʹ, ..., y(n).
Será adotada a hipótese de que é possível resolver uma equação diferencial
ordinária unicamente para a derivada mais elevada y(n) em termos das n + 1
variáveis restantes (ZILL; CULLEN, 2009). Assim, a equação diferencial será:
Zill e Cullen (2009) explicam que f é uma função contínua de valor real e é
referida como a forma padrão de F(x, y, y', ..., y(n)) = 0. Então, quando for mais
conveniente, serão utilizadas suas formas normais para representar equações
diferenciais ordinárias gerais de primeira e segunda ordem:
a variável dependente y e todas as duas derivadas yʹ, y'ʹ, ..., y(n) são de
primeiro grau, isto é, a potência de cada termo envolvendo y é 1; e
os coeficientes a0, a1, ..., an de yʹ, y'ʹ, ..., y(n) dependem no máximo da
variável independente x.
Note que, em cada termo de uma equação linear homogênea, há a variável depen-
dente ou uma de suas derivadas após a simplificação dos fatores comuns da equação.
O termo g(x) é denominado termo não homogêneo.
Uma equação linear homogênea de ordem n pode ser expressa, de forma geral,
como:
3 Função solução
Quando o assunto é a solução de equações diferenciais, ao contrário das
equações algébricas com as quais estamos habituados, as equações diferenciais
geralmente são funções, em vez de valores discretos. Também é importante
destacar que não existe um único método de solução geral aplicável a qualquer
equação diferencial. Ao contrário, para diferentes classes de equações dife-
renciais, têm-se técnicas diferentes de solução, podendo, inclusive, a solução
envolver duas ou mais técnicas (ÇENGEL; PALM III, 2014).
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Solução:
A função dada será solução da equação diferencial se sua derivada se-
gunda for subtraída do resultado do produto de 4 por essa mesma função e o
resultado for igual a zero. As derivadas primeira e segunda da função dada
são, respectivamente, yʹ1 = –6e–2x e yʹʹ1 = 12e–2x. Dessa forma, temos yʹʹ – 4y
= 12e–2x – 4(3e–2x) = 0. Com base nisso, pode-se afirmar que y1 é solução da
equação diferencial.
Solução:
A primeira e a segunda derivadas de y1 = Cxe2x + 2x – 3 são:
Exemplo 3:
Encontre a solução do problema de valor inicial – y = e2x, y(0) = 3.
Solução:
A solução pode ser obtida pela substituição da condição inicial x = 0,
y = 3 na solução geral y = e2x + Cex, para encontrar C. Obtém-se:
3 = e0 + Ce0 = 1 + C
y = e2x + 2ex
ANTON, H.; BIVENS, I.; DAVIS, S. Cálculo. 10. ed. Porto Alegre: Bookman, 2014. v. 2.
BOYCE, W. E.; DIPRIMA, R. C. Equações diferenciais elementares e problemas de valores de
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