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4322/978-65-86889-11-6
Organizadores :
Adilson dos Reis Felipe
Mônica Inês de Castro Netto
Paula Fernandes de Assis Crivello Neves culturatrix.
Editora Culturatrix.
| publicações acadêmicas |
Editora chefe
Rosa Maria Ferreira da Silva
Editor assistente
Cairo Mohamad Ibrahim Katrib (UFU)
Conselho Editorial
Infâncias,
Adolescências e
Sociedade
2021
Copyright 2021 © Adilson dos Reis Felipe, Mônica Inês de Castro Netto, Paula Fernandes de
Assis Crivello Neves, 2021.
Todos os direitos reservados.
*O conteúdo desta obra, bem como sua originalidade, revisão gramatical e ortográfica são de inteira res-
ponsabilidade dos autores.
Catalogação na publicação
Elaborada por Bibliotecária Janaina Ramos – CRB-8/9166
I43
Livro em PDF
ISBN: 978-65-86889-11-6
DOI: 10.4322/978-65-86889-11-6
Editora Culturatrix
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8. “Filhas/os da mãe!”
Narrativas sobre ausência paterna e a busca pelo reconhecimento
tardio da paternidade
Francinaide Verônica da Silva Vieira
Aldenora Conceição de Macedo
Introdução
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“Filhas/os da Mãe!”
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Infâncias, Adolescências e Sociedade
6Art. 1.606. A ação de prova de filiação compete ao filho, enquanto viver, passando
aos herdeiros, se ele morrer menor ou incapaz. Parágrafo único. Se iniciada a ação
pelo filho, os herdeiros poderão continuá-la, salvo se julgado extinto o processo
(BRASIL, 2002).
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“Filhas/os da Mãe!”
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Art. 24. A perda e a suspensão do pátrio poder familiar serão decretadas judicial-
mente, em procedimento contraditório, nos casos previstos na legislação civil, bem
como na hipótese de descumprimento injustificado dos deveres e obrigações [...]
(BRASIL, 1990).
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Art. 10. O reconhecimento voluntário da paternidade ou da maternidade socioafe-
tiva de pessoa de qualquer idade será autorizado perante os oficiais de registro civil
das pessoas naturais. § 4º Se o filho for maior de doze anos, o reconhecimento da
paternidade ou maternidade socioafetiva exigirá seu consentimento (BRASIL,
2017).
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Infâncias, Adolescências e Sociedade
9Uma nova obrigação, precisamos destacar, recai sobre a mulher. Não apenas sendo
responsabilizada pelos cuidados gerais com as crianças, mas como também por toda a
educação necessária ao seu bom desenvolvimento.
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Infâncias, Adolescências e Sociedade
Durante a infância, Luísa viveu com sua mãe, avó materna, irmã
e irmãos menores. Uma família de classe média baixa. Sua avó foi a
pessoa que ocupou as funções tipicamente “maternas”, por essa razão a
considerava mais que sua mãe. Sua mãe estava sempre trabalhando, o
que provocou um afastamento “involuntário” dela para com as/os fi-
lhas/os. Esse trabalho árduo que realizava também se deve ao fato de
que precisava suprir a ausência de um apoio paterno, financeiro ou afe-
tivo. Além de trabalhar, também estudava à noite, na tentativa de con-
seguir uma melhor colocação no mercado de trabalho e assim aumentar
a renda familiar. Não lhe sobrava tempo para acompanhar os cuidados
diários com as crianças, o que, por sorte, podia deixar a cargo de sua
mãe, uma distribuição de funções típica das famílias lideradas por mu-
lheres.
Ainda muito jovem, sua mãe, ao saber da gravidez, decidiu pre-
cipitadamente não contar ao namorado. Este, com o fim do breve rela-
cionamento, foi embora da cidade. Assim, mesmo suspeitando ser o pai
da filha de sua antiga namorada, o que soube depois, optou por manter-
se afastado. Sua família, contudo, continuou residindo na mesma cidade
da mãe de Luísa, muito próximo a ela, mesmo tendo a mesma suspeita,
agiram como o filho e a viram crescer apenas como uma vizinha. Aqui
ressaltamos a lembrança de Luísa que ainda bem pequena costumava
ouvir “cochichos” entre sua mãe e sua avó a respeito dessa situação, o
que acabou nutrindo um sentimento diferente pela avó e avô que mes-
mo hoje não consegue definir. Na vivência escolar, Luísa diz que não
recorda se passou por algum tipo de constrangimento, pois as famílias
de suas colegas também eram bem diversificadas, muitas viviam apenas
com a avó ou mãe, com tias/os ou outros parentes. Durante seu cres-
cimento, Luísa destaca que teve pouco contato com uma “figura mas-
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“Filhas/os da Mãe!”
10O Projeto Pai Presente é uma política pública criada pelo Conselho Nacional de
Justiça, de alcance nacional e vigente em todos os tribunais de justiça. Objetiva reduzir
o número de registro de nascimento e casamento sem filiação paterna, uma
aproximação da sociedade ao poder judiciário, tendo em vista ser desnecessário a
intervenção de uma/um advogada/o em trâmites facilitados por parceria direta com
os cartórios de registro civis na facilitação do reconhecimento espontâneo ou na busca
pela prova genética junto às/aos gestoras/es locais com a oferta de exames de DNA
gratuitos, na legitimação de direitos basilares e fundamentais.
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Infâncias, Adolescências e Sociedade
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“Filhas/os da Mãe!”
Ana Liz diz que sua infância foi “plena e feliz”. Nascida de um
relacionamento entre pessoas ainda muito jovens – ambas com idades
em torno de 16 anos, foi registrada por seu pai biológico logo que nas-
ceu. Porém, ele a abandona ainda antes que completasse um ano de
idade (vamos chamá-lo de Paulo). A responsabilidade de cuidar de uma
família não foi algo indesejado apenas por Paulo, mas também por seu
pai que decide emancipá-lo legalmente, passando-lhe parte do patrimô-
nio familiar com o intuito não de que ele pudesse viver longe, em outra
cidade. Prontamente, Paulo abandona Ana Liz ainda bebê. Assim, a
mãe de Ana Liz volta a viver com a família até conhecer outro homem,
com quem estabelece um relacionamento estável. Este passa a ser reco-
nhecido por Ana Liz como seu pai. Mesmo diante limitações financei-
ras, o casal consegue estabelecer-se como família.
A Ana Liz, a história de um pai biológico foi por muito tempo
omitida. Criança e sem acesso aos seus documentos cresce assim com a
certeza de que aquele é seu pai biológico, apesar de notar que momen-
tos, como seus aniversários, eram carregados de conversas em sua casa
que, nela, despertavam uma sensação de que “havia algo errado”. Po-
rém, não durou muito para que seu pai afetivo resolvesse contar-lhe o
segredo. Ao completar 10 anos de idade, ela fica sabendo, mas nos con-
ta que antes desse momento nunca havia suspeitado de algo assim, pois
mesmo com o nascimento de seu irmão mais novo - fruto do relacio-
namento de sua mãe com seu pai afetivo, seu pai nunca a tratou de
forma diferente. Ela afirma nunca ter vivido qualquer situação que a
levasse a pensar sobre isso. Ana Liz lembra com detalhes da conversa
que seu pai afetivo teve com ela, logo após completar 10 anos de idade.
O momento de tal revelação, contudo, fez com que Ana Liz
chorasse muito. Ela diz que, do outro lado, sua mãe também chorava A
intenção de sua mãe ao esconder a verdade era a de “protegê-la de sen-
timentos ruins que poderiam surgir”. De fato, ela relata que chegou a
sentir raiva de sua mãe, que se sentia traída por ela. Julgava que tinha a
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lescência, pode ter vivido momentos felizes também com seu pai bioló-
gico. Gostava de viajar para vê-lo, mas toda essa novidade que um pai
biológico trouxe a sua vida, anteriormente muito sem aventuras, perdeu
o encanto, os encontros tornaram-se menos frequentes. Ainda em sua
adolescência, seu pai biológico desaparece de sua vida. Hoje diz não ter
sequer notícias dele. Seu sentimento em relação a esse afastamento é
contraditório, pois ela diz nunca ter conseguido enxergá-lo como pai.
Nunca conseguiu chamá-lo assim, porém diz ter sido decepcionante
constatar que tudo não passava de ilusões infantis.
Casada e sem filhas/os, formada em Direito, advogada em car-
reira inicial, atualmente, Ana Liz pleiteia judicialmente sua adoção por
parte do pai afetivo e diz que assim pretende apagar definitivamente
qualquer laço com seu pai biológico. Quer retirar de seus documentos
as referências a ele, pois a filiação registrada não corresponde à sua rea-
lidade. Irá substituir o nome do pai por quem de fato, segundo ela,
exerceu e exerce a função de pai. Ana Liz nos diz que a total ausência
de contato com seu pai biológico não a afeta, pois se sente ligada ape-
nas ao seu pai afetivo.
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Infâncias, Adolescências e Sociedade
falar, finalmente revela que seu pai biológico vivia em uma cidade tam-
bém no DF e que nunca o conheceu porque este nunca teve interesse.
Que era um homem muito “mulherengo” e que essa foi uma das razões
que a fez ir embora para o Piauí.
O Dia dos Pais foi para Lucas uma data que lhe causava muita
raiva durante a infância. Uma raiva que reverberava nos sentimentos
que tinha por sua mãe, por ela ter se recusado por tanto tempo lhe dar
informações sobre seu pai biológico. Esses sentimentos o entristeciam e
causavam muita mágoa. Assim, em meio a questionamentos e respostas
vazias, o Dia das Mães parecia ser tão dolorido quanto o dos pais, por
razões diferentes. Lucas culpava a mãe por não ajudá-lo a encontrar o
pai biológico. Essa ausência o incomodava bastante e a mágoa com sua
mãe o levou a ir morar com a avó em um período de sua vida, momen-
to em que sua mãe estava em um relacionamento amoroso estável. Lu-
cas não conseguia aceitar tal relação e não conseguiu enxergar no com-
panheiro de sua mãe uma figura paterna.
Lucas se questionava durante a infância sobre a ausência do pai
e culpabilizava a mãe por omissão pela falta de registro civil paterno,
sentimento que se intensificava em situações em que o perguntavam se
não tinha pai. Na escola, entre pares e, como relatado por Luísa, em
momentos que precisava apresentar seus documentos civis, sobretudo,
em órgãos públicos. Por conta própria, após atingir a maioridade, Lucas
buscou pelo reconhecimento paterno. Seu primeiro encontro com o pai
acontece, desse modo, somente durante os procedimentos de coleta de
material genético para realização do exame de DNA. Naquela sala de
espera em que os dois se encontravam, Lucas diz ter sentido muita raiva
quando constatou que seu pai biológico não era uma pessoa estranha, já
o havia visto, por algumas vezes, pela rua em que morava. Naquele
momento relata que, com muita revolta, pensou que “seu pai” havia o
visto por várias vezes. O viu crescer. Sabia de sua existência, que era seu
pai, mas optou por “não fazer nada.”.
A semelhança física com ele era evidente. O resultado positivo
do exame de DNA, contudo, trouxe-lhe a certeza de que o reconheci-
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“Filhas/os da Mãe!”
mento paterno seria apenas jurídico, Lucas não queria estabelecer qual-
quer contato com aquele homem, não o queria em sua vida. Também
não desejava qualquer auxílio financeiro. Seu único objetivo era exercer
o direito de ter em seus documentos a informação completa de sua
filiação. Nada mais que isso. Lucas diz que nunca teve uma figura pa-
terna em sua vida. O reconhecimento legal tratou-se apenas de um re-
gistro civil, assim como Luísa sentimentos ou vínculo afetivo não foram
estabelecidos.
Lucas é solteiro, historiador e conselheiro tutelar. Função que
diz exercer com muito apreço e que, relacionando à sua experiência, diz
alertar mães e pais em seus atendimentos para a necessidade de um
olhar atento à criança e seu direito ao registro paterno, destacando a
responsabilidade de providenciá-lo quando inexistente. Lucas se des-
creve como uma pessoa bem relacionada com a família, porém não tem
nenhum contato com o pai biológico e não almeja ter. Para ele, obter o
registro em seus documentos era seu interesse único e que em sua vida
não havia espaço para cultivar um relacionamento afetivo com o pai.
Acredita que o tempo para isso era infância ou adolescência, e que ago-
ra, sendo adulto, não sente necessidade alguma de aproximar-se do pai.
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nho por parte de sua tia e esposo, àquela altura já reconhecidas/os co-
mo mãe e pai afetiva/o. Durante seu crescimento, recebia a visitava
anual de sua mãe. Essa dinâmica e o fato de ter vivido com a mãe os
primeiros cinco anos de vida deixaram evidentes, para ela, sua verdadei-
ra história. Contudo, o distanciamento fazia com que os encontros com
sua mãe lhe causassem-se mais incômodo que satisfação. Chegando a
contar as horas para que sua mãe fosse novamente embora.
A relação entre elas não estava sedimentada no afeto, o que de-
fine o “estado de filiação” (DIAS, 2018), já mencionado, o que tornou
possível a personificar na tia, de modo mais natural, sua figura materna.
Sua família era estruturada por laços afetivos e isso fez com que a au-
sência de um pai biológico durante a primeira infância e o abandono da
mãe biológica não lhe trouxessem sentimentos negativos de rejeição.
Dora teve, assim, a presença paterna na figura de seu tio, durante a ado-
lescência desejou conhecer o pai biológico. Em seus pensamentos, ten-
tava criar um perfil e para isso conjecturava sua aparência a partir da
dela, pois se achava muito diferente da mãe biológica e de sua família
materna. O que sabia de seu pai era somente aquilo que sua mãe conta-
va e se resumia a dizer que era um homem horrível e o maior culpado
pelo fato de Dora não o conhecer.
Com 12 anos, tem o apoio de sua família afetiva para conhecê-
lo. Ainda que relutando, é por intermédio de sua mãe biológica que um
exame de DNA é marcado. O primeiro encontro ocorre, assim como
no caso Lucas, dentro de um consultório laboratorial. Dora recorda
que, na ocasião, seu pai cogita desistir de realizar o exame e reconhecê-
la de imediato, justamente pela aparência física dela ser muito semelhan-
te a sua, mas ainda assim o exame é realizado. O resultado positivo fez
com que seu pai biológico logo a registrasse civilmente. Dora afirma
que, apesar da pouca idade, tal reconhecimento não trouxe mudanças
em sua percepção de pertencimento familiar e que nunca teve qualquer
constrangimento em ter duas mães e agora também dois pais.
Após o reconhecimento, seu pai biológico passa a visitá-la cons-
tantemente em finais de semana, feriados. Leva-a em viagens de férias e
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“Filhas/os da Mãe!”
aos poucos foi sendo construída uma relação de confiança que fez com
que aos 14 anos de idade tomasse a decisão, assentida por sua família
afetiva, de morar com o pai biológico, à convite dele, que pensava em
dar-lhe “melhores oportunidades de estudo”. Sua ausência é justificada,
segundo seu pai, por ter vivenciado um período de muita pobreza, o
que o levou a viver em situação de rua, mas que tinha conseguido se
reestabelecer, formando-se em Direito e, com o exercício da advocacia,
lhe dava condições de ofertar melhores oportunidades de vida e tam-
bém a chance de resgatar o tempo perdido.
Dora relata que foi um período difícil para ela, sentia muitas
saudades de sua família afetiva, mas por querer muito essa nova vida
junto ao seu pai biológico, permaneceu morando com ele, o que real-
mente deu-lhes uma relação reestabelecida. Dora ainda conclui que,
apesar de aquele novo homem de pai cumprir muito bem seu papel,
ainda foi por muito tempo difícil, para ela, chamá-lo de pai.
Dora é casada, tem dois filhos, é formada em Direito e está gra-
duando-se em Pedagogia. Hoje, mantém uma relação harmoniosa com
o pai biológico e com a família afetiva, porém, relata ainda haver uma
dificuldade com a palavra “pai”, por considerá-la apropriada apenas
para o trato com seu tio, pai afetivo, mas que isso não é reflexo de
qualquer mágoa quanto ao passado de ausência do pai biológico.
vamos também que não são consideradas suas motivações para aban-
donarem esses homens. Não foi considerado o fato de que é delas a
decisão de como criarão suas/seus filhas/os e que se a opção for fazer
isso sozinhas, é porque certamente foi a melhor que dispunham à épo-
ca. Nenhuma mulher quer assumir toda sobrecarga e as mudanças que
acarreta a criação/educação de uma criança sozinha, apenas por vaidade
ou capricho. Há que se ter em mente a complexidade envolta em tais
decisões, sem que isso leve a contestar o direito das mulheres de decidi-
rem sobre suas vidas. Não estamos, contudo, deixando de reconhecer o
direito das crianças, adolescentes, de serem assistidas/os economica-
mente por um pai e talvez viver o afeto que esse pode lhe oferecer.
Porém, como vimos nas narrativas, as mães tinham medo de que su-
as/seus filhas/os se decepcionassem com a aproximação com o pai
ausente. Vimos que, de certo modo, estavam certas, pois os pais que
iniciaram uma relação paterna com as filhas, a mantiveram por pouco
tempo, até escolherem sumir novamente. A sensação de abandono foi,
assim, revivida.
A essas mulheres foram delegadas todas as obrigações com a
prole, por isso, como no caso de Luísa, a mãe teve de trabalhar em mui-
tas e extensas jornadas precisando assim contar com uma rede de apoio
feminina. Algo típico das famílias monoparentais lideradas por mulhe-
res. À essa rede, além das mulheres da família, cumpre destacar, tam-
bém se agregam mulheres de confiança que vivem na vizinhança. Essas
são acionadas em casos emergenciais. Tais relações se dão “baseadas em
trocas mútuas, sendo que as mulheres que se beneficiam de ajuda tam-
bém a oferecem” (SANTOS; SANTOS, 2008, p.16).
As famílias monoparentais femininas, segundo Álvares (2003) e
Leite (1997), são formações que ocorrem, geralmente, por razão de
viuvez, divórcio e guarda favorável à mãe. São fatos por eles apresenta-
dos, mas que, do nosso ponto de vista, precisam ser ampliados, pois a
realidade é a de que essas existem, na grande maioria, pelo abandono do
pai que, ante a fragilidade do relacionamento, mesmo perante as suspei-
tas da paternidade, omite-se a fim de eximir-se das responsabilidades,
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Conclusões
liar, seja qual for o seu arranjo, posto que os desajustes provenientes
desta desordem emocional geram consequências que afetam o ciclo
social.
Por fim, chamamos atenção para a ausência de pesquisas aca-
dêmicas que levem em conta a interdisciplinaridade necessária a essa
discussão, posto que essa problemática, analisada de modo unilateral,
ou exclusivamente no campo jurídico, invisibiliza o fato de que a pater-
nidade é construída dentro das relações sociais e ao longo da história,
sendo afetada por mudanças culturais e comportamentais e que somen-
te considerando esse aspecto mais complexo é que se pode estabelecer
uma discussão mais coerente com a realidade.
Referências
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