CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DOS CAMPOS GERAIS – CESCAGE

24ª Edição Volume I / Jul - Dez / 2020

ISSN 2178 – 3594

DESAFIOS DO ENSINO SUPERIOR: UM LEVANTAMENTO DA SAÚDE MENTAL

DOS ACADÊMICOS DA ÁREA DE SAÚDE

Ana Célia Vieira 1

Damaris Beraldi Godoy Leite 2
Jaine Leticia pabis 3
Larissa Mayara da Silva 4
Luciane Ienke 5
Nicoly Bach Stelzner 6

RESUMO: O conjunto de mudanças que ocorrem na graduação, principalmente os

de ordem emocional, podem desencadear distúrbios mentais que interferem no
desempenho do acadêmico e do futuro profissional. Sendo assim, o presente estudo
teve como objetivo identificar os principais condicionantes que favorecem o aparecimento de
problemas de saúde mental em acadêmicos de cursos da área da saúde de uma Instituição de
Ensino Superior. Trata-se de uma pesquisa exploratória de campo com abordagem
qualitativa. A pesquisa foi realizada em uma Instituição de Ensino Superior do
Município de Ponta Grossa-PR. A coleta de dados foi realizada tendo como
instrumento um questionário com 34 perguntas, que foi respondido por 106
acadêmicos dos cursos da área da saúde da instituição. Os resultados apresentaram
a relação das atividades acadêmicas com a degradação da saúde mental dos
estudantes. Dada a relação entre o adoecimento e fatores acadêmicos, sugere-se a
implantação e aplicação de setores de apoio psicológico aos universitários,
possibilitando a prevenção de transtornos mentais e a manutenção da qualidade de
vida.

PALAVRAS-CHAVE: SAÚDE MENTAL, ESTUDANTES DE CIÊNCIAS DA SAÚDE,

TRANSTORNOS MENTAIS.

CHALLENGES OF HIGHER EDUCATION: A SURVEY OF THE MENTAL HEALTH

OF HEALTHCARE ACADEMICS

ABSTRACT: The set of changes that occur in graduation, especially emotional ones,
can trigger mental disorders that interfere with the performance of the academic and
the professional future. Thus, the present study aimed to identify the main conditioning
factors that favor the appearance of mental health problems in academics of health
courses of a Higher Education Institution. It is an exploratory field research with a
qualitative approach. The research was carried out in a Higher Education Institution of
the Municipality of Ponta Grossa-PR. The data collection was carried out using a
questionnaire with 34 questions, which was answered by 106 academics from the
health courses of the institution. The results presented the relation of the academic
activities with the degradation of the students' mental health. Given the relationship
between illness and academic factors, it is suggested the implementation and
1
Graduanda do 4º Período de Enfermagem – CESCAGE – email: anaceliapg@hotmail.com.
2 ProfessoraOrientadora – CESCAGE – email: damagodoy@hotmail.com.
3 Bacharel em Enfermagem – CESCAGE – email: jaineleticia_pabis@hotmail.com.
4 Bacharel em Enfermagem – CESCAGE – email: larissamms@hotmail.com.
5 Graduanda do 4º Periodo de Enfermagem – CESCAGE – email: lucianeienke@hotmail.com.
6 Graduando do 4º Periodo de Enfermagem – CESCAGE – email: nicolybach@hotmail.com.
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application of sectors of psychological support to university students, enabling the

prevention of mental disorders and the maintenance of quality of life.

KEYWORDS: MENTAL HEALTH, HEALTH SCIENCE STUDENTS, MENTAL

DISORDERS.

1 INTRODUÇÃO sobre e para os mesmos, devendo-se

Os cursos de graduação fazem
parte de um ciclo vital de muitos
brasileiros, que ocorre comumente na
adolescência e/ou juventude. Esta fase
dentro de uma universidade é
relativamente longa, variando de 4 a 6
anos, onde é proporcionado a diversas
vivências individuais e coletivas que
necessitam de um feedback, onde
existam a responsabilidade e dos estudantes da área da saúde?”.
sociabilidade (ASSIS, 2009).
Os acadêmicos que,
especialmente, optaram por um curso
na área da saúde necessitam enfrentar
ainda mais conflitos internos sobre
diversas questões pertinentes a futura
profissão, desencadeados devido à
complexidade da área escolhida, ou
seja, o trabalho direto ao ser humano.
A formação acadêmica dos
graduandos de cursos de ciências da
saúde são caracterizados por um
processo de desenvolvimento, onde o
aluno deve aprender a lidar com
diversas situações, dentre elas
podemos citar: o sentimento de
vulnerabilidade; a necessidade de
armazenar um grande volume de
informações pertinentes a futura
profissão; o planejamento da carreira
profissional; o estresse acarretado por
determinadas características dos
estágios práticos (fadiga, pacientes
difíceis), além do desgaste ligado ao
contato com pessoas doentes e com a
morte (GARRO; CAMILLO;
NÓBREGA, 2006).
Portanto, devido a estas
condições as quais os estudantes estão
inseridos, torna-se importante o estudo
buscar entender esse momento, e
quais as consequências de cada
situação, levando em consideração as
particularidades do ser humano e a
complexidade do viver em sociedade e
da necessidade de tomada de decisões
que influenciaram em suas vidas.
Diante disso, surgiu o
questionamento “Qual a influência do
ambiente acadêmico na saúde mental
Na tentativa de responder essa
questão, esse estudo teve como
objetivo geral, identificar os principais
condicionantes que favorecem o
aparecimento de problemas de saúde
mental em acadêmicos de cursos da
área de saúde de uma Instituição de
Ensino Superior do Município de Ponta
Grossa – PR – Brasil.
E de maneira específica,
identificar os principais efeitos dos
possíveis danos à saúde mental, no
desempenho acadêmico e profissional;
avaliar as principais causas das
possíveis alterações na saúde mental
dos estudantes da área da saúde;
pontuar os principais sinais de alerta
para a detecção de alterações mentais
dos alunos dos cursos da área de
saúde.
2 MATERIAIS E MÉTODOS
Trata-se de uma pesquisa
qualitativa exploratória, que visa a
promoção da familiaridade com o
tema e favorece a construção de
hipóteses acerca da manutenção da
saúde mental dos estudantes dos
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cursos da área da saúde.
Para a coleta de dados
utilizou-se um questionário digital
disponibilizado por meio da
plataforma Google Docs. O protocolo
digital foi elaborado incialmente por
Goldberg (1972) e adaptado pelas
autoras desta pesquisa (2020), e foi
constituído pelas seguintes seções:
Registro de Termo de Concordância
(TCLE), no qual o participante
indicava se concordava ou não com
a participação, caso o mesmo não
quisesse participar da pesquisa a
mesma era automaticamente
finalizada. Nos casos em que os
participantes aceitavam participar da
pesquisa, o protocolo era
direcionado para próxima etapa; na
seção subsequente estava disposto
o Questionário Sociodemográfico,
utilizado para caracterização da
amostra; e a secção seguinte, foi
composta por questões relacionadas
a saúde mental dos estudantes e a
relação entre esta e o ambiente
acadêmico; totalizando um número
de 34 perguntas.
A amostra desta pesquisa foi
dada por conveniência, participando
então, 106 estudantes universitários
brasileiros, matriculados a partir do
primeiro período dos cursos de
graduação da área da saúde da
Instituição de Ensino Superior do
Município de Ponta Grossa-Paraná.
A participação na pesquisa foi
voluntária e respaldada pela garantia
de seu anonimato e acesso aos
resultados da pesquisa a todos os
interessados. A divulgação da
pesquisa ocorreu por meio de
recursos eletrônicos como e-mails e
redes sociais.
Os dados foram coletados
entre os meses de agosto e
setembro de 2019, após a
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submissão à avaliação do Comitê de
Ética em Pesquisa com Seres
Humanos (CEPSH), sendo aprovado
sob o número de parecer 3.506.261.
Ressalta-se que os procedimentos
utilizados neste estudo seguiram a
Resolução nº 510 de 2016, que
dispõe das regras sobre pesquisa
com Seres Humanos nas Ciências
Humanas e Sociais.
Os resultados obtidos, foram
analisados de acordo com os cursos
e o período em que o acadêmico
estava cursando. Após a análise os
dados foram contabilizados e
compilados para agrupamento em
tabelas e figura, em cores para
facilitar a identificação da
quantidade, e legenda com a
resposta da respectiva porcentagem.
Após cada tabela ou figura
apresentada, ocorreu a discussão
acerca do assunto de cada questão.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1 PERFIL DOS ACADÊMICOS
PARTICIPANTES
Para entender como se
caracteriza e como os estudantes dos
cursos de graduação em saúde
vivenciam este momento, os dados
foram tabelados, a fim de otimizar o
reconhecimento da amostra.
A pesquisa foi constituída por
106 participantes que foram
predominantemente mulheres (81%),
solteiros (85%), que frequentam o 6°
período de enfermagem (38%),
residem com os pais ou familiares
(60%) e são trabalhadores (35%). Os
demais dados, podem ser observados
de acordo com a Tabela 1.
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Tabela 1: Perfil dos 106 participantes da pesquisa.

Perfil dos acadêmicos dos cursos de graduação em Saúde N %
18-22 anos 69 64
22-26 anos 22 29
Faixa Etária
32-36 anos 11 3
37 anos ou mais 4 4
Feminino 87 81
Sexo
Masculino 21 19
Solteiro 92 85
Estado Civil Casado 13 13
Divorciado 1 2
Enfermagem 25 24
Fisioterapia 20 19
Odontologia 18 17
Curso em Graduação Fármacia 10 9
Nutrição 14 13
Psicologia 7 7
Radiologia 12 11
1 3 3
2 27 25
3 5 5
4 8 7
5 2 2
Período em curso
6 39 38
7 2 2
8 9 8
9 2 2
10 9 8
Com os pais/familiares 64 60
Coabitação Com colegas/amigos 10 9
Sozinho 22 21
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Perfil dos acadêmicos dos cursos de graduação em Saúde
Atividas no contraturno
Estágio remunerado
Outro cursos/atividades
Fonte: dados da pesquisa (2020)
Os dados da faixa etária,
mostram a heterogeneidade dos
participantes, sendo majoritariamente
uma amostra jovem (64% entre 18 e 22
anos), bem como pela participação
acentuada de mulheres (81%), que em
vários estudos, são apontadas como
público predominante nos cursos de
saúde.
De acordo com os dados desta
pesquisa, 60% dos participantes
residem com os pais ou familiares, o
que do ponto de vista do suporte
socioeconômico e emocional, é
extremamente importante para o
enfrentamento de crises e/ou conflitos
no ambiente estudantil.
Vieira e Schermann (2015),
fortalecem que o suporte familiar é o
principal instrumento motivador para
manutenção do equilíbrio emocional de
universitários, visto que a rotina
sobrecarregada dos dias da semana,
desencadeiam conflitos internos
progressivos e debilitantes, e que são
amenizados ou inibidos quando do
afeto familiar. Pensamento que vai de
encontro ao achado desta pesquisa,
onde 69% dos estudantes que são
oriundos de outros municípios, mas
residem na cidade, afirmam visitar suas
casas todos os finais de semana.
Outro dado essencial na análise
do estudo, se refere as atividades
desenvolvidas pelos estudantes no
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N %
Com parceiro 10 10
Trabalho 37 35
Apenas estuda 35 33
Estágio Voluntário 8 8
13 12
13 12
contra turno com a faculdade, e que
35% da amostra trabalha, quando não
está estudando. O que de fato, concilia-
se a fala de Costa e Moreira (2016),
quando ressaltam que a sobrecarga
social do estudante tem um grande
potencial de sucateamento físico e
cognitivo.
Já a outra parte da amostra
(20%), desenvolve a atividade de
estágios, sejam remunerados ou
voluntários, apontados por Venturini e
Goulart (2016) como possibilidades
vantajosas na decisão de seguimento
do curso de graduação ou não, e que a
maioria dos estudantes que os
praticam, melhoram a capacidade de
entendimento da profissão que tanto
desejam.
3.2 PERFIL DA SAÚDE MENTAL DOS
ACADÊMICOS DOS CURSOS DE
GRADUAÇÃO EM SAÚDE
O alto índice de eventos
decorrentes da degradação mental dos
longos anos de graduação em saúde,
tem sido potencializado pela ausência
do cuidado íntimo e individual do ser
humano, o que preocupa
cotidianamente a comunidade médica
psiquiátrica do país.
Uma pesquisa realizada pela
Vittude (2019), uma plataforma online
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voltada para a saúde mental, aponta suicídio.

que 86% dos brasileiros, sofrem com
algum transtorno mental, 37% possui
estresse severo, 59% desenvolveram
depressão grave e, 63% da população
apresenta transtorno de ansiedade leve
ou moderada. Segundo a Organização
Mundial da Saúde (OMS) (2019), o
Brasil é o país com maior número de
pessoas ansiosas, 9,3%.
Considerando estes dados
alarmantes, a população jovem
estudantil também reflete esta mesma
realidade, com altos números de casos
de distúrbios mentais que podem
acabar desencadeando tentativas de
Neste sentido, para uma melhor
visualização, este tópico foi subdividido
em etapas de compreensão da vida
acadêmica dos participantes.
3.2.1 Sensação de cansaço
Um aspecto bastante
evidenciado na análise do questionário
de saúde mental desta pesquisa, foi a
característica do declínio físico e
mental dos estudantes pelo cansaço,
de acordo com os dados apresentados
pela Tabela 2:

Tabela 2: Caracterização da sensação de cansaço e fadiga.

SENSAÇÃO DE CANSAÇO
Alternativa Dominante %
Sente-se fatigado Muito mais que de costume 42
Sente perda de interesse ou prazer
em suas atividades normais diárias Um pouco mais que de costume 81
Sente-se bem e com boa saúde Pior que de costume 43
Sente-se capaz de dar conta de
seus afazeres Pior que de costume 28
Sente-se satisfeito pela forma que
tem realizado suas atividades Menos satisfeito que de costume 42
Com menos energia que de
Sente-se disposto costume 47
Consegue manter-se em atividades Um pouco menos que de
e ocupado costume 41
Fonte: dados da pesquisa (2020)

De acordo com esse estudo, sala de aula devido à sobrecarga diária

89% dos estudantes sentem-se de atividades, e principalmente pela
exaustos e 81% acredita não possuir preocupação em manter tudo sempre
interesse ou prazer em suas atividades em equilíbrio, mesmo estando
diárias, o que pode desenvolver desmotivado para isso.
distúrbios de concentração dentro da Segundo Gomes, Silva e
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Aranzate (2018), o cansaço sofrido
pelos estudantes da graduação é
caracterizado pela sensação de
consumo total de energia, que é
frequentemente é parcialmente
solucionado pela intervenção externa
medicamentosa, para a reposição da
energia necessária para a realização
dos afazeres cotidianos. Os autores
ainda ressaltam que:
“Indivíduos fadigados,
desenvolvem sintomas como
insônia, redução do tempo de
sono e repouso, inexistência da
libido e socialização, perda de
interesse no trabalho ou curso,
perda de senso de humor, apatia
e, o surgimento de doenças
graves como infarto, diabetes,
depressão e até a morte precoce”
(GOMES; SILVA; ARANZATE,
p.142, 2018).
Neste sentido, estas
informações, do ponto de vista da
Figura 1: Desconfiança, Insegurança e Desequilíbrio Social.
Fonte: dados da pesquisa (2020)
A Figura 1, apresenta dados da
análise do perfil de saúde mental
quando promove a observação dos
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saúde, são muito preocupantes, pois
colaboram para a inexistência da
qualidade de vida dos jovens, e que os
faz extremamente dependentes de
serviços de saúde especializados,
como o de psiquiatria e psicologia, no
entanto, a procura nestes setores ainda
se mantém baixa principalmente pela
dificuldade de acesso desta população
aos serviços, e quando conseguem
acessá-los, não recebem a orientação
e o tratamento adequado.
3.2.2 Desconfiança, insegurança e
desequilíbrio social
Outro fator analisado nesta
pesquisa, são as situações de
desequilíbrio pessoal, constituído por
sentimento de desconfiança em si,
insegurança diante de desafios e
desequilíbrio de socialização, que
foram respondidos conforme a Figura
1.
participantes de um ponto de vista de
consciência humana, visto que os
acadêmicos responderam que se
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preocupam ou sofrem com sentimentos
de inabilidade (56%), incapacidade
(52%), baixa autoestima (48%) e
dificuldade de socialização (53%).
A incerteza quanto ao futuro, a
inexistência ou a ineficácia de políticas
públicas de inclusão, a violência social
que os exclui, através de uma cultura
do medo que os invade, os jovens da
atualidade sofrem com a insistência do
sistema em mantê-los como o futuro da
sociedade, tendo que obrigatoriamente
terminar o ensino médio, ingressar no
ensino superior em graduações, do
ponto de vista econômico, mais
lucrativas, formar-se e atuar somente
em sua área (CARLETO; MOURA;
SANTOS; PEDROSA, 2018).
Essas considerações são
objetivos claros do estado e dever do
estudante, que perdido, segue os
passos que nem sempre,
correspondem a sua expectativa real.
Koury (2011), apresenta em seu
estudo que os jovens são os que mais
sofrem com indústria do medo no país,
a maior parte dos óbitos nesta faixa
etária, são decorrentes de homicídios
por violência em rua, seguido pelo
desenvolvimento de transtornos devido
ao uso de drogas.
Cada vez mais, o jovem se
manifesta de acordo com preceitos
sociais, manipulados por uma
sociedade capitalista e
majoritariamente política, que
desenvolve a mecanização do
indivíduo e inibe talentos. Assim, essa
cultura do medo e da destruição de
possibilidades, o estudante vê-se
pressionado e atingido, desenvolvendo
distúrbios e buscando alternativas de
fuga, como o uso de entorpecentes.
3.2.3 Estresse psíquico
O estresse psíquico geral, pode
ser evidenciado neste estudo,
observando que 65% dos estudantes,
possuem sinais e sintomas de
distúrbios agravantes da saúde mental,
conforme apresentado na Tabela 3.

Tabela 3: Estresse Psíquico dos Acadêmicos Participantes.

ESTRESSE PSÍQUICO
Alternativa Dominante %
Tem ficado apavorado ou em pânico sem
Mais do que de costume 43
razões justificadas
Tem se sentido infeliz e deprimido Mais do que de costume 54
Tem se sentido nervoso e sempre tenso Mais do que de costume 65
Já fez acompanhamento
Não 61
psicológico/psiquiátrico
Tomou medicação para alívio dos sintomas de
ansiedade, aflição, angustia, tensão ou estresse Não 58
no último ano
Fonte: dados da pesquisa (2020)
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O desenvolvimento de estresse sucateamento da saúde mental dos

ou distúrbios psicológicos pode variar
de indivíduo para individuo, sendo os
jovens, pessoas mais vulneráveis a
implantação de transtornos devido a
fatores biológicos, como alterações
endócrinas e nervosas e, fatores
sociais, como contexto de inserção. Os
estudantes de graduação, possuem
mais mecanismos desencadeadores
de transtornos de estresse,
considerando os desafios e conflitos
vivenciados diariamente.
Outro dado observado na
pesquisa, é que 61% dos acadêmicos,
relata não ter realizado
acompanhamento para saúde mental e
58% não ter tomado medicação para
alívio de sintomas. Estes números
podem ser associados a fala de
Padovani (2014), quando ressalta que
a cultura de preconceito a busca por
atendimento especializado e a
ausência de acolhimento qualificado
em serviços de saúde, distanciam o
jovem em sofrimento.
A frequente falta de informação
dos estudantes e a ausência de
políticas institucionais e públicas
voltadas para a prevenção e tratamento
de situações de angústias mentais
juvenis, colaboram para o
acadêmicos os confere a má qualidade
de vida.
3.2.4 Declínio de desempenho e
graduação
A universidade é para muitos,
um ambiente sonhado, e conquistado
com muita dedicação que ainda exige
renuncias e escolhas. Nesse sentido, o
papel das instituições de ensino é
marcado por oportunidades e
obstáculos, o segundo ainda é
essencial para o crescimento
universitário, já que prepara o
estudante para futuras barreiras na
carreira profissional.
No entanto, pessoas possuem
maneiras de enfrentamento individuais
e únicas, e o que deveria ser motivo
para aprendizagem e prosseguimento,
acaba por se tornar frustrações
intensas, capazes de determinar o
fracasso universitário e pessoal
(VENTURINI; GOULART, 2016).
Assim, a relação entre o
estresse provocado pela graduação e o
declínio do desempenho pessoal e
estudantil, pode ser observado nos
dados apresentados pela Tabela 4.

Tabela 4: Declínio de Desempenho e Graduação.

DECLÍNIO DE DESEMPENHO E GRADUAÇÃO
Alternativa Dominante %
Sente-se estressado/sobrecarregado com as
Mais do que de costume
atividades do seu curso 67
Relaciona o acumulo de atividades, como
trabalho e faculdade com o declínio do Pode relacionar
desempenho acadêmico 76
Sente-se nervoso, ansioso ou com medo
Mais do que de costume
frente a alguma situação vivenciada durante a 57
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DECLÍNIO DE DESEMPENHO E GRADUAÇÃO
faculdade
Relaciona os sentimentos de ansiedade,
aflição, angústia, tensão e estresse com a
vivência acadêmica
Relaciona a ansiedade, angústia e estresse
com o declínio do desempenho acadêmico e
profissional
Relaciona a ansiedade, angústia e estresse
com o ínicio da vida acadêmica
Em quais momentos dos listados, observou
aumento da evidência dos sentimentos de
ansiedade, aflição, angústia, tensão e estresse
Fonte: dados da pesquisa (2020)
Pode-se observar, que 76% dos
acadêmicos, refere um declínio
acentuado de suas atividades
acadêmicas e profissionais no decorrer
da graduação e 81% relaciona
agravantes mentais ao início ou
duração deste mesmo período.
Um estudo realizado em
Montreal, com 18 estudantes de
Medicina destacou a procura pelo apoio
psicológico devido ao prejuízo
acadêmico e à ansiedade de não
conseguir conciliar as atividades
acadêmicas com as de lazer e exercício
físico apresentados como fatores
atenuantes para estresse (MOREIRA;
VASCONSELLOS; HEATH, 2015).
Castro (2017), salienta que os
fatores que possam desencadear
distúrbios nos estudantes do ensino
superior, devem ser precisamente
avaliados e divulgados a fim de
desenvolver atividades de prevenção
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Alternativa Dominante %
Pode relacionar
78
Pode relacionar
81
Pode relacionar
83
Provas
49
de surtos ou agravos a vida acadêmica,
e que isso seja desenvolvido dentro das
dependências das universidades,
ressaltando ambientes de escuta
qualificada, promovendo orientação,
acompanhamento, aconselhamento e
encaminhamento de indivíduos quando
da necessidade do mesmo.
Neste sentido, o objetivo das
instituições de ensino superior, não é
somente constituído do alcance de
altas pontuações e de tão pouco da
produção científica exacerbada, mas
da totalidade do sucesso acadêmico do
aluno, com absorção da demanda do
indivíduo em suas angustias e aflições,
mantendo diálogo contínuo com o setor
de psicopedagogia, ou contanto com
áreas de apoio ao estudante.
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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante destes dados
preocupantes apresentados nesta
pesquisa, a inserção do jovem
estudante no país precisa ser
repensada, esclarecida e ou
acompanhada, requisitos
recentemente apresentados em um
projeto nacional, a Cultura da Paz, que
fornece subsídios para a construção de
uma sociedade pautada na prescrição
e aplicação de valores esquecidos,
como acolhimento, cogestão,
ambiência, valorização da vida e
defesa dos direitos humanos, que
previnem a destruição da qualidade de
vida do brasileiro.
Torna-se evidente o desgaste
mental dos acadêmicos participantes,
não só graduandos dos cursos da área
de saúde, mas todos os outros que,
desenvolvidos no país, tem
cotidianamente, sobrecarregado os
seus estudantes, que além do
adoecimento próprio, colabora para o
aparecimento de consequências
profissionais graves como o cansaço
precoce, o desenvolvimento de
transtornos mentais e dificuldades de
enfrentamento racional.
Conhecer melhor e acompanhar
a população universitária permitirá a
formação qualificada do ensino
associada a qualidade de vida do
acadêmico, além de promover a
manutenção do equilíbrio cognitivo,
pessoal e profissional destes.
Todos os objetivos deste estudo
foram alcançados, tendo sido as
hipóteses iniciais confirmadas,
fornecendo dados suficientes para se
pensar a saúde mental de graduandos
e as variáveis acadêmicas e de carreira
que se relacionam com o adoecimento
e o sofrimento psicológico dos
estudantes, assim como pensar
possibilidades de intervenção em
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saúde neste contexto.
Sugere-se que, não só o local
onde esta pesquisa foi realizada, mas
todos os ambientes universitários,
disponibilizem setores de auxílio
psicológico ao estudante, com espaços
de diálogo sigiloso ou aberto, individual
coletivo, com profissionais
capacitados para escuta qualificada,
que de fato permitam o acolhimento
qualificado do indivíduo, para que estes
possam vivenciar o período de
graduação sem adoecer em
decorrência de fatores acadêmicos
associados, já que a realidade social
externa é pesarosa.
Portanto, pensar-se há num
mundo ideal, que a humanidade cresça
e encontre no outro o refúgio completo,
de um dia vazio.
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