| ARLÉ CI O F R A N CO CO STA J Ú NIOR
ESTUDO 08
O SÉTIMO MANDAMENTO
Êxodo 20:14. 1 Coríntios 10.13
Introdução
Não há como iniciar o estudo do
Sétimo Mandamento sem antes
lembrar do Primeiro:
“Não terás outros deuses dian-
te de mim”. Como já dissemos
nas lições anteriores, os primei-
ros Mandamentos se referem
à nossa relação com Deus e os
demais se referem à nossa rela-
ção com o próximo. Diante des-
te fato, a fidelidade da aliança,
proposta por Deus para conosco
(Israel de Deus) no Velho Testa-
mento, expressa categoricamen-
te a imperatividade da fidelidade
conjugal e a moralidade sexual.
Nas palavras de R. Alan Co-
len, “é claro (Mt 19: 4-6) que a
monogamia é o plano de Deus
para o homem na criação: e sem
sombra de dúvida, tal como o
divórcio, a poligamia e mesmo
a fornicação eram toleradas na
época mosaica devido à dureza
do coração humano (Mt 19:8)” .
1
Porém, em Cristo, elas se tor-
nam absolutamente impensá-
veis e abomináveis (1 Co 6:15).
__________________________
1
Êxodo, Introdução e Comentário. R. Alan
Cole. Edições Vida Nova.
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Não adulterarás
LEITURAS DIÁRIAS
Segunda Mt. 19: 1-12
Terça 1 Co. 6:12-20
Quarta Ef. 5:22-33
Quinta 1 Co. 7:10-16
Sexta Ml. 2:10-16
Sábado Rm. 8:1-17
Domingo 1 Co. 10:1-13
A palavra adultério, no texto
deste Mandamento, é literal-
mente traduzida por cometer
adultério 2 . Em outros contex-
tos bíblicos, é trasladada como
apostatar (desertar, abjurar).
Assim, nos parece mais correto
afirmar que este Mandamento
esteja ligado ao “furto” e à “co-
biça”, antecedendo a proibição
dos Mandamentos seguintes,
traduzindo-se na expressão ex-
plícita de renegar o matrimônio.
Diante do que foi exposto, veri-
ficamos que este mandamento
se relaciona tanto aos primeiros
quanto aos oitavo e nono.
O adultério é uma invasão da
vida doméstica, a destruição da
família, a dissolução do contra-
to fundamental da ordem social.
__________________________
2
Bíblia de Estudo. Palavras Chave. Almei-
da Revista e Corrigida. 4ª Edição. CPAD.

Por sua natureza social e moral,
este Mandamento vale uma boa
e produtiva discussão, não des-
prezando o tempo passado em
que ele foi escrito, mas, sobre-
tudo, trazendo a discussão que
nos parece ainda mais viva nos
dias atuais.
Aplicação a sua vida: Você
sabe definir o que é adultério?
A Bíblia define adultério como
relação sexual de uma pessoa
casada com outra, fora do ca-
samento. Como a televisão tem
tratado esse tema? Comente.
I. Efeitos do Adultério
Primeiro devemos lembrar que
a família é a base da criação do
ser humano, feito à imagem e
semelhança de Deus (Gn 1:26)
que, além de essencial, fundan-
te, intangível e inelutável, expri-
me, valorativamente, o ideário
moral e cultural da sociedade
proposta por Deus, qual seja:
uma família natural constitu-
ída pela união matrimonial do
homem e da mulher e, uma vez
assim constituída, passa a ser
instituição basilar e fundamen-
tal para a existência de nossa
sociedade (Gn. 2:24).
Na aliança do Velho Testamen-
to, ratificada pela nova aliança
em Cristo Jesus, o casamento
se apresenta como uma alian-
ça feita por Deus para o casal
– homem e mulher. O apóstolo
Paulo demonstra que tal aliança
é estabelecida em três pilares:
fé, comunhão e sexo (Ef. 5:31),
e é sagrada ao Senhor (Mt 19:6).
OS DEZ MANDAMENTOS |
Contrariar esses princípios é es-
tar em pecado.
A punição para os adúlteros,
segundo a lei mosaica, era a
de morte, quer para o homem,
quer para a mulher (Lv 20:10;
Dt 22:22; Jo 8:1-11). O homem
que atenta contra a esposa do
seu próximo, a mulher do seu
concerto, é pecador e não tem
respeito nem para com os ho-
mens nem para com Deus (Ml
2:14-16).
Muito embora nossa sociedade
não admita a pena capital, por
uma série de questões que não
valem a pena discutir, ao infiel,
no casamento permanece a hu-
milhação, a desonra e a vergo-
nha.
Não obstante, outras consequ-
ências se instauram no âmbi-
to familiar e pessoal das quais
destacamos do texto de Michele
3
Coronetti :
1 A culpa sentida pelo traidor
é enorme. Porém, a de quem
foi traído pode ser superior.
Ao saber do ocorrido, a pes-
soa traída busca lá no fun-
do do seu ser o que ela fez
ou deixou de fazer para que
seu companheiro escolhes-
se uma relação extraconju-
gal. E por mais que o cônju-
ge afirme que isso foi uma
fraqueza dele e que nada
tem a ver com o cônjuge
traído, isso nunca sairá de
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3
Traição – muito mais que adultério.
Michele Coronetti. Família.
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sua cabeça. A recuperação
emocional poderá demorar
anos ou nunca se resolver.
2 O tempo do relacionamento
será visto como algo per-
dido e o desespero poderá
se instalar. Não importa se
foram um ou vinte anos de
convivência, a sensação de
investimento errado será
forte e importunará a am-
bos. Quando há filhos, a
preocupação com o futuro
será maior ainda. E mesmo
que o casal resolva e deseje
permanecer juntos, o senti-
mento de retrocesso persis-
tirá.
3 Já que os filhos foram cita-
dos, o relacionamento pais
e filhos nunca mais será o
mesmo. Apesar dos filhos
sempre desejarem que seus
pais fiquem juntos, eles se
preocuparão com o fato de
ter alguém na família que
foi um traidor. Mentalmen-
te sentirão que tem alguma
culpa na história e culparão
o desleal por essa infelici-
dade. Fora a vergonha que
sentem por ter um dos pais
que traiu a família. Muitos
filhos os desprezam física
e verbalmente, mesmo es-
tando longe. O desequilíbrio
familiar será muito difícil de
ser modificado.
Embora a pena de morte tenha
sido abolida para o pecado do
adultério, o apóstolo Paulo, em
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sua Carta aos Romanos, deixa
muito claro que a consequência
de qualquer pecado não arre-
pendido é se tornar inimigo de
Deus; e a morte espiritual eter-
na lhe é aguardada (Rm 8:7 e
8:13).
Aplicação a sua vida: Vale a
pena quebrar uma aliança fei-
ta? Quantos casais você conhe-
ce que permaneceram com o
relacionamento “normal” depois
de passar pelo adultério?
II. Escapando do adultério
Deus, em sua infinita misericór-
dia, nos proporciona uma série
de ensinamentos ao longo de
Sua Palavra que nos convidam
a preservar a santidade, a alian-
ça, a fidelidade no casamento,
seja de forma direta ou indireta,
das quais desacatamos:
1. Andando segundo o Espíri-
to e não segundo a carne. Vi-
ver “segundo a carne” (“carne”,
aqui, é o elemento pecaminoso
da natureza humana) é desejar
e satisfazer os desejos corrompi-
dos da natureza humana peca-
minosa; ter prazer e ocupar-se
com eles. O apóstolo Paulo nos
convida a andar em Espírito,
esta é a nossa primeira trinchei-
ra contra o pecado (Rm 8:4).
2. Com o pecado não se brinca.
Lembram de Sansão? Um ho-
mem que brincou de flertar com
o pecado (Jz 16 1:31; Pv 10:10).

Jesus disse aos seus discípulos
que a carne é fraca (Mt 26:41).
Paquerar com a tentação é o pri-
meiro passo para a queda.
3. Tenha boas amizades. Mui-
tas vezes, o que precisamos
para não pecar é apenas de um
bom conselho, um bom diálogo,
vindo de um amigo que deseja
o melhor. E que com sabedoria
dirá as palavras certas (Pv 27:9).
O aprendizado é social, é uma
troca entre as pessoas. Se al-
guém está cercado de amizades
ruins, as chances dessa pes-
soa se envolver em problemas e
aprender coisas ruins são muito
maiores (Pv 13:20).
4. Fique atento à voz de Deus.
Ele conhece nossas fraquezas e
como somos inclinados ao peca-
do. O convite que nos faz sem-
pre é perseverar. No entanto, a
Bíblia nos ensina que, em todo
tempo, Ele nos proporciona o li-
vramento (Sl 32:7; 1 Co 10:13).
5. Se olhar, não cobice. Além
destes itens acima descritos,
é imperioso reiterar que Jesus
disse claramente que o adultério
não é só a consumação do ato,
mas o simples fato de olhar com
intenção de adulterar (furtar,
cobiçar) com outra mulher (ou
homem) é adultério (Mt 5:27-
28).
6. Não se afaste. Desde o início
da criação do primeiro casal, no
Éden, Deus deixa claro que um
é companheiro (ajudador) do
OS DEZ MANDAMENTOS |
outro, o que significa dizer que
devem andar sempre juntos. Tal
afirmativa está contida na frase
“apegar-se-á à sua mulher” e em
todo contexto bíblico. Mais uma
vez, o apóstolo Paulo recomenda
que os dois não se apartem e, se
o fizerem, seja por motivo espe-
cífico (1 Co 7:10-11).
Aplicação a sua vida: Os itens
acima relacionados foram cole-
tados da Bíblia de forma ilus-
trativa.
A - Para os casais: Quantos
itens você cumpre? Você seria
capaz de identificar outras for-
mas de escapar do adultério?
B - Se você é solteiro, já pensou
na responsabilidade de manter
uma vida sexual pura, dentro
dos propósitos de Deus? Para
você que é solteiro, quantos
desses itens acima lhe dizem
respeito?
III. Caí, e agora?
Algumas pessoas se iludem,
pensando que serão mais felizes
e realizadas vivendo em adulté-
rio. As consequências são des-
truidoras. Não importa quão
difícil seja a situação no casa-
mento, o adultério nunca será
a solução. Além de ser traumá-
tico, é reprovado por Deus. Se
você vive uma tempestade no
matrimônio, talvez seja opor-
tuno considerar que esta pode
ser uma oportunidade de anali-
sar as atitudes pessoais que não
foram corretas e que novas dis-
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posições podem ser adotadas.
Uma das consequências possí-
veis do adultério é o divórcio.
Muitos que optam pelo divór-
cio, nem sempre o fazem de
modo responsável, pois, talvez,
não darão chance para uma
nova oportunidade, poderão
acumular mágoas que se torna-
rão em ressentimentos (ressen-
tir significa sentir novamente),
perderão a perspectiva e a espe-
rança, sem nunca terem busca-
do ajuda, orientação profissio-
nal e aconselhamento bíblico.
Quando as ondas bravias do
mar assolam contra a embar-
cação do casamento, revela-se
que tipo de amor se desenvol-
veu; se foi amor do tipo paixão,
não há raiz e nem profundidade;
se é amor do tipo “apesar de”,
“incondicional”, há estrutura
que suporta os revezes da vida.
Se o tipo de amor revelado nas
tempestades for “paixão”, não
há estrutura para suportar as
ondas do mar, mas em Deus
pode ser encontrada a fonte do
verdadeiro amor; Ele é a única
rocha sobre a qual é possível
edificar a vida, o casamento, o
lar e a família com segurança. A
paixão é forte, mas passageira.
É egoísta e inconstante, entre-
tanto, o amor é fiel, constante e
eterno. A paixão é humana, mas
o amor, divino.
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O apóstolo Paulo descreve o que
o amor é em ação(1 Co 13) e o
apóstolo João sintetiza o amor
de Deus em um ato: “Porque
Deus amou o mundo de tal ma-
neira que deu o seu Filho unigê-
nito, para que todo o que nEle
crê não pereça, mas tenha a
vida eterna.” (Jo 3:16). É esse
o tipo de amor que se deve ter
para com o cônjuge (Ef 5:25) e
que, por vezes, não temos natu-
ralmente para oferecer. Então,
antes de pensar em divórcio,
é hora de se voltar totalmente
para Deus e receber o Seu divi-
no amor, pois, somente através
dessa perspectiva, pode haver
solução, restauração e felicida-
de. Através da comunhão, con-
sagração pessoal, estudo diário
da Bíblia e oração, milagres po-
dem ocorrer, a começar na pró-
pria vida.
Lições para a vida: Este tópico
busca oferecer respostas para
eventuais problemas futuros.
A - para solteiros: Que tipo de
relacionamento você almeja
para o seu casamento?
B - para casados: A reconcilia-
ção envolve o reconhecimento
do erro, o arrependimento, a
santificação, a regeneração e a
restauração da confiança. Você
está disposto a investir em seu
casamento e anular os males
do pecado na sua vida, na de
sua (eu) cônjuge e restaurar a
vida de seus filhos?

Conclusão
Longe de anular este manda-
mento, Cristo o intensificou in-
cluindo como “adultério” muito
do que não é apenas tolerado,
mas justificado por nossa so-
ciedade permissiva (Mt 5:28).
Da mesma forma, Ele incluiu
os pensamentos maldosos na
proibição: os Mandamentos têm
como alvo o pensamento e a
motivação, não apenas o ato.
Precisamos persistir em guar-
dar o que Deus tem ensinado
para nós: “Não vos sobreveio
tentação que não fosse comum
OS DEZ MANDAMENTOS |
aos seres humanos. Mas Deus
é fiel e não permitirá que sejais
tentados além do que podeis
resistir. Pelo contrário, junta-
mente com a tentação, proverá
um livramento, para que a pos-
sais suportar…” (1 Co 12:13).
Assim como Paulo, Jesus nos
diz que o relacionamento sexu-
al é uma agência divinamente
designada para tornar forte e
permanente a união de duas
vidas. É o meio que o Céu usa
para cimentar dois corações, e
eles não poderão depois disso
ser separados, sem grave dano
a ambos.
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