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Pereira, Gil
Vicente
Contextualização
Vida e obra de Gil Vicente
• não são precisas as informações sobre a data e o
local de nascimento e morte, apenas se sabe que
foi protegido pela rainha D. Leonor e escreveu
textos dramáticos, que fez representar na corte de
D. Manuel e de D. João III.
Os seus estudiosos inserem a sua vida entre finais do
seculo XV e inícios do século XVI.
• Encenou a primeira peça em 1502(Auto da
Visitação ou Monólogo do Vaqueiro), obra
dedicada a homenagear o nascimento do príncipe
D. João, futuro D. João III.
• Foi colaborador do Cancioneiro Geral de Garcia de
Resende(coletânea de poesia)
• O filho, Luís Vicente, reuniu todas as obras do pai e
publicou-as na Compilação de todalas obras de Gil
Vicente, em 1562.
As categorias das suas obras e a sua escrita
• Moralidade: peças curtas em que as abstrações
(vícios e virtudes) são concretizadas em
personagens; tais textos surtem efeitos religiosos
de denúncia de costumes para a correção(”ridendo
castigat mores”- a rir se castigam os costumes)-
Auto da Barca do Inferno, publicado em 1517, é a
sua mais conhecida moralidade.
• Farsas: género muito conhecido e apreciado
pelo povo porque, sendo cómico, satiriza
aspetos da vida pessoal quotidiana das
várias classes sociais, este tipo de texto
dramático possui um número reduzido de
personagens- Farsa de Inês pereira
Tópicos de análise
Natureza e estrutura
• O género de farsa e a especificada da Farsa
de Inês Pereira
Esta farsa retrata a vida quotidiana de uma jovem
moça, em idade de casar, que é arrogante e
pretende um marido culto e nobre. Depois de
defraudada nas suas expectativas para com o
Escudeiro, o seu primeiro marido, fica viúva,
voltando a casar, desta vez com Pero Marques. Deste
quotidiano fazem igualmente parte a Mãe, a amiga
alcoviteira Lianor, entre outros.
Inês- Pero Marques: recusado no início por ser inculto e lavrador, Inês
após a morte do Escudeiro irá aceitar Pero como seu marido.
Este vai ser enganado e posto ao serviço dos prazeres de Inês
Resumo
• A obra começa com Inês a cantar e a reclamar por
estar a bordar, tarefa que a mãe a incumbiu de
fazer em casa, e mostra o seu descontentamento
pelo facto de ser solteira e estar fechada em casa.
• Entretanto, a mãe regressa a casa e consigo traz
Lianor Vaz
• Lianor Vaz diz que traz um pretendente a Inês, Pero
Marques, uma vez que está na hora de ela casar
• Inês mostra-se muito arrogante e exigente, dizendo
“ não hei de casar/senem com homem avisado”(...).
“ Primeiro eu hei de saber/ se é sabido”
• Sob forma de carta, Pero Marques anuncia as suas
intenções de casar com ela, antes que outro o faça
• Inês aceita conhecê-lo e ele vem a sua casa
• Pero descreve a sua condição favorável ao
casamento: é herdeiro morgado, tendo, por isso,
casa, terrenos e gado
• A mãe e Lianor consideram-no um futuro bom
marido
• Contudo, Inês recusa oficialmente o pedido de
casamento
• Inês informa a mãe que, falou com uns Judeus
casamenteiros que lhe farão uma visita
• Quando chegam os dois judeus, Latão e Vidal,
propõe como pretendente um Escudeiro.
• Quando Inês conhece o Escudeiro, este apresenta-
se como sendo um homem rico e futuro bom
marido, embora fosse completamente o oposto
• Contudo, a mãe ficou desconfiada e aconselha Inês a
não casar com ele
• Entretanto ocorre o casamento, mas depois deste o
Escudeiro, mostra a sua verdadeira maldade e tirania
• Quando este vai para a guerra, pede ao seu Moço
para manter Inês trancada em casa, e com isto, Inês
percebe que cometeu um erro.
• Na guerra, o Escudeiro morre e Inês volta a ser livre
• Lianor visita Inês e esta aconselha-a a casar com
Pero Marques
• Inês e Pero casam e Inês pede-lhe para sair, ao que
este responde, que ela pode sair quando quiser e
com quem quiser
• Nesse momento, passa um Ermitão a pedir esmola
em castelhano, que Inês reconhece, pois este
cortejou-a anos antes e apaixonou-se por ela. Estes
marcam um encontro na ermida onde ele vivia.
• Inês pede a Pero que vá com ela visitar o Ermitão
• Durante o caminho, em que Pero levou Inês às
costas e atravessou uma ribeira, Inês vê umas
“talhas” e pede a Pero que as carregue, uma de
cada lado, enquanto ela canta e ele só tem de
responder “ assi se fazem as cousas”: ”Marido cuco
me levades/ e mais duas lousas” e segue-se a
resposta de Pero: “ Pois assi se fazem as cousas”.
Inês vai às costas de um marido feliz para ir ter
com o seu amante Ermitão, cumprindo-se assim o
ditado popular “ mata o cavalo de sela/e bom é o
asno que me leva”, que em português corrente se
traduz em “ mais vale um asno que me carregue
que um cavalo que me derrube”
“ Mais vale um asno que me carregue que
um cavalo que me derrube”
Que cumpra as
suas vontades
Marido
violento
(Escudeiro)
Marido
ingénuo (Pero
Marques)