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777-791, 2018
https://doi.org/10.1590/0104-530X1877-18
Resumo: A gestão de suprimentos é reconhecida como uma área que tem impacto significativo no sucesso da
empresa, pois operações de suprimentos bem gerenciadas podem contribuir significativamente para a geração de
lucros. Este trabalho tem como objetivo analisar a gestão de suprimentos de uma empresa que fabrica equipamentos
médico-odontológicos e propor, com base na literatura, possíveis melhorias em suas políticas e práticas de gestão.
Para atingir esse objetivo, realizou-se um estudo de caso em uma grande empresa do setor, utilizando entrevistas,
análise de documentos e observação direta para coleta de dados. A comparação das práticas da empresa com a
literatura de gestão de suprimentos considerada neste trabalho permitiu a proposição de uma nova maneira de
segmentar os fornecedores da empresa que pode orientar a formulação de políticas e práticas específicas e adequadas
a cada segmento.
Palavras-chave: Gestão de suprimentos; Indústria de equipamentos médico-odontológicos; Propostas de melhoria.
1 Introdução
A área de gestão de suprimentos e de compras de custos, melhoria de qualidade e maior agilidade
tem sido reconhecida, já há algum tempo, como um nas entregas, podem trazer benefícios significativos
recurso competitivo importante, pois materiais diretos para as empresas. Segundo Slack et al. (2002), tais
e serviços representam cerca de 60% dos custos benefícios incluem a aquisição de produtos e de serviços
totais em uma empresa de manufatura (Baily et al., na qualidade certa, a entrega no momento certo, na
2000; Krause et al., 2001). Por esse motivo, a função quantidade e no preço corretos. Hartmann et al. (2012),
compras vem exercendo papel central na estratégia de em uma pesquisa survey envolvendo 306 empresas de
operações da empresa (Krause et al., 2001; Prahinski oito setores industriais, indicam que a implementação
& Benton, 2004; Yang et al., 2013; Rebolledo & de práticas avançadas na área denominada Compras
Jobin, 2013), contribuindo para a redução de custos e Gestão de Suprimentos (CGS) contribuiu para a
operacionais e de transação e para o aumento das melhoria de resultados da própria área e, indiretamente,
margens de lucro finais. para o sucesso das empresas.
Pode-se admitir, então, que práticas eficazes e eficientes De acordo com Spina et al. (2013), há poucas
na gestão de suprimentos, que impliquem redução dúvidas em relação ao aumento da relevância da área
1
Universidade Federal de São Carlos – UFSCar, Rodovia Washington Luís, Km 235, CEP 13565-905, São Carlos, SP, Brasil,
e-mail: serpira@hotmail.com; edn@dep.ufscar.br; alceu@power.ufscar.br
Recebido em Dez. 06, 2017 - Aceito em Maio 18, 2018
Suporte financeiro: Nenhum.
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Uma vez que as funções CGS e produção devem ser a) A complexidade da informação e da transferência
consistentes e devem apoiar a estratégia competitiva de conhecimento para manter uma transação
da empresa, a área de suprimentos deve também estar específica, particularmente com respeito a
orientada pelas prioridades competitivas estabelecidas. especificações de produto e de processo;
Krause et al. (2001) propõem uma forma de avaliar
as prioridades competitivas para a área de compras. b) A extensão em que essa informação e esse
A proposição é fundamentada na relevância estratégica conhecimento podem ser codificados e
da função compras e na importância das tarefas de posteriormente transmitidos eficientemente,
seleção e retenção de fornecedores. A operacionalização sem investimentos específicos de transação
dessa avaliação, segundo os autores, pode ser realizada
entre as partes envolvidas; e
pela mensuração das prioridades qualidade, entrega,
custos e inovação da seguinte forma: c) As capacidades dos atuais e potenciais
fornecedores em relação aos requisitos para
• Q
ualidade - é mensurada em termos da
realizar a transação.
capacidade dos fornecedores em fornecer
insumos com confiabilidade, duráveis e que Ainda segundo Gereffi et al. (2005), os três fatores
estão em conformidade com especificações da combinados, cada um classificado apenas como alto
empresa compradora; ou baixo, definem os cinco tipos de estrutura de
governança apresentados na Tabela 1. Três dentre
• E
ntrega - pode ser medida a partir das seguintes as possíveis combinações foram descartadas pelos
dimensões: capacidade do fornecedor em atender autores por serem praticamente inviáveis.
a uma ordem (pedido), rapidez do fornecedor nas Na governança de “mercado”, as transações são
entregas, tempo necessário para desenvolver uma facilmente codificadas, as especificações do produto são
peça nova, capacidade de atuar em um sistema simples e os fornecedores têm capacidade de produzir
JIT (Just in Time), capacidade de entregar nas os produtos, sem a participação dos compradores,
datas e locais previstos; e de estabelecer especificações e preços. “Como a
complexidade da informação trocada é relativamente
• C
usto - avalia-se com base no custo total, baixa, as transações podem ser governadas com
na habilidade e disposição do fornecedor em pouca coordenação explícita […]” (Gereffi et al.,
compartilhar dados de custo; 2005, p. 86).
O tipo “modular” pode ocorrer quando a capacidade
• F
lexibilidade - pode ser medida a partir da de codificar especificações se estende a produtos
capacidade e da disposição do fornecedor de complexos. Isso pode acontecer quando a arquitetura
realizar modificações no volume e na variedade do produto é modular e são poucas as variações dos
dos itens constantes nos pedidos; componentes.
• I novação - avalia o nível de capacidade tecnológica Devido à codificação, informações complexas podem
do fornecedor, sua disposição em compartilhar ser trocadas com pouca coordenação explícita, e
assim, como na troca de mercado simples, o custo
informações tecnológicas, sua capacidade de de mudar para novos parceiros permanece baixo
desenvolver novos produtos e, também, de (Gereffi et al., 2005, p. 86).
promover modificações nos existentes.
Quando as especificações do produto não podem
Mensuradas as prioridades ou os objetivos, com ser codificadas, as transações são complexas e as
base em valores de melhoria estabelecidos e prazos capacidades dos fornecedores são altas, a governança
definidos, se a equipe de CGS conseguir alcançá-los, do tipo “relacional” é a mais apropriada. A troca de
a relevância da área para o negócio como um todo informações complexas e tácitas tende a ocorrer
ficará evidenciada. por meio de interações pessoais entre compradores
Além de orientar suas atividades para o atingimento e fornecedores e a ser regida por elevados níveis de
de objetivos estratégicos, a escolha adequada de coordenação explícita, o que faz com que o custo de
estruturas de governança na relação com fornecedores mudança para novos parceiros seja alto.
é de suma importância para o desempenho da área Já, na situação em que a capacidade de codificar
de suprimentos. e a complexidade das especificações dos produtos
são altas, mas as capacidades dos fornecedores são
2.2 Estruturas de governança na gestão de baixas, a governança da cadeia de valor tenderá para
o tipo “cativa”. Isto porque a baixa capacidade dos
suprimentos
fornecedores exige frequentes intervenções e alto
Segundo Gereffi et al. (2005), uma teoria de nível de controle por parte da empresa compradora.
governança da cadeia de valor pode ser construída Finalmente, o tipo de governança “hierarquia”
com base em três fatores: ocorre quando as especificações dos produtos não
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podem ser codificadas, os produtos são complexos Segundo Lambert (2008), a partir da identificação
e fornecedores competentes não são encontrados. dos fornecedores-chave para o negócio, empresas
Esta situação induz as empresas a desenvolverem e e fornecedores podem trabalhar em iniciativas de
a fabricarem produtos internamente. aumento da receita e de redução dos custos que
Segundo Ashenbaum et al. (2009), as pesquisas permitam melhorar o desempenho financeiro de
sobre as relações entre compradores e fornecedores, ambas as empresas.
na maioria das vezes, focalizam a confiança e o
compromisso com o relacionamento. Os autores
2.4 Estratégias, políticas e planos da gestão
acrescentam que os modelos de pesquisa nessa área
poderiam ser aperfeiçoados pela consideração da de suprimentos
complexidade da transação ou de percepções sobre Em um processo de planejamento e estruturação
as capacidades dos fornecedores como variáveis para a área de CGS, é ainda necessário abordar
moderadoras ou contextuais. O que foi parcialmente algumas decisões estratégicas. Para Martins (1999),
contemplado pela proposição de Gereffi et al. (2005). o termo estratégia se refere a um padrão de decisões
Ao considerarem a estrutura de governança da tomadas pela empresa incluindo:
cadeia de valor, os gerentes têm uma maneira inicial
de avaliação da rede de suprimentos da empresa e, se • a determinação e revelação dos objetivos e das
desejarem, de especificar a configuração – de tipos metas;
de governança e de relações com fornecedores – a
ser adotada. Em diferentes setores e em diferentes • a s principais políticas e planos para atingir as
momentos, esse conhecimento pode ser útil para a metas;
tomada de decisões sobre a estrutura de fornecimento.
• a definição do raio de ação dos negócios que a
2.3 Segmentação de fornecedores companhia pretende alcançar; e
conjunto com engenharia e racionalização da base 2.4.3 Fonte única ou fontes múltiplas
de fornecedores. Estes conjuntos são apresentados
a seguir. Segundo Quayle (2001), a decisão de fonte única
ou múltipla depende da análise de vários fatores
como economia, geografia, política organizacional,
2.4.1 Integração vertical cultura, qualidade e confiança, proteção da fonte de
Ocorre uma integração vertical quando uma fornecimento, competição por preços e inércia do
empresa decide produzir um produto, processo ou comprador.
serviço internamente, deixando de comprá-lo de um Quayle (2001) desenvolve um modelo para tomada
fornecedor externo (Balakrishnan & Cheng, 2005). de decisão sobre fonte única ou fontes múltiplas de
Para Slack et al. (2002), o principal critério utilizado abastecimento, no qual reúne, em três grupos, oito
para a decisão de fazer ou comprar é financeiro. Se variáveis identificadas na literatura que podem afetar
uma empresa pode produzir com custos menores a decisão sobre a forma de fornecimento. No primeiro
e qualidade melhor do que obteria no mercado, é grupo, denominado “contingências”, reúnem-se as
provável que assim o faça. variáveis: indivíduos, produtos, organização e mercados.
Martins & Alt (2001) citam algumas vantagens da No segundo grupo, estão os “critérios”: econômico,
desverticalização como focalização do seu negócio poder, risco e social. No terceiro, denominado “forma
principal, redução dos custos de investimento em de abastecimento”, tem-se: fonte única ou múltipla.
instalações industriais e flexibilidade na alteração Dessa maneira, as contingências influenciam os
de volume de produção. As possíveis desvantagens critérios que, por sua vez, influenciam as formas de
da desverticalização seriam a perda do controle abastecimento. A Figura 1 ilustra o modelo proposto.
tecnológico, maior exposição às mudanças do
mercado e maior interdependência entre as empresas 2.4.4 Fonte local ou fonte internacional
da cadeia produtiva.
Gerbl et al. (2016) acrescentam que a decisão De acordo com Slack et al. (2009), uma das
sobre desverticalização envolve outros fatores, além principais alterações relativas à cadeia de suprimentos
dos custos de mão de obra e de infraestrutura, como dos últimos anos tem sido a expansão da proporção de
a força competitiva da organização no processo em produtos e (ocasionalmente) de serviços comprados
foco, o potencial de transações associadas a cada fora do país. Segundo esses autores, existem várias
opção de localização da unidade a ser terceirizada e a razões para isso:
própria experiência da organização com terceirização.
• A
formação de blocos de comércio em diferentes
partes do mundo, que tem tido o efeito de baixar
2.4.2 Planos de negociação
as barreiras tarifárias, ao menos dentro desses
Segundo Lewicki et al. (2000), a situação de blocos;
negociação surge quando ocorre uma disputa, um
desacordo ou um conflito entre dois grupos, nesse • A
s infraestruturas de transporte, que são
caso, entre empresas da cadeia de abastecimento. consideravelmente mais sofisticadas e baratas
Com base na literatura de negociação, duas abordagens do que antes; e
distintas podem ser utilizadas em negociações: as
estratégias distributiva e integrativa. • A
concorrência mundial acirrada, que forçou
Estratégia de negociação distributiva é usada por as empresas a reduzirem seus custos totais.
negociadores que acreditam que eles e suas contrapartes
têm interesses fundamentalmente opostos. Como Entretanto, ainda segundo Slack et al. (2009),
resultado, as negociações essencialmente podem existem problemas com as compras globais e, portanto,
ser descritas como situações ganha-perde, em que os riscos de aumentar a complexidade e a distância
se deve tentar argumentar de forma intensa, a fim de precisam ser administrados cuidadosamente.
convencer a outra parte, por exemplo, de que deve
reduzir preços ou aceitar determinadas condições
(Lewicki et al., 2000).
Estratégia de negociação integrativa procura
conciliar os interesses divergentes das partes e fornecer,
para ambas, benefícios conjuntos como resultado da
negociação específica. Como tal, a abordagem valoriza
relações “ganha-ganha”. A abordagem integrativa
tem sido adotada em parcerias estratégicas, embora
evidências empíricas sejam ainda praticamente Figura 1. Estrutura analítica sobre a decisão de fonte única
inexistentes (Lewicki et al., 2000). ou fontes múltiplas. Fonte: Adaptada de Quayle (2001).
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Segundo Fredriksson & Jonsson (2009), comprar Arthur D. Little (2008), conforme Figura 2, apresenta
produtos da China e de outros países de baixo custo uma metodologia para otimização de especificações
é comum entre empresas nos dias atuais. Benefícios chamada “Design to Customer Value” ou “Projeto
desejados desse movimento incluem maior eficácia, de Valor para o Cliente” que incorpora as estratégias
maior flexibilidade, investimentos reduzidos e acesso descritas acima e abrange uma série de atividades,
ao mercado e a custos menores. por exemplo, análise das necessidades do mercado
e dos clientes, análise de custo e análise técnica do
produto e do desenvolvimento de novos conceitos
2.4.5 Alterações de especificações dos de produtos.
produtos
Segundo Arthur D. Little (2008), melhorias de 2.4.6 Racionalização da base de
custo e de qualidade no sistema de produção podem fornecedores
ser alcançadas por meio de focalização contínua dos Para Yang et al. (2013), determinar o número
principais problemas identificados relacionados a clientes, adequado de fornecedores é a principal decisão para
projeto, produção e suprimentos. Essa abordagem a racionalização da base de fornecimento. Tal decisão
pode resultar em melhorias, em média, de 16% no pode reforçar a seleção eficaz dos fornecedores,
desempenho do produto e de 10% em complexidade a consolidação de volume e a junção de partes
(quociente entre quantidade e variedade de partes). (modularização), que, por sua vez, contribuem para
Ainda segundo Arthur D. Little (2008), custos a redução de custos e para a melhoria da qualidade.
Ainda segundo Yang et al. (2013), softwares de
excessivos de produtos tipicamente resultam de
aquisição comercial (e-procurement) podem ser
uma falha em considerar as implicações do design
utilizados como ferramenta para a racionalização da
do produto para fabricação, montagem e serviço de base de fornecedores, pois permitem a realização de
pós-venda. Essas falhas incluem: compras eletrônicas que incluem maior quantidade
e qualidade de informações, reduzindo assim a
• F
uncionalidades excessivas para produtos e incerteza nas atividades de suprimentos, bem como
variantes que clientes não estão dispostos a um processamento mais rápido em atividades de
pagar (produtos com engenharia excessiva); aquisição.
Em síntese, foram abordados nesta seção alguns dos
• E
specificações inválidas remanescentes de principais temas relacionados à gestão de suprimentos
produtos anteriores ou não relevantes; como: papéis e atividades, estrutura de governança,
segmentação de fornecedores e as estratégias, políticas
• E
ngenharia de produto que falha em considerar e planos de trabalho para a função.
questões de fabricação e montagem; e O estudo de tais temas, considerados importantes
na literatura, possibilitou o levantamento de algumas
• F
alta de padronização de peças compradas, variáveis para uma análise estruturada da gestão de
levando a altos custos de aquisição. suprimentos de uma empresa e, consequentemente, a
Figura 2. Principais atividades estruturadas ao longo do tempo. Fonte: Adaptado de Arthur D. Little (2008).
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proposição de melhorias quando possível. Os temas responsáveis pelas decisões que ocorrem na área de
e variáveis mencionados na revisão de literatura suprimentos.
aqui realizada estão apresentados esquematicamente A coleta de dados foi realizada a partir da utilização
na Tabela 2 e orientaram a pesquisa de campo que de três fontes de evidência: entrevistas, análise de
será relatada na seção 4. A próxima seção aborda os documentos e observação direta. As entrevistas,
aspectos metodológicos considerados na pesquisa de principal fonte de coleta de dados, foram realizadas a
campo: um estudo de caso em uma empresa do setor partir da aplicação de um roteiro contendo “perguntas
de equipamentos médico-odontológicos. abertas”. A análise de documentos foi feita por meio
de consultas a relatórios gerenciais e ao sistema de
3 Método de pesquisa informação da empresa. Por fim, a observação direta
foi realizada por meio de visitas à fábrica, podendo-se
No presente trabalho, desenvolveu-se uma pesquisa
verificar a introdução de novas máquinas adquiridas
exploratória, pois o objetivo era analisar de maneira
para a internalização de processos de fabricação, os
ampla a gestão de suprimentos de uma montadora
casos mais recentes de projetos de redução de custo
de equipamentos médico-odontológicos, visando
por meio do desenvolvimento de novas fontes de
propor aperfeiçoamento nas práticas utilizadas e, com
fornecimento, de alteração de itens com apoio da
isso, propiciar uma melhoria do desempenho dessa
engenharia e da aquisição de itens no mercado externo.
importante função na empresa estudada.
Dessa forma, pôde-se ter uma compreensão da
Para isso, foi utilizada uma abordagem qualitativa,
gestão de suprimentos da montadora estudada e então
uma vez que o estudo visava proporcionar uma
propor melhorias nas práticas utilizadas.
compreensão aprofundada da gestão de suprimentos
na empresa. Isto exigiu a permanência de um dos
pesquisadores na empresa por prolongados períodos 4 Gestão de suprimentos da Alfa
e reuniões frequentes com profissionais da empresa. A Alfa é uma empresa nacional privada de grande
O método de pesquisa utilizado foi o estudo de caso. porte que atua em todo o território nacional e também
A escolha da empresa para o estudo de caso, no exterior. Fabrica e distribui diretamente ou
neste trabalho denominada de Alfa, deveu-se a sua através de seus revendedores uma ampla carteira de
importância na indústria brasileira de equipamentos equipamentos, é proprietária de várias marcas, sendo
médico-odontológicos, uma vez que atualmente é que as principais possuem imagens consolidadas no
líder de vendas no mercado nacional. mercado.
Para a obtenção de informações e realização A empresa oferece ao mercado uma linha completa
de entrevistas, foram selecionados gerentes e de equipamentos médico-odontológicos e preocupa-se
coordenadores de suprimentos da montadora, devido em estar à frente nas inovações de seu segmento,
à natureza das informações a serem solicitadas pela ofertando produtos diferenciados com qualidade
pesquisa e, também, por serem as pessoas diretamente superior. Além disso, a empresa também se destaca
produção
Flexibilidade
Inovação
Mercado
Modular
Tipo de governança Relacional
Cativa
Hierárquica
Segmentação de fornecedores Critério de segmentação de fornecedores
Integração vertical
Negociação
Fonte única x Fontes múltiplas
Estratégias, políticas e planos
Fontes locais x Internacionais
Alterações de especificação pela engenharia e suprimentos em conjunto
Racionalização da base de fornecimento
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pela agilidade no lançamento de novos produtos que 4.2 Objetivos Estratégicos da gestão de
atendam às necessidades dos consumidores. suprimentos na Alfa
O mercado brasileiro é disputado por cinco
principais empresas, entre elas a Alfa, que detêm Os objetivos estratégicos das atividades associadas
mais de 80% de participação nas vendas do setor. à gerência de suprimentos considerados nesse trabalho
Também participam do mercado empresas de pequeno como prioridades competitivas, divididas entre as três
porte que atuam em segmentos de produtos mais coordenações de suprimentos da Alfa, distribuem-se
populares. O principal mercado da Alfa é o nacional, conforme detalhado a seguir:
para o qual são direcionados de 85% a 90% do total
produzido. A definição dos produtos, dos modelos e a) Coordenação “Estratégica de Suprimentos”:
dos volumes de exportação é uma questão estratégica
para a Alfa e muito complexa, pois envolve análises - Custo: busca-se reduzir os preços dos itens
de custo, contratos de câmbio, estratégias geográficas comprados, pois quanto maior é a proporção
e formas de diferenciação. dos custos de materiais em relação aos custos
A cadeia de suprimentos de Alfa a jusante é formada totais, maior é o efeito de redução dos custos
por revendedores regionais exclusivos e filiais de de materiais na lucratividade. Um aspecto
venda da própria empresa, além do consumidor importante trabalhado pela equipe de suprimentos
final. Já a montante, principal foco deste trabalho,
a cadeia é formada principalmente por dois tipos da Alfa e que tem um efeito sobre os custos
de fornecedores: fornecedores de matéria-prima e da empresa é o prazo médio de pagamento
fornecedores de componentes. para os fornecedores. A equipe trabalha para
A base de fornecedores de material direto da Alfa estender o prazo de pagamento de toda a
corresponde a aproximadamente 540 empresas, das quais base de fornecimento e, consequentemente,
13 são internacionais. A Alfa possui uma base muito melhorar o ciclo operacional da empresa,
diversificada de fornecedores, sendo responsável por
um montante, em valores monetários, que representa equilibrando os valores das áreas de contas
36% do volume total de vendas anuais da empresa. a pagar e de contas a receber de cada mês.
Esses números ressaltam a relevância de uma boa
gestão de suprimentos e de esforços contínuos para b) Coordenação “Gestão de Fornecedores”:
sua melhoria na empresa estudada.
- Entrega: trabalha-se para que os fornecedores
entreguem as encomendas na data prevista
4.1 Atividades da função suprimentos na
Alfa no pedido. Para tanto, além de estabelecer
o período de fornecimento, os fornecedores
As atividades associadas à gerência de suprimentos, são informados a respeito das necessidades
segundo classificação de Ballou (2006), divididas
entre as três coordenações de suprimentos da Alfa, atuais e futuras da Alfa, visando facilitar sua
distribuem-se da seguinte forma: programação. Atrasos nas entregas podem
acarretar perdas de vendas, prejuízo na
a) Coordenação “Estratégica de Suprimentos”: produção e insatisfação dos clientes.
selecionar os fornecedores, classificar o
desempenho do fornecedor, negociar contratos, c) Coordenação “Qualidade de Fornecedores”:
comparar preços, qualidade e serviços, pesquisar
- Qualidade: procura-se melhorar a qualidade dos
produtos e serviços, e prever preços e serviços;
componentes junto ao fornecedor, garantindo
b) Coordenação “Gestão de Fornecedores”: que o material adquirido esteja de acordo com
determinar quando comprar, determinar prazos as especificações e não sejam rejeitados na
de vendas, e avaliar o valor recebido; inspeção de recebimento. Dessa forma, os
fornecedores devem ser parceiros no processo
c) Coordenação “Qualidade de Fornecedores”:
de gerenciamento da qualidade.
qualificar os fornecedores, avaliar o valor
recebido, medir a qualidade de entrada – caso Os objetivos “flexibilidade” e “inovação” são
esta não seja de responsabilidade do setor de trabalhados informalmente na Alfa, mas têm sua
controle de qualidade – e especificar a forma importância sentida no dia a dia com fornecedores.
na qual os produtos serão recebidos. A flexibilidade refere-se à capacidade do fornecedor
de realizar modificações nos pedidos, no que diz respeito
As atividades de previsão de mudanças da demanda a volume e variedade, visando ajustes necessários que
na Alfa são de responsabilidade da coordenação de têm origem nas flutuações da demanda dos vários
planejamento e controle de produção (PCP), que, produtos. Se os fornecedores não desenvolverem
por sua vez, é subordinada à gerência de operações. tais capacidades para lidar com as contingências de
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forma satisfatória, acabam recebendo, por parte da de governança mais adequada às características de
Alfa, uma avaliação negativa. sua base de fornecedores.
A inovação, que considera o nível de capacidade A partir da definição dos tipos de governança,
tecnológica do fornecedor, o seu interesse de compartilhar desdobram-se decisões importantes quanto a, por
informações tecnológicas e sua capacidade de projetar exemplo, fornecimento de projetos, gestão do
novos produtos ou fazer alterações em produtos relacionamento, definição das providências mais
existentes, é fator importante na seleção e avaliação indicadas para otimização da base de fornecimento,
de fornecedores, pois a Alfa valoriza aqueles que entre outras ações apresentadas na continuidade do
conseguem acompanhar os novos desenvolvimentos. presente trabalho.
Os objetivos relacionados à quantidade, como citado
por Martins (1999), na Alfa, são de responsabilidade da 4.4 Segmentação de fornecedores da Alfa
coordenação de planejamento e controle de produção
(PCP), e implicam considerar o trade-off entre redução A Alfa segmenta seus fornecedores, utilizando uma
de custos e disponibilidade de materiais. ferramenta denominada “ranking de fornecedores”,
Identifica-se aqui, como oportunidade de melhoria, pela qual monitora volume de gastos com os produtos
a inclusão na gestão de suprimentos da Alfa de adquiridos, classificando-os em ordem de importância
indicadores formais para os objetivos “flexibilidade” do maior para o menor valor denominado “total buy”.
Com base nessa informação, a gerência de suprimentos
e “inovação”, avaliando sua utilidade por pelo menos
da Alfa define, como fornecedores estratégicos, os
um período de um ano para incorporá-los, ou não,
trinta primeiros colocados na ferramenta “ranking
definitivamente no processo de gestão.
de fornecedores” que fornecem produtos complexos.
Esses fornecedores são caracterizados dessa forma por
4.3 Estruturas de governança na gestão de demandarem de três a seis meses de desenvolvimento,
suprimentos da Alfa caso seja tomada a decisão de substituição por uma
nova fonte de fornecimento.
Na gestão de suprimentos da Alfa, assim como Como proposta de melhoria para esse processo,
na maioria das empresas, segundo Ashenbaum et al. a Alfa poderia utilizar como referência para a
(2009), não existem estudos que considerem os segmentação dos fornecedores a caracterização dos
tipos de estrutura de governança que caracterizam tipos de governança (mercado, modular, relacional,
as relações com seus fornecedores. cativo e hierarquia) proposta por Gereffi et al. (2005)
Como proposta de melhoria, seguindo a proposição e a metodologia citada por Lambert & Schwieterman
de Ashenbaum et al. (2009), será considerada a (2012), que considera a complexidade e o volume
complexidade das transações e as percepções quanto de gastos com produtos adquiridos junto a seus
às capacidades dos fornecedores para caracterizar fornecedores.
as relações que a empresa deve manter com estes. Os itens identificados como sendo de baixa
Avaliando-se a governança que rege a relação complexidade e baixo volume de gastos são considerados
entre a Alfa e cada um dos 540 fornecedores ativos, “rotineiros”, enquanto que os itens conhecidos como
com base nos fatores “complexidade das transações”, “influentes” são aqueles que possuem um volume de
“habilidade de codificar as transações” e “capacidade da gastos alto, mas não são complexos ou estratégicos
base de fornecimento”, classificados em alto ou baixo, para o negócio. Os itens denominados “gargalo” são
distribuiu-se toda a base de fornecedores pelos cinco aqueles com os quais as empresas de manufatura têm
tipos de estrutura de governança existentes, conforme um volume de gastos baixo, mas os produtos são
proposto por Gereffi et al. (2005). Os resultados considerados complexos. Já os itens “estratégicos”
dessa distribuição podem ser observados na Tabela 3. são considerados de alta complexidade e de alto
Essa classificação elaborada ao longo do volume de gastos dentro do orçamento anual.
desenvolvimento deste estudo pode servir como O valor considerado limítrofe entre volume alto
orientação para a adoção, pela empresa Alfa, de estrutura e baixo de gastos são R$ 50.000,00/ano. Os itens
classificados como tipo de governança “mercado” de negociação, uma ou duas fontes de fornecimento,
ou “modular” são de baixa complexidade. Os itens fonte local ou internacional e mudanças de especificação
classificados como “relacionais” são considerados de em conjunto com a engenharia.
alta complexidade. Os itens “cativos”, que envolvem Como proposta de melhoria, a Alfa pode utilizar,
investimento de capital por parte do comprador, também, uma política de racionalização da base
são inexistentes na base atual da Alfa. Os itens de fornecedores, pois a redução na quantidade de
com tipo de governança “hierarquia”, devido à fornecedores de itens semelhantes proporciona
previsão de verticalização ao longo do tempo, foram uma base mais concentrada e reduzida, com ganhos
desconsiderados na matriz. A Tabela 4 apresenta o de escala nas negociações (“poder de barganha”,
resultado da segmentação proposta para a Alfa. maiores volumes de materiais ou componentes nas
Segundo Lambert (2008), a partir da identificação negociações trazem melhores preços), ganhos na
dos fornecedores-chave para o negócio, as empresas gestão e na operação logística (fretes, estoques,
e os fornecedores podem trabalhar em iniciativas rotas otimizadas, etc.) e melhor gestão da relação
visando o aumento da receita e a redução dos custos com o fornecedor (negociação e administração de
que permitam melhorar o desempenho financeiro contratos, etc.).
de ambas as empresas. Além disso, a segmentação A seguir, descreve-se como cada uma das políticas
e dos planos são utilizados pela Alfa, bem como
possibilita melhor definição dos objetivos de negócios
as propostas de melhoria identificadas a partir da
para cada segmento, bem como dos resultados
realização desta pesquisa.
esperados após se atingir os objetivos, como será
apresentado a seguir.
4.5.1 Integração vertical na Alfa
4.5 Estratégias, políticas e planos da gestão A Montadora Alfa atualmente tem processos de
de suprimentos da Alfa fabricação internos de corte, de dobra e de solda de
materiais metálicos, usinagem, pintura, montagem
A estratégia de suprimentos da Alfa é a busca contínua de subconjuntos e de seus produtos finais. Os demais
por reduções de custos em sua base de fornecimento, componentes, como sensores 2D e 3D, ampolas de
sem afetar de forma negativa o restante de seus raios X, motorredutores, entre outros, são comprados
indicadores, como qualidade dos componentes, prazo de fornecedores nacionais e internacionais.
de entrega, entre outros. Nesse conceito, as principais A definição do que deve ser fabricado internamente
políticas e planos para dar suporte a tal estratégia e do que deve ser comprado envolve decisões
decorrem de decisões relacionadas a: integração estratégicas dos gestores da empresa que avaliam um
vertical (fabricação própria ou terceirização), planos conjunto de variáveis para tomada de decisão como:
identificação pela engenharia de projetos de melhoria contínua por reduções de custo, sem afetar de forma
de qualidade e de propostas de fornecedores que negativa o restante de seus indicadores.
entram em contato com a Alfa para oferecer novos Um resumo das principais propostas de políticas e
produtos. de planos para a Alfa atingir seu objetivo estratégico
Como melhoria, sugere-se que a Alfa utilize a é apresentado na Tabela 5.
metodologia proposta pela Arthur D. Little (2008) Essa tabela resumo pode servir de orientação
para otimização de especificações e que estruture para a equipe, formada pelos coordenadores e pelo
um plano de prospecção e de execução de novos gerente da área de compras e suprimentos da Alfa,
projetos de melhoria de produto, considerando a implementar uma nova política de suprimentos.
nova segmentação de fornecedores proposta neste Estão indicadas na tabela as ordens de priorização
estudo e os graus de complexidade dos componentes quanto às ações a serem realizadas em cada uma das
e os correspondentes volumes de gastos, conforme
dimensões da política de suprimentos examinadas
indica a Tabela 5.
neste estudo. Desse modo, a Alfa poderá otimizar
os esforços e o tempo dedicados ao alcance de suas
4.5.6 Racionalização da base de prioridades competitivas relacionadas à área de
fornecedores na Alfa compras e suprimentos.
A Alfa não vem implementando uma política de
racionalização da base de fornecedores visando o 5 Considerações finais
objetivo estratégico de redução de custos. Isto pode Retomando-se o objetivo deste trabalho que
ser verificado pelo número excessivo de fornecedores consiste na análise da gestão de suprimentos de uma
classificados na categoria de itens “rotineiros” montadora de equipamentos médico-odontológicos,
com tipo de governança “mercado ou modulares” visando propor melhorias nas práticas atualmente
(ver Tabela 4), ou seja, que fornecem produtos sem utilizadas, pode-se mencionar:
alta complexidade tecnológica.
Como proposta de melhoria, propõe-se que a Alfa • A
s atividades da função suprimentos na montadora
estruture um plano para racionalização da base de
são distribuídas com coerência entre os membros
fornecedores, utilizando a proposta de segmentação de
fornecedores com base no tipo de governança. O foco da equipe e têm responsáveis bem definidos não
principal seria analisar toda a base de fornecedores havendo necessidade de mudanças e proposição
“rotineiros” visando agrupar cada um dos itens de melhorias;
fornecidos por essas 303 empresas ao grupo de
237 fornecedores pertencentes aos outros segmentos. • A
equipe de suprimentos possui quatro objetivos
Esta ação, se bem conduzida, tem um potencial de reduzir definidos: redução de custos e melhoria de
em 50% a quantidade de fornecedores “rotineiros” prazo de pagamento, qualidade e prazo de
existentes, devido à similaridade desses itens com entrega, porém poderiam ser adicionados mais
aqueles pertencentes ao segmento de fornecedores
dois objetivos relacionados a “flexibilidade” e
“influentes”, conforme Tabela 5.
Trabalhando de forma estruturada, a Alfa tende “inovação” e avaliá-los durante o período de
a atingir melhores resultados em médio e em longo um ano para entender se realmente podem trazer
prazo na sua estratégia de suprimentos de busca resultados positivos para a montadora;
790/791
790 Baptista, S. A. et al. Gest. Prod., São Carlos, v. 25, n. 4, p. 777-791, 2018
• A
ssim como na maioria das empresas, segundo sugerir a realização de trabalhos futuros. Assim,
Ashenbaum et al. (2009), a Alfa não considera poder-se-ia, por exemplo, realizar um estudo mais
os tipos de estrutura de governança que regem as amplo que contemplasse uma amostra de empresa da
relações com seus fornecedores, mas deveria fazê-lo, indústria estudada e até mesmo de outras indústrias,
com o objetivo de mapeamento e análise das
pois a segmentação dos fornecedores conforme políticas de gestão de suprimentos. Outra sugestão
os tipos de governança – “mercado”, “modular”, seria a da realização de um estudo que envolvesse a
“relacional”, “cativo” e “hierarquia”, conforme implementação em uma empresa da política de gestão
proposta de Gereffi et al. (2005) – possibilita de suprimentos delineada neste trabalho com base
que cada segmento seja administrado de acordo na realidade (situação) encontrada na empresa Alfa.
com as características dos fornecedores que o
compõem trazendo significativos benefícios à Referências
empresa; Arthur D. Little. (2008). Design to Customer Value - how
to develop products that fulfill customers needs at the
• C
ombinada com a segmentação proposta no item
lowest possible cost. USA: Engineering & Manufacturing
acima, a montadora deve empregar a metodologia Insight. Recuperado em 2 de junho de 2014, de http://
de Lambert & Schwieterman (2012) que propõe www.adlittle.com
a subdivisão da base de fornecedores em quatro
Ashenbaum, B., Maltz, A., Ellram, L., & Barratt, M. A. (2009).
grupos: “Estratégicos”, “Influentes”, “Gargalo” Organizacional alignment and supply chain governance
e “Rotineiros”. Isto seria implementado em structure: Introduction and construction validation.
substituição a uma política apenas baseada no International Journal of Logistics Management, 20(2),
gasto com cada fornecedor e poderia gerar uma 169-186. http://dx.doi.org/10.1108/09574090910981279.
série de aperfeiçoamentos nas práticas adotadas Associação Brasileira da Indústria de Artigos e Equipamentos
pela empresa na área de compras e gestão de Médicos, Odontológicos, Hospitalares e de Laboratórios
suprimentos. A segmentação proposta torna – ABIMO. (2014). Dados econômicos. São Paulo:
ainda possível uma priorização das ações na ABIMO. Recuperado em 5 de maio de 2014, de http://
www.abimo.org.br
área em função das importâncias relativas dos
segmentos identificados; Baily, P., Farmes, D., Jessop, D., & Jones, D. (2000).
Compras: princípios e administração. São Paulo: Atlas.
• P
ara atingir seu objetivo estratégico de redução
Balakrishnan, J., & Cheng, C. H. (2005). The theory of
de custos, a Alfa utiliza políticas de “integração constraints and the make-or-buy decision: an update
vertical”, “planos de negociação”, “fonte única and review. The Journal of Supply Chain Management,
ou fontes múltiplas”, “fonte local ou fonte 41(1), 40-47. http://dx.doi.org/10.1111/j.1745-493X.2005.
internacional” e “alteração de especificações de tb00183.x.
engenharia e de suprimentos”, porém poderia Ballou, R. H. (2006). Gerenciamento da cadeia de
adotar, também, uma política de racionalização suprimentos/ logística empresarial (5a ed.). Porto
da base de fornecedores, pois a redução na Alegre: Bookman.
quantidade de fornecedores de itens semelhantes Calife, N. F. S., Nogueira, E., & Alves, A. G., Fo. (2010).
poderia proporcionar ganhos de escala nas Empresas do setor de linha branca e suas estratégias
negociações, melhorias na gestão de suprimentos competitivas e de produção. Produção Online, 10(2),
e, ainda, ganhos na operação logística. 274-296. http://dx.doi.org/10.14488/1676-1901.v10i2.293.
Cerra, A. L., Maia, J. L., Alves, A. G., Fo., & Nogueira, E.
Desta forma, pode-se concluir que a análise feita (2014). Cadeias de suprimentos de montadoras dos setores
neste estudo indica uma série de oportunidades para a automotivo e de linha branca: uma análise comparativa
melhoria da gestão de área de compras e suprimentos por meio de estudos de caso. Gestão & Produção, 21(3),
da empresa Alfa. 635-647. http://dx.doi.org/10.1590/0104-530X193/12.
Embora apresente contribuições para a área, a presente
pesquisa está limitada ao estudo de uma única empresa Di Serio, L. C., Sampaio, M., & Pereira, S. C. F. (2007). A
da indústria de equipamentos médico‑odontológicos, evolução dos conceitos de logística: um estudo na cadeia
o que não permite a generalização das informações automobilística no Brasil. Revista de Administração e
e resultados aqui apresentados. O estudo, entretanto, Inovação, 4(1), 125-141. http://dx.doi.org/10.5585/
sugere um método e critérios para a definição de rai.v4i1.73.
políticas de gestão de suprimentos. Fredriksson, A., & Jonsson, P. (2009). Assessing consequences
Como já foi destacado na introdução deste trabalho, of low-cost sourcing in China. International Journal of
um dos objetivos de um estudo exploratório como Physical Distribution & Logistics Management, 39(3),
este é formular problemas mais precisos que possam 227-249. http://dx.doi.org/10.1108/09600030910951719.
791/791
Gestão de suprimentos e oportunidades... 791
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