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Q6

- A declaração final da Conferência Rio+20 ressalta a necessidade de uma melhor


integração dos aspectos econômicos, sociais e ambientais do desenvolvimento
sustentável. Da perspectiva brasileira, como esse objetivo deve ser perseguido nas
negociações da Agenda de Desenvolvimento pós-2015?

RESPOSTA 17/20
- Sob os auspícios da lógica “crescer, incluir e proteger”, a Rio+20 marca o ponto de
partida de um processo de debates que consolidou o conceito mais amplo de
desenvolvimento sustentável. Não se trata apenas de buscar o crescimento econômico
sem comprometer as possibilidades de gerações futuras. A Rio+20 consolida a inclusão
definitiva da dimensão social como um ponto central do debate ambiental, para o qual o
Brasil contribui fortemente, visto que a pobreza põe significativas pressões sobre o meio
ambiente. Portanto, cabe analisar como o objetivo de alcançar um desenvolvimento
sustentável e inclusivo deve ser perseguido nas Negociações da Agenda de
Desenvolvimento pós-2015
- O Brasil preconiza que a consecução desse objetivo passa pelo fortalecimento do
multilateralismo. A proteção do meio ambiente é um global common, e como tal torna
as iniciativas individuais inócuas. Desse modo, a consecução do trinômio “crescer,
incluir e proteger” requer medidas que favoreçam o fortalecimento do regime ambiental
e que permitam a inclusão da dimensão social nos debates. Nesse contexto, a decisão de
fortalecer o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente em detrimento da
criação de uma nova organização internacional especializada na temática ambiental é
crucial, pois arriscaria um retrocesso conceitual, excluindo a importância do combate à
fome e à pobreza na realização do desenvolvimento sustentável. O fortalecimento do
multilateralismo é vital nas negociações da Agenda dos Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável, decidida na Rio+20, e abraçadas pela ONU como orientadores da Agenda
de Desenvolvimento pós-2015, sejam flexibilizadas posições soberanistas intransigentes
e defensivas com base no tradicional conceito westfaliano, de modo a tender a uma
noção de soberania compartilhada, a qual é mais adequada à gestão dos global
Commons
- Outro ponto enfatizado pelo Brasil como central para a concretização dos objetivos de
longo prazo da Rio+20, materializados nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável,
consiste nos avanços dos mecanismos de cooperação e de transferência de recursos de
modo a viabilizar o desenvolvimento integral dos povos, o qual é condição sine qua non
para a proteção do meio ambiente. Nesse sentido, a diplomacia brasileira celebrou os
avanços nos mecanismos de distribuição de recursos no regime de mudanças climáticas,
sobretudo do REDD++ com o estabelecimento dos critérios para receber os recursos por
redução do desmatamento, além de ter contribuído para a instituição de um mecanismo
de perdas e de danos na COP19. Esses exemplos indicam a tendência de
amadurecimento do regime ambiental em seu conjunto, o que é um prognóstico positivo
para o sucesso de uma Agenda de Desenvolvimento Sustentável pós-2015 que
contemple o desenvolvimento sustentável e inclusivo
- O sucesso desse objetivo requer não só a ampliação do esforço cooperativo na
promoção do desenvolvimento, mas também a inclusão dos atores não estatais nos
debates e nos esforços. No Brasil, a diplomacia pública tem favorecido avanços
conceituais e materiais importantes, sendo a sociedade civil aliada central do governo
em seu esforço de redução das desigualdades conjugada com uma estratégia de
desenvolvimento sustentável inclusivo. Isso demonstra o pragmatismo politico
brasileiro que percebe que políticas públicas de desenvolvimento sustentável não
existem separadas e independentes da sociedade civil. A implementação nacional e
internacional dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável requer, portanto, um
diálogo em conjunto e o êxito das suas negociações será auxiliado por esse diálogo
cooperativo
- O compromisso social da Rio+20 e de sua decisão de estabelecer Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável reflete-se na decisão da ONU de pautar neles a sua
Agenda de Desenvolvimento pós-2015. Para o Brasil, o sucesso dessa iniciativa baseia-
se no fortalecimento do multilateralismo, visto que este é essencial para a construção de
sua ordem ambiental e social mais justa, protegendo os recursos naturais para as
gerações futuras e garantindo o desenvolvimento econômico e social aos povos

RESPOSTA 2 -16/20
- O regime ambiental internacional, criado na Conferência Rio92, encontra-se, 20 anos
depois, em processo de consolidação e de aprofundamento, sempre em atenção à
evolução do equilíbrio Norte-Sul na ordem internacional. Trata-se da temática em que
os países emergentes têm maior peso na definição da agenda, o que se observa
especialmente no caso do protagonismo brasileiro. Da perspectiva da diplomacia pátria,
o objetivo da Rio+20 de melhor integração dos aspectos econômicos, sociais e
ambientais do desenvolvimento sustentável deve ser perseguido em três principais
frentes de negociação da Agenda de Desenvolvimento pós-2015
- A primeira frente diz respeito à manutenção da ideia de tripé no conceito e na
abordagem da economia verde. Esse conceito, que não havia sido aprovado por
consenso no seio do PNUMA, foi aceito em seguida na Rio+20, como significando um
tipo de exploração de recursos naturais que promova o bem-estar da população e a
inclusão social. Ciente dos desafios à manutenção dessa abordagem conjunta de
economia, sociedade e ambiente, o Brasil recusou a proposta de criação de uma
organização ambiental internacional durante a Rio+20. Isso porque esse formato
provavelmente estimularia a imposição de sanções ambientais em vez de promover os
outros pilares do desenvolvimento sustentável. A solução acordada na Declaração Final
da Rio+20 foi, como sugeriu a diplomacia brasileira, fortalecer o PNUMA; no longo
prazo, criar um foro ambienta na ONU; mais importante, definir os objetivos do
desenvolvimento sustentável, juntamente com a revisão dos objetivos de
desenvolvimento do milênio, vigentes após 2015
- Esse objetivo de manter a abordagem em tripé do desenvolvimento sustentável,
alcançado durante a Rio+20, será privilegiado nas negociações da Agenda de
Desenvolvimento pós-2015. É aqui que se insere a segunda frente de negociação da
diplomacia brasileira, que diz respeito ao aprofundamento dos mecanismos de
financiamento dos países em desenvolvimento para que eles se adaptem ao regime
ambiental internacional e, também, sejam compensados pelos impactos destrutivos da
degradação do meio ambiente em seus territórios. A complexificação do regime
ambiental, o que não mais abrange apenas medidas de mitigação, como também de
adaptação e perdas e danos, é notável no âmbito das mudanças climáticas. A última
COP, realizada em Varsóvia no final de 2013, por exemplo, fortaleceu o Fundo Verde.
Foi também previsto nessa conferência que o financiamento da REDD será
condicionado (Redução de Emissões provenientes de Desmatamento e de
Degradação Ambiental) por ações mensuráveis, reportáveis e verificáveis, bem como
foi criado o mecanismo de perdas e de danos de Varsóvia
- Na Agenda de Desenvolvimento pós-2015, o Brasil acredita que o incremento de
mecanismos de financiamento possibilitará a integração de aspectos econômicos, sociais
e ambientais na economia verde. Sua terceira frente de negociação, nesse sentido, preza
pela manutenção do princípio das responsabilidades comuns, porém diferenciadas, sem
prejuízo, entretanto, do compromisso multilateral dos países em desenvolvimento em
fazerem concessões, quando necessário e oportuno, em prol do avanço do regime.
Exemplo dessa postura foram as concessões realizadas pelos países do Sul para permitir
a prorrogação do Protocolo de Quioto
- Finalmente, cumpre destacar que o Brasil, ciente dos desafios para se alcançar um
equilíbrio entre os três pilares do desenvolvimento sustentável, tem buscado, por meio
da realização de conferências, sugestões da sociedade civil para a Agenda pós-2015.
Essa estratégia se faz acertada na medida em que, em primeira instância, são os próprios
cidadãos que se beneficiarão de uma abordagem ambiental que assegure igualdade e
melhores condições de vida.

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