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UNIDADES DE CONSERVAÇÃO – LEI 9.985/2000 SNUC

RESUMO

O Brasil estabeleceu uma meta de proteger 10% das áreas de cada bioma
brasileiro até 2010, e 30% como meta final mínima; aonde a criação de unidades de
conservação (UC) seria a melhor ferramenta; diante disso o Brasil tem trabalhado
em ampliar as UCs; criou-se então o Sistema Nacional de Unidades de Conservação
da Natureza – SNUC (Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000). As UC são criadas por
ato do poder público (federal, estadual ou municipal) após a realização de estudos
técnicos e consulta pública que permitam identificar a localização, a dimensão e os
limites mais adequados para a unidade. Diante da intensificação dos processos de
degradação dos ecossistemas naturais e de suas consequências socioambientais e
culturais, a criação e a manutenção de unidades de conservação vêm se
constituindo como importantes estratégias para a proteção da biodiversidade. Neste
contexto, o presente trabalho pretende analisar à luz da legislação a criação, bem
como a manutenção das UCs, tal como a importância de tais áreas para a
conservação da biodiversidade brasileira. Para realização do mesmo, foi usada a
metodologia de pesquisa bibliográfica, bem como artigos sobre o tema abordado.

Palavras-chave: Unidades de conservação; Lei 9.985/00; Preservação;


Biodiversidade.

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1. INTRODUÇÃO

A Constituição Brasileira no artigo 225, inciso III, estabelece que o poder


público possui o dever de definir as áreas protegidas da diversidade biológica,
conforme transcrito abaixo:
“III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais
e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a
alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada
qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que
justifiquem sua proteção”

Diante de tal artigo, foi então criada uma legislação especifica para regular a
criação e manutenção dessas áreas protegidas, conhecidas como unidades de
conservação, trata-se da Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000, criando-se então o
Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza – SNUC. Aonde o
MMA (Ministério do Meio Ambiente) em 2011 declarou em seu relatório técnico
comemorativo de uma década:
O Brasil conta hoje com 304 UCs federais e estima-se que haja 600
de gestão estadual; 2.700 de gestão municipal (IBGE, 2005), além de
cerca de 800 reservas particulares; totalizando aproximadamente 1,4
milhão de km², o que corresponde a 16,7% da área continental
nacional e 1,4% das águas jurisdicionais brasileiras. Grande parte
das UCs encontra-se na Amazônia compreendendo 26% da área
desse bioma, o que representa 13% da área do território brasileiro.

O Brasil vem sofrendo um crescente aumento na destruição da


biodiversidade. As causas são diversas, em grande parte, o homem é um dos
agentes dessa destruição. Dentre as causas da perda de biodiversidade aponta-se a
destruição de habitat, o uso exagerado dos recursos naturais, a introdução de
espécies invasoras, o crescimento populacional, da pobreza generalizada, da
demanda crescente por carvão vegetal, das falhas nos métodos de agricultura
sustentável e florestamento, pelos reduzidos incentivos financeiros por parte dos
países desenvolvidos, dentre outras.

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A lei 9.985/2000 instituiu o denominado Sistema Nacional de Unidades de


Conservação (SNUC) e sistematizou regime jurídico aplicável às unidades de
conservação no nível federal, isto é, da União. O decreto 4340/2002, que
regulamentou a lei 9985/2000, contém os requisitos necessários para a criação de
uma unidade de conservação, seja em terras de domínio público ou de domino
privado. Lei supracitada e apresenta como objetivos:
I. A denominação, a categoria de manejo, os objetos, os limites, a
área da unidade, e o órgão responsável por sua administração;
II. A população tradicional da região, a população beneficiaria, no
caso das reservas extrativistas e das reservas de desenvolvimento
sustentável;
III. A população tradicional residente, quando couber, no caso das
florestas nacionais, florestas estaduais ou florestas municipais e
Sistema nacional de unidades de conservação e áreas protegidas:
IV. As atividades econômicas, de segurança e de defesa nacional
envolvidas.
V - Promover a utilização dos princípios e práticas de conservação
da natureza no processo de desenvolvimento;
VII - proteger as características relevantes de natureza geológica,
geomorfológica, espeleológica, arqueológica, paleontológica e
cultural;
VIII - proteger e recuperar recursos hídricos e edáficos;
IX - Recuperar ou restaurar ecossistemas degradados;
X - Proporcionar meios e incentivos para atividades de pesquisa
científica, estudos e monitoramento ambiental;
XI - valorizar econômica e socialmente a diversidade biológica;
XII - favorecer condições e promover a educação e interpretação
ambiental, a recreação em contato com a natureza e o turismo
ecológico;
XIII - proteger os recursos naturais necessários à subsistência de
populações tradicionais, respeitando e valorizando seu conhecimento
e sua cultura e promovendo-as social e economicamente.

OS TIPOS DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

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De acordo com o tipo de uso e manejo das unidades de conservação, o


SNUC as dividiu em dois grupos: Unidades de Proteção Integral e Unidades de Uso
Sustentável. As Unidades de Proteção Integral não permitem o consumo, coleta ou
danos aos recursos naturais. O principal objetivo delas é resguardar a natureza,
apenas podendo fazer o uso indireto de seus recursos, como por exemplo, turismo
ecológico, pesquisa científica, educação e interpretação ambiental, entre outros.
Como exposto no art 8 da Lei 9.985/00, o grupo das unidades de proteção integral,
possui categorias de unidades de conservação:

Art. 8o O grupo das Unidades de Proteção Integral é composto pelas


seguintes categorias de unidade de conservação:

I - Estação Ecológica;

II - Reserva Biológica;

III - Parque Nacional;

IV - Monumento Natural;

V - Refúgio de Vida Silvestre.

As Unidades de Uso Sustentável, entretanto, concilia a conservação da


natureza com o uso sustentável dos recursos por ela oferecidos, são permitidas
algumas atividades que envolvem coleta e uso dos recursos naturais, desde que
essa prática mantenha constantes os recursos ambientais renováveis e processos
ecológicos. As unidades de uso sustentável também têm categorias de unidades de
conservação, como é exposto no art. 14, da Lei 9.985/00:

Art. 14. Constituem o Grupo das Unidades de Uso Sustentável as


seguintes categorias de unidade de conservação:

I - Área de Proteção Ambiental;

II - Área de Relevante Interesse Ecológico;

III - Floresta Nacional;

IV - Reserva Extrativista;

V - Reserva de Fauna;

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VI – Reserva de Desenvolvimento Sustentável; e

VII - Reserva Particular do Patrimônio Natural.

As categorias possuem objetivos específicos para as quais foram criadas,


para que possam ser separadas e classifica-las pelo tipo de gestão, manejo e tipo
de administração que irão receber. Cada uma das categorias tem sua
particularidade, como o grau de conservação, sendo mais ou menos restritivo; as
várias formas de possibilidades de aproveitamento dos recursos naturais e da
própria área em si, sendo de forma direta ou indireta; propriedades da terra, etc.
A conciliação das características de cada área, juntamente com a
diversificação dos objetivos de criação de cada UC (unidade de conservação), é o
que será responsável pela diversidade de todos os tipos de áreas apresentadas.

CRIAÇÃO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

O pressuposto inicial para as propostas de criação das unidades de


conservação é a preservação do meio ambiente, no qual o objetivo visa a proteção
de áreas de importância biológica e cultural, de beleza cênica ou ainda garantir o
consciente e sustentável dos recursos naturais para as populações que nessas
unidades habitam.
Conforme o art. 22 da Lei 9.985/00, as UCs são criadas por meio de ato do
Poder Publico, e, para a aprovação da criação de uma unidade de conservação é
necessário a realização de estudos técnicos prévios, que devem ser elaborados pelo
órgão proponente.
A aprovação do estudo implica também em convocar a comunidade envolvida
para uma consulta pública, dando acesso e divulgando as informações pertinentes,
visto que a criação desta futura unidade irá modificar o cotidiano das pessoas ao
redor da área.
O SNUC tem uma visão estratégica de que além de preservar o meio
ambiente, que é o fator mais importante, a unidade de conservação possibilita a
geração de renda, emprego e desenvolvimento, e ainda, melhore a qualidade de
vida das populações locais e do Brasil como um todo.
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Após a criação da unidade de conservação, é obrigatória a produção de um


plano de manejo no prazo máximo de 5 (cinco) anos, para que não se dispersem os
principais objetivos pelos quais tal unidade foi criada. Inclusive, todas as categorias
de unidades de conservação acima mencionadas, devem ter um plano de manejo.

A POPULAÇÃO DIRETAMENTE AFETADA

A existência de moradores dentro das unidades de proteção integral é ilegal,


somente é admitida em unidades de uso sustentável. Se a permanência de uma
população tradicional não for permitida em certa unidade de conservação, haverá a
indenização ou compensação pelas benfeitorias existentes e, através de um acordo
entre as partes sobre locais e condições, também serão realocadas pelo Poder
Público, como prioridade. Assim é previsto no art 42, § 1º:

Art. 42. As populações tradicionais residentes em unidades de


conservação nas quais sua permanência não seja permitida serão
indenizadas ou compensadas pelas benfeitorias existentes e
devidamente realocadas pelo Poder Público, em local e condições
acordados entre as partes.

§ 1o O Poder Público, por meio do órgão competente, priorizará o


reassentamento das populações tradicionais a serem realocadas.

Existem as populações tradicionais e não tradicionais. Dentro do parâmetro


das populações tradicionais, são inclusas: sitiantes e roceiros tradicionais, caiçaras e
pescadores tradicionais e índios.
As populações não tradicionais são: fazendeiros, turistas, comerciantes,
servidores públicos (tanto das UCs quanto outros), empresários e empregados.
Muitas vezes, as unidades de conservação são criadas em áreas que estão
desabitadas, mas são de uso antrópico, ou seja, em território de uso dessas
populações, sejam elas tradicionais ou não, como por exemplo, áreas de coleta de
recursos naturais como o extrativismo e comercio para a produção de utensílios
domésticos, instrumentos de trabalho e outros. Portanto, pode ser que essas
populações não residam no interior da unidade, mas necessitam diretamente dela
para sua subsistência.
A retirada dos recursos e utilização da área da UC ocasiona impactos diretos
sobre as unidades, e é onde surge o conflito entre as populações e a administração
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dessas áreas de conservação, pois o uso de recursos deve ocorrer de modo


sustentável e de baixo impacto, então, onde deve existir certo controle da
exploração dos recursos naturais, por vezes, as populações são vistas como
ameaças à conservação ambiental.
É fato que a preservação da natureza é benéfica ao ser humano, mas não há
como negar a discriminação social existente nas politicas de conservação sobre as
populações que ocupam essas áreas (sejam elas residentes ou as que vivem ao
entorno da unidade). Isso resulta na violação do principio da dignidade da pessoa
humana, tendo em vista que todas as mudanças causadas pelas unidades de
conservação vão afetar diretamente o sustento e o modo de vida de desses
ocupantes.

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https://www.passeidireto.com/arquivo/51612467/livro-direito-ambiental-pdf
https://www.oeco.org.br/dicionario-ambiental/27099-o-que-sao-unidades-de-
conservacao/
http://nupaub.fflch.usp.br/sites/nupaub.fflch.usp.br/files/color/conflitook.pdf

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