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Curso de Capelania Cristã

Volume 01

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Curso de Capelania Cristã

Introdução
Este estudo sobre Capelania é um material completo, de grande importância
para você que deseja ampliar relacionamentos, auxiliar pessoas que passam por
situações difíceis e atuar de maneira específica em faculdades, presídios e
hospitais, levando assistência e amparo espiritual, emocional e fraterno. Em cada
capítulo você encontrará informações edificantes e interessantes, dispostas em
temas bem elaborados, planejados e desenvolvidos de maneira que ofereça a você
ampla perspectiva e as melhores ferramentas para uma Capelania de excelência.
Você aprenderá sobre o início da prática dessa assistência e seu crescimento
ao longo do tempo, até seu reconhecimento como uma entidade de prestação de
serviços, atualmente amparada pela lei federal. Aqui você receberá noções de como
atuar nos ambientes educacionais, prisionais, hospitalares e até mesmo
empresariais, e será apto a compartilhar uma palavra de vida e conforto, buscando
sempre a harmonização das relações, assim como suporte emocional das pessoas
em sofrimento e a restauração espiritual.
Finalmente, vai contemplar o ser humano à luz dos princípios nas Escrituras
Sagradas e também da Declaração Universal dos Direitos Humanos, dentre outros
setores que tratam da dignidade humana. Desejamos que este curso otimize sua
técnica, aprimore sua prática e aperfeiçoe a sua vida, que você possa ser suporte a
quem necessita, em tempo e fora de tempo, onde a vontade de Deus revelar.

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Curso de Capelania Cristã

Capítulo 1

O que é Capelania?
Bem-vindo ao curso de Capelania. Neste primeiro capítulo vamos dar os
passos fundamentais no ofício da Capelania. Robson Persola, capelão formado pela
Federação dos Capelães Evangélicos do Brasil, vai compartilhar um pouco da sua
experiência e as coisas que são indispensáveis para quem almeja ser um exímio
capelão, seja na área prisional, hospitalar, educacional ou afins.
A primeira coisa que precisamos entender é que a Capelania nada mais é
do que um serviço de assistência espiritual religiosa. Esse serviço, às vezes, pode
acabar se mesclando com ajuda em questões emocionais porque o capelão
acompanha as pessoas em momentos e eventos desafiadores da vida (perdas,
conflitos, prisões, doenças, morte) que geram tensão, angústia e desconforto, uma
imensa gama de cenários, situações e sentimentos que causam desgaste emocional
ao assistido. Sendo assim, o capelão é alguém que presta uma assistência com
intuito de harmonizar o ambiente onde essa necessidade surge. Atenção, é
importante dizer que um capelão não é um psicólogo - a não ser que ele tenha essa
formação -, portanto, não se pode misturar essas áreas. Às vezes você vai estar em
um ambiente que já tenha um profissional dessa área e é interessante que haja uma
parceria em complementação dessa assistência.
A Capelania acontece em entidades civis ou militares, no contexto militar
existe outro procedimento para que você possa ser admitido como capelão.
Geralmente, no exército, o capelão precisa ter uma formação teológica e
necessariamente precisa ser um pastor ou padre formado. O capelão também pode
atuar em instituições como hospitais, sejam públicos ou privados, escolas,
faculdades e também em presídios. Você pode exercer essa função através da
indicação de alguém ou da sua própria apresentação como capelão, mostrando um
projeto para colaborar com as necessidades e intenções daquela entidade civil.

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Curso de Capelania Cristã

Sendo assim, é muito importante conhecer a base legal para apresentar um projeto
de assistência religiosa, da mesma forma que na assistência social. A capelania é
baseada em nossa constituição, prevista e garantida pela Constituição Federal de
1988, sob a Lei 6923 art. 5 e inciso VII.

Constituição Federal de 1988


Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia Nacional
Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o
exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-
estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de
uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na
harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a
solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus,
a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa
nas entidades civis e militares de internação coletiva;

Conta-se a história que o nome Capelania surgiu com São Martinho de


Tours. “Em meados do século IV, encontramos São Martinho de Tours (316-397),
jovem militar romano, alistado na cavalaria imperial, filho de um oficial superior do
exército, era catecúmeno da Igreja Católica e se preparava para receber o batismo.
Chegando às portas de Amiens, na Gália, num dia de rigoroso inverno, deparou-se
com um mendigo desabrigado em situação de grave risco. Seguindo literalmente
as palavras do Divino Mestre, Martinho partiu ao meio sua capa e deu a metade ao
necessitado. Naquela noite, apareceu-lhe em sonhos, Nosso Senhor Jesus Cristo
coberto com a parte da capa por ele dada ao mendigo.

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Assim agradecia o Divino Redentor, seu ato de generosidade. Martinho foi batizado
e mais tarde tornou-se Bispo de Tours. Sua fama de santidade era tal que a metade
da capa que lhe restara - denominada cappella, ou seja, capinha - foi posta num
relicário e guardada em um oratório onde poderia ser melhor vista e venerada pelos
fiéis. Não tardou tal oratório a ser chamado de cappella. E, no decorrer do tempo,
esse termo acabou designando todo lugar de culto de pequenas dimensões.”
A partir dessa história, pode-se definir o conceito de capelania como o
exercício de cobrir, amparar, interceder e resguardar aqueles que necessitam,
independentemente de sua condição socioeconômica, raça, idade, etnia e religião.
O capelão precisa ter um olhar livre desses fatores, imparcial e humano, que
enxerga na pessoa cuidada um ser humano num momento de necessidade e que
precisa dessa capela, dessa “capa”, desta cobertura. Portanto, se deseja ser
capelão, é importante que você tenha isso muito claro e definido em sua mente,
para que você possa tratar todas as pessoas de maneira igualitária, pois é isso que
fará de você um capelão idôneo.
Em primeiro lugar, o capelão é um profissional. Ele não é um pastor ou padre
e mesmo que possa exercer essa função, no contexto da capelania, ele não usa esse
título, mas, sim, o de profissional da área da assistência. Para isso, ele precisa de
algo fundamental: ser habilitado e amparado por lei para prestar assistência
espiritual e psico-religiosa a qualquer cidadão, individualmente e também aos seus
familiares em instituições civis e militares. Por exemplo, uma pessoa foi
encarcerada e a família foi surpreendida com essa notícia. Além de o capelão
atender individualmente essa pessoa, que no momento sofre uma ação penal, ele
também pode estar acompanhando a família. Ou seja, ele presta assistência no que
for necessário, dentro daquilo que lhe é permitido, pois o capelão jamais será uma
pessoa invasiva, ele vai atuar onde as pessoas desejam que haja a sua atuação.

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Toda pessoa pode ser capelão, desde que tenha comprovadamente essa
vocação. Todos temos uma vocação, um chamado a desempenhar com nossa vida.
A palavra vocação vem do latim “vocare”, que significa ter o chamado para
acompanhar, aconselhar e assessorar pessoas e familiares daqueles que se
encontram em situações de enfermidade, encarceramento e conflitos sociais,
contribuindo para a saúde física, espiritual e emocional do ser humano.
Em segundo lugar, o capelão é um profissional (voluntário ou remunerado)
vocacionado, e ao exercê-la deve ter equilíbrio emocional e disposição mental e
física, pois é um trabalho rigoroso. É importante que você, como capelão, não queira
conduzir ou coordenar os passos das pessoas, você não é o senhor da situação,
pelo contrário, estará lá, se for necessário, para simplesmente dar um abraço ou,
humildemente, resolver alguma coisa sobre documentação no momento de tristeza
de uma família. É importante também você avaliar o custo da vocação da capelania.
Existe tempo de qualidade para que você possa estar confortando quem precisa,
sem trazer mais transtorno a uma situação que já é conflitante?
A vocação é a base para o exercício de qualquer área e, no contexto que
estamos falando, onde o capelão contribui para a saúde física, emocional e
espiritual do ser humano, novamente, vocação é fundamental porque nessa função
é preciso dedicação e paciência, disposição física e emocional para auxiliar as
pessoas em momentos conflitantes e diversos. Às vezes não será nada indigno se,
de repente, o capelão vir a providenciar um cafezinho para aquela família que está
numa espera longa no hospital, por exemplo. Ou então, prover o que for preciso
para dar todo o amparo, outra vez, independente de raça, etnia, gênero, religião ou
classe social, seja quem for, o capelão está ali para servir o ser humano.

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O capelão também precisa de qualificação apropriada, habilitação e


certificação para o desempenho eficiente de sua função. A questão agora é: Será
que você tem vocação para ser um capelão? Existem alguns caminhos através dos
quais podemos perceber se temos uma inclinação para esse serviço. A primeira
coisa é que a capelania exige que você goste de pessoas. Assim sendo, uma pessoa
que prefere uma vida mais privativa e individualizada, que gosta de trabalhar mais
com papéis e coisas administrativas, estar mais nos bastidores do que à frente do
público, possivelmente não tem uma inclinação para a capelania. Então se você se
percebe nesse contexto, é interessante refletir se esse é o seu chamado. Por outro
lado, se você se sente naturalmente atraído a cuidar de pessoas, que corre para
prestar socorro a alguém que tenha passado mal, se você já vê uma predisposição
natural para auxiliar as pessoas nas suas necessidades, então você pode acreditar
no possível chamado à essa assistência. Mais uma coisa, você precisa lidar bem
com conflitos pois Capelania é resolver conflitos, é um chamado para harmonizar
aquilo que está desestruturado. Então, é importante você perceber que vocação
não é algo que você vai ver daqui para frente e sim, vai perceber olhando a sua
história daqui para trás (e notar se você já era um capelão antes).
Quem sabe você seja alguém que goste da área da visitação, que já faz visita
voluntariamente em um hospital, presídio ou a pessoas da vizinhança. Isso já é um
grande indício de que você tem um chamado para prestação desse tipo de
assistência e talvez o que falta é aquilo que o curso pode oferecer: a habilitação
para que você possa exercê-la, de maneira profissional, organizada e com uma
base teórica, para você ir percebendo os ambientes e o que pode ou não fazer.
Quero convidar você a ir até o final do curso, pois é dessa maneira que você vai se
perceber vocacionado ou não para a Capelania.

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